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MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa


Departamento de Apoio à Gestão Participativa

IDEIAS E DICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS


PARTICIPATIVOS EM SAÚDE

Brasília − DF
2016
2016 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative
Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento
pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução
parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca
Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>.

Tiragem: 1ª edição – 2016 – 1.213 exemplares

Elaboração, distribuição e informações:


MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa
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Osvaldo Peralta Bonetti Etel Matielo
Vanderléia Laodete Pulga Daron
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Etel Matielo
José Ivo dos Santos Pedrosa Colaboração:
Osvaldo Peralta Bonetti Abigail Batista de Lucena Reis
Rafael Gonçalves de Santana e Silva Elisa Prieto Kappel
Vanderléia Laodete Pulga Daron Julimar de Fátima Barros
Vera Lúcia de Azevedo Dantas Katia Maria Barreto Souto
Theresa Cristina de Albuquerque Siqueira
Projeto Gráfico, Ilustração e Diagramação: Tulio Correia de Souza e Souza
Id Artes e Eventos

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio


à Gestão Participativa.
Ideias e dicas para o desenvolvimento de processos participativos em Saúde / Ministério
da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão
Participativa. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016.
240 p. : il.

ISBN ???-??-???-????-?

1. Educação popular em Saúde. 2. Promoção da Saúde. 3. Atenção à Saúde. I. Título.


CDU 614.39
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2016/0284
Título para indexação:
Ideas and tips for the development of participatory processes in Health
APRESENTAÇÃO 7
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 13
2 EDUCAÇÃO POPULAR COMO REFERENCIAL
PARA AS PRÁTICAS DE SAÚDE
19
2.1 Refletindo sobre as bases da educação
popular em Saúde
20
2.2 As dimensões da educação popular em saúde 26

3 A ARTE E A CULTURA POPULARES NA


PROMOÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
33
3.1 Os círculos de Cultura na promoção da
cidadania e saúde
38
3.2 As Rodas de Conversa na democratização dos
saberes
44
3.3 As Cirandas como espaços de promoção da
saúde
47
3.4 As Oficinas como método participativo 50
3.5 O Corredor do Cuidado como prática de
cuidado
54

4 METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS PARA O


TRABALHO EM SAÚDE: SINGULARIDADES E
61
DIFERENÇAS

4.1 Orientações pedagógicas 68


5 METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS 73
5.1 Algumas características das metodologias participativas 76
5.2 Dicas na construção de processos participativos 78

6 AS TÉCNICAS DE GRUPO COMO PROMOTORAS DA


PARTICIPAÇÃO
83
6.1 Técnicas de grupo – para que servem 92
6.2 Elementos de uma técnica 92
6.3 Tipos de técnicas 95
6.4 Algumas referências significativas 99
6.4.1 Sociodrama 99
6.4.2 O Teatro do Oprimido 99
6.4.3 Mística 100
6.4.4 Cenopoesia 100
6.4.5 Filmes 102
6.4.6 Fotografia 103
6.4.7 Grafite 104

7 ALGUMAS DICAS 113


7.1 Técnicas 114
7.2 Histórias, músicas e poemas 209
REFERÊNCIAS 235
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 238
APRESENTAÇÃO

7
O setor Saúde tem construído uma caminhada significativa no campo
das políticas públicas, principalmente no que diz respeito aos processos
de democratização do Estado. A Saúde é o primeiro setor a instituir uma
política garantidora de acesso universal à população brasileira, sendo que,
com a conquista do art. 198 da Constituição Federal de 1988, a saúde passou
a ser “direito de todos e dever do Estado”, posteriormente instituindo o
Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1988). Além da universalidade,
o SUS apresenta como princípios, também, a integralidade, a equidade e a
participação popular.
Assim, o SUS inaugurou um novo contexto nas políticas públicas
ao instituir o controle social por meio dos Conselhos e das Conferências
de Saúde. Nas três décadas de implementação do SUS, a perspectiva da
democratização da gestão do Sistema, bem como o jeito de formular,
implementar e monitorar as políticas de saúde, vem avançando
consideravelmente. Nesse contexto, merecem destaque os processos
que, a partir de 2003, por meio do Ministério da Saúde, têm ampliado a
participação social na gestão federal. Entre essas, destacam-se a Política
Nacional de Gestão Estratégica e Participativa (ParticipaSUS), que orienta
as ações da gestão na promoção, na qualificação e no aperfeiçoamento da
gestão estratégica e democrática das políticas públicas no âmbito do SUS;
e as Políticas de Promoção da Equidade, que instituem estratégias e ações
de garantia do acesso aos serviços de saúde para a diversidade da população
brasileira, fortalecendo a concepção de que são necessários jeitos diferentes
para cuidar e assistir em saúde; assim como a Política Nacional de Educação
Popular em Saúde no Sistema Único de Saúde (Pneps-SUS), que traz, como
objetivo principal, implementar a Educação Popular em Saúde no âmbito do
SUS, estimulando a participação popular, a gestão participativa, o controle
social, o cuidado, a formação e as práticas educativas em saúde.
Contudo, a democratização das relações em saúde, seja no espaço da
gestão nacional, estadual e municipal, em relação à efetivação da gestão
participativa das políticas de saúde, seja no território e/ou nos serviços
de saúde, no que diz respeito à horizontalidade no cuidado, aos vínculos
e às relações estabelecidas entre profissionais de saúde e usuários, ainda
se apresenta como um desafio, que é perpassado por um conjunto de

8
intencionalidades que vão desde a mudança de modelo de atenção à
saúde, incorporando o cuidado centrado no usuário como paradigma e a
cultura de participação, ampliando os espaços e os canais de diálogo com
a população. Nessa perspectiva, o desenvolvimento de ações no campo da
educação popular em saúde, voltadas a processos formativos de diferentes
atores sociais como conselheiros de saúde para o fortalecimento do controle
social e da gestão participativa, assim como as práticas de educação em
saúde desenvolvidas no âmbito dos serviços de saúde, protagonizadas
por profissionais de saúde, desenvolvidas por educadores populares ou
movimentos sociais, têm se apresentado não só como desafios significativos,
mas também como experiências estratégicas para a gestão pública.
A Educação Popular em Saúde (EPS) tem se mostrado como campo de
uma práxis que mobiliza os espaços da gestão, da formação, do cuidado,
do controle social e da participação popular na defesa do Sistema Único de
Saúde cada vez mais democrático, universal, humanizado, identificado com
a cultura e a realidade de cada povo e território que compõem e constituem
nosso país.
Um dos elementos que reforçam o desafio da democratização das
relações em saúde é a carência de um referencial político metodológico na
maioria das ações, em especial nos processos de formação, mobilização e
das práticas educativas.
Motivada por este cenário, a Coordenação-Geral de Apoio à
Educação Popular e Mobilização Social, do Departamento de Apoio à
Gestão Participativa da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa
do Ministério da Saúde, apresenta o Ideias e Dicas como uma singela e
comprometida tentativa de apoiar movimentos populares, trabalhadores da
saúde, estudantes, gestores, educadores e todos aqueles comprometidos com
o fortalecimento da gestão participativa, do controle social e a participação
popular na saúde.
Desejamos uma boa leitura e que este material contribua para o
encantamento pelo fazer e promover saúde, instigando a capacidade crítica
e a criatividade nas ações e nas práticas comprometidas com o SUS.

Coordenação de Apoio à Educação Popular e à Mobilização Social


Departamento de Apoio à Gestão Participativa
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa
Ministério da Saúde

11
1
INTRODUÇÃO

13
A participação social é uma das diretrizes
constitucionais do Sistema Único de Saúde
(SUS), conquistada pela luta daqueles que
atuam em defesa do direito à saúde. Esta
se expressa na atualidade por uma rede de
controle social, formada por Conselhos
e Conferências de Saúde, os chamados
espaços instituídos de participação, como
também por um conjunto de novos espaços
que conformam o que convencionamos
chamar de espaços instituintes de gestão
participativa no SUS.
A construção da gestão participativa e
o fortalecimento da participação popular todos aqueles que desenvolvem as
requerem que a gestão do SUS e os serviços ações em saúde, com a promoção
de saúde sejam permeáveis às necessidades da autonomia dos sujeitos, com a
sanitárias, às potencialidades, aos saberes que construção da alteridade que ocorre
compõem cada território na formulação de no encontro entre si, nos serviços, nos
políticas e no processo de trabalho cotidiano processos educativos, de promoção e
desenvolvido nas práticas de cuidado e nos comunicação em saúde.
espaços do controle social. Para que isso
Assim, apresenta-se como
aconteça, os territórios onde se inscrevem
fundamental o investimento em
precisam ser constituídos por uma nova
processos dialógicos de conhecimento
cultura de participação, que reconheça o
compartilhado sobre a saúde,
espaço comunitário como lócus potencial
considerando a subjetividade e a
da promoção do protagonismo popular, da
singularidade presentes nas relações
construção compartilhada das estratégias
entre cada indivíduo e coletividades
do que Freire (1996) denominou de inédito
com a dinâmica da vida na perspectiva
viável na busca da superação das situações
da integralidade do cuidado à saúde e
limites enfrentadas no SUS por cada pessoa
da humanização no SUS.
que o acessa e o constrói. Esse processo
implica no compromisso dos trabalhadores
da saúde, como educadores, conselheiros,

14
O fortalecimento do controle social e da participação
popular é um desafio permanente e para o avanço do
próprio Sistema de Saúde. A participação nos espaços de
controle social contribui na construção e na consolidação
da saúde enquanto direito universal, pois favorece que as
pessoas percebam-se como sujeitos de direitos. Os sujeitos
sociais vão construindo novos significados, conceitos e
sentidos, à medida que participam ativamente do processo
de consolidação da saúde enquanto direito universal.
Sendo assim, assegurar o controle social, a participação
popular e a gestão participativa na política pública de saúde
demonstra o compromisso de identificar, desencadear
e qualificar espaços que promovam a participação da
população e, ao mesmo tempo, construir instrumentos
político-pedagógicos para apoiar processos educativos e
formativos nesta direção.

Ideias e Dicas para o Desenvolvimento de Processos


Participativos em Saúde constitui-se em um instrumento
didático à disposição de educadores(as), profissionais de saúde,
conselheiros(as), estudantes, gestores(as) e todos aqueles
interessados em desenvolver processos educativos voltados
para a consolidação da cidadania e da democracia participativa
no campo da saúde.
Na sua composição estruturada em quatro eixos, você
encontrará um conjunto de ideias, reflexões e problematizações
que se dispõem a servir de subsídio, entre as múltiplas
possibilidades, ao desenvolvimento das suas práticas e trabalho
educativo, como também um apanhado de dicas e exemplos
de técnicas participativas, estórias, poemas, cantigas, entre
outros dispositivos, que poderão servir de insumo na busca
da transformação das práticas no cuidado, na formação, na
educação, no controle social e na participação em saúde.

15
18
2
A EDUCAÇÃO
POPULAR COMO
REFERENCIAL PARA AS
PRÁTICAS DE SAÚDE

19
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não
existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e
fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de
fogo sereno, que nem percebe o vento e gente de fogo louco que
enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam
nem queimam: mas outros incendeiam a vida com tamanha
vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar e quem
chegar perto pega fogo (GALEANO, 2005).

2.1 Refletindo sobre as bases da


educação popular em saúde

Galeano (2005) nos desafia à compreensão No universo cotidiano de muitas práticas


integral do ser humano, o respeito e a profissionais e populares de formação, de
valorização da singularidade de cada ser, cuidado e de promoção à saúde presentes no
pois, por sermos sujeitos em relação, todas mundo comunitário, das famílias e das políticas,
nossas ações tem uma dimensão educativa e a educação popular vem se revelando como
pedagógica, compreensão esta fundamental referencial. A incorporação da integralidade no
nas áreas de saúde e educação, em que se almeja cuidado, compreendendo as várias dimensões
a construção da cidadania e do protagonismo do ser humano, a perspectiva de protagonismo
popular. Nesse sentido, é importante a reflexão dos diversos sujeitos, o diálogo e a construção
sobre os fundamentos que orientam estas compartilhada de saberes, a valorização das
relações que se estabelecem no universo da culturas locais nas suas organizações, suas
atenção, do cuidado, da gestão, do controle expressões artísticas e as possibilidades de
social e da participação, das práticas educativas envolvimento de outros setores na perspectiva
e da formação no SUS. de enfrentamento dos problemas cotidianos,
são premissas da Educação Popular em Saúde
(BRASIL, 2013).

20
Outro aspecto importante é a busca do
acolhimento e o suporte às ações em defesa da
A educação popular busca vida que os movimentos sociais e populares
promover a participação dos realizam, reconhecendo a legitimidade destas
sujeitos sociais, incentivando-os à ações, valorizando o conhecimento acumulado
reflexão, ao diálogo e à expressão e construindo referências para produção e
da afetividade, potencializando a organização dos saberes e práticas de saúde.
criatividade e a autonomia. Nessa
perspectiva, a educação popular O incentivo permanente à participação
em saúde assume a dimensão da popular na formulação e gestão das políticas
promoção da participação social no públicas de saúde, na perspectiva de que a ação
processo de formulação e gestão das social orientada pela satisfação das necessidades
políticas de saúde, direcionando- de saúde implica um caminho que se traduz
as para o cumprimento efetivo concretamente nas formas de gestão participativa
dos princípios ético-políticos do e na atuação do controle social.
SUS: universalidade, integralidade,
equidade, descentralização e controle
social.
Assim, o agir educativo se
constitui como ação que se alimenta
no processo de construção de um
fundamento teórico-metodológico
de sustentação de projetos que
promovam a participação ativa
da sociedade e de ações capazes
de produzir novos sentidos nas
relações entre necessidades de saúde
e organização do cuidado à saúde. Nesse contexto, a Política Nacional de
Logo, busca a qualificação das ações Educação Popular em Saúde (Pneps-SUS)
e a humanização das relações no SUS, apresenta, como princípios, pressupostos teórico-
promovendo tensão permanente metodológicos construídos coletivamente no
entre a expressão das necessidades de âmbito do Comitê Nacional de Educação Popular
saúde da população e a organização em Saúde, que dão sentido e coerência à práxis
da atenção a estas necessidades, o que da educação popular em saúde e se ofertam como
significa a contínua construção da orientadores às práticas educativas construídas
universalidade, da integralidade e da no campo da saúde1.
equidade do cuidado em saúde.

1
A Política Nacional de Educação Popular em Saúde foi instituída pela Portaria do Ministério da Saúde n° 2.761, de 19
de novembro de 2013, disponível no endereço: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2761_19_11_2013.
html>.

21
São eles:
a) Diálogo: Expressa e intenciona colaboração, troca, interação e se faz em
relação horizontal, com confiança de um no outro e respeito mútuo. Ele acontece
quando cada um, de forma respeitosa, coloca o que sabe à disposição para ampliar
o conhecimento crítico de ambos acerca da realidade, contribuindo com processos
de transformação e de humanização. Por isso, implica escuta interessada, humildade
para aprender, amorosidade para o encontro, esperança na mudança de si, do outro.
É preciso recuperar a educação e o cuidado em saúde como diálogo de e entre
sujeitos, síntese do processo educativo e dimensão fundamental de reconhecimento
destes, uma vez que todo ser humano é um sujeito em construção, ou seja, agente
que tem sua história, trajetória, cultura e valores (ARROYO, 2001).

b) Amorosidade: Acolhê-la nas ações e nas c) Problematização: A problematização


práticas de saúde e educação significa ampliar implica a existência de relações dialógicas e
o respeito à autonomia de pessoas e de grupos propõe a construção de práticas em saúde
sociais, especialmente àqueles em situação alicerçadas na leitura e na análise crítica da
de iniquidade, por criar laços de ternura, realidade.
acolhimento e compromisso que antecedem as Problematizar significa reconhecer a
explicações e argumentações, fortalecendo o experiência prévia dos sujeitos e usá-la para
compromisso com a superação de situações de a identificação das situações limite (situações
sofrimento e injustiça. Valorizar a amorosidade de opressão, negação de direitos) presentes no
significa ampliar o diálogo nas relações de cotidiano e as potencialidades para transformá-
cuidado e na ação educativa pela incorporação las por meio de ações para sua superação.
do afeto e da sensibilidade, fortalecendo Os problemas surgidos nas vivências são
processos já em construção no SUS, como a discutidos com todas as suas contradições.
humanização, o acolhimento, a participação E os sujeitos, ao problematizarem, também
social e o enfrentamento das iniquidades em transformam-se nesta ação e passam a detectar
saúde. novos problemas na sua realidade e analisar as
intervenções necessárias para sua superação.
Assim, emerge como momento pedagógico,
como práxis social, como manifestação de um
mundo refletido com o conjunto dos atores,
possibilitando a formulação de conhecimentos
com base na vivência de experiências
significativas, resgatando potencialidades e
capacidades para intervir.

22
Essa forma nova de olhar e) Emancipação: É um processo coletivo e
a realidade, baseada na ação- compartilhado de conquista das pessoas e dos
reflexão-ação e no desenvolvimento grupos da superação e da libertação de todas as
de uma consciência crítica que formas de opressão, exploração, discriminação
surge da problematização, permite e violência ainda vigentes na sociedade e que
que homens e mulheres percebam- produzem a desumanização e a determinação
se sujeitos históricos; e as ações social do adoecimento.
educativas orientadas por este Fortalece o sentido da coletividade na
princípio configuram-se processos perspectiva de uma sociedade justa e democrática,
humanizadores, conscientizadores, na qual as pessoas e os grupos sejam protagonistas
e de protagonismo na “busca do ser por meio da reflexão, do diálogo, da expressão
mais”. da amorosidade, da criatividade e da autonomia,
d) Construção compartilhada afirmando que a libertação somente acontece na
do conhecimento: Pressupõe que relação com outro.
o conhecimento só torna-se mais Ter a emancipação como referencial no fazer
potente se construído a partir da cotidiano da saúde pressupõe a construção de
ação coletiva de pessoas e grupos processos de trabalho em que os diversos atores
com saberes, culturas e inserções possam se constituir sujeitos do processo de saúde
sociais diferentes, na perspectiva e doença, contrapondo-se às atitudes autoritárias
de compreender e transformar, de e prescritivas e radicalizando o conceito da
modo coletivo, as ações de saúde participação nos espaços de construção das
desde suas dimensões teóricas, políticas da saúde em busca do inédito viável.
políticas e práticas.
f) Compromisso com a construção do
O compartilhamento de um Projeto Democrático e Popular: A construção
grupo ou coletivo na produção de de um projeto democrático e popular em saúde
ideias, intenções, planos e projetos pressupõe a superação da distância entre o
na esfera da teoria, da técnica ou da país que temos e o que queremos construir,
experiência prática tem como base superando as diversas formas de exploração,
a prática do diálogo que acontece alienação, opressão, discriminação e violência,
no encontro com formas diferentes ainda presentes na sociedade, que desumanizam
de compreender os diversos modos as relações, produzem adoecimento e injustiças,
de andar a vida, nas rodas de visando à transformação da realidade, com vistas
conversa com os coletivos sociais, à emancipação. No campo da saúde, este projeto
na complementaridade entre as já conta com uma conquista significativa, que é
tecnologias científicas e populares o próprio Sistema Único de Saúde, o qual, para
e nos amplos sentidos que a saúde tornar-se efetivo em sua integralidade, demanda
apresenta. um conjunto de iniciativas e transformações sociais
que fortaleçam sua concepção contra-hegemônica,
embasada nos princípios já referidos.

23
Entende-se que um projeto
democrático e popular, promotor
de vida e saúde, caracteriza-se por
princípios como a valorização do
ser humano em sua integralidade,
a soberania e a autodeterminação
dos povos, o respeito à diversidade
étnico-cultural, de gênero, sexual,
religiosa e geracional; a preservação
da biodiversidade no contexto do
desenvolvimento sustentável; o
protagonismo, a organização e o poder
popular; a democracia participativa;
organização solidária da economia e da
sociedade; acesso e garantia universal
aos direitos, reafirmando o SUS como
parte constitutiva deste projeto.

24
2.2 As dimensões da
educação popular
em saúde
econômico-político-cultural com a finalidade de
A educação popular difere transformá-la, a educação popular intenciona um novo
do treinamento ou da simples projeto de sociedade para o País.
transmissão de informações
O caminho político-pedagógico proposto pela
(PELOSO, 2005), pois estimula
educação popular requer o envolvimento corresponsável
a criação de um senso crítico
de todos participantes na construção, na apropriação e na
que provoque o entendimento, o
multiplicação do conhecimento.
comprometimento e a capacidade
de reivindicar, de formular
propostas e transformar, por meio
de um processo, que a partir da
ação gera-se reflexão e desta uma
nova ação.
Não é um discurso acadêmico
sobre um método, nem um produto
acabado ou uma receita simples
e mágica, tampouco confunde-
se com técnicas de grupo usadas
como instrumento tático para atrair
pessoas. As técnicas são recursos
para estimular a participação e a
cooperação, porém, não são os
únicos determinantes para que
se tenha um processo educativo Para Freire, educar é tornar os sujeitos
democrático, um elemento mais humanos, e humanizar seria situar os
fundamental de uma ação educativa processos e as práticas educativas no âmago,
permeada pela educação popular nos anseios e nas lutas dos setores populares,
que independe das técnicas, é o incorporando os princípios da dignidade, da
compromisso ético-político com os emancipação e da justiça (ARROYO, 2001).
educandos. Miguel Arroyo (2001) refere que a
Sendo um processo coletivo educação popular é a prática com base no
de produção e socialização do diálogo, na convivência, na interação entre
conhecimento que incentiva profissionais e população, por meio dos
educadores e educandos a ler corpos, das falas, das culturas: matrizes
criticamente a realidade sócio- fundamentais da nossa identidade.

26
A educação popular tem relação direta com a cultura e com a vinculação às fontes
da vida e da morte das comunidades: criação de laços solidários e comprometidos
com a libertação, elo que articula saberes diferenciados, sensibiliza os diferentes
atores envolvidos e exprime as representações que o ser humano constrói a partir da
sua leitura do mundo na perspectiva de conhecer e intervir sobre a realidade.
Segundo Vasconcelos (2001), a educação popular oferece um instrumental
fundamental para o desenvolvimento de novas relações, “por meio da ênfase ao
diálogo, a valorização do saber popular e a busca de inserção na dinâmica local”,
tendo a identidade cultural como base do processo educativo e compreendendo que
o respeito ao saber popular implica necessariamente o respeito ao contexto cultural.
As experiências de educação popular desenvolvidas por meio da arte-cultura
proporcionam uma maior aproximação à humanização e à integralidade.

Nesse sentido, as linguagens da apoia, mas que também explicita e


arte nos permite tocar dimensões aclara os conflitos, são exemplos de
mais totalizadoras do sujeito que, em como a arte-cultura pode contribuir
geral, são esquecidas no cotidiano com o processo educativo.
da saúde, como as do corpo, da Partindo da busca da memória
estética, da ética, da espiritualidade, das lutas populares, os percursos
da afetividade, vinculando desejo e de experiências de educação
cognição, intuição e sensibilidade. popular em saúde têm apresentado
A arte dos possíveis sabores a possibilidade de intervenção
e cores da culinária popular, e produção da vida coletiva; de
que possam favorecer o prazer conexão entre cotidiano e história,
de reconstruir novas formas de vinculando a experiência local
alimentar-se frente à descoberta sentida no singular dos grupos
de estar diabético ou hipertenso; com a inserção na história vivida
a arte de reconstituir movimentos no exercício sociopolítico em rede
de superação dos limites físicos e articulações em nível nacional.
produzidos pela hanseníase ou pelo Nesse contexto, a reflexão, a partilha
inevitável processo do envelhecer; e a leitura coletiva das possibilidades
de tornar mais belos e acolhedores são feitas também mediante o
os espaços das unidades de saúde, exercício das linguagens como as
mesmo quando a infraestrutura é dos mestres da arte popular, da
precária e os recursos didáticos e viola e do repente, dos grupos de
audiovisuais são poucos; da escuta maneiro-pau, de coco, teatro de rua,
sensível, do toque carinhoso, do dos cordelistas, radialistas, palhaços,
olhar que acolhe, da palavra que pajés e xamãs.

27
O processo educativo tem de ser sensível às linguagens que emergem na simplicidade
das experiências locais que, em uma vivência de protagonismo ousada, tomaram a
frente no processo de articulação e imprimiram sua feição particular. Experiências
estas que buscam, aos poucos, incluir-se nos espaços dos serviços de saúde e das
instituições formadoras, e ensaiar uma ação que interfira nas políticas públicas, mas
que, ao mesmo tempo, possa alimentar-se continuamente de suas práticas concretas.
Entretanto, Paulo Freire (1995) alerta que, enquanto as pessoas não se dão conta de
que estão coletivamente produzindo temas geradores, que envolvem situações-limite,
os atos não podem acontecer de modo crítico e com intencionalidade social e política
efetiva.

No caso da saúde, partida é a convicção de que o povo já tem um saber, parcial


os temas geradores são e fragmentado, mas que carrega em si o dom de ser capaz;
entendidos como o universo entretanto, precisa refletir sobre o que sabe (e não sabe que
temático explicativo e sabe) e incorporar o acúmulo teórico da prática social. Nesse
de enfrentamento das sentido, torna-se um instrumento que desperta, qualifica e
questões relacionadas ao reforça o potencial popular em sua luta para romper a lógica do
processo saúde-doença- capital e construir uma alternativa solidária, um compromisso
cuidado, aos determinantes de amorosidade com o ser humano.
sociais da saúde presentes Uma das especificidades da educação popular é a de
nas comunidades. Esses relacionar o fazer (saber empírico ou saber de experiência
temas geradores remetem feito) das pessoas com uma reflexão teórica (saber científico)
às situações concretas e integrar a dimensão imediata (micro) com a dimensão
vividas e permeadas pela estratégica (macro).
contradição entre reprodução
e transformação (situações- Eu preferia dizer que não tenho método. O que
limites), em relação às quais eu tinha, quando muito jovem, há 30 anos ou 40
se buscam alternativas anos, não importa o tempo, era a curiosidade
concretas (atos-limites) – e de um lado e o compromisso político do outro,
isto ocorre o tempo todo em face dos renegados, dos negados, dos
no cotidiano da atividade proibidos de ler a palavra, relendo o mundo. O
humana. que eu tentei fazer e continuo hoje, foi ter uma
compreensão que eu chamaria de crítica ou de
A educação popular tem dialética da prática educativa, dentro da qual,
o compromisso com aqueles necessariamente, há uma certa metodologia,
em situação de opressão, “os um certo método, que eu prefiro dizer que
oprimidos”, e seu ponto de é método de conhecer e não um método de
ensinar (PELANDRÉ, 1998, p. 298).

28
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
3
A ARTE E A CULTURA
POPULARES NA
PROMOÇÃO DA VIDA
E DA SAÚDE

33
A Educação Popular em Nessa perspectiva, a Política
Saúde referencia a arte e a Nacional de Educação Popular em
cultura como processo no Saúde (Pneps-SUS) nos provoca
qual as pessoas, os grupos e as a identificar os serviços de saúde
classes populares expressam e e espaços, os territórios onde se
simbolizam sua representação, inscrevem, assim como os espaços
recriação e reelaboração da de organização social, movimentos
realidade, inserindo-as em uma sociais, entre outros, como potenciais
prática social libertadora, cujas para a promoção da saúde, nos
expressões não se separam da vida quais a arte, a cultura, em especial,
cotidiana. Portanto, considera- o diálogo multicultural podem ser
se que trabalhar com a arte é a facilitadores dos processos educativos,
possibilidade de se vivenciar o mobilizatórios e participativos,
fazer, em que o processo criativo contagiando os territórios com
que se instaura agrega outras leveza e alegria, sem perder de vista a
dimensões que não só a racional, politicidade e a problematização.
reconhecendo a estética popular
capaz de produzir sentidos e
sentimentos (BRASIL, 2013).

A arte e a cultura são muito potentes para despertar o


que Toro (2001) evidencia como imaginário convocante,
pois mobiliza sensações e sentidos que atravessam o mundo
simbólico das pessoas, despertam emoções que geralmente
não são consideradas nos espaços oficiais do fazer saúde.
Desta forma, adotar essa perspectiva nas ações de saúde
reveste-se de desafio; por isso, os princípios políticos
metodológicos precisam estar bastante evidentes para o
educador, a fim de não perder de vista o compromisso
com a democratização, com a emancipação, respeitando
tempos, habilidades e protagonismo individual e coletivo
nas atividades e espaços.

