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Brasília − DF
2016
2016 Ministério da Saúde.
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pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução
parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca
Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>.
Organização: Fotografias:
Osvaldo Peralta Bonetti Etel Matielo
Vanderléia Laodete Pulga Daron
Normalização:
Elaboração de Texto: Daniela Ferreira Barros da Silva – Editora MS/CGDI
Etel Matielo
José Ivo dos Santos Pedrosa Colaboração:
Osvaldo Peralta Bonetti Abigail Batista de Lucena Reis
Rafael Gonçalves de Santana e Silva Elisa Prieto Kappel
Vanderléia Laodete Pulga Daron Julimar de Fátima Barros
Vera Lúcia de Azevedo Dantas Katia Maria Barreto Souto
Theresa Cristina de Albuquerque Siqueira
Projeto Gráfico, Ilustração e Diagramação: Tulio Correia de Souza e Souza
Id Artes e Eventos
Ficha Catalográfica
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7
O setor Saúde tem construído uma caminhada significativa no campo
das políticas públicas, principalmente no que diz respeito aos processos
de democratização do Estado. A Saúde é o primeiro setor a instituir uma
política garantidora de acesso universal à população brasileira, sendo que,
com a conquista do art. 198 da Constituição Federal de 1988, a saúde passou
a ser “direito de todos e dever do Estado”, posteriormente instituindo o
Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1988). Além da universalidade,
o SUS apresenta como princípios, também, a integralidade, a equidade e a
participação popular.
Assim, o SUS inaugurou um novo contexto nas políticas públicas
ao instituir o controle social por meio dos Conselhos e das Conferências
de Saúde. Nas três décadas de implementação do SUS, a perspectiva da
democratização da gestão do Sistema, bem como o jeito de formular,
implementar e monitorar as políticas de saúde, vem avançando
consideravelmente. Nesse contexto, merecem destaque os processos
que, a partir de 2003, por meio do Ministério da Saúde, têm ampliado a
participação social na gestão federal. Entre essas, destacam-se a Política
Nacional de Gestão Estratégica e Participativa (ParticipaSUS), que orienta
as ações da gestão na promoção, na qualificação e no aperfeiçoamento da
gestão estratégica e democrática das políticas públicas no âmbito do SUS;
e as Políticas de Promoção da Equidade, que instituem estratégias e ações
de garantia do acesso aos serviços de saúde para a diversidade da população
brasileira, fortalecendo a concepção de que são necessários jeitos diferentes
para cuidar e assistir em saúde; assim como a Política Nacional de Educação
Popular em Saúde no Sistema Único de Saúde (Pneps-SUS), que traz, como
objetivo principal, implementar a Educação Popular em Saúde no âmbito do
SUS, estimulando a participação popular, a gestão participativa, o controle
social, o cuidado, a formação e as práticas educativas em saúde.
Contudo, a democratização das relações em saúde, seja no espaço da
gestão nacional, estadual e municipal, em relação à efetivação da gestão
participativa das políticas de saúde, seja no território e/ou nos serviços
de saúde, no que diz respeito à horizontalidade no cuidado, aos vínculos
e às relações estabelecidas entre profissionais de saúde e usuários, ainda
se apresenta como um desafio, que é perpassado por um conjunto de
8
intencionalidades que vão desde a mudança de modelo de atenção à
saúde, incorporando o cuidado centrado no usuário como paradigma e a
cultura de participação, ampliando os espaços e os canais de diálogo com
a população. Nessa perspectiva, o desenvolvimento de ações no campo da
educação popular em saúde, voltadas a processos formativos de diferentes
atores sociais como conselheiros de saúde para o fortalecimento do controle
social e da gestão participativa, assim como as práticas de educação em
saúde desenvolvidas no âmbito dos serviços de saúde, protagonizadas
por profissionais de saúde, desenvolvidas por educadores populares ou
movimentos sociais, têm se apresentado não só como desafios significativos,
mas também como experiências estratégicas para a gestão pública.
A Educação Popular em Saúde (EPS) tem se mostrado como campo de
uma práxis que mobiliza os espaços da gestão, da formação, do cuidado,
do controle social e da participação popular na defesa do Sistema Único de
Saúde cada vez mais democrático, universal, humanizado, identificado com
a cultura e a realidade de cada povo e território que compõem e constituem
nosso país.
Um dos elementos que reforçam o desafio da democratização das
relações em saúde é a carência de um referencial político metodológico na
maioria das ações, em especial nos processos de formação, mobilização e
das práticas educativas.
Motivada por este cenário, a Coordenação-Geral de Apoio à
Educação Popular e Mobilização Social, do Departamento de Apoio à
Gestão Participativa da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa
do Ministério da Saúde, apresenta o Ideias e Dicas como uma singela e
comprometida tentativa de apoiar movimentos populares, trabalhadores da
saúde, estudantes, gestores, educadores e todos aqueles comprometidos com
o fortalecimento da gestão participativa, do controle social e a participação
popular na saúde.
Desejamos uma boa leitura e que este material contribua para o
encantamento pelo fazer e promover saúde, instigando a capacidade crítica
e a criatividade nas ações e nas práticas comprometidas com o SUS.
11
1
INTRODUÇÃO
13
A participação social é uma das diretrizes
constitucionais do Sistema Único de Saúde
(SUS), conquistada pela luta daqueles que
atuam em defesa do direito à saúde. Esta
se expressa na atualidade por uma rede de
controle social, formada por Conselhos
e Conferências de Saúde, os chamados
espaços instituídos de participação, como
também por um conjunto de novos espaços
que conformam o que convencionamos
chamar de espaços instituintes de gestão
participativa no SUS.
A construção da gestão participativa e
o fortalecimento da participação popular todos aqueles que desenvolvem as
requerem que a gestão do SUS e os serviços ações em saúde, com a promoção
de saúde sejam permeáveis às necessidades da autonomia dos sujeitos, com a
sanitárias, às potencialidades, aos saberes que construção da alteridade que ocorre
compõem cada território na formulação de no encontro entre si, nos serviços, nos
políticas e no processo de trabalho cotidiano processos educativos, de promoção e
desenvolvido nas práticas de cuidado e nos comunicação em saúde.
espaços do controle social. Para que isso
Assim, apresenta-se como
aconteça, os territórios onde se inscrevem
fundamental o investimento em
precisam ser constituídos por uma nova
processos dialógicos de conhecimento
cultura de participação, que reconheça o
compartilhado sobre a saúde,
espaço comunitário como lócus potencial
considerando a subjetividade e a
da promoção do protagonismo popular, da
singularidade presentes nas relações
construção compartilhada das estratégias
entre cada indivíduo e coletividades
do que Freire (1996) denominou de inédito
com a dinâmica da vida na perspectiva
viável na busca da superação das situações
da integralidade do cuidado à saúde e
limites enfrentadas no SUS por cada pessoa
da humanização no SUS.
que o acessa e o constrói. Esse processo
implica no compromisso dos trabalhadores
da saúde, como educadores, conselheiros,
14
O fortalecimento do controle social e da participação
popular é um desafio permanente e para o avanço do
próprio Sistema de Saúde. A participação nos espaços de
controle social contribui na construção e na consolidação
da saúde enquanto direito universal, pois favorece que as
pessoas percebam-se como sujeitos de direitos. Os sujeitos
sociais vão construindo novos significados, conceitos e
sentidos, à medida que participam ativamente do processo
de consolidação da saúde enquanto direito universal.
Sendo assim, assegurar o controle social, a participação
popular e a gestão participativa na política pública de saúde
demonstra o compromisso de identificar, desencadear
e qualificar espaços que promovam a participação da
população e, ao mesmo tempo, construir instrumentos
político-pedagógicos para apoiar processos educativos e
formativos nesta direção.
15
18
2
A EDUCAÇÃO
POPULAR COMO
REFERENCIAL PARA AS
PRÁTICAS DE SAÚDE
19
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não
existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e
fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de
fogo sereno, que nem percebe o vento e gente de fogo louco que
enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam
nem queimam: mas outros incendeiam a vida com tamanha
vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar e quem
chegar perto pega fogo (GALEANO, 2005).
20
Outro aspecto importante é a busca do
acolhimento e o suporte às ações em defesa da
A educação popular busca vida que os movimentos sociais e populares
promover a participação dos realizam, reconhecendo a legitimidade destas
sujeitos sociais, incentivando-os à ações, valorizando o conhecimento acumulado
reflexão, ao diálogo e à expressão e construindo referências para produção e
da afetividade, potencializando a organização dos saberes e práticas de saúde.
criatividade e a autonomia. Nessa
perspectiva, a educação popular O incentivo permanente à participação
em saúde assume a dimensão da popular na formulação e gestão das políticas
promoção da participação social no públicas de saúde, na perspectiva de que a ação
processo de formulação e gestão das social orientada pela satisfação das necessidades
políticas de saúde, direcionando- de saúde implica um caminho que se traduz
as para o cumprimento efetivo concretamente nas formas de gestão participativa
dos princípios ético-políticos do e na atuação do controle social.
SUS: universalidade, integralidade,
equidade, descentralização e controle
social.
Assim, o agir educativo se
constitui como ação que se alimenta
no processo de construção de um
fundamento teórico-metodológico
de sustentação de projetos que
promovam a participação ativa
da sociedade e de ações capazes
de produzir novos sentidos nas
relações entre necessidades de saúde
e organização do cuidado à saúde. Nesse contexto, a Política Nacional de
Logo, busca a qualificação das ações Educação Popular em Saúde (Pneps-SUS)
e a humanização das relações no SUS, apresenta, como princípios, pressupostos teórico-
promovendo tensão permanente metodológicos construídos coletivamente no
entre a expressão das necessidades de âmbito do Comitê Nacional de Educação Popular
saúde da população e a organização em Saúde, que dão sentido e coerência à práxis
da atenção a estas necessidades, o que da educação popular em saúde e se ofertam como
significa a contínua construção da orientadores às práticas educativas construídas
universalidade, da integralidade e da no campo da saúde1.
equidade do cuidado em saúde.
1
A Política Nacional de Educação Popular em Saúde foi instituída pela Portaria do Ministério da Saúde n° 2.761, de 19
de novembro de 2013, disponível no endereço: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2761_19_11_2013.
html>.
21
São eles:
a) Diálogo: Expressa e intenciona colaboração, troca, interação e se faz em
relação horizontal, com confiança de um no outro e respeito mútuo. Ele acontece
quando cada um, de forma respeitosa, coloca o que sabe à disposição para ampliar
o conhecimento crítico de ambos acerca da realidade, contribuindo com processos
de transformação e de humanização. Por isso, implica escuta interessada, humildade
para aprender, amorosidade para o encontro, esperança na mudança de si, do outro.
É preciso recuperar a educação e o cuidado em saúde como diálogo de e entre
sujeitos, síntese do processo educativo e dimensão fundamental de reconhecimento
destes, uma vez que todo ser humano é um sujeito em construção, ou seja, agente
que tem sua história, trajetória, cultura e valores (ARROYO, 2001).
22
Essa forma nova de olhar e) Emancipação: É um processo coletivo e
a realidade, baseada na ação- compartilhado de conquista das pessoas e dos
reflexão-ação e no desenvolvimento grupos da superação e da libertação de todas as
de uma consciência crítica que formas de opressão, exploração, discriminação
surge da problematização, permite e violência ainda vigentes na sociedade e que
que homens e mulheres percebam- produzem a desumanização e a determinação
se sujeitos históricos; e as ações social do adoecimento.
educativas orientadas por este Fortalece o sentido da coletividade na
princípio configuram-se processos perspectiva de uma sociedade justa e democrática,
humanizadores, conscientizadores, na qual as pessoas e os grupos sejam protagonistas
e de protagonismo na “busca do ser por meio da reflexão, do diálogo, da expressão
mais”. da amorosidade, da criatividade e da autonomia,
d) Construção compartilhada afirmando que a libertação somente acontece na
do conhecimento: Pressupõe que relação com outro.
o conhecimento só torna-se mais Ter a emancipação como referencial no fazer
potente se construído a partir da cotidiano da saúde pressupõe a construção de
ação coletiva de pessoas e grupos processos de trabalho em que os diversos atores
com saberes, culturas e inserções possam se constituir sujeitos do processo de saúde
sociais diferentes, na perspectiva e doença, contrapondo-se às atitudes autoritárias
de compreender e transformar, de e prescritivas e radicalizando o conceito da
modo coletivo, as ações de saúde participação nos espaços de construção das
desde suas dimensões teóricas, políticas da saúde em busca do inédito viável.
políticas e práticas.
f) Compromisso com a construção do
O compartilhamento de um Projeto Democrático e Popular: A construção
grupo ou coletivo na produção de de um projeto democrático e popular em saúde
ideias, intenções, planos e projetos pressupõe a superação da distância entre o
na esfera da teoria, da técnica ou da país que temos e o que queremos construir,
experiência prática tem como base superando as diversas formas de exploração,
a prática do diálogo que acontece alienação, opressão, discriminação e violência,
no encontro com formas diferentes ainda presentes na sociedade, que desumanizam
de compreender os diversos modos as relações, produzem adoecimento e injustiças,
de andar a vida, nas rodas de visando à transformação da realidade, com vistas
conversa com os coletivos sociais, à emancipação. No campo da saúde, este projeto
na complementaridade entre as já conta com uma conquista significativa, que é
tecnologias científicas e populares o próprio Sistema Único de Saúde, o qual, para
e nos amplos sentidos que a saúde tornar-se efetivo em sua integralidade, demanda
apresenta. um conjunto de iniciativas e transformações sociais
que fortaleçam sua concepção contra-hegemônica,
embasada nos princípios já referidos.
