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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Departamento de Engenharia Química


PQI 2409 – Laboratório de Fundamentos de Engenharia Química

REDES DE TUBULAÇÃO

1. OBJETIVO

Estudar as características de uma rede de tubulação alimentada com fluido


incompressível por duas bombas centrífugas, que podem ser associadas em série ou paralelo.

2. INTRODUÇÃO

Sistemas de tubulações e associação de bombas são amplamente utilizados em todos os


tipos de indústria nos diversos pontos do processo produtivo ou até mesmo em sistemas de
combate a incêndio, água de resfriamento, distribuição municipal de água, etc. Sendo portanto
necessário um profundo conhecimento dos aspectos que regem esse tipo de escoamento. A
simulação de redes de tubos é uma ferramenta essencial para analisar o comportamento da rede
(distribuição de vazão e pressão) sob diferentes condições operacionais.

O escoamento em rede a ser estudado será de um fluído Newtoniano incompressível


(água) em tubulações de PVC, alimentadas por duas bombas centrífugas que podem atuar em
série ou em paralelo.

O estudo será efetuado em três fases:

1ª) Obtenção das curvas características das associações de bombas.


2ª) Estudo de uma rede pré-definida simples, denominada: Configuração A
3ª) Estudo de uma rede pré-definida complexa, denominada: Configuração B

3. DESCRIÇÃO DA INSTALAÇÃO

A instalação constitui-se de um tanque de alimentação, bombas para recirculação da água


pela rede de tubulações, tanque de recebimento, medidores de vazão, pressão e corrente elétrica,
válvulas do tipo esfera para configuração da rede e uma válvula do tipo globo para regulagem da
vazão das bombas.

O esquema da instalação é mostrado nas Figuras 1 e 2. Para o estudo das bombas, a


circulação pode ser feita em um circuito reduzido, sem utilização da rede de tubos, usando a
válvula FV-12 (by-pass).

1
FIGURA 1 – Representação do sistema de bombas

FIGURA 2 – Representação da rede de tubulação

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4. MODELAGEM MATEMÁTICA DO ESCOAMENTO EM REDE

A modelagem matemática do escoamento em redes de tubulação encontra-se descrita no


artigo Gut et al. (1997), em anexo. A primeira etapa é a representação da rede como um
conjunto de nós e arcos interconectados. Como exemplo, a representação da rede completa da
Figura 2 é mostrada na Figura 3. Sugere-se que para cada configuração de rede seja feito o
mesmo procedimento de nomenclatura.

FIGURA 3 – Representação da rede experimental completa através de nós e arcos

5. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

5.1 Curvas Características do Sistema de Bombas

a) Anotar os dados fornecidos na carcaça da bomba.

b) Configurar o sistema para a operação das bombas em paralelo e obter, para diversos valores
de vazão (regulagem da válvula globo), as leituras correspondentes dos manômetros e
amperímetros, assim como o nível de tanque de alimentação e a temperatura do fluido.

c) Configurar o sistema para a operação das bombas em série e obter, para diversos valores de
vazão (regulagem da válvula globo), as leituras correspondentes dos manômetros e
amperímetros, assim como o nível de tanque de alimentação e a temperatura do fluido.

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5.2 Rede de Tubos: Configuração A

a) Com as bombas operando associadas em paralelo, na vazão máxima, abrir todas as válvulas
da rede para remoção de ar no interior da tubulação.

b) Configurar a rede de tubos para a Configuração A (conforme Figura 4) através das válvulas
esfera da rede.

FIGURA 4 – Representação da rede na Configuração A

c) Para uma dada vazão de alimentação na rede, aguardar o regime permanente. Medir a
pressão de entrada da rede, temperatura do fluido e as vazões nas saídas.

d) Produzir uma tabela com todas as singularidades necessárias para os cálculos desta
configuração.

5.3 Configuração B

a) Abrir todas as válvulas da rede, com as bombas operando associadas em paralelo.

b) Configurar a rede para a Configuração B (será fornecida durante a experiência) através das
válvulas esfera da rede.

c) Escolher 3 vazões de alimentação da rede, e para cada uma aguardar o regime permanente de
operação e medir a pressão de entrada da rede, temperatura do fluido e as vazões nas saídas.

d) Produzir uma tabela com todas as singularidades necessárias para os cálculos desta
configuração.

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6. CÁLCULO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.1 Curvas Características do Sistema de Bombas

a) Obter as curvas características das associações de bombas em série e paralelo (altura


manométrica e eficiência como funções da vazão).
b) Comparar os resultados obtidos com as curvas de calibração fornecidas para uma bomba e
com o comportamento esperado para cada tipo de associação.

6.2 Configuração A

a) Traçar o isométrico da “parte úmida” da rede.


b) Conhecida a vazão de alimentação da rede na Configuração A, determinar as vazões de saída
e a pressão de entrada, aplicando os balanços necessários, e comparar com os valores obtidos
experimentalmente. Apresentar o memorial de cálculo correspondente.

