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RIO DE JANEIRO
MINISTÉRIO DA FAZENDA
SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
ALFÂNDEGA DO
RIO DE JANEIRO
COLEÇÃO
MEMÓRIA TRIBUTÁRIA
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
MINISTRO DA FAZENDA
PEDRO SAMPAIO MALAN
SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL
EVERARDO MACIEL
SECRETÁRIO-ADJUNTO DA RECEITA FEDERAL
CARLOS ALBERTO BARRETO
COORDENADOR-GERAL DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
MICHIAKI HASHIMURA
COORDENAÇÃO DE INTEGRAÇÃO FISCO-CONTRIBUINTE
CLÁUDIA MARIA DE ANDRADE CARVALHO LEAL
PROJETO MEMÓRIA DA SRF
JOSÉ EDUARDO PIMENTEL DE GODOY
DIRETORA-GERAL DA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA
MARIA DE FÁTIMA PESSOA DE MELLO CARTAXO
SUPERVISÃO EDITORIAL
DIRAT: DIRETORIA DE ATENDIMENTO E COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS
DIRETORA: MARIA DA GLÓRIA DE OLIVEIRA COELHO LEAL
ORGANIZAÇÃO EDITORIAL
CEMAD: CENTRO DE EDITORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO
COORDENADORA: GRACIA MARIA CRISTINO QUINTAS
REVISÃO TEXTUAL:
SANDRO DE CARVALHO TELES
CAPA:
RUBENS SAMPAIO DE MATOS
G589a
Godoy, José Eduardo Pimentel de.
Alfândega do Rio de Janeiro / José Eduardo Pimentel
de Godoy. – Brasília: ESAF, 2002
[33] p.
ISBN:85-7202-019-5
CDD 337.098153
COLEÇÃO MEMÓRIA TRIBUTÁRIA
APRESENTAÇÃO
Everardo Maciel
Secretário da Receita Federal
BIOGRAFIA
Alfândega do Rio de Janeiro... Uma casa à beira-mar.... Uma casa cuja his-
tória é das mais ricas e variegadas... Mais que uma casa, um edifício público repleto
de pessoas e de mercadorias... Mais que uma edificação, porta de entrada e saída
de toda uma nação. Testemunhou embarques e desembarques, invasões e bata-
lhas, tragédias e comédias. É um pouco o retrato da cidade que estende por trás
dela.
Se a Alfândega de Santos merece um Camões para cantá-la, só Shakespeare
seria capaz de retratar o drama humano da aduana carioca. Pois, nesta coexistiram
personagens e episódios dramáticos suficientes para inúmeras peças teatrais. Tal-
vez não seja possível encontrar o Rei Lear em seus corredores, mas certamente os
fantasmas de Ricardo III e Macbeth se sentiriam à vontade em determinados perío-
dos de sua história.
Instalada em 1566, como uma estação arrecadadora pioneira, numa área
conquistada dias antes aos índios tamoios e aos invasores franceses, nunca se limi-
tou a ser uma sonolenta repartição pública, num dos mais distantes extremos do
Império Português. Converteu-se logo num pólo de sangrenta disputa política, evo-
luiu para ser a salvação das finanças portuguesas, e se tornou a coluna mestra das
finanças do Brasil Imperial e Republicano. Mais do que isso, foi, a partir da Indepen-
dência, uma casa de pessoas ilustres. Nobres, intelectuais e políticos destacados,
faziam na Alfândega a sua iniciação para a vida pública ou dela retiravam o pão
nosso de cada dia. Tanto assim que, ao refazer as biografias sumárias dos Inspeto-
res, fomos obrigados a recorrer ao Diccionario Bibliographico de Sacramento Blake,
onde estão arrolados todos os intelectuais do século passado, e à Encyclopedia e
Diccionario Internacional Jackson, que contém as biografias dos nossos principais
políticos.
Ela começou, porém, modestamente. Era chefiada, nos primeiros séculos
pelos Provedores da Fazenda Real da Capitania do Rio de Janeiro, que acumulavam
os cargos de Juiz e Ouvidor da Alfândega. Um de seus primeiros dirigentes foi Antô-
nio de Mariz, celebrizado por José de Alencar, em seu romance “O Guarani”, como o
pai de Ceci. Durante um século sua chefia foi disputada pelos descendentes de Mariz
e pela família de Salvador Correia de Sá, primo de Estácio de Sá, fundador da cida-
de, famílias essas que acabaram, ao contrário de Romeu e Julieta e dos Montecchio
e dos Capuletos, por se unir através de um feliz matrimônio.