23
Entende-se que um projeto
democrático e popular, promotor
de vida e saúde, caracteriza-se por
princípios como a valorização do
ser humano em sua integralidade,
a soberania e a autodeterminação
dos povos, o respeito à diversidade
étnico-cultural, de gênero, sexual,
religiosa e geracional; a preservação
da biodiversidade no contexto do
desenvolvimento sustentável; o
protagonismo, a organização e o poder
popular; a democracia participativa;
organização solidária da economia e da
sociedade; acesso e garantia universal
aos direitos, reafirmando o SUS como
parte constitutiva deste projeto.
24
2.2 As dimensões da
educação popular
em saúde
econômico-político-cultural com a finalidade de
A educação popular difere transformá-la, a educação popular intenciona um novo
do treinamento ou da simples projeto de sociedade para o País.
transmissão de informações
O caminho político-pedagógico proposto pela
(PELOSO, 2005), pois estimula
educação popular requer o envolvimento corresponsável
a criação de um senso crítico
de todos participantes na construção, na apropriação e na
que provoque o entendimento, o
multiplicação do conhecimento.
comprometimento e a capacidade
de reivindicar, de formular
propostas e transformar, por meio
de um processo, que a partir da
ação gera-se reflexão e desta uma
nova ação.
Não é um discurso acadêmico
sobre um método, nem um produto
acabado ou uma receita simples
e mágica, tampouco confunde-
se com técnicas de grupo usadas
como instrumento tático para atrair
pessoas. As técnicas são recursos
para estimular a participação e a
cooperação, porém, não são os
únicos determinantes para que
se tenha um processo educativo Para Freire, educar é tornar os sujeitos
democrático, um elemento mais humanos, e humanizar seria situar os
fundamental de uma ação educativa processos e as práticas educativas no âmago,
permeada pela educação popular nos anseios e nas lutas dos setores populares,
que independe das técnicas, é o incorporando os princípios da dignidade, da
compromisso ético-político com os emancipação e da justiça (ARROYO, 2001).
educandos. Miguel Arroyo (2001) refere que a
Sendo um processo coletivo educação popular é a prática com base no
de produção e socialização do diálogo, na convivência, na interação entre
conhecimento que incentiva profissionais e população, por meio dos
educadores e educandos a ler corpos, das falas, das culturas: matrizes
criticamente a realidade sócio- fundamentais da nossa identidade.
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A educação popular tem relação direta com a cultura e com a vinculação às fontes
da vida e da morte das comunidades: criação de laços solidários e comprometidos
com a libertação, elo que articula saberes diferenciados, sensibiliza os diferentes
atores envolvidos e exprime as representações que o ser humano constrói a partir da
sua leitura do mundo na perspectiva de conhecer e intervir sobre a realidade.
Segundo Vasconcelos (2001), a educação popular oferece um instrumental
fundamental para o desenvolvimento de novas relações, “por meio da ênfase ao
diálogo, a valorização do saber popular e a busca de inserção na dinâmica local”,
tendo a identidade cultural como base do processo educativo e compreendendo que
o respeito ao saber popular implica necessariamente o respeito ao contexto cultural.
As experiências de educação popular desenvolvidas por meio da arte-cultura
proporcionam uma maior aproximação à humanização e à integralidade.
27
O processo educativo tem de ser sensível às linguagens que emergem na simplicidade
das experiências locais que, em uma vivência de protagonismo ousada, tomaram a
frente no processo de articulação e imprimiram sua feição particular. Experiências
estas que buscam, aos poucos, incluir-se nos espaços dos serviços de saúde e das
instituições formadoras, e ensaiar uma ação que interfira nas políticas públicas, mas
que, ao mesmo tempo, possa alimentar-se continuamente de suas práticas concretas.
Entretanto, Paulo Freire (1995) alerta que, enquanto as pessoas não se dão conta de
que estão coletivamente produzindo temas geradores, que envolvem situações-limite,
os atos não podem acontecer de modo crítico e com intencionalidade social e política
efetiva.
28
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
3
A ARTE E A CULTURA
POPULARES NA
PROMOÇÃO DA VIDA
E DA SAÚDE
33
A Educação Popular em Nessa perspectiva, a Política
Saúde referencia a arte e a Nacional de Educação Popular em
cultura como processo no Saúde (Pneps-SUS) nos provoca
qual as pessoas, os grupos e as a identificar os serviços de saúde
classes populares expressam e e espaços, os territórios onde se
simbolizam sua representação, inscrevem, assim como os espaços
recriação e reelaboração da de organização social, movimentos
realidade, inserindo-as em uma sociais, entre outros, como potenciais
prática social libertadora, cujas para a promoção da saúde, nos
expressões não se separam da vida quais a arte, a cultura, em especial,
cotidiana. Portanto, considera- o diálogo multicultural podem ser
se que trabalhar com a arte é a facilitadores dos processos educativos,
possibilidade de se vivenciar o mobilizatórios e participativos,
fazer, em que o processo criativo contagiando os territórios com
que se instaura agrega outras leveza e alegria, sem perder de vista a
dimensões que não só a racional, politicidade e a problematização.
reconhecendo a estética popular
capaz de produzir sentidos e
sentimentos (BRASIL, 2013).
34
Se bem construídas, as relações desenvolvidas
no processo educativo permeado pela arte e a
cultura popular demonstram-se efetivas no sentido
de construir uma nova cultura da participação,
cultura mais respeitosa e comprometida com
o jeito de andar a vida das pessoas, promotora
de relações mais horizontais entre profissionais
e usuários, entre as pessoas de modo geral.
Evidentemente, cada contexto e cada território
têm próprias e diferentes culturas, abriga uma
diversidade de saberes e expressões que, muitas
vezes, não estão evidenciadas, sendo que muitas
culturas são sonegadas ou invisibilizadas pela
cultura hegemônica, ditadora de comportamentos
da moda, bastante difundida pelos instrumentos
da grande mídia. Quando buscamos identificar
essa diversidade, percebemos múltiplos jeitos
que se evidenciam em modos diferentes de se
organizar, de participar e de cuidar-se, os quais
influenciam e são influenciados pela concepção
de mundo e referência de cuidado dos serviços de
saúde, da política de saúde local, dos trabalhadores
facilitadores das atividades, como da própria
população que constitui os territórios.
O desejo e a necessidade de intervir em um Assim, muitos são os exemplos
território envolvem um arte-educador ou um que podemos encontrar na atualidade
grupo, e quem mais esteja ao redor e queira se de práticas inovadoras fomentados
envolver e participar. É impossível sentir-se do pelas redes, pelos movimentos, pelas
mesmo jeito após uma intervenção artística, seja articulações de educação popular. Entre
plástica, poética, musical ou cênica. Mesmo que a estes, destaca-se a Articulação Nacional
vivência cause repulsa aos sujeitos participantes, de Movimentos e Práticas de Educação
provoca reflexões e até transformações, ou seja, Popular em Saúde (Aneps), que tem
agradável ou não, as pessoas não são as mesmas. construído novos jeitos de fazer os
Nas experiências de Educação Popular em Saúde, processos formativos e mobilizatórios,
País a fora, esse tipo de ação já faz parte da a exemplo das Tendas Paulo Freire, suas
maioria dos encontros, dos espaços de formação e rodas de conversa e círculos de cultura.
mobilização, inclusive constituindo-se como eixo No contexto da Aneps, destaca-se o grupo
estratégico do Plano Operativo da Pneps-SUS. cearense Cirandas da Vida, que realizou,
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nos dois últimos anos, caravanas populares em 19 municípios
no estado, além da experiência no Município de Fortaleza,
intervindo e trazendo trabalhadores, gestores e a comunidade
para a rua. Nessas ações, foi provocado o debate e a vivência
na saúde, destacando o saber popular, por meio da cenopoesia,
problematizando a participação na gestão do SUS. Como explicita
Vera Dantas referindo-se à experiência cearense:
36
3.1 Os Círculos de Cultura na
promoção da cidadania e saúde
38
sem desvalorizar, no entanto, o conteúdo
específico que mediatiza esta ação, possibilitando
a tomada de consciência do educando, mediante
o diálogo e o desvelamento da realidade com
suas interligações culturais, sociais e político-
econômicas.
Caracterizam-se como lócus privilegiado de
comunicação-discussão embasada no diálogo,
nas experiências dos atores-sujeito, na produção
teórica da educação e na escuta, a qual se orienta
pelo desejo de cada um e cada uma de aprenderem
as falas do outro e da outra, problematizando-a e
problematizando-se.
Caminho metodológico:
No segundo momento, dá-se a
Tendo como princípios metodológicos o tematização, ou seja, processo no
respeito pelo educando, a conquista da autonomia qual os temas e palavras geradoras
e a dialogicidade, os círculos de cultura, tais como são selecionadas e decodificadas
foram sistematizados por Freire, podem ser buscando a consciência do vivido, o
didaticamente estruturados em movimentos. seu significado social, possibilitando
No momento inicial, trabalha-se a a ampliação do conhecimento e a
investigação do universo vocabular, do qual compreensão dos educandos sobre
são extraídas palavras geradoras. Nada mais é a própria realidade, na perspectiva
que a identificação das palavras de uso corrente, de intervir criticamente sobre ela.
entendidas como representativas dos modos O importante não é transmitir
de vida dos grupos ou do território onde se conteúdos específicos, mas despertar
trabalhará (estudo da realidade). Esse mergulho uma nova forma de relação com a
permite ao educador interagir no processo, experiência vivida.
ajudando-o a definir seu ponto de partida que Do tema gerador geral surgem
se traduzirá no tema gerador geral, vinculado as palavras geradoras. Cada palavra
a ideia de interdisciplinaridade e subjacente à geradora poderá ter uma imagem
noção holística de promover a integração do expressa de várias formas: desenho,
conhecimento e a transformação social, os quais fotografia, imagem viva, que, por sua
se colocam como a unidade básica de orientação vez, deverá suscitar novos debates.
dos debates.
39
No terceiro momento, acontece a
problematização que representa um momento
decisivo da proposta que é buscar superar a
visão ingênua por uma perspectiva crítica,
capaz de transformar o contexto vivido. A ação
de problematizar em Paulo Freire impõe ênfase
no sujeito práxico, que discute os problemas
surgidos da observação da realidade com todas
as suas contradições, buscando explicações que
o ajudem a transformá-la. O sujeito, por sua vez,
também se transforma na ação de problematizar
e passa a detectar novos problemas na sua
realidade e, assim, sucessivamente. Nesse
sentido, a problematização emerge como
momento pedagógico, como práxis social, como
manifestação de um mundo refletido com o
conjunto dos atores, possibilitando a formulação
de conhecimentos com base na vivência de
experiências significativas. Assim, o diálogo
constitui-se como elemento-chave, no qual
educadores e educandos sejam sujeitos atuantes.
40
O educador, contrariando a visão tradicionalista que atribui a ele o papel
privilegiado de detentor do saber, é denominado animador de debates e tem o
papel de coordenar o debate, problematizar as discussões para que opiniões e
relatos surjam. Cabe também ao educador conhecer o universo vocabular dos
educandos, o seu saber traduzido por meio de sua oralidade, partindo de sua
bagagem cultural repleta de conhecimentos vividos que se manifestam por meio
de suas histórias, de seus “causos”, no diálogo constante, e em parceria com o
educando, reinterpretá-los, recriá-los.
42
3.2 As Rodas de Conversa na
democratização dos saberes
44
Um espaço de partilha e
confronto de ideias, onde a
liberdade da fala e da expressão
proporcionam ao grupo como
um todo, e a cada indivíduo em
particular, o “crescimento na
compreensão dos seus próprios
conflitos” (FREIRE, 2000, p. 21).