34
Se bem construídas, as relações desenvolvidas
no processo educativo permeado pela arte e a
cultura popular demonstram-se efetivas no sentido
de construir uma nova cultura da participação,
cultura mais respeitosa e comprometida com
o jeito de andar a vida das pessoas, promotora
de relações mais horizontais entre profissionais
e usuários, entre as pessoas de modo geral.
Evidentemente, cada contexto e cada território
têm próprias e diferentes culturas, abriga uma
diversidade de saberes e expressões que, muitas
vezes, não estão evidenciadas, sendo que muitas
culturas são sonegadas ou invisibilizadas pela
cultura hegemônica, ditadora de comportamentos
da moda, bastante difundida pelos instrumentos
da grande mídia. Quando buscamos identificar
essa diversidade, percebemos múltiplos jeitos
que se evidenciam em modos diferentes de se
organizar, de participar e de cuidar-se, os quais
influenciam e são influenciados pela concepção
de mundo e referência de cuidado dos serviços de
saúde, da política de saúde local, dos trabalhadores
facilitadores das atividades, como da própria
população que constitui os territórios.
O desejo e a necessidade de intervir em um Assim, muitos são os exemplos
território envolvem um arte-educador ou um que podemos encontrar na atualidade
grupo, e quem mais esteja ao redor e queira se de práticas inovadoras fomentados
envolver e participar. É impossível sentir-se do pelas redes, pelos movimentos, pelas
mesmo jeito após uma intervenção artística, seja articulações de educação popular. Entre
plástica, poética, musical ou cênica. Mesmo que a estes, destaca-se a Articulação Nacional
vivência cause repulsa aos sujeitos participantes, de Movimentos e Práticas de Educação
provoca reflexões e até transformações, ou seja, Popular em Saúde (Aneps), que tem
agradável ou não, as pessoas não são as mesmas. construído novos jeitos de fazer os
Nas experiências de Educação Popular em Saúde, processos formativos e mobilizatórios,
País a fora, esse tipo de ação já faz parte da a exemplo das Tendas Paulo Freire, suas
maioria dos encontros, dos espaços de formação e rodas de conversa e círculos de cultura.
mobilização, inclusive constituindo-se como eixo No contexto da Aneps, destaca-se o grupo
estratégico do Plano Operativo da Pneps-SUS. cearense Cirandas da Vida, que realizou,

35
nos dois últimos anos, caravanas populares em 19 municípios
no estado, além da experiência no Município de Fortaleza,
intervindo e trazendo trabalhadores, gestores e a comunidade
para a rua. Nessas ações, foi provocado o debate e a vivência
na saúde, destacando o saber popular, por meio da cenopoesia,
problematizando a participação na gestão do SUS. Como explicita
Vera Dantas referindo-se à experiência cearense:

Busca capturar como as comunidades


exprimem sua história de luta, mediante as
linguagens da arte como fertilizadora do
princípio de comunidade; analisar como os
atores populares se inserem na formulação
e implementação dessas políticas;
compreender como os diferentes grupos
geracionais expressam suas leituras da
realidade, no dialogismo vivido na gestão
em saúde e analisar como as linguagens da
arte contribuem para a construção de atos
limite como estratégias de superação das
situações-limite (DANTAS, 2012, p. 46).

A arte e a cultura têm sido fertilizantes naturais do processo


de mobilização e luta política pelos direitos de cidadania
protagonizados pelos movimentos e segmentos populares que
devem ser considerados no fazer saúde. A arte transborda a
rua, flui integrando a comunidade, com expressão corporal e o
exercício cênico transformando vidas, construindo engajamentos
em novas ações artísticas, políticas e sociais.
Historicamente, os coletivos e movimentos de Educação
Popular em Saúde construíram espaços potencializadores da
luta pelo direito à saúde, que, fortalecidos pelos grupos de arte
e cultura, acrescentam novas ferramentas na construção de
políticas públicas em saúde. As propostas freirianas, como as
rodas de conversa e os círculos de cultura, facilitam o acolhimento
aos fazeres e aos saberes populares, que dão uma nova dinâmica
na mobilização dos trabalhadores, dos gestores e dos usuários na
defesa do SUS.

36
3.1 Os Círculos de Cultura na
promoção da cidadania e saúde

Os debates têm início na primeira hora que o homem


participa do círculo de cultura. Em vinte minutos,
uma turma de analfabetos é capaz de fazer a distinção
fundamental para o método: natureza diferente de cultura.
Para chegar a esse resultado, se utiliza através de slides ou
quadros, uma cena cotidiana do meio onde vive o grupo.
Como exemplo, citaremos uma cena do campo: um
homem, sua palhoça, uma cacimba, um pássaro voando e
uma árvore. O mestre exige de todos a descrição daquela
cena, e em seguida, indaga o que o homem fez e o que ele
não fez naquele quadro. Ao obter as respostas deixa logo
indicada a diferença: o que o homem faz é Cultura e o que
ele não faz é Natureza (FEITOSA, 1999, p. 4).

Sistematizados por Paulo Freire (1992), os Círculos de Cultura estão


fundamentados em uma proposta pedagógica, cujo caráter radicalmente
democrático e libertador propõe uma aprendizagem integral, que
rompe com a fragmentação e requer uma tomada de posição perante os
problemas vivenciados em determinado contexto.
Para Freire, essa concepção promove a horizontalidade na relação
educador-educando e a valorização das culturas locais, da oralidade,
contrapondo-se, em seu caráter humanístico, à visão elitista de educação.
Foram concebidos na década de 1960 como grupos compostos
por trabalhadores populares que se reuniam sob a coordenação de um
educador, com o objetivo de debater assuntos temáticos, do interesse
dos próprios trabalhadores, cabendo ao educador-coordenador tratar
a temática trazida pelo grupo. Surgem no âmbito das experiências de
alfabetização de adultos no Rio Grande do Norte e em Pernambuco e
do movimento de Cultura Popular. Não tinham a alfabetização como
objetivo central, mas sim a perspectiva de contribuir para que as pessoas
assumissem sua dignidade como seres humanos e se percebessem
detentores de sua história e de sua cultura, promovendo a ampliação do
olhar sobre a realidade. Nesse contexto, propõem uma práxis pedagógica
que se compromete com a emancipação de homens e mulheres
ressaltando a importância do aspecto metodológico no fazer pedagógico,

38
sem desvalorizar, no entanto, o conteúdo
específico que mediatiza esta ação, possibilitando
a tomada de consciência do educando, mediante
o diálogo e o desvelamento da realidade com
suas interligações culturais, sociais e político-
econômicas.
Caracterizam-se como lócus privilegiado de
comunicação-discussão embasada no diálogo,
nas experiências dos atores-sujeito, na produção
teórica da educação e na escuta, a qual se orienta
pelo desejo de cada um e cada uma de aprenderem
as falas do outro e da outra, problematizando-a e
problematizando-se.

Caminho metodológico:
No segundo momento, dá-se a
Tendo como princípios metodológicos o tematização, ou seja, processo no
respeito pelo educando, a conquista da autonomia qual os temas e palavras geradoras
e a dialogicidade, os círculos de cultura, tais como são selecionadas e decodificadas
foram sistematizados por Freire, podem ser buscando a consciência do vivido, o
didaticamente estruturados em movimentos. seu significado social, possibilitando
No momento inicial, trabalha-se a a ampliação do conhecimento e a
investigação do universo vocabular, do qual compreensão dos educandos sobre
são extraídas palavras geradoras. Nada mais é a própria realidade, na perspectiva
que a identificação das palavras de uso corrente, de intervir criticamente sobre ela.
entendidas como representativas dos modos O importante não é transmitir
de vida dos grupos ou do território onde se conteúdos específicos, mas despertar
trabalhará (estudo da realidade). Esse mergulho uma nova forma de relação com a
permite ao educador interagir no processo, experiência vivida.
ajudando-o a definir seu ponto de partida que Do tema gerador geral surgem
se traduzirá no tema gerador geral, vinculado as palavras geradoras. Cada palavra
a ideia de interdisciplinaridade e subjacente à geradora poderá ter uma imagem
noção holística de promover a integração do expressa de várias formas: desenho,
conhecimento e a transformação social, os quais fotografia, imagem viva, que, por sua
se colocam como a unidade básica de orientação vez, deverá suscitar novos debates.
dos debates.

39
No terceiro momento, acontece a
problematização que representa um momento
decisivo da proposta que é buscar superar a
visão ingênua por uma perspectiva crítica,
capaz de transformar o contexto vivido. A ação
de problematizar em Paulo Freire impõe ênfase
no sujeito práxico, que discute os problemas
surgidos da observação da realidade com todas
as suas contradições, buscando explicações que
o ajudem a transformá-la. O sujeito, por sua vez,
também se transforma na ação de problematizar
e passa a detectar novos problemas na sua
realidade e, assim, sucessivamente. Nesse
sentido, a problematização emerge como
momento pedagógico, como práxis social, como
manifestação de um mundo refletido com o
conjunto dos atores, possibilitando a formulação
de conhecimentos com base na vivência de
experiências significativas. Assim, o diálogo
constitui-se como elemento-chave, no qual
educadores e educandos sejam sujeitos atuantes.

Diálogo, nessa perspectiva, tem a pedagógico, sejam vislumbradas formas de


amorosidade como dimensão fundante, pensar um mundo melhor para todos. Esse
contrapondo-se à ideia de opressão e processo supõe a paciência histórica de
dominação. Situa a humildade como amadurecer com o grupo, de modo que a
princípio no qual o educador e o educando reflexão e a ação sejam realmente sínteses
percebem-se sujeitos “aprendentes”, elaboradas com ele.
inacabados; porém, jamais ignorantes. Dessa forma, Paulo Freire fala
A ampliação do olhar sobre a realidade, de educação como conscientização,
com amparo na ação-reflexão-ação, e o reflexão rigorosa sobre a realidade em
desenvolvimento de uma consciência que se vive, com o entrelaçamento das
crítica que surge da problematização linguagens e suas respectivas lógicas
permitem que homens e mulheres epistêmicas, evidenciando os focos a serem
percebam-se sujeitos históricos, o que problematizados pelo grupo, instigando
implica a esperança de que, nesse encontro o debate e constituindo uma rede de
significados (DANTAS, 2012).

40
O educador, contrariando a visão tradicionalista que atribui a ele o papel
privilegiado de detentor do saber, é denominado animador de debates e tem o
papel de coordenar o debate, problematizar as discussões para que opiniões e
relatos surjam. Cabe também ao educador conhecer o universo vocabular dos
educandos, o seu saber traduzido por meio de sua oralidade, partindo de sua
bagagem cultural repleta de conhecimentos vividos que se manifestam por meio
de suas histórias, de seus “causos”, no diálogo constante, e em parceria com o
educando, reinterpretá-los, recriá-los.

42
3.2 As Rodas de Conversa na
democratização dos saberes

O espaço do educador democrático,


que aprende a falar escutando, é
cortado pelo silêncio intermitente de
quem falando, cala para escutar o outro
a quem, silencioso, e não silenciado,
fala (FREIRE, 2010, p. 44).

A Roda de Conversa é um método de discussão


que possibilita aprofundar o diálogo por meio da
participação democrática, a partir da riqueza que cada
um dos sujeitos participantes traz sobre determinado
assunto, sempre ancorando as reflexões no “saber de
experiência feito”, nas vivências dos que dela participam,
no aprendizado no mundo da vida. Mais do que espaço
de fala, configuram-se, sobretudo, em espaços de escutar
os outros e a si mesmos.
Proporcionam a vivência de conflitos de ideais,
interesses e visões de mundo, pois, se bem estruturadas,
possibilitam a troca de impressões e opiniões, assim
como a contraposição de falas e compreensões.
Tendo como princípios básicos o diálogo, a troca
de saberes e a construção compartilhada, a Roda
deve permitir a expressão de todos participantes,
cada integrante deve ter oportunidade de falar ou
expressar o que pensa ou sabe. Podendo contar com um
facilitador ou animador, traz o diferencial simbólico da
disposição horizontal entre seus atores participantes,
proporcionando a quebra da relação hierárquica entre
quem fala e quem escuta, colocando as pessoas em
contato direto umas com as outras, sendo que cada
integrante tem acesso ao olhar e à escuta de todos os
outros, pois estão dispostos em círculo e partem de um
tema gerador comum ou de uma situação vivenciada.

44
Um espaço de partilha e
confronto de ideias, onde a
liberdade da fala e da expressão
proporcionam ao grupo como
um todo, e a cada indivíduo em
particular, o “crescimento na
compreensão dos seus próprios
conflitos” (FREIRE, 2000, p. 21).

Estar em roda pode proporcionar um As estratégias nela delineadas


crescimento individual ou coletivo, pois é apresentam-se potentes por partirem da
um exercício significativo de construção leitura da realidade concreta, assim como
democrática do saber. As rodas podem por trazerem dimensões que nem sempre são
contribuir com o planejamento de grupos e consideradas nas construções pragmáticas
o fortalecimento do protagonismo popular ou tecnificadas, pois consideram o mundo
na intervenção da realidade, caso a forma de das representações sociais apresentas pelos
condução propicie a reflexão, a sistematização participantes, envolvendo a amorosidade, o
de ações e estratégias de superação das afeto, o respeito ao outro que está cara a cara,
situações limites apontadas ou vivenciadas por como também a disputa entre as visões de
seus participantes. mundo que circulam na sua composição.

45
3.3 As Cirandas como espaços
de promoção da saúde

As Cirandas são uma das expressões da cultura popular


existentes nas mais diversas regiões do País. Denotam
elementos da identidade, de expressão simbólica, cultural
e religiosa das diversas etnias e culturas; da forma lúdica e
do jeito brincante de cada ser. As experiências de educação
popular em saúde vêm trazendo as Cirandas como expressão
de várias dimensões do processo educativo e participativo
em saúde, como:

a) Cirandas como Espaço Popular: caracterizam-


se em espaços de articulação e participação de
diversos atores (movimentos sociais, técnicos,
gestores, conselhos, estudantes, educadores, grupos
emergentes, comunidade) para definição de situações-
limite e constituição de propostas de ação coletiva,
possibilitando o compartilhamento de saberes e
incorporando a visão da integralidade.
b) Cirandas como Promoção à Vida: podem
contribuir para que o saber gestado em seus espaços
possam alimentar as práticas em saúde locais, de
modo a incorporar abordagens populares, como
farmácias vivas, massoterapia, terapia comunitária,
espaços de brincar, círculos de cultura, grupos de
autoconhecimento, entre outros, no contexto dos
serviços públicos de saúde.

47
c) Cirandas na Educação Permanente:
contribuindo para potencializar as práticas
culturais da comunidade como estratégia de
promoção e cuidado à saúde; viabilizar um
processo formador que possa partir da leitura
coletiva de situações-limite, vistas como situações
que exigem transformação, nas práticas de saúde
locais, formação capaz de articular e incluir os
grupos emergentes nos processos formativos;
alargar a visão de formação que considere o saber
de experiência feito, construído nos movimentos
populares, como elemento fundamental na
produção e socialização dos saberes em saúde;
considerar, nas ações a serem implantadas, a
história dos saberes acumulados no lugar, como
base para a potencialização dos projetos de
futuro coletivos a serem construídos nesse espaço
dialógico.
d) Cirandas no Campo da Participação
Popular: trazem um caráter potencializador do
poder de intervenção dos movimentos populares
e o desvelamento da lógica do saber popular na
exequibilidade do direito à saúde, bem como para
promover um processo permanente de interação
entre os diversos setores no campo da saúde e
de todas as políticas sociais em cada loco-região,
para a construção de processos integrados e
interdisciplinares de trabalho. Podem contribuir
para o fortalecimento do controle social, por
meio de um processo permanente de diálogo
com movimentos, conselhos populares, conselhos
locais, regionais e municipais de saúde e o com
as experiências de Orçamento Participativo.
Possibilitam a organização de processos
interdisciplinares de trabalho que apontam para
o protagonismo popular, potencializando o poder
de intervenção dos movimentos e o desvelamento
da ótica do saber popular na conquista da saúde
como direito.

48
3.4 As Oficinas como
método participativo

Oficina é um lugar de A criatividade é uma


consertos, reparos, criatividade, característica constitutiva da oficina.
descobertas, lugar de vida, Ela implica a capacidade de inventar
trabalho, transformação, processo o novo, tanto no que diz respeito ao
de montagem e de construção. A modo de trabalhar, como ao produto
Oficina constitui-se num espaço construído. É imprescindível o
privilegiado de criação e de uso das mais variadas formas de
descobertas. linguagem, que possam corresponder
às diversas e inseparáveis dimensões
Em uma oficina, processo
da pessoa. Por isso é comum, numa
e produto integram-se em um
oficina, a introdução da dança, da
processo reflexivo. A oficina não
poesia, da pintura, da modelagem,
pretende alcançar um objetivo
de brincadeiras e das dinâmicas de
“a qualquer custo”; preocupa-se,
grupo.
pelo contrário, com a adequação
e a sequência dos passos a serem
dados para que se chegue àquele
mesmo objetivo.
O processo de construção que
se realiza por meio de oficinas
tem várias características: é
pluridimensional, criativo,
coletivo, planejado e coordenado
coletivamente. Prioriza o
aprendizado usando o corpo todo
e não só a razão. É por isso que,
nesse processo, são trabalhadas
as distintas dimensões do ser
humano: o sentir, o pensar, o
agir, a intuição e a razão, o gesto
e a palavra intervêm e encontram
uma nova síntese.

50
Uma oficina, além de ser um processo A oficina é um processo coordenado
pluridimensional e criativo, é algo coletivo, que precisa ser planejado previamente, de
que passa pela construção de várias pessoas. modo a favorecer uma construção coletiva
Por isso, o compromisso e a responsabilidade de conhecimentos, que cheguem a se
dos participantes do grupo são essenciais: expressar num produto concreto. Para isso,
cada um assume uma tarefa na montagem ou será necessário buscar fontes (bibliografia,
na produção do que se quer obter. O desafio assessoria, entre outros) que contribuam para
é a criação coletiva a partir dos recursos do uma apropriação do saber historicamente
próprio grupo, a partir da prática de cada um acumulado e um aprofundamento
em seu cotidiano. A organização do trabalho teórico acerca da temática em questão;
coletivo busca valorizar e potencializar a consequentemente, não se descarta que
adversidade e a potencialidade da cada um. métodos expositivos ou intervenções de
especialistas possam ser necessários em
algum momento da oficina.

É necessário cuidado para não fazer


passar ao grupo a ilusão de estar construindo
algo pretensamente novo, fortalecendo a
consciência histórica e o reconhecimento dos
limites do saber construído no aqui e agora.
O(a) educador(a) que facilita ou coordena a
oficina, além de planejar e buscar as fontes
anteriormente, durante a oficina, assume
a postura de coparticipante, que acredita
na originalidade da contribuição de cada
participante e que, por isso mesmo, não pode
prever qual será o resultado final do processo
que é chamado a conduzir.

51
Caso sejam várias pessoas a coordenar ou
assessorar a oficina, será necessário que haja a
maior sintonia possível entre elas. Como cada
experiência tem sua particularidade, requer
ingredientes adequados e combinados, de forma
a corresponder a cada especificidade local e
conjuntural, a cada público e objetivo. O prazer
de fazer oficina fundamenta-se exatamente
na consciência de estar experimentando algo
singular e de estar aprendendo a experimentar.
O produto que nasce das oficinas terá uma
marca criativa e pluridimensional. Será sempre
algo palpável e/ou visível: um desenho, uma
expressão musical ou plástica, uma colagem,
uma expressão corporal, um cartaz, um texto.
Para isso, será necessário um trabalho contínuo
de sistematização que, no campo popular, pode
ser apoiada com as leituras de Oscar Jara e das
diferentes experiências de sistematização dos
movimentos sociais populares2.

2
Entre os textos que propõem uma sistematização de caráter popular, ressaltamos:
FALKEMBACH, E. M. F. Sistematização. Ijuí, RS: Livraria Unijuí Editora, 1991. (Série Educação Popular, 1). HOLLIDAY,
O. J. Para sistematizar experiências. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1996. p. 213. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/estruturas/168/_publicacao/168_publicacao30012009115508.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2015.
CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES (Brasil). O que é sistematização? Uma pergunta: diversas respostas. São
Paulo: CUT; FAT; Ministério do Trabalho e Emprego, 2000. Disponível em: <http://cirandas.net/articles/0008/6059/
sistematizacao_cut1.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2015.

52
3.5 O Corredor do Cuidado
como prática de cuidado

O Corredor do Cuidado é uma vivência desenvolvida pelos grupos de educação


popular em saúde e movimentos populares no contexto da problematização do
cuidado em saúde. Embora ainda haja uma carência de sistematização e teorização
sobre esta experiência, alguns princípios e “jeitos de fazê-lo” podem ser elencados.
Conforme relato de Melo e Dantas (2012), no Ceará, inicialmente ele foi trabalhado
nas formações em massoterapia que ocorriam no contexto dos movimentos populares.
Sem maiores preocupações em definir suas referências conceituais, os atores e as atrizes
que protagonizavam esses processos partiam da possibilidade de que esses cuidadores
pudessem perceber que, além de realizar uma técnica de massagem, era possível, em
grupo, acolher e cuidar das pessoas do modo como desejariam ser cuidadas. A fim
de desenvolver uma experiência identificada com aqueles que a vivenciavam, partiam
de uma prática cultural da comunidade – o túnel da quadrilha junina – para que,
ao entrar naquele corredor humano, cada pessoa pudesse perceber a importância do
carinho, da amorosidade e do respeito com o outro e com a outra, no sentido de
compreender os limites de cada um na aceitação desse cuidado.

Desde então, o Corredor do Cuidado O jeito como acontece é simples: os


vem se popularizando por meio das cuidadores fazem uma pequena explanação
Tendas de Educação Popular em Saúde, sobre os sentidos do corredor e o papel
costumeiramente chamadas de Tendas de cada pessoa nele. Geralmente, dois ou
Paulo Freire, realizadas em eventos mais facilitadores promovem o convite aos
nacionais e locais da área da Saúde, participantes, como, também, ofertam ao
assim como tem sido intensificado em grupo elementos que comporão o cuidado a
processos formativos protagonizados pelos ser realizado, como músicas instrumentais
movimentos populares. ou cantigas identificadas com a temática,
promovendo o acolhimento, o relaxamento
e a concentração durante a vivencia.

54
A participação é livre e todos(as) que dele participam são
convidados(as) a se permitirem cuidar e serem cuidados(as),
fortalecendo a percepção sobre a necessária horizontalidade nas
relações de cuidado;
A confiança, a entrega, o sentido de pertencimento são
exercitados o tempo todo, ao fechar os olhos e se permitir ser
cuidado ou cuidada por um coletivo de pessoas, companheiros e
companheiras de luta e de comunidade.

Forma-se um corredor humano e alguns cuidadores


ficam fora dele para fazer um cuidado individual
em cada pessoa. Após esse cuidado individual, a
pessoa adentra no corredor enquanto o cuidador
diz ao seu ouvido, palavras de força, valorização,
estímulo e confiança. A pessoa, de olhos fechados,
segue vagarosamente pelo corredor permitindo-se
ser cuidada por todos e todas. Ao final é acolhida
com um abraço pela pessoa que está no final e logo a
seguir esta assume o seu lugar para acolher o próximo
participante3 (DANTAS; FLORÊNCIO, 2015).

Hoje, as vivências do corredor têm agregado, além dos toques


de massagem, cuidados com tambor, maracás, ervas medicinais
aromáticas, reiki, pedras, músicas, poesias que se incorporam de
acordo com o contexto no qual ele ocorre.
A prática do corredor tem anunciado que o cuidar nem
sempre necessita de técnicas apuradas, resgatando a naturalidade
e a humanidade do ato de cuidar e fomentando novas relações no
âmbito da saúde, referenciadas no respeito, no compromisso e na
solidariedade mútuos.

3
O texto “Cuidar do outro é cuidar de mim, cuidar de mim é cuidar do mundo – O Corredor do cuidado” foi publicado no
site da Rede HumanizaSUS. Disponível em: <http://www.redehumanizasus.net/92756-cuidar-do-outro-e-cuidar-de-mim-
cuidar-de-mim-e-cuidar-do-mundo-o-corredor-do-cuidado>. Acesso em: 17 nov. 2015.

55
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
4
METODOLOGIAS
PARTICIPATIVAS PARA O
TRABALHO EM SAÚDE:
SINGULARIDADES E
DIFERENÇAS

61
Desde os primeiros passos deste Concepção Tradicional de Educação:
material, tentamos expressar que a educação “Metodologia autoritária ou elitista” – A
popular em saúde é muito mais que uma metodologia autoritária e dominadora visa
metodologia, sendo que o próprio Paulo à domesticação das pessoas para que elas se
Freire referia sua sistematização muito mais prestem a obedecer e a reproduzir um padrão
como uma Teoria do Conhecimento do que de comportamento que serve a uma ordem
uma metodologia de ensino, muito mais e aos interesses de uma classe dominante.
um método de aprender que um método de Embasada em uma concepção tradicional
ensinar; assim como temos de reconhecer de educação, em síntese, consiste em um
a existência de várias metodologias que se conjunto padronizado de procedimentos
dizem participativas. Contudo, a critério de destinados a transmissão de conhecimento.
exposição, podemos comparar alguns tipos, Um artifício que permite ensinar tudo
entre as várias correntes da educação que a todos, de forma lógica. Lógica esta que
fundamentam determinadas metodologias, seria própria das inteligências adultas,
a fim de mostrarmos os diferenciais básicos plenamente amadurecidas e desenvolvidas,
da educação popular. Sendo assim, ao se e que possuem certa posição de classe
examinar os tipos de metodologias utilizadas (cientistas, filósofos, pesquisadores, entre
em processos educativos, são encontradas outros).
algumas classificações importantes de serem
analisadas:

62
Concepção Freiriana de Educação: Afirma a concepção de educação e
“Metodologia Dialógica ou Libertadora” metodologia, além de trazer implícita uma
– Reconhece que o próprio conceito de concepção epistemológica e uma visão de
metodologia e/ou didática é histórico- mundo, pois são aspectos de uma totalidade
social; portanto, está relacionado com o maior: a prática social (práxis social).
momento e o contexto histórico dos quais Partindo desse pressuposto, a proposta
é produto, bem como dos projetos, das de Freire parte do Estudo da Realidade.
concepções e das ideologias que lhe deram Nesse processo, surgem os Temas Geradores,
origem. Logo, nega a neutralidade do ato extraídos da problematização da prática de
educativo, sustentando como princípio vida dos educandos. Logo, os conteúdos de
deste a politicidade. ensino são resultados de uma metodologia
dialógica. Cada pessoa, cada grupo
envolvido na ação pedagógica, dispõe em si
próprio, ainda que de forma rudimentar, dos
conteúdos necessários dos quais se parte.

O importante não é transmitir conteúdos


específicos, mas despertar uma nova
forma de relação com a experiência vivida,
instigando no educando sua capacidade
de transformar esta realidade apresentada.
A transmissão de conteúdos estruturados
fora do contexto social do educando é
considerada “invasão cultural” ou “depósito
de informações”, porque não emerge do
saber popular. Portanto, antes de qualquer
coisa, é preciso conhecer o aluno. Conhecê-
lo como indivíduo inserido num contexto
social do qual deverá sair o “conteúdo” a ser
trabalhado.

63
Assim, é uma Para Freire, uma
metodologia participativa metodologia que promova
(nem para, nem sobre, mas o debate entre o homem, a
com as diferentes partes natureza e a cultura, entre
envolvidas) e afirma que o o homem e o trabalho,
modo de fazer já é, de certa enfim, entre o homem e o
forma, o que se quer fazer e o mundo em que vive, é uma
para que se faz. Visa despertar metodologia dialógica e,
o senso crítico, a leitura como tal, prepara o homem
da realidade e promover o para viver o seu tempo, com
diálogo entre as partes a fim as contradições e os conflitos
de juntá-las num processo de existentes, e conscientiza-o
construção coletiva. da necessidade de intervir
nesse tempo presente para
a construção e a efetivação
de um futuro melhor. “A
atitude dialógica é, antes de
tudo, uma atitude de amor,
humildade e fé nos homens,
no seu poder de fazer e de
refazer, de criar e de recriar”
(FREIRE, 1986).
Partindo da convicção
de que quem faz é quem
sabe, mas quem pensa sobre
o que faz faz melhor, e quem
faz faz também o sentido
do que faz, a metodologia
dialógica significa, ao mesmo
tempo, um caminho em
que educadores assumem Além disso, tem
uma postura respeitosa como ponto de chegada
e constroem com os o autoconhecimento, o
educandos, promove protagonismo, a necessidade
formas de participação e de unir esforços, de
de colaboração, cujo ponto organizar-se para a conquista
de partida é a convicção de direitos e para assumir-se
de que todos são capazes como sujeito do seu destino e
e desenvolvem diferentes o do coletivo.
habilidades.

64
A educação popular concretiza-se no trabalho que se faz a
partir das necessidades sentidas e num processo de contínuo
comprometimento das pessoas envolvidas. Porém, acreditar
que as respostas espontâneas do povo já sejam alternativas
transformadoras pode apenas significar uma posição tão
autoritária quanto a própria imposição. Com o reconhecimento
e o respeito às iniciativas populares, será necessário potencializar
essas ações a partir da reflexão crítica, potencializando o diálogo
entre as questões locais e as globais.

Assim, alguns sinais indicam a metodologia


da educação popular, aplicada a um processo
político-pedagógico, quando:
• Mobiliza porque rompe com a situação
de dormência e a sensação de impotência,
geradas pela dominação e expressas no
individualismo, no consumismo e no
fatalismo.
• Qualifica, política e tecnicamente, os
sujeitos por meio da experimentação e da
apropriação do conteúdo e do método,
contribuindo com a conscientização.
• Incentiva a construção de espaços de
participação popular, gestão democrática
e participativa, afirmação da cidadania,
ampliação dos direitos e processos de
controle social e de democratização do
Estado.

65
A metodologia dialógica é aquela que
permite a atuação efetiva dos participantes
no processo educativo, valorizando os
conhecimentos e as experiências, envolvendo-
os na discussão, na identificação e na busca
de soluções para problemas que emergem de
suas vidas. É uma prática pedagógica baseada
no prazer, na vivência e na participação ativa
em situações reais ou imaginárias; provoca
a reflexão e propicia aos participantes a
possibilidade de reconstruírem situações
concretas da vida.
Existem diversas formas de construir
processos via técnicas no campo das
metodologias participativas, como o
psicodrama, a dinâmica de grupo, a
aprendizagem vivencial, a oficina, as rodas de
conversas, os círculos de cultura, entre outras.

