Você está na página 1de 44

Mylena Terra da Cruz

FISIOPATOLOGIA, FARMACOTERAPÊUTICA E ATENÇÃO


FARMACÊUTICA DA ESQUIZOFRENIA: UMA REVISÃO DA
LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso

Cruz Alta – RS, 2020


2

Mylena Terra da Cruz

FISIOPATOLOGIA, FARMACOTERAPÊUTICA E ATENÇÃO


FARMACÊUTICA DA ESQUIZOFRENIA: UMA REVISÃO DA
LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Farmácia da Universidade de Cruz Alta,
como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Farmácia.

Orientadora: Gabriela Bonfanti Azzolin

Cruz Alta - RS, Dezembro 2020


3

Universidade de Cruz Alta – Unicruz


Centro de Ciências da Saúde e Agrárias
Curso de Farmácia

FISIOPATOLOGIA, FARMACOTERAPÊUTICA E ATENÇÃO


FARMACÊUTICA DA ESQUIZOFRENIA: UMA REVISÃO DA
LITERATURA

Elaborado por
Mylena Terra da Cruz

Como requisito parcial para obtenção do Título de


Bacharel em Farmácia.

Banca Examinadora:

_______________________________________________________

Profª Dra. Gabriela Bonfanti Azzolin – Orientadora - UNICRUZ

_____________________________________________________

Profª Dra. Roberta Cattaneo Horn - Convidada – UNICRUZ

_______________________________________________________

Profª Dra. Viviane Cecília Nunes Deuschle - Convidada - UNICRUZ

Cruz Alta- RS, Dezembro de 2020


4

Dedico este trabalho aos meus pais Paulo Josué


Dias da Cruz e Isabel Marques Terra da Cruz, por
terem me apoiado, por batalhar ao meu lado para
alcançar meus sonhos e por todo incentivo.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado a oportunidade de realizar este sonho
de estudar no curso de Farmácia, por me ajudar e ter me dado forças para enfrentar todos os
obstáculos no decorrer do curso e me dar sabedoria para vencê-los. Por sempre estar guiando
meus passos e me fazer aprender a cada dia “que nem tudo na vida é apenas uma teoria nos
livros e muito menos uma coincidência, mas sim experiências vividas no decorrer da nossa
caminhada” e por isso consegui chegar até aqui. Aos meus professores que não mediram
esforços para me ensinar e me incentivar a não desistir do meu sonho, por todos os “puxões
de orelha” que me ajudaram muito e pela amizade que foi construída. Aos meus pais que me
deram todo o suporte e por sempre me darem força e incentivo, pelo carinho e dedicação, por
toda ajuda desde minha infância escolar, por se doarem completamente aos meus sonhos e
projetos e agradeço a minha professora Gabriela Bonfanti que me orientou neste
projeto/trabalho e teve muita paciência comigo, me ajudando muito com suas ideias e por
“entrar de cabeça” comigo nesse trabalho tão incrível. Enfim, agradeço a todos pois sem
vocês eu jamais chegaria sozinha até onde cheguei!
Muito Obrigada!!!
6

Meu paraíso é estar num monte bem alto, cujo solo é


coberto de grama. E no topo dele tem uma grande
árvore, daí você e Deus sentado embaixo dela
conversando, observa a sua frente um grande e lindo
horizonte. E cuja árvore que te dá sombra para o
descanso, ainda te oferece frutas para matar a fome de
sua alma.
Esquizofrênico (Pensador)
7

RESUMO

FISIOPATOLOGIA, FARMACOTERAPÊUTICA E ATENÇÃO FARMACÊUTICA


DA ESQUIZOFRENIA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Autora: Mylena Terra da Cruz


Orientadora: Profª. Dra. Gabriela Bonfanti Azzolin

A Esquizofrenia é um distúrbio mental crônico que se caracteriza por sintomas


diversos tais como alucinações, devaneio de pensamentos e alterações de afetividade. Essa
doença não possui cura, somente tratamento para reduzir a sintomatologia de acordo com o
nível de gravidade da doença. O tratamento medicamentoso é realizado a base de fármacos
antipsicóticos, que possuem grande potencial de reações adversas e interações
medicamentosas, favorecendo a não adesão farmacoterapêutica. Nesse sentido, por meio da
atenção farmacêutica, pode-se analisar a terapia medicamentosa, orientar e acompanhar os
pacientes, favorecendo os resultados positivos dos medicamentos. Então, esse trabalho tem
como objetivo descrever quais são os medicamentos disponíveis para o tratamento da
esquizofrenia e a importância da atenção farmacêutica a esses pacientes. Para isso, foi
realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema nas bases de dados PubMed, Scielo, Livros
e Teses, Monografias e Dissertações de colegas de profissão sobre o assunto, além de
pesquisas em legislações do SUS e da OMS, no período de 2006 a 2020. A esquizofrenia é
uma doença mental cuja fisiopatologia não é completamente esclarecida. A hiperatividade do
sistema dopaminérgico, associada a alterações dos sistemas serotonérgicos e glutamatérgicos
são as teorias mais discutidas. Ainda, algumas alterações genéticas associadas a fatores
externos podem facilitar a manifestação da doença. O tratamento da esquizofrenia pode ser
combinado com medicamentos e terapia psicossocial. A base do tratamento medicamentoso
são os antipsicóticos antagonistas da dopamina. De acordo com as diferenças de sensibilidade
e especificidade para os receptores de dopamina, os antipsicóticos são classificados em 1ª e 2ª
geração, sendo os de 1ª geração os menos específicos e com maior potencial de reações
adversas. As principais reações adversas são as discinesias extrapiramidais e tardias. Ainda
podem acontecer galactorréia, amenorreia, disfunção sexual, ganho de peso, sonolência,
constipação intestinal, visão turva, dentre outros. Tais reações adversas favorecem a não
adesão medicamentosa, levando a piora do quadro clínico do paciente. Nesse sentido a
atenção farmacêutica é o serviço de saúde onde o farmacêutico analisa os medicamentos,
orienta e acompanha os pacientes e seus familiares, auxiliando na detecção e manejo das
reações adversas e possíveis interações medicamentosas. Assim, a atuação efetiva do
farmacêutico nos serviços de atenção aos pacientes esquizofrênicos promove a adesão à
farmacoterapia, permitindo que os pacientes obtenham os melhores resultados possíveis do
tratamento medicamentoso.

Palavra- chave: Saúde Mental, Antipsicóticos, Dopamina, Reações Adversas a


Medicamentos, Farmacêutico.
8

ABSTRACT
PHYSIOPATHOLOGY, PHARMACOTHERAPEUTICS AND
PHARMACEUTICAL ATTENTION OF SCHIZOPHRENIA: A LITERATURE
REVIEW

Author: Mylena Terra da Cruz


Advisor: Prof. Dra. Gabriela Bonfanti Azzolin

Schizophrenia is a chronic mental disorder that is characterized by diverse symptoms


such as hallucinations, daydreaming and changes in affect. This disease has no cure, only
treatment to reduce symptoms according to the severity of the disease. Drug treatment is
performed based on antipsychotic drugs, which have great potential for adverse reactions and
drug interactions, favoring non-adherence to pharmacotherapy. In this sense, through
pharmaceutical care, it is possible to analyze drug therapy, guide and monitor patients,
favoring the positive results of medications. So, this work aims to describe what drugs are
available for the treatment of schizophrenia and the importance of pharmaceutical care to
these patients. For this, a bibliographic research on the topic was carried out in the databases
PubMed, Scielo, Books and Theses, Monographs and Dissertations by professional colleagues
on the subject, in addition to research in SUS and WHO legislation, from 2006 to 2020.
Schizophrenia is a mental illness whose pathophysiology is not completely clarified. The
hyperactivity of the dopaminergic system, associated with changes in the serotonergic and
glutamatergic systems are the most discussed theories. Still, some genetic changes associated
with external factors can facilitate the manifestation of the disease. The treatment of
schizophrenia can be combined with medication and psychosocial therapy. The basis of drug
treatment is antipsychotic dopamine antagonists. According to the differences in sensitivity
and specificity for dopamine receptors, antipsychotics are classified into 1st and 2nd
generation, with 1st generation being the least specific and with the greatest potential for
adverse reactions. The main adverse reactions are extrapyramidal and tardive dyskinesias.
There may still be galactorrhea, amenorrhea, sexual dysfunction, weight gain, drowsiness,
constipation, blurred vision, among others. Such adverse reactions favor non-adherence to
medication, leading to a worsening of the patient's clinical condition. In this sense,
pharmaceutical care is the health service where the pharmacist analyzes the medications,
guides and monitors patients and their families, helping to detect and manage adverse
reactions and possible drug interactions. Thus, the effective performance of the pharmacist in
the care services for schizophrenic patients promotes adherence to pharmacotherapy, allowing
patients to obtain the best possible results from drug treatment.

Keyword: Mental Health, Antipsychotics, Dopamine, Adverse Drug Reactions, Pharmacist.