Em 1703, foi separada da Provedoria da Fazenda Real, passando a ser
dirigida por funcionários que ocupavam exclusivamente o cargo de Juiz da Alfânde-
ga. Foi incendiada pelos franceses em 1710, perecendo heroicamente em sua defe-
sa o Almoxarife da Fazenda Real Francisco Moreira da Costa. Seu sacrifício não foi
em vão; os franceses foram derrotados e Duclerc aprisionado; (morreu no carnaval
seguinte, apunhalado num “cordão” por um marido ciumento... nos bons tempos em
que os presos eram soltos no Carnaval...). Voltando a lembrar Shakespeare, Henrique
12 ALFÂNDEGA DO RIO DE JANEIRO
do Brasil, 2:29 - Mons. Pizarro e Araujo, Mem. Hist., 2:46 - Costa Porto, Nos Tempos
do Visitador, 82 - ABN, 75:19 e 27; 82:202)
SALVADOR CORREIA DE SÁ (o VELHO) - Sobrinho do governador-geral
Mem de Sá, um dos principais conquistadores do Rio de Janeiro, Salvador de Sá foi
capitão e governador da capitania de 1577 a 1598. No período de 1580 a 1585 acu-
mulou o cargo de Provedor da Fazenda Real e, conseqüentemente, o de Juiz da
Alfândega, que lhe era anexo. (FONTES:- Roberto Macedo, A Cidade do Rio de
Janeiro, 90;92- Livro do Tombo do Colégio de Jesus do Rio de Janeiro, 203 - Augusto
de Carvalho, A Capitania de São Tomé, 135 - V.Cy, O Rio de Janeiro no Século XVII,
45 - Varnhagen, Hist. Geral do Brasil, 2:20)
CONSTANTINO DE ALMEIDA - Um dos mais dedicados servidores da Fa-
zenda Real em seu tempo. Além de prestar serviços à Provedoria da Fazenda Real
do Rio de Janeiro por mais de 40 anos, ainda encontrou tempo para ser Provedor da
Fazenda Real da Capitania do Espírito Santo em 1602. No Rio de Janeiro, Constantino
exerceu o cargo de Provedor, ao qual estava anexo o de Juiz da Alfândega, em 1590,
1595, 1597, 1605, 1616, 1624, 1625 e 1636. (FONTES:- João Francisco de Sousa, in
Rev. de História, 70:501 - J.V. Serrão, O Rio de Janeiro no Século XVI, 2:153 - ABN,
58:41; 75:40, 54, 57, 72 e 88; 82:206 - RIHGB, 52:279)
CRISPIM DA CUNHA TENREIRO - “Criado de Cristóvão de Barros, com
quem veio de Portugal”, é o que informa Elysio Belchior sobre suas origens. Casou-
se, no Brasil, com D. Izabel de Mariz, filha de D. Antônio de Mariz (que seria assim,
irmã da fictícia Ceci, do romance “O Guarani”), o qual era Provedor da Fazenda Real
do Rio de Janeiro. Crispim exerceu o ofício de Feitor e Almoxarife da Fazenda Real
no Rio de Janeiro até 1588. Em 1591, exerceu o cargo de Provedor da Fazenda Real
e Juiz da Alfândega do Rio de Janeiro.
Dois anos mais tarde, foi nomeado Provedor dos Ausentes. Integrou a Câ-
mara Municipal do Rio de Janeiro em 1587 e 1618. Ainda vivia em 1627, quando já
contava 80 anos. O também Provedor da Fazenda Real Francisco da Costa Barros
foi seu genro. (FONTES:- E.O. Belchior, Conq. e Povoad. do Rio de Janeiro, 154 -
AMUL, 6:291 - J.V. Serrão, O Rio de Janeiro no Século XVI, 1:167 - Rheingantz,
Primeiras Famílias do Rio de Janeiro, 1:485)
JOÃO DE BASTO - Nomeado Provedor da Fazenda Real do Rio de Janei-
ro, por 3 anos, em 19 de março de 1593. Exerceu o cargo até 1596, quando partici-
pou do processo de medição e demarcação da Fazenda de Santa Cruz. Havia sido
escrivão da Ouvidoria em 1579 e escrivão da Câmara em 1583. Foi eleito membro da
Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 1585, 1591 e 1592. Foi sesmeiro, tendo
recebido terras no Outeiro de Jerissinonga. Já era falecido em 1603, deixando viúva
D. Maria de Oliveira; era seu genro o sargento-mor João Barbosa. Sua bisneta se
casou com Gonçalo Pedroso, Provedor da Fazenda Real da Capitania de São Vicente.