45
3.3 As Cirandas como espaços
de promoção da saúde
47
c) Cirandas na Educação Permanente:
contribuindo para potencializar as práticas
culturais da comunidade como estratégia de
promoção e cuidado à saúde; viabilizar um
processo formador que possa partir da leitura
coletiva de situações-limite, vistas como situações
que exigem transformação, nas práticas de saúde
locais, formação capaz de articular e incluir os
grupos emergentes nos processos formativos;
alargar a visão de formação que considere o saber
de experiência feito, construído nos movimentos
populares, como elemento fundamental na
produção e socialização dos saberes em saúde;
considerar, nas ações a serem implantadas, a
história dos saberes acumulados no lugar, como
base para a potencialização dos projetos de
futuro coletivos a serem construídos nesse espaço
dialógico.
d) Cirandas no Campo da Participação
Popular: trazem um caráter potencializador do
poder de intervenção dos movimentos populares
e o desvelamento da lógica do saber popular na
exequibilidade do direito à saúde, bem como para
promover um processo permanente de interação
entre os diversos setores no campo da saúde e
de todas as políticas sociais em cada loco-região,
para a construção de processos integrados e
interdisciplinares de trabalho. Podem contribuir
para o fortalecimento do controle social, por
meio de um processo permanente de diálogo
com movimentos, conselhos populares, conselhos
locais, regionais e municipais de saúde e o com
as experiências de Orçamento Participativo.
Possibilitam a organização de processos
interdisciplinares de trabalho que apontam para
o protagonismo popular, potencializando o poder
de intervenção dos movimentos e o desvelamento
da ótica do saber popular na conquista da saúde
como direito.
48
3.4 As Oficinas como
método participativo
50
Uma oficina, além de ser um processo A oficina é um processo coordenado
pluridimensional e criativo, é algo coletivo, que precisa ser planejado previamente, de
que passa pela construção de várias pessoas. modo a favorecer uma construção coletiva
Por isso, o compromisso e a responsabilidade de conhecimentos, que cheguem a se
dos participantes do grupo são essenciais: expressar num produto concreto. Para isso,
cada um assume uma tarefa na montagem ou será necessário buscar fontes (bibliografia,
na produção do que se quer obter. O desafio assessoria, entre outros) que contribuam para
é a criação coletiva a partir dos recursos do uma apropriação do saber historicamente
próprio grupo, a partir da prática de cada um acumulado e um aprofundamento
em seu cotidiano. A organização do trabalho teórico acerca da temática em questão;
coletivo busca valorizar e potencializar a consequentemente, não se descarta que
adversidade e a potencialidade da cada um. métodos expositivos ou intervenções de
especialistas possam ser necessários em
algum momento da oficina.
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Caso sejam várias pessoas a coordenar ou
assessorar a oficina, será necessário que haja a
maior sintonia possível entre elas. Como cada
experiência tem sua particularidade, requer
ingredientes adequados e combinados, de forma
a corresponder a cada especificidade local e
conjuntural, a cada público e objetivo. O prazer
de fazer oficina fundamenta-se exatamente
na consciência de estar experimentando algo
singular e de estar aprendendo a experimentar.
O produto que nasce das oficinas terá uma
marca criativa e pluridimensional. Será sempre
algo palpável e/ou visível: um desenho, uma
expressão musical ou plástica, uma colagem,
uma expressão corporal, um cartaz, um texto.
Para isso, será necessário um trabalho contínuo
de sistematização que, no campo popular, pode
ser apoiada com as leituras de Oscar Jara e das
diferentes experiências de sistematização dos
movimentos sociais populares2.
2
Entre os textos que propõem uma sistematização de caráter popular, ressaltamos:
FALKEMBACH, E. M. F. Sistematização. Ijuí, RS: Livraria Unijuí Editora, 1991. (Série Educação Popular, 1). HOLLIDAY,
O. J. Para sistematizar experiências. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1996. p. 213. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/estruturas/168/_publicacao/168_publicacao30012009115508.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2015.
CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES (Brasil). O que é sistematização? Uma pergunta: diversas respostas. São
Paulo: CUT; FAT; Ministério do Trabalho e Emprego, 2000. Disponível em: <http://cirandas.net/articles/0008/6059/
sistematizacao_cut1.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2015.
52
3.5 O Corredor do Cuidado
como prática de cuidado
54
A participação é livre e todos(as) que dele participam são
convidados(as) a se permitirem cuidar e serem cuidados(as),
fortalecendo a percepção sobre a necessária horizontalidade nas
relações de cuidado;
A confiança, a entrega, o sentido de pertencimento são
exercitados o tempo todo, ao fechar os olhos e se permitir ser
cuidado ou cuidada por um coletivo de pessoas, companheiros e
companheiras de luta e de comunidade.
3
O texto “Cuidar do outro é cuidar de mim, cuidar de mim é cuidar do mundo – O Corredor do cuidado” foi publicado no
site da Rede HumanizaSUS. Disponível em: <http://www.redehumanizasus.net/92756-cuidar-do-outro-e-cuidar-de-mim-
cuidar-de-mim-e-cuidar-do-mundo-o-corredor-do-cuidado>. Acesso em: 17 nov. 2015.
55
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
4
METODOLOGIAS
PARTICIPATIVAS PARA O
TRABALHO EM SAÚDE:
SINGULARIDADES E
DIFERENÇAS
61
Desde os primeiros passos deste Concepção Tradicional de Educação:
material, tentamos expressar que a educação “Metodologia autoritária ou elitista” – A
popular em saúde é muito mais que uma metodologia autoritária e dominadora visa
metodologia, sendo que o próprio Paulo à domesticação das pessoas para que elas se
Freire referia sua sistematização muito mais prestem a obedecer e a reproduzir um padrão
como uma Teoria do Conhecimento do que de comportamento que serve a uma ordem
uma metodologia de ensino, muito mais e aos interesses de uma classe dominante.
um método de aprender que um método de Embasada em uma concepção tradicional
ensinar; assim como temos de reconhecer de educação, em síntese, consiste em um
a existência de várias metodologias que se conjunto padronizado de procedimentos
dizem participativas. Contudo, a critério de destinados a transmissão de conhecimento.
exposição, podemos comparar alguns tipos, Um artifício que permite ensinar tudo
entre as várias correntes da educação que a todos, de forma lógica. Lógica esta que
fundamentam determinadas metodologias, seria própria das inteligências adultas,
a fim de mostrarmos os diferenciais básicos plenamente amadurecidas e desenvolvidas,
da educação popular. Sendo assim, ao se e que possuem certa posição de classe
examinar os tipos de metodologias utilizadas (cientistas, filósofos, pesquisadores, entre
em processos educativos, são encontradas outros).
algumas classificações importantes de serem
analisadas:
62
Concepção Freiriana de Educação: Afirma a concepção de educação e
“Metodologia Dialógica ou Libertadora” metodologia, além de trazer implícita uma
– Reconhece que o próprio conceito de concepção epistemológica e uma visão de
metodologia e/ou didática é histórico- mundo, pois são aspectos de uma totalidade
social; portanto, está relacionado com o maior: a prática social (práxis social).
momento e o contexto histórico dos quais Partindo desse pressuposto, a proposta
é produto, bem como dos projetos, das de Freire parte do Estudo da Realidade.
concepções e das ideologias que lhe deram Nesse processo, surgem os Temas Geradores,
origem. Logo, nega a neutralidade do ato extraídos da problematização da prática de
educativo, sustentando como princípio vida dos educandos. Logo, os conteúdos de
deste a politicidade. ensino são resultados de uma metodologia
dialógica. Cada pessoa, cada grupo
envolvido na ação pedagógica, dispõe em si
próprio, ainda que de forma rudimentar, dos
conteúdos necessários dos quais se parte.
63
Assim, é uma Para Freire, uma
metodologia participativa metodologia que promova
(nem para, nem sobre, mas o debate entre o homem, a
com as diferentes partes natureza e a cultura, entre
envolvidas) e afirma que o o homem e o trabalho,
modo de fazer já é, de certa enfim, entre o homem e o
forma, o que se quer fazer e o mundo em que vive, é uma
para que se faz. Visa despertar metodologia dialógica e,
o senso crítico, a leitura como tal, prepara o homem
da realidade e promover o para viver o seu tempo, com
diálogo entre as partes a fim as contradições e os conflitos
de juntá-las num processo de existentes, e conscientiza-o
construção coletiva. da necessidade de intervir
nesse tempo presente para
a construção e a efetivação
de um futuro melhor. “A
atitude dialógica é, antes de
tudo, uma atitude de amor,
humildade e fé nos homens,
no seu poder de fazer e de
refazer, de criar e de recriar”
(FREIRE, 1986).
Partindo da convicção
de que quem faz é quem
sabe, mas quem pensa sobre
o que faz faz melhor, e quem
faz faz também o sentido
do que faz, a metodologia
dialógica significa, ao mesmo
tempo, um caminho em
que educadores assumem Além disso, tem
uma postura respeitosa como ponto de chegada
e constroem com os o autoconhecimento, o
educandos, promove protagonismo, a necessidade
formas de participação e de unir esforços, de
de colaboração, cujo ponto organizar-se para a conquista
de partida é a convicção de direitos e para assumir-se
de que todos são capazes como sujeito do seu destino e
e desenvolvem diferentes o do coletivo.
habilidades.
64
A educação popular concretiza-se no trabalho que se faz a
partir das necessidades sentidas e num processo de contínuo
comprometimento das pessoas envolvidas. Porém, acreditar
que as respostas espontâneas do povo já sejam alternativas
transformadoras pode apenas significar uma posição tão
autoritária quanto a própria imposição. Com o reconhecimento
e o respeito às iniciativas populares, será necessário potencializar
essas ações a partir da reflexão crítica, potencializando o diálogo
entre as questões locais e as globais.
65
A metodologia dialógica é aquela que
permite a atuação efetiva dos participantes
no processo educativo, valorizando os
conhecimentos e as experiências, envolvendo-
os na discussão, na identificação e na busca
de soluções para problemas que emergem de
suas vidas. É uma prática pedagógica baseada
no prazer, na vivência e na participação ativa
em situações reais ou imaginárias; provoca
a reflexão e propicia aos participantes a
possibilidade de reconstruírem situações
concretas da vida.
Existem diversas formas de construir
processos via técnicas no campo das
metodologias participativas, como o
psicodrama, a dinâmica de grupo, a
aprendizagem vivencial, a oficina, as rodas de
conversas, os círculos de cultura, entre outras.
67
4.1 Orientações pedagógicas
68
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
5
METODOLOGIAS
PARTICIPATIVAS
73
Trabalhar de forma participativa contribui
para o aprendizado sobre o assunto em questão
e sobre a prática do trabalho coletivo, aumenta
a visão sobre a realidade e a responsabilidade
com as decisões tomadas.
As metodologias participativas geram um
processo de aprendizagem libertador, visto que
permitem desenvolver um processo coletivo de
discussão e reflexão, ampliam o conhecimento
individual e coletivo e possibilitam a criação, a
formação e a transformação do conhecimento,
em que os participantes são sujeitos de sua
elaboração e execução.
Muitas vezes, as pessoas falam em
metodologia pensando nas dicas de como fazer
as coisas, nos procedimentos e nas técnicas de
grupo ou ainda na sequência de como deve
seguir uma atividade. Porém, como qualquer
método, não é um instrumento técnico neutro,
mas sempre ligado a uma visão de mundo e a
um objetivo histórico concreto. Os processos
pedagógicos também são marcados por
distintas concepções de mundo, sociedade e
educação.
74
5.1 Algumas características das
metodologias participativas
76
5.2 Dicas na construção de
processos participativos
78
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
6
AS TÉCNICAS DE GRUPO
COMO PROMOTORAS DA
PARTICIPAÇÃO
83
As técnicas de grupo constituem um valioso
instrumento educacional que pode ser utilizado
para trabalhar a dinâmica relação entre ensino-
aprendizagem em uma perspectiva educacional que
valoriza tanto a teoria como a prática, e considera
todos os envolvidos no processo como sujeitos em
potencial para construção de práxis coletivas.
Quando se opta por técnicas participativas
referenciadas na educação popular, permite-se que
as pessoas envolvidas passem por um processo de
ensino-aprendizagem no qual o trabalho coletivo
é colocado como um caminho para se interferir
na realidade, modificando-a e transformando-a.
Isso porque técnicas participativas comprometidas
com a perspectiva da libertação, inspiradas na
busca de “ser mais”, na dimensão ontológica
dos seres humanos, referenciando a pedagogia
do oprimido de Paulo Freire, permitem que os
participantes sejam sujeitos da ação, provocando-
se mutuamente, possibilitando a articulação entre
os múltiplos saberes e construindo novos saberes.
Isso propicia processos e exercícios da formação
de uma consciência coletiva, comprometida com
a emancipação e a construção de uma sociedade
mais humanizada. Forma vínculos, nos processos
organizativos, nas pautas relacionadas aos direitos
da cidadania, desvelando-os e apropriando-se, a luta
pelo direito à saúde, a defesa do SUS, na realização
de práticas de cuidado em saúde mais integralizadas
e integralizadoras. Como Freire (1970) afirmava, somos
seres relacionais que se constroem em relação.