9

Lista de Ilustrações

Figura 1. Neurotransmissão dopaminérgica. Síntese, armazenamento, degradação e ação da


dopamina em seus receptores dopaminérgicos...................................................................................... 19
Figura 2. Diagrama simplificado das vias dopaminérgicas no sistema nervoso central
(SNC)..................................................................................................................................................... 20
Quadro 1. Vantagens e Desvantagens dos antipsicóticos utilizados no tratamento da
Esquizofrenia......................................................................................................................................... 30
10

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................11

2. OBJETIVO......................................................................................................................... 13

3. METODOLOGIA.............................................................................................................. 14

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 15

4.1. Esquizofrenia................................................................................................................... 15

4.2. Hipótese Dopaminérgica da Esquizofrenia................................................................... 17

4.3. Hipótese Serotonérgica da Esquizofrenia..................................................................... 21

4.4. Hipótese Glutamatérgica da Esquizofrenia.................................................................. 21

4.5. Alterações Genéticas....................................................................................................... 22

4.6. Tratamento Medicamentoso.......................................................................................... 23

4.7. Esquema terapêutico....................................................................................................... 27

4.8. Vantagens e Desvantagens.............................................................................................. 29

4.9. Atenção Farmacêutica.................................................................................................... 31

4.9.1. Atenção Farmacêutica Prestada aos Pacientes com Esquizofrenia......................... 33

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 37

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 38
11

1 INTRODUÇÃO

A esquizofrenia é uma doença psíquica endógena que foi descrita no século XIX por
Emil Kraepelin (1856- 1926) que decidiu organizar uma classificação nos transtornos mentais
baseada em modelos feitos pelos médicos. Essa classificação teve como um dos objetivos,
delimitar a existência de doenças que tinham etiologias, sintomatologias, cursos e resultados
comuns. Assim, inicialmente, um dos grupos de patologias foi nomeado de Demência
Precoce, pois se iniciava ainda na infância e sistematicamente levava a problemas psíquicos,
como por exemplo, alucinações, ausência de afeto, conflito de pensamentos, entre outros.
Então, pouco tempo depois, Eugen Bleuler (1857-1939) atualizou o conceito da então
Demência Precoce, criando o termo “Esquizofrenia” (esquizo= divisão, phrenia= mente),
analisando também a sintomatologia dos portadores dessa doença (MATOS, PONTES;
PEREIRA, 2014).
Os pacientes esquizofrênicos podem apresentar variados sintomas dentre eles
alucinações visuais e auditivas, devaneios de seus pensamentos, a alteração da afetividade,
redução da motivação, ter o seu próprio mundo isolado, entre outros. O diagnóstico é
específico para a doença, realizado por um psiquiatra, que pode realizar também exames
neurológicos como Tomografia Neuronal ou Ressonância Magnética e, após, indica o
tratamento correto (SILVA, 2016).
A esquizofrenia não possui cura, somente tratamento para reduzir a sintomatologia de
acordo com o nível de gravidade da doença. Os medicamentos utilizados no tratamento da
esquizofrenia são os antipsicóticos que alteram a ação dos neurotransmissores e dos caminhos
neurais que estão envolvidos na patologia da esquizofrenia (BRASIL, 2013). Os
medicamentos mais utilizados para o tratamento periódico da doença são os antipsicóticos de
1ª e 2ª geração (Típicos e Atípicos). A primeira geração de fármacos, que ainda continua
sendo usada por ser de menor preço, atua como antagonistas da dopamina, bloqueando as
respostas do sistema nervoso central. São exemplos de fármacos da 1ª geração clorpromazina
e haloperidol (BARBOSA et al., 2012).
A segunda geração de fármacos é bem mais eficiente que a 1ª para beneficiar a
qualidade de vida de cada paciente. Os antipsicóticos de 2ª geração possuem um mecanismo
12

de ação que bloqueia os Receptores de Serotonina (5-HT2), fazendo com que os sintomas
reduzam ainda mais, podendo assim ter um controle sobre os sintomas positivos e/ou
negativos. São exemplos de fármacos de 2ª geração a risperidona e a clozapina (BARCELOS
et al., 2014).
Os fármacos utilizados no tratamento podem fazer com que ocorram certos efeitos
adversos tais como: acatisia (sensação intrínseca de inquietude motora, a não capacidade de
relaxar, dificuldade de ficar sem se movimentar), distonias ou discinesias agudas (contrações
de músculos ou movimentos repetitivos), distonias ou discinesias tardias (movimentos
repetitivos dos grupos musculares, peribucais, da língua, da cabeça, do tronco ou membros),
além do Parkinsionismo, que nem sempre é comum. Por serem sintomas muito distintos e,
muitas vezes incapacitantes, muitos pacientes optam por não aderir ao tratamento por falta de
informações sobre como monitorar os efeitos adversos e amenizá-los e assim poder ter mais
confiança para a completa adesão medicamentosa (CORDIOLI, 2015).
A atenção farmacêutica é de extrema importância na farmacoterapia dos pacientes com
esquizofrenia. Seja para explicar como funciona o tratamento, realizar manejo dos efeitos
adversos, e verificar quais podem ser os medicamentos que possuem interações que podem
interferir nos resultados positivos do tratamento. Por se tratar de uma doença neurológica, a
farmacoterapêutica precisa ser acompanhada com extremo cuidado na posologia e na rotina
diária de cada paciente (BISSON; 2007).
Assim, esse estudo tem como objetivo revisar a literatura e identificar quais são os
medicamentos disponíveis para o tratamento da esquizofrenia, bem como analisar a
importância da atenção farmacêutica para o acompanhamento farmacoterapêutico dos
pacientes portadores desta doença.
13

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Revisar literatura científica sobre os medicamentos disponíveis para o tratamento da


esquizofrenia e a importância da atenção farmacêutica no acompanhamento
farmacoterapêutico de pacientes com esquizofrenia.

2.2 Objetivos Específicos

 Descrever as alterações orgânicas da esquizofrenia;


 Identificar quais as classes farmacológicas mais utilizadas em pacientes com
esquizofrenia;
 Descrever as reações adversas que podem aparecer durante o tratamento e as
interações medicamentosas com outros medicamentos;
 Descrever o papel fundamental da atenção farmacêutica para os pacientes
portadores da esquizofrenia;
14

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão narrativa de literatura a respeito dos tratamentos


medicamentosos disponíveis para a esquizofrenia e a importância fundamental da atenção
farmacêutica para pacientes esquizofrênicos. Para obtenção dos dados, foram consultados
livros-texto e artigos científicos nas seguintes bases de dados: PubMed, Scielo, CAPS e
EBSCO, em Inglês (Estados Unidos) e Português (Brasil), com intervalo de tempo de
quatorze anos (2006 a 2020). Foram utilizadas palavras-chaves como: esquizofrenia, histórico
da esquizofrenia, Identificação dos Subtipos de esquizofrenia, Diagnósticos de esquizofrenia,
Tratamento da esquizofrenia, fármacos antipsicóticos, Interações Medicamentosas e atenção
farmacêutica.
15

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ESQUIZOFRENIA
A Esquizofrenia surgiu no final do século XIX descrita inicialmente como Demência
Precoce pelo cientista Emil Kraepelin (1856-1926), que estabeleceu uma classificação que
teve como base modelos médicos que existiam na época, tendo como objetivo mostrar que
havia doenças que apresentavam etiologia, sintomatologia, curso e recursos em comuns.
Dentre as características da Demência Precoce, estavam iniciar-se na infância e sempre levar
de forma irreversível a problemas psicóticos, com sintomas caracterizados por alucinações,
perturbações em atenção, entendimento e fluência de pensamentos, falta de demonstração de
afeto e sintomas catatônicos (mudez, comportamentos repetitivos, agitação, negativismo),
sendo que o transtorno surgia de dentro pra fora. Com os sintomas descobertos por Kraepelin,
a Demência Precoce tinha sido retirada do grupo das doenças maníacas-depressivas e das
paranoicas (SILVA, 2016).
Outro cientista também colaborou bastante para a compreensão e descoberta dessa
doença, foi Eugen Bleuler (1857-1939), que criou o termo “Esquizofrenia” (esquizo =
divisão, phrenia = mente) que conhecemos até os dias de hoje. Seus conceitos indicam a
presença de uma fantasia entre pensamento, emoção e comportamento dos pacientes
portadores dessa doença. Então, para esclarecer melhor a sua teoria relativa às fantasias
mentais internas nos pacientes, o cientista descreveu os sintomas fundamentais (ou primários)
específicos da esquizofrenia que se tornaram conhecidos como os quatro “As”: associação
frouxa de ideias, ambivalência, autismo e alterações de afeto. Descreveu também os sintomas
acessórios (ou secundários), que incluíram as alucinações e delírios. Após novas pesquisas e
descobertas foram descritas informações complementares sobre esta doença para o auxílio do
diagnóstico, tratamento e diversificação dos tipos de esquizofrenia (BRASIL, 2013).
Assim, os sintomas que caracterizam esta doença são: Delírios (ideias falsas, das quais
a pessoa tem convicção absoluta); Alucinações (percepções falsas dos órgãos dos sentidos,
sendo as alucinações auditivas em forma de vozes as mais comuns); Alterações do
pensamento (ideias confusas, desorganizadas ou desconexas, tornando o discurso do
indivíduo difícil e compreender) (MERSCHMANN, 2016). Há outros sintomas como déficit
de atenção, alternância na motricidade, desconfiança excessiva e indiferença, que também
podem aparecer na esquizofrenia (STAHL, 2014).
Para facilitar o tratamento e diagnóstico, psiquiatras classificaram a esquizofrenia em
6 (seis) tipos: Esquizofrenia Residual, Esquizofrenia Simples, Esquizofrenia Paranóide,
16

Esquizofrenia Indiferenciada, Esquizofrenia Catatônica e Esquizofrenia Desorganizada, cada


um possuindo um conceito diferente, mas sinais e causas por vezes semelhantes (FARIA,
2019).
A Esquizofrenia Residual é aquela em que o paciente se isola do mundo, tem um
comportamento meio excêntrico, suas emoções se mostram um pouco inapropriadas, e seus
pensamentos sem sentido (SILVERMAN, 2015). A Esquizofrenia Simples geralmente
começa na adolescência com emoções irregulares ou pouco apropriadas, podendo ser seguida
de isolamento social, perda de amigos, pouco contato real com a família e mudança na sua
personalidade, passando de sociável a antissocial, acarretando uma depressão. É também
pouco frequente (OLIVEIRA et al., 2012).
Na Esquizofrenia Paranoica predominam os sintomas positivos como as alucinações e
enganos, com uma relativa preservação do fundamento cognitivo e do afetivo. Esse tipo tende
a ser mais tardio que os outros, é o tipo mais comum de esquizofrenia e o tipo com melhor
prognóstico, particularmente com relação ao funcionamento ocupacional e a sua capacidade
para uma vida independente (FERNANDES et al., 2018). A Esquizofrenia Catatônica
caracteriza-se pelos sintomas motores proeminentes, como atividades motoras excessivas,
negativismo extremo, mudez, cataplexia (paralisia corporal momentânea), ecolalia (repetição
da fala de outra pessoa, como repetição de palavras e frases) e ecopraxia (repetição
involuntária ou a imitação dos movimentos de outras pessoas). É necessária uma observação
cuidadosa do paciente, pois pode haver risco de desnutrição, exaustão, hiperpirexemia ou até
ferimentos auto-infligidos (VIEIRA et al., 2010).
Esquizofrenia Desorganizada é caracterizada pelo discurso desorganizado, sintomas
negativos como comportamento desorganizado e achatamento emocional. Os aspectos
associados incluem os trejeitos faciais, maneirismo e outros tipos de estranhezas no
comportamento. Esse tipo de esquizofrenia ocorre bem cedo (entre 6 a 8 anos de idade), é
bem severa, com sintomas e disfunções mais intensas, além do tratamento ser mais difícil.
(SOARES, 2011). E temos a Esquizofrenia Indiferenciada que é quando os pacientes
esquizofrênicos não se encaixam em nenhum dos grupos, tendo mencionado em seu
diagnóstico apenas Esquizofrenia (MARGALHA, 2013).
De acordo com pesquisas feitas na Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de
1% da população mundial é portadora desta doença, que geralmente se inicia a partir dos 26
anos, não importando qual seja a cor, sexo, raça ou classe sociocultural. É quase impossível
encontrar relatos de esquizofrenia antes dos 10 anos de idade ou também após os 50 anos de
17

