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AD1 – Estágio II – Geografia – Niterói

Daniel Moura de Paula – 18112140162 – 2021.1

RESENHA CRÍTICA
O presente trabalho visa construir uma resenha crítica acerca de duas obras: um
artigo periódico e uma palestra virtual realizada por meio de uma transmissão ao vivo –
live em uma rede social na internet. O artigo tem como título “A Educação a Distância e
a Formação On-Line: O Cenário das Pesquisas, Metodologias e Tendências” e foi escrito
por Katia Morosov Alonso e Danilo Garcia da Silva, ambos doutores em educação da
Universidade Federal de Mato Grosso. O artigo fora publicado na Revista Periódica
Educação & Sociedade da Unicamp, vol. 39, no ano de 2018. Já a live é intitulada “Temas
emergentes da Sala de Aula Online: Avaliação da aprendizagem”. O evento se deu com
uma palestra da doutora Edméa Santos (UFRRJ) e apresentado pela professora Maria
Carolina Souza, também mediado por Denise Guerra e Giovana Zen, além da participação
de dois intérpretes de libras: Aline e Uille. A transmissão ao vivo fora idealizada pela
Universidade Federal da Bahia (UFBA) através do canal TV UFBA, no YouTube.
Tanto o artigo quanto a live versaram sobre educação no sistema online
englobando o sistema de avaliação, educação a distância e suas características. Mas cada
um observou de forma prioritária sobre uma determinada área. Enquanto o artigo tentou
reunir informações contidas em pesquisas sobre EAD ao longo dos anos, a live procurou
observar como são feitas as avaliações da aprendizagem. Mais adiante será possível
conhecer melhor a estrutura de cada material, as opiniões e cosmovisões exemplificadas
e uma análise crítica acerca destes materiais.
O artigo fora dividido da seguinte forma: Título, apresentação dos autores, resumo
escrito em três idiomas (português, inglês e francês), introdução da obra e tópicos. A
introdução da obra sob o título “A constituição de cenários” abordou sobre a
comemoração dos 40 anos da Revista Educação & Sociedade e sobre o tema central do
artigo. Ali, os autores procuravam evidenciar para o leitor que houve muitas publicações
relacionadas a Educação a Distância, Ambiente Virtual de Avaliação, entre outros. Os
autores fazem uma pesquisa extensa em materiais nacionais e internacionais sobre o
quanto já foi publicado sobre esses temas e quais são as palavras-chave mais utilizadas.
Após esta introdução, o leitor é conduzido para cinco tópicos respectivamente
relacionados por meio de seus títulos abaixo:
1. O corpus da pesquisa: a base em que se constituíram os cenários
2. Educação a distância, ambientes virtuais de aprendizagem, formação on-line
e redes sociais: um campo de pesquisa em construção ou sobre fragmentação
e experimentações
3. As metodologias de pesquisa na cibercultura e a transposição do tradicional
para um novo pouco conhecido: problematizações sobre o virtual
4. Metodologias em constituição: a etnografia virtual/netnografia, a pesquisa
formação e a perspectiva de intersecção de diferentes campos do
conhecimento na/sobre a compreensão da formação on-line
5. Presencial, não presencial, a distância ou on-line? Nem um, nem outro... Ou
sobre a hibridização

O artigo foi escrito em 16 páginas, sendo que a parte teórica em quinze páginas e a
bibliografia na décima sexta. Já para a localização na revista periódica, o artigo inicia na
página 499 e finaliza na página 514.
A live realizada pela UFBA durou cerca de duas horas, para ser mais exato:
1h48min22s. O evento começa com a professora Maria Carolina fazendo a apresentação
da doutora e professora titular livre da UFRRJ Edméa Santos e saudando os mais
presentes. Logo após, Edméa pega a palavra dando início a sua palestra sob o mesmo
título do evento. A apresentação foi feita em um documento salvo em pdf com imagens e
texto. No decorrer da palestra, a professora Edméa faz uma breve introdução sobre o que
ela falaria naquela transmissão e percorre por subtemas que estarão descritos
respectivamente abaixo:
1. Construir o conhecimento ou avaliar a aprendizagem?
2. Avaliação da aprendizagem online.
3. Avaliação formativa e seus desdobramentos online.
4. O que é dispositivo?
5. Como avaliar na educação online?
6. O que é AVA?
7. Sobre rubricas

Apesar da expressiva participação do público, por meio de um chat utilizado na hora do


evento, não houve tempo para responder as perguntas e comentários que eram feitos. Ao
final da palestra as professores Denise Guerra e Giovana Zen fizeram comentários e
perguntas de forma breve e suscinta, complementando a maravilhosa palestra de Edméa
Santos, a qual respondeu e atendeu as expectativas tanto das mediadoras, quanto do
público conectado que teceu inúmeros elogios a performance da palestrante.