ALFÂNDEGA DO RIO DE JANEIRO 15
(FONTES:- Mello Moraes, Chronica Geral, 1:172 - J.V. Serrão, O Rio de Janeiro no
Século XVI, 2:151 - Tombo das Cartas de Sesmarias do Rio de Janeiro, XVI - ABN,
82:116, 250 e 263 - Livro do Tombo do Colégio de Jesus do Rio de Janeiro, 251 - E.O.
Belchior, Conq. e Povoad. do Rio de Janeiro, 82)
FRANCISCO DE PINA - Provedor da Fazenda Real e Juiz da Alfândega do
Rio de Janeiro, nomeado por alvará de 30 de maio de 1601. Ainda ocupava esses
cargos em 9 de maio e em 2 de agosto de 1606, quando prestou depoimento como
testemunha num processo. (FONTES:- RIHGB/AHU/SP, 1:10 - ABN, 75:52)
PEDRO PEIXOTO CASTELAM - Português de Guimarães, casado com D.
Antônia de Azevedo Lemos, filha do Alcaide-mor do Rio de Janeiro Francisco de
Lemos de Azevedo. Exerceu o cargo de Provedor da Fazenda Real e Juiz da Alfân-
dega do Rio de Janeiro, em data que não se pode precisar, mas que remonta aos
primeiros anos do século XVII . (FONTES:- Pedro Taques, Nobiliarquia, 2:286 -
Rheingantz, Primeiras Famílias do Rio de Janeiro, 2:394)
DIOGO DE MARIZ LOUREIRO - Chamado de Diogo Osório Marin por
Fellisbelo Freire, era provavelmente brasileiro (paulista ou carioca), filho de D. Antô-
nio de Mariz, Provedor da Fazenda Real e Juiz da Alfândega do Rio de Janeiro em
1568 (Diogo seria, portanto, irmão da fictícia Ceci, de “O Guarani”). Diogo de Mariz
Loureiro foi também Provedor da Fazenda Real e Juiz da Alfândega do Rio de Janei-
ro em 1606 e 1610. Usava o título de “Doutor” e foi casado com Paula Rangel de
Macedo. Faleceu antes de abril de 1624, deixando descendentes. (FONTES:-
Fellisbelo Freire, Hist. da Cidade do Rio de Janeiro, 1:79, 99 e 100 - Rheingantz,
Primeiras Famílias do Rio de Janeiro, 2:519)
DIOGO LOPES DE BULHÃO - Nomeado Provedor e Juiz da Alfândega do
Rio de Janeiro em 16 de setembro de 1609. Voltou a exercer o cargo em 13 de
dezembro de 1619. Integrou a Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 1623, como
vereador. Foi casado com D. Branca Mendes, em primeiras núpcias, e com D.
Mécia Furtada, em segundas núpcias, deixando descendentes. (FONTES:- AMUL,
6:4 - ABN, 61:229 e 75:63 - Rheingantz, Primeiras Famílias do Rio de Janeiro, 2:519)
FRANCISCO CABRAL HOMEM - Não deve ser confundido com Francisco
Cabral de Távora, também Provedor da Fazenda Real. Este foi nomeado Provedor e
Juiz da Alfândega do Rio de Janeiro em 17 de julho de 1609 e se manteve no cargo até
17 de setembro de 1613, pelo menos. Era casado com Ana da Fonseca, de quem teve
3 filhos. (FONTES:- AMUL, 6:9 - ABN, 75:62 - Livro do Tombo do Colégio de Jesus do
Rio de Janeiro, 340 - Rheingantz, Primeiras Famílias do Rio de Janeiro, 1:275).
JOÃO GOMES DA SILVA - Capitão de infantaria, governador da fortaleza
de Santo Antônio, na Bahia, e capitão da fortaleza de São João, no Rio de Janeiro, foi
Provedor da Fazenda Real e Juiz da Alfândega do Rio de Janeiro em princípios do
16 ALFÂNDEGA DO RIO DE JANEIRO
século XVII. Casou por volta de 1610 com D. Maria de Mariz, filha do também
Provedor da Fazenda Real e Juiz da Alfândega Diogo de Mariz Loureiro e de D.