idade, sendo que nenhuma estatística demonstra uma maior prevalência entre homens ou
mulheres (BRASIL, 2013).
Os métodos de diagnóstico ainda são insuficientes para a medicina, sendo utilizado
apenas a avaliação clínica. Entretanto, muitos dos pacientes acabam optando por esconder
seus sintomas e alterações de rotina, o que pode dificultar o diagnóstico (PERKINS;
STROUP; LIEBERMAN, 2013).
Há também outros tipos de diagnóstico que podem ser feitos para descartar a
possibilidade de haver um diagnóstico precipitado de outra doença ao invés da esquizofrenia,
tal como tumor cerebral. São eles: Exame de Imagem por Ressonância Magnética e Exame de
Imagem Cerebral por Tomografia. Apesar de não serem destinados exclusivamente para o
diagnóstico da esquizofrenia, esses exames podem mostrar algumas alterações no cérebro de
pacientes esquizofrênicos, tendo que ser avaliado com extremo cuidado para não haver um
diagnóstico precipitado de esquizofrenia (BRASIL, 2015).

4.2 HIPÓTESE DOPAMINÉRGICA DA ESQUIZOFRENIA


A ONU tem possíveis previsões que até 2030, quatro entre dez pessoas que terão que
afastar-se do trabalho, fariam isto por conta de uma desordem psíquica. A doença mental
acomete um número maior de pessoas a cada ano que passa e, apesar de várias descobertas e
progressos nas pesquisas a patogênese da esquizofrenia ainda não foi bem resolvida. Nos dias
de hoje existem algumas hipóteses que buscam explicar a etiologia da esquizofrenia
(RANGEL et al., 2013).
A esquizofrenia é uma doença que apresenta um desequilíbrio no funcionamento do
Sistema Dopaminérgico. A alteração na resposta dopaminérgica leva a alterações nas funções
cognitivas e emocionais. Essas alterações podem ser divididas em dois subgrupos de
sintomas: positivos e negativos. Os sintomas positivos, como devaneios, alucinações, psicose,
paranoia, confusão mental e confusão na fala, são causados pela região hiperdopaminérgica
do mesencéfalo. Como o dopaminérgico na projeção do córtex pré-frontal é hiperativo,
podem ocorrer sintomas negativos, como mau humor, agitação, isolamento social, prejuízo
cognitivo e a fala lenta. A hiperatividade dopaminérgica na mesma área também está
associada à doença de Parkinson (SCHMITZ et al., 2015).
A teoria dopaminérgica da esquizofrenia é baseada na observação de que certas
substâncias têm o potencial de estimular a neurotransmissão da dopamina (DA), incluindo a
anfetamina. Observou-se que o uso de anfetaminas que são psicoestimulantes, pode causar
psicose tóxica quando administrado em altas doses repetidas, muito semelhante à
18

esquizofrenia paranoide ativa. Por causa dessa semelhança, se o psiquiatra ignorar o uso de
anfetaminas pelo paciente, ocorrerá um erro de diagnóstico. No entanto, devido à atividade
dopaminérgica da esquizofrenia ainda podem ocorrer, como muitos distúrbios psicomotores,
alucinações auditivas e delírios de perseguição. A anfetamina é conhecida por atuar sobre o
terminal dopaminérgico aumentando a liberação de DA e evita sua recaptação pela membrana
pré-sináptica (RANG et al., 2016).
Outros estudos mostraram que essas manifestações diminuem rapidamente após a
administração de antipsicóticos bloqueadores de receptores dopaminérgicos (especialmente
D2, que é amplamente distribuído nos gânglios da base e na região límbica do cérebro). Ainda
é observado que alguns pacientes com a doença de Parkinson recebendo tratamento com
levodopa (um precursor da dopamina) aumentam a formação de DA e podem apresentar
sintomas psicóticos semelhantes. Também, os efeitos antipsicóticos de medicamentos
conhecidos como a Clorpromazina e o Haloperidol se devem ao fato de promoverem o efeito
bloqueador da atividade dopaminérgica (SILVA, 2016).
A DA é um neurotransmissor do sistema nervoso central que pode estimular os
neurotransmissores catecolaminas. A DA também atua como uma pioneira na síntese de
outros neurotransmissores catecolaminérgicos (como a norepinefrina e a epinefrina) e
desempenha um papel importante no organismo humano (GOLAN et al., 2009). A DA é
produzida através do aminoácido tirosina que sofre a ação da enzima tirosina hidroxilase,
formando assim a L-DOPA, que é convertida em dopamina por uma enzima chamada
aminoácido aromático descarboxilase (AADC). A DA sintetizada é transportada para o
interior das vesículas secretoras para ser armazenada e depois liberada. Uma vez liberada na
fenda sináptica, ela pode atuar sobre os seus receptores específicos nas membranas pré e pós-
sináptica, assim como pode ser recaptada pela célula neuronal por meio do transportador de
dopamina (DAT) (co-transportador de DA e íons NA +). A DA capturada no interior da célula
pré-sináptica pode se reciclar em vesículas para uso subsequente na neurotransmissão (pelo
VMAT, transportador de monoamina vesicular) ou pode ser degenerada pela ação das
enzimas monoamina oxidase (MAO) ou catecol-O-metil transferase (COMT) como podemos
ver na Figura 1 (GOLAN et al., 2009).
19

Figura 1. Neurotransmissão dopaminérgica. Síntese, armazenamento, degradação e ação da


dopamina em seus receptores dopaminérgicos.

Fonte: Golan et al, 2009.

Os receptores de DA são membros de uma família de proteínas receptoras acopladas à


proteína G (receptores de afinidade metabólica). A classe D1 contém dois receptores de
dopamina (D1 e D5), enquanto a classe D2 contém três receptores (D2. D3 e D4). A
distribuição dos cinco tipos de receptores de DA no cérebro é diferente. Os receptores D1 e
D2 são expressos em níveis elevados no estriado (núcleo caudado e putâmen). O receptor D2
também pode ser expresso em níveis elevados no corpo trófico mamário adeno-hipofisário e
regular a secreção de prolactina. Acredita-se que os receptores D2 desempenhem um papel na
esquizofrenia porque muitos medicamentos antipsicóticos apresentam alta afinidade por esses
receptores (GOLAN et al.,2014).
20

Ambos os receptores D3 e D4 estão relacionados aos receptores D2 em níveis


estruturais e funcionais, e também podem estar relacionados à patogênese da esquizofrenia.
Os receptores D3 são altamente expressos no sistema límbico, incluindo o nucleus accumbens
e nódulos olfativos, enquanto os receptores D4 estão localizados no córtex frontal, diencéfalo
e tronco cerebral. Os receptores D5 são esparsamente distribuídos e expressos em níveis
baixos. Principalmente no hipocampo, nódulo olfatório e hipotálamo Figura 2 (GOLAN et al.,
2014).
21

Figura 2 Diagrama simplificado das vias dopaminérgicas no sistema nervoso central (SNC)

Fonte:
RANG et al.,
2016
22

4.3 HIPÓTESE SEROTONÉRGICA DA ESQUIZOFRENIA


A serotonina demostrou ser um neurotransmissor importante na fisiopatologia da
esquizofrenia. Está relacionada à eficácia clínica de drogas atípicas com alta afinidade pelo
receptor. Existem 14 subtipos de receptores de serotonina, mas os mais envolvidos na
esquizofrenia são os subtipos 5-HT2C, 5-HT2A e 5-HT1A. Substâncias agonistas do receptor
de serotonina podem provocar sintomas semelhantes aos da doença, por exemplo: as
alucinações causadas por mercalina e diacetamina do ácido lisérgico (LSD) são semelhantes
às causadas pela esquizofrenia. Por outro lado, o antagonismo do receptor 5-HT2 reduz os
efeitos psicoativos da esquizofrenia e pode aliviar os distúrbios do movimento causados pelo
bloqueio da D2. (SADOCK et al., 2007).

4.4 HIPÓTESE GLUTAMATÉRGICA DA ESQUIZOFRENIA


O glutamato é um importante neurotransmissor excitatório do Sistema Nervoso
Central (SNC), atuando nos receptores iônicos AMPA (Ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-
lisoxazol propiônico) e NMDA (N-metil-D-aspartato). O outro tipo de receptor é
metabotrópico ou ligado à proteína G, que pode regular sinais elétricos de longa duração
(GOLAN et al., 2014).
A função do sistema glutamatérgicos está envolvida em processos cognitivos que
envolvem aprendizagem e memória, que é uma função básica (REIS; ARRUDA, 2011). A
hipótese Glutamatérgica relacionada à esquizofrenia sugere que ocorram hipofunção,
hiperatividade e neurotoxicidade pela esquizofrenia (SADOCK et al., 2007). Pessoas
intoxicadas por inibidores não competitivos do receptor NMDA (como a fenciclidina e a
cetamina) apresentam comportamentos semelhantes à esquizofrenia, envolvendo
comprometimento cognitivo e psicose (HALES et al., 2012).
A diminuição da função dos receptores NMDA localizados nos neurônios
GABAérgicos leva a uma diminuição da inibição do GABA, o que contribui para a
esquizofrenia. A redução do efeito do GABA pode levar à inibição da atividade
glutamatérgica distal, que pode levar à superestimulação de neurônios corticais por meio de
receptores não NMDA (KATZUNG et al., 2014).
A cetamina é um anestésico amplamente utilizado em cirurgias pediátricas. No
entanto, seu uso se espalhou para a essência de abuso e é claramente reconhecido que esta
anestesia piora os sintomas psicóticos de indivíduos saudáveis. Ao contrário da cocaína e
anfetamina, que basicamente produzem apenas sintomas positivos, a cetamina se tornou outro
modelo para explicar a fisiopatologia da esquizofrenia. Usado para precipitação, além de
23

sintomas positivos e negativos, a farmacodinâmica da droga é baseada no antagonismo não


competitivo aos receptores N-metil-D-aspartato (NMDA), portanto, não compete pelo mesmo
local de ligação do glutamato. Ele funciona por ligação específica no local de ligação PCP
(fenciclidina) (REIS; ARRUDA, 2011). No entanto, mais investigações e pesquisas são
necessárias para compreender melhor o papel do sistema glutamatérgico na esquizofrenia e
para identificar e desenvolver medicamentos eficazes para o tratamento da doença.