67
4.1 Orientações pedagógicas

Com base na intencionalidade de fortalecer a participação


popular, o controle social e a gestão participativa na saúde, as
atividades educativas podem ser orientadas a partir de alguns
pressupostos pedagógicos:
• Aproximação e conhecimento da realidade social em que
se vai desenvolver o trabalho, na perspectiva da educação
popular, com as metodologias participativas como
observação do participante, pesquisa-ação, numa atitude de
abertura e de escuta para a construção de diagnósticos das
realidades locais, fomentando a solidariedade e o espírito
de compromisso dos grupos em contato.
• Mobilização social que una os esforços de articulação
e formação (encontros, seminários, oficinas, reuniões
formativas, grupos de estudos, círculos interativos,
intercâmbios de experiências, mutirões de formação
popular e caravanas) em torno de programas concretos,
ligado à defesa da vida e da saúde.
• Desenvolvimento de processos educativos que articulem a
teoria com as práticas sociais, entidades e agentes envolvidos
com diferentes modalidades formativas, instrumentos
didático-pedagógicos e comunicação de massa, cultura
popular de resistência e reinvenção das relações econômicas,
sociais, culturais, ambientais, entre outros.
• Construção coletiva do conhecimento fundamentada
no processo dialético prática-teoria-prática, associando
o conhecimento da realidade com sistematização das
experiências e conhecimentos dos processos de articulação,
formação e mobilização, concretizando o “aprender com a
prática”.
• Articulação das forças sociais com a estruturação de redes
de educadores populares, entidades e movimentos sensíveis
à necessidade de mobilização social para um amplo
mutirão nacional em defesa da saúde e da vida, retomando
os fundamentos da Reforma Sanitária.

68
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
5
METODOLOGIAS
PARTICIPATIVAS

73
Trabalhar de forma participativa contribui
para o aprendizado sobre o assunto em questão
e sobre a prática do trabalho coletivo, aumenta
a visão sobre a realidade e a responsabilidade
com as decisões tomadas.
As metodologias participativas geram um
processo de aprendizagem libertador, visto que
permitem desenvolver um processo coletivo de
discussão e reflexão, ampliam o conhecimento
individual e coletivo e possibilitam a criação, a
formação e a transformação do conhecimento,
em que os participantes são sujeitos de sua
elaboração e execução.
Muitas vezes, as pessoas falam em
metodologia pensando nas dicas de como fazer
as coisas, nos procedimentos e nas técnicas de
grupo ou ainda na sequência de como deve
seguir uma atividade. Porém, como qualquer
método, não é um instrumento técnico neutro,
mas sempre ligado a uma visão de mundo e a
um objetivo histórico concreto. Os processos
pedagógicos também são marcados por
distintas concepções de mundo, sociedade e
educação.

74
5.1 Algumas características das
metodologias participativas

A construção de processos dialógicos, permeados de sentidos e


orientados pela metodologia da educação popular pode ser percebida
quando:
• Anima e apaixona seus participantes porque resgata neles o elemento
da identidade, da esperança e da dignidade (autoestima).
• Mobiliza porque rompe com a situação de dormência e a sensação de
impotência, geradas pela dominação e expressas no individualismo,
no consumismo e no fatalismo.
• Compromete as pessoas, numa dimensão integral da vida, em
processos legítimos de luta pela vida para a emancipação das pessoas
e na sua afirmação como sujeitos sociais.
• Habilita, política e tecnicamente, os sujeitos, por meio da
experimentação e apropriação do conteúdo e do método, construindo
a ampliação dos níveis de consciência.
• Produz fermentação social e mobilização política ao fortalecer ações
coletivas no enfrentamento dos seus problemas e na construção de
soluções que expressem o poder da população.
• Incentiva a construção de espaços de participação popular, gestão
democrática e participativa, afirmação da cidadania ativa, ampliação
dos direitos e dos processos de controle social e de democratização
do Estado.
• Incentiva e contribui para a construção de processos legítimos de
luta pela emancipação e pela vida.
• Facilita a articulação de práticas populares no rumo de um Projeto
Democrático e Popular de transformação social.

A metodologia participativa é aquela que permite a atuação efetiva


dos participantes no processo educativo, valorizando os conhecimentos
e as experiências dos participantes, envolvendo-os na discussão, na
identificação e na busca de soluções para problemas que emergem de
suas vidas. É uma prática pedagógica baseada no prazer, na vivência e na
participação ativa em situações reais ou imaginárias; provoca a reflexão e
facilita aos participantes na construção das situações concretas da vida.

76
5.2 Dicas na construção de
processos participativos

A construção de processos participativos


envolve o planejamento da atividade de
acordo com o tema que será trabalhado, os
objetivos da atividade e as características dos
participantes. Para isso, antes da escolha da
técnica ou dinâmica, é imprescindível que o
responsável pela coordenação, condução ou
facilitação do processo educativo:reflita sobre
as seguintes perguntas:

– Que tema vamos trabalhar?


– Qual o objetivo que queremos alcançar?
– Com quem vamos trabalhar?
(Características dos participantes).

Respondidas essas questões, deve-se escolher qual técnica é mais adequada


para tratar do tema definido, alcançar os objetivos propostos com o público
específico. Posteriormente deve-se definir como vai implementar a técnica,
detalhando os passos no tempo previsto para desenvolver a atividade. E, por fim,
é necessário conhecer e ter domínio do conteúdo sobre o tema que será tratado, a
fim de conduzir o processo com habilidade para a articulação entre os elementos
que o grupo produzir com os elementos de conteúdo já sistematizados.
Além desse roteiro, a criatividade e a flexibilidade são fundamentais para que
o processo educativo seja participativo, democrático, profundo e sistemático,
como, também, para superar as adversidades, como a falta de recursos materiais,
entre outras questões.

78
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
6
AS TÉCNICAS DE GRUPO
COMO PROMOTORAS DA
PARTICIPAÇÃO

83
As técnicas de grupo constituem um valioso
instrumento educacional que pode ser utilizado
para trabalhar a dinâmica relação entre ensino-
aprendizagem em uma perspectiva educacional que
valoriza tanto a teoria como a prática, e considera
todos os envolvidos no processo como sujeitos em
potencial para construção de práxis coletivas.
Quando se opta por técnicas participativas
referenciadas na educação popular, permite-se que
as pessoas envolvidas passem por um processo de
ensino-aprendizagem no qual o trabalho coletivo
é colocado como um caminho para se interferir
na realidade, modificando-a e transformando-a.
Isso porque técnicas participativas comprometidas
com a perspectiva da libertação, inspiradas na
busca de “ser mais”, na dimensão ontológica
dos seres humanos, referenciando a pedagogia
do oprimido de Paulo Freire, permitem que os
participantes sejam sujeitos da ação, provocando-
se mutuamente, possibilitando a articulação entre
os múltiplos saberes e construindo novos saberes.
Isso propicia processos e exercícios da formação
de uma consciência coletiva, comprometida com
a emancipação e a construção de uma sociedade
mais humanizada. Forma vínculos, nos processos
organizativos, nas pautas relacionadas aos direitos
da cidadania, desvelando-os e apropriando-se, a luta
pelo direito à saúde, a defesa do SUS, na realização
de práticas de cuidado em saúde mais integralizadas
e integralizadoras. Como Freire (1970) afirmava, somos
seres relacionais que se constroem em relação.

84
Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que
sou um ser condicionado, mas consciente do
inacabamento, sei que posso ir mais além dele. Esta
é a diferença profunda entre o ser determinado e o
ser condicionado (FREIRE, 2010, p. 53).

Ao optarmos metodologicamente pela educação popular,


estamos afirmando que as técnicas por si só, se implementadas
sem um referencial teórico, metodológico e político, perdem sua
potencialidade. Logo, toda a construção reflexiva que introduzimos
lá no início da publicação, em diálogo com nossas realidades
pessoais e coletivas, são fundamentais para construirmos segurança,
dinâmica e efetividade no emprego das técnicas participativas em
nossos espaços de produção coletiva.

Cabe referir que, em relação às técnicas


participativas, tivemos, no Brasil, há
algumas décadas, a ampliação da produção
de livros, pesquisas e dissertações científicas
mais próximas ao campo do conhecimento
da psicologia organizacional e da
administração, com o nome de “dinâmica
de grupo”, que, inclusive, fazem parte de
nossas referências neste livro. Muitas dessas
produções reúnem técnicas importantes
para integração e organização de grupo;
porém, direcionadas a empresas, com o
objetivo de melhorar a produtividade, a
eficiência e a eficácia no trabalho.

85
É nesse contexto que as técnicas participativas
e tantos outros dispositivos de promoção da
participação entram em cena e os sujeitos
facilitadores e participantes potencializam a
ação. Porém, mesmo a natureza humana sendo
programada para “ser mais”, isso não garante, por
si só, que essa potencialidade se concretize na sua
existência. Para darmos vazão a esse processo de
conscientização das potencialidades e capacidades
de si e do coletivo, é fundamental a criação de
espaços de ação-reflexão-ação que propiciem que
o “ser mais” se emancipe. Este sujeito “inscrito
na natureza dos seres humanos” vive realidades
desumanizantes, que o fragmenta e o individualiza
e faz com que precise buscar nessa natureza humana
o “ser mais”, que pode se concretizar em espaços de
participação, de encontro e de fortalecimento do
sentido de pertença (FREIRE, 2010, p. 75).

O ser humano é essencialmente Assim, o conhecimento, a


um ser relacional e por sê-lo prática, ou seja, a práxis, deixa
carece de outro para a construção de ser individualizada e tem a
de sua identidade. Como meio de oportunidade de ser coletiva.
suprimir esta carência, relações de Além de qualificada pela
convivência são estabelecidas e na
possibilidade de construção
doação de si mesmo, sentimentos
de vínculos, considerando as
de humanização podem ser
construídos. A atitude de ir ao diversas dimensões humanas:
encontro de outra pessoa não intelectuais, afetivas, temporais
acontece por acaso. (GARCIA, e espirituais. Em uma
2011, p. 1). permanente e inesgotável busca
pela integralidade, na qual,
identificando esses fatores, o
grupo e as pessoas problematizam
determinada situação e concebem
coletivamente um saber, que não
nega as contradições, mas que se
ressignifica e desenvolve-se mais
potente na aplicabilidade prática.

86
O uso de técnicas participativas no
processo coletivo do ensino-aprendizagem
não pode ser absolutizado nem
subestimado. Sua utilização serve para
responder a objetivos específicos de uma
determinada estratégia educativa dentro
de um contexto histórico, no sentido de Ao optar pelo uso da técnica de grupo,
estimular a produção do conhecimento e pode-se, por meio de jogos, brincadeiras,
de sua recriação, tanto no grupo/coletivo dramatizações, técnicas participativas,
quanto no indivíduo/singular, uma vez que oficinas vivenciais e círculos de cultura,
a técnica não é um fim, mas um meio, ou elaborar um ambiente descontraído,
seja, uma ferramenta a ser utilizada. discutir temas complexos, polêmicos e até
Nesta interação de saberes, marcados estimular que sejam externados conflitos
definitivamente por aproximações e (do indivíduo e do grupo), buscando
doações multifacetadas, a convivência é estimular os participantes a alcançarem
moldada por diversas mãos, toma formas, uma melhoria qualitativa na percepção de si
cores e as conotações mais variadas. Dessa mesmo e do mundo e, consequentemente,
maneira de viver e conviver, emerge um nas relações estabelecidas consigo mesmo
jeito peculiar de encarar o mundo, de e com o outro. As técnicas de grupo, em
interpretar e decidir a vida, de deixar a uma perspectiva libertadora e freiriana, são
marca no tempo. Nasce a cultura. caminhos para educar e educar-se junto!

87
Outros instrumentos educativos
também podem ser utilizados de acordo
com a possibilidade de diálogo com a
técnica ou estratégia escolhida. Recursos
como projeção, cartazes, tarjetas, desenhos,
vídeos, exposições dialogadas, músicas,
poesias, performances são instrumentos
que, com criatividade, podem potencializar
a facilitação dos processos.

Em todo início de atividade (encontro),


principalmente se for um grupo novo, é estratégico
a realização de pactuações com os participantes.
Uma discussão da pauta proposta, definição de
pactos internos, formação de equipes de trabalho,
distribuição de tarefas, entre outras. Quando se
tratar de uma atividade menor, um debate, por
exemplo, é importante definir com o grupo o horário
de terminar a atividade, o que será possível realizar,
o que já foi preestabelecido, o objetivo da atividade
e a metodologia de abordagem4. Cada participante
deve compreender a dinâmica da proposta, seus
objetivos e passos a serem trilhados. Preparar-se
com antecedência para a atividade é fundamental,
tanto prevendo os recursos necessários (ambiente,
papel, cartolinas, tarjetas, pincel atômico, caneta,
lápis, entre outros) como as estratégias e os caminhos
pedagógicos.
Todo processo educativo deve contemplar
uma avaliação que pode ser processual, ou seja,
realizada durante a vivência, ou final. Para a escolha
da avaliação mais adequada, é necessário que esta
dialogue e seja identificada com a construção
metodológica da técnica de grupo escolhida.

4
Reflexão com base em Susan Chiode Perpétuo e Ana Maria Gonçalves, autoras do livro “Dinâmicas de Grupos na formação
de lideranças”. Artigo publicado na edição 303, fevereiro de 2000, página 2.

88
6.1 Técnicas de grupo – para que servem

As Técnicas de Grupo servem para:


• Estimular a criatividade e a curiosidade sobre a prática a
partir de vivências individuais e coletivas, o que pensam as
pessoas, o que sentem, o que vivem e as situações limite que
enfrentam.
• Desenvolver um caminho de sistematização sobre essa
prática como processo sistemático, ordenado e progressivo.
• Retornar à prática, transformá-la, redimensioná-la,
conforme o caminho da ação-reflexão e da reflexão-ação.
• Incluir e construir novos elementos, a priori desconhecidos,
que facilitem a relação com os processos vividos.
• Exercer o cuidado entre as pessoas, considerando o
que sentem, suas situações limite, como vivem e o que
enfrentam no dia a dia.

6.2 Elementos de uma técnica5

Objetivos: Quem vai aplicar a técnica precisa deixar


evidente o que se quer alcançar, desenvolvendo as
intencionalidades desejadas com o trabalho, pesquisando
com antecedência o tema e a técnica escolhidos.

Materiais-recursos: Devem auxiliar na execução


e na aplicação da técnica (TV, data show, vídeo, som,
papel, tarjetas, cartazes, materiais reciclados, cartolinas
coloridas, tinta, mapas, pincéis, tecidos, plantas...). Cabe
ressaltar que, na implementação das técnicas, além de
recursos externos, a voz e o corpo podem ser considerados
como facilitadores da expressão individual e coletiva.

5
Baseado no texto do jornal Mundo Jovem, edição 313, fevereiro de 2001, p. 20, da Equipe da Casa da Juventude Pe.
Burnier, Caju, Goiânia/GO. Disponível em: <http://www.mundojovem.com.br/dinamicas/educacao/dinamicas-de-grupo-
introducao>. Acesso em: 9 out. 2015.

92
Ambiente-clima: O local precisa ser Metodologia/passos: Deve-se desenvolver
pensado e trabalhado no planejamento da o planejamento dos momentos necessários
atividade, refletindo a necessidade do grupo com sensibilidade e atenção às necessidades
e a intencionalidade do encontro. Ambos do grupo, exercitando o respeito às
em diálogo com o contexto, utilizando-se diferenças e às especificidades individuais,
das técnicas e das ferramentas que melhor assim, o conceito da equidade tem de
facilitem a realidade da ação, reconhecendo ser considerado. Cada momento precisa
suas especificidades e complexidades ser construído com responsabilidade e
(amplo, fechado, escuro, claro, forrado, conexão com o objetivo geral da atividade,
coberto, aberto e ao ar livre...), onde as considerando as dimensões políticas,
pessoas consigam vivenciar o contexto técnicas, como também as subjetivas. Essa
que está sendo proposto. Geralmente afirmativa não quer dizer que a metodologia
optamos por uma sala arejada/climatizada seja uma armadura, que, durante o
ou espaço ao ar livre, com cadeiras móveis, desenvolvimento, conforme a construção
disponibilizadas em círculo, possibilitando ou movimento do grupo, novos valores
o movimento das pessoas. ou objetivos não possam ser agregados
e a própria metodologia não possa ser
transformada. O que apontamos é que tanto
Tempo pactuado: É fundamental ter o planejamento quando o desenvolvimento
uma definição do tempo necessário para devem ser processos pensados.
realização da técnica e obtenção de seus
objetivos. O ideal é que este seja pactuado
com o grupo logo no início da atividade,
mas nunca deixar de estar estabelecido.

Número de participantes: Sua definição ajudará na previsão do material,


do local, do tempo necessário para o desenvolvimento da técnica e na própria
escolha da técnica mais apropriada ao quantitativo planejado.

Reflexões/Avaliações: Permitem resgatar a experiência, avaliando-a: O que


foi visto? Quais sentimentos foram despertados? O que foi aprendido? Possíveis
limitações do processo. O momento da síntese final possibilita a construção de
encaminhamentos que fortalecem as pessoas e o grupo nas suas ações e práticas
futuras, como também permitem ao educador e aos educandos traçarem
estratégias de aprimoramento das técnicas utilizadas e os caminhos percorridos
no processo educativo.

93
6.3 Tipos de técnicas

As técnicas podem ser: vivenciais (de animação e de


análise), com atuação (sociodrama, dramatização, contos
dramatizados), auditivas e audiovisuais (filme, vídeo),
visuais (escritas e gráficas).

I) Técnicas vivenciais:
As técnicas vivenciais podem ser de animação ou de
análise, sendo que as de animação têm como objetivo
unir, criar um ambiente fraterno e participativo e
devem ser ativas e contar com elementos que permitam
a alegria, o humor, a integração e a descontração dos
participantes. É preciso cuidado para não sobrecarregar
a atividade com dinâmicas de animação, pois o abuso
desse tipo de dinâmica pode prejudicar a seriedade da
jornada de formação. Por isso, é preciso ter clareza dos
objetivos de cada uma das dinâmicas a serem aplicadas
num determinado grupo.
Já as técnicas de análise buscam oferecer elementos
simbólicos que permitam refletir sobre situações da vida
real, articuladas às temáticas de aprofundamento.
Nas técnicas vivenciais, outro elemento importante é
a flexibilidade no tempo, as “regras” de cada dinâmica e o
processo de reflexão sobre a vivência feita e o sentido que
tem frente à realidade.

95
II) Técnicas com atuação (Sociodrama, Teatro do
Oprimido, Mística e Cenopoesia):
O elemento central é a expressão corporal,
poética e musical, o movimento, os gestos, a fala,
a percussão possibilitada no contato corporal,
a expressão facial, por meio dos quais situações
são representadas, sentimentos e afetos são
explicitados, ideias, formas de pensar e agir
são expressadas e conflitos são colocados em
evidência. Essas técnicas buscam integrar e agregar
as pessoas, produzindo sentido de pertença,
solidariedade, indignação em relação às injustiças
e fraternidade, possibilitando a construção de
um trabalho coletivo criativo e prazeroso. Para
tanto, é preciso cuidar e preparar com o grupo as
ferramentas que serão utilizadas para a atividade.
Se o foco for a voz, aquecê-la; se for o corpo,
alongá-lo. Esse cuidado prévio é fundamental para
evitar acidentes com os participantes.

96
6.4 Algumas referências significativas

6.4.1 Sociodrama6
É uma metodologia de investigação e intervenção nas relações
interpessoais, nos grupos, entre grupos ou mesmo no relacionamento de
uma pessoa consigo mesma, criada por Jaco Levy Moreno. Um dos objetivos
do Sociodrama é desenvolver o desempenho e o treinamento de papéis,
estimulando a espontaneidade e a criatividade, mobilizando os grupos e
os sujeitos para vivenciarem a realidade a partir do reconhecimento do
outro com suas diferentes experiências. As experiências e os conflitos
dos componentes do grupo propiciam uma ação afetiva, efetiva e ativa,
mobilizando a busca de soluções práticas e reais para as questões abordadas,
a criação de novas alternativas e respostas será o resultado da participação
de todos os componentes do grupo.

6.4.2 O Teatro do Oprimido7


É uma metodologia criada por
Augusto Boal, nos anos de 1960,
que se propõe a usar o teatro como
ferramenta de trabalho político, social,
ético e estético, contribuindo para a
transformação social. Foi desenvolvida
(e, ainda, sendo experimentada e
aprimorada por muitos que têm
utilizado e teorizado sobre este método)
ao longo das diferentes experiências de
Boal, quer na América Latina (quando
do seu exílio, durante a ditadura) quer
na Europa.

6
Definição retirada da página do Instituto Mineiro de Psicograma. Disponível em: <http://www.impsi.com.br/site/index.
php?option=com_content&view=article&id=62&Itemid=80>. Acesso em: 17 set. 2015.
7
Texto de Joana Cruz, que é organizadora do Óprima! 2015. Encontro de TO e Ativismo. Disponível em: <https://oprima.
wordpress.com/o-que-e-o-oprima/about/>. Acesso em:16 set. 2015.

99
6.4.3 Mística8
A mística não é um teatro, é a representação criativa e
inundada de elementos da cultura popular de um fato ou
acontecimento. Os movimentos do campo e, em especial, o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram os
primeiros a usarem esta prática em suas ações (acampamentos,
marchas, encontros, comemorações), sendo, atualmente, um
de seus fundamentos, apropriado por diferentes movimentos
sociais populares. A mística é fruto de uma construção
compartilhada, que envolve diferentes sujeitos. Ela pode
abordar desde um acontecimento local até algo internacional,
como uma guerra ou o aquecimento global, contribuindo
para reflexões individuais e comunitárias sobre determinada
situação. Em muitas situações, a mística impulsiona ou
dinamiza a temática que será trabalhada, é o primeiro contato
da população com determinado tema, por isso, ela deve sempre
estar ligada à temática que se quer trabalhar.

6.4.4 Cenopoesia9
É uma manifestação artística construída por arte-
educadores populares que, referenciados na EPS, assumem
uma atitude em cena que envolve arte, criticidade, política,
amorosidade e ação, a partir de instrumentos como textos,
músicas, danças, intervenções, performances, poesias, cantigas
e falas, para exercer o cuidado aos sujeitos que lutam, animar
a esperança dos que resistem e, no campo da saúde, contribuir
para transformar a realidade ainda ancorada no modelo
biomédico de alguns espaços de serviços e setores da Saúde
Pública.

8
Texto de Maria Edi da Silva Comilo e Elias Canuto Brandão. Educação do Campo: A mística como pedagogia dos gestos
no MST. Disponível em: <http://www.unifil.br/portal/arquivos/publicacoes/paginas/2011/8/371_469_publipg.pdf>. Acesso
em: 17 set. 2015.
9
Algumas páginas que concentram essas expressões: a) Cenopoesia do Brasil – <http://wwwcenopoesiadobrasil.blogspot.
com.br/>; b) Universidade Popular de Arte e Ciência (UPAC) – <http://www.upac.com.br/#/home>; c) De sonhação a vida
é feita, com crença e luta o ser se faz. Livro com Roteiros Cenopoéticos do idealizador do conceito Ray Lima, publicado pelo
Ministério da Saúde – <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sonhacao_vida_feita_crenca_luta.pdf.>.

100
III) Técnicas plásticas e audiovisuais (filmes,
fotografia, grafite, entre outros):
As diferentes expressões artísticas
contribuem e relacionam-se com os processos
de sistematização dos espaços protagonizados
por grupos e coletivos de educação popular
em saúde que, com o impulso criativo das
aspirações políticas, o diálogo com a realidade
de luta pelo direito à saúde, realizam sínteses
em cartas, colchas de retalhos, pintam quadros,
criam poesias e formulam suas palavras
de ordem. Assim, avaliam, encaminham e
organizam propostas com beleza, leveza,
mística e solidariedade.
Também, nos diversos encontros e projetos
construídos entre esses atores individuais e
coletivos do campo da EPS, têm-se utilizado
de ferramentas audiovisuais para sistematizar,
posicionar-se politicamente e construir produtos
que servirão para processos formativos com os
coletivos, movimentos sociais e trabalhadores.

101
6.4.5 Filmes
Até poucas décadas, o emprego
ou uso do filme era restrito ao desafio
trabalhoso da construção do Cinema;
a critério de curiosidade, lembra-se
que o primeiro longa metragem foi
filmado na França, no final do século
XIX. Sua inserção na saúde inicia-
se nos primeiros momentos a favor
da comercialização, no processo da
medicalização no País, por meio das
propagandas, conforme mostra o filme
Aspirinas e Urubus. Com o surgimento
da televisão, esse processo foi propagado
e hoje temos um verdadeiro desserviço
sendo realizado cotidianamente por
meio das telas de TV a serviço da venda
e da construção de uma concepção
equivocada de saúde junto à população.
O emprego do filme ainda é tímido em
relação à sua potencialidade no campo
dos processos organizativos e educativos
das práticas de EPS; em especial, no
campo institucional da gestão da
política de saúde. Por outro lado, muitas
experiências de movimentos populares
têm sido percebidas nas últimas décadas,
organizações sociais e populares, ao se
apropriarem da tecnologia das câmeras,
usam a técnica de elaborar filmes para
sistematizar, dialogar com a sociedade
e demonstrar suas posições, visões
de mundo e sobre a saúde, criando
instrumentos organizadores e reflexivos
de práticas populares, atos políticos e do
trabalho em consolidação do cuidado
em saúde no SUS e na sociedade.
São exemplos desse trabalho a
sistematização das etapas do Projeto de

102
Articulação dos Coletivos de Educação Popular em Saúde (Paceps)10, o vídeo Nas Asas
da Arte11, produto da sistematização da Caravana de Equidade e da Educação Popular
em Saúde, entre tantos outros. E, de forma mais expressiva, merece destaque a grande
produção que, a partir do Programa de Formação em Educação Popular em Saúde para
Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Vigilância em Saúde (EdPopSUS)12, foi
realizada nos nove estados onde essa experiência foi implementada entre os anos 2013
e 2014. Instigados pela construção metodológica do EdpopSUS, trabalhadores(as) e
educadores(as) populares participantes realizaram inúmeras sistematizações por meio
de câmaras portáteis de celulares, que ganharam grande visibilidade nas redes sociais.
Essa experiência demonstrou o quanto é possível, sem grandes recursos técnicos,
construir novas linguagens e fortalecer processos no caminho de uma comunicação
mais popular em saúde, menos doutrinária, mais crítica, poética e reflexiva, a partir das
próprias práticas realizadas no cotidiano do fazer em saúde.

6.4.6 Fotografia
Essa técnica já tem registros de 300 anos a.C, com as experimentações realizadas
por químicos e alquimistas em suas experiências inventivas. Ela passou por várias
modificações históricas até chegar à era da tecnologia e da produção de imagem, o
que a fez ganhar leveza e acesso a mais e mais pessoas. Com um celular, é possível
registrar imagens de maneira muito simples e rápida. Apesar de a tecnologia contribuir
para desapropriar o trabalho das pessoas e atribuí-lo a instituições que organizam as
informações, por outro lado, permite aos grupos registrar suas atividades e construções,
assim como facilita o trabalho dos arte-educadores na qualificação de suas produções
artísticas. As ilustrações do II Caderno de Educação Popular em Saúde13, do Ministério
da Saúde, são um bom exemplo da potência dessa técnica.

10
Fizeram parte do Projeto de Articulação dos Coletivos de Educação Popular em Saúde os seguintes grupos: Articulação
Nacional de Movimento e Práticas de Educação Popular em Saúde (Aneps), Articulação Nacional de Extensão Popular
(Anepop), Grupo de Trabalho de Educação Popular em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (GT EPS da
Abrasco) e Rede de Educação Popular em Saúde (Redpop), com o apoio do Ministério da Saúde e protagonismo dos coletivos.
11
Nas Asas da Arte é a versão em vídeo da Caravana da Equidade e da Educação Popular em Saúde, que percorreu o Estado
do Ceará em 2013 na parceria entre as Cirandas da Vida, Aneps e a Associação de Rádio Jovem na Internet (Ajir). Link.:
<https://www.youtube.com/watch?v=CK2__SaTy4Q>.
12
O EdPopSUS teve sua primeira realização concluída com a participação de mais de 18 mil pessoas e está em processo
de planejamento da 2ª Edição na perspectiva de aprofundamento, quadruplicando a carga horária e ampliando para 13 o
número de estados envolvidos, ampliando o público alvo. Confira as centenas de vídeos produzidos pelos participantes nas
redes sociais e registrados no YouTube.
13
O II Caderno de Educação Popular em Saúde, do Ministério da Saúde, faz parte de um conjunto de edições de textos,
relatos de experiências e artigo de pensadores e educadores populares que inspiraram a construção da educação popular
em saúde e que a fazem no cotidiano do SUS e da sociedade brasileira. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/2_caderno_educacao_popular_saude.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015.

103
6.4.7 Grafite
Surgiu com força nas zonas urbanas, por volta da década
de 70, em Nova Iorque e na Capital Paulista. Essa técnica é
marca de vários movimentos e considerada um dos quatro
elementos do Movimento Hip Hop. Caracterizada como
arte em paredes e com grande adesão da juventude, esta
arte vem sofrendo várias alterações, ganhando novos
contornos e cores. Uma arte que, com sua mensagem política
e a beleza dos detalhes, vem transformando os cenários das
comunidades nas grandes metrópoles e ganhando espaço
nas áreas públicas e também privada. São realizados diversos
“mutirões de grafite” no Brasil, na América Latina e no
Mundo, sendo que se pode destacar o trabalho da Rede de
Resistência Solidária (RRS), de Pernambuco. Esta realiza
mutirões mensais nas comunidades, sempre na perspectiva
de fortalecer um coletivo que compõe a Rede e precisa
de apoio em suas ações comunitárias, além de construir
um movimento de independência e de projeto popular de
sociedade.

IV) Técnicas Visuais


As técnicas visuais são aquelas que se utilizam da escrita, de desenhos
ou de gráficos como elementos centrais para representar graficamente o
trabalho, a fim de que este seja visto (além de ouvido) pelo grupo.
Podem ser elaboradas por um grupo no processo de formação,
caracterizam-se por ser o resultado direto daquilo que o grupo sabe,
conhece ou pensa sobre determinado tema e é produto do trabalho
coletivo no mesmo momento de sua aplicação.
Na utilização desses tipos de técnicas, é fundamental que a letra
seja legível por todos e que a redação seja concreta, deixando claras e
resumidas as ideias centrais de um debate coletivo. Isso ajuda a concentrar
e a concretizar as ideias e as reflexões do grupo.