84
Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que
sou um ser condicionado, mas consciente do
inacabamento, sei que posso ir mais além dele. Esta
é a diferença profunda entre o ser determinado e o
ser condicionado (FREIRE, 2010, p. 53).
85
É nesse contexto que as técnicas participativas
e tantos outros dispositivos de promoção da
participação entram em cena e os sujeitos
facilitadores e participantes potencializam a
ação. Porém, mesmo a natureza humana sendo
programada para “ser mais”, isso não garante, por
si só, que essa potencialidade se concretize na sua
existência. Para darmos vazão a esse processo de
conscientização das potencialidades e capacidades
de si e do coletivo, é fundamental a criação de
espaços de ação-reflexão-ação que propiciem que
o “ser mais” se emancipe. Este sujeito “inscrito
na natureza dos seres humanos” vive realidades
desumanizantes, que o fragmenta e o individualiza
e faz com que precise buscar nessa natureza humana
o “ser mais”, que pode se concretizar em espaços de
participação, de encontro e de fortalecimento do
sentido de pertença (FREIRE, 2010, p. 75).
86
O uso de técnicas participativas no
processo coletivo do ensino-aprendizagem
não pode ser absolutizado nem
subestimado. Sua utilização serve para
responder a objetivos específicos de uma
determinada estratégia educativa dentro
de um contexto histórico, no sentido de Ao optar pelo uso da técnica de grupo,
estimular a produção do conhecimento e pode-se, por meio de jogos, brincadeiras,
de sua recriação, tanto no grupo/coletivo dramatizações, técnicas participativas,
quanto no indivíduo/singular, uma vez que oficinas vivenciais e círculos de cultura,
a técnica não é um fim, mas um meio, ou elaborar um ambiente descontraído,
seja, uma ferramenta a ser utilizada. discutir temas complexos, polêmicos e até
Nesta interação de saberes, marcados estimular que sejam externados conflitos
definitivamente por aproximações e (do indivíduo e do grupo), buscando
doações multifacetadas, a convivência é estimular os participantes a alcançarem
moldada por diversas mãos, toma formas, uma melhoria qualitativa na percepção de si
cores e as conotações mais variadas. Dessa mesmo e do mundo e, consequentemente,
maneira de viver e conviver, emerge um nas relações estabelecidas consigo mesmo
jeito peculiar de encarar o mundo, de e com o outro. As técnicas de grupo, em
interpretar e decidir a vida, de deixar a uma perspectiva libertadora e freiriana, são
marca no tempo. Nasce a cultura. caminhos para educar e educar-se junto!
87
Outros instrumentos educativos
também podem ser utilizados de acordo
com a possibilidade de diálogo com a
técnica ou estratégia escolhida. Recursos
como projeção, cartazes, tarjetas, desenhos,
vídeos, exposições dialogadas, músicas,
poesias, performances são instrumentos
que, com criatividade, podem potencializar
a facilitação dos processos.
4
Reflexão com base em Susan Chiode Perpétuo e Ana Maria Gonçalves, autoras do livro “Dinâmicas de Grupos na formação
de lideranças”. Artigo publicado na edição 303, fevereiro de 2000, página 2.
88
6.1 Técnicas de grupo – para que servem
5
Baseado no texto do jornal Mundo Jovem, edição 313, fevereiro de 2001, p. 20, da Equipe da Casa da Juventude Pe.
Burnier, Caju, Goiânia/GO. Disponível em: <http://www.mundojovem.com.br/dinamicas/educacao/dinamicas-de-grupo-
introducao>. Acesso em: 9 out. 2015.
92
Ambiente-clima: O local precisa ser Metodologia/passos: Deve-se desenvolver
pensado e trabalhado no planejamento da o planejamento dos momentos necessários
atividade, refletindo a necessidade do grupo com sensibilidade e atenção às necessidades
e a intencionalidade do encontro. Ambos do grupo, exercitando o respeito às
em diálogo com o contexto, utilizando-se diferenças e às especificidades individuais,
das técnicas e das ferramentas que melhor assim, o conceito da equidade tem de
facilitem a realidade da ação, reconhecendo ser considerado. Cada momento precisa
suas especificidades e complexidades ser construído com responsabilidade e
(amplo, fechado, escuro, claro, forrado, conexão com o objetivo geral da atividade,
coberto, aberto e ao ar livre...), onde as considerando as dimensões políticas,
pessoas consigam vivenciar o contexto técnicas, como também as subjetivas. Essa
que está sendo proposto. Geralmente afirmativa não quer dizer que a metodologia
optamos por uma sala arejada/climatizada seja uma armadura, que, durante o
ou espaço ao ar livre, com cadeiras móveis, desenvolvimento, conforme a construção
disponibilizadas em círculo, possibilitando ou movimento do grupo, novos valores
o movimento das pessoas. ou objetivos não possam ser agregados
e a própria metodologia não possa ser
transformada. O que apontamos é que tanto
Tempo pactuado: É fundamental ter o planejamento quando o desenvolvimento
uma definição do tempo necessário para devem ser processos pensados.
realização da técnica e obtenção de seus
objetivos. O ideal é que este seja pactuado
com o grupo logo no início da atividade,
mas nunca deixar de estar estabelecido.
93
6.3 Tipos de técnicas
I) Técnicas vivenciais:
As técnicas vivenciais podem ser de animação ou de
análise, sendo que as de animação têm como objetivo
unir, criar um ambiente fraterno e participativo e
devem ser ativas e contar com elementos que permitam
a alegria, o humor, a integração e a descontração dos
participantes. É preciso cuidado para não sobrecarregar
a atividade com dinâmicas de animação, pois o abuso
desse tipo de dinâmica pode prejudicar a seriedade da
jornada de formação. Por isso, é preciso ter clareza dos
objetivos de cada uma das dinâmicas a serem aplicadas
num determinado grupo.
Já as técnicas de análise buscam oferecer elementos
simbólicos que permitam refletir sobre situações da vida
real, articuladas às temáticas de aprofundamento.
Nas técnicas vivenciais, outro elemento importante é
a flexibilidade no tempo, as “regras” de cada dinâmica e o
processo de reflexão sobre a vivência feita e o sentido que
tem frente à realidade.
95
II) Técnicas com atuação (Sociodrama, Teatro do
Oprimido, Mística e Cenopoesia):
O elemento central é a expressão corporal,
poética e musical, o movimento, os gestos, a fala,
a percussão possibilitada no contato corporal,
a expressão facial, por meio dos quais situações
são representadas, sentimentos e afetos são
explicitados, ideias, formas de pensar e agir
são expressadas e conflitos são colocados em
evidência. Essas técnicas buscam integrar e agregar
as pessoas, produzindo sentido de pertença,
solidariedade, indignação em relação às injustiças
e fraternidade, possibilitando a construção de
um trabalho coletivo criativo e prazeroso. Para
tanto, é preciso cuidar e preparar com o grupo as
ferramentas que serão utilizadas para a atividade.
Se o foco for a voz, aquecê-la; se for o corpo,
alongá-lo. Esse cuidado prévio é fundamental para
evitar acidentes com os participantes.
96
6.4 Algumas referências significativas
6.4.1 Sociodrama6
É uma metodologia de investigação e intervenção nas relações
interpessoais, nos grupos, entre grupos ou mesmo no relacionamento de
uma pessoa consigo mesma, criada por Jaco Levy Moreno. Um dos objetivos
do Sociodrama é desenvolver o desempenho e o treinamento de papéis,
estimulando a espontaneidade e a criatividade, mobilizando os grupos e
os sujeitos para vivenciarem a realidade a partir do reconhecimento do
outro com suas diferentes experiências. As experiências e os conflitos
dos componentes do grupo propiciam uma ação afetiva, efetiva e ativa,
mobilizando a busca de soluções práticas e reais para as questões abordadas,
a criação de novas alternativas e respostas será o resultado da participação
de todos os componentes do grupo.
6
Definição retirada da página do Instituto Mineiro de Psicograma. Disponível em: <http://www.impsi.com.br/site/index.
php?option=com_content&view=article&id=62&Itemid=80>. Acesso em: 17 set. 2015.
7
Texto de Joana Cruz, que é organizadora do Óprima! 2015. Encontro de TO e Ativismo. Disponível em: <https://oprima.
wordpress.com/o-que-e-o-oprima/about/>. Acesso em:16 set. 2015.
99
6.4.3 Mística8
A mística não é um teatro, é a representação criativa e
inundada de elementos da cultura popular de um fato ou
acontecimento. Os movimentos do campo e, em especial, o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram os
primeiros a usarem esta prática em suas ações (acampamentos,
marchas, encontros, comemorações), sendo, atualmente, um
de seus fundamentos, apropriado por diferentes movimentos
sociais populares. A mística é fruto de uma construção
compartilhada, que envolve diferentes sujeitos. Ela pode
abordar desde um acontecimento local até algo internacional,
como uma guerra ou o aquecimento global, contribuindo
para reflexões individuais e comunitárias sobre determinada
situação. Em muitas situações, a mística impulsiona ou
dinamiza a temática que será trabalhada, é o primeiro contato
da população com determinado tema, por isso, ela deve sempre
estar ligada à temática que se quer trabalhar.
6.4.4 Cenopoesia9
É uma manifestação artística construída por arte-
educadores populares que, referenciados na EPS, assumem
uma atitude em cena que envolve arte, criticidade, política,
amorosidade e ação, a partir de instrumentos como textos,
músicas, danças, intervenções, performances, poesias, cantigas
e falas, para exercer o cuidado aos sujeitos que lutam, animar
a esperança dos que resistem e, no campo da saúde, contribuir
para transformar a realidade ainda ancorada no modelo
biomédico de alguns espaços de serviços e setores da Saúde
Pública.
8
Texto de Maria Edi da Silva Comilo e Elias Canuto Brandão. Educação do Campo: A mística como pedagogia dos gestos
no MST. Disponível em: <http://www.unifil.br/portal/arquivos/publicacoes/paginas/2011/8/371_469_publipg.pdf>. Acesso
em: 17 set. 2015.
9
Algumas páginas que concentram essas expressões: a) Cenopoesia do Brasil – <http://wwwcenopoesiadobrasil.blogspot.
com.br/>; b) Universidade Popular de Arte e Ciência (UPAC) – <http://www.upac.com.br/#/home>; c) De sonhação a vida
é feita, com crença e luta o ser se faz. Livro com Roteiros Cenopoéticos do idealizador do conceito Ray Lima, publicado pelo
Ministério da Saúde – <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sonhacao_vida_feita_crenca_luta.pdf.>.
100
III) Técnicas plásticas e audiovisuais (filmes,
fotografia, grafite, entre outros):
As diferentes expressões artísticas
contribuem e relacionam-se com os processos
de sistematização dos espaços protagonizados
por grupos e coletivos de educação popular
em saúde que, com o impulso criativo das
aspirações políticas, o diálogo com a realidade
de luta pelo direito à saúde, realizam sínteses
em cartas, colchas de retalhos, pintam quadros,
criam poesias e formulam suas palavras
de ordem. Assim, avaliam, encaminham e
organizam propostas com beleza, leveza,
mística e solidariedade.
Também, nos diversos encontros e projetos
construídos entre esses atores individuais e
coletivos do campo da EPS, têm-se utilizado
de ferramentas audiovisuais para sistematizar,
posicionar-se politicamente e construir produtos
que servirão para processos formativos com os
coletivos, movimentos sociais e trabalhadores.
101
6.4.5 Filmes
Até poucas décadas, o emprego
ou uso do filme era restrito ao desafio
trabalhoso da construção do Cinema;
a critério de curiosidade, lembra-se
que o primeiro longa metragem foi
filmado na França, no final do século
XIX. Sua inserção na saúde inicia-
se nos primeiros momentos a favor
da comercialização, no processo da
medicalização no País, por meio das
propagandas, conforme mostra o filme
Aspirinas e Urubus. Com o surgimento
da televisão, esse processo foi propagado
e hoje temos um verdadeiro desserviço
sendo realizado cotidianamente por
meio das telas de TV a serviço da venda
e da construção de uma concepção
equivocada de saúde junto à população.
O emprego do filme ainda é tímido em
relação à sua potencialidade no campo
dos processos organizativos e educativos
das práticas de EPS; em especial, no
campo institucional da gestão da
política de saúde. Por outro lado, muitas
experiências de movimentos populares
têm sido percebidas nas últimas décadas,
organizações sociais e populares, ao se
apropriarem da tecnologia das câmeras,
usam a técnica de elaborar filmes para
sistematizar, dialogar com a sociedade
e demonstrar suas posições, visões
de mundo e sobre a saúde, criando
instrumentos organizadores e reflexivos
de práticas populares, atos políticos e do
trabalho em consolidação do cuidado
em saúde no SUS e na sociedade.