Paula Rangel de Macedo. (FONTE:- Rheingantz, Primeiras Famílias do Rio de
Janeiro, 2:277)
FRANCISCO CABRAL DE TÁVORA - Português, nascido em Beja, por volta
de 1585, foi Provedor da Fazenda Real e Juiz da Alfândega do Rio de Janeiro em 1616
e 1617. Casou, possivelmente em 1615, com Maria Maldonada, filha de Miguel Aires
Maldonado, um dos famosos “sete capitães dos Campos dos Goitacazes”, de quem
teve dois filhos. Não deve ser confundido com seu antecessor quase homônimo Fran-
cisco Cabral Homem. (FONTES:- Rheingantz, Primeiras Famílias do Rio de Janeiro,
1:135 e 227 - Anais do IV Congresso de Hist. Nacional, 11:30 - ABN, 82:260)
FERNÃO VAZ RAPOSO - Nomeado Provedor da Fazenda e Juiz da Alfân-
dega do Rio de Janeiro em 1625. É possível que seja o mesmo Fernão Vieira Tavares,
que foi provedor em São Vicente, pai do célebre bandeirante Antônio Raposo Tavares.
A falta de documentos impede uma identificação segura e definitiva desse persona-
gem. (FONTE: - ABN, 61:229)
DIOGO DE SÁ DA ROCHA - Provedor e Juiz da Alfândega em 1627, era
casado com Brites Rangel e tinha as filhas Beatriz de Sá Soutomaior e Maria de Sá.
Nada mais se sabe sobre ele, mas pelos sobrenomes dele e das filhas, parece ser
membro da família baiana Rocha de Sá, aparentada com o antigo governador-geral
Mem de Sá. (FONTES:- Rheingantz, Primeiras Famílias do Rio de Janeiro, 1:198 -
ABN, 59:153)
JOÃO DE LUCENA - Nomeado Provedor da Fazenda Real e Juiz da Alfân-
dega do Rio de Janeiro, por alvará de 20 de janeiro de 1627. Nada mais se sabe
sobre ele. (FONTE:- ABN, 75:92)
JERÔNIMO DE SOUSA DE VASCONCELOS - Cavaleiro da Casa Real,
Contador da Fazenda, foi nomeado Provedor e Juiz da Alfândega do Rio de Janeiro
em 1628, em data ignorada. Seu nome é mencionado em vários documentos
fazendários redigidos nesse ano. (FONTE:- ABN, 59:35 e 37)
BENTO DA MOTA COSTA - Provedor da Fazenda Real no Rio de Janeiro
em 1629. Provavelmente era parente de Baltasar da Costa e de Francisco da Costa
Barros, pai e filho, que também foram provedores e juízes da alfândega nessa época.
(FONTE:- ABN, 59:39).
JOÃO BARBOSA CALHEIROS - Provedor e Contador da Fazenda Real, e
Juiz da Alfândega, no Rio de Janeiro, em 1629. Sua identidade é um tanto incerta.
Talvez seja o que se casou em 1655 com Izabel Cabral; mas, pode ser o mesmo
sargento-mor João Barbosa, que era genro do provedor João de Basto; era certa-
mente parente de Antônio Barbosa Calheiros, genro de Agostinho Barbalho Bezerra
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C.R. Boxer, Salvador de Sá, 151/152 - AMUL, 6:25 e 30 - DHBN, 5:43 - Alberto
Lamego, A Terra Goitacá, 52 - Taunay, Hist. Geral das Band. Paulistas, 5:195 - ABN,
58:248; 75:106 e 128; 61:81)
ANTÔNIO CAMELO - Foi Contador Geral do Brasil, cargo da Provedoria-
Mor da Fazenda Real do Brasil, repartição central da Fazenda Real, situada em Sal-
vador, na Bahia. Nesse cargo serviu entre 6 de dezembro de 1632 e 3 de janeiro de
1636, pelo menos. Em 4 de março de 1639 foi provido no cargo de Provedor da
Fazenda Real e Juiz da Alfândega do Rio de Janeiro. Foi também “Escrivão da Câ-
mara de El Rei”. (FONTE:- DHBN, 16:82/83 e 17:181).
