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MATERIAIS DE PROTEÇÃO

DO COMPLEXO
DENTINOPULPAR
Prof. Sérgio Barbosa
Introdução
■ Há uma série de fatores responsáveis pelos efeitos
adversos à polpa como:

■ Processo carioso
■ Preparo cavitário
■ Selamento da cavidade
■ Composição do material usado
■ Profundidade da cavidade, dentre outros
Requisitos dos Agentes de Proteção
Pulpar
■ Segundo Mondelli (1998), os requisitos são:

– Ser bom isolante térmico e elétrico

– Ter propriedades bactericidas e/ou bacteriostáticas

– Apresentar adesão às estruturas dentais

– Favorecer a formação de dentina terciária


Requisitos dos Agentes de Proteção
Pulpar

– Estimular a recuperação das funções biológicas da polpa,


favorecendo a formação de barreira mineralizada

– Ser inócuo à polpa

– Ser biologicamente compatível com o complexo dentinopulpar


Requisitos dos Agentes de Proteção
Pulpar
– Apresentar resistência mecânica suficiente aos esforços de
condensação de materiais
– Inibir a penetração de íons metálicos no dente, evitando
manchamento
– Evitar ou diminuir a infiltração bacteriana
– Ser insolúvel no ambiente bucal
Agentes de Proteção Pulpar

A indicação do material protetor deve ser baseada:

■ Profundidade da cavidade
■ Características pulpares
■ Material restaurador a ser utilizado
Classificação dos Materiais de
Proteção Pulpar
Podem ser classificados em:

■ Materiais de selamento
■ Materiais de forramento
■ Materiais para base cavitária

* Classificação baseada na espessura da camada e


viscosidade dos materiais.
Agentes para selamento
■ Apresentados como líquidos
■ Formam película protetora extremamente fina (1-50µm)
■ Revestem a estrutura dentária cortada ou desgastada
durante o preparo cavitário
■ Promove vedamento dos túbulos dentinários e micro
espaços presentes entre material restaurador e paredes
internas do preparo.
Agentes para selamento
Agentes para selamento
■ São capazes de diminuir a penetração de íons metálicos
no dente.
■ Proteção contra choques termoelétricos ruim. Pouca
espessura.
■ Pode ser usado em cavidades de qualquer espessura,
dependendo do material restaurador que será usado.
Agentes para selamento
■Vernizes cavitários
Agentes para selamento
■Sistemas adesivos
Agentes para forramento
■ São, em geral, apresentados em pó e líquido ou pasta-
pasta, que após manipulados, são inseridos na cavidade.
■ Usados como uma película fina (0,2 a 1mm)
■ Função de proteger a polpa de agressões e estimular a
formação de barreira de dentina.
■ Uso restrito a cavidades profundas, devido a baixas
propriedades mecânicas.
Agentes para forramento
■ Devem ter propriedades biológicas que favoreçam a
cicatrização da polpa
■ Devem ter capacidade antibacteriana.
■ Idealmente tem sido usado o Hidróxido de Cálcio em
suas diversas formulações.
■ Agregado Trióxido Mineral (MTA) também tem sido usado.
■ Oxido de Zinco e eugenol tipo IV de maneira mais limitada.
Agentes para forramento
Agentes para base
■ Utilizados como película mais espessa (>1mm)

■ Protege o material de forramento (por aquele possuir


baixas propriedades mecânicas)

■ Reconstrói parte da dentina perdida

■ Diminui o volume de material restaurador


Agentes para base
■ Faz adequação de preparo cavitário

■ São mais efetivos contra estímulos temoelétricos

■ São usados em espessura que promova isolamento térmico,


sem, contudo, diminuir a resistência do material restaurador
definitivo.