São exemplos desse trabalho a
sistematização das etapas do Projeto de
102
Articulação dos Coletivos de Educação Popular em Saúde (Paceps)10, o vídeo Nas Asas
da Arte11, produto da sistematização da Caravana de Equidade e da Educação Popular
em Saúde, entre tantos outros. E, de forma mais expressiva, merece destaque a grande
produção que, a partir do Programa de Formação em Educação Popular em Saúde para
Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Vigilância em Saúde (EdPopSUS)12, foi
realizada nos nove estados onde essa experiência foi implementada entre os anos 2013
e 2014. Instigados pela construção metodológica do EdpopSUS, trabalhadores(as) e
educadores(as) populares participantes realizaram inúmeras sistematizações por meio
de câmaras portáteis de celulares, que ganharam grande visibilidade nas redes sociais.
Essa experiência demonstrou o quanto é possível, sem grandes recursos técnicos,
construir novas linguagens e fortalecer processos no caminho de uma comunicação
mais popular em saúde, menos doutrinária, mais crítica, poética e reflexiva, a partir das
próprias práticas realizadas no cotidiano do fazer em saúde.
6.4.6 Fotografia
Essa técnica já tem registros de 300 anos a.C, com as experimentações realizadas
por químicos e alquimistas em suas experiências inventivas. Ela passou por várias
modificações históricas até chegar à era da tecnologia e da produção de imagem, o
que a fez ganhar leveza e acesso a mais e mais pessoas. Com um celular, é possível
registrar imagens de maneira muito simples e rápida. Apesar de a tecnologia contribuir
para desapropriar o trabalho das pessoas e atribuí-lo a instituições que organizam as
informações, por outro lado, permite aos grupos registrar suas atividades e construções,
assim como facilita o trabalho dos arte-educadores na qualificação de suas produções
artísticas. As ilustrações do II Caderno de Educação Popular em Saúde13, do Ministério
da Saúde, são um bom exemplo da potência dessa técnica.
10
Fizeram parte do Projeto de Articulação dos Coletivos de Educação Popular em Saúde os seguintes grupos: Articulação
Nacional de Movimento e Práticas de Educação Popular em Saúde (Aneps), Articulação Nacional de Extensão Popular
(Anepop), Grupo de Trabalho de Educação Popular em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (GT EPS da
Abrasco) e Rede de Educação Popular em Saúde (Redpop), com o apoio do Ministério da Saúde e protagonismo dos coletivos.
11
Nas Asas da Arte é a versão em vídeo da Caravana da Equidade e da Educação Popular em Saúde, que percorreu o Estado
do Ceará em 2013 na parceria entre as Cirandas da Vida, Aneps e a Associação de Rádio Jovem na Internet (Ajir). Link.:
<https://www.youtube.com/watch?v=CK2__SaTy4Q>.
12
O EdPopSUS teve sua primeira realização concluída com a participação de mais de 18 mil pessoas e está em processo
de planejamento da 2ª Edição na perspectiva de aprofundamento, quadruplicando a carga horária e ampliando para 13 o
número de estados envolvidos, ampliando o público alvo. Confira as centenas de vídeos produzidos pelos participantes nas
redes sociais e registrados no YouTube.
13
O II Caderno de Educação Popular em Saúde, do Ministério da Saúde, faz parte de um conjunto de edições de textos,
relatos de experiências e artigo de pensadores e educadores populares que inspiraram a construção da educação popular
em saúde e que a fazem no cotidiano do SUS e da sociedade brasileira. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/2_caderno_educacao_popular_saude.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015.
103
6.4.7 Grafite
Surgiu com força nas zonas urbanas, por volta da década
de 70, em Nova Iorque e na Capital Paulista. Essa técnica é
marca de vários movimentos e considerada um dos quatro
elementos do Movimento Hip Hop. Caracterizada como
arte em paredes e com grande adesão da juventude, esta
arte vem sofrendo várias alterações, ganhando novos
contornos e cores. Uma arte que, com sua mensagem política
e a beleza dos detalhes, vem transformando os cenários das
comunidades nas grandes metrópoles e ganhando espaço
nas áreas públicas e também privada. São realizados diversos
“mutirões de grafite” no Brasil, na América Latina e no
Mundo, sendo que se pode destacar o trabalho da Rede de
Resistência Solidária (RRS), de Pernambuco. Esta realiza
mutirões mensais nas comunidades, sempre na perspectiva
de fortalecer um coletivo que compõe a Rede e precisa
de apoio em suas ações comunitárias, além de construir
um movimento de independência e de projeto popular de
sociedade.
104
Os materiais elaborados com
antecedência, como a leitura de textos,
que são resultado de uma reflexão ou
interpretação de pessoas externas ao grupo
ou de elaboração individual, devem trazer
elementos novos para o aprofundamento
da temática no grupo. É importante ver
se a redação, o conteúdo e a linguagem
dialogam com a realidade dos participantes.
A utilização deve ser acompanhada de passos
metodológicos que permitam a participação
e o debate coletivo sobre o conteúdo.
Para facilitar a reflexão do grupo, pode-se V) Técnicas de Integração e Comunicação:
utilizar a estratégia de perguntas, as quais são
Estas técnicas permitem observar e
respondidas por meio de cartões coloridos,
refletir o comportamento pessoal e grupal
distribuídos aos participantes, podendo-
a partir de exercícios bem específicos,
se estabelecer uma cor para cada uma das
que possibilitam partilhar aspectos mais
perguntas. É importante salientar que são
profundos das relações interpessoais no
indicadas, no máximo, quatro perguntas
grupo. Além disso, elas auxiliam da seguinte
para que se preserve a qualidade do trabalho.
forma:
A pergunta deve ser clara, simples e objetiva,
passível de resposta em nível individual e • Trabalham a interação, a comunicação,
coletivo. Após a construção das respostas, os encontros e desencontros no grupo.
cartões preenchidos, o facilitador os fixa • Ajudam a sermos vistos pelos outros
em uma parede ou painel. A leitura e a na interação grupal e como vemos a
problematização das respostas pelo coletivo nós mesmos. O exercício do diálogo
promoverão o processo de comunicação crítico, amoroso e respeitoso no lugar
do grupo, facilitando o envolvimento e o da indiferença e da discriminação.
aprofundamento de todos com o tema.
Essa técnica é muito utilizada para se fazer • Os exercícios interpelam as pessoas a
planejamento participativo. pensarem suas atitudes e seu jeito de ser
em relação ao outro ou ao grupo.
105
VI) Técnicas de Animação e Relaxamento:
Essas técnicas têm como objetivo diminuir
as tensões nos participantes, de modo que eles
possam soltar o corpo e se voltarem para si mesmos.
Permite aos envolvidos cuidar do cansaço, da
ansiedade, das fadigas, provocando o relaxamento
e o distensionamento corporal. São indicadas para
todos os encontros em grupo, em especial para iniciar
os trabalhos; exigem avaliação prévia do contexto
para adequação às realidades. Facilitam, também, o
encontro entre pessoas que pouco se conhecem. São
relevantes para provocar os participantes a entrarem
em contato com outras dimensões que os integram:
a corporal, a afetiva, a cognitiva, entre outras. Ter
consciência dessas dimensões contribui para que
as pessoas estejam mais atentas a si e aos outros no
exercício do trabalho, da vida e da militância.
106
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
7
ALGUMAS DICAS
113
7.1 Técnicas
114
Opção 2: outra variante dessa técnica é fazer com que
os participantes conversem em dupla e depois utilizem
o fósforo para falar o que conhece do companheiro. 1.
Essa técnica serve também para perguntar, por exemplo:
o que significa o direito à saúde? Ou, ainda, para revisar
qualquer disciplina ou conceito pertinente ao objetivo da
técnica. No final, o(a) facilitador(a) instiga os participantes
a refletirem sobre o processo: se conseguiram expressar
os pontos mais importantes na apresentação; como se
sentiram; se é fácil falar de nós mesmos; o que significa
um fósforo aceso marcando o tempo; o que significa o fogo
iluminando; entre outras questões.
Reflexões: possibilita refletir sobre quem nós somos,
o que fazemos, o tempo que estamos vivendo e o que
podemos ser para os outros e sobre a capacidade de
utilizarmos bem o nosso tempo.
Fonte: Ronildo Rocha, Catolé do Rocha, PB.
Endereço eletrônico: <ronildorocha@yahoo.com.br>
DOIS CÍRCULOS
115
Tempo necessário: em média, 40 minutos.
Desenvolvimento/metodologia: 1.
Formam-se dois círculos, um dentro do outro,
ambos com o mesmo número de pessoas. 2.
Quando começar a tocar a música, cada círculo
gira para um lado. 3. Quando a música para
de tocar, as pessoas devem se apresentar para
quem parar à sua frente, dizendo o nome e
alguma outra informação que o educador(a)
da técnica achar interessante para o momento.
Repete-se até que todos tenham se apresentado.
4. A certa altura, pode-se, também, misturar as
pessoas dos dois círculos para que mais pessoas
possam se conhecer.
Fonte: livro Aprendendo a ser e a conviver,
de Margarida Serrão e Maria Clarice Baleeiro,
Editora “FTD”, 1999.
SOCIALIZANDO EXPECTATIVAS
116
seu pé. 5. No pé esquerdo, escrever a expectativa que tem
com a atividade. 6. No meio dos pés, escrever o que cada
um trouxe para alcançar a expectativa. 7. Após cada dupla
se apresentar, o(a) facilitador(a) sistematiza, num cartaz,
as expectativas e o que cada um trouxe para alcançá-las
e as coloca na parede da sala. 8. Este painel poderá ser
retomado no momento de avaliação da atividade.
Reflexões: essa técnica permite desenvolver a
criatividade dos participantes, fazer com que eles reflitam
sobre as suas expectativas e os dispositivos e capacidades
que reconhecem em si mesmos para alcançá-las.
TEIA DA VIDA
G C D G
Eu tentei entender a costura da vida,
C D G
Me enrolei, pois a linha era muito comprida (2x).
D G
Como é que vou fazer para desenrolar, para desenrolar! (2x)
117
Obs.: os facilitadores poderão adequar as letras e as
melodias à sua realidade e/ou à necessidade do grupo.
Número de participantes: de 15 a 30 pessoas.
Tempo de duração: de 30 a 60 minutos, dependendo da
quantidade de pessoas.
Metodologia/desenvolvimento: os participantes
colocam-se em pé formando um círculo. A um deles é
entregue o novelo. O(a) participante é provocado(a) a dizer
seu nome, de onde é, o tipo de trabalho que desenvolve e o
interesse de sua participação. Depois, pega a ponta do fio
e joga a bola a outro participante, que, por sua vez, deve
apresentar-se da mesma maneira. A ação se repete até que
todos os participantes fiquem entrelaçados numa espécie de
teia ou rede. A depender da quantidade dos participantes, é
sugerido que se cante a cantiga acima, para, durante a técnica,
movimentar os participantes e manter a energia coletiva.
118
OS REFRÃOS
119
BAÚ DE RECORDAÇÕES
120
perguntas. Assim, pode-se continuar a técnica
até que seja retirada do baú a última recordação.
O(a) educador(a) também participa.
4. O(a) facilitador(a) direciona o grupo a refletir
sobre as seguintes questões: Para que serviu o
exercício? Como nos sentimos ao comentar as
nossas recordações? Que ensinamento nos traz?
O que podemos fazer para nos conhecermos
cada vez melhor?
Obs.: o(a) facilitador(a) deve confeccionar
previamente um baú, no qual serão depositadas as
recordações, e uma pequena chave numerada para
cada integrante. A numeração da chave indica a
ordem de participação.
DINÂMICA DO DESAFIO
121
Toca-se uma música animada, a fim de que as
pessoas movimentem-se, descontraiam-se e aliviem
as tensões, iniciando o processo de interação no
grupo.
O facilitador deve estar de costas para não ver
quem está com a caixa ao parar a música. Faz um
pequeno suspense, com perguntas do tipo: estão
preparados(as)? Você vai ter que “pagar o mico”,
seja lá qual for a ordem; você vai precisa obedecer,
quer abrir? Ou vamos continuar? Repete a música
e passa novamente a caixa, se aquele topar em não
abrir, podendo-se fazer isso por algumas vezes e, na
última vez, avisa que agora é para valer. Quem pegar
agora vai ter que abrir, certo? Essa é a última vez
e, quando o felizardo o fizer, terá a feliz surpresa e
encontrará um chocolate sonho de valsa com a frase
“coma o chocolate”!
122
A CONSTRUÇÃO COLETIVA DO ROSTO
123
CAÇA AO TESOURO
124
6. Alguém que esteja com uma camiseta da mesma cor que a sua.
7. Alguém que goste de verde-abacate.
8. Alguém que tenha a mesma idade que você.
9. Alguém que esteja de meias azuis.
10. Alguém que tenha um animal de estimação (qual?).
Pode-se aumentar a quantidade de questões ou reformular estas,
dependendo do tipo e do tamanho do grupo.