104
Os materiais elaborados com
antecedência, como a leitura de textos,
que são resultado de uma reflexão ou
interpretação de pessoas externas ao grupo
ou de elaboração individual, devem trazer
elementos novos para o aprofundamento
da temática no grupo. É importante ver
se a redação, o conteúdo e a linguagem
dialogam com a realidade dos participantes.
A utilização deve ser acompanhada de passos
metodológicos que permitam a participação
e o debate coletivo sobre o conteúdo.
Para facilitar a reflexão do grupo, pode-se V) Técnicas de Integração e Comunicação:
utilizar a estratégia de perguntas, as quais são
Estas técnicas permitem observar e
respondidas por meio de cartões coloridos,
refletir o comportamento pessoal e grupal
distribuídos aos participantes, podendo-
a partir de exercícios bem específicos,
se estabelecer uma cor para cada uma das
que possibilitam partilhar aspectos mais
perguntas. É importante salientar que são
profundos das relações interpessoais no
indicadas, no máximo, quatro perguntas
grupo. Além disso, elas auxiliam da seguinte
para que se preserve a qualidade do trabalho.
forma:
A pergunta deve ser clara, simples e objetiva,
passível de resposta em nível individual e • Trabalham a interação, a comunicação,
coletivo. Após a construção das respostas, os encontros e desencontros no grupo.
cartões preenchidos, o facilitador os fixa • Ajudam a sermos vistos pelos outros
em uma parede ou painel. A leitura e a na interação grupal e como vemos a
problematização das respostas pelo coletivo nós mesmos. O exercício do diálogo
promoverão o processo de comunicação crítico, amoroso e respeitoso no lugar
do grupo, facilitando o envolvimento e o da indiferença e da discriminação.
aprofundamento de todos com o tema.
Essa técnica é muito utilizada para se fazer • Os exercícios interpelam as pessoas a
planejamento participativo. pensarem suas atitudes e seu jeito de ser
em relação ao outro ou ao grupo.

105
VI) Técnicas de Animação e Relaxamento:
Essas técnicas têm como objetivo diminuir
as tensões nos participantes, de modo que eles
possam soltar o corpo e se voltarem para si mesmos.
Permite aos envolvidos cuidar do cansaço, da
ansiedade, das fadigas, provocando o relaxamento
e o distensionamento corporal. São indicadas para
todos os encontros em grupo, em especial para iniciar
os trabalhos; exigem avaliação prévia do contexto
para adequação às realidades. Facilitam, também, o
encontro entre pessoas que pouco se conhecem. São
relevantes para provocar os participantes a entrarem
em contato com outras dimensões que os integram:
a corporal, a afetiva, a cognitiva, entre outras. Ter
consciência dessas dimensões contribui para que
as pessoas estejam mais atentas a si e aos outros no
exercício do trabalho, da vida e da militância.

VII) Técnicas para Avaliação:


As técnicas para avaliação dos grupos e coletivos
precisam ser permanentes. Também precisa ser uma
alerta ao(a) facilitador(a) do processo, possibilitando a
mudança de percurso, caso seja necessária, para manter
o grupo unido e alcançar o objetivo da atividade.
Essas ações são bem-vindas durante o processo de
construção e, tradicionalmente, aparecem durante o
processo de finalização das atividades.
É preciso atentar para a necessidade de reavaliar o
processo em seu desenvolvimento; às vezes, é melhor
parar para problematizá-lo do que continuar insistindo
em um mecanismo que não esteja integrando o grupo.
Nesses casos, é fundamental fazer com o coletivo e
reformular a estratégia a partir do diálogo. Possibilita a
análise do desenvolvimento da atividade, a participação
e a integração de cada um dentro do grupo.

106
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
7
ALGUMAS DICAS

113
7.1 Técnicas

QUANTO TEMPO EU TENHO

Objetivo: provocar a descontração dos participantes,


concentração, relaxamento e o conhecimento sobre o outro.
Material: som, CD, caixa de fósforos, cartaz, fichas etc.
Local: importante analisar a circulação do vento no
espaço e a sensibilidade de detectores de fumaça, quando
houver.
Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
Tempo de duração: 30 minutos, podendo ser mais, se o
número de participantes for maior.
Desenvolvimento/Metodologia:
Opção 1: 1. Todos, em círculo, o(a) facilitador(a) faz
um exercício de relaxamento movimentando e alongando
levemente os braços e as pernas, chamando a atenção para
consciência na respiração; 2. O a) facilitador(a) distribui um
palito de fósforo, não usado; 3. Pede a um participante que
risque o fósforo e apresente-se enquanto o fósforo estiver
aceso. O(a) participante fala da sua origem, informação
relacionada à atividade geral e acrescenta algo que gosta e
que não gosta. 4. O participante deve falar somente o tempo
em que o fósforo estiver aceso. Caso alguém não consiga,
o(a) facilitador(a) poderá usá-lo para que os outros façam
perguntas pessoais, da atuação e/ou do trabalho, como
numa entrevista.

114
Opção 2: outra variante dessa técnica é fazer com que
os participantes conversem em dupla e depois utilizem
o fósforo para falar o que conhece do companheiro. 1.
Essa técnica serve também para perguntar, por exemplo:
o que significa o direito à saúde? Ou, ainda, para revisar
qualquer disciplina ou conceito pertinente ao objetivo da
técnica. No final, o(a) facilitador(a) instiga os participantes
a refletirem sobre o processo: se conseguiram expressar
os pontos mais importantes na apresentação; como se
sentiram; se é fácil falar de nós mesmos; o que significa
um fósforo aceso marcando o tempo; o que significa o fogo
iluminando; entre outras questões.
Reflexões: possibilita refletir sobre quem nós somos,
o que fazemos, o tempo que estamos vivendo e o que
podemos ser para os outros e sobre a capacidade de
utilizarmos bem o nosso tempo.
Fonte: Ronildo Rocha, Catolé do Rocha, PB.
Endereço eletrônico: <ronildorocha@yahoo.com.br>

DOIS CÍRCULOS

Objetivo: motivar um conhecimento inicial para que


as pessoas aprendam, ao menos, os nomes umas das outras
antes de se iniciar uma atividade em comum e proporcionar
a integração do grupo.
Material: uma música tocada ao violão ou com som, uma
sala arejada com espaço para fazer uma roda.
Número de participantes: é importante que seja um
número par de pessoas. Se não for o caso, o facilitador (a) da
técnica pode requisitar um “auxiliar”; em média, 30 pessoas.

115
Tempo necessário: em média, 40 minutos.
Desenvolvimento/metodologia: 1.
Formam-se dois círculos, um dentro do outro,
ambos com o mesmo número de pessoas. 2.
Quando começar a tocar a música, cada círculo
gira para um lado. 3. Quando a música para
de tocar, as pessoas devem se apresentar para
quem parar à sua frente, dizendo o nome e
alguma outra informação que o educador(a)
da técnica achar interessante para o momento.
Repete-se até que todos tenham se apresentado.
4. A certa altura, pode-se, também, misturar as
pessoas dos dois círculos para que mais pessoas
possam se conhecer.
Fonte: livro Aprendendo a ser e a conviver,
de Margarida Serrão e Maria Clarice Baleeiro,
Editora “FTD”, 1999.

SOCIALIZANDO EXPECTATIVAS

Objetivo: proporcionar uma aproximação do


grupo, num clima de descontração e confiança.
Material: sala espaçosa, pedaços de cartolina, giz
de cera coloridos e lápis hidrocor.
Número de participantes: de 10 a 30 pessoas.
Tempo de duração: aproximadamente, 60
minutos.
Metodologia/desenvolvimento: 1. Forma-se um
círculo com todos os participantes. 2. O(a) facilitador(a)
direciona os participantes a sentirem o corpo, os pés,
a respiração, a soltar-se e a tocar o chão. 3. Formam-se
duplas e desenham-se, numa cartolina, os seus pés; 4.
Escreve-se, no pé direito, o nome que cada um daria a

116
seu pé. 5. No pé esquerdo, escrever a expectativa que tem
com a atividade. 6. No meio dos pés, escrever o que cada
um trouxe para alcançar a expectativa. 7. Após cada dupla
se apresentar, o(a) facilitador(a) sistematiza, num cartaz,
as expectativas e o que cada um trouxe para alcançá-las
e as coloca na parede da sala. 8. Este painel poderá ser
retomado no momento de avaliação da atividade.
Reflexões: essa técnica permite desenvolver a
criatividade dos participantes, fazer com que eles reflitam
sobre as suas expectativas e os dispositivos e capacidades
que reconhecem em si mesmos para alcançá-las.

TEIA DA VIDA

Objetivo: proporcionar a integração do grupo,


desenvolver a concentração, a reflexão sobre as potências
e as limitações dos processos da vida e provocar a aposta
na construção coletiva.
Material: um novelo de linha ou de lã.
Sugestão de música para desenvolvimento da técnica:
Trecho de Música: Costura da vida (Sérgio Pererê)
Tom: G

G C D G
Eu tentei entender a costura da vida,

C D G
Me enrolei, pois a linha era muito comprida (2x).

D G
Como é que vou fazer para desenrolar, para desenrolar! (2x)

117
Obs.: os facilitadores poderão adequar as letras e as
melodias à sua realidade e/ou à necessidade do grupo.
Número de participantes: de 15 a 30 pessoas.
Tempo de duração: de 30 a 60 minutos, dependendo da
quantidade de pessoas.
Metodologia/desenvolvimento: os participantes
colocam-se em pé formando um círculo. A um deles é
entregue o novelo. O(a) participante é provocado(a) a dizer
seu nome, de onde é, o tipo de trabalho que desenvolve e o
interesse de sua participação. Depois, pega a ponta do fio
e joga a bola a outro participante, que, por sua vez, deve
apresentar-se da mesma maneira. A ação se repete até que
todos os participantes fiquem entrelaçados numa espécie de
teia ou rede. A depender da quantidade dos participantes, é
sugerido que se cante a cantiga acima, para, durante a técnica,
movimentar os participantes e manter a energia coletiva.

Depois que todos se apresentam, o facilitador provoca aos participantes uma


questão síntese, relacionando as questões trazidas por todos com as objetivadas
com a atividade. Em seguida, sugere a quem ficou com o novelo que devolva a
quem lhe entregou, partilhando uma palavra ou uma frase síntese em resposta
à provocação do facilitador. Assim sucessivamente, de tal forma que se enrole a
linha em forma de bola e se refaça a trajetória anterior, porém, no sentido inverso,
até que volte ao participante que a iniciou. É preciso avisar aos participantes da
importância de estarem atentos durante a apresentação de cada um, pois não se
sabe a quem vai ser lançado o novelo. Depois deverá repetir os dados de quem
lançou, exercitando o respeito e atenção ao saber e à história do outro.
Reflexões: a técnica pode permitir aos participantes a partilha de si mesmo
em grupo, o exercício simbólico e prático de construir relações ao jogar o novelo.
Permite, ainda, refletir sobre a complexidade e a possibilidade de construção de
redes e articulação de parcerias na elaboração de estratégias que fortaleçam um
projeto democrático e popular de sociedade.
Obs.: este painel poderá ser retomado no momento de avaliação da atividade.

118
OS REFRÃOS

Objetivo: fazer uma apresentação animada e


descontraída com os participantes.
Materiais: papéis com pedaços de refrãos musicais,
ditados populares, frases de autores implicados com o
tema, e também são sugeridos os princípios da Política
Nacional de Educação Popular em Saúde (Pneps-SUS).
O conteúdo dos papéis precisa ser escritos previamente.
Número de participantes: até 30 pessoas.
Tempo de duração: de 30 a 60 minutos.
Metodologia/desenvolvimento: um papel é entregue
para cada pessoa. Cada refrão é escrito em dois papéis,
o começo do refrão em um e a complementação dele
em outro. O(a) facilitador(a) pede que cada um busque
um(a) participante que tem a outra parte do refrão.
Dessa maneira, os pares vão se formando e trocando
informações para a apresentação. Geralmente, esta
técnica é usada em combinação com a apresentação em
duplas. Buscar refrãos pouco comuns para que o grupo
possa conhecê-los.
Reflexões: essa técnica permite a descontração dos
participantes e sensibilizá-los para a interação musical e
permite a descontração dos participantes.

119
BAÚ DE RECORDAÇÕES

Objetivo: despertar a sensibilidade, o respeito e


a discrição ao sentimento do outro, ao falar de suas
recordações, fazendo uma apresentação do grupo
provocando outras dimensões.
Material necessário: cada pessoa deve trazer para
o encontro uma recordação, um objeto que guarda por
algum motivo especial, um baú e algumas chaves.
Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de, aproximadamente, 40 minutos.
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) coloca o baú sobre uma mesa,
no centro do grupo. Ao lado dele, encontram-se as
chaves numeradas. À medida que os participantes
vão chegando, depositam sua recordação no baú,
retiram uma chave e vão ocupar o seu assento,
formando um círculo em volta do baú.
2. O(a) facilitador(a) motiva o exercício, com
as seguintes palavras: “Nós, seres humanos,
comunicamo-nos também por meio das coisas.
Os objetos que guardamos como ‘recordações’
revelam a nós mesmos, assim como expressam
aos demais, algo de nossa vida, de nossa
história pessoal e familiar. Ao comentarmos
nossas recordações, vamos revelar, hoje, parte
dessa história. Preparemos nosso espírito para
receber este presente tão precioso constituído
pela intimidade do outro, que vai partilhá-la
gratuitamente conosco”.
3. O (a) facilitador (a) convida a pessoa cuja chave
contenha o número 1 a se apresentar, retirar
sua recordação do baú, apresentá-la ao grupo e
comentar o seu significado. Os demais podem fazer

120
perguntas. Assim, pode-se continuar a técnica
até que seja retirada do baú a última recordação.
O(a) educador(a) também participa.
4. O(a) facilitador(a) direciona o grupo a refletir
sobre as seguintes questões: Para que serviu o
exercício? Como nos sentimos ao comentar as
nossas recordações? Que ensinamento nos traz?
O que podemos fazer para nos conhecermos
cada vez melhor?
Obs.: o(a) facilitador(a) deve confeccionar
previamente um baú, no qual serão depositadas as
recordações, e uma pequena chave numerada para
cada integrante. A numeração da chave indica a
ordem de participação.

DINÂMICA DO DESAFIO

Objetivo: motivar um conhecimento inicial, para que as pessoas


aprendam o nome umas das outras antes de se iniciar uma atividade
em comum.
Material necessário: caixa de bombom embrulhada para
presente, aparelho de som e CD.
Número de participantes: até 30 pessoas. Indica-se que seja
desenvolvida com público adulto, entre 15 e 20 pessoas;
Tempo de duração: de 30 a 40 minutos.
Metodologia: explica-se aos participantes que, nesta técnica,
passaremos uma caixa e que dentro dela há um comando a ser
cumprido por quem ficar com a caixa quando a música parar.

121
Toca-se uma música animada, a fim de que as
pessoas movimentem-se, descontraiam-se e aliviem
as tensões, iniciando o processo de interação no
grupo.
O facilitador deve estar de costas para não ver
quem está com a caixa ao parar a música. Faz um
pequeno suspense, com perguntas do tipo: estão
preparados(as)? Você vai ter que “pagar o mico”,
seja lá qual for a ordem; você vai precisa obedecer,
quer abrir? Ou vamos continuar? Repete a música
e passa novamente a caixa, se aquele topar em não
abrir, podendo-se fazer isso por algumas vezes e, na
última vez, avisa que agora é para valer. Quem pegar
agora vai ter que abrir, certo? Essa é a última vez
e, quando o felizardo o fizer, terá a feliz surpresa e
encontrará um chocolate sonho de valsa com a frase
“coma o chocolate”!

Reflexões: essa técnica nos ajuda a perceber o


quanto temos medo de desafios, observando como
as pessoas têm pressa no passar a caixa adiante.
Porém, precisamos ter coragem e enfrentar os
desafios da vida, pois, por mais difícil que seja o
desafio, no final podemos ter uma feliz surpresa ou
vitória. Por fim, é fundamental refletir criticamente
quais desafios estão conectados com o projeto de
vida e de sociedade que estamos construindo. Na
Pneps-SUS, é ofertado um conjunto de princípios e
intencionalidades, já aqui partilhados, que podem
ser instrumentos de animação desta construção.
Retomamos que o último sinaliza o compromisso
com a construção de um projeto político democrático
e popular de sociedade.

122
A CONSTRUÇÃO COLETIVA DO ROSTO

Objetivos: fazer com que os membros do grupo sintam-


se à vontade uns com os outros.
Material necessário: papel A4 e giz de cera; sala com
cadeiras, almofadas ou tapetes, que permita aos usuários se
organizarem em círculo.
Número de participantes: de 20 a 30 participantes.
Tempo de duração: de 30 a 40 minutos.
Metodologia:
a) Orientar os participantes para sentarem-se em círculo.
b) Distribuir, para cada participante, uma folha de papel
A4 e um ou mais giz de cera e orientar para desenhar o
seguinte:
– uma sobrancelha somente;
– passar a folha de papel para as pessoas da direita e
pegar a folha da esquerda;
– passar novamente;
– desenhar um olho;
– passar novamente;
– desenhar o outro olho;
– passar à direita e... Completar todo o rosto com cada
pessoa colocando uma parte (boca, nariz, queixo,
orelhas, cabelos).
d) Quando terminar o rosto, pedir à pessoa para
contemplar o desenho.
e) Orientar para dar personalidade ao desenho final,
colocando nele seus traços pessoais.
Reflexão: refletir e partilhar os sentimentos que vieram
ao realizar a construção coletiva do desenho.
Fonte: A construção da solidariedade e a educação do
sentimento na escola. Editora Mercado de Letras.

123
CAÇA AO TESOURO

Objetivo: ajudar as pessoas a memorizarem os


nomes umas das outras, desinibir, facilitar a identificação
entre as pessoas parecidas, possibilitando estreitar as
relações interpessoais e a construção de vínculos.
Material necessário: uma folha com as questões e
um lápis ou uma caneta para cada um.
Número de participantes e tempo de duração: de
15 a 20 pessoas. Se for um grupo maior, é interessante
aumentar o número de questões propostas. O tempo
previsto para o desenvolvimento é de 30 minutos.
Metodologia:
O(a) facilitador(a) explica aos participantes que
agora se inicia um momento em que todos terão a
grande chance de se conhecerem mais.
A partir da lista de descrições, cada um deve
encontrar uma pessoa que se encaixe em cada item e
pedir a ela que assine o seu nome na lacuna.
1. Alguém com a mesma cor de olhos que os seus.
2. Alguém que viva numa casa verde.
3. Alguém que já tenha morado em outra cidade.
4. Alguém cujo primeiro nome tenha mais de seis
letras.
5. Alguém que use óculos.

124
6. Alguém que esteja com uma camiseta da mesma cor que a sua.
7. Alguém que goste de verde-abacate.
8. Alguém que tenha a mesma idade que você.
9. Alguém que esteja de meias azuis.
10. Alguém que tenha um animal de estimação (qual?).
Pode-se aumentar a quantidade de questões ou reformular estas,
dependendo do tipo e do tamanho do grupo.
Fonte: “Dinâmicas em Fichas” – Centro de Capacitação da
Juventude (CCJ) – São Paulo. <http://www.ccj.org.br>

COLCHA DE RETALHOS

Objetivo: conhecer a nós mesmos e ao contexto que nos


rodeia. Buscar a identidade cultural para entender nossos
sentimentos e os daqueles com quem compartilhamos a vida.
Material necessário:
* Tecido – lona, algodão, morim – cortado em tamanho e
formatos variados.
* Tinta de tecido ou tinta guache (é bom lembrar que o
guache se dissolve em água).
* Linha e agulha ou cola de tecido.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de quatro horas, utilizando-se uma manhã
ou uma tarde, podendo variar em função do quantitativo de
pessoas. Uma vez que exige reflexão pessoal e elaboração.

125
Metodologia:
1ª Etapa – História de Vida
Peça a todos os participantes para relembrarem
um pouco de suas histórias pessoais e das histórias de
suas famílias, pensando em suas origens, sentimentos,
sonhos, e momentos marcantes, enfim, em tudo aquilo
que cada pessoa considera representativo de sua vida.
Depois disso, peça para escolherem pedaços de tecidos
para pintar símbolos, cores ou imagens relacionadas às
suas lembranças. Esse é um momento individual, que
deve levar o tempo necessário para que cada um sinta-se
à vontade ao expressar o máximo de sua história de vida.
Quando todos terminarem, proponha a composição
da primeira parte da Colcha de Retalhos, que pode ser
feita costurando ou colando os trabalhos de cada um,
sem ordem definida, os quais comporão a parte interna
da colcha.

2ª Etapa – História da Comunidade


Esta etapa exige muito diálogo entre os participantes, que
devem construir a história da comunidade onde vivem. Uma
boa dica é pesquisar com os mais velhos.
O grupo escolhe alguns fatos, acontecimentos e
características da comunidade para representá-lo também
em pedaços de tecido pintados. Pode-se reunir as pessoas em
pequenos grupos para a criação coletiva do trabalho. Todas
as pinturas, depois de terminadas, deverão ser costuradas ou
coladas compondo um barrado (barra lateral ou babado) na
colcha.

126
3ª Etapa – História da cidade, do país, da Terra
A partir daqui, a ideia é dar continuidade à colcha
de retalhos, criando novos barrados, de forma a
complementá-la com a história de vida da cidade, do
País, do mundo e até a do universo. Não há limites
nem restrições. O objetivo principal é estimular nos
participantes a vontade de conhecer e registrar a vida,
em suas diferentes formas e momentos. Desse modo,
poderão sentir-se parte da grande teia da vida.
Reflexão para o facilitador: Quantas vezes sentamos
ao lado de nossos avós ou mesmo de nossos pais para
escutar aquelas longas histórias que compuseram a vida
e a trajetória da nossa família e, portanto, a trajetória
da nossa vida? Quantas vezes paramos para pensar na
importância do nosso passado, nas nossas origens, e
mais, de nossa comunidade? Indo um pouco mais longe,
quantas vezes paramos para pensar como a cultura da
nossa cidade e de nosso país influencia o nosso modo de
ver as coisas?

Pois é. Nós somos aquilo que vivemos. Somos um


pouquinho da vida de nossos pais e avós, dos nossos amigos,
daqueles que amamos, do nosso bairro, das pessoas que estão à
nossa volta, seja na cidade ou no país onde vivemos.
Isso é o que se chama identidade cultural, estimula o sentido
de pertença nas palavras de Freire. E esta é uma atividade que
ajuda a buscar essa identidade – o que significa buscar a nossa
própria história, conhecermos a nós mesmos e a tudo que nos
rodeia. Buscar a identidade cultural é “entender, respeitar ou
desconstruir” nossos sentimentos e os daqueles com quem
compartilhamos a vida.
Fonte: Paz, como se faz? Semeando cultura de paz nas
escolas, Lia Diskin e Laura G. Roizman.

127
MARCAS DO QUE EU SOU

Objetivo: avaliar a caminhada do grupo ou o


andamento de uma reunião por meio de manifestações
simbólicas dos participantes.
Material necessário: lápis e papel.
Número de participantes: de 20 a 30 participantes.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 60 minutos.
Metodologia:
a) Pedir para o grupo fazer uma caminhada pela sala e
ir imaginando como é a vida em uma floresta. Como
funciona a floresta? Que tipos de vida identificamos na
floresta?
b) Pedir para cada um imaginar como são os animais
que vivem na floresta.
c) Motivar para que cada um(a) vá se concentrando em
apenas um animal. Imaginando suas características, a
forma como ele vive na floresta, como reage a possíveis
ataques etc.
d) Pedir para que cada um pare por um instante
vá incorporando o jeito do animal que escolheu,
procurando ser fiel na sua forma de caracterizá-lo.
e) O(a) facilitador(a) deixa os participantes
vivenciarem, por um instante, os animais escolhidos.
Em seguida, diz que em toda floresta tem um predador,
um caçador que ataca ou persegue um determinado
animal. Dizer para cada um assumir seu papel.

128
f) O(a) educador(a) motiva a simulação, ainda,
de outras situações que acontecem na floresta,
como, por exemplo: uma forte tempestade, uma
grande seca, uma longa noite, estimulando os
participantes para vivenciarem estas realidades.
g) Feito isso, o educador(a) pede a cada
participante para escrever em seu caderno os
seguintes passos:
1) Descrever qual é a personalidade do
animal escolhido que ele pessoalmente
escolheu e encarno,; destacando as reações, o
comportamento (o que é bom e o que não é tão
bom).
2) Pedir para fazerem uma comparação, tentando
perceber as semelhanças da personalidade do
animal e com a sua personalidade.
3) Encontrar-se por grupos para partilharem as
descobertas feitas.

Reflexão:
Ajuda a ampliar a reflexão sobre personalidades
humanas, pontuando as diferenças, a interação
nas relações e outros aspectos.
Fonte: Equipe da Casa da Juventude Pe.
Burnier, Caju, Goiânia/GO. Subsídio de Apoio da
Escola de Educadores de Adolescentes e Jovens.
<http://www.casadajuventude.org.br>

129
ESCUDO

Objetivo: ajudar as pessoas a expor planos, sonhos,


jeitos de ser, deixando-se conhecer melhor pelo grupo.
Material necessário: uma folha com o desenho
do escudo para cada um, lápis colorido ou giz de cera,
suficientes para que as pessoas possam fazer os desenhos.
O desenho do escudo deve ser conforme a figura abaixo.
Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 30 minutos.
Metodologia: o(a) facilitador(a) faz uma motivação
inicial (durante cerca de cinco minutos) falando sobre
a riqueza da linguagem dos símbolos e dos signos na
comunicação da experiência humana. “Vamos procurar
coisas importantes de nossa vida por meio de imagens e
não apenas de coisas faladas”. Cada um vai falar de sua
vida, dividindo-se em quatro etapas:

Figura 1 - Escudo da vida

A. Do nascimento aos 6 anos.


B. Dos 6 aos 14 anos anos.
C. O Presente.
D. O Futuro
Fonte: Mundo Jovem. Dinâmicas - Subsídios - Jornal Mundo
Jovem. Disponível em: <http://www.mundojovem.com.br/
dinamicas/escudo>. Acesso em: 17 ago. 2016.

130
Encaminha a reflexão pessoal, utilizando o desenho do
escudo, entregue para cada um. Na parte superior do escudo,
cada um escreve o seu lema, ou seja, uma frase ou palavra que
expressem seu ideal de vida.
Depois, em cada uma das quatro partes do escudo, vai
colocar um desenho que expresse uma vivência importante
de cada uma das etapas acima mencionadas.
Em grupo de cinco pessoas, serão colocadas em comum
as reflexões e os desenhos feitos individualmente. No fim,
conversa-se sobre as dificuldades encontradas para se
comunicarem dessa forma.
Reflexão: esta atividade proporciona uma reflexão sobre
o curso da vida que cada um desenvolve.
Obs.: observar a facha etária do grupo trabalhado e
adequar o escudo.
Fonte: Subsídio “Dinâmicas em Fichas” – Centro de
Capacitação da Juventude (CCJ) – São Paulo. <http://www.
ccj.org.br>.

EM CADA LUGAR UMA IDEIA

Objetivo: avaliar e fortalecer os laços afetivos dentro


do grupo.
Material necessário: papel ofício, hidrocor, tesouras,
cola, papel metro e piloto.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.

131
Tempo necessário: o tempo previsto para
o desenvolvimento é de 60 minutos.
Metodologia:
1. Grupo em círculo, sentado.
2. Dar a cada participante quatro folhas
de papel ofício.
3. Solicitar que, em uma das folhas,
façam o contorno de uma das mãos e,
na outra, o de um dos pés. Desenhar, nas
demais folhas, um coração e uma cabeça,
respectivamente.
4. Escrever no pé desenhado o que o
grupo proporcionou para o seu caminhar.
6. Fazer um painel por subgrupo,
Escrever dentro da mão desenhada o
utilizando todos os desenhos da parte
que possui para oferecer ao grupo. No
do corpo que lhe coube, evidenciando
coração, colocar o sentimento em relação
os pontos levantados anteriormente, de
ao grupo. Na cabeça, as ideias que
modo a representar:
surgiram na convivência com o grupo.
– Com os pés, a caminhada do grupo.
5. Formar quatro subgrupos. Cada
subgrupo recolhe uma parte do corpo – Com as mãos, o que o grupo
(pés/mãos/coração/cabeça), discute as oferece.
ideias expostas, levantando os pontos – Com os corações, os sentimentos
comuns. existentes no grupo.
– Com as cabeças, as ideias surgidas
a partir da convivência grupal.
7. Cada subgrupo apresenta seu painel.
8. Plenário – dizer para o grupo o que
mais lhe chamou a atenção de tudo o
que viu e ouviu.
Reflexão: proporciona o despertar de
sentimentos de amizade e solidariedade.
Fonte: Projeto Crescer e Ser, publicado
no livro Aprendendo a ser e a conviver,
Margarida Serrão e Maria C. Baleeiro, ED.
FTD, 1999.

132
FLORESTA DOS SONS

Objetivo: aguçar a percepção auditiva e a


concentração, identificando no outro a confiança,
a solidariedade, os sentidos e uma nova linguagem.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo necessário: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 30 minutos.
Metodologia: convidar os participantes
a formarem duplas, sem se darem as mãos,
colocando-se um de frente ao outro.
– Tirar par ou ímpar.
– Os que ganharem, levantam a mão.
– Cada dupla combina entre si um som
qualquer que será emitido por aquele que
ganhar, enquanto o outro deverá fechar os
olhos e não abrir em hipótese alguma.
– Quem ganhar emite sempre o mesmo som
para guiar o companheiro de olhos fechados,
mergulhando no meio de todos os outros.
– Após três ou quatro minutos, inverter os
papéis.
– Finalizar o exercício, recolhendo as reações
dos participantes, por meio da verbalização.
Reflexão: aprender a ouvir; respeitar o corpo
do outro; desinibir; aquecer; confiar no outro.
Fonte: “Augusto Boal”, publicado no livro
Dinâmica de grupos na formação de lideranças, de
Ana Maria Gonçalves e Susan Chiode Perpétuo,
Ed. DP e A, 1998.