■ Usados em cavidade com média ou grande profundidade


Agentes para base
São exemplos desta categoria:

■ Cimento de policarboxilato de zinco

■ Cimento de ionômero de vidro

■ Cimento de óxido de zinco e eugenol

■ Cimento de fosfato de zinco

dentre outros...
Associação de materiais de proteção

■ Profundidade da cavidade (dentina remanescente)

■ Exposição pulpar
Associação de materiais de proteção
Dentina remanescente (mm) Associação de materiais
< 0,5 Forrador + base + selador
0,5 – 1,5 Base + selador
> 1,5 Selador

Função do material Espessura formada Função


• Selar a embocadura dos túbulos dentinários para reduzir a
Selamento 1 – 50 µm sensibilidade
• Penetração de fluidos e metabólitos bacterianos

• Estimular formação de ponte de dentina


200 – 1000 µm
Forramento • Proteger a região mais profunda da dentina contra a penetração de
(0,2 – 1 mm)
subprodutos dos materiais restauradores ou provisórios

• Proteger o material de forramento


> 1000 µm • Reduzir espessura do material restaurador final
Base
(>1 mm) • Proteger contra estímulos termoelétricos
• Utilizar sob esmalte sem suporte de dentina
AGENTES DE
SELAMENTO
Vernizes Cavitários

■ Muito utilizado em associação com o amálgama

■ Baixa contração de presa

■ Contra indicado uso sob resina composta pois não possuem adesão
à estrutura dental e inibem a polimerização da resina

■ Há dois tipos: convencional e modificado (sem diferenças em suas


propriedades
Vernizes Cavitários

■ Disponíveis em 2 frascos
1. Verniz
2. Solvente

■ Rápida volatilização

■ Quanto mais o solvente volatiliza ocorre o aumento da


viscosidade do verniz
Vernizes Cavitários - Composição
■ Resina
– Convencional = Resina natural (em geral Copal)
– Modificado = Resina sintética
■ Solvente orgânico (acetona, clorofórmio, éter entre outros)

➢ Os modificados contém hidróxido de cálcio e óxido de


zinco. Função terapêutica.
Vernizes Cavitários - Composição

Vernizes modificados também possuem:

➢ Hidróxido de cálcio e óxido de zinco com função


terapêutica e de aumentar a resistência da película

➢ Diiodo-timol com função bacteriostática

➢ Flúor - função de remineralização


Vernizes Cavitários - Aplicação

■ Os vernizes são aplicados com o auxílio de um pincel


descartável ou micro aplicador (tipo microbrush)

■ Todas as paredes internas da cavidade

■ Não utilizar bolinhas de algodão

■ Aplicar somente eu uma direção para evitar solução de


continuidade
Vernizes Cavitários - Aplicação

Ao menos 2 (duas) camadas

1. Aplica-se uma camada


2. Breves jatos de ar à distância por 30 segundos
3. Nova camada
4. Novamente jatos de ar
Vernizes Cavitários - Propriedades

■ Proteção parcial contra choques termoelétricos e


galvanismo

■ Inibe penetração de íons metálicos na dentina

■ Diminui a infiltração de bactérias ou toxinas


bacterianas na dentina e polpa
AGENTES DE
FORRAMENTO
Liners
Agentes para forramento

■ O material mais utilizado é o hidróxido de cálcio (padrão


ouro)
■ Outra opção é o MTA (Agregado Trióxido Mineral)
■ Pesquisas sobre proteínas ósseas morfogenéticas,
proteínas osteogênicas e fatores de crescimento.
Hidróxido de Cálcio

■ Disponível na dentística restauradora em 3 tipos:

Pasta

Cimento
Composição e reação

■ Pó = forma pura, chamado Pró Análise (PA)


■ Misturado ao soro fisiológico e manipulado, forma-
se a pasta. Também encontrado comercialmente já
manipulado.
Composição e reação

■ O pó possui coloração branca (normalmente as pastas


também)

■ pH maior que 12
■ Alta solubilidade em água compara a outros cimentos
Indicação e ação

■ PA e pasta são indicados quando há exposição pulpar ou


suspeita de micro exposição

■ Quando há contato com a polpa o hidróxido de cálcio - Ca(OH)2


– se dissocia em íons cálcio (Ca+) e hidroxila (OH-), causando
cauterização química superficial do tecido pulpar.
Indicação e ação

■ Em exame histológico, a camada cauterizada aparece como


uma zona de necrose superficial.