4.5 ALTERAÇÕES GENÉTICAS


Alguns estudos relatam que há vários genes que causam a esquizofrenia, agindo de
forma aditiva e fazendo com que aumente a possibilidade de desenvolvimento da doença.
Sendo assim, podem ocorrer várias pequenas alterações nos genes, juntamente com alterações
na transcrição gênica e tradução dos genes e das proteínas, ainda associadas a fatores
ambientais, pois apenas um desses fatores não é o suficiente para que possa haver o
desenvolvimento da doença. (RANGEL et al., 2013).
Já se entende que existe uma relação importante entre o polimorfismo genético e a
probabilidade de um indivíduo sofrer da doença, mais ainda não há dados que comprovem
que um único gene seja o responsável direto pelo seu desenvolvimento. Estudos feitos em
genética molecular sugerem que a Esquizofrenia pode estar relacionada ao polimorfismo na
área que faz a codificação dos genes para o receptor 5-HT2A, ao polimorfismo dos genes para
a COMT (catecolamina o-metil transferase) e para o receptor da dopamina D3 (GELDER et.
al., 2006).
Estudos de base genética fornecem fortes evidências de uma etiologia familiar, em que
pessoas com parente de primeiro grau com esquizofrenia tem fatores de risco mais
consistentes e significativos para a doença se desenvolver. Ainda, estudos realizados em
gêmeos falam que a predisposição ao desenvolvimento da Esquizofrenia em um filho do
gêmeo que não foi afetado pela doença é a mesma que a do filho do gêmeo que foi afetado.
Assim, o gêmeo que não é afetado pode então desenvolver a Esquizofrenia no decorrer do
tempo. A razão da expressão tardia está relacionada a suscetibilidade, a fatores ambientais e
ao fato de eles possuírem genes diferentes, embora sejam idênticos (RANG et. al, 2016). No
caso de adoção, por exemplo, os fatores ambientais são relevantes, mas se houver uma
possível predisposição genética, a esquizofrenia pode se desenvolver (GELDER et. al, 2006).
24

4.6 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO


O tratamento da esquizofrenia pode ser combinado com medicamentos e terapia
psicossocial para alcançar melhores resultados e qualidade de vida. Considerando que a
esquizofrenia é um importante problema de saúde pública que afeta muitas pessoas em todo o
mundo, métodos adequados de tratamento podem permitir que os pacientes mantenham uma
boa qualidade de vida e interação social (SCHISLER, 2017).
Nesse contexto, a atuação do profissional farmacêutico é fundamental para o sucesso
do tratamento podendo prestar assistência farmacoterapêutica para melhorar a qualidade de
vida e a farmacoeconomia dos pacientes e familiares. O tratamento para os pacientes com
transtornos psíquicos é bem difícil se não houver um acompanhamento, pois, muitos pacientes
e até familiares não aceitam com facilidade a doença, dificultando assim a adesão ao
tratamento e provocando a piora dos sintomas, das causas e até da doença (SCHISLER;
2017).
O tratamento medicamentoso da esquizofrenia é baseado em medicamentos
antipsicóticos, que foram introduzidos em 1950 e são avanços importantes no tratamento da
doença. Os antipsicóticos são classificados em medicamentos típicos, ou de primeira geração,
e medicamentos de segunda geração ou atípicos (HALES; et al., 2012). As diferenças entre
esses dois tipos não são claras, mas estão relacionadas as características do receptor, a
incidência de efeitos extrapiramidais, eficácia contra os sintomas negativos e a eficácia do
tratamento em pacientes resistentes (RANG; et al., 2006).
A base do tratamento da esquizofrenia está relacionada ao antagonismo da DA no
sistema mesolímbico-mesocortical, sendo que o antagonismo no sistema nigroestriatal é a
principal razão para o efeito extrapiramidal. Além disso, o efeito neuro-hormonal da DA na
hipófise anterior está relacionado à secreção de prolactina. (CRAIG et. al., 2014). O principal
mecanismo de ação dos antipsicóticos é o bloqueio dos receptores D2, mas para seus efeitos,
até 80% dos receptores D2 devem ser bloqueados.
Os antipsicóticos de primeira geração têm mais afinidade para os receptores D1, e os
antipsicóticos de segunda geração tem maior afinidade para D2. Antagonistas D2 (como a
quetiapina) (que podem ser rapidamente desconectado do receptor) e alguns agonistas D2
(como o aripiprazol) foram introduzidos como métodos alternativos para reduzir reações
adversas fora do trato piramidal (KATZUNG et al., 2014). Portanto, os efeitos
25

farmacodinâmicos dos antipsicóticos apresentarão diferentes resultados mentais, neurológicos


e endócrinos, dependendo de sua afinidade por diferentes tipos de receptores dopaminérgicos
(CRAIG et. al., 2014).
Os sintomas positivos da esquizofrenia estão relacionados à via dopaminérgica
hiperativa no receptor D2 na região mesolímbica e o antagonismo dessa região alivia esses
sintomas. Em relação aos sintomas negativos, existe a hipótese de que a expressão do receptor
D1 e seu efeito antagônico sejam maiores na região mesocortical, caracterizando uma espécie
de hipofunção dopaminérgica, na qual os antipsicóticos são menos eficazes. A terapia crônica
promove a supra regulação e a diminuição da atividade do receptor de DA. Além de bloquear
os receptores de DA, esses antipsicóticos também bloqueiam os receptores colinérgicos
muscarínico, adrenérgicos α1, receptores de histamina (H1) e serotonina (5-HT2), o que está
relacionado às várias reações adversas desses compostos (GOLAN et al., 2014).
Os efeitos adversos típicos dos antipsicóticos são chamados de discinesias
extrapiramidais e tardias, que estão relacionadas ao bloqueio dos receptores D2 na via
nigroestriatal, e são caracterizadas por movimentos involuntários e repetitivos especialmente
na face e membros superiores. Com o tratamento crônico, pode ocorrer mastigação contínua,
língua protuberante e careta. No primeiro ano de tratamento com esses antipsicóticos, o risco
de discinesia tardia pode chegar a 25% dos pacientes. No entanto, no caso de tratamento de
curto prazo, o efeito bloqueador do receptor D2 é rapidamente aliviado pela interrupção do
tratamento e então esses efeitos são reversíveis. Com o uso a longo prazo dessas drogas, esse
efeito bloqueador é irreversível e manterá a discinesia na presença ou ausência de
antipsicóticos (STAHL, 2014).
Outro efeito colateral comum são os níveis aumentados de prolactina, sendo que a
hiperprolactinemia se relaciona com o bloqueio do receptor D2 na via tuberoinfundibular. O
impacto relevante é galactorreia (corrimento mamário), desenvolvimento da mama feminina e
amenorreia (períodos menstruais irregulares ou sem menstruação). Nas mulheres, afeta a
fertilidade e pode causar desmineralização óssea no início da menopausa. Problemas como
disfunção sexual e ganho de peso também estão relacionados (STAHL, 2014).
A falta de especificidade dos fármacos leva a outros efeitos colaterais. O bloqueio do
receptor colinérgico M1 muscarínico causa sintomas como boca seca, visão turva, constipação
intestinal e comprometimento cognitivo. Esses antipsicóticos também bloqueiam os
receptores H1 da histamina, que estão associados ao ganho de peso, sonolência e bloqueio dos
receptores adrenérgicos alfa 1, que podem levar a problemas cardiovasculares, como
hipotensão ortostática e sonolência (STAHL, 2014). Nos homens, pode causar ejaculação
26

insuficiente. O efeito sedativo é devido ao bloqueio da via α- adrenérgica central na zona de


ativação reticulada, que pode ser ideal em pacientes com psicose aguda (GOLAN et al.,
2014).
A reação adversa grave causada pelo uso de antipsicóticos típicos é chamada de
síndrome maligna da estabilidade mental. Embora seja rara, na verdade é fatal. É responsável
por influenciar sistemas autônomos como catatonia, estupor, febre, rigidez muscular e
instabilidade autonômica e cardiovascular. Afeta aproximadamente de 1% a 2% dos
pacientes, e é fatal para 10% dos afetados. Geralmente é relacionada a jovens recebendo
injeções intramusculares de antipsicóticos típicos e pode ser observada no início do
tratamento. Ocorre com mais frequência em medicamentos com alta afinidade pelo receptor
D2, como o Haloperidol (MINNEMAN; WECKER, 2006).
Com base na farmacocinética, os antipsicóticos típicos podem ser administrados por
via oral ou intramuscular. As formas orais são comumente usadas no tratamento crônico e a
via intramuscular pode ser usada em ataques agudos psíquico. Os fármacos são altamente
lipofílicos, sendo então distribuídos no sistema nervosos central, e possuem metabolismo de
primeira passagem. A meia-vida dessas drogas é geralmente observada em torno de 1 dia,
sendo a posologia geralmente uma vez ao dia (KATZUNG et al., 2014).
Nas formas de depósito, em injeções de longo prazo, o bloqueio do receptor D2 é
observado até 3 a 6 meses após o uso. Quanto ao efeito, em pacientes que usam, antipsicóticos
regularmente, recaídas e episódios psicóticos aparecerão cerca de 6 meses após interromper o
tratamento. Uma exceção é a Clozapina, que pode promover uma recaída rápida quando o
medicamento é interrompido (KATZUNG et al., 2014).
Os antipsicóticos como antagonistas dos receptores de dopamina podem desencadear
algumas interações medicamentosas importantes. Como exemplo, a combinação de
antipsicóticos e medicamentos anti-parkinsonianos inibirá seus efeitos do último, e podendo
exacerbar os sintomas da doença de Parkinson. Também, os antipsicóticos podem interagir
com outras drogas centrais (como benzodiazepínicos e anti-histamínicos) para aumentar seus
efeitos sedativos (GOLAN et al., 2014).
Os antipsicóticos de segunda geração ou atípicos tem menos afinidade para os
receptores D2 e mais para os receptores serotonérgicos (5-HT1A, 5-HT2A, 5-HT2C, 5-HT3,
5-HT6 e 5-HT7) e a adrenérgicos (α1 e α2), portanto, há menos indução de efeitos
extrapiramidais. Os medicamentos incluídos nessa classe são Risperidona, Sertidol, Clozapina
(protótipo), Olanzapina, Quetiapina, Aripiprazol, Zoltipina e Ziprasidona (KATZUNG et al.,
2014).
27