133
ILHAS EM ALTO MAR
Repetir aproximadamente quatro vezes e,
cada vez que repetir, diminuir os jornais.
Objetivo: estimular o estudante a Reflexão: Em uma palavra, cada pessoa
refletir sobre como agiria em situações deve falar dos seus sentimentos ao participar
diversas. dessa técnica. Importante destacar como a vida
Material necessário: folhas de jornal. permanentemente coloca desafios, que exigem
de atenção, agilidade e construção coletiva,
Número de participantes: de 20 a 30
para vencer as adversidades. Além de ajudar a
pessoas.
trabalhar a angústia no momento, em que os
Tempo necessário: o tempo previsto projetos não acontecem como desejado.
para o desenvolvimento é de 30 minutos.
Metodologia: Distribuir jornais pela
sala (cinco folhas) e pedir para que os
participantes percebam a respiração e, após
três fluxos, comecem a caminhar sentindo
o chão, o peso do corpo e observando as
pessoas também caminhando na sala.
Imaginar que o grupo estava em um
cruzeiro, aconteceu um acidente e o navio
naufragou. As pessoas vão movimentando
os braços como se tivessem nadando, o
facilitador coloca para o grupo que as
águas são perigosas, cheias de tubarões e
os jornais são pequenas ilhas. Quando o
facilitador grita “Tubarão!”, todos sobem
nas ilhas, buscando espaço. O facilitador
grita: “Tubarão passou”. As pessoas voltam
a nadar.
FOTOGRAFIA

Objetivo: desenvolver a percepção,


concentração e a integração no grupo.
Material necessário: folhas de papel que
poderão ser usadas ou não.
Número de participantes: de 30 a 40
pessoas.

134
Tempo necessário: o tempo previsto para
o desenvolvimento é de 30 minutos.
Metodologia: O(a) facilitador(a) divide a
turma em grupos de no máximo dez pessoas
e dá um tema para cada grupo, desde que os
outros não saibam (ex.: participação, saúde,
violência, educação popular, cidadania,
gênero etc.). O grupo irá montar uma cena
onde todos permanecem congelados. O
facilitador orienta o grupo para que fiquem
postos no lugar, bate palma e o grupo
congela. Os demais grupos tentam descobrir
a mensagem – ou tema.
Reflexão: a técnica contribui para
dar visibilidade à habilidade do grupo a
Metodologia:
construir coletivamente, além de estimular
o pensamento crítico sobre determinadas O(a) educador(a) cola uma etiqueta em
situações ou valores sociais, assim como a cada participante, sem que o participante veja
criatividade dos participantes. o que está escrito nela. Movimentam-se pela
sala, os participantes devem tratar-se uns aos
outros conforme o rótulo que virem na testa dos
companheiros. Cada um deve tentar adivinhar
que rótulo recebeu.
Depois de 20 minutos, o(a) educador(a)
RÓTULOS pede para que cada um diga o rótulo que
recebeu e porque sentiu isso.
Objetivo: proporcionar ao grupo a Sugestões de rótulos: aprecie-me; ensine-
discussão sobre autoconceito e preconceitos. me; tenha piedade de mim; aconselhe-me;
respeite-me; ajude-me; rejeite-me; ignore-me;
Material necessário: tarjetas e lápis
ria de mim; zombe de mim.
hidrocor.
Reflexão: deve-se conversar sobre os efeitos
Número de participantes: de 20 a 30
que os rótulos provocam nas pessoas, se gostam
pessoas.
ou não de serem tratadas a partir de rótulos e
Tempo necessário: o tempo previsto para o comparar com o que acontece na vida real no
desenvolvimento é de 30 minutos. cotidiano do grupo.

135
JOGO DAS MÃOS

Objetivo: refletir sobre a importância da participação


coletiva na resolução de problemas.
Número de participantes: de 6 a 25 pessoas.
Tempo necessário: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 15 minutos.
Metodologia: os participantes deverão ficar em
pé, dando-se as mãos, como para uma brincadeira de
roda. O(a) facilitador(a) explica que o grupo terá como
objetivo “virar toda a roda ao contrário”, ou seja, todos
deverão ficar de costas para o centro do círculo com os
braços esticados (não vale ficar com os braços cruzados
sobre o peito).
O jogo tem regras: os participantes não poderão
soltar as mãos, nem falar, até conseguirem alcançar a
posição. O(a) facilitador(a) dá início ao jogo, reforçando
que o grupo deverá buscar uma maneira (estratégia) de
atingir o objetivo, respeitando as regras estabelecidas.
A solução para este “problema”, que no início parece
não ter solução, é simples: um dos participantes deverá
erguer o braço do colega formando um arco ao alto pelo
qual todos, ligeiramente agachados, passarão.
Reflexão: exercer a escuta, estimular a solução de
problemas a partir da ação coletiva e descobrir novas
formas de se comunicar.

137
CONHECIMENTO MÚTUO

Objetivo: oportunizar aos participantes um


maior conhecimento de si mesmo e facilitar melhor
relacionamento e integração interpessoal.
Tempo de duração: aproximadamente 60
minutos.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Material necessário: lápis e uma folha de
papel em branco para todos os participantes.
Ambiente físico: uma sala, com cadeiras e mesas,
suficientemente ampla para acomodar todos os
participantes.
Metodologia/desenvolvimento: 1. O(a)
facilitador(a) explicita o objetivo e a dinâmica do
exercício. 2. Em continuação, pede que cada um
escreva, na folha em branco, alguns dados de sua
vida, fazendo isso anonimamente e com letra de
forma, levando, para isso, de seis a sete minutos.

3. A seguir, o(a) facilitador(a) recolhe as folhas, redistribuindo-as, cabendo


a cada qual ler em voz alta a folha que recebeu, uma por uma. 4. Caberá
ao grupo descobrir de quem é, ou a quem se refere o conteúdo que acaba
de ser lido, justificando a indicação da pessoa. 5. Após um espaço de
discussão sobre alguns aspectos da autobiografia de cada um, seguem-se os
comentários e a avaliação do exercício.
Reflexões: essa técnica permite aos participantes refletirem, brevemente,
sobre suas vidas e possibilita a eles a tentativa de descobrir as características
da outra pessoa.
Fonte: Relações Humanas Interpessoais, nas convivências grupais e
comunitárias, de Silvino José Fritzen, Editora Vozes.

138
CONSTELAÇÃO DE AMIGOS

Objetivo: conhecer mais nossas


relações com as pessoas e perceber qual a
influência delas sobre nossa vida.
Tempo de duração: no mínimo, uma
hora.

Número de participantes: 15 a 20
pessoas.
Material necessário: papel em branco
duplo sentido: a relação com essa pessoa
e caneta para todos os participantes, um
é mutuamente respondida; d) <- -> flecha
painel e uma fita adesiva para colar os
interrompida: relação cortada; e) <-/->
papéis.
flecha interrompida por uma barra: relação
por meio de intermediários; f) <-#-> flecha
interrompida por muro: relação com um
bloqueio que impede o seu pleno êxito.
4. Em grupos de três ou quatro pessoas,
Metodologia/desenvolvimento: 1. partilhar sobre o que tentou expressar com
Todos recebem uma folha em branco e o seu desenho. Responder:
marcam um ponto bem no centro dela, este a) Ficou fora do meu desenho algum
ponto representa o desenhista. 2. Desenhar parente mais próximo?
diversos pontos nas extremidades da folha,
significando cada pessoa com quem você b) As relações que me influenciam
tenha relação, seja boa ou má; pessoas estão me ajudando?
que você influencia ou que influenciam c) As relações que possuem barreiras
você (pode-se escrever junto o nome ou ou que estão interrompidas podem ser
as iniciais). 3. Traçar flechas do ponto restauradas? Seria importante?
central, você, para os pontos periféricos,
d) Nosso grupo está nesses desenhos?
as pessoas que estão à sua volta, segundo
o código que segue: a) flecha com a ponta 5. Fazer um grande painel afixando
para fora: pessoas que influenciou ou que os desenhos e abrindo para que todos
aprecio; b) <— flecha com a ponta para possam comentar. 6. Avaliar se a dinâmica
dentro: pessoas que me influenciam ou acrescentou algo de bom em minha vida e
que gostam de mim; c) <—> flecha em na vida do grupo. Descobriu algo?

139
Reflexões: essa técnica requer uma razoável
reflexão acerca das relações interpessoais. Permite
analisarmos, mesmo que superficialmente, os
nossos sentimentos e relações com as outras
pessoas. As perguntas são feitas de modo que
possamos refletir as soluções aos problemas
apresentados e também receber sugestões dos
participantes presentes.
Fonte: jornal Presença Jovem, julho/1999,
edição nº 61 – Informativo da Pastoral da Juventude,
encartado no jornal Presença Diocesana, de Passo
Fundo/RS. Artigo publicado na edição 340, julho
de 2000, página 5.

FOTO-LINGUAGEM

Objetivo: aprender a fazer a ligação de dois ou mais fatos e ter uma


opinião sobre eles, olhando para as fotos sobre a realidade em que se vive.
Número de participantes: se houver mais de oito pessoas, deve-se
subdividir em grupos de cinco.
Material: fotos de jornais e revistas.
Tempo necessário: aproximadamente, 60 minutos.
Metodologia/desenvolvimento: os participantes passeiam pela sala,
olhando as fotos e escolhem duas fotos que tenham ligações entre si. Depois,
durante sete minutos, pensam nas seguintes questões:
a) Que realidade me revela?

140
b) Qual a ligação entre elas?
c) Por que me identifiquei com elas?
Cada um apresenta as fotos e as conclusões às quais chegou. O
restante do grupo pode questionar a ligação dos fatos entre si e fazer
uma ou duas perguntas para clarear melhor as afirmações.
Fonte: Agenda da Juventude, Centro de Capacitação da Juventude
(CCJ), São Paulo, 2000. Site na internet: <http://www.ccj.org.br>.

NEM O MEU, NEM O SEU: O NOSSO

Objetivo: propiciar um clima de descontração e integração entre os


participantes do grupo.
Material: CD com som, instrumento de pele (pandeiro, bombos,
caixa, tambor) de som grave; na ausência, pode utilizar as palmas da
mão.
Número de participantes: 15 a 20 pessoas.
Tempo necessário: de 30 a 40 minutos.
Metodologia/desenvolvimento: 1. Inicie com o grupo espalhado
pela sala, em pé. 2. O facilitador convida todos a se movimentarem e
dançarem de acordo com a música, explorando os movimentos do corpo
nos três níveis (baixo, médio e alto), ocupando os lugares vazios na sala.
A música deve ter ritmo cadenciado, que facilite a movimentação. 3.
Quando parar a música, oriente que todos fiquem como estátua. Realiza
esse movimento por até três vezes. 4. Solicite que formem dupla com a
pessoa mais próxima e que, de braços dados, continuem a movimentar-
se no mesmo ritmo, procurando um passo comum, quando a música

141
recomeçar. 5. Após um tempo, formar
quartetos, e assim sucessivamente, até que
todo o grupo esteja movimentando-se junto,
no mesmo passo. 6. Convide os participantes
novamente para formar um círculo na sala,
olhar as pessoas ao redor e, depois, fechar os
olhos. 7. Solicite que respirem lentamente, até
que se acalmem. 8. Peça que abram os olhos,
sentem-se em círculo. 9. Plenário – refletir
sobre os seguintes pontos:

a) O que pôde perceber com esta atividade?


b) Que dificuldades encontrou na
realização da dinâmica?
c) Como está se sentindo?
NOME E QUALIDADE

Reflexões: este é um trabalho leve e


descontraído. O grupo se movimenta de Objetivo: aprender o nome dos
maneira criativa, o que cria um clima propício participantes do grupo de forma lúdica;
para se trabalhar a integração entre os facilitar a integração entre adolescentes.
componentes. Pode ser enriquecido e acrescido Material necessário: papel, hidrocor e
de novas solicitações. caneta.
A atividade propicia, também, uma reflexão Número de participantes: de 15 a 20
sobre a identidade do grupo, as diferenças de pessoas.
ritmo entre os participantes, a facilidade ou
Tempo de duração: o tempo previsto
a dificuldade com que alcançam a harmonia,
para o desenvolvimento é de 30 minutos.
chegando a um passo comum.
Metodologia:
O(a) facilitador(a) pode explorar a
atividade, criando movimentos e formas que 1. O(a) facilitador(a) inicia dizendo
desafiem o ritmo grupal. alto seu nome, seguido de uma
qualidade que julga possuir.
Fonte: Projeto Memorial Pirajá.
2. Cada participante, na sequência,
a partir do(a) facilitador(a),
repete os nomes e as qualidades
ditos anteriormente, na ordem,
acrescentando ao final seu próprio
nome e qualidade.

142
3. Havendo dificuldade na memorização da
sequência, o(a) facilitador(a) e/ou o grupo
auxiliam quem estiver falando, pois o importante
nesta técnica é que, ao finalizá-la, todos tenham
aprendido o nome dos companheiros.
4. Esta técnica pode ser usada no início do
trabalho, quando o grupo ainda não se conhece,
ou após um tempo de convivência, enfatizando
as qualidades pessoais e/ou englobando outras
questões, como algo de que se goste muito, o
nome de um amigo, divertimento preferido etc.
Reflexão: nesta atividade, trabalha-se também
a identidade – “Como me chamam? Quem sou
eu?” –, podendo surgir apelidos carinhosos ou
depreciativos. É importante que o(a) educador(a)
esteja atento(a) no sentido de perceber e explorar
o sentimento subjacente ao modo como cada
indivíduo se apresenta.
Fonte: Projeto Memorial Pirajá.

143
CARÍCIA DOS NOMES

Objetivo: Identificar cada pessoa do grupo pelo


nome, aprender o nome de cada um e promover a
integração do grupo.
Material necessário: papel, hidrocor, caneta.
Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 30 minutos.
Metodologia (primeiro momento):
Desenvolvimento 1:
1. Grupo em círculo, sentado.
2. Cada participante fala o seu nome alto, de
olhos fechados.
3. Todo o grupo repete o nome que foi falado,
várias vezes, de forma cantada. Todos ao mesmo
tempo, cada um a seu modo, até sentirem-
se satisfeitos, passando, então, para outro
participante, repetindo o mesmo procedimento. Reflexão: apesar de ser um trabalho leve
4. Quando o grupo inteiro tiver realizado e fácil de realizar, muitas vezes o grupo se
o exercício, pedir às pessoas que falem dos depara com sua timidez, crítica e censura.
sentimentos surgidos durante a atividade. O(a) educador(a) deve estar atento às
dificuldades surgidas para que, com o grupo,
Desenvolvimento 2: possa superá-las. É um trabalho a ser realizado
1. Grupo em círculo, em pé. Cada participante nas fases iniciais do processo grupal, como
diz seu nome em voz alta, cantando-o. Explicar uma atividade de apresentação, facilitando o
que esse “cantar” é um novo ritmo, uma nova conhecimento e a memorização dos nomes de
entonação que se dá ao nome próprio. cada participante e servindo como dinâmica
de aquecimento. Outra ocasião em que pode
2. Após o “canto” de cada nome, o grupo repete,
ser aplicada é quando o grupo está envolvido
na mesma entonação e ritmo, o cantar do
em questões tensas e o(a) facilitador(a) sente a
companheiro.
necessidade de modificar o clima.

144
PAINEL INTEGRADO

Objetivos: desenvolver maior comunicação e vínculo


entre os integrantes do grande grupo, a construção
compartilhada do conhecimento entre os participantes.
Material necessário: papel e caneta.
Número de participantes: de 16 a 20 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de aproximadamente 60 minutos.
Metodologia:
1. Dividir o grupo em equipes, da seguinte forma:
a) Um grupo com 16 pessoas poderá ser dividido em 4
equipes de 4 pessoas.
b) Cada participante da equipe receberá uma letra: a, b,
c, d.
c) As equipes receberão o tema a ser debatido e perguntas
propostas.
d) Após terem refletido sobre o tema, serão formadas
novas equipes.
e) Os que tiverem a letra “a” formarão uma nova equipe.
O mesmo acontecerá com os que tiverem as letras “b,
c, d”.
f) Agora todos partilharão o que foi debatido nas
equipes anteriores.
g) No final da técnica, todos os participantes poderão
ter tomado conhecimento de todas as reflexões feitas.
Reflexão: todos os participantes deverão ter tomado
conhecimento dos demais temas e fazer reflexões sobre eles.

145
TEMPESTADE DE IDEIAS

Objetivos: gerar grande número de 2ª fase: terminado o tempo da chuva de


ideias ou soluções acerca de um problema, ideias, inicia-se a avaliação das ideias e a
evitando-se críticas e avaliações, até o escolha das melhores.
momento oportuno; processar os resultados
3ª fase: no caso de haver mais subgrupos,
de uma sessão de tempestade de ideias para
o(a) facilitador(a) pede que seja organizada
interferir na realidade.
uma lista única das melhores ideias para o
Material necessário: papel, caneta e grande grupo.
cartolina.
4ª fase: forma-se o plenário. Processa-se
Número de participantes: de 20 a 30 a leitura das melhores ideias e procura-se
pessoas. formar uma pirâmide cuja base serão as
Tempo de duração: o tempo previsto para ideias mais válidas.
o desenvolvimento é de, aproximadamente, 5ª fase: elaboração do plano de execução de
60 minutos. transformação da realidade ou resolução do
Metodologia: o(a) facilitador(a) inicia problema com a as ideias mais adequadas.
dando um exemplo prático ou uma tarefa
real que o grupo precisa resolver em sua
comunidade, bairro, movimento ou espaço
de trabalho:
1. Forma subgrupos de, aproximadamente,
seis pessoas. Cada subgrupo escolherá
um relator que anotará tudo.
2. Formados os subgrupos, dirá as regras
do exercício: não haverá crítica durante
todo exercício, acerca do que for dito;
quanto mais extremada a ideia, tanto
melhor. Deseja-se o maior número de
ideias.
1ª fase: o(a) facilitador (a) apresenta o
problema a ser resolvido. Por exemplo:
um Centro de Cultura Popular será
demolido na reestruturação da ilha de
pescadores. Como precisa se organizar a
comunidade para preservar o seu espaço
cultural conquistado e construído.

146
FOTO-LINGUAGEM - COMUNICAÇÃO

Objetivos: exercitar a ligação entre dois ou mais


fatos e formar uma opinião sobre eles, observando
registros fotográficos sobre a realidade que se vive.
Material necessário: fotos de jornais e revistas
espalhadas por toda a sala.
Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de, aproximadamente, 60 minutos.
Metodologia: os participantes passeiam pela sala,
olhando as fotos, e escolhem duas fotos que tenham
ligação entre si. Depois, durante sete minutos, pensam
nas seguintes questões:
a) Que realidade me revelam?
b) Qual a ligação entre elas?
c) Por que me identifiquei com elas?
d) Cada um apresenta as fotos e as conclusões às
quais chegou. Durante as apresentações, o grupo
pode questionar as ligações dos fatos, que podem
ser debatidas para aprofundar melhor as afirmações.

147
Jornal Falado

Objetivos: organizar informações sobre um


determinado assunto; desenvolver a expressão oral,
o raciocínio, o espírito de cooperação e socialização;
sintetizar ideias e fatos; transmitir ideias com
pronúncia adequada e que consigam comunicar.
Material necessário: papel, caneta, jornais e
revistas, tesoura, cola etc.
Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de aproximadamente duas horas.

Metodologia:
1. Formar pequenos grupos.
2. O(a) facilitador(a) apresenta o tema para estudo e
pesquisa.
3. Cada grupo pesquisa e estuda o tema.
4. Cada grupo sintetiza as ideias do tema.
5. Elaboração das notícias para apresentação, de forma
bastante criativa, explorando diversas linguagens.
6. Apresentação do jornal ao grande grupo e debate.
Reflexão: a técnica contribui para que possamos
fazer nossas próprias sínteses sobre a realidade, refletindo
criticamente as informações que recebemos já processadas
e incorporadas de interesses e perspectivas de uma classe
dominante.

148
Conto Vivo Eu Tenho Uma História
Pessoal
Objetivo: trabalhar a concentração,
a criatividade e construir coletivamente Objetivo: refletir sobre a vida pessoal
referências no grupo a partir de criações percebendo as marcas, os acontecimentos
pessoais. que foram significativos e que provocaram
mudanças na forma de ver o mundo.
Material necessário: sala espaçosa.
Material necessário: uma mídia (CD, pen
Tempo necessário: 40 minutos.
drive, DVD etc.) com música suave e aparelho
Número de participantes: 15 a 20 pessoas. de som, cartolina ou tarjetas e hidrocor.
Metodologia/desenvolvimento: todos os Número de participantes: esta técnica
participantes ficam sentados em círculo. O(a) deve ser desenvolvida com um número par de
educador(a) começa a contar uma história pessoas. Se não for o caso, o facilitador pode
que tenha personagens e animais com requisitar um “auxiliar”.
determinadas atitudes e ações. Explica-se
Tempo de duração: o tempo de duração
que, quando o(a) facilitador(a) apontar para
varia em função do quantitativo de pessoas.
um do grupo, este deve atuar como o animal
O ambiente deve ser arejado ou climatizado,
ou personagem da história que está sendo
com cadeiras móveis, disponibilizadas em
contada. Depois de iniciar o conto, o(a)
círculo, possibilitando o movimento das
facilitador(a) vai construindo coletivamente
pessoas do grupo.
e de maneira espontânea, dando a palavra
para que o outro do grupo continue. Metodologia:
Reflexão: essa técnica contribui para que a) O(a) facilitador(a) explica que precisam
os participantes se conheçam e construam estar à vontade, sem nenhum objetivo ou
projetos juntos a partir da criação. Facilita roupa que incomode os movimentos.
e funciona como ponto de partida para b) Pedir para que todos encontrem
elaboração de produtos e conteúdos coletivos. a forma mais confortável e fazer um
relaxamento com o grupo:

149
– Criar um ambiente com música suave, f) No grupo, cada participante partilha
com pouca luz; o símbolo, as marcas da história, os
sentimentos.
– Orientar o grupo para se deitarem de
costas no chão e ficarem com os braços g) Em plenário, o(a) facilitador(a)
rentes ao corpo; pergunta:
– Respirar, tranquilizar-se, relaxar todas – O que aprenderam com esse
as partes do corpo. Não deixar nenhuma exercício, tanto com as dificuldades
parte tensa, entrar em comunhão com o e com os acertos? Motivar as pessoas
corpo. a partilharem o que descobrirão.
c) Contribuir para que o grupo faça Reflexão: refletir sobre o desafio de
uma retomada da vida da infância até a todos buscarem as suas origens, para
idade atual. Em cada fase, identificar as melhor se conhecerem, aceitarem-se e
experiências mais significativas, tanto estarem integrados(as) uns(umas) com
alegres quanto tristes: os(as) outros(as). Esta técnica pode
contribuir tanto para o indivíduo como
– Orientar o grupo para que façam um
para o coletivo; porém, o(a) facilitador(a)
retorno ao útero materno, sentir o calor,
precisa estar atento ao contexto estrutural,
a tranquilidade que há no espaço uterino.
político e subjetivo do grupo, exercendo o
– Recordar a vinda ao mundo, o cuidado.
nascimento, os primeiros passos, as
Fonte: Equipe da Casa da Juventude
primeiras palavras, o lugar onde nasceu,
Pe. Burnier, Caju, Goiânia/GO. Subsídio
as pessoas e os pais, de zero aos 5 anos, de
de Apoio da Escola de Educadores de
5 aos 10 anos. De 10 aos 15 anos, dos 15
Adolescentes e Jovens. <http://www.
aos 20 anos, de 20 à idade atual: quais as
casadajuventude.org.br>.
lembranças da história pessoal?
d) No grupo, cada pessoa constrói
individualmente um símbolo que a ajude a
representar sua história.
e) Em grupos de convivência, propor que o
grupo faça um contrato de respeito pelo que
o outro vai partilhar.

150
Sensibilidade

Objetivo: desenvolver a percepção, a sensibilidade,


a concentração e a integração do grupo.
Material necessário: mídia com música suave e
aparelho de som.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de, aproximadamente, 30 minutos.
Metodologia: dois círculos com números iguais
de participantes, um dentro e outro fora. O grupo de
dentro vira para fora e o de fora vira para dentro. Todos
devem dar as mãos, senti-las, tocá-las bem, estudá-
las. Depois, todos do grupo interno devem fechar
os olhos e caminhar dentro do círculo externo. Ao
sinal, o(a) facilitador(a) pede que façam novo círculo
voltado para fora, dentro do respectivo círculo. Ainda
com os olhos fechados, vão tocando de mão em mão
para descobrir quem lhe deu a mão anteriormente.
O grupo de fora é quem deve movimentar-se. Caso
ele encontre sua mão parceira primeira, deve dizer
“Esta!”. Se for verdade, a dupla sai, e se for mentira,
volta a fechar os olhos e tenta novamente.
Obs.: esta técnica pode ser feita com outras partes
do corpo, por exemplo: pés, orelha, olhos, joelhos etc.

151
Poesia, Música e Crônica

Objetivo: refletir sobre um tema/assunto, abrindo um


espaço para que as pessoas falem de um assunto sob diferentes
olhares, por meio da música, da poesia e da crônica.
Material: letra (cópia xerográfica) de uma poesia ou
canção.
Tempo necessário: 40 minutos a 1 hora.
Número de participantes: 15 a 20 pessoas.
Metodologia/desenvolvimento: consiste em ouvir
uma poesia e/ou música para ajudar na introdução de um
assunto ou de uma vivência subjetiva. 1. Escolher uma
poesia ou canção sobre o tema a ser trabalhado. 2. Dividir
os participantes em grupos. 3. Cada um lê em voz baixa,
murmurando. 4. Escolher a palavra que mais marcou, em
cada estrofe. 5. Gritar essas palavras junto e bem alto. Depois
falar bem baixo, até se calar. 6. Andando e em dupla, procurar
uma “palavra-sentimento”. 7. Orientar aos participantes a
verbalizarem a construção dessa palavra-sentimento. 8. No
seu grupo, responda o que você faria com esse sentimento-
palavra compartilhada. 9. Cada grupo monta uma história
com os sentimentos compartilhados e com a poesia recebida.
10. Cada grupo apresenta no grupão sua história de maneira
bem criativa. 11. Buscar o que há de comum em todas as
histórias, refletindo como elas se compõem, se é que se
compõem.
Reflexões: este trabalho leva à reflexão de um tema/
assunto, abrindo espaço para que as pessoas falem de um
mesmo assunto sob diferentes olhares, e contribui para
o desenvolvimento da expressão verbal e do trabalho
coletivo. Importante e possível acrescentar alongamento e
aquecimento vocal antes de iniciar a técnica.
Fonte: “Augusto Boal”, publicado no livro Dinâmica de
grupos na formação de lideranças, de Ana Maria Gonçalves e
Susan Chiode Perpétuo, Ed. DP e A, 1998.

152
Fazendo um Projeto

Objetivo: construir diretrizes para execução de um


projeto.
Material necessário: papel, cartolina, lápis hidrocor,
massa de modelar.
Número de participantes: esta técnica precisa ser
desenvolvida com toda a equipe que vai participar da
execução do projeto (gestores e técnicos).
Tempo de duração: o tempo de duração varia
em função do tamanho do projeto. O ambiente deve
ser arejado ou climatizado, com cadeiras móveis,
disponibilizadas em círculo, possibilitando o movimento
das pessoas do grupo.
Metodologia:
O que fazer?
Para resolver um problema, geralmente são necessárias
várias ações, atitudes, gestos, reuniões, estudos etc. O
importante é buscar uma solução criativa.
Como fazer?
Não basta apontar o que fazer, é necessário levantar
também como será feito.
Quando?
Já apontamos respostas para solucionar o problema,
trata-se agora de ver a melhor época para realizar a
mesma. Um estudo, por exemplo, pode durar um dia
todo, uma tarde, podendo também acontecer durante
uma ou mais semanas.
Com quem?
É momento agora de pensar quem será envolvido: os
participantes que vão receber a proposta, quem serão
os responsáveis de executar, com quem fazer parceria
e a divisão de tarefas.

153
Mandala de Mãos

Onde será feito? Objetivo: avaliar, de maneira sucinta,


É hora de prever. Isso ajuda a não acumular a atividade, provocando sentimento de
atividades para o mesmo local, ajuda ainda coletividade e gerando celebração a partir
a diversificar e descobrir novos espaços. das palavras sínteses dos participantes sobre
o processo.
Para quê?
Número de pessoas: 4 a 20 pessoas.
Colocar no papel o resultado que
esperamos ajuda a olhar para o problema e Tempo necessário: em média, 15
dizer o que queremos solucionar/resolver. minutos, a depender do quantitativo de
pessoas.
Recursos necessários:
Metodologia/desenvolvimento: 1. O(a)
Possibilita perceber o que é necessário facilitador(a) convida os participantes a se
para realizar com sucesso o que foi proposto: levantarem e deixarem as mãos livres para
fomento, material, equipamentos... a técnica de avaliação e encerramento. 2.
Reflexão: refletir sobre a importância Orienta as pessoas para, em silêncio, se
do planejamento no desenvolvimento de entreolharem. 3. Explica que, tanto no
uma ação. “Qualquer atividade de nossa sentido horário como no anti-horário, um
vida pessoal, profissional, religiosa e política, a um escolhe uma palavra para avaliar o
para ser consciente, precisa ser preparada, momento, o encontro, o processo, o grupo
planejada e pensada”. “Quem pensa sobre o etc; sendo que, ao pronunciar a palavra, a
que faz, faz melhor”. “Quem não sabe para pessoa da vez apresenta a mão direita para
onde vai, não chega. Quem não sabe onde cima e a gira em direção à esquerda. 4.
está, não acha caminho”. Assim, a segunda, terceira e sucessivamente,
sendo que o polegar encaixa nos dedos
Fonte: Equipe da Casa da Juventude Pe. fechados da mão dos colegas a partir do
Burnier, Caju, Goiânia/GO. Subsídio de Apoio
da Escola de Educadores de Adolescentes e
Jovens. <http://www.casadajuventude.org.
br>.