■ Embora não tenha sido elucidado, sabe-se que o alto pH


produz um meio propício à deposição mineral, estimulando os
odontoblastos, além de inibir a proliferação bacteriana.
“Ponte de dentina”

■ Isso permite a formação de “ponte de dentina” onde há


exposição direta ou hipermineralização da dentina.
Cimento de hidróxido de cálcio

■ Comercializado em 1 ou 2 pastas
Cimento de hidróxido de cálcio

■ Os nomes atribuídos às pastas não diz respeito à reação


química do material (considerada apenas convenção).

■ Quando comercializado em pasta única, o endurecimento


se da através de fotoativação.
Cimento de hidróxido de cálcio

■ A reação de presa é ácido-base, com a produção de um sal


altamente básico e solúvel.
■ Cálcio e Zinco (pasta base) e salicilato (pasta catalizadora)
são os responsáveis pelo endurecimento da massa.
■ Unidos, reagem formando um sal de salicilato
■ O tungstato de cálcio, o óxido de titânio e o sulfato de
bário dão radiopacidade ao material.
Manipulação

■ Os cimentos de presa química devem ser misturados


■ Quantidades iguais de pasta base e catalisadora
■ Sobre placa de vidro ou bloco de espatulação
■ Misturar com espátula (24 ou 22) por 10 segundos
■ Inserção na cavidade feita com porta cim. de hidr. Ca
■ Tempo de trabalho aprox. 30 segundos
Manipulação
■ Deve ser aplicado na menor espessura possível

■ Baixas propriedades mecânicas

■ Ação por contato

■ Apresentação pasta-pasta, aguardar 7 min para condensação do


amálgama.

■ Apresentação fotopolimerizável, ativar por 20 segundos


Propriedades dos cimentos
■ Possuem teor de hidróxido de cálcio menor que pasta e PA
■ Menores efeitos cáusticos que as outras 2 apresentações
■ São muito eficazes em induzir formação de dentina, mas
não há liberação de íons, particularmente OH responsável
pela cicatrização pulpar.
■ Para reduzir microrganismos, foram adicionados
componentes antibacterianos como glicol salicilato e etileno
tolueno sulfonamida.
Propriedades dos cimentos
■ O alto pH também desempenha papel antimicrobiano.
■ Os cimentos possuem resistência maior que a pasta e pó,
pois estes não tomam presa, não adquirindo resistência
mecânica.
■ Sua resistência não aumenta com o tempo, tendendo a
diminuir, devido a solubilidade.
■ Cimentos fotoativados são mais resistentes que os
quimicamente ativados.
Propriedades dos cimentos
■ Quimicamente ativados e fotoativados possuem
solubilidades semelhantes (necessária para liberar íons
hidroxila).
■ Aplicação de vernizes (solventes) e adesivos sobre estes
cimentos pode aumentar sua solubilidade.
■ Devido sua solubilidade jamais deve ficar exposto em
margens cavitárias. Seu uso é restrito a parede pulpar.
Referências Bibliográficas
1. ANUSAVICE, Kenneth J; SHEN, Chiayi; RAWLS, H. Ralph. Phillips: materiais dentários.
Tradução de Roberto Braga. 12.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 572 p. il.color. ISBN 978-
85-352-6818-8.
2. REIS, Alessandra; LOGUERCIO, Alessandro Dourado. Materiais dentários diretos: dos
fundamentos à aplicação clínica. São Paulo: Santos, 2013,2017. 423 p. il.color. ISBN 978-
85-7288-611-6.

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