A Clozapina, protótipo da classe, pode tratar efetivamente os indivíduos que não


respondem aos antipsicóticos típicos. Tem baixa afinidade para os receptores D2 e tem um
efeito seletivo nas vias específica da DA. Pode despolarizar o mesencéfalo e os neurônios de
DA mesocorticais, mas não nigroestriatais. Por meio de um mecanismo desconhecido, a
Clozapina e a Olanzapina aumentarão o fluxo sanguíneo na área do córtex cerebral estando
relacionados aos efeitos positivos de cognição como atenção, memória e trabalho
(MINNEMAN; WECKER,2006). Com a inserção da Clozapina, as pessoas procuram
antipsicóticos que possam garantir maior segurança e eficácia e reduzir o risco de reações
adversas extrapiramidais e do sistema nervoso, resultando em medicamentos estruturais
semelhantes, como Olanzapina e Quetiapina, anti-dopaminérgico e antiserotogérgico misto,
risperidona e os mais novos, como Ziprasidona e Aripiprazol (GOODMAN; GILMAN,
2006).
Outro fármaco bastante utilizado, a risperidona é um antagonista seletivo da
monoamina. Possui alta afinidade para os receptores α-1 adrenérgicos e, em menor extensão
aos receptores histamina H1 e α-2 adrenérgicos. A Risperidona não possui afinidade com os
receptores colinérgicos. Embora a risperidona seja uma antagonista da D2 eficaz, diz-se que
melhora os sintomas positivos da esquizofrenia, mas em comparação com os antipsicóticos
tradicionais, produz menos depressão da atividade motora e menor efeito de catalepsia. O
antagonismo serotonérgico e dopaminérgico central equilibrado pode reduzir a possibilidade
de efeitos colaterais extrapiramidais e estender a atividade terapêutica aos sintomas negativos
e afetivos da esquizofrenia. A Paliperidona é o metabólito ativo e também pode ser usada para
uso parenteral. É uma suspensão injetável que pode liberar Palmitato de Paliperidona 50 mg,
75 mg, 100 mg ou 150 mg, o efeito terapêutico esperado deve começar entre 8 e 22 dias após
a injeção. A dose de manutenção pode ser ajustada mensalmente (BARBOSA et al., 2012).
Os antipsicóticos atípicos estão associados a reações adversas metabólicas e
cardiovasculares causadas pelo aumento do apetite (STAHL, 2014). Causam aumento de peso
significativo e desenvolvem resistência à insulina, levando ao aparecimento de Diabetes
Mellitus, hiperlipidemia aumento do intervalo QT cardíaco e riscos de arritmia e hipotensão.
Em especial, a clozapina é o único medicamento que causa agranulocitose e leucopenia, e é
muito importante monitorar esses efeitos por meio de hemogramas regulares (MINNEMAN;
WECKER, 2006).
Semelhante aos medicamentos típicos, os antipsicóticos atípicos podem ser
administrados por via enteral como parenteral, com boa absorção no trato gastrointestinal
(TGI), metabolismo hepático pelo sistema do citocromo P450 e eliminação pelos rins e fezes.
28

Eles são altamente solúveis em gordura e, portanto, tem uma alta distribuição. Apresentam
alta afinidade e relevância para as proteínas plasmáticas podendo promover o aparecimento de
importantes interações medicamentosas (BARBOSA et al., 2012).
Novos medicamentos antipsicóticos atípicos com vias de administração parenteral
foram desenvolvidos para resolver o problema de falta de adesão ao tratamento, como
risperidona injetável e medicamentos antipsicóticos, com formulações de liberação controlada
intramuscular. Esses são gradualmente liberados no corpo e só precisam ser injetados a cada
2 semanas. Durante as primeiras 3 semanas de tratamento, é necessário suplementar a terapia
com outro antipsicótico oral, porque a primeira injeção não tem efeito imediato (BARBOSA
et al., 2012).

4.7 ESQUEMA TERAPÊUTICO


De acordo com os procedimentos clínicos e diretrizes de tratamento - Decreto nº 364
de 9 de abril de 2013 (BRASIL, 2013), o tratamento medicamentoso deve seguir o modelo
monoterapia, ou seja, um medicamento por vez, podendo ser prescritos todos os antipsicóticos
típicos e atípicos. Estes, portanto, devem ser selecionados de acordo com a condição do
paciente e estado clínico. O ajuste posológico é muito importante, devendo ser ajustado a
partir de uma dose baixa, devendo ser aumentada gradativamente de acordo com a resposta do
paciente até que a dose ideal seja atingida, ao mesmo tempo, esforços devem ser feitos para
prevenir reações adversas. Se um bom efeito terapêutico não for alcançado em 6 semanas,
outros antipsicóticos devem ser usados após o ajuste da dose. Após a troca, se o efeito
extrapiramidal for mantido mesmo que a dose seja ajustada, recomenda-se o uso simultâneo
de Biperideno ou Propranolol. Após fazer isso, se ainda houver efeitos colaterais
extrapiramidais, pode-se optar pelo uso de antipsicóticos atípicos, como olanzapina,
quetiapina ou ziprasidona.
Se ainda houver reações adversas e se ocorrerem refratários, deve-se usar pelo menos
2 antipsicóticos diferentes por até 6 semanas após o uso e, após ajuste da dose, Clozapina
deve ser introduzida no tratamento. No entanto, se o paciente representar um risco para si
mesmo, estiver em risco de suicídio e tiver manifestado discinesia tardia, a Clozapina deve ser
considerada antes mesmo de 6 semanas. Além disso, se a Clozapina pode promover reações
adversas, como agranulocitose, Olanzapina, Quetiapina, Risperidona ou Ziprasidona devem
ser usadas em seu lugar, desde que nunca tenham sido usadas (BRASIL, 2013).
29

Nos casos em que não há adesão óbvia a medicamentos orais, a alternativa


recomendada é o uso de antipsicóticos de longa ação, como o Decanoato de Haloperidol
injetável (BRASIL, 2013).
De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes terapêuticas para esquizofrenia da
Ministério da Saúde, os medicamentos que podem ser utilizados no plano de tratamento são
(MS, 2013):
- Risperidona: comprimidos de 1, 2 e 3 mg;
- Quetiapina: comprimido de 25, 100, 200 e 300 mg;
- Ziprasidona: cápsulas de 40 e 80 mg;
- Olanzapina: comprimido de 5 e 10 mg;
- Clozapina: comprimidos de 25 e 100 mg;
- Clorpromazina: comprimidos de 25 e 100 mg; solução oral de 40 mg/mL.
- Haloperidol: comprimidos de 1 e 5 mg; solução oral 2 mg/mL; solução
injetável 5 mg/mL;
- Decanoato de Haloperidol: solução injetável 50 mg/mL.
O Haloperidol deve ser usado em doses divididas para minimizar o risco de reações
adversas, e a dose máxima permitida em situações agudas 15 mg/dia e 10 mg/dia para
manutenção. O Decanoato de haloperidol (50 mg/mL) deve ser injetado nas nádegas por via
intramuscular uma vez por mês. A Risperidona deve ser iniciada com uma dose de 1 mg uma
vez ao dia para evitar hipotensão postural grave devido ao bloqueio α-adrenérgico. A dose
pode ser aumentada até 6 mg/dia (3 mg duas vezes ao dia). Se o medicamento for
interrompido, a administração deve ser reiniciada de acordo com a primeira dose. Para
pacientes com insuficiência hepática ou renal, a dose máxima é de 3 mg/dia. (SCHISLER,
2017)
A Quetiapina é administrada por via oral duas vezes ao dia, 25 mg cada vez,
aumentando de 25 a 50 mg por dia para atingir 300 a 600 mg por dia. A dose total do
medicamento pode ser dividida em 2 a 3 vezes ao dia, e deve ser quarto e sétimo dia de
tratamento. (SCHISLER, 2017)
Para a Clozapina, deve-se iniciar com 12,5 mg à noite e aumentar a dose em 25 mg a
cada 1 a 2 dias até obter uma dose de 300 a 400 mg por dia. Após 30 dias de tratamento, caso
o paciente não melhore, a dose pode ser aumentada em 50 mg a cada 3 ou 4 dias até a
obtenção da dose máxima de 800 mg por dia. (SCHISLER, 2017)
30

Já para a Olanzapina, deve-se começar com 5 mg à noite, podendo aumentar a dose de


5 mg após pelo menos 7 dias até obter a dose máxima de 20 mg por dia. Não há necessidade
de ajustar a dose para pacientes com insuficiência renal ou hepática. Ao tratar pacientes
fisicamente debilitados, e que estão apresentando uma perda de peso significativa, estes
devem receber uma dose de no máximo 5 mg/ dia. E na ocorrência de efeitos adversos sérios,
como agranulocitose, doenças cardíacas e obstruções intestinais em pacientes refratários, a
dose máxima que se deve ser administrada de olanzapina é de 30 mg/ dia (SCHISLER, 2017).