Fonte: “Dinâmicas em Fichas” – Centro de Capacitação da
Juventude (CCJ) – São Paulo. <http://www.ccj.org.br>
COLCHA DE RETALHOS
125
Metodologia:
1ª Etapa – História de Vida
Peça a todos os participantes para relembrarem
um pouco de suas histórias pessoais e das histórias de
suas famílias, pensando em suas origens, sentimentos,
sonhos, e momentos marcantes, enfim, em tudo aquilo
que cada pessoa considera representativo de sua vida.
Depois disso, peça para escolherem pedaços de tecidos
para pintar símbolos, cores ou imagens relacionadas às
suas lembranças. Esse é um momento individual, que
deve levar o tempo necessário para que cada um sinta-se
à vontade ao expressar o máximo de sua história de vida.
Quando todos terminarem, proponha a composição
da primeira parte da Colcha de Retalhos, que pode ser
feita costurando ou colando os trabalhos de cada um,
sem ordem definida, os quais comporão a parte interna
da colcha.
126
3ª Etapa – História da cidade, do país, da Terra
A partir daqui, a ideia é dar continuidade à colcha
de retalhos, criando novos barrados, de forma a
complementá-la com a história de vida da cidade, do
País, do mundo e até a do universo. Não há limites
nem restrições. O objetivo principal é estimular nos
participantes a vontade de conhecer e registrar a vida,
em suas diferentes formas e momentos. Desse modo,
poderão sentir-se parte da grande teia da vida.
Reflexão para o facilitador: Quantas vezes sentamos
ao lado de nossos avós ou mesmo de nossos pais para
escutar aquelas longas histórias que compuseram a vida
e a trajetória da nossa família e, portanto, a trajetória
da nossa vida? Quantas vezes paramos para pensar na
importância do nosso passado, nas nossas origens, e
mais, de nossa comunidade? Indo um pouco mais longe,
quantas vezes paramos para pensar como a cultura da
nossa cidade e de nosso país influencia o nosso modo de
ver as coisas?
127
MARCAS DO QUE EU SOU
128
f) O(a) educador(a) motiva a simulação, ainda,
de outras situações que acontecem na floresta,
como, por exemplo: uma forte tempestade, uma
grande seca, uma longa noite, estimulando os
participantes para vivenciarem estas realidades.
g) Feito isso, o educador(a) pede a cada
participante para escrever em seu caderno os
seguintes passos:
1) Descrever qual é a personalidade do
animal escolhido que ele pessoalmente
escolheu e encarno,; destacando as reações, o
comportamento (o que é bom e o que não é tão
bom).
2) Pedir para fazerem uma comparação, tentando
perceber as semelhanças da personalidade do
animal e com a sua personalidade.
3) Encontrar-se por grupos para partilharem as
descobertas feitas.
Reflexão:
Ajuda a ampliar a reflexão sobre personalidades
humanas, pontuando as diferenças, a interação
nas relações e outros aspectos.
Fonte: Equipe da Casa da Juventude Pe.
Burnier, Caju, Goiânia/GO. Subsídio de Apoio da
Escola de Educadores de Adolescentes e Jovens.
<http://www.casadajuventude.org.br>
129
ESCUDO
130
Encaminha a reflexão pessoal, utilizando o desenho do
escudo, entregue para cada um. Na parte superior do escudo,
cada um escreve o seu lema, ou seja, uma frase ou palavra que
expressem seu ideal de vida.
Depois, em cada uma das quatro partes do escudo, vai
colocar um desenho que expresse uma vivência importante
de cada uma das etapas acima mencionadas.
Em grupo de cinco pessoas, serão colocadas em comum
as reflexões e os desenhos feitos individualmente. No fim,
conversa-se sobre as dificuldades encontradas para se
comunicarem dessa forma.
Reflexão: esta atividade proporciona uma reflexão sobre
o curso da vida que cada um desenvolve.
Obs.: observar a facha etária do grupo trabalhado e
adequar o escudo.
Fonte: Subsídio “Dinâmicas em Fichas” – Centro de
Capacitação da Juventude (CCJ) – São Paulo. <http://www.
ccj.org.br>.
131
Tempo necessário: o tempo previsto para
o desenvolvimento é de 60 minutos.
Metodologia:
1. Grupo em círculo, sentado.
2. Dar a cada participante quatro folhas
de papel ofício.
3. Solicitar que, em uma das folhas,
façam o contorno de uma das mãos e,
na outra, o de um dos pés. Desenhar, nas
demais folhas, um coração e uma cabeça,
respectivamente.
4. Escrever no pé desenhado o que o
grupo proporcionou para o seu caminhar.
6. Fazer um painel por subgrupo,
Escrever dentro da mão desenhada o
utilizando todos os desenhos da parte
que possui para oferecer ao grupo. No
do corpo que lhe coube, evidenciando
coração, colocar o sentimento em relação
os pontos levantados anteriormente, de
ao grupo. Na cabeça, as ideias que
modo a representar:
surgiram na convivência com o grupo.
– Com os pés, a caminhada do grupo.
5. Formar quatro subgrupos. Cada
subgrupo recolhe uma parte do corpo – Com as mãos, o que o grupo
(pés/mãos/coração/cabeça), discute as oferece.
ideias expostas, levantando os pontos – Com os corações, os sentimentos
comuns. existentes no grupo.
– Com as cabeças, as ideias surgidas
a partir da convivência grupal.
7. Cada subgrupo apresenta seu painel.
8. Plenário – dizer para o grupo o que
mais lhe chamou a atenção de tudo o
que viu e ouviu.
Reflexão: proporciona o despertar de
sentimentos de amizade e solidariedade.
Fonte: Projeto Crescer e Ser, publicado
no livro Aprendendo a ser e a conviver,
Margarida Serrão e Maria C. Baleeiro, ED.
FTD, 1999.
132
FLORESTA DOS SONS
133
ILHAS EM ALTO MAR
Repetir aproximadamente quatro vezes e,
cada vez que repetir, diminuir os jornais.
Objetivo: estimular o estudante a Reflexão: Em uma palavra, cada pessoa
refletir sobre como agiria em situações deve falar dos seus sentimentos ao participar
diversas. dessa técnica. Importante destacar como a vida
Material necessário: folhas de jornal. permanentemente coloca desafios, que exigem
de atenção, agilidade e construção coletiva,
Número de participantes: de 20 a 30
para vencer as adversidades. Além de ajudar a
pessoas.
trabalhar a angústia no momento, em que os
Tempo necessário: o tempo previsto projetos não acontecem como desejado.
para o desenvolvimento é de 30 minutos.
Metodologia: Distribuir jornais pela
sala (cinco folhas) e pedir para que os
participantes percebam a respiração e, após
três fluxos, comecem a caminhar sentindo
o chão, o peso do corpo e observando as
pessoas também caminhando na sala.
Imaginar que o grupo estava em um
cruzeiro, aconteceu um acidente e o navio
naufragou. As pessoas vão movimentando
os braços como se tivessem nadando, o
facilitador coloca para o grupo que as
águas são perigosas, cheias de tubarões e
os jornais são pequenas ilhas. Quando o
facilitador grita “Tubarão!”, todos sobem
nas ilhas, buscando espaço. O facilitador
grita: “Tubarão passou”. As pessoas voltam
a nadar.
FOTOGRAFIA
134
Tempo necessário: o tempo previsto para
o desenvolvimento é de 30 minutos.
Metodologia: O(a) facilitador(a) divide a
turma em grupos de no máximo dez pessoas
e dá um tema para cada grupo, desde que os
outros não saibam (ex.: participação, saúde,
violência, educação popular, cidadania,
gênero etc.). O grupo irá montar uma cena
onde todos permanecem congelados. O
facilitador orienta o grupo para que fiquem
postos no lugar, bate palma e o grupo
congela. Os demais grupos tentam descobrir
a mensagem – ou tema.
Reflexão: a técnica contribui para
dar visibilidade à habilidade do grupo a
Metodologia:
construir coletivamente, além de estimular
o pensamento crítico sobre determinadas O(a) educador(a) cola uma etiqueta em
situações ou valores sociais, assim como a cada participante, sem que o participante veja
criatividade dos participantes. o que está escrito nela. Movimentam-se pela
sala, os participantes devem tratar-se uns aos
outros conforme o rótulo que virem na testa dos
companheiros. Cada um deve tentar adivinhar
que rótulo recebeu.
Depois de 20 minutos, o(a) educador(a)
RÓTULOS pede para que cada um diga o rótulo que
recebeu e porque sentiu isso.
Objetivo: proporcionar ao grupo a Sugestões de rótulos: aprecie-me; ensine-
discussão sobre autoconceito e preconceitos. me; tenha piedade de mim; aconselhe-me;
respeite-me; ajude-me; rejeite-me; ignore-me;
Material necessário: tarjetas e lápis
ria de mim; zombe de mim.
hidrocor.
Reflexão: deve-se conversar sobre os efeitos
Número de participantes: de 20 a 30
que os rótulos provocam nas pessoas, se gostam
pessoas.
ou não de serem tratadas a partir de rótulos e
Tempo necessário: o tempo previsto para o comparar com o que acontece na vida real no
desenvolvimento é de 30 minutos. cotidiano do grupo.
135
JOGO DAS MÃOS
137
CONHECIMENTO MÚTUO
138
CONSTELAÇÃO DE AMIGOS
Número de participantes: 15 a 20
pessoas.
Material necessário: papel em branco
duplo sentido: a relação com essa pessoa
e caneta para todos os participantes, um
é mutuamente respondida; d) <- -> flecha
painel e uma fita adesiva para colar os
interrompida: relação cortada; e) <-/->
papéis.
flecha interrompida por uma barra: relação
por meio de intermediários; f) <-#-> flecha
interrompida por muro: relação com um
bloqueio que impede o seu pleno êxito.
4. Em grupos de três ou quatro pessoas,
Metodologia/desenvolvimento: 1. partilhar sobre o que tentou expressar com
Todos recebem uma folha em branco e o seu desenho. Responder:
marcam um ponto bem no centro dela, este a) Ficou fora do meu desenho algum
ponto representa o desenhista. 2. Desenhar parente mais próximo?
diversos pontos nas extremidades da folha,
significando cada pessoa com quem você b) As relações que me influenciam
tenha relação, seja boa ou má; pessoas estão me ajudando?
que você influencia ou que influenciam c) As relações que possuem barreiras
você (pode-se escrever junto o nome ou ou que estão interrompidas podem ser
as iniciais). 3. Traçar flechas do ponto restauradas? Seria importante?
central, você, para os pontos periféricos,
d) Nosso grupo está nesses desenhos?
as pessoas que estão à sua volta, segundo
o código que segue: a) flecha com a ponta 5. Fazer um grande painel afixando
para fora: pessoas que influenciou ou que os desenhos e abrindo para que todos
aprecio; b) <— flecha com a ponta para possam comentar. 6. Avaliar se a dinâmica
dentro: pessoas que me influenciam ou acrescentou algo de bom em minha vida e
que gostam de mim; c) <—> flecha em na vida do grupo. Descobriu algo?
139
Reflexões: essa técnica requer uma razoável
reflexão acerca das relações interpessoais. Permite
analisarmos, mesmo que superficialmente, os
nossos sentimentos e relações com as outras
pessoas. As perguntas são feitas de modo que
possamos refletir as soluções aos problemas
apresentados e também receber sugestões dos
participantes presentes.
Fonte: jornal Presença Jovem, julho/1999,
edição nº 61 – Informativo da Pastoral da Juventude,
encartado no jornal Presença Diocesana, de Passo
Fundo/RS. Artigo publicado na edição 340, julho
de 2000, página 5.
FOTO-LINGUAGEM
140
b) Qual a ligação entre elas?
c) Por que me identifiquei com elas?
Cada um apresenta as fotos e as conclusões às quais chegou. O
restante do grupo pode questionar a ligação dos fatos entre si e fazer
uma ou duas perguntas para clarear melhor as afirmações.
Fonte: Agenda da Juventude, Centro de Capacitação da Juventude
(CCJ), São Paulo, 2000. Site na internet: <http://www.ccj.org.br>.
141
recomeçar. 5. Após um tempo, formar
quartetos, e assim sucessivamente, até que
todo o grupo esteja movimentando-se junto,
no mesmo passo. 6. Convide os participantes
novamente para formar um círculo na sala,
olhar as pessoas ao redor e, depois, fechar os
olhos. 7. Solicite que respirem lentamente, até
que se acalmem. 8. Peça que abram os olhos,
sentem-se em círculo. 9. Plenário – refletir
sobre os seguintes pontos:
142
3. Havendo dificuldade na memorização da
sequência, o(a) facilitador(a) e/ou o grupo
auxiliam quem estiver falando, pois o importante
nesta técnica é que, ao finalizá-la, todos tenham
aprendido o nome dos companheiros.