154
Desenho de Giz

mindinho. 5. Ao final, formar-se-á uma Objetivo: avaliar a caminhada do grupo


mandala de mãos. 6. O(a) facilitador(a) ou o andamento de uma reunião por meio de
provoca o grupo a construir uma palavra manifestações simbólicas dos participantes.
síntese das palavras do coletivo e todos, Número de pessoas: 15 a 30 pessoas.
contando até três, dizem a nova palavra
ao mesmo tempo, jogando as mãos para Material: lousa e giz colorido ou papelógrafo
o ar. (bem grande) e lápis de cor, giz de cera ou outro
material, com várias opções de cor.
Obs.: importante que o(a)
facilitador(a) fique atento ao grupo Tempo necessário: 60 minutos.
na perspectiva de cuidar da dinâmica Metodologia/desenvolvimento: o(a)
da técnica, pois ficar com o braço facilitador(a) orienta os participantes a irem
erguido por muito tempo pode cansar e até a lousa (ou papelógrafo) para desenharem
fragilizar a técnica. É fundamental que algumas coisas que indiquem como estavam
cada participante só fale uma palavra quando começou o curso (ou o grupo, no caso de
simples ou composta. se avaliar a caminhada do grupo) e outro desenho
Reflexão: o efeito visual dessa que indique como estão agora, passado algum
técnica é muito significativo ao construir tempo desde o início do processo. Quando todos
uma mandala de mãos marcadas pela tiverem feito os seus desenhos, o(a) facilitador(a)
diferença; geralmente, causa nas pessoas convida quatro pessoas para falarem da mudança
um sentimento potente de construção que percebem em si mesmos e outros quatro para
de projeto coletivo na diversidade. falarem um pouco do que estão vendo no quadro.
É importante o(a) facilitador(a) ficar atento e
“puxar” a avaliação para o que realmente se quer
avaliar.
Reflexões: essa técnica possibilita aos
participantes desenvolverem a criatividade e
também refletirem sobre seu estado quando
chegaram e quando saíram do grupo.
Fonte: Centro de Capacitação da Juventude
(CCJ). <http://www.ccj.org.br>

155
Eu Sou Alguém

Objetivo: perceber os valores pessoais; perceber-se como


ser único e diferente dos demais.
Material necessário: folhas de papel e lápis.
Número de participantes: cerca de 20 participantes.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 30 minutos.
Metodologia:
1. Em círculo, sentados.
2. Distribuir uma folha para cada um, pedindo que liste,
no mínimo, dez características próprias. Dar entre cinco
a dez minutos.
3. Solicitar que virem a folha, dividam-na ao meio e
classifiquem as características listadas, colocando, de
um lado, as que facilitam sua vida e, do outro, as que
dificultam. Dar mais cinco a dez minutos.
4. Em subgrupos, partilhar as próprias conclusões.
5. Em plenário: Qual o lado que pesou mais? O que
descobriu sobre você mesmo, realizando a atividade?
Reflexão: com este trabalho, é possível ajudar os
participantes a se perceberem, permitindo-lhes a reflexão e a
expressão dos sentimentos referentes a si próprios.
Fonte: Dinâmica de Grupos na Formação de Lideranças,
Ana Maria Gonçalves e Susan Chiode Perpétuo, editora DPeA.
Artigo publicado na edição 340, setembro de 2003, página 16.

156
Minha Bandeira Pessoal

Objetivo: possibilitar aos participantes a identificação


das suas habilidades e limitações.
Material necessário: fichas de trabalho, lápis preto,
lápis de cor, borrachas.
Número de participantes: cerca de 20 participantes.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 30 minutos.
Metodologia:
1. Grupo espalhado pela sala. sentado. Dar a cada
participante uma ficha de trabalho. Distribuir o
material de desenho pela sala.
2. Explicar ao grupo que a bandeira geralmente
representa um país e significa algo da história desse
país. Nesta atividade, cada um vai construir sua
própria bandeira a partir de seis perguntas feitas
pelo(a) educador(a).
3. Pedir que respondam a cada pergunta por
intermédio de um desenho ou de um símbolo na área
adequada. Os que não quiserem desenhar poderão
escrever uma frase ou algumas palavras, mas o(a)
facilitador(a) deve procurar incentivar a expressão
pelo desenho.
4. O(a) educador(a) faz as seguintes perguntas,
indicando a área na qual devem ser respondidas:
– Qual o seu maior sucesso individual?
– O que gostaria de mudar em você?
– Qual a pessoa que você mais admira?
– Em que atividade você se considera muito bom?
– O que mais valoriza na vida?
– Quais as dificuldades ou facilidades para se
trabalhar em grupo?

158
Escala de Valores

Dar cerca de 20 minutos para que a Objetivo: colocar o participante


bandeira seja confeccionada. em contato com seus próprios valores,
5. Quando todos tiverem terminado, levando-o a refletir sobre o que ele
trabalhar em subgrupos e pedir que considera mais importante em sua vida.
compartilhem suas bandeiras. Material necessário: papelógrafo ou
6. Abrir o plenário para comentar o que lousa; caneta hidrográfica ou giz; papel-
mais chamou a atenção de cada um em sua ofício, canetas ou lápis.
própria bandeira e na dos companheiros. Número de participantes: cerca de 20
Contar o que descobriu sobre si mesmo e participantes.
sobre o grupo.
Tempo de duração: o tempo
7. No fechamento do encontro, cada previsto para o desenvolvimento é de,
participante diz como se sente após ter aproximadamente, 60 minutos.
compartilhado com o grupo sua história
Metodologia:
pessoal.
1. Escrever, no papelógrafo ou na
Reflexão: refletir sobre a tomada de
lousa, com letras grandes (de maneira
consciência das habilidades e limitações de
que todos possam ler), algumas frases
cada um, propiciando o conhecimento mais
que expressem uma atitude diante da
aprofundado sobre si mesmo, facilitando as
vida ou um valor. Exemplo:
escolhas que precisa fazer na vida. Permite
que o grupo possa entrar em reflexões como – Para ir a uma festa, Carlos não
a escolha profissional, o projeto de vida e de hesitou em gastar as economias que
sociedade que está construindo para si. tinha para comprar uma calça nova
(valor subtendido: a importância
Fonte: livro Dinâmica de Grupos na
do Ter).
Formação de Lideranças, Ana Maria Gonçalves
e Susan Chiode Perpétuo, editora DPeA, Belo
Horizonte/MG. Artigo publicado na edição
309, agosto de 2000, página 17.

159
– Stefane ofereceu-se para cuidar da irmã
caçula para sua mãe ir ao supermercado,
mesmo tendo que adiar o encontro com o
namorado (valor subtendido: solidariedade, o
que é mais importante para todos).
Podem ser frases mais diretas e objetivas, com
valores explícitos e não subentendidos.
Estabeleça o que é mais importante:
– Ir a uma festa.
– Sair com o(a) namorado(a).
– Cuidar da irmã caçula (ou do irmão).
– Almoçar em família.
– Visitar parentes.
– Sair com amigos.
– Estudar para uma prova.
– Ter a mídia mais recente do grupo do
momento.
– Ir ao ponto de encontro dos amigos.
– Fazer o trabalho de escola.
2. Distribua as folhas de papel-ofício entre os
participantes e peça que eles a dobrem ao meio,
de maneira que eles terão um lado direito e outro
esquerdo.
3. Peça que leiam com atenção as frases escritas
pelo(a) educador(a).
4. Em seguida, que escrevam do lado direito da
folha, em ordem de importância, as atitudes que
fazem parte da sua maneira de agir no cotidiano.
5. Assim o participante deverá colocar em
primeiro lugar o que para ele é o valor mais
importante de todos, e assim sucessivamente, até
que tenha escolhido pelo menos cinco valores.

160
6. Após a conclusão da tarefa, o(a) 10. Depois, todos devem voltar para o
facilitador(a) pede que, do lado esquerdo grupão, onde o(a) facilitador(a) coordenará
da folha, o participante escreva: “quando a discussão definindo:
eu era criança, para mim, as coisas mais – A escala de valores do grupo (por meio
importantes eram...” da verificação de quais valores aparecem
7. Depois peça que ele leia as frases mais em primeiro lugar, em segundo
comparando, estabelecendo a diferença etc.).
entre a escala de valores que tem hoje e a – A escala de valores de quando eram
que tinha quando era criança. crianças.
8. Em seguida, o(a) facilitador(a) pede – A diferença entre uma escala e outra.
aos participantes que discutam com seus
colegas mais próximos sua lista de valores – Que tipo de sociedade e vida em
atuais (lado direito da folha). grupos os valores apresentados tendem
a construir.
9. Todos os participantes devem discutir,
em pequenos grupos, sua ordenação de 11. Por fim, o(a) facilitador(a) precisa
valores, estabelecendo a comparação com a construir um final que una o grupo na
dos colegas. perspectiva do cuidado, reconhecendo
as contradições e fortalecendo os
participantes como sujeitos de sua história
e também responsáveis pela construção
coletiva da sociedade.

161
Exercício Pessoal de Revisão
de Vida e de Prática

Reflexão: é uma oportunidade para Objetivo: colocar o participante em contato


as pessoas perceberem-se em mudança com seus próprios valores, levando-o a refletir
e em construção, refletindo os valores sobre o que ele considera mais importante em sua
que tinham em sua infância em relação vida.
ao momento atual. É importante que Material necessário: papelógrafo ou lousa;
seja aplicada em um grupo que já caneta hidrográfica ou giz; papel-ofício, canetas
tenha alguma convivência entre si e ou lápis.
com o(a) facilitador(a), este estando
atento para cuidar do grupo quando Número de participantes: cerca de 20
sentir necessário, caso as contradições participantes.
fragilizem os participantes. Muito bem Tempo de duração: o tempo previsto para
avaliada no trabalho com a juventude. o desenvolvimento é de, aproximadamente, 40
Fonte: O livro das Oficinas, de Paulo minutos.
H. Longo e Elizabeth Félix da Silva. Susan Metodologia:
Chiode Perpétuo e Ana Maria Gonçalves,
autoras do livro Dinâmica de Grupos na a) Recolha-se num lugar tranquilo, onde você
Formação de Lideranças, editora DPeA. possa ficar em silêncio e confortável.
Artigo publicado na edição 306, maio de b) Retome a sua vida e procure refletir sobre
2000, p. 5. ela a partir das seguintes questões:
Como vai a sua relação: consigo mesmo;
com o grupo; na relação afetiva; na família;
com os(as) amigos(as); com os colegas de
trabalho; com o transcendente?
c) Partilhar com seu grupo e com os amigos
como foi a experiência.
Fonte: Equipe da Casa da Juventude Pe.
Burnier, Caju, Goiânia/GO. Subsídio de Apoio da
Escola de Educadores de Adolescentes e Jovens.
<http://www.casadajuventude.org.br>.

162
Meu Presente / Meu Futuro

Objetivo: proporcionar ao grupo a reflexão sobre


a vivência do presente e as aspirações para o futuro,
percebendo que essa construção depende das vivências e das
escolhas do presente.
Material necessário: papel ofício, lápis, lápis de cera e
fita crepe.
Número de participantes: de 20 a 25 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 30 a 40 minutos.
Metodologia: o foco da técnica pode ser pessoal,
referente à comunidade, à cidade, ao grupo etc. A depender
do contexto.
1. Grupo espalhado pela sala, sentado, o(a) facilitador(a)
distribui, para os participantes, papel, lápis preto e de
cera, solicitando que representem, por meio de desenho,
o momento que estão vivendo, compondo um retrato
intitulado “Meu presente”. Tempo.

2. Quando todos tiverem terminado, distribuir nova folha de papel,


pedindo que componham a representação do futuro que imaginam e
gostariam para si. A este retrato devem chamar “Meu futuro”. Tempo.
3. Cada participante apresenta para o grupo seus desenhos, explicando
seu significado. Quando as apresentações terminarem, o(a) facilitador(a)
pede que, de um em um, cada participante prenda seus desenhos na
parede, mantendo entre o “presente” e o “futuro” uma distância que
represente a separação que existe entre sua vida atual e o que almeja
seguir.
Reflexão: pensar sobre a distância existente entre o presente e o futuro
e sobre como pretende aproximar esses momentos, salientando que o
projeto de vida é que faz a ponte entre esses dois tempos, possibilitando o
enfrentamento das condições adversas.
Fonte: Margarida Serrão e Maria Clarice Baleeiro, do livro Aprendendo a
ser e a conviver!, editora FTD, 1999.

163
Problemas e Soluções

Objetivo: motivar a análise e a discussão de temas


problemáticos; buscando o consenso quando possível e justo.
Material necessário: lousa ou papelógrafo; giz ou pincel
atômico e apagador; recorte de notícias, se for um fato
jornalístico.
Número de participantes: de 20 a 25 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 30 a 40 minutos.
Metodologia:
1. Um membro do grupo relata um problema (verdadeiro
ou fictício), um caso, um fato jornalístico, ou determinada
situação que necessite uma solução ou aprofundamento.
2. Havendo mais de um caso, o grupo escolhe um para
o debate; todos são convidados a dar sua opinião sobre a
questão e as ideias principais são anotadas no quadro ou
no papelógrafo.
3. A ideia mais comum ou consensual a todos os
participantes é então destacada e melhor discutida,
ampliando a visão do fato, como uma das possíveis
soluções ou aprofundamento do problema.
Reflexão: a construção coletiva das questões-problemas a
partir da análise da realidade com a manifestação de diversos
pontos de vista pode ser um caminho para o fortalecimento
de grupos. Porém, chama-se atenção ao cuidado com as
generalizações das problemáticas, que podem ser prejudiciais
ao anular simbolicamente as injustiças sociais realizadas em
contextos históricos específicos. Nem todos os consensos
são alcançáveis, quando os sujeitos envolvidos pertencem a
campos antagônicos.
Fonte: Subsídio: Somos Chamados da Pastoral da
Juventude do Brasil.

164
Invertendo os Papéis

Objetivo: refletir sobre os papéis e as


opressões relacionados ao gênero, a estereótipos
e aos preconceitos existentes em nossa cultura.
Material necessário: papel ofício e lápis.
Número de participantes: de 20 a 25 Reflexão: possibilitar o questionamento
pessoas. dos privilégios entre os gêneros, percebendo
Tempo de duração: o tempo previsto para o as diferenças culturais existentes: como se
desenvolvimento é de 30 a 40 minutos. sentiu incorporando o papel de outro gênero
e qual a diferença existente entre o que você
Metodologia: representou e o que você faria nessa situação
1. Dividir o grupo em cinco subgrupos. na realidade?
2. Dar um tema para cada subgrupo, Fonte: Projeto Crescer e Ser, publicado
pedindo que discutam os papéis, as no livro Aprendendo a ser e a conviver,
diferenças e as opressões e os privilégios Margarida Serrão e Maria C. Baleeiro, ED.
relativos ao gênero, de acordo com o tema FTD, 1999.
abaixo:
– Relacionamento estável.
– Educação de filhos(as).
– Trabalho.
– Conhecer novas pessoas.
– Sexualidade e violência.
De 15 a 20 minutos para discussão, pedindo
que anotem os pontos principais levantados
pelo subgrupo.
3. Solicitar que cada subgrupo crie uma
cena que expresse a conclusão a que chegou.
Pedir que, na cena, os rapazes façam o papel
feminino e as moças, o masculino. Buscar,
se possível, outro lugar diferente a sua atual
condição de gênero.
4. Apresentação de cada subgrupo.

165
A Juventude e os Desafios

Objetivo: discutir o papel da educação dos


jovens frente aos desafios do mundo do trabalho e
da construção de um projeto popular de sociedade.
Material necessário: tarjetas, lápis hidrocor e
caneta.
Número de participantes: de 25 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 30 a 40 minutos.
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) faz alguns comentários
sobre os sonhos e as aspirações, citando questões
como: Quem sou, hoje? O que quero ser no
futuro? O que os outros querem de mim?
2. Em seguida, refletir sobre as seguintes
questões:
a) Lembrar um pouco da sua infância. Quais
eram os seus sonhos? Que profissão gostaria
de ter? Por quê?
b) Esse sonho mudou com o passar dos anos?
Que sonho você tem hoje? Que futuro você
sonha ter?
3. Qual a relação que você faz entre seus sonhos
pessoais e os sonhos para o coletivo e para a
sociedade? Como avalia o seu contexto atual?
Qual seria o desejado? Quais os caminhos para
alcançá-los?

166
4. Fazer um debate:
4.1 Sentar em círculo. Cada um da turma
deve expor para o grupo as suas próprias
experiências em relação ao trabalho, à
educação e à construção coletiva para a
sociedade. Fale sobre você e tente expor para
os colegas as suas experiências e pontos de
vista sobre as seguintes questões:
a) Quais são as suas experiências educacionais,
seja na escola ou outras instituições públicas,
seja junto às organizações da sociedade civil
ou movimentos sociais?
b) Que tipo de estudo e formação podem
ajudá-lo a crescer na leitura do mundo do
trabalho e como se organiza a sociedade? Por
quê?
4.2 Depois da realização do debate, escreva
uma frase que expresse o que você está sentindo
e pensando após ter ouvido os colegas e falado
sobre as suas próprias experiências em relação
ao trabalho e à educação.
4.3 Montar um painel com as frases de todos.
4.4 Escolher, com o grupo, um título
interessante para o painel.
Fonte: Pro Jovem – Guia de Estudo – Unidade 2.

167
Processos de Trabalho

Objetivo: discutir formas de organização O(a) facilitador(a) cobra pressa. Ao


do processo de trabalho, considerando término das peças, o(a) educador(a) passa
as diferenças, o ritmo, o produto, o puxando uma caixa na qual as pessoas
envolvimento individual e a relação com a sequencialmente vão montando o “produto
saúde. final”.
Material necessário: massinha de 2º Grupo: sentados em roda. O(a)
modelar ou argila, ordens de serviço e caixas facilitador(a) convida para a montagem de
para recolher peças. um boneco com a participação de todos. Ele
estimula e incentiva o andamento até que o
Número de participantes: de 20 a 30
grupo conclua junto o trabalho.
pessoas.
Depois de terminado o trabalho dos
Tempo de duração: o tempo previsto
grupos, o(a) facilitador(a) coordena um
para o desenvolvimento é de uma a duas
debate refletindo o processo desenvolvido
horas.
por cada grupo. A turma pode relacionar
Metodologia: separar as pessoas em dois esta técnica com a participação de todos
grupos de igual número que irão trabalhar nas atividades desenvolvidas no trabalho, na
paralelamente. Será necessário um(a) militância e nos espaços de estudo.
facilitador(a) para cada grupo.
Reflexão: a maneira de organização de
1º Grupo: ficam parados em fila indiana, trabalho vem sofrendo fortes influências
como numa linha de montagem, cada um do modelo de produção capitalista há
recebe sua massinha de modelar com um séculos, influenciando o ensino, o trabalho
cartão contendo uma ordem de serviço; e a organização da macro estrutura social.
confecção de pés, pernas, tronco, braços, Realidade que tem provocado graves
mãos, cabeça. problemas de adoecimento em trabalhadores
Um desconhece a ordem do outro e, e trabalhadoras, alienando-os(as) dos objetos
portanto, não sabe o que se formará ao final: de suas próprias produções. A técnica
a produção de um boneco. contribui para exibir essa realidade e trazer
outras formas e estratégias de produção,
problematizando questões e contradições na
prática.

168
A sociedade e nós

Música: Fábrica – Renato Russo

Nosso dia vai chegar De onde vem a indiferença


Teremos nossa vez Temperada a ferro e fogo?
Não é pedir demais: Quem guarda os portões da fábrica?
Quero justiça, O céu já foi azul, mas agora é cinza
Quero trabalhar em paz E o que era verde aqui já não existe
Não é muito o que lhe peço Mas quem me dera acreditar
Eu quero trabalho honesto Que não acontece nada de tanto brincar
Em vez de escravidão com fogo
Deve haver algum lugar Que venha o fogo então
Onde o mais forte Esse ar deixou minha vista cansada
Não consegue escravizar Nada demais
Quem não tem chance Nada demais

Texto: O Louco – Kahlil Gibran.


No pátio de um manicômio encontrei um jovem com
rosto pálido, bonito e transtornado. Sentei-me junto a ele
sobre a banqueta e lhe perguntei:
– Por que você está aqui?
Olhou-me com olhar atônito e me disse:
– É uma pergunta pouco oportuna a tua, mas vou
respondê-la.
Meu pai queria fazer de mim um retrato dele mesmo,
e assim também meu tio. Minha mãe via em mim a
imagem de seu ilustre genitor. Minha irmã me apontava
o marido, marinheiro, como o modelo perfeito para ser
seguido. Meu irmão pensava que eu devia ser idêntico a
ele: um vitorioso atleta.

170
E mesmo meus mestres, o doutor em filosofia, o maestro
de música e o orador, eram bem convictos: cada um queria
que eu fosse o reflexo de seu vulto em um espelho.
Por isso vim para cá.
Acho o ambiente mais sadio.
Aqui pelo menos posso ser eu mesmo.
Material necessário: mídia com a música Fábrica e/
ou imprimir a letra. Cartolinas, revistas, jornais (tentar
utilizar materiais de diversas mídias), tesoura, barbante,
grampeador e cola.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de uma a duas horas.
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) acolhe os participantes com uma
música relaxante na sala e pede para que sentem-se
e, via respiração, tentem construir serenidade. Após
dez minutos, comunica que irá colocar uma música
e pede a atenção de todos e todas. Coloca a música
Fábrica e, quando ela acabar, também dá uma pausa
para o silêncio.
2. Uma pessoa, previamente preparada, lê o texto O
louco. Depois, o(a) facilitador(a) provoca o grupo
a refletir sobre o mundo do trabalho, a sociedade e
nossa participação nesse processo.
3. Divide-se a sala em dois grupos, que terão
disponíveis revistas, jornais, cartolina, tesoura etc. O
primeiro fará o debate sobre a Sociedade e o mundo
do trabalho (como cada um(a) entende a lógica de
organização da sociedade? Que lugar ocupa o trabalho
nesta sociedade? O que significa uma sociedade de
direitos, construídos com luta e políticas públicas?).
O segundo fará o debate sobre Nós e a Sociedade
(quais são as expectativas de cada um(a) em relação
à sua própria vida: trabalho, educação e saúde?

171
Como nos vemos nessa sociedade e quem somos em
sua construção? Quais as estratégias construímos para
dialogar com ela?). Os grupos terão de 30 a 40 minutos
para debate e construção de sua síntese. Cada grupo
precisará definir um coordenador e um sistematizador
para organizar os produtos de debate e sistematização.
A apresentação da síntese poderá ser em múltiplas
linguagens e cada grupo tem de cinco a dez minutos
para apresentar.
4. Após as apresentações, o(a) facilitador(a) abre o
debate para reflexão e para aprofundamento de dúvidas,
questões, conflitos e convergências.
Reflexão: pensar sobre a sociedade, o trabalho e nossa
atuação é uma tarefa difícil da qual precisamos de toda nossa
vida para ir complexificando as suas questões e perceber
as contradições históricas que sustentam a organização
ética, moral, social, política e econômica das sociedades.
Porém, esse exercício coletivo pode ser um mecanismo
potente, disparador de intensas reflexões, futuras pesquisas
e possíveis atuações referentes à temática.
Fonte: publicado na edição 339, agosto de 2003, página
14. Equipe Mundo Jovem.

172
Substâncias, Cultura e Sociedade

Objetivo: promover a reflexão sobre o tema das drogas:


estereótipos, preconceitos e realidade.
Material necessário: cartolina, lápis de cor, hidrocor ou caneta,
computador e data show.
Número de participantes: de 15 a 40 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o desenvolvimento é
de uma a duas horas.
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) solicita cinco voluntários do grande grupo.
Entrega a cada um deles uma cartolina e solicita que o primeiro
desenhe uma mão, o segundo, uma orelha e, sucessivamente,
uma cabeça, um olho e um coração, explicando que a mão é
referente ao que você faz em relação ao tema; a orelha, ao que
ouve; a cabeça, ao que pensa; o olho, ao que vê; e o coração, ao
que sente.
2. Dividir o grupo em cinco subgrupos, a partir dos cinco
primeiros voluntários. O(a) facilitador(a) explica que cada
subgrupo, em cinco a sete minutos, realize chuva de ideias sobre
o sentido específico de cada grupo. Após o tempo esgotado, as
cinco cartolinas irão rodar em sentido horário nos cinco grupos,
até que todos tenham acesso a todas as dimensões provocadas.
3. Reúne-se o grande grupo e o(a) facilitador(a) realiza uma
apresentação sobre o processo histórico da relação da sociedade
com as drogas. De 10 a 15 minutos.
Obs.: o tema das substâncias psicoativas é bastante polêmico,
e as correntes teóricas são diversas e muitas delas antagônicas.
Sugerimos o referencial que discute a relação cultural dos
sujeitos com elas, contextualizando a vivência no processo
histórico individual, coletivo e social, considerando, na reflexão,
também o papel do Estado, das religiões e das relações sociais14.

14
LABATE, Beatriz Caiuby et al. (Org.). Drogas e cultura: novas perspectivas. Salvador:
EDUFBA, 2008. O livro foi resultado do Simpósio “Drogas: controvérsias e perspectivas”,
realizado na USP, em setembro de 2005.

173
4. Debate e reflexão a partir dos conhecimentos e
partilhas de saberes que emergiram no processo.
5. Avaliação da vivência.
Reflexão: esta técnica contribui para que os
participantes, por diferentes perspectivas, partilhem
suas percepções sobre o tema, expondo preconceitos,
valores e visões de mundo. Em seguida, após as
chuvas de palavras, trazer uma ou mais referências
sistematizadas para confrontar e situar melhor o
contexto. Para pôr fim, provocar espaço de reflexão
mais intensa sobre a realidade histórica e a cultura
em que se localiza o tema das drogas, bem como
permitir aos participantes ressignificarem suas
referências, transformando-as e/ou fortalecendo-as.
Fonte: técnica utilizada por Redutores de Danos
na Oficina de Construção de linhas de cuidado
para usuários e familiares de álcool e outras drogas.
Pernambuco, 2010.

Amigo é o Que Guia e Desafia

Objetivo: despertar para a importância que temos


na vida das pessoas que estão ao nosso redor e da
confiança que precisa existir na caminhada do grupo.
Material necessário: cartaz, cartolina, lápis de cor
e hidrocor.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 30 a 40 minutos.

174
Metodologia:
1. Desvendar os passos:
Convidar os participantes a formarem duplas,
ficando um ao lado do outro. A dupla combina
quem será o que ficará com os olhos vendados e
quem será o guia. O com os olhos vendados fecha
livremente seus olhos e é auxiliado pelo guia. O
guia, de olhos abertos, dá o seu ombro ou a sua
mão e o ajuda. Enquanto isso, estar atento aos
sentimentos que experimentam. O que está com
os olhos vendados: o que sente ao ser auxiliado? O
guia: o que sente enquanto auxiliador?
2. Caminhando:
As duplas (olhos vendados e olhos abertos) seguem
por diversos caminhos, inclusive passando por
obstáculos, se o guia assim o quiser. Deixa-se um
tempo para que haja a vivência necessária. Depois,
o(a) educador(a) orienta para que se mudem os
papéis: quem está com olhos vendados torna-se
agora guia e quem guiava será vendado. E a técnica
segue por alguns minutos.
3. Partilha:
O(a) facilitador(a) da técnica dá um sinal de parada
e as duplas voltam à sala, para partilharem com o
grupo a experiência realizada: o que sentiram em
cada papel? Como isso se aplica a nossa vida e a vida
do grupo? E em nossas relações de amizade?
4. Após as conclusões, finalizar com o “Poema do
Amigo Aprendiz”
L1 – Quero ser seu amigo... (Quero ser sua amiga...).
L2 – Nem demais e nem de menos. Nem tão longe
e nem tão perto. Na medida mais precisa que eu
puder.
L1 – Mas amar-te, sem medida. E ficar na tua vida.
Da maneira mais discreta que eu souber.

175
L2 – Sem tirar-te a liberdade. Sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
L1 – Sem falar quando for hora de calar. E sem calar
quando for hora de falar.
L2 – Nem ausente e nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz...
L1 – É bonito ser amigo... (É bonito ser amiga). Mas,
confesso, é tão difícil aprender
L2 – E por isso eu te suplico paciência. Vou encher
este teu rosto de lembranças! Dá-me um tempo de
acertar nossas distâncias!
T – Quem encontrou um amigo... Tem “o maior
tesouro que a vida nos poderia dar...”.
Fonte: Adaptação do material produzido pela PJ/RS.

“O Teatro é Dinâmica”

Construindo o circo: é aconselhável, para fazer os


exercícios propostos, preparar devidamente o local. Há diversas
possibilidades: palco de teatro; sala enfeitada com cartazes e
faixas sobre o tema; chão desenhado com giz para transformar
o ambiente em um lugar apropriado etc.
Oferecemos algumas sugestões para construir um circo. O
circo relembra momentos felizes e descontraídos da infância.
Objetivo: criar um clima de participação, descontração e
que facilite a expressão.
Material necessário:
– Tiras de papel ou plástico compridas e resistentes.
– Barbante de nylon ou de algodão.
– Arame fino.

176
– Martelo, alicate, tesoura.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 30 a 40 minutos. Metodologia:
1. Corta-se um número suficiente de tiras grandes (de
cinco a dez metros, de acordo com o tamanho que
se queira dar ao circo), de modo a cobrir o espaço
desejado.
2. Fazer o eixo central redondo de arame ou barbante.
3. Ata-se uma das pontas das fitas ao eixo central.
4. Pendura-se o conjunto, tendo, assim, o lugar do
mastro central e o centro da lona.
5. Prendem-se as pontas que sobram das fitas no chão.
6. Para dar o acabamento final, passar fios de barbante
entre as fitas à distância de, mais ou menos, dois
metros, dando um formato redondo/oval ao conjunto,
como mostra o desenho.
7. Colocar almofadas e escolher um bom aparelho de
som com opções de CDs e mídias.
Agora é só escolher um palhaço para a animação!