Alonso e Silva (2018) buscaram em materiais nacionais e internacionais a


pesquisa sobre temas relacionados a educação online, ambientes virtuais de avaliação,
redes sociais, formação online e suas características e experimentações de forma geral.
Aqui se fez uma sistematização de dados que Romanowski e Ens (2006) denominam
como Estado da Arte. Alonso e Silva (2018) apoiaram-se em pesquisas de Zawacki-
Richter (2009), Zawacki-Richter, Bäcker e Vogt (2009), Barreto (2006), Araújo (2008) e
Moraes (2016). A maioria das teses, artigos e dissertações foram realizados de forma
empírica. De acordo com as pesquisas dos referidos autores acima, foi pontuado que na
década de 90, a publicação de materiais com conteúdos que abordavam a educação online
(e-learning) soava como algo visionário e distante de alcançar. Os autores do artigo
pesquisaram arquivos de 1996 até 2018. Avançando um pouco mais sobre a pesquisa, os
doutores da UFMT miram no estado de conhecimento, que segundo Romanowski e Ens
(2006), se limita ao estudo de apenas um setor das publicações em periódicos da área, ou
seja, estudar resumos, dissertações e teses sem a sistematização destes dados. Alonso e
Silva (2018) pontuaram que a formação online advém de uma cibercultura. O indivíduo
se conecta com elementos online no seu dia a dia. O ambiente online é naturalizado e não
se limita apenas ao que acontece nas redes, mas faz parte do ambiente offline. A
cibercultura é a cultura contemporânea estruturada pelas tecnologias digitais. Não é uma
utopia, é o presente; vivemos a cibercultura, seja como autores e atores incluídos no
acesso e uso criativo das tecnologias de informação e comunicação (TICs), seja como
excluídos digitais (SANTOS, 2009). Apesar dos pontos positivos e de vivermos numa
cibercultura ou num ambiente cultural digital, a EaD despersonaliza o ensino,
massificando-o a partir de um conteúdo programático prévio e de uma metodologia
prévia. (FILHO; ANTUNES; COUTO, 2020). Não se deve aproveitar a tecnologia para
fazer dela a responsável pela educação.

