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CURSO DE FILOSOFIA
PROJETO DE PESQUISA
TÍTULO:
A Divisão dos Poderes como condição para a liberdade política segundo a obra
O Espírito das Leis de Montesquieu
ÁREA DE CONHECIMENTO SUB-ÁREA DE CONHECIMENTO
A presente pesquisa visa abordar o tema: A divisão dos poderes como condição para
a liberdade política segundo Montesquieu. Partindo do fundamento de que a
descentralização do poder atua como uma condição necessária para liberdade política,
abordar-se-á a teoria política de Montesquieu, que estuda as relações existentes entre
as leis, os tipos de governo, e como estes interagem oportunizando assim a liberdade
política. Ademais, esta divisão dos poderes que o autor faz é, na verdade, uma forma
de descentralizar o poder do Estado da mão de um só governante, e reparti-lo entre os
ministros escolhidos pelo povo. O pensador apresenta assim duas novas formas de
proceder na administração do Estado. Estas podem ser tanto moderadas, como não
moderados, também conhecidos como absolutistas. A partir desta consideração, o
autor sugere três formas de governo: a República, a Aristocracia e o Governo
Despótico. Como conseqüência da participação do povo nas decisões do Estado,
passa-se a ter uma maior liberdade para com este. Liberdade esta que só é alcançada
e assegurada pelas leis do governo moderado. Buscar-se-á com esta pesquisa
responder aos seguintes questionamentos: Os conceitos sobre as formas de governo
elaborados por Montesquieu se tornaram conceitos da ciência política moderna?
Como surgiu a teoria dos três poderes? Como esta se relaciona com as leis,
contribuindo para uma maior liberdade política? Será uma pesquisa de cunho
explorativo-bibliográfico, onde os conceitos divisão dos poderes, liberdade política e de
leis serão analisados na obra O Espírito das Leis, de Montesquieu, além de
comentadores desse autor.
PALAVRAS - CHAVE:
OBJETO DA PESQUISA:
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1. Demonstrar a divisão dos poderes feita por Montesquieu.
2. Identificar a importância do papel das leis para no andamento de um
governo.
3. Compreender como as leis servem de artifícios para a construção da
liberdade política, no pensamento de Montesquieu.
INTRODUÇÃO
A evolução das civilizações mostra o quanto é necessário que em seu meio
exista um líder para coordenar o vasto pensamento no ideal de bem comum. A
princípio, nas pequenas aldeias, era melhor que apenas um governasse e fosse
incumbido de toda administração e poder. Porém, com o passar dos séculos as
pequenas aldeias se tornaram grandes civilizações, as sociedades tiveram que
passar por uma gritante reforma na forma de governar.
Montesquieu (filósofo iluminista) em sua obra O Espírito das Leis traz
conceitos e definições sobre as formas de governo e aos exercícios do uso da
autoridade e do poder que se tornaram modelo para a sociedade moderna. Nesta
obra, a qual ele levou mais de vinte anos para terminar, traz claramente o quão
melhor caminharia um Estado se fosse detentor da participação publica em suas
decisões. Lembro que a obra foi escrita com base em dados que ele mesmo colheu
em suas viagens por uma Europa que, até então, possuía somente reis absolutistas
à frente das decisões do governo.
Inspirador de constituições como a do Brasil, Montesquieu tem um
pensamento voltado para uma tripartição dos poderes, como forma melhorar a
participação do povo nas decisões de um governo. E, é justamente essa partição
dos governos que iria influenciar, futuramente, a elaboração de constituições por
todo o período moderno.
Em sua obra O Espírito das Leis, ele apresentou três espécies de governo:
republicano, monárquico e despótico, defendidos por uma referencia e a dois
conceitos base: natureza e princípio, onde a natureza era aquilo que representava o
ser tal como ele é e o princípio era aquilo que o fazia agir. Desse modo, amparados
por esses pressupostos, ele diz que na república, tudo deve convergir para um bem
comum, tendo como princípio a virtude. Já na monarquia, o poder pertence a um só
governante e, este, guia a nação sob o princípio da honra. E no governo despótico, o
governo também pertence a somente um governante, mas que não está sujeito à
ação das leis, uma vez que este governo tem a forte característica de empregar o
medo como forma de dominação.
Para uma nação que busca realmente a liberdade, esta necessita que, em
sua maneira de governar, permita que o regime seja moderado (republicano ou
monárquico) e à luz deste, como também da constituição, possam, por meio e
emprego das leis, assegurar que o povo tenha participação nas decisões do
governo, principalmente, no que tange a questões essenciais do cotidiano.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4
Ibid., loc. Cit..
5
Ibid., p. 31.
6
Ibid., p. 43.
7
Cf. Ibid., p. 43.
Pode ela inspirar as mais belas ações; pode ser ligada à força das
leis, levar o governo aos seus objetivos como a própria virtude.8
Porém esta honra não surte o mesmo efeito que a virtude, pois se desejar
encontrar um bom cidadão, dificilmente este será encontrado, porque para que o
seja, é fundamental que, primeiro, este cidadão queira sê-lo.