4.8 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ANTIPSICÓTICOS


A escolha dos antipsicóticos para o tratamento da esquizofrenia deve levar em
consideração os possíveis efeitos colaterais e a eficácia do tratamento. Antipsicóticos de
primeira geração ou típicos são muitos comuns no sistema público, como Haloperidol e
clorpromazina, mas esses medicamentos tem muitos efeitos colaterais, como os
extrapiramidais (KATZUNG et al., 2014). A comparação das características de cada classe de
fármacos pode ser visualizada no Quadro 1.
Em comparação com a primeira geração, os antipsicóticos de segunda geração ou
atípicos apresentam benefícios em relação aos sintomas negativos e cognição, risco baixo de
discinesia tardia, incidência baixa de efeitos extrapiramidais e níveis diminuídos de
prolactina. Contudo esta classe mostra maior ganho de peso, desenvolvimentos de Diabetes
Mellitus e Hiperlipidemia (HALES et al., 2012). A longo prazo, os riscos para a saúde desses
pacientes são consideráveis, e também se acredita que isso levará à falta de adesão,
interrupção do tratamento e recaída. No entanto, os antipsicóticos de segunda geração estão
associados a uma melhor saúde nesses pacientes.
Por se tratar de uma patologia crônica, é importante fazer uma análise econômica dos
custos do tratamento. Geralmente, em comparação com os antipsicóticos atípicos
(especialmente a Clozapina), o custo dos antipsicóticos típicos será muito reduzido e a
Clozapina tem um valor agregado significativo. Por exemplo, o preço médio de Haloperidol
(Haldol®) 5 mg é de R$ 11,09 (20 comprimidos por caixa), enquanto o preço médio de
Clozapina (Leponex®) 25 mg é de R$ 53,40 (20 comprimidos por caixa). Esses números são
baseados em pesquisas de preços de medicamentos realizadas online e em farmácias da
cidade.
31

Quadro 1: Vantagens e Desvantagens dos antipsicóticos utilizados no tratamento da


Esquizofrenia
Antipsicóticos Típicos Antipsicóticos Atípicos
Maior afinidade pelos receptores D2 Menor afinidade pelos receptores D2
Maior efeito extrapiramidal Menor efeito extrapiramidal
Efeitos adversos característicos: Efeitos adversos característicos: efeitos
efeitos extrapiramidais, síndrome maligna extrapiramidais leves, prolongamento do
neuroléptica, discinesia tardia, sintomas intervalo QT, sintomas anticolinérgicos (boca
anticolinérgicos (boca seca, visão turva, seca, visão turva, constipação, retenção
constipação, retenção urinária), hipotensão urinária), sedação, ganho de peso, resistência
ortostática, incapacidade de ejaculação e à insulina, aumento dos níveis de glicose e
sedação. colesterol.
Eficácia terapêutica: Episódios Eficácia terapêutica: tratamento
Agudos crônico
Custo do tratamento: Mais baratos Custo do tratamento: Mais caros
Fonte: o autor, 2020.

Lindner e al. (2009) mostraram que, comparado com olanzapina, o tratamento


antipsicótico com haloperidol e risperidona apresenta melhor custo-efetividade. Eles também
observaram que o uso inicial de risperidona e haloperidol estava associado a menores custos
de tratamento. Após a substituição dos medicamentos, eles observaram que após 5 anos, 37%
dos pacientes que iniciaram o tratamento com o Haloperidol estavam iniciando com
risperidona, 34% com Haloperidol, 8% iniciaram Olanzapina e outros 17% começarão a usar
Clozapina (LINDER et al., 2009).
Em uma avaliação comparativa, o tratamento com clozapina e haloperidol foi
analisado e concluiu-se que os pacientes que receberam Clozapina reduziram o custo de
internação e intervenção. No entanto, seus custos são maiores, relacionados à compra de
medicamentos (ALBANO, 2012).
De acordo com a aviação de prescrições pela farmácia do Hospital Santa Lúcia em
Cruz Alta - RS, os medicamentos mais utilizados no caso de quadro agudo de esquizofrenia
são Haloperidol (injeção intramuscular, IM), Clorpromazina (IM) e Prometazina (IM). No
32

caso do tratamento crônico, para manter e controlar o paciente, são utilizados em grandes
quantidades Haloperidol (oral, VO), Risperidona (VO) e Quetiapina (VO). A Clozapina e a
Olanzapina não fazem parte da lista de medicamentos padronizados do hospital e a obtenção
desses medicamentos deve ser feita de outra forma. Essa observação foi realizada pelo
auxiliar de farmácia do local.

4.9. ATENÇÃO FARMACÊUTICA


A atenção farmacêutica, é um conjunto de ações que são realizadas por farmacêuticos
sendo elas, orientar e acompanhar o paciente quanto ao uso adequado de seus medicamentos.
A função do farmacêutico também é evitar problemas indesejáveis que possivelmente possam
acontecer durante a realização do uso de medicamentos, mas caso eles ocorram o profissional
deve procurar uma solução (BRASIL, 2015).
Os farmacêuticos também podem fazer parte de uma equipe com outros profissionais
da área da saúde, como Fisioterapeutas, Médicos, Enfermeiros, Nutricionistas entre outros,
para garantir o bom aproveitamento dos medicamentos e analisar os possíveis interferentes no
tratamento, seja na alimentação, nas possíveis interações medicamentosas ou pelas condições
físicas do paciente (STORPIRTIS et al., 2017).
Os farmacêuticos que se interessam pela área de atenção farmacêutica precisam
possuir as seguintes habilidades e conhecimentos (BISSON, 2016):
1. Conhecimento de todas as doenças;
2. Conhecimento na parte de farmacoterapia;
3. Conhecimentos de terapias não medicamentosas;
4. Conhecimento na área de Análises Clínicas;
5. Habilidade em comunicar-se com o público-alvo;
6. Habilidade em saber como monitorar os pacientes;
7. Habilidade em como fazer uma avaliação física;
8. Habilidade em saber passar com as informações dos medicamentos;
9. Habilidade de realizar o planejamento terapêutico;
A Atenção farmacêutica é uma área de extrema importância no tratamento dos
pacientes, pois é por meio dessa função que muitos casos de não adesão ao tratamento podem
ser reduzidos. Assim o farmacêutico especializado, auxilia o paciente explicando e
monitorando o seu tratamento para ter um resultado satisfatório. O farmacêutico poderá
realizar a análise das alterações orgânicas do paciente e as possíveis reações adversas
causadas pelo medicamento prescrito pelo especialista (LEAL; SÁ, 2017).
33

Em especial, para os pacientes com transtornos mentais a atenção farmacêutica pode


vir a ajudar a conciliar cada medicamento em tempos alternados para que não haja diminuição
do seu efeito ou até possíveis engano de prescrição pelo especialista, evitando a piora dos
sintomas e avanço no grau da doença (SALDANHA et al., 2018). Nos transtornos mentais,
como na esquizofrenia, o tratamento muitas vezes é abortado durante sua realização, por
muitas vezes a parte emocional do paciente estar afetada por conta de abandono,
discriminação, por dramas passados que podem intensificar os sintomas e por conta dessas e
outras questões isso acaba desanimando o paciente de continuar o tratamento. Por isso a
importância de uma equipe multidisciplinar e, especialmente o farmacêutico, para auxiliar no
tratamento e para poder mostrar para o paciente que pode sim recuperar sua autoestima e com
o tratamento feito corretamente pode recuperar sua saúde por completo ou parcial.
O paciente pode também, com a ajuda do farmacêutico, identificar as reações adversas
e, portanto, fazer monitoração dos sintomas, melhorando assim a adesão ao tratamento seja
medicamentoso ou não medicamentoso (ZANETTI et al., 2017). Por serem doenças deixadas
de lado pela sociedade, não levadas a sério e muitas vezes não compreendidas, os portadores
dessas doenças ficam um tanto perdidos com relação a como vão fazer para realizar o
tratamento correto. Por isso é importante que haja bem mais especialistas em Atenção
Farmacêutica, para que estes pacientes não se sintam excluídos ou esquecidos (DA SILVA et
al., 2012).
As tentativas de humanização no cuidado com paciente que possuem diagnóstico de
transtornos mentais iniciaram-se no ano de 1989, com uma primeira tentativa de
desinstitucionalizar o tratamento de pacientes com transtornos mentais, seguindo o Projeto de
Lei Federal n. 3.657/1989, que tem como proposta regimentar as internações com
compulsória, acabar com os manicômios e introduzir um Sistema Assistencial de Tratamento
aos Pacientes. No entanto, este projeto foi transformado em uma lei somente em 2001,
tornando-se então a Lei Ordinária n. 10.216, que constituiu as diretrizes que estabelece novas
práticas terapêuticas. Nesse contexto, foi então proposta a criação dos Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), que funcionam como um intermediário entre a vida social e a internação
dos pacientes psiquiátricos (LEAL; DE ANTONI, 2013; BRASIL,1989).
O CAPS pode ser dividido em três categorias: I, II, III. A complexidade do tratamento
oferecido e a ampliação do atendimento ao paciente, além de centros especiais para crianças e
adolescentes, o CAPSi e o CAPSad, que podem auxiliar os pacientes com dependência de
substâncias psicoativas. Como se trata de um Programa de Saúde Federal também é afetado
por fatores particularidades institucionais, políticos e técnica de cada cidade, o que pode
34

resultar de um sistema regionalizado para cada município onde este foi inserido (SILVEIRA;
LIMA, 2017). Sua estrutura é composta por uma equipe multidisciplinar e nesta equipe estão
presentes: médicos, enfermeiras, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos entre outros. A
equipe de enfermagem o considera um local que valoriza a saúde dos pacientes, o viver em
sociedade, para aumentar a independência individual em detrimento de sua doença. Porém, o
farmacêutico só pode atuar em unidades de CAPS com distribuição de medicamentos, o que
limita o profissional com os pacientes (LUCCHETTA; MASTROIANNI, 2012).
Um dos marcos relacionados ao resgate do papel social dos farmacêuticos de resgate
ocorreu nos Estados Unidos em 1990. Foi publicado o artigo “Opportunities and
responsabilities in pharmaceutical care”, o que desencadeou a atenção por parte da
comunidade farmacêutica em todo o mundo, para o sentido do exercício profissional
farmacêutico, dando origem a uma área chamada de Pharmaceutical Care, que recentemente
foi denominada no Brasil como “Cuidado Farmacêutico” (CFF, 2016). À medida que a
pesquisa avançava, notou-se que o papel do farmacêutico era principalmente limitado a
funções burocráticas e logísticas, priorizando os serviços de fornecimento e o acesso aos
serviços medicamentosos, de modo que não se aproveitasse do potencial do profissional,
limitando assim a ação clínica de promover, proteger e restaurar a saúde do paciente
(CARVALHO; NETO, 2018).
A prestação de serviços farmacêuticos deve ser baseado nas características inerentes a
cada região do país, levando em consideração as diferenças populacionais, características
epidemiológicas e diferenças socioculturais, de forma que a estrutura de Cuidado
Farmacêutico seja robusta e possa efetivamente atender aos pacientes com esquizofrenia e os
seus cuidadores. É evidente que o Cuidado Farmacêutico no sistema de saúde do Brasil
avançou muito e agora é bem reconhecida. Porém, é preciso integrar-se à uma equipe de
saúde de uma forma mais expressiva, para que possa otimizar o tratamento de pacientes com
esquizofrenia e promover o uso racional dos medicamentos. (ARAÚJO et al., 2017).