PEDRO DE SOUSA PEREIRA (I) - Um dos mais controvertidos personagens
do Rio seiscentista. Se tivesse vivido na Florença de Maquiavel ou na Paris de Talleyrand,
estaria num ambiente mais adequado. Açoriano, nascido em 1610, parente afim de
Salvador Correia de Sá e Benevides, foi por este nomeado para o ofício de Provedor da
Fazenda Real e Juiz da Alfândega do Rio de Janeiro por volta de 1640, para o que
depuseram Domingos Correia, legítimo ocupante do cargo. É verdade que uma carta
régia, de 20 de julho de 1639, nomeava Pedro para esse ofício, mas ele deveria aguar-
dar o término do mandato do titular. Logo o irriquieto açoriano envolveu-se em vários
incidentes, nos quais matou um juiz de ófãos, fugiu para Castela e foi preso ao retornar.
Em 1644, já absolvido, alegou que exercia a provedoria há 20 anos (sic), pelo que
desejava renunciar o cargo em favor de seu filho Tomé de Sousa Corrêa. Ficou efetiva-
mente afastado do cargo por algum tempo, mas, em 1649, já reassumira o cargo. A
partir daí assumiu também as funções de Administrador Geral das Minas do Sul, com
ampla jurisdição em São Paulo e Paranaguá, para onde se deslocou. Apesar de aci-
dentado por uma queda no Caminho do Mar, que o prendeu ao leito por três meses,
estimulou o bandeirismo minerador, inclusive organizando a expedição de Álvaro
Rodrigues do Prado e transferindo a Casa de Fundição de Paranaguá para Iguape.
Nessa época foi acusado de mais um assassinato: o do mineiro espanhol D. Jaime
Comere, que teria sido jogado do alto de uma cata em Paranaguá. Foi acusado ainda
da morte do ex-provedor do Rio de Janeiro, Francisco da Costa Barros, ocorrida em
1658. Em 1661, durante a rebelião de Jerônimo de Barbalho Bezerra, foi preso pelos
rebeldes e remetido para o reino. Retornou depois, mas ao que parece, não conseguiu
voltar logo à provedoria e à alfândega, substituído que foi por Diogo Carneiro Fontoura.
Reassumiu em 1672, mas faleceu antes de 19 de novembro desse ano. (FONTES:-
CMBN, 1:128, 133, 135, 137 e 198 - Manuscritos da Casa de Cadaval, 1:36, 176 e 274
- C.R. Boxer, Salvador de Sá, 152 - AMUL, 6:28, 32, 83, 86, 130, 165; 7:15 - Taunay,
Hist. Geral das Band. Paulistas, 3:325; 5:198, 211, 220 e 223 - DHBN, 6:165; 26:90;
33:265 - Anais do IV Congr. de Hist. Nacional, 12:279 - ABN, 75:117).
ANTÔNIO DORTA - Cristão-novo, foi nomeado Provedor e Juiz da Alfân-
dega em 1648. Houve veementes protestos contra sua nomeação porque, além de
judeu, mantinha “loja aberta” e era devedor ao fisco de milhares de cruzados, dívida
ALFÂNDEGA DO RIO DE JANEIRO 19
que remontava ao tempo em que fora arrematante do Contrato dos Dízimos, de 1642
a 1647. O único dado pessoal que se conhece sobre ele é que era sobrinho e cunha-
do de Simão Luís. (FONTE:- DHBN, 4:438).
DIOGO CARNEIRO DE FONTOURA - “Moço da Guarda-Roupa de El Rei”,
foi nomeado Provedor da Fazenda Real do Rio de Janeiro em 9 de abril de 1663.
Manteve-se no cargo até 27 de junho de 1672, quando lhe foi “tirada residência” (isto
é, lhe foram tomadas as contas e sua administração foi investigada, por ter encerra-
do o seu mandato). Ganhava, em 1664, 80.000 réis anuais. Foi nomeado também
Administrador Geral das Minas do Sul. Curiosamente, no princípio deste século, o
historiador iguapense Ernesto Guilherme Young reclamava que não encontrara em
lugar algum qualquer referência sobre quem ele fosse. A última notícia que temos
dele é o alvará de licença, de 8 de abril de 1679, para “vir e ir o seu navio do Brasil
fora da frota”. (FONTES:- CMBN, 1:182 e 186 - AMUL, 6:100, 108 e 127 - DHBN,
21:343 - ABN, 75:186 e 242 - RIHG/SP, 6:405 - AMP, 20:86)
JOÃO CORREIA DE FARIA - Português de Lisboa, filho do Dr. Bernardo
Correia de Faria, foi nomeado Provedor da Fazenda Real do Rio de Janeiro em 19 de
janeiro de 1663. Aparentemente, não chegou a exercer o cargo. Em 20 de outubro de
1667 foi nomeado Capitão-Mor da Capitania de São Vicente, mas também não to-
mou posse. Segundo Carvalho Franco, era militar, veterano de muitas batalhas, nas
armadas de Rodrigo Lobo, do Marquês de Montalvão e de Salvador Correia de Sá e
Benevides. Faleceu em 14 de janeiro de 1670.( FONTES:- Carvalho Franco, in RAM,
65:87 - CMBN, 1:148 - DHBN, 33:312 - Rheingantz, Primeiras Famílias do Rio de
Janeiro, 1:389)
JOSÉ DE BARCELOS MACHADO (I) - Era casado com uma bisneta do ex-
provedor Antônio de Mariz. Assumiu a provedoria e a alfândega do Rio de Janeiro em
19 de novembro de 1672, sucedendo Pedro de Sousa Pereira, falecido nesse ano.