4. Esta técnica pode ser usada no início do
trabalho, quando o grupo ainda não se conhece,
ou após um tempo de convivência, enfatizando
as qualidades pessoais e/ou englobando outras
questões, como algo de que se goste muito, o
nome de um amigo, divertimento preferido etc.
Reflexão: nesta atividade, trabalha-se também
a identidade – “Como me chamam? Quem sou
eu?” –, podendo surgir apelidos carinhosos ou
depreciativos. É importante que o(a) educador(a)
esteja atento(a) no sentido de perceber e explorar
o sentimento subjacente ao modo como cada
indivíduo se apresenta.
Fonte: Projeto Memorial Pirajá.
143
CARÍCIA DOS NOMES
144
PAINEL INTEGRADO
145
TEMPESTADE DE IDEIAS
146
FOTO-LINGUAGEM - COMUNICAÇÃO
147
Jornal Falado
Metodologia:
1. Formar pequenos grupos.
2. O(a) facilitador(a) apresenta o tema para estudo e
pesquisa.
3. Cada grupo pesquisa e estuda o tema.
4. Cada grupo sintetiza as ideias do tema.
5. Elaboração das notícias para apresentação, de forma
bastante criativa, explorando diversas linguagens.
6. Apresentação do jornal ao grande grupo e debate.
Reflexão: a técnica contribui para que possamos
fazer nossas próprias sínteses sobre a realidade, refletindo
criticamente as informações que recebemos já processadas
e incorporadas de interesses e perspectivas de uma classe
dominante.
148
Conto Vivo Eu Tenho Uma História
Pessoal
Objetivo: trabalhar a concentração,
a criatividade e construir coletivamente Objetivo: refletir sobre a vida pessoal
referências no grupo a partir de criações percebendo as marcas, os acontecimentos
pessoais. que foram significativos e que provocaram
mudanças na forma de ver o mundo.
Material necessário: sala espaçosa.
Material necessário: uma mídia (CD, pen
Tempo necessário: 40 minutos.
drive, DVD etc.) com música suave e aparelho
Número de participantes: 15 a 20 pessoas. de som, cartolina ou tarjetas e hidrocor.
Metodologia/desenvolvimento: todos os Número de participantes: esta técnica
participantes ficam sentados em círculo. O(a) deve ser desenvolvida com um número par de
educador(a) começa a contar uma história pessoas. Se não for o caso, o facilitador pode
que tenha personagens e animais com requisitar um “auxiliar”.
determinadas atitudes e ações. Explica-se
Tempo de duração: o tempo de duração
que, quando o(a) facilitador(a) apontar para
varia em função do quantitativo de pessoas.
um do grupo, este deve atuar como o animal
O ambiente deve ser arejado ou climatizado,
ou personagem da história que está sendo
com cadeiras móveis, disponibilizadas em
contada. Depois de iniciar o conto, o(a)
círculo, possibilitando o movimento das
facilitador(a) vai construindo coletivamente
pessoas do grupo.
e de maneira espontânea, dando a palavra
para que o outro do grupo continue. Metodologia:
Reflexão: essa técnica contribui para que a) O(a) facilitador(a) explica que precisam
os participantes se conheçam e construam estar à vontade, sem nenhum objetivo ou
projetos juntos a partir da criação. Facilita roupa que incomode os movimentos.
e funciona como ponto de partida para b) Pedir para que todos encontrem
elaboração de produtos e conteúdos coletivos. a forma mais confortável e fazer um
relaxamento com o grupo:
149
– Criar um ambiente com música suave, f) No grupo, cada participante partilha
com pouca luz; o símbolo, as marcas da história, os
sentimentos.
– Orientar o grupo para se deitarem de
costas no chão e ficarem com os braços g) Em plenário, o(a) facilitador(a)
rentes ao corpo; pergunta:
– Respirar, tranquilizar-se, relaxar todas – O que aprenderam com esse
as partes do corpo. Não deixar nenhuma exercício, tanto com as dificuldades
parte tensa, entrar em comunhão com o e com os acertos? Motivar as pessoas
corpo. a partilharem o que descobrirão.
c) Contribuir para que o grupo faça Reflexão: refletir sobre o desafio de
uma retomada da vida da infância até a todos buscarem as suas origens, para
idade atual. Em cada fase, identificar as melhor se conhecerem, aceitarem-se e
experiências mais significativas, tanto estarem integrados(as) uns(umas) com
alegres quanto tristes: os(as) outros(as). Esta técnica pode
contribuir tanto para o indivíduo como
– Orientar o grupo para que façam um
para o coletivo; porém, o(a) facilitador(a)
retorno ao útero materno, sentir o calor,
precisa estar atento ao contexto estrutural,
a tranquilidade que há no espaço uterino.
político e subjetivo do grupo, exercendo o
– Recordar a vinda ao mundo, o cuidado.
nascimento, os primeiros passos, as
Fonte: Equipe da Casa da Juventude
primeiras palavras, o lugar onde nasceu,
Pe. Burnier, Caju, Goiânia/GO. Subsídio
as pessoas e os pais, de zero aos 5 anos, de
de Apoio da Escola de Educadores de
5 aos 10 anos. De 10 aos 15 anos, dos 15
Adolescentes e Jovens. <http://www.
aos 20 anos, de 20 à idade atual: quais as
casadajuventude.org.br>.
lembranças da história pessoal?
d) No grupo, cada pessoa constrói
individualmente um símbolo que a ajude a
representar sua história.
e) Em grupos de convivência, propor que o
grupo faça um contrato de respeito pelo que
o outro vai partilhar.
150
Sensibilidade
151
Poesia, Música e Crônica
152
Fazendo um Projeto
153
Mandala de Mãos
154
Desenho de Giz
155
Eu Sou Alguém
156
Minha Bandeira Pessoal
158
Escala de Valores
159
– Stefane ofereceu-se para cuidar da irmã
caçula para sua mãe ir ao supermercado,
mesmo tendo que adiar o encontro com o
namorado (valor subtendido: solidariedade, o
que é mais importante para todos).
Podem ser frases mais diretas e objetivas, com
valores explícitos e não subentendidos.
Estabeleça o que é mais importante:
– Ir a uma festa.
– Sair com o(a) namorado(a).
– Cuidar da irmã caçula (ou do irmão).
– Almoçar em família.
– Visitar parentes.
– Sair com amigos.
– Estudar para uma prova.
– Ter a mídia mais recente do grupo do
momento.
– Ir ao ponto de encontro dos amigos.
– Fazer o trabalho de escola.
2. Distribua as folhas de papel-ofício entre os
participantes e peça que eles a dobrem ao meio,
de maneira que eles terão um lado direito e outro
esquerdo.
3. Peça que leiam com atenção as frases escritas
pelo(a) educador(a).
4. Em seguida, que escrevam do lado direito da
folha, em ordem de importância, as atitudes que
fazem parte da sua maneira de agir no cotidiano.
5. Assim o participante deverá colocar em
primeiro lugar o que para ele é o valor mais
importante de todos, e assim sucessivamente, até
que tenha escolhido pelo menos cinco valores.
160
6. Após a conclusão da tarefa, o(a) 10. Depois, todos devem voltar para o
facilitador(a) pede que, do lado esquerdo grupão, onde o(a) facilitador(a) coordenará
da folha, o participante escreva: “quando a discussão definindo:
eu era criança, para mim, as coisas mais – A escala de valores do grupo (por meio
importantes eram...” da verificação de quais valores aparecem
7. Depois peça que ele leia as frases mais em primeiro lugar, em segundo
comparando, estabelecendo a diferença etc.).
entre a escala de valores que tem hoje e a – A escala de valores de quando eram
que tinha quando era criança. crianças.
8. Em seguida, o(a) facilitador(a) pede – A diferença entre uma escala e outra.
aos participantes que discutam com seus
colegas mais próximos sua lista de valores – Que tipo de sociedade e vida em
atuais (lado direito da folha). grupos os valores apresentados tendem
a construir.
9. Todos os participantes devem discutir,
em pequenos grupos, sua ordenação de 11. Por fim, o(a) facilitador(a) precisa
valores, estabelecendo a comparação com a construir um final que una o grupo na
dos colegas. perspectiva do cuidado, reconhecendo
as contradições e fortalecendo os
participantes como sujeitos de sua história
e também responsáveis pela construção
coletiva da sociedade.
161
Exercício Pessoal de Revisão
de Vida e de Prática
162
Meu Presente / Meu Futuro
163
Problemas e Soluções
164
Invertendo os Papéis
165
A Juventude e os Desafios
166
4. Fazer um debate:
4.1 Sentar em círculo. Cada um da turma
deve expor para o grupo as suas próprias
experiências em relação ao trabalho, à
educação e à construção coletiva para a
sociedade. Fale sobre você e tente expor para
os colegas as suas experiências e pontos de
vista sobre as seguintes questões:
a) Quais são as suas experiências educacionais,
seja na escola ou outras instituições públicas,
seja junto às organizações da sociedade civil
ou movimentos sociais?
b) Que tipo de estudo e formação podem
ajudá-lo a crescer na leitura do mundo do
trabalho e como se organiza a sociedade? Por
quê?
4.2 Depois da realização do debate, escreva
uma frase que expresse o que você está sentindo
e pensando após ter ouvido os colegas e falado
sobre as suas próprias experiências em relação
ao trabalho e à educação.
4.3 Montar um painel com as frases de todos.
4.4 Escolher, com o grupo, um título
interessante para o painel.
Fonte: Pro Jovem – Guia de Estudo – Unidade 2.
167
Processos de Trabalho
168
A sociedade e nós
170
E mesmo meus mestres, o doutor em filosofia, o maestro
de música e o orador, eram bem convictos: cada um queria
que eu fosse o reflexo de seu vulto em um espelho.
Por isso vim para cá.
Acho o ambiente mais sadio.
Aqui pelo menos posso ser eu mesmo.
Material necessário: mídia com a música Fábrica e/
ou imprimir a letra. Cartolinas, revistas, jornais (tentar
utilizar materiais de diversas mídias), tesoura, barbante,
grampeador e cola.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de uma a duas horas.
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) acolhe os participantes com uma
música relaxante na sala e pede para que sentem-se
e, via respiração, tentem construir serenidade. Após
dez minutos, comunica que irá colocar uma música
e pede a atenção de todos e todas. Coloca a música
Fábrica e, quando ela acabar, também dá uma pausa
para o silêncio.
2. Uma pessoa, previamente preparada, lê o texto O
louco. Depois, o(a) facilitador(a) provoca o grupo
a refletir sobre o mundo do trabalho, a sociedade e
nossa participação nesse processo.
3. Divide-se a sala em dois grupos, que terão
disponíveis revistas, jornais, cartolina, tesoura etc. O
primeiro fará o debate sobre a Sociedade e o mundo
do trabalho (como cada um(a) entende a lógica de
organização da sociedade? Que lugar ocupa o trabalho
nesta sociedade? O que significa uma sociedade de
direitos, construídos com luta e políticas públicas?).
O segundo fará o debate sobre Nós e a Sociedade
(quais são as expectativas de cada um(a) em relação
à sua própria vida: trabalho, educação e saúde?
171
Como nos vemos nessa sociedade e quem somos em
sua construção? Quais as estratégias construímos para
dialogar com ela?). Os grupos terão de 30 a 40 minutos
para debate e construção de sua síntese. Cada grupo
precisará definir um coordenador e um sistematizador
para organizar os produtos de debate e sistematização.
A apresentação da síntese poderá ser em múltiplas
linguagens e cada grupo tem de cinco a dez minutos
para apresentar.
4. Após as apresentações, o(a) facilitador(a) abre o
debate para reflexão e para aprofundamento de dúvidas,
questões, conflitos e convergências.
Reflexão: pensar sobre a sociedade, o trabalho e nossa
atuação é uma tarefa difícil da qual precisamos de toda nossa
vida para ir complexificando as suas questões e perceber
as contradições históricas que sustentam a organização
ética, moral, social, política e econômica das sociedades.
Porém, esse exercício coletivo pode ser um mecanismo
potente, disparador de intensas reflexões, futuras pesquisas
e possíveis atuações referentes à temática.
Fonte: publicado na edição 339, agosto de 2003, página
14. Equipe Mundo Jovem.
172
Substâncias, Cultura e Sociedade
14
LABATE, Beatriz Caiuby et al. (Org.). Drogas e cultura: novas perspectivas. Salvador:
EDUFBA, 2008. O livro foi resultado do Simpósio “Drogas: controvérsias e perspectivas”,
realizado na USP, em setembro de 2005.
173
4. Debate e reflexão a partir dos conhecimentos e
partilhas de saberes que emergiram no processo.