4.9.1 ATENÇÃO FARMACÊUTICA PRESTADA AOS PACIENTES COM


ESQUIZOFRENIA
A esquizofrenia é uma patologia incurável e o tratamento medicamentoso
acompanhará o paciente por toda a vida. Portanto, o papel da atenção farmacêutica é
fundamental para que a qualidade de vida do paciente seja mantida. Nos primeiros 5 a 10 anos
da doença, o cérebro e a memória irão se deteriorar. Nessa fase, a doença costuma se
estabilizar, e o quadro clínico apresenta melhora significativa, o que significa que é possível
35

realizar as tarefas diárias e se reintegrar à sociedade. No entanto, para mais de 50% dos
pacientes com esquizofrenia, nenhum tratamento aceitável é fornecido na fase crítica da
patologia, prejudicando significativamente o prognóstico e levando à deterioração do quadro
clínico e à recuperação do paciente (SCHISLER, 2017).
Ainda, como já citado, os antipsicóticos possuem várias reações adversas, as mais
citadas são: a neurotoxicidade, a acatisia, a síndrome neuroléptica maligna (SNM), delírios,
hipotermia, hiperprolactinemia, discinesia tardia (DT), alterações endócrinas (amenorreia,
aumento de peso, disfunção sexual), sialorreia, hipotensão postural e blefarospasmo. Além de
efeitos hematológicos, dentre eles: agranulocitose, eosinofilia, neutropenia, e os efeitos
endócrinos, como aumento de peso, hiperglicemia, hiperprolactinemia, amenorreia e
ginecomastia e efeitos cardiovasculares como alterações eletrocardiográficas e hipotensão
postural (BALLONE, 2008).
Ainda, esses pacientes costumam sofrer de depressão por preconceito e discriminação
no dia a dia, necessitando de outros medicamentos. Nesse contexto, o farmacêutico
desempenha um importante papel no acompanhamento do tratamento antidepressivo desses
pacientes, promovendo a resolução de possíveis reações adversas a medicamentos (RAM),
aumentando a aceitabilidade dos pacientes para o uso de medicamentos e cooperando com
equipes médicas e familiares, otimizando a medicação do paciente. Além disso, a medicação
pode ajudar a aumentar a adesão à medicação, buscar a reinserção social e melhorar a
qualidade de vida desses pacientes.
Como esses pacientes sofrem de doenças crônicas, eles precisam de orientação e
cuidados relativos ao uso correto dos seus medicamentos essenciais (MOTA NETO et al.,
2016). A interação medicamentosa é uma reação de interferência entre alguns medicamentos.
É algo muitas vezes comum entre os tratamentos de certas doenças por possuir a possibilidade
dos pacientes se automedicarem ou fazerem uso de polifarmácia, bem comum em portadores
de doenças crônicas, tais como a esquizofrenia, podendo assim afetar a ação dos outros
medicamentos necessários para o tratamento (LOURENÇO; ROCHA, 2018).
Um estudo anterior, demonstrou que 65% dos pacientes que estavam fazendo uso de
medicamentos paralelamente com os antipsicóticos, o faziam sem supervisão médica, ou seja,
faziam uso sem realizar consulta médica sendo esse um agravante para a redução na eficácia
dos medicamentos. A interação entre medicamentos pode prejudicar o efeito do fármaco no
tratamento, por haver a possibilidade de ocorrer a ligação de outros fármacos nos receptores
do organismo, não sendo eficaz em caso de pacientes que possuam uma doença crônica
paralela a esquizofrenia ou outro tipo de transtorno mental (SANTOS; RIBEIRO, 2010).
36

Além do tratamento medicamentoso, também há tratamentos não medicamentosos que


são realizados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) por outros profissionais que
trabalham na equipe multidisciplinar, como por exemplo, atendimento individual, atividades
em grupo, oficinas terapêuticas, visitas domiciliares, atendimento à família e até atividades
comunitárias, que podem ajudar no tratamento e no retorno dos pacientes à convivência com a
sociedade e com os seus familiares (ZANETTI; STUMM; BOSSE, 2017).
No centro de atenção ao paciente em saúde mental a participação do farmacêutico é
muito importante, como foco no centro de apoio psicossocial (CAPS) e na secretaria de saúde
da família. O profissional farmacêutico tem participação fundamental na formulação de
diversas atividades e estratégias visando aprimorar as ações de assistência medicamentosa no
setor de serviços de Saúde Mental (ALENCAR et al., 2012).
Dentre as possíveis atividades do farmacêutico no cuidado com medicamentos,
podemos citar (SCHISLER, 2017):
a) Sob orientação das diretrizes do Ministério da Saúde (como a Lista Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) e a Forma Nacional de Tratamento (FTN), selecionar
os medicamentos com base na epidemiologia de medicamentos e na avaliação
farmacoeconomia;
b) Otimizar o processo de aquisição e distribuição de medicamentos com base nos
seguintes fatores com base em dados epidemiológicos, promovem seu consumo real e
minimizam perdas;
c) Orientar o armazenamento de medicamentos no setor saúde e aos pacientes na
conservação a domicílio para manter a estabilidade e qualidade do produto;
d) Promover conjuntamente o desenvolvimento de atividades interdisciplinares
em conjunto com outros profissionais de saúde para desenvolver planos e projetos clínicos de
tratamento;
e) Promover a adesão dos pacientes ao tratamento, melhorando assim o
prognóstico da doença e reduzindo as perdas clínicas e econômicas decorrentes da não adesão
ao tratamento;
f) Realizar visitas domiciliares e estabelecer contato com os pacientes e seus
familiares, o que favorece a intervenção de medicamentos e ajuda a determinar os hábitos e
estilo de vida do paciente e outros fatores que podem afetar o tratamento;
g) Auxiliar na dispensação de medicamentos, promover a reconciliação, continuar
a educação e monitoramento de saúde e do tratamento medicamentoso de forma eficaz e
diferenciada;
37

h) A promoção do uso racional de medicamentos contribuirá para a melhoria da


qualidade de vida das pessoas.
Portanto, como mencionado anteriormente, a esquizofrenia é conhecida por
representar um importante problema de saúde pública. A participação ativa dos farmacêuticos
e equipes de saúde mental tem trazido enormes benefícios a esses pacientes. A análise da
farmacoterapêutica e orientações aos familiares e pacientes auxiliam na compreensão do
processo patológico e na importância do tratamento, resultando na adesão as terapias
medicamentosas e não medicamentosas e melhorando seu prognóstico.
Muitas vezes esses pacientes não são entendidos por pessoas que não tem
conhecimento sobre a doença e seus sintomas, e por não saber lidar com o doente, podendo
por conta disso deixá-lo com baixa autoestima e tristeza. Isso gera desconforto e isolamento
do mundo por falta de compreensão, carinho e cuidados com sua saúde física e emocional,
dificultando ainda, a sua adesão ao tratamento. Por esse motivo é de extrema importância a
Atenção Farmacêutica para esses pacientes para orientá-los como deve ser feito o tratamento e
realizar uma análise em seus medicamentos para evitar as interações medicamentosas.
38

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A esquizofrenia é uma doença crônica, que afeta uma parcela significativa da
população. Sua fisiopatologia ainda não é completamente esclarecida, mas sabe-se do
envolvimento dos sistemas de neurotransmissão serotonérgico, glutamatérgico e,
principalmente, dopaminérgico. Ainda, a predisposição genética aliada a exposição a diversos
fatores ambientais contribui para a manifestação da doença.
O tratamento deve idealmente ser constituído por psicoterapia e medicamentos, os
antipsicóticos. Todos os antipsicóticos (típicos e atípicos) podem ser utilizados no tratamento
da esquizofrenia. Em diferentes graus, todos apresentam reações adversas importantes e
debilitantes, que favorecem a não adesão ao tratamento. Ainda, são medicamentos com
grande potencial de interações medicamentosas.
Dessa forma, considerando as limitações do paciente esquizofrênico e, muitas vezes da
família e equipe de cuidado, juntamente com dificuldades encontradas com o tratamento
medicamentoso e a não-adesão, é comum que muitos pacientes não obtenham um resultado
satisfatório da terapia medicamentosa, levando a uma redução na sua qualidade de vida e
piora na sintomatologia da doença. Nesse sentido, o papel do profissional farmacêutico é
analisar se a terapia medicamentosa está adequada ao paciente, observar e prevenir reações
adversas e realizar o manejo das interações medicamentosas.
Então, a atenção farmacêutica direcionada aos pacientes esquizofrênicos é uma
importante área de atuação do farmacêutico, já que esse é o profissional com mais
conhecimento sobre os medicamentos. Aliado a uma equipe de saúde multiprofissional, a
atenção farmacêutica tem as vantagens de orientar pacientes e familiares sobre as terapias
medicamentosas e realizar o acompanhamento delas, auxiliando na adesão farmacoterapêutica
e na promoção da saúde emocional e social.
39

REFERÊNCIAS

ALBANO, Daniela Alexandra dos Santos. Esquizofrenia – Patologia e Terapêutica, 2012.


Originalmente apresentada como dissertação de mestrado, Universidade do Algarve,
Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2012.

ANTICEVIC, Alan et al. Characterizing thalamo-cortical disturbances in schizophrenia and


bipolar illness. Cerebral cortex, v. 24, n. 12, p. 3116-3130, 2014.

ALENCAR, Tatiane Oliveira Silva.; CAVALCANTI, Elaine Alane Batista; ALENCAR,


Bruno Rodrigues Assistência farmacêutica e saúde mental no sistema único de saúde. Revista
de Ciências Farmacêuticas Básicas e Aplicadas, v. 33, n. 4, p. 489-495, 2012.
 
BALLONE, Geraldo José Antipsicóticos Atípicos, 2008. Disponível em:
<http://www.psiqweb.med.br> Acesso em: 28 de outubro de 2020.

BARBOZA, Pablo Sevidanes; SILVA, Denise Aparecida. Medicamentos antidepressivos e


antipsicóticos prescritos no centro de atenção psicossocial (CAPS) do município de
Porciúncula–RJ. Acta Biomedica Brasiliensia, v. 3, p. 85-97, 2012.

BARCELOS, ALINE COSTA et al. Efeitos cardiotóxicos resultantes da interação da


risperidona com diuréticos tiazídicos. Jornal. brasileiro de psiquiatria [online], vol.63, n.4,
pp.379-383. 2014. 