E, diferente das formas de governo até agora expostas, o governo despótico
não necessita de nenhum dos componentes citados anteriormente, mas somente do
Medo9: “Tal como a virtude é necessária numa republica e a honra numa monarquia,
o Medo é necessário num governo despótico; nesse governo a virtude é totalmente
desnecessária e a honra perigosa”.10 Isto porque o governo está regido por um único
príncipe e este ao concentrar todo o poder em suas mãos, não com o amparo das
leis ou dos costumes de um povo, mas conforme seus desejos: “onde um só
governe segundo suas vontades e seus caprichos”.11
Seguindo as suas vontades, o poder lhe sobe a cabeça de forma que, sua
maneira de governar torna-se tão autoritária, que a única maneira de assegurá-lo no
poder é através do medo e da violência. Diferentemente do que nos governos
moderados onde o amor à virtude e o amor à pátria é o que mantém o governante,
por si mesmo, no poder. Quem fala bem disso é Maquiavel em sua obra O Príncipe:
“um príncipe sábio, amando os homens como a eles agrada e sendo por eles temido
como deseja, deve apoiar-se naquilo que é seu, e não naquilo que é dos outros;
deve apenas empenhar-se em fugir ao ódio, como já foi dito”.12
Montesquieu deixa, portanto, nas entrelinhas de sua obra O Espírito das
Leis, que a distinção entre um governo moderado e não moderado. O governo
moderado seria aquele composto pela república e pela monarquia, juntamente com
suas definições. Já o não moderado, é o governo absolutista, tendo como sua
principal raiz o despotismo.
A partir desse ponto, notamos que, onde só vigora o medo, em que o povo
vive constantemente temeroso e inseguro, o direito dos cidadãos contribuírem com
os vários assuntos de um governo é inexistente. As decisões são tomadas por um
único regente e este encontra-se acima de qualquer lei e seu efeito é inofensivo
8
Cf. Ibid., p. 44.
9
Grifo do autor.
10
Ibid., p. 45.
11
Ibid., p.41.
12
MAQUIAVEL. O Príncipe. Tradução Roberto Grassi. 4.ed. Rio de Janeiro: Difel, 2006. p. 135
sobre o mesmo. Podendo usar desse poder sem nenhuma restrição, o príncipe
acaba por fechar-se no seu palácio, a ponto de voltar-se tanto para si mesmo, que
se torna impotente para dar conta da administração dos negócios e do território a ele
confiados.
Mas, dessa maneira, não há possibilidades de haver participação política do
povo no governo. A liberdade não existe ali. A liberdade, por sua vez, só é possível
pelo uso das leis e da moderação do governo.
Montesquieu classifica as leis como sendo da seguinte forma: “As leis, no
seu sentido mais amplo, são relações que derivam da natureza das coisas”.13. Ora,
desse modo, “existe, portanto uma razão primeira, e as leis são as relações que se
encontram entre ela e os diferentes seres, e as relações entre os diversos seres
entre si.”14
A sociedade que possui um líder, um governante, mas que não delimita o
seu poder, está destinada a ruína. O ideal é, então, que o “próprio poder detenha o
poder”15, não pelo uso de um conjunto de leis arbitrárias, mas por um que seja fixa e
claramente estabelecido a cada nação. A este conjunto de leis, regras, normas,
direitos e deveres, intitulam-se o nome de constituição.
É nesta constituição que está delimitada a área e o poder dado a cada uma
das espécies básicas de um governo: O poder legislativo, no qual “o príncipe (ou o
regente) faz as leis por um certo tempo, e para sempre ab-roga as que são feitas”16;
O poder Executivo, no qual se “faz a paz ou a guerra, envia ou recebe embaixadas,
estabelece a segurança e previne as invasões”17; e o poder Judiciário que “pune os
crimes ou julga as querelas dos indivíduos.”18
Montesquieu tem, ao elaborar a teoria dos poderes, não o intuito de suprimir
qualquer desacordo, mas busca estabelecer uma relação para que cada forma de
poder delimite-se somente no que tange à sua função:
13
MONTESQUIEU, 1979, p. 25.
14
MONTESQUIEU, loc. Cit..
15
Ibid., p.148.
16
Ibid., p. 148 e 149.
17
Ibid., p.149.
18
MONTESQUIEU, loc. Cit..
vistas a suprimir qualquer desacordo entre os diversos poderes mas,
ao contrário, com vistas a fazê-los melhor competir entre eles, a fim
de que nenhum ser eleve a cima dos outros e reduza-os a nada.19
METODOLOGIA
19
QUIRINO, Célia Galvão; SOUSA, Maria Tereza Sadek R. de (org). O Pensamento Político
Clássico: Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau. São Paulo: T. A. Queiroz, 1980. p.
242.
20
MONTESQUIEU, 1979, p. 148.
21
Cf. Ibid., loc.Cit.
22
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução Alfredo Bossi. 5. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2007. p. 567.
poderes feita por Montesquieu. O segundo capítulo visa identificar a importância do
papel das leis para no andamento de um governo. E, por fim, no terceiro capítulo,
buscar-se-á compreender como as leis servem de artifícios para a construção da
liberdade política no pensamento do autor.
A presente pesquisa não visa abordar todo o pensamento do autor sobre a
liberdade política. Apenas a sua tese segundo a qual se apóia na divisão dos
poderes nacionais.
CRONOGRAMA:
Set/10
Jul/10
Ago/10
Out/10
Nov/10
Maio/10
Mar/10
Jun/10
Fev/10
Abr/10
Etapas da pesquisa
Revisão da Literatura X X X X
Análise e descrição
X X X X X
dos dados
Entrega do projeto de
X
pesquisa
Conclusão X
Formatação final do
X
trabalho
Entrega da
X
monografia
Banca de defesa X
ORÇAMENTO:
REFERÊNCIAS:
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução Alfredo Bossi. 5. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2007.