Foi substituído durante um ano por João Dias da Costa, mas retornou depois ao
cargo. Em 25 de abril de 1675 transferiu o ofício a Tomé de Sousa Corrêa. (FON-
TES:- DHBN, 25:157 e 26:93 - Rheingantz, Primeiras Famílias do Rio de Janeiro,
1:216 e 2:503.
JOÃO DIAS DA COSTA - Era licenciado e havia obtido, em 1668, licença
para advogar. A 9 de outubro de 1669 foi designado Tesoureiro do Donativo do Dote
para a Rainha da Grã-Bretanha. Apesar de morador do Rio de Janeiro, era proprie-
tário do ofício de Escrivão da Fazenda Real do Brasil, na Provedoria-Mor da Fazenda
Real, em Salvador. Em 25 de agosto de 1673 foi nomeado Provedor da Fazenda
Real e Juiz da Alfândega do Rio de Janeiro, cargo que exerceu durante um ano.
Pediu prorrogação ao Conselho Ultramarino, mas não a obteve, porque, logo depois,
José de Barcelos Machado voltou a exercer o ofício de Provedor. Em 1681, alegando
doença, licenciou-se do cargo de Escrivão da Fazenda Real do Brasil, sendo substi-
20 ALFÂNDEGA DO RIO DE JANEIRO
tuído por seu filho Francisco Dias do Amaral. Faleceu no ano seguinte. Um seu neto
homônimo foi nomeado para o mesmo cargo de Escrivão da Fazenda Real do Brasil
em 1713. (FONTES:- ABN, 39:117, 120 e 136 - Catálogo Genealógico de Frei Jaboatão,
2:653 e 661 - AMUL, 6:130 e 139 - DHBN, 61:85)
TOMÉ DE SOUSA CORREIA - Também chamado de Tomé de Sousa Pe-
reira, era fidalgo da Casa Real e capitão da infantaria, filho de Pedro de Sousa Perei-
ra, ex-provedor da Fazenda Real (V.Cy, errradamente, o dá como filho de Tomé Corrêa
de Alvarenga, que morreu sem geração). Tendo herdado do pai a propriedade do
ofício de Provedor e Juiz da Alfândega do Rio de Janeiro, Tomé de Sousa Corrêa
prestou, em 5 de março de 1674, em Portugal, o compromisso desse ofício. Nessa
oportunidade, obteve também sua nomeação para Administrador-Geral das Minas
do Sul. Em 1675 estava de volta ao Rio de Janeiro e assumiu o cargo, mas em 1676
teve licença para voltar ao Reino, ocasião em que surgiram acusações contra ele, de
que teria fraudado o Contrato dos Dízimos e da Pesca de Baleias.
Em 1678, teve grave atrito com Lucas do Couto, concessionário da guarda
dos navios, por ter interferido nesse serviço, mas, apesar desses percalços, seu pres-
tígio deve ter aumentado na Corte, em virtude da remessa que fez dos “quintos do
ouro” e da oferta de 50 cavalos para a expedição de socorro a Angola, assolada pela
guerra com os régulos locais. O cargo de Administrador das Minas do Sul Tomé exer-
ceu através de um procurador, o desembargador Pedro Unão de Castelo Branco. A
partir de 1680 não mais exerceu o cargo de Provedor e Juiz da Alfândega, que confiou
a seu irmão Pedro de Sousa Pereira (II), como seu preposto e serventuário. Aliás,
nesse ano, além da “residência” de praxe, foi instalada devassa contra ele, que foi
afastado do cargo, substituído por José Pereira Sarmento e pelo desembargador João
da Rocha Pita. Inocentado das acusações, escreveu, em 1684, à corte portuguesa,
pedindo licença para arrendar o ofício. Carvalho Franco informa que ele foi também
Contador dos Contos, Conservador da Junta do Comércio, ouvidor e Governador inte-
rino do Rio de Janeiro, Vedor da Fazenda Real na Índia e Governador de Moçambique.