6.3 Configuração B

a) Traçar o isométrico da “parte úmida” da rede.


b) Simular a Configuração B utilizando o programa Redes fornecido, segundo as etapas:
− Representar a rede de tubos da Configuração B através de nós e arcos.
− Montar a tabela de dados de entrada para programa.
− Entrar com os dados solicitados pelo programa, conferindo o arquivo resultante.
− Realizar a simulação da rede e obter o arquivo de resultados.
c) Utilizando o programa Redes, calcular as vazões e pressões na rede para cada uma das 3
vazões de entrada medidas.
d) Comparar os resultados obtidos experimentalmente com os resultados das simulações.

7. OBSERVAÇÕES

7.1 Calibração e Comprimento Equivalente dos Rotâmetros

Rotâmetro Faixa de vazão Curva de calibração (m³/h) Leq


Saída das bombas (0-6 m3/h) Qreal = 1,0326 × Qlida0,9833 -
Tubo 10 (0-2 m3/h) Qreal = 1,1516 × Qlida0,9721 150 cm
Tubo 11 (0-3 m3/h) Qreal = 1,0915 × Qlida0,9906 120 cm

5
7.2 Curvas características da bomba (calibração)

20
45

18
40
2 16
35
y = - 0,223x - 14,492x + 39,188
2
R = 0,999 14
30
12

Efic (%)
Head (m)

25
10

20
8

15 6

10 4
3 2
2
y = - 2,075x - 1,571x + 18,585x - 0,015
5 2
R = 0,996
0
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Q (m3/h)
Q (m3/h)

7.3 Utilização do Programa de Cálculo

O arquivo de entrada gerado pelo programa Redes pode ser alterado por qualquer editor
de textos e reutilizado, desde que mantida a formatação original. Um exemplo ilustrativo do uso
do programa está incluso nos arquivos. O programa está disponível para download em:
http://pqi.ep.usp.br/disciplinas/pqi467/redes.html e acompanha um exemplo resolvido.

7.4 Dados da Rede de Tubulações

TABELA 1 - Características dos arcos e nós da rede


(Os números correspondem aos nós e arcos da rede completa mostrada na Figura 3.)
Tubo Comprimento Diâmetro Nó Cota (m)
(m) Interno (cm)
01 0,20 3,2 01 1,17
02 2,35 3,2 02 1,17
03 1,72 3,2 03 0,12
04 0,93 2,5 04 0,11
05 0,44 2,5 05 0,11
06 2,64 2,5 06 1,21
07 2,20 2,5 07 1,52
08 2,65 2,5 08 1,17
09 1,06 2,5 09 1,16
10 2,55 2,5 10 2,21
11 2,00 2,5 11 2,21
12 9,44 2,0 12 0,80
13 0,94 2,5 13 1,16
14 0,44 2,5 14 2,22
15 0,95 2,5 15 1,78
16 2,70 2,0 16 2,66
17 0,42 2,0 17 2,66
18 3,03 2,0
19 1,83 2,0

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8. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

GUT, J.A.W.; PINTO, J.M.; SONG, T.W. Análise de Redes de Tubulação: Desenvolvimento de
Instalação Experimental e Modelagem Matemática. In: XIV Congresso Brasileiro de
Engenharia Mecânica, Bauru. Anais do COBEM 97, CD-ROM, 1997. (em anexo)

Escoamento em dutos e bombeamento:


BENNETT,C.O.; MYERS, J.E. Fenômenos de Transporte: Quantidade de Movimento,
Calor e Massa. São Paulo: Mcgraw-Hill do Brasil, pp.41-60,195-219, 1978

BIRD, R.B.; STEWART, W.E.; LIGHTFOOT, E.N. Transport Phenomena, pp. 208-2740.
New York: J. Wiley, 2002.

DE MORAES JÚRIOR, D. Transporte de Líquidos e Gases, Vol.1, pp.98-123. Sao Carlos:


Ufscar, 1988.

MCCABE, W.L.; SMITH, J.C. Unit Operations of Chemical Engineering. New York :
McGraw-Hill, 1956.

Simulação redes de tubulação:


BENDING, M.J.; HUTCHISON, P. The Calculation of Steady State Incompressible Flow in
Large Networks of Pipes. Chemical Engineering Science, 28, pp.1857-1864, 1973.

COCHRAN, T.W. Simplifying Piping Network Analysis. Chemical Engineering, pp.105-106,


Abril 1995.

GUT, J.A.W.; PINTO, J.M.; SONG, T.W. Desenvolvimento de um Simulador de Redes de


Tubulação: Fluidos Newtonianos, Não-Newtonianos e Compressíveis, Revista de Iniciação
Científica, 2, 2000.

INGLES, D.M.; POWERS, J.E. Analysis of Pipeline Networks. Chemical Engineering


Progress, 60(2), pp.65-70, 1964.

KRITPIPHAT, W.; TONTIWACHWUTHIKUL, P.; CHAN, C.W. Pipeline Network Modeling


and Simulation for Intelligent Monitring and Control: A Case Study of a Municipal Water
Supply System. Industrial & Engineering Chemistry Research 37, pp.1033-1044, 1998.

Projeto e desenho de tubulações:


GOMIDE, R. Operações Unitárias 2: Fluidos na Indústria. São Paulo: R. Gomide, 1997.

TELLES, P.C.S. Tubulações Industriais: Materiais, Projeto e Desenho, 6.ed. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científicos, 1982.

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