1º) Aquecimento
Descrição: Estando todos devidamente instalados no
circo, o coringa ou o(a) facilitador(a) motiva uma partilha
sobre as lembranças despertadas pelo circo. O que mais
atraía?
Todos são convidados a falar.
A seguir, bate-se um papo sobre a figura do palhaço. O
coringa pode utilizar estes elementos:
– Palhaço é a figura do anti-herói;
– Trapalhão, pois não tem compromisso com o
“certinho”;

177
– Brinca com a vida e dela é eterno aprendiz;
– Bonito, porque é alegre;
– Quanto mais espontâneo for, mais adorável se torna.
Todos, em sintonia com o ambiente, dançam
livremente, orientados pelo coringa. Com uma música,
despedimos nossa timidez, repressão e vergonha.
Possibilidade de aplicação:
– Descontrair;
– Criar necessidade de expressão;
– Criar clima para participação;
– Preparar atividades posteriores.

2º) Cumprimento de orelha


Descrição: Cumprimentar-se mutuamente com as
orelhas. Mãos para trás; música de fundo...
1... 2... 3... Começando!
Após todos terem se cumprimentado, convidá-los a
retornarem aos seus lugares.
Possibilidade de aplicação:
– Aquecer;
– Descontrair;
– Desinibir;
– Quebrar barreiras.

3º) Mexendo o corpo


Descrição:
Estando todos e todas em pé, o coringa os(as) convida a
caminhar em círculo, batendo palmas compassadamente.
A seguir, continuar batendo palmas e caminhar na ponta
dos pés. Bater palmas, caminhar na ponta dos pés e

178
mexer o quadril. Bater palmas, caminhar na ponta dos
pés, mexer o quadril e movimentar os braços. Bater
palmas, caminhar na ponta dos pés, mexer o quadril,
movimentar os braços e girar a cabeça.
Para terminar, fazer tudo isso e cantar: tarará...
tum-tum, tarará, tum-tum...
Possibilidade de aplicação:
– Destensionar;
– Aquecer;
– Criar clima de concentração.

4º) Hipnose
Descrição:
Todos ficam em pé, em duplas, um de frente ao outro. Tirar
“par ou ímpar”. Quem ganhar, coloca a mão a um palmo do
rosto do outro. O coringa diz: “vamos fazer o exercício do poder.
Vamos hipnotizar o outro!”.
Com movimentos lentos no início, aquele que está
“mandando” vai levar o outro por onde quiser. Irá “hipnotizando”
o outro com o exercício das mãos, sem tocá-lo. Nunca esquecer
a distância de um palmo do nariz do outro.
É importante o coringa ir lembrando que cada um é
“responsável pelo corpo do outro”.
1... 2... 3... Começando!
Música de fundo pra ajudar na concentração. Manter
silêncio. Depois de, mais ou menos, quatro minutos, o coringa
motiva para se inverter a posição e se recomeça o exercício: 1...
2... 3... Começando!

179
Terminando, assentados, provoca-se a
discussão: o que sentiu? Que posição preferiu?
Continuar a dinâmica com o exercício mútuo de
“hipnose”: mandar e obedecer ao mesmo tempo.
É um jogo de entrosamento sincronizado: “você
olha a mão do seu parceiro e ele olha a sua”.
Possibilidade de aplicação:
– Aquecer;
– Preparar para atividades posteriores;
– Trabalhar temas específicos, por exemplo:
relação de poder, comunicação, coordenação,
relação pais e filhos etc.
Termina-se o exercício recolhendo as
reações dos participantes.
Reflexão: a arte de encenar é uma das formas
mais ricas de comunicação. Estes exercícios
aqui apresentados poderão ser um incentivo
e uma motivação para criar grupos de teatro.
Veja como é fácil teatralizar. Sugerimos que se
convide alguém com experiência e se promova
uma oficina de teatro no grupo ou coletivo.
Fonte: Projeto Comunicarte, Pastoral da
Juventude, São Paulo.

180
Juventude e Comunicação

Objetivo: fortalecer vínculos para melhorar a


qualidade das relações do grupo e do trabalho a ser
desenvolvido, promovendo a construção de espaços
saudáveis.
Material necessário: papel e caneta para cada
participante.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de, aproximadamente, 40 minutos.
Metodologia:
1. Distribuir papel aos participantes e convidá-los
a fazer um desenho de si, contemplando o corpo
inteiro com os símbolos atribuídos a cada gênero.
2. Anotar na figura:
a) Diante dos olhos: as coisas que viu e mais o
impressionaram.
b) Diante da boca: três expressões (palavras,
atitudes) das quais se arrependeu ao longo da sua
vida.
c) Diante da cabeça: três ideias das quais não abre
mão.
d) Diante do coração: três grandes amores
(pessoas, projetos, lugares).
e) Diante das mãos: ações inesquecíveis que
realizou.

182
f) Diante dos pés: piores enrascadas em que
se meteu.
3. O(a) facilitador(a) dialoga com os
participantes sobre as seguintes questões:
a) Foi fácil ou difícil esta comunicação? Por
quê?
b) Este exercício é pertinente para você e para
o grupo?
c) Em qual anotação sentiu mais dificuldade?
Por quê?
d) Este exercício pode favorecer o diálogo
entre as pessoas e o conhecimento de si
mesmo? Por quê?
Reflexão: pessoas trabalham no mesmo lugar
ou compartilham um mesmo grupo de ação política
por muito tempo e, às vezes, não tem oportunidade
de conhecer melhor os colegas e os companheiros.
Técnicas como esta podem contribuir para o
fortalecimento da comunicação e a estruturação dos
vínculos.

Grupo de Observação / Ação

Objetivos: trabalhar potencialidades e limitações nas tarefas,


nas posturas nas e atitudes nas relações de trabalho e da vida.
Material necessário: papel e caneta para cada participante.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o desenvolvimento
é de, aproximadamente, 60 minutos.

183
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) divide o coletivo em dois e orienta que
uma parte fará observação e a outra será o grupo da ação. 2. O
grupo de ação permanece ficará sentado em um círculo interno;
e o de observação, em um círculo externo. 3. Separadamente, ao
grupo de ação, é proposto um tema de debate; ao de observação,
ficar em silêncio e observar o outro grupo anotando impressões
sobre a participação, se há monopólio da fala e por que, e se a
organização do grupo favorece a expressão, entre outras. 4. Após
a realização da observação e da ação, retoma-se ao coletivo e
discute-se o que foi observado e vivido por todos, impressões,
questionamentos etc.
Exemplos de coordenação:
a) Forma-se um grupo para demonstrar o primeiro tipo de
educador(a), o(a) ditador(a), utilizando sempre o mesmo
tema. Este deve sempre mandar no grupo, assumindo ou
não responsabilidades dentro do grupo.
b) Após o(a) ditador(a), forma-se outro grupo para
exemplificar o(a) educador(a) paternalista, que assume
todas as responsabilidades que o grupo pode ter.
c) Forma-se outro grupo demonstrando o(a) educador(a)
que não assume a responsabilidade do grupo, sempre
concordando com tudo que é proposto, sem colocar em
prática, na maioria das vezes. E, por último, entra o(a)
educador(a) democrático, que sabe ouvir as pessoas,
direciona o trabalho em grupo, mas que também apresenta
limitações.
Reflexão: o cotidiano de trabalho, da vida e da militância
é repleto de muita beleza, mas também de desafios. Por mais
comprometidas que sejam as pessoas, em seus processos de
reflexão, de construção e luta, a prática cotidiana é atravessada
por inúmeras contradições individuais, coletivas e institucionais.
Logo, este exercício é muito bom para contribuir com as
pessoas, coletivos, instituições e movimentos, na perspectiva
de, permanentemente, transformar as relações e as realidades.

184
Exercício da Qualidade

Objetivos: trabalhar a conscientização dos membros do


grupo sobre as boas qualidades nas outras pessoas; despertar as
pessoas para qualidades até então ignoradas por elas mesmas.
Material necessário: lápis e papel.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de, aproximadamente, 45 minutos.
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) inicia dizendo que, na vida, as
pessoas tendem a observar mais os defeitos dos outros do
que as qualidades, talvez porque o que incomoda parece
ser mais marcante.

2. Nesse instante, cada qual terá a oportunidade de


realçar uma qualidade do colega.
a) O(a) facilitador(a) distribuirá uma papeleta
para todos os participantes. Cada um deverá
escrever nela a qualidade que, no seu entender,
caracteriza seu colega da direita.
b) A papeleta deverá ser completamente
anônima, sem nenhuma identificação. Para isso,
não deve constar o nome da pessoa da direita
nem vir assinada.
c) A seguir o(a) facilitador(a) solicita que
todos dobrem a papeleta para ser recolhida,
embaralhada e redistribuída.

185
d) Feita a redistribuição, começando pela
direita do(a) educador(a), um a um lerá
em voz alta a qualidade que consta na
papeleta, procurando entre os membros do
grupo a pessoa que, no entender do leitor, é
caracterizada com esta qualidade. Só poderá
escolher uma pessoa entre os participantes.
e) Ao caracterizar a pessoa, deverá dizer por
que tal qualidade a caracteriza.
f) Pode acontecer que a mesma pessoa do
grupo seja apontada mais de uma vez como
portadora de qualidades, porém, no final,
cada qual dirá em público a qualidade que
escreveu para a pessoa da direita.
g) Ao término do exercício, o(a) facilitador(a)
provoca os participantes para que verbalizem
as sensações.

Qualidade do Líder Democrático

Objetivo: possibilitar aos participantes a problematização


sobre as diferentes caraterísticas que definem um líder
democrático.
Material necessário: lápis e papel, uma cópia da relação de
definições e das qualidades.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o desenvolvimento
é de aproximadamente 60 minutos.
Metodologia:
a) O(a) facilitador(a) inicia falando sobre tipos de líderes,
procurando enfatizar as características de cada um.

186
b) Formando subgrupos, demonstrará com ênfase:
primeiro, um líder autoritário; depois, mudando o
subgrupo, demonstra o líder paternalista; ao terceiro,
demonstra o líder anárquico; e, por último, um líder
democrático.
c) Após apresentar sem informar qual tipo de líder
representa, pedir ao grupo para defini-los e nomeá-los
um a um, explicando depois um a um.
d) Após a nomenclatura, distribuem-se as qualidades
do líder democrático, para cada membro, e discute-se
sobre cada um.
Definições:
1. Sabe o que fazer, sem perder a tranquilidade. Todos
podem confiar nele em qualquer emergência.
2. Ninguém se sente marginalizado ou rejeitado por ele.
Ao contrário, sabe agir de forma que cada um sente-se
importante e necessário no grupo.
3. Interessar-se pelo bem do grupo. Não usa o grupo
para interesses pessoais.
4. Sempre pronto para atender.
5. Mantém a calma nos debates, não permitindo
abandono da responsabilidade.
6. Distingue bem a diferença entre o falso e o verdadeiro,
entre o profundo e o superficial, entre o importante e o
acessório.
7. Facilita a interação do grupo. Procura que o grupo
funcione harmoniosamente, sem dominação.
8. Tem uma visão otimista da realidade. Jamais
desanima diante da opinião daqueles que só veem
perigo, sombra e fracassos.

187
9. Sabe prever, evita a improvisação. Pensa até nos menores detalhes.
10. Acredita na possibilidade de que o grupo saiba encontrar por si
mesmo as soluções, sem recorrer sempre à ajuda dos outros.
11. Dá oportunidade para que os outros se promovam e se realizem.
Pessoalmente, proporciona todas as condições para que o grupo
funcione bem.
12. Faz agir. Toma a sério o que deve ser feito. Obtém resultados.
13. É agradável. Cuida de sua aparência pessoal. Sabe conversar
com todos.
14. Diz o que pensa. Suas ações correspondem com suas palavras.
15. Enfrenta as dificuldades. Não foge e nem descarrega o risco nos
outros.
16. Busca a verdade com o grupo, e não passa por cima do grupo.
Qualidades:
1. Seguro; 2. Acolhedor; 3. Desinteressado; 4. Disponível; 5. Firme
e suave; 6. Catalisador; 7. Otimista; 8. Previsor; 9. Confia nos outros;
10. Apoiador; 11. Eficaz; 12. Sociável; 13. Sincero; 14. Corajoso; 15.
Democrático.
Reflexão: por mais esforçada que seja uma liderança, como sujeito
histórico, a contradição sempre lhe atravessará. Não existem pessoas
perfeitas, mas líderes em construção comprometidos com as qualidades
destacadas anteriormente. Também é fundamental ficar atento que, em
alguns grupos, a tarefa da liderança circula no grupo e o líder é um
potente articulador na construção de novas lideranças.
190
Pare!

Objetivo: medir o grau de interesse, de participação, a


preocupação atual e a motivação dos participantes, como
teste surpresa.
Material necessário: caneta e papel em branco.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de, aproximadamente, 45 minutos.
Metodologia:
1. Distribui-se um papel em branco para cada membro
participante e, a pedido do(a) facilitador(a), todos
deverão escrever, em poucas palavras, o que gostariam
de ouvir, de falar ao grupo, de fazer, no momento.
2. O preenchimento do papel será feito anonimamente.
3. Uma vez preenchidos, recolhem-se os papéis
dobrados e, após embaralhá-los, processa-se a
redistribuição.
4. A seguir, a pedido do(a) facilitador(a), todos, um a
um, irão ler em público o conteúdo dos papéis.
Obs.: usa-se a técnica do “Pare!” quando se nota
pouca integração grupal, quando há bloqueios, para maior
presença consciente, para descobrir a evolução do grupo.
Reflexão: o(a) facilitador(a) precisa estar atento e ser
sensível ao grupo, tanto para propor pausa, reflexão e/ou
avaliação do processo, como para reavaliar sua intervenção
caso ela não favoreça o trabalho do grupo.

191
Um Trabalho em Equipe

Objetivos: exercitar o trabalho em equipe e o confronto


de opiniões, além de desenvolver o raciocínio lógico e a
imaginação.
Material necessário: cópia do texto “Avenida Complicada”
e lápis ou caneta para cada um dos participantes.
Número de participantes: de 10 a 15 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o desenvolvimento
é de, aproximadamente, 45 minutos.
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) formará subgrupos de três pessoas,
entregando a cada participante uma cópia do texto “Avenida
Complicada”.
2. Todos os subgrupos procurarão resolver o problema da
“Avenida Complicada”, com a ajuda de toda a equipe.

4. Obedecendo às informações constantes da cópia, a solução


final deverá apresentar cada uma das cinco casas caracterizadas
quanto à cor, ao proprietário, à condução, à bebida e ao animal
doméstico.
5. Será vencedor da tarefa o subgrupo que apresentar primeiro
a solução do problema.
6. Terminado o exercício, cada subgrupo fará uma avaliação
acerca da participação dos membros da equipe na tarefa grupal.
7. O(a) facilitador(a) poderá formar um plenário com a
participação de todos os membros dos subgrupos para
comentários e depoimentos.

192
Texto “Avenida Complicada”
Nessa avenida, encontram-se cinco casas (A, B, C,
D e E). São dadas algumas informações que permitirão a
solução para esse problema. São elas:
• As cinco casas estão localizadas na mesma avenida e
no mesmo lado.
• O mexicano mora na casa vermelha.
• O peruano tem um carro Mercedes.
• O argentino possui um cachorro.
• O chileno é arquiteto.
• Os coelhos estão à mesma distância do Palio e do
eletricista.
• O gato não é do psicólogo e não mora na casa azul.
• Na casa verde, dá-se aula.
• A vaca é vizinha do arquiteto.
• A casa verde é vizinha da casa direita, cinza.
• O peruano e o argentino são vizinhos.
• O proprietário do Fusca cria coelhos.
• O Vectra pertence à casa cor-de-rosa.
• O engenheiro reside na terceira casa.
• O brasileiro é vizinho da casa azul.
• O eletricista possui um Ford Ka.
• O dono do Palio é vizinho da vaca.
• O proprietário do Vectra é vizinho do dono do cavalo.

193
A B C D E
Cor
Carro
Profissão
Animal
Nacionalidade

Avenida Complicada – Gabarito

A B C D E
Cor Verde Cinza Vermelha Azul Rosa
Carro Mercedes Ford Ka Fusca Palio Vectra
Profissão Professor Eletricista Engenheiro Arquiteto Psicólogo
Animal Gato Cachorro Coelho Cavalo Vaca
Nacionalidade Peruano Argentino Mexicano Chileno Brasileiro

194
Técnica do Chocolate

Objetivo: oportunizar um maior conhecimento de


si mesmo e facilitar melhor relacionamento e integração
interpessoal.
Material necessário: bombons, cabo de vassoura, fita
adesiva.
Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de, aproximadamente, 60 minutos.
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) divide o grupo em duas turmas.
Com a primeira turma, ele passa a instrução de que
eles somente ajudarão os outros se eles pedirem ajuda
(isso deve ser feito sem que a outra turma saiba).
2. A segunda turma terá seu braço preso com o cabo de
vassoura (em forma de cruz) e a fita adesiva. Deve ficar
bem fechado para que eles não peguem o chocolate
com a mão.
3. Colocam-se os bombons na mesa e pede-se para
que cada um tente abrir o chocolate com a boca; e
quem conseguir pode comer o chocolate.
4. A primeira turma ficará um atrás de cada um
da segunda turma, ou seja, existirá uma pessoa da
primeira turma para cada pessoa da segunda turma.
5. Após algum tempo o(a) facilitador(a) encerra a
técnica refletindo que às vezes é importante fazer as
coisas sozinhos, mas precisamos estar atentos, pois,
em muitos momentos, precisaremos construir tarefas
e projetos, que só acontecem em conjunto. Na técnica,
cada um tinha um participante ao qual se poderia
solicitar simplesmente que abrisse o chocolate e
colocasse em sua boca.

195
Cestas de Frutas

Objetivo: desenvolver a percepção, a atenção e a


integração.
Material necessário: uma cadeira para cada
participante.
Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de, aproximadamente, 60 minutos.
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) convida os presentes a sentarem-
se formando um círculo e dá a cada um o nome de uma
fruta. Os nomes das frutas são repetidos várias vezes.
2. Explica a maneira de fazer o exercício: Conta-se uma
história e, toda vez que for mencionado o nome de uma
fruta, a pessoa que recebeu o nome daquela fruta troca de
lugar. Se, entretanto, aparecer na história a palavra “cesta”,
todos mudam de lugar. Como o(a) facilitador(a) também
participa do jogo, uma pessoa permanecerá em pé e fará
a sua própria apresentação. A técnica será repetida várias
vezes, até que todos tenham se apresentado.
3. O(a) facilitador(a) questiona ao grupo como estão
se sentindo após o exercício e qual a potência dele.

196
Dinâmica do Nó

Objetivo: mostrar que a união é parte


essencial para manter o grupo, além de exercitar
o afeto, a amizade etc.
Material necessário: mídia com música da
preferência do grupo e aparelho de som.
Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para
o desenvolvimento é de, aproximadamente, 30
minutos.
Metodologia:
1. Os participantes, em pé, formam um 5. Assim que todos estiverem ligados
círculo e dão as mãos. Pedir para que, aos mesmos companheiros, o(a)
olhando as pessoas, memorizem quem está facilitador (a)pede que voltem para a
ao seu lado esquerdo e direito. posição natural, porém, sem soltarem
as mãos e em silêncio.
2. Após esta observação, o grupo deverá
caminhar livremente, mas sem se 6. O grupo deverá desamarrar o
dispersar muito do grupo. A um sinal nó feito e voltar ao círculo inicial,
do(a) facilitador(a), o grupo deve parar de movimentando-se silenciosamente.
caminhar e cada um deve permanecer no 7. Se após algum tempo não
lugar exato em que está. conseguirem voltar a posição inicial, o
3. Cada participante deverá dar a mão à (a) facilitador (a) libera a fala.
pessoa que estava a seu lado (sem sair do 8. O(a) facilitador(a) questiona como
lugar): mão direita para quem segurava cada um se sentiu e como se sentiu em
a mão direita e mão esquerda para quem relação ao grupo.
segurava a mão esquerda (como no início).
Obs.: sempre é possível desatar o nó
4. Com certeza, ficará um pouco difícil completamente, mas, quanto maior for o
devido à distância entre aqueles que estavam grupo, mais difícil fica. Sugerimos que, se o
próximos no início, mas o(a) facilitador(a) grupo passar de 30, os demais ficam apenas
tem que motivar para que ninguém mude participando de fora, podendo contribuir
ou saia do lugar, nem troque o companheiro no segundo momento, quando é liberada
com o qual estava de mãos dadas. a fala.

197
Autógrafos

Objetivo: proporcionar a reflexão sobre 6. Passados os dois minutos, o(a)


o exercício da solidariedade em atividades facilitador(a) interrompe a atividade
coletivas. e solicita que todos os participantes
confiram o número de autógrafos
Material necessário: papel, lápis ou
legíveis obtidos.
caneta.
7. Perguntar a cada um deles o número
Número de participantes: de 15 a 20
obtido e informar à classe ou ao grupo
pessoas.
os três primeiros resultados.
Tempo de duração: o tempo previsto para
Reflexão e avaliação: esse conteúdo não
o desenvolvimento é de, aproximadamente,
deve ser explicado pelo(a) facilitador(a), e
40 minutos.
sim ser produto de ampla e, muitas vezes,
Metodologia: longa discussão, após a aplicação da técnica.
1. O(a) facilitador(a) distribui, a cada Seu fundamento moral vale-se do choque
participante, uma folha de papel em que provoca ao se verem seus integrantes
branco e pede ao mesmo que anote, ao possivelmente mergulhados em uma
alto, seu nome ou apelido. competição egocêntrica que se opõe a um
sentimento de solidariedade. Ao terminar
2. Solicita, a seguir, que tracem um a aplicação da técnica, os participantes
retângulo ao redor do nome. percebem que, intuitivamente, entraram
3. Avisar aos participantes que terão dois em choque competitivo, rejeitando um
minutos para cumprir a tarefa de colher sentimento de solidariedade que, afinal, é a
autógrafos, pedindo que os demais mensagem mais forte de todo propósito de
assinem seus nomes de forma legível em sensibilização.
sua folha.
4. Avisar também que, esgotado o tempo,
todos deverão ter suas folhas em mãos.
5. Iniciar a atividade e marcar o tempo.
Nesse momento, é natural a formação
de verdadeira balbúrdia, com todos os
membros buscando rapidamente obter
o maior número possível de autógrafos,
ainda que tal ordem não tenha sido
passada nem o(a) facilitador(a) tenha
colocado qualquer proposta de prêmio
ou vitória por essa conquista.

198
“O Que Você Parece Pra Mim...”

Recomendação ao facilitador após a Objetivos: apontar falhas e exaltar


aplicação da técnica: iniciar a discussão qualidades, melhorando as relações no grupo.
da técnica, indagando se haveria algum Material necessário: papel cartão, canetas
valor em atribuir-se qualquer destaque hidrocor e fita crepe.
novo aos participantes que mais
autógrafos tivessem obtido. Receberá, Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
quase que unânime, a resposta negativa. Tempo de duração: o tempo previsto para
Indaga, então, se, de alguma forma, a o desenvolvimento é de, aproximadamente, 40
técnica prestaria para identificar alguma minutos.
solidariedade, pois não é difícil muitos
perceberem que há muito egocentrismo Metodologia: cola-se um cartão nas costas
na obtenção do autógrafo, mas não em de cada participante com uma fita crepe. Cada
sua doação. Embora todos se mostrassem participante deve ficar com uma caneta hidrocor.
ávidos em obter autógrafos, tiveram que Ao sinal, os participantes devem escrever no
também oferecer o seu, como alternativa cartão de cada integrante o que for determinado
para o recebimento. Não demorará muito pelo(a) facilitador(a) da técnica (em forma de
e o grupo será levado a perceber que a uma palavra apenas), exemplos:
mensagem da técnica é ensinar que toda 1) Qualidade que você destaca nesta pessoa.
conquista pressupõe doação e que, sem
2) Defeito ou sentimento que deve ser
a ajuda de nossa espontaneidade, pouco
trabalhado pela pessoa.
pode ser obtido.
3) Nota que cada um daria para determinada
característica ou objetivo necessário a atingir
nesta técnica.
4) Refletir, no coletivo, como foi a
experiência.
Em seguida, o grupo discute, exercitando
a empatia, as questões referentes a cada
característica proposta pelo(a) facilitador(a),
observando as atribuições dadas a cada pessoa.
Reflexão: o exercício proposto pela técnica
mobiliza as pessoas a reverem suas posturas e
certezas, de modo que se abram para discutir
características individuais que fortalecem e
limitam a ação e a reflexão do grupo.

199
200
O Mestre

Objetivo: desenvolver a criatividade, a socialização, a


desinibição e a concentração.
Material necessário: mídia com música suave e aparelho de
som.
Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o desenvolvimento
é de, aproximadamente, 30 minutos.
Metodologia: em círculo, os participantes devem escolher
uma pessoa para ser o(a) adivinhador(a). Este deve sair do
local. Em seguida, os outros devem escolher um(a) mestre para
encabeçar os movimentos/mímicas. Tudo que o(a) mestre fizer,
todos devem imitar. O(a) adivinhador(a) tem duas chances
para saber quem é o(a) mestre. Se errar, volta; e se acertar, o(a)
mestre vai em seu lugar. Após a atividade de descontração,
concentração e aquecimento, o(a) facilitador(a) provoca a
reflexão no grupo sobre quais questões emergem da técnica.

201
Para Problemas, Virtudes!

Objetivo: proporcionar a reflexão sobre a) A quem ficou no centro: o que sentiu


o exercício da solidariedade na resolução de quando percebeu que estava ficando
problemas. sobrecarregado?
Material necessário: bexiga e tira de papel. b) A quem saiu: o que sentiu?
Número de participantes: de 20 a 30 4. Depois dessas colocações, o(a)
pessoas. facilitador(a) fará uma reflexão sobre
nossa potência em resolver problemas,
Tempo de duração: o tempo previsto para
considerando que ficamos mais fortes
o desenvolvimento é de, aproximadamente, 60
quando estamos juntos, em coletivo.
minutos.
5. Ele pedirá aos participantes que
Metodologia:
estourem as bexigas e peguem o seu
1. O(a) facilitador(a) pede ao grupo que se papel com uma virtude. Um a um
organize em círculo e distribui uma bexiga partilha sua palavra e é convidado a
vazia para cada participante, com um tira comentá-la.
de papel dentro (com uma palavra que será
Obs.: dicas de palavras ou melhores
conhecida no final da técnica).
virtudes: amizade, solidariedade,
2. O(a) facilitador(a) dirá para o grupo confiança, cooperação, apoio, aprendizado,
que aquelas bexigas são os problemas que humildade, tolerância, paciência, diálogo,
enfrentamos no nosso dia a dia (de acordo alegria, prazer, tranquilidade, troca, crítica,
com a vivência de cada um): desinteresse, motivação, aceitação etc. (as palavras
intrigas, fofocas, competições, inimizade precisam ser escritas de acordo com o
etc. objetivo do momento).
3. Cada um deverá encher a sua bexiga e Fonte: Carminha Braga – Franca.
brincar com ela, jogando-a para cima com
as diversas partes do corpo; depois, com os
outros participantes, sem deixá-la cair.
Aos poucos, o(a) facilitador(a) pedirá para
alguns dos participantes deixarem sua bexiga
no ar e sentarem-se, os restantes continuam no
jogo. Quando o(a) facilitador(a) perceber que
quem ficou no centro não está dando conta
de segurar todos os problemas, peça para que
todos voltem ao círculo e, então, ele pergunta:

202
As Diferenças

Objetivo: trabalhar o sentimento de aceitação uns dos


outros, a sensibilidade e a busca do consenso na tomada de
decisão.
Material necessário: pedaço de papel em branco e
caneta.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de aproximadamente 40 minutos.
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) distribui folhas de papel em
branco e canetas para o grupo e diz que todos precisarão
desenhar sem tirar a caneta do papel.
2. Pede que desenhem um rosto com olhos e nariz. Em
seguida, que desenhem uma boca cheia de dentes e
continuem o desenho fazendo um pescoço e um tronco.
3. É importante ressaltar sempre que não se pode tirar o
lápis ou caneta do papel. Após as orientações, pede que
todos parem de desenhar.
4. Todos mostram seus desenhos. O(a) facilitador(a)
ressalta que não há nenhum desenho igual ao outro,
portanto, todos percebem a mesma situação de diversas
maneiras, exemplificando como somos diversos, logo,
possuímos visões de mundo diferentes. Logo, fica
destacada a importância da diplomacia, assim como o
quanto a alteridade é necessária para a construção de
vínculos e o fortalecimento do processo democrático.
Assim, antes de agir com intransigência, é importante
parar, respirar e tentar olhar em outra perspectiva,
fazer o exercício da problematização. Evidente que sem
generalizações, pois ainda existem muitas contradições
em nossa sociedade.
Fonte: Maria Aparecida Fontes Martinez – Curitiba.

203
Caixinha de Perguntas

Objetivo: proporcionar intercâmbio de


informações, comunicação e integração do grupo.
Material necessário: pedaço de papel em
branco, caneta, mídia com música própria ao
momento e uma caixinha.
Número de participantes: de 15 a 20 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para
o desenvolvimento é de, aproximadamente, 40
minutos.
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) apresenta rapidamente o
tema e distribui ao grupo o texto a ser estudado.
2. Após a leitura do texto, passa-se uma
caixinha com algumas perguntas sobre o texto.
3. Passa-se ao “jogo da caixinha”. Liga-se uma
música. A caixinha vai passando por todos.
Quando parar a música, quem estiver com a
caixinha extrai um bilhete. Tem um minuto
para responder, servindo-se do texto. Se não
responder, perde pontos ou paga prenda.
4. Prossegue-se e, se a caixinha parar na mão
de alguém que já respondeu, passa-se ao colega
que o antecede.
Obs.: o valor da técnica está em que todos
são intensamente envolvidos em cada resposta.
Enquanto o sorteado busca a resposta, todo mundo
pensa, procura no texto, e deve ficar atento para as
contribuições. Para dificultar, pode-se introduzir
a regra que, a cada parada de música, sorteia-
se uma nova pergunta, mas antes o participante
deverá responder também à pergunta de seu colega
anterior (para forçar a atenção de todos).