Faleceu antes de 24 de janeiro de 1696 e fora casado com D. Cecília Gregória de
Benavides Mendonça Torres e Portugal, deixando descendentes. (FONTES:- Carvalho
Franco, Hist. das Minas de S.Paulo, 130 - ABN, 39:130/167 e 75:238 - Manuscritos da
Casa de Cadaval, 1:242 e 440 - AMP, 20:86 - AMUL, 6:131,135, 141, 146, 156, 167 e
230 - V. Cy, O Rio de Janeiro no Século XVII, 186 - PAN, 1:49)
JOÃO DA ROCHA PITA - Desembargador, foi nomeado Provedor da Fa-
zenda Real do Rio de Janeiro em 5 de outubro de 1680. Ao que parece, é o mesmo
mencionado por Pedro Calmon nas notas ao Catálogo Genealógico de Jaboatão,
1:111. Se assim for, era pernambucano, nascido em 1636, “fez a leitura de bacharel
em 1666”, e empossou-se como desembargador no Tribunal da Relação da Bahia
em 1678, onde foi corregedor e chanceler. Faleceu em 1702. (FONTES:- Catálogo
Genealógico de Frei Jaboatão, 1:111 - DHBN, 27:323)
ALFÂNDEGA DO RIO DE JANEIRO 21
Juízes da Alfândega
O edifício foi reconstruído, e Manuel Correia Vasques permaneceu no cargo. Ele foi
também Alcaide Mor do Rio de Janeiro em 1730, ofício que pertencia ao seu parente,
o Visconde de Asseca. Em 1739, aos 64 anos, renunciou ao ofícios de Juiz e Ouvidor
da Alfândega, em favor de seu sucessor João Martins de Brito, mas esse ato só se
efetivou por decreto de 12 de junho de 1743. Deixou sucessão ilegítima. (FONTES:-
6:345 e 468; 7:51, 351 e 530 - Rheingantz, Primeiras Famílias do Rio de Janeiro,
1:375 - Rio Branco, Efemérides Brasileira, 433 - ABN, 46:443).
JOÃO MARTINS DE BRITO - Nascido em 1683, Juiz e Ouvidor da Alfân-
dega, exerceu esses ofícios até 1754, pelo menos. Em 1750 houve recurso contra
uma decisão sua, a de seqüestrar os bens do falecido tesoureiro da alfândega Pedro
Vital de Mesquita, impetrado pela viúva deste. João Martins de Brito deixou pelo
menos três filhos: Antônio, que o sucedeu na Alfândega, Joaquim e o Dr. André
Martins de Brito, que foi escrivão da Câmara do Rio de Janeiro. (FONTES:- AMUL,
8:31, 120, 208 e 289 - ABN, 46:443 e 50:257 e 365)
DAMASO F. CAMPOS - Substituiu interinamente a Antônio Martins de Brito,
como Juiz da Alfândega, em 1758. Havia arrematado os ofícios de Juiz e de Escri-
vão da Balança da Alfândega. (FONTE:- PAN, 8:285)
ANTÔNIO MARTINS DE BRITO - Filho do seu antecessor, esteve no exercí-
cios dos ofícios de Juiz e Ouvidor da Alfândega do Rio de Janeiro de 1755 a 1777, pelo
menos. Já em 1747 era o substituto legal desses cargos. Por volta de 1780, envolvido
em irregularidades, foi privado da propriedade do cargo e “substituído por magistrados
da Relação, até entrar em propriedade vitalícia o desembargador José Antônio Freire”.