O uso da tecnologia na educação é incorporado por muitas vezes com um efeito


mistificador que inverte a sua relação com o educando, inserindo-a como o
próprio educador. É como se a plataforma virtual em si, o material didático
(supostamente personalizado), o canal de chat, o e-mail, as várias
videoconferências ou lives que agora proliferam de forma abundante, a internet
como um todo, por si só tivessem mesmo a capacidade de ensinar algo ou de
educar, no sentido mais amplo e complexo que este termo carrega (FILHO;
ANTUNES; COUTO, 2020, p. 10).
A busca pela tecnologia evidenciada no artigo de Alonso e Silva chegou até
tempos atuais, onde esta tecnologia foi imposta na educação devido a pandemia do novo
coronavírus. Ao pensar nesta imposição cria-se um novo debate: toda a educação deveria
estar inserida e imergida no ambiente online? Haveria uma ponderação? Há possiblidade
de um ambiente híbrido? Até que ponto a tecnologia pode continuar sendo parceira da
educação? A preocupação de alguns educadores, como aponta Filho, Antunes e Couto
(2020), é esse sequestro da educação pela tecnologia transformando o ensino
aprendizagem em algo desumano, sendo que as máquinas e os softwares foram criados
por humanos.
A live da UFBA parece tirar esse peso e traz leveza ao assunto, pois permite
enxergar que a tecnologia não é um fim em si mesmo e que fora da educação já existe
essa relação híbrida e intrínseca do ambiente online e offline através da cibercultura. A
professora Edméa Santos parece tranquilizar os tecnofóbicos e tecnofílicos. O ambiente
virtual é parceiro da avaliação humanizada. Pois não se pode existir educação online sem
existir aluno e professor. Sempre há alguém avaliando, ensinando. Por trás de fóruns,
sistemas wiki e blogs há uma pessoa ensinando, escrevendo. Esta troca sempre haverá. A
tecnologia, de acordo com Edméa Santos, permite uma colaboração. De acordo com suas
palavras, o contexto pandêmico permitiu que a sala de aula online fizesse parte do nosso
cotidiano enaltecendo aulas mais colaborativas e multimodais. Ela cita também sobre
interfaces de comunicação: assíncronos (fóruns, wiki, blog...) e síncronos (bate papos,
web conferências...) dizendo que a educação online é a combinação do síncrono com
assíncrono. E a avaliação na educação deve ser feita pelos rastros deixados pelo aluno e
não sobre o aluno como um todo. A avaliação só é possível após o ensino aprendizagem
e como o aluno vai mostrar que entendeu determinado assunto. A chegada da tecnologia
na educação apequenou aquela avaliação baseada numa prova, por exemplo. É um recorte
muito pequeno para dizer se um aluno entendeu ou não o que foi ensinado.
O artigo de Alonso e Silva (2018) é mal distribuído, a leitura se torna monótona e
cansativa e muitas vezes os assuntos são repetitivos e a sensação que dá é que o assunto
não tem uma conclusão. Apesar de expor a variedade de pesquisas, o melhor do artigo
está no seu final, quando aborda a polarização s entre EaD, formação on-line, e-learning,
presencial, não presencial. Não recomendo essa obra. Agora, a palestra online da doutora
Edméa Santos, é altamente recomendável, apesar de ter um tempo considerado longo para
ambiente online (quase 2h), o assunto é tão atual e pertinente que não se vê o tempo
passar. Eu preferi assisti o evento ativando o modo de acelerar vídeos no YouTube. O
brilho nos olhos da professora, a maneira que ela conduz cada assunto com exemplos do
cotidiano faz com que nos apaixonemos pelo assunto e ainda continuar lendo seus artigos
e livros.

REFERÊNCIAS:

ROMANOWSKI, J.P.; ENS, R.T. As pesquisas denominadas do tipo “estado da arte” em


educação. Diálogo Educacional, Curitiba, v. 6, 2006. Disponível em:
<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=189116275004>. Acesso em: 14 mar. 2020.

ALONSO, Katia Morosov; SILVA, Danilo Garcia da. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


E A FORMAÇÃO ON-LINE: O CENÁRIO DAS PESQUISAS, METODOLOGIAS E
TENDÊNCIAS. Educ. Soc., Campinas, v. 39, n. 143, p. 499-514, jun. 2018. Disponível
em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
73302018000200499&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 27 mar. 2021.

FILHO, Astrogildo Luiz da França; ANTUNES, Charlles da França; COUTO, Marcos


Antonio Campos. ALGUNS APONTAMENTOS PARA UMA CRÍTICA DA EaD NA
EDUCAÇÃO BRASILEIRA EM TEMPOS DE PANDEMIA. Revista Tamoios, [S.l.], v.
16, n. 1, maio 2020. ISSN 1980-4490. Disponível em: <https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/tamoios/article/view/50535>. Acesso em: 27 mar. 2021.

SANTOS, Edmea. EDUCAÇÃO ONLINE PARA ALÉM DA EAD: UM FENÔMENO


DA CIBERCULTURA. Actas do X Congresso Internacional Galego-Português de
Psicopedagogia. 2009. ISBN- 978-972-8746-71-1. Disponível em: <
https://www.educacion.udc.es/grupos/gipdae/documentos/congreso/xcongreso/pdfs/t12/
t12c427.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2021.

TEMAS emergentes da Sala de Aula Online: Avaliação da aprendizagem. TV UFBA, 07


ago. 2020. 1 vídeo (1h48min). [Live]. Disponível em: https://youtu.be/pvQ4U_VILGU
Acesso em: 27 mar. 2021. Participação de Edméa Santos, Denise Guerra e Giovana Zen
e Maria Carolina Souza.

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