204
Gincana Cooperativa em 2. Um espírito diferente:
Defesa do Meio Ambiente Ter presente a ideia ou as ideias que
irão direcionar o trabalho. Quando for
Objetivo: promover a integração e a organizado o conjunto das “tarefas”, deixar
solidariedade por meio de ações cooperativas. bem claro quais são as atitudes que serão
cultivadas. Ressignificar o pensamento que
Material necessário: cartaz, cartolina, lápis temos sobre gincanas como momentos de
de cor, hidrocor. competição entre equipes: ganhadores(as)
Número de participantes: número e perdedores(as), pontuações e premiações.
de participantes flexível, de acordo com a 3. No lúdico, as gerações em
capacidade do local. solidariedade:
Tempo de duração: pode ser de um turno, O que está por trás de tudo isso é a ação
de um dia. coletiva e solidária de um grupo ou uma
Metodologia: comunidade (crianças, adolescentes, jovens,
adultos e idosos) em torno de uma busca
1. Atitude é fundamental: comum: a preservação do meio ambiente.
Dois elementos principais: a coletividade e a Desse modo, preservar a dignidade humana
solidariedade. Uma gincana requer trabalho de e o planeta são tarefas inseparáveis e que
equipe, de grupo. Por isso, é fundamental que devem ser trabalhadas conjuntamente.
todos se integrem e participem ativamente. Precisamos, permanentemente, construir
Solidariedade pressupõe auxílio mútuo, em nós novos seres e um novo mundo
cooperação, companheirismo, troca. possível, a partir de estabelecimento de
novas relações. Por isso, existe a orientação
para que seja uma gincana que envolva
toda a comunidade, desde a formação das
equipes participantes.

205
4. Agitação também é construção: Exemplo de tarefas:
A “correria” precisa ser iniciada em 1. Montagem das equipes.
benefício do planeta que começa em nossa 2. Escolha do nome.
própria casa e que se chama “nossa casa”. A
correria solidária de quem sai do seu mundo Critério: algo ligado ao espírito da gincana
e decide lutar coletivamente. “Correria” (união, solidariedade, cooperação, respeito,
como sinônimo de trabalho muito ativo e não fraternidade, amizade...) ou relacionado à
de algo desordenado. Para essa tarefa, vamos biodiversidade da região (nomes de rios,
nos organizar e desenvolver a consciência lagos, parques, animais...).
comunitária e desacomodada. 3. Entrevista com uma pessoa da
Pontuação de tarefas: eliminar a lógica comunidade (amigo, parente, escola...)
da competição é uma das ideias. A gincana que tenha mais de 60 anos de idade,
pode ser montada com esta ideia-chave. perguntando sobre qual a realidade de
Exemplo de pontuação: as equipes recebem tudo o que envolvia a água em sua infância
sementes que deverão ser plantadas ao final e juventude.
da gincana. 4. Elaboração e recitação de um poema
relacionado ao meio ambiente, à vida e à
construção coletiva.
5. Visita a uma companhia de tratamento
de água (que faz a coleta, tratamento e
distribuição) ou a algum local onde se faça
algum tipo de tratamento da água (ou o
que mais se aproxime disso), e registro dos
passos desse processo.
6. Montagem de uma dramatização a partir
de alguma música ou texto que fale sobre a
temática.

206
7. Criação de um cartão (tipo postal) com algumas dicas de como usar e
economizar água. Esse material deverá ser confeccionado para distribuição
na comunidade, nas escolas e nos estabelecimentos comerciais como
forma de divulgar a urgência do cuidado com a água.
8. Realizar pesquisa sobre quais são os principais grupos privados ou
públicos que têm ações de degradações ao meio ambiente, da água, da terra
e do ar de maior impacto na região. Visitar as instituições que denunciam
as violações e conhecer suas ações, buscando integrar-se a elas.
9. Organização de um projeto de preservação do meio ambiente que possa
ser desenvolvido na escola, no bairro, na comunidade e/ou em parceria
com outros grupos ou comunidades. No projeto, pode estar prevista a
organização de coleta e separação do lixo (tipos de lixos: seco, orgânico,
metal, plásticos...), ação para evitar a erosão (plantio de árvores...),
realização de atos públicos que deem visibilidade à problemática, entre
outras ações criativas que possam contribuir para a qualidade de vida no
território.
10. Realização de uma visita, com a presença de todas as equipes, a algum
manancial, com o objetivo de conhecer e valorizar a água que se tem.
Tipos de mananciais: naturais, fontes, córregos, rios, poços, estação de
tratamento e fontes de captação.
Na visita aos mananciais, procurar responder às questões: de onde vem a
água consumida na comunidade? Qual a situação desses mananciais? O
que podemos aprender fazendo esta ação de visitar?
11. Pesquisar sobre alguma entidade da região que mantenha projetos
ligados às questões ambientais (água, saneamento e saúde), procurando
descobrir:
a) Quais os objetivos da entidade/do projeto?
b) Quem pode participar?
c) Quais os resultados das ações da entidade/do projeto na realidade?
d) Quais as dificuldades enfrentadas?
e) Como é trabalhado o papel do poder público nestas questões? Como
é vista a legislação?
f) Qual o grau de envolvimento e participação de adolescentes e jovens
nas ações desenvolvidas?
g) Outras questões que sejam importantes.

207
7.2 Histórias, músicas, poemas

Cordel “Saúde e Cidadania”


Maria Aparecida A. de S. Ferreira (Agente Comunitária de Saúde)

I
A saúde é um direito que todos nós temos,
mas em nosso país com isso muito sofremos,
pois temos que nos conformar com a saúde que temos
e não com a que queremos

II
Mas graças ao desenvolvimento, este quadro tem sido mudado,
um lutando daqui, outro dali, grande avanço foi tomado.
Com a criação do ACS, o Brasil tem se alegrado

III
O ACS é um canal que leva informação
sobre educação em saúde, principalmente na prevenção
de todas as doenças que acometem a população

IV
É um agente trabalhador, de tudo faz um pouco,
preocupa-se com o bem-estar, em todos os sentidos, da vida dos outros,
para ajudá-los a ser cidadãos, eles não medem esforço

V
O que querem realmente é que a população possa ver,
que saúde e cidadania, quando juntas, passam a ser,
melhora de vida para todos, com transformação no viver

209
VI
Quando todo ser humano sua identidade assumir
de verdadeiro cidadão,
o Brasil irá sentir, que saúde é complementação,
para a população sorrir

VII
Para aqui finalizar as minhas poucas palavras,
quero dizer-lhes amigos com muita sinceridade,
que nesta luta estou
com garra, força e coragem

VIII
Do estado do Tocantins, da cidade de Colinas,
saí com fé e vontade,
para aqui em Brasília, junto a todos
discutirmos a realidade

IX
Para chegar até aqui, com muitos pude contar,
Dr. Nilton, secretário, com Eliana a coordenar,
não esquecendo da Tânia, enfermeira,
que tudo faz para me ajudar.

210
Canção Óbvia
Paulo Freire, Genève, Março, 1971.

Escolhi a sombra desta árvore para


repousar do muito que farei,
enquanto esperarei por ti.
Quem espera na pura espera
vive um tempo de espera vã.
Por isto, enquanto te espero
trabalharei os campos e
conversarei com os homens
Suarei meu corpo, que o sol queimará;
minhas mãos ficarão calejadas;
meus pés aprenderão o mistério dos caminhos;
meus ouvidos ouvirão mais,
meus olhos verão o que antes não viam,
enquanto esperarei por ti.
Não te esperarei na pura espera
porque o meu tempo de espera é um
tempo de quefazer.
Desconfiarei daqueles que virão dizer-me,
em voz baixa e precavidos:
É perigoso agir
É perigoso falar
É perigoso andar

211
É perigoso, esperar, na forma em que esperas,
porquê esses recusam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que virão dizer-
me,
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque esses, ao anunciar-te ingenuamente,
antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.

Paulo Freire, 2000.

213
O Quase
Luis Fernando Veríssimo

Ainda pior que a convicção do não, a incerteza do talvez é


a desilusão de um “quase”. É o quase que me incomoda,
que me entristece, que me mata trazendo tudo
que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou
ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase
morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos
dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias
que nunca sairão do papel por essa maldita mania de
viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma


vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto. A
resposta eu sei de cor, está estampada na distância e
frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na
indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.


Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a
alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.

214
não
e estiv esse m esm o no meio termo, o mar
Se a virtud co-íris em
riam nublados e o ar
teria ondas, os dias se spira, não
de cin za . O na da não ilumina, não in
to ns e cada um
ne m ac al m a, ap en as amplia o vazio qu
aflige
traz dentro de si.

das as
ontanhas, nem que to
Não é que fé mova m que não
cance, para as coisas
estrelas estejam ao al ia, porém,
se r mud adas resta -nos somente paciênc
podem ria é
évia à dúvida da vitó
preferir a derrota pr
nidade de merecer.
desperdiçar a oportu
ce; pros
; pros fracassos, chan
Pros erros há perdão cercar um
es im po ssíve is, te m po. De nada adianta
amor cujo fim
zio ou ec on om izar alma. Um romance
coração va e que
eo ou in do lor nã o é romance. Não deix
é instantân que o medo
e a rotina acomode,
a saudade sufoque, qu
impeça de tentar.

e acredite em você.
Desconfie do destino o
s ho ra s realizando que sonhando, fazend
Gaste mai rque, embora
e planej an do, vive ndo que esperando, po
qu e vive já
teja vivo, quem quas
quem quase morre es
morreu!

215
Poema do Fim do Ano
Mario Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano


Mora uma louca chamada Esperança
E quando todas as buzinas fonfonam
quando todos os reco-recos matracam
quando tudo berra, tudo grita, tudo apita
a louca tapa os ouvidos
atira-se e – ó miraculoso vôo! -
acorda, outra vez menina, lá embaixo, na calçada.
O povo aproxima-se, aflito
E o mais velhinho curva-se e pergunta:
– Como é teu nome, menininha dos olhos verdes?
E ela então sorri a todos eles
E lhes diz, bem devagarinho para que não esqueçam nunca:
Meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

216
Solidariedade
Rubem Alves

“Se te perguntarem quem era essa que às areias e gelos quis ensinar a
primavera...”: é assim que Cecília Meireles inicia um dos seus poemas.
Ensinar primavera às areias e gelos é coisa difícil. Gelos e areias nada
sabem sobre primaveras... Pois eu desejaria saber ensinar a solidariedade a
quem nada sabe sobre ela. O mundo seria melhor. Mas como ensiná-la?
Será possível ensinar a beleza de uma sonata de Mozart a um surdo? Como? –
se ele não ouve. E poderei ensinar a beleza das telas de Monet a um cego? De
que pedagogia irei me valer para comunicar cores e formas a quem não vê? Há
coisas que não podem ser ensinadas. Há coisas que estão além das palavras.
Os cientistas, filósofos e professores são aqueles que se dedicam a ensinar
as coisas que podem ser ensinadas. Coisas que podem ser ensinadas são
aquelas que podem ser ditas. Sobre a solidariedade muitas coisas podem ser
ditas. Por exemplo: acho possível desenvolver uma psicologia da
solidariedade. Acho também possível desenvolver uma sociologia da
solidariedade. E, filosoficamente, uma ética da solidariedade... Mas os
saberes científicos e filosóficos da solidariedade não ensinam a
solidariedade, da mesma forma como a crítica da música e da pintura não
ensina às pessoas a beleza da música e da pintura. A beleza é inefável; está
além das palavras.
Palavras que ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Os saberes,
todos eles, são pássaros engaiolados. Mas a solidariedade é um pássaro que
não pode ser engaiolado. Ela não pode ser dita. A solidariedade pertence a
uma classe de pássaros que só existem em vôo. Engaiolados, esses pássaros
morrem.

217
A beleza é um desses pássaros. A beleza está além das palavras. Walt
Whitman tinha consciência disso quando disse: “Sermões e lógicas jamais
convencem. O peso da noite cala bem mais fundo em minha alma...” Ele
conhecia os limites das suas próprias palavras. E Fernando Pessoa sabia que
aquilo que o poeta quer comunicar não se encontra nas palavras que ele diz:
ela aparece nos espaços vazios que se abrem entre elas, as palavras. Nesse
espaço vazio se ouve uma música. Mas essa música - de onde vem ela se não
foi o poeta que a tocou?
Não é possível fazer uma prova colegial sobre a beleza porque ela não é um
conhecimento. E nem é possível comandar a emoção diante da beleza.
Somente
atos podem ser comandados. Ordinário! Marche!”, o sargento ordena. Os
recrutas obedecem. Marcham. À ordem segue-se o ato. Mas sentimentos não
podem ser comandados. Não posso ordenar que alguém sinta a beleza que
estou
sentindo.
O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora:
astronomia, física, química, gramática, anatomia, números, letras, palavras.
Mas há coisas que não estão do lado de fora. Coisas que moram dentro do
corpo. Enterradas na carne, como se fossem sementes à espera...
Sim, sim! Imagine isso: o corpo como um grande canteiro! Nele se encontram,
adormecidas, em estado de latência, as mais variadas sementes – lembre-se da
estória da Bela Adormecida! Elas poderão acordar, brotar. Mas poderão
também
não brotar. Tudo depende... As sementes não brotarão se sobre elas houver
uma pedra. E também pode acontecer que, depois de brotar, elas sejam
arrancadas... De fato, muitas plantas precisam ser arrancadas, antes que
cresçam. Nos jardins há pragas: tiriricas, picões...
Uma dessas sementes tem o nome de “solidariedade”. A solidariedade não é
uma entidade do mundo de fora, ao lado de estrelas, pedras, mercadorias,
dinheiro, contratos. Se ela fosse uma entidade do mundo de fora ela poderia
ser ensinada. A solidariedade é uma entidade do mundo interior.
Solidariedade nem se ensina, nem se ordena, nem se produz. A solidariedade,
semente, tem de nascer.

218
Veja o ipê florido! Nasceu de uma semente. Depois de crescer não será
necessária nenhuma técnica, nenhum estímulo, nenhum truque para que ele
floresça. Angelus Silésius, místico antigo, tem um verso que diz: “ A rosa
não tem por quês. Ela floresce porque floresce.” O ipê floresce porque
floresce. Seu florescer é um simples transbordar natural da sua verdade.
A solidariedade é como o ipê: nasce e floresce. Mas não em decorrência de
mandamentos éticos ou religiosos. Não se pode ordenar: “Seja solidário!”. Ela
acontece como simples transbordamento. Da mesma forma como o poema é um
transbordamento da alma do poeta e a canção um transbordamento da alma do
compositor...
Disse que solidariedade é um sentimento. É esse o sentimento que nos torna
humanos. É um sentimento estranho - que perturba nossos próprios
sentimentos. A solidariedade me faz sentir sentimentos que não são meus, que
são de um outro. Acontece assim: eu vejo uma criança vendendo balas num
semáforo. Ela me pede que eu compre um pacotinho das suas balas. Eu e a
criança - dois corpos separados e distintos. Mas, ao olhar para ela,
estremeço: algo em mim me faz imaginar aquilo que ela está sentindo. E
então, por uma magia inexplicável, esse sentimento imaginado se aloja junto
aos meus próprios sentimentos. Na verdade, desaloja meus sentimentos, pois
eu vinha vindo, no meu carro, com sentimentos leves e alegres, e agora esse
novo sentimento se coloca no lugar deles. O que sinto não são meus
sentimentos. Foi-se a leveza e a alegria que me faziam cantar. Agora, são os
sentimentos daquele menino que estão dentro de mim. Meu corpo sofre uma
transformação: ele não é mais limitado pela pele que o cobre. Expande-se.
Ele está agora ligado a um outro corpo que passa a ser parte dele mesmo.
Isso não acontece nem por decisão racional, nem por convicção religiosa e
nem por um mandamento ético. É o jeito natural de ser do meu próprio corpo,
movido pela solidariedade. Acho que esse é o sentido do dito de Jesus que
temos de amar o próximo como amamos a nós mesmos. Pela magia do sentimento
de solidariedade o meu corpo passa a ser morada do outro. É assim que
acontece a bondade.

219
Mas fica pendente a pergunta inicial: como ensinar primaveras a gelos e
areias? Para isso as palavras do conhecimento são inúteis. Seria necessário
fazer nascer ipês no meio dos gelos e das areias! E eu só conheço uma
palavra que tem esse poder: a palavra dos poetas. Ensinar solidariedade? Que
se façam ouvir as palavras dos poetas nas igrejas, nas escolas, nas
empresas, nas casas, na televisão, nos bares, nas reuniões políticas, e,
principalmente, na solidão...
O menino me olhou com olhos suplicantes.
E, de repente, eu era um menino que olhava com olhos suplicantes...

220
Aula de Vôo
Mauro Iasi

O conhecimento caminha lento feito lagarta.


Primeiro não sabe que sabe e, voraz,
contenta-se com cotidiano orvalho
deixado nas folhas vividas das manhãs.
Depois pensa que sabe
e se fecha em si mesmo:
faz muralhas, cava trincheiras,
ergue barricadas.
Defendendo o que pensa saber
levanta certeza na forma de muro
orgulhando-se do seu casulo.
Até que maduro explode em vôos
rindo do tempo que imaginava saber
ou guardava preso o que sabia.
Voa alto na sua ousadia
reconhecendo o suor dos séculos,
no orvalho de cada dia.
Mesmo o vôo mais belo,
descobre um dia não ser eterno.
É tempo de acasalar,
voltar à terra com seus ovos
à espera de novos e prosaicos lagartos
O conhecimento é assim
ri de si mesmo e de suas certezas.
É meta da forma, metamorfose,
movimento, fluir do tempo
que tanto cria como arrasa.
E nos mostra que para o vôo
é preciso tanto o casulo como a asa.

221
Operário em Construção
Vinícius de Moraes Não fosse eventualmente
Um operário em construcão.
Era ele que erguia casas Mas ele desconhecia
Onde antes só havia chão. Esse fato extraordinário:
Como um pássaro sem asas Que o operário faz a coisa
Ele subia com as asas E a coisa faz o operário.
Que lhe brotavam da mão. De forma que, certo dia
Mas tudo desconhecia À mesa, ao cortar o pão
De sua grande missão: O operário foi tomado
Não sabia por exemplo De uma subita emoção
Que a casa de um homem é um templo Ao constatar assombrado
Um templo sem religião Que tudo naquela mesa
Como tampouco sabia - Garrafa, prato, facão
Que a casa que ele fazia Era ele quem fazia
Sendo a sua liberdade Ele, um humilde operário
Era a sua escravidão. Um operário em construção.
Olhou em torno: a gamela
De fato como podia Banco, enxerga, caldeirão
Um operário em construção Vidro, parede, janela
Compreender porque um tijolo Casa, cidade, nação!
Valia mais do que um pão? Tudo, tudo o que existia
Tijolos ele empilhava Era ele quem os fazia
Com pá, cimento e esquadria Ele, um humilde operário
Quanto ao pão, ele o comia Um operário que sabia
Mas fosse comer tijolo! Exercer a profissão.
E assim o operário ia
Com suor e com cimento Ah, homens de pensamento
Erguendo uma casa aqui Nao sabereis nunca o quanto
Adiante um apartamento Aquele humilde operário
Soube naquele momento
Além uma igreja, à frente Naquela casa vazia
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria

222
Que ele mesmo levantara E aprendeu a notar coisas
Um mundo novo nascia A que nao dava atenção:
De que sequer suspeitava. Notou que sua marmita
O operário emocionado Era o prato do patrão
Olhou sua propria mão Que sua cerveja preta
Sua rude mão de operário Era o uisque do patrão
De operário em construção Que seu macacão de zuarte
E olhando bem para ela Era o terno do patrão
Teve um segundo a impressão Que o casebre onde morava
De que não havia no mundo Era a mansão do patrão
Coisa que fosse mais bela. Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Foi dentro dessa compreensão Que a dureza do seu dia
Desse instante solitário Era a noite do patrão
Que, tal sua construção Que sua imensa fadiga
Cresceu também o operário Era amiga do patrão.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração E o operário disse: Não!
E como tudo que cresce E o operário fez-se forte
Ele nao cresceu em vão Na sua resolução
Pois além do que sabia
- Excercer a profissão - Como era de se esperar
O operário adquiriu As bocas da delação
Uma nova dimensão: Comecaram a dizer coisas
A dimensão da poesia. Aos ouvidos do patrão
Mas o patrão não queria
E um fato novo se viu Nenhuma preocupação.
Que a todos admirava: - “Convençam-no” do contrário
O que o operário dizia Disse ele sobre o operário
Outro operário escutava. E ao dizer isto sorria.
E foi assim que o operário
Do edificio em construção Dia seguinte o operário
Que sempre dizia “sim” Ao sair da construção
Começou a dizer “não” Viu-se súbito cercado

223
Dos homens da delação Dou-te tempo de mulher
E sofreu por destinado Portanto, tudo o que ver
Sua primeira agressão Será teu se me adorares
Teve seu rosto cuspido E, ainda mais, se abandonares
Teve seu braço quebrado O que te faz dizer não.
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não! Disse e fitou o operário
Que olhava e refletia
Em vão sofrera o operário Mas o que via o operário
Sua primeira agressão O patrão nunca veria
Muitas outras seguiram O operário via casas
Muitas outras seguirão E dentro das estruturas
Porém, por imprescindível Via coisas, objetos
Ao edificio em construção Produtos, manufaturas.
Seu trabalho prosseguia Via tudo o que fazia
E todo o seu sofrimento O lucro do seu patrão
Misturava-se ao cimento E em cada coisa que via
Da construção que crescia. Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
Sentindo que a violência E o operário disse: Não!
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão - Loucura! - gritou o patrão
Dobrá-lo de modo contrário Nao vês o que te dou eu?
De sorte que o foi levando - Mentira! - disse o operário
Ao alto da construção Não podes dar-me o que é meu.
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região E um grande silêncio fez-se
E apontando-a ao operário Dentro do seu coração
Fez-lhe esta declaração: Um silêncio de martirios
- Dar-te-ei todo esse poder Um silêncio de prisão.
E a sua satisfação Um silêncio povoado
Porque a mim me foi entregue De pedidos de perdão
E dou-o a quem quiser. Um silêncio apavorado
Dou-te tempo de lazer Com o medo em solidão

224
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construido
O operário em construção.

225
Cantigas Populares
Ray Lima

Nada continua como está,


O mundo está sempre mudando,
O mundo é uma bola de ideias,
Se transformando, nos transformando.

Abra a cabeça, saia do escuro,


Não tenha medo do seu futuro,
Faça o que sabe, pra se cuidar,
A vida não pode parar,
O mundo não pode parar.

---

Bocado de molambos molhados manchando o chão, (bis)


Mas olhando dentro há gente ainda, há gente ainda.

---
Qual a sua cor? preto, vermelho ou amarelo?
Importa não.
Vale mais tua vontade
De vir comigo fazer arte na cidade,
Com o cidadão que de nós espera amor.

226
Todo Cambia
Letra e música de Júlia Neunhaunser

Cambia lo superficial Cambia todo cambia


Cambia tambien lo profundo Cambia todo cambia
Cambia el modo de pensar Cambia el sol em su carrera
Cambia todo en este mundo Cuando la noche subsiste
Cambia el clima com los años Cambia na planta y se viste
Cambia el pastor su rebaño De verde en la primavera
Y asi como todo cambia Cambia el pelaje la fiera
Que yo cambie nos es extraño Cambia el cabello el anciano
Y asi como todo cambia
Cambia el mas fino brillante Que yo cambie no es extraño
De mano em mano su brillo
Cambia el nido el pajarillo Cambia todo cambia ...
Cambia el sentir un amante Pero no cambia mi amor
Cambia el rumbo el caminante Por mas lejos que me encuentre
Aunque esto le cause danõ Ni el recuerdo ni el dolor
Y asi como todo cambia De mi pueblo e de mi gente
Que yo cambie no es estraño Y lo que cambio ayer
Tendra que cambiar mañana
Cambia todo cambia Asi como cambio yo
Cambia todo cambia En estas tierras lejanas
Cambia todo cambia ...

227
Um Olhar Sobre a Utopia Galho Seco
Eduardo Galeano Zé Geraldo

Ela sempre está onde está o horizonte Quando um homem chega numa encruzilhada
Se me aproximo dois passos, Quando a gente chega numa encruzilhada
ela avança dois passos. Olha prum lado, é nada
Se caminho dez passos, Olha pro outro, é nada também
ela se apressa em deslocar-se Aí o céu escurece, o céu desaba tudo se acaba
dez passos mais adiante. Quando tudo tá perdido na vida
Mesmo que eu continue caminhando Só quando tudo tá perdido na vida
não consigo alcançá-la jamais. É que a gente descobre que na vida
Então, para que serve a utopia? Nunca tudo tá perdido, minha flor
Só para isto, nada mais: Eu andava acabrunhado e só
PARA CAMINHAR. Perdido e sem lugar
Feito um galho seco, arrastado pelo temporal
Pensei até em enrolar minha bandeira
E dar no pé
Eu pensei até em jogar fora minha história
Os documentos e aquela fé
Fazia tempo que o sol não derramava
luz na minha vidraça
Depois que tudo passa
O vento leva as nuvens negras, noutra direção.
Também pudera,
uma hora era o fogo que rasgava o chão
Outra hora era a água que descia
e afogava toda a plantação
Ainda bem que me restou o teu sorriso
Que me alumia a alma
Quando é preciso e como eu preciso.

228
Oração Latina
César Teixeira

Essa nova canção é uma canção de vida Novo Tempo


Pelo sangue da ferida Ivan Lins e Victor Martins
no chão que não cicatrizará
Nem tampouco deixará de abrir No novo tempo, apesar dos castigos
a rosa em nosso coração Estamos crescidos, estamos atentos
E diga sim a quem nos acolher. Estamos mais vivos, prá nos socorrer
Mas se for prá nos prender diga não. No novo tempo , apesar dos perigos
Ninguém vai ser torturado Da força mais bruta, da morte que assusta
com vontade de lutar Estamos na luta, prá sobreviver.
E quem nos ajudará Prá que nossa esperança
a não ser própria gente seja mais que vingança
pois, hoje não se consente esperar. Seja sempre um caminho
Somente a rosa e a luta, que se deixa de herança.
somente a luta e a rosa No novo tempo, apesar dos castigos
poderão fazer a luz do sol brilhar. De toda fadiga, de toda injustiça
E diga sim a quem nos quer acolher Estamos na briga, prá nos socorrer.
Mas, se for prá nos prender diga não! No novo tempo, apesar dos perigos
Com as bandeiras nas ruas, De todos os pecados, de todos os enganos
ninguém pode nos calar. Estamos marcados, prá sobreviver.
No novo tempo, apesar ;dos castigos
Estamos na cena, estamos na rua
Quebrando as algemas, prá nos socorrer.
No novo tempo, apesar dos perigos
A gente se encontra, cantando na praça
Fazendo pirraça, prá sobreviver.

229
Paneiro
Amazonas

Paneiro é coisa comum


Em todo barraco tem
Não custa muito dinheiro
Nem custa fazer também.
Mas quero guardar comigo
Pra sempre no coração
A lição que o paneiro ensina
Como é bela a união!

230
Tocando Em Frente
Almir Sater e Renato Teixeira
Tom: C

G F9 F9 Dm F9
Ando devagar porque já tive pressa Conhecer as manhas e as manhãs,
C Dm C
E levo esse sorriso, porque já chorei demais O sabor das massas e das maçãs,
G F9 F9 Dm F9
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe É preciso o amor pra poder pulsar,
C Dm F9
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu é preciso paz pra poder seguir,
G C
sei, eu nada sei é preciso a chuva para florir.

F9 Dm F9 G F9
Conhecer as manhas e as manhãs, Todo mundo ama um dia todo mundo chora,
Dm C C
O sabor das massas e das maçãs, Um dia a gente chega, no outro vai embora
F9 Dm F9 G F9
É preciso o amor pra poder pulsar, Cada um de nós compõe a sua história,
Dm F9 C
é preciso paz pra poder seguir, E cada ser em si, carrega o dom de ser capaz,
C G
é preciso a chuva para florir. E ser feliz

G F9 F9 Dm F9
Penso que cumprir a vida seja simplesmente Conhecer as manhas e as manhãs,
C Dm C
Compreender a marcha, e ir tocando em frente O sabor das massas e das maçãs,
G F9 F9 Dm F9
Como um velho boiadeiro levando a boiada, É preciso o amor pra poder pulsar,
C Dm F9
eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou, é preciso paz pra poder seguir,
G C
de estrada eu sou é preciso a chuva para florir.

232
G F9
Ando devagar porque já tive pressa
C
E levo esse sorriso, porque já chorei demais
G F9
Cada um de nós compõe a sua história,
C
E cada ser em si, carrega o dom de ser capaz,
G
E ser feliz

Sementes do Amanhã
Gonzaguinha
Tom: G

Introdução: (Dmaj7 F#m7 Em7 A7sus4) 2 vezes

Dmaj7 F#m7 Em7 A7sus4


Ontem um menino que brincava me falou que
Dmaj7 F#7 Em7 A7sus4
hoje é semente do amanhã...
Dmaj7 F#m7 Em7 A7sus4
Para não ter medo que este tempo vai passar...
Dmaj7 F#m7 Am7 D
Não se desespere não, nem pare de sonhar

233
234
REFERÊNCIAS

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