Fellisbelo Freire o chama, erradamente, de Antônio Máximo de Brito. (FONTES:- AMUL,
8:358 - ABN, 50:471 e 71:46 - Felisbello Freire, Hist. da Cidade do Rio de Janeiro,
2:825/826 - Mons. Pizarro e Araujo, Mem. Hist. do Rio de Janeiro, 7:145)
JOSÉ ANTÔNIO DA VEIGA - Desembargador do Tribunal da Relação do
Rio de Janeiro, era Juiz e Ouvidor da Alfândega no começo de 1792. Em 20 de junho
desse ano, o Vice-Rei escrevia à Corte, avisando que o Desembargador se recolhia
ao Reino e mencionando os serviços que prestara, no Tribunal e na Aduana. (FON-
TES:- Ofícios dos Vice-Reis, 157 - ABN, 59:266)
JOSÉ ANTÔNIO RIBEIRO FREIRE - Juiz e Ouvidor da Alfândega, exerceu
esses ofícios de 1801 a 1813, pelo menos. Era desembargador também. Foi nomea-
do em “remuneração de serviço de auditor dos regimentos enviados no ano de 1793,
por parte de Portugal, a Roussillon, em auxílio da Coroa da Espanha”. Ou seja, par-
ticipou da malograda invasão da França, durante a Revolução, por exércitos luso-
hispânicos. Na Biblioteca Nacional existe um manuscrito de sua lavra, “Mapa dos
Officiaes e mais pessoas empregadas na Administraçam da Alfandega desta Cida-
de...”, datado de 16 de setembro de 1801. (FONTE:- ABN, 104:3/4 e 15 - CEHB,
1:560 - Mons. Pizarro e Araujo, Mem. Hist. do Rio de Janeiro, 7:145)
24 ALFÂNDEGA DO RIO DE JANEIRO
Inspetores da Alfândega
turário da Tesouraria do Rio Grande do Sul, quando foi nomeado escrivão da Pagadoria
da cidade do Rio Grande. Estava no exercício do cargo de Inspetor da Alfândega do
Rio de Janeiro em Novembro de 1913. (FONTE:- Diário Oficial da União)
JOÃO FRANCISCO DE PAULA E SILVA - Esteve em exercício de 1915,
pelo menos, até 13 de setembro de 1917. (FONTE:- Diário Oficial da União)
LUIZ VOSSIO BRIGIDO - Nomeado Inspetor da Alfândega em 13 de setem-
bro de 1917, permaneceu no cargo até10 de janeiro de 1918, quando passou a Dire-
tor da Recebedoria do Rio de Janeiro. (FONTE:- Diário Oficial da União)
JOÃO LINDOLPHO CÂMARA - Nomeado Inspetor em 14 de novembro de
1918, permaneceu no cargo até 6 de agosto de 1919. (FONTE:- Diário Oficial da
União)
JOÃO FRANCISCO DE PAULA E SILVA - Nomeado pela terceira vez, em
14 de novembro de 1919, permaneceu até 29 de março de 1921. (FONTE:- Diário
Oficial da União)
JÚLIO SYLVIO DE MIRANDA - Conferente da Alfândega do Rio de Janei-
ro, foi nomeado para o cargo de Inspetor em 29 de março de 1921. Ainda exercia o
cargo em novembro de 1922. Havia começado a carreira como 4o escriturário da
Alfândega de Pernambuco, em 1906. (FONTE:- D.O.U. de 1/4/1921)
JOÃO DUARTE LISBOA SERRA - Foi Inspetor de dezembro de 1924 a
dezembro de 1925, pelo menos. Também foi Inspetor da Alfândega de Santos. (FON-
TE:- Diário Oficial da União)
JOÃO PINTO DE SOUZA VARGES - Estava no exercício do cargo em maio
de 1927. (FONTE:- Diário Oficial da União)
JOÃO LINDOLPHO CÂMARA - Inspetor dispensado em 25 de dezembro
de 1930. Em 17 de janeiro do ano seguinte já integrava a Comissão de Tarifas da
Alfândega do Rio de Janeiro. Já ocupara o cargo de Inspetor da Alfândega em agos-
to de 1906. (FONTE:- Diário Oficial da União)
FRANCISCO CASTELLO BRANCO NUNES - Nomeado Inspetor da Alfân-
dega do Rio de Janeiro em 25 de dezembro de 1930, ficou no cargo até 1932. Havia
sido antes Contador da Delegacia Fiscal do Acre, em 1913, e Inspetor das Alfânde-
gas da Bahia, em 1923, e de Santos, de 1924 a 1925. Em 1934 era Diretor da
Recebedoria do Distrito Federal. (FONTE:- Diário Oficial da União)
JOSÉ DOS SANTOS LEAL - Um dos que ficou maior tempo no posto de
Inspetor da Alfândega carioca. Nomeado em 6 de julho de 1932, nele permaneceu
até 1937. Havia sido Inspetor das Alfândegas de Porto Alegre, em 1928, de Manaus,
ALFÂNDEGA DO RIO DE JANEIRO 31
Inspetores da Alfândega
BIBLIOGRAFIA