BISSON, Marcelo Polacow. Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica. Editora Manole,
2007. 

BIZZO, Carla Vanessa Ferreira et al. A Importância da atuação do profissional farmacêutico


na saúde mental, Semiose: Inovação, Desenvolvimento e Sustentabilidade. vol. 12, p. 145-
162, 2018
40

BRASIL. Projeto de lei n. 3657, de 12 de setembro de 1989. Dispõe sobre a extinção


progressiva dos manicômios e sua substituição por outros recursos assistenciais e
regulamenta a internação psiquiátrica compulsória. Disponível em:
<https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=20004>
Acesso em 20 dez. 2020

BRASIL; Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial, baseado em evidências, para o


tratamento de problemas de saúde vinculados a condições esquizofrênicas, estado de
Santa Catarina, 2015.

BRASIL; Ministério da Saúde Secretária de atenção à Saúde, PORTARIA Nº 364, DE 9


DE ABRIL DE 2013, Brasília- DF, 2013

CARVALHO, Camila Cristina de Assis; NETO, Orozimbo Henriques Campos. Papel do


Profissional Farmacêutico no Sistema Único de Saúde (SUS) em um Município de Minas
Gerais. Revista Brasileira de Ciências da Vida, v. 6, 2018.

CHAVES TRINDADE, Barbara Samara, DOS SANTOS, Me Walquiria Lene, & CUNHA
DE OLIVEIRA, Dra. Maria Liz. A ESQUIZOFRENIA ASSOCIADA A DEPENDÊNCIA
QUÍMICA . Revista JRG De Estudos Acadêmicos , v. 2, p. 56-69. 2020. Recuperado de
http://www.revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/64

CONTIN, Mayara Rodrigues, CORRADI-WEBSTER, Clarissa Mendonça, et al.


Identificação do consumo de substâncias psicoativas entre indivíduos com
esquizofrenia. SMAD Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool E Drogas (Edição Em
Português), v. 14 p. 12-19, 2018.

CORDIOLI, Aristides Volpato Psicofármacos nos transtornos mentais. Disponível em:


http://www. ufrgs.br/psiquiatria/psiq/Caballo%206_8.pdf Acesso em: 19 Mar 2020.

COSTA, Naiara Lima; CALAIS, Sandra Leal. Esquizofrenia: intervenção em Instituição


Pública de Saúde. Psicologia da USP , São Paulo, v. 21, pág. 183-198. 2010. Disponível em
41

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
65642010000100010&lng=en&nrm=iso>. acesso em 26 de dezembro de 2020.

DE SOUZA, Renato Lion Machado; DA SILVA RAIMUNDO, Thais; JUVELANE,


Michelangelo. O papel do sistema imune na neurogênese da esquizofrenia com enfoque na
neuroinflamação. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, p. 18387-18423, 2020.

GELDER, Michael.; MAYOU, Richard.; COWEN, Phillip. Tratado de Psiquiatria, 4ª Ed.


Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

GREENWOOD Tiffany A., LAZZERONI Laura C, MURRAY Sarah S, et al. Análise de 94


genes candidatos e 12 endofenótipos para esquizofrenia do Consortium on the Genetics of
Schizophrenia. Am J Psychiatry .v. 168 p. 930-946.  2011.

GOODMAN, Louis. Sanford.; GILMAN, Alfred. As Bases Farmacológicas da Terapêutica.


12ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

GOLAN, David. E; TASHJIAN, Armen .H. Princípios de Farmacologia: A Base


Fisiopatológica da Farmacoterapia, 3ª ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

GOLAN, David. E; TASHJIAN, Armen .H.; AMSTRONG, Ehrin. J.; AMSTRONG, April.
W. Princípios de Farmacologia: A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia, 2ª Ed, Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.

HAJJAR Emily R, CAFIERO Angela C, HANLON Joseph T. Polypharmacy in elderly


patients. Am J Geriatr Pharmacother. v. 5 p. 345-51.2007.

HALES, Robert.; YUDOFSKY, Stuart.; GABBARD, Glen. Tratado de psiquiatria clínica.


5. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.

HAMODA, Hesham M.; MAKHLOUF, A. T.; FITZSIMMONS, James et al. Anormalidades


nas conexões tálamo-corticais em paciente com primeiro episódio de esquizofrenia: um
estudo de tractografia de dois tenores. Brain Imaging and Behavior v. 13, p. 472-281, 2019.
Disponível em: <https://doi.org/10.1007/s11682-018-9862-8>
42

JÚNIOR, Quirino Cordeiro. Estudo de associação entre genes do sistema dopaminérgico de


esquizofrenia. Originalmente apresentada como dissertação de doutorado, Universidade
de São Paulo, Faculdade de Medicina, 2007.

KATZUNG, Bertram G.; MASTERS, Susan .B.; TREVOR, Anthony .J. Farmacologia
básica e clínica. 12ª Ed, Porto Alegre: AMGH, 2014.

LEAL Bruna Molina, DE ANTONI Clarissa. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS):


estruturação, interdisciplinaridade e intersetorialidade. Revista Interdisciplinar de
Psicologia e Promoção da Saúde - Aletheia. v. 40, p. 87-101. 2013;

LINDNER, Leandro Mendonça; MARASCIULO, Antônio Carlos et al. Avaliação econômica


do tratamento da esquizofrenia com antipsicóticos no Sistema Único de Saúde, Revista
Saúde Pública, v. 43, p. 62-69, 2009.

LOURENÇO, Alice Nascimento; ROCHA, Pryscila Silva; Interação medicamentosa em


Antipsicóticos. Mostra Científica de Biomedicina, Quixadá, Volume 3, junho 2018

MARGALHA, Sara Isabel Baptista. Tese de Doutorado- UAlg. Influência da


farmacogenômica na terapêutica com antipsicóticos em doentes esquizofrénicos. 2013.

MINNEMAN, Kenneth. P.; WECKER, Lynn. Brody-Farmacologia humana. 4 ª Ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2006.

MOTA NETO, Dilamar.; ESCÓRCIO-DOURADO, Carla Solange Melo et. al. Avaliação do
tratamento da esquizofrenia num serviço de farmácia especializado. Revista Interdisciplinar,
v. 9, p. 74-83, 2016.

MONTEIRO, Luciana de Carvalho, & LOUZÃ, Mário Rodrigues Déficits cognitivos na


esquizofrenia: consequências funcionais e abordagens terapêuticas. Archives of Clinical
Psychiatry, v.34 p. 179-183. 2007. 
43

ORELLANA, Gricel; SLACHEVSKY, Andrea Executive functioning in schizophrenia.


Frontiers in Psychiatry, Switzerland, v. 4, p. 1-35, 2013.

PERKINS, Diana. O.; LIEBERMAN, Jeffrey. A. Epidemiologia e história natural. In:


Fundamentos da esquizofrenia. Porto Alegre: Artmed, 2013. p. 17-25.

RANG, Humphrey P; RITTER, James M.; FLOWER, Rod ; HENDERSON, Graeme. Rang
& Dale farmacologia. 8ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.

REIS, Guilherme Cursino; ARRUDA, Ana Lucia Alves Fisiopatologia da esquizofrenia


baseada nos aspectos moleculares da hipótese glutamatérgica. Revista Brasileira de
Farmácia, v. 92, p. 118-122, 2011.

SADOCK, Benjamin J.; SADOCK, Virginia A. Compêndio de psiquiatria: Ciências do


comportamento e psiquiatria clínica. 9. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

SALGADO, João Vinicius, HETEM, Luiz Alberto, & SANDNER, Guy. Modelos
experimentais de esquizofrenia – uma revisão. Revista Brasileira Psiquiatria, v. 28, p. 135-
141. 2006.

SALDANHA, Dalila Leite et al. A Importância da Atenção Farmacêutico ao Paciente com


Transtorno Obsessivo Compulsivo. Mostra Científica da Farmácia, v. 4, 2018. Disponível
em:
http://publicacoesacademicas.unicatolicaquixada.edu.br/index.php/mostracientificafarmacia/a
rticle/view/2241. Acesso em: 16 Nov. 2020.

SILVA, Regina Claúdia Barbosa; Esquizofrenia: Uma revisão. Psicologia. USP v.17,  São


Paulo  2006.

SILVERMAN, Ligia Batista. Duplo Entender: Sylvia Plath e Diagnóstico Psiquiátrico. Plath


Profiles: An Interdisciplinary Journal for Sylvia Plath Studies , v. 8, p. 31-31, 2015.
44

SANTOS, Helena Cristina; RIBEIRO, Roberto Rodrigues; Possíveis interações


medicamentosas com psicotrópicos encontradas em pacientes da Zona Leste de São Paulo.
Revista Ciência Farmacêutica Básica Aplicada, v.30,p. 285-289. 2009.

SCAZUFCA, Marcia. Abordagem familiar em esquizofrenia. Revista Brasileira de


Psiquiatria, v. 22,p. 50-52. 2000.

SOARES, Hugo .Leonardo .Rodrigues; Esquizofrenia hebefrênica: psicose na infância


e adolescência. Fractal, Revista de Psicologia, v. 23, Rio de Janeiro Apr. 2011

SCHMITZ, Ana Paula, KREUTZ, Olir. Celestino., & SUYENAGA, Edna. Sayuri.
(2015). Antipsicóticos Atípicos versus efeito obesogênico sob a óptica da química
medicinal. Revista Eletrônica De Farmácia, v.12, p.23-35.

VIEIRA Armanda, MOREIRA Joana Isabel, LOUREIRO Kathia, MORGADINHO


Rita. Esquizofrenia e outras perturbações psicóticas. O Portal dos Psicólogos [Internet].
2010 Disponível em: https://goo.gl/FrEkvV

SCHISLER, Viridiana. Farmacoterapia no Tratamento da Esquizofrenia. 2017.


Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Farmácia)- UNIVERSIDADE
FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP, Sinop,2017.

Xavier Janmille Morais, Brito Elaine Magalhães et al. Percepção dos familiares de
pessoas com esquizofrenia acerca da doença. Revista Brasileira em Promoção da Saúde
[periódico na Internet]. 2012

ZANETTI, LAURA, STUMM, ENIVA et al. Tratamento medicamentoso e não


medicamentoso de usuários de um Centro de Atenção Psicossocial. Scientia Medica. v. 27.
2017.

Você também pode gostar