5. Avaliação da vivência.
Reflexão: esta técnica contribui para que os
participantes, por diferentes perspectivas, partilhem
suas percepções sobre o tema, expondo preconceitos,
valores e visões de mundo. Em seguida, após as
chuvas de palavras, trazer uma ou mais referências
sistematizadas para confrontar e situar melhor o
contexto. Para pôr fim, provocar espaço de reflexão
mais intensa sobre a realidade histórica e a cultura
em que se localiza o tema das drogas, bem como
permitir aos participantes ressignificarem suas
referências, transformando-as e/ou fortalecendo-as.
Fonte: técnica utilizada por Redutores de Danos
na Oficina de Construção de linhas de cuidado
para usuários e familiares de álcool e outras drogas.
Pernambuco, 2010.
174
Metodologia:
1. Desvendar os passos:
Convidar os participantes a formarem duplas,
ficando um ao lado do outro. A dupla combina
quem será o que ficará com os olhos vendados e
quem será o guia. O com os olhos vendados fecha
livremente seus olhos e é auxiliado pelo guia. O
guia, de olhos abertos, dá o seu ombro ou a sua
mão e o ajuda. Enquanto isso, estar atento aos
sentimentos que experimentam. O que está com
os olhos vendados: o que sente ao ser auxiliado? O
guia: o que sente enquanto auxiliador?
2. Caminhando:
As duplas (olhos vendados e olhos abertos) seguem
por diversos caminhos, inclusive passando por
obstáculos, se o guia assim o quiser. Deixa-se um
tempo para que haja a vivência necessária. Depois,
o(a) educador(a) orienta para que se mudem os
papéis: quem está com olhos vendados torna-se
agora guia e quem guiava será vendado. E a técnica
segue por alguns minutos.
3. Partilha:
O(a) facilitador(a) da técnica dá um sinal de parada
e as duplas voltam à sala, para partilharem com o
grupo a experiência realizada: o que sentiram em
cada papel? Como isso se aplica a nossa vida e a vida
do grupo? E em nossas relações de amizade?
4. Após as conclusões, finalizar com o “Poema do
Amigo Aprendiz”
L1 – Quero ser seu amigo... (Quero ser sua amiga...).
L2 – Nem demais e nem de menos. Nem tão longe
e nem tão perto. Na medida mais precisa que eu
puder.
L1 – Mas amar-te, sem medida. E ficar na tua vida.
Da maneira mais discreta que eu souber.
175
L2 – Sem tirar-te a liberdade. Sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
L1 – Sem falar quando for hora de calar. E sem calar
quando for hora de falar.
L2 – Nem ausente e nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz...
L1 – É bonito ser amigo... (É bonito ser amiga). Mas,
confesso, é tão difícil aprender
L2 – E por isso eu te suplico paciência. Vou encher
este teu rosto de lembranças! Dá-me um tempo de
acertar nossas distâncias!
T – Quem encontrou um amigo... Tem “o maior
tesouro que a vida nos poderia dar...”.
Fonte: Adaptação do material produzido pela PJ/RS.
“O Teatro é Dinâmica”
176
– Martelo, alicate, tesoura.
Número de participantes: de 20 a 30 pessoas.
Tempo de duração: o tempo previsto para o
desenvolvimento é de 30 a 40 minutos. Metodologia:
1. Corta-se um número suficiente de tiras grandes (de
cinco a dez metros, de acordo com o tamanho que
se queira dar ao circo), de modo a cobrir o espaço
desejado.
2. Fazer o eixo central redondo de arame ou barbante.
3. Ata-se uma das pontas das fitas ao eixo central.
4. Pendura-se o conjunto, tendo, assim, o lugar do
mastro central e o centro da lona.
5. Prendem-se as pontas que sobram das fitas no chão.
6. Para dar o acabamento final, passar fios de barbante
entre as fitas à distância de, mais ou menos, dois
metros, dando um formato redondo/oval ao conjunto,
como mostra o desenho.
7. Colocar almofadas e escolher um bom aparelho de
som com opções de CDs e mídias.
Agora é só escolher um palhaço para a animação!
1º) Aquecimento
Descrição: Estando todos devidamente instalados no
circo, o coringa ou o(a) facilitador(a) motiva uma partilha
sobre as lembranças despertadas pelo circo. O que mais
atraía?
Todos são convidados a falar.
A seguir, bate-se um papo sobre a figura do palhaço. O
coringa pode utilizar estes elementos:
– Palhaço é a figura do anti-herói;
– Trapalhão, pois não tem compromisso com o
“certinho”;
177
– Brinca com a vida e dela é eterno aprendiz;
– Bonito, porque é alegre;
– Quanto mais espontâneo for, mais adorável se torna.
Todos, em sintonia com o ambiente, dançam
livremente, orientados pelo coringa. Com uma música,
despedimos nossa timidez, repressão e vergonha.
Possibilidade de aplicação:
– Descontrair;
– Criar necessidade de expressão;
– Criar clima para participação;
– Preparar atividades posteriores.
178
mexer o quadril. Bater palmas, caminhar na ponta dos
pés, mexer o quadril e movimentar os braços. Bater
palmas, caminhar na ponta dos pés, mexer o quadril,
movimentar os braços e girar a cabeça.
Para terminar, fazer tudo isso e cantar: tarará...
tum-tum, tarará, tum-tum...
Possibilidade de aplicação:
– Destensionar;
– Aquecer;
– Criar clima de concentração.
4º) Hipnose
Descrição:
Todos ficam em pé, em duplas, um de frente ao outro. Tirar
“par ou ímpar”. Quem ganhar, coloca a mão a um palmo do
rosto do outro. O coringa diz: “vamos fazer o exercício do poder.
Vamos hipnotizar o outro!”.
Com movimentos lentos no início, aquele que está
“mandando” vai levar o outro por onde quiser. Irá “hipnotizando”
o outro com o exercício das mãos, sem tocá-lo. Nunca esquecer
a distância de um palmo do nariz do outro.
É importante o coringa ir lembrando que cada um é
“responsável pelo corpo do outro”.
1... 2... 3... Começando!
Música de fundo pra ajudar na concentração. Manter
silêncio. Depois de, mais ou menos, quatro minutos, o coringa
motiva para se inverter a posição e se recomeça o exercício: 1...
2... 3... Começando!
179
Terminando, assentados, provoca-se a
discussão: o que sentiu? Que posição preferiu?
Continuar a dinâmica com o exercício mútuo de
“hipnose”: mandar e obedecer ao mesmo tempo.
É um jogo de entrosamento sincronizado: “você
olha a mão do seu parceiro e ele olha a sua”.
Possibilidade de aplicação:
– Aquecer;
– Preparar para atividades posteriores;
– Trabalhar temas específicos, por exemplo:
relação de poder, comunicação, coordenação,
relação pais e filhos etc.
Termina-se o exercício recolhendo as
reações dos participantes.
Reflexão: a arte de encenar é uma das formas
mais ricas de comunicação. Estes exercícios
aqui apresentados poderão ser um incentivo
e uma motivação para criar grupos de teatro.
Veja como é fácil teatralizar. Sugerimos que se
convide alguém com experiência e se promova
uma oficina de teatro no grupo ou coletivo.
Fonte: Projeto Comunicarte, Pastoral da
Juventude, São Paulo.
180
Juventude e Comunicação
182
f) Diante dos pés: piores enrascadas em que
se meteu.
3. O(a) facilitador(a) dialoga com os
participantes sobre as seguintes questões:
a) Foi fácil ou difícil esta comunicação? Por
quê?
b) Este exercício é pertinente para você e para
o grupo?
c) Em qual anotação sentiu mais dificuldade?
Por quê?
d) Este exercício pode favorecer o diálogo
entre as pessoas e o conhecimento de si
mesmo? Por quê?
Reflexão: pessoas trabalham no mesmo lugar
ou compartilham um mesmo grupo de ação política
por muito tempo e, às vezes, não tem oportunidade
de conhecer melhor os colegas e os companheiros.
Técnicas como esta podem contribuir para o
fortalecimento da comunicação e a estruturação dos
vínculos.
183
Metodologia:
1. O(a) facilitador(a) divide o coletivo em dois e orienta que
uma parte fará observação e a outra será o grupo da ação. 2. O
grupo de ação permanece ficará sentado em um círculo interno;
e o de observação, em um círculo externo. 3. Separadamente, ao
grupo de ação, é proposto um tema de debate; ao de observação,
ficar em silêncio e observar o outro grupo anotando impressões
sobre a participação, se há monopólio da fala e por que, e se a
organização do grupo favorece a expressão, entre outras. 4. Após
a realização da observação e da ação, retoma-se ao coletivo e
discute-se o que foi observado e vivido por todos, impressões,
questionamentos etc.
Exemplos de coordenação:
a) Forma-se um grupo para demonstrar o primeiro tipo de
educador(a), o(a) ditador(a), utilizando sempre o mesmo
tema. Este deve sempre mandar no grupo, assumindo ou
não responsabilidades dentro do grupo.
b) Após o(a) ditador(a), forma-se outro grupo para
exemplificar o(a) educador(a) paternalista, que assume
todas as responsabilidades que o grupo pode ter.
c) Forma-se outro grupo demonstrando o(a) educador(a)
que não assume a responsabilidade do grupo, sempre
concordando com tudo que é proposto, sem colocar em
prática, na maioria das vezes. E, por último, entra o(a)
educador(a) democrático, que sabe ouvir as pessoas,
direciona o trabalho em grupo, mas que também apresenta
limitações.
Reflexão: o cotidiano de trabalho, da vida e da militância
é repleto de muita beleza, mas também de desafios. Por mais
comprometidas que sejam as pessoas, em seus processos de
reflexão, de construção e luta, a prática cotidiana é atravessada
por inúmeras contradições individuais, coletivas e institucionais.
Logo, este exercício é muito bom para contribuir com as
pessoas, coletivos, instituições e movimentos, na perspectiva
de, permanentemente, transformar as relações e as realidades.
184
Exercício da Qualidade
185
d) Feita a redistribuição, começando pela
direita do(a) educador(a), um a um lerá
em voz alta a qualidade que consta na
papeleta, procurando entre os membros do
grupo a pessoa que, no entender do leitor, é
caracterizada com esta qualidade. Só poderá
escolher uma pessoa entre os participantes.
e) Ao caracterizar a pessoa, deverá dizer por
que tal qualidade a caracteriza.
f) Pode acontecer que a mesma pessoa do
grupo seja apontada mais de uma vez como
portadora de qualidades, porém, no final,
cada qual dirá em público a qualidade que
escreveu para a pessoa da direita.
g) Ao término do exercício, o(a) facilitador(a)
provoca os participantes para que verbalizem
as sensações.
186
b) Formando subgrupos, demonstrará com ênfase:
primeiro, um líder autoritário; depois, mudando o
subgrupo, demonstra o líder paternalista; ao terceiro,
demonstra o líder anárquico; e, por último, um líder
democrático.
c) Após apresentar sem informar qual tipo de líder
representa, pedir ao grupo para defini-los e nomeá-los
um a um, explicando depois um a um.
d) Após a nomenclatura, distribuem-se as qualidades
do líder democrático, para cada membro, e discute-se
sobre cada um.
Definições:
1. Sabe o que fazer, sem perder a tranquilidade. Todos
podem confiar nele em qualquer emergência.
2. Ninguém se sente marginalizado ou rejeitado por ele.
Ao contrário, sabe agir de forma que cada um sente-se
importante e necessário no grupo.
3. Interessar-se pelo bem do grupo. Não usa o grupo
para interesses pessoais.
4. Sempre pronto para atender.
5. Mantém a calma nos debates, não permitindo
abandono da responsabilidade.
6. Distingue bem a diferença entre o falso e o verdadeiro,
entre o profundo e o superficial, entre o importante e o
acessório.
7. Facilita a interação do grupo. Procura que o grupo
funcione harmoniosamente, sem dominação.
8. Tem uma visão otimista da realidade. Jamais
desanima diante da opinião daqueles que só veem
perigo, sombra e fracassos.
187
9. Sabe prever, evita a improvisação. Pensa até nos menores detalhes.
10. Acredita na possibilidade de que o grupo saiba encontrar por si
mesmo as soluções, sem recorrer sempre à ajuda dos outros.
11. Dá oportunidade para que os outros se promovam e se realizem.
Pessoalmente, proporciona todas as condições para que o grupo
funcione bem.
12. Faz agir. Toma a sério o que deve ser feito. Obtém resultados.
13. É agradável. Cuida de sua aparência pessoal. Sabe conversar
com todos.
14. Diz o que pensa. Suas ações correspondem com suas palavras.
15. Enfrenta as dificuldades. Não foge e nem descarrega o risco nos
outros.
16. Busca a verdade com o grupo, e não passa por cima do grupo.
Qualidades:
1. Seguro; 2. Acolhedor; 3. Desinteressado; 4. Disponível; 5. Firme
e suave; 6. Catalisador; 7. Otimista; 8. Previsor; 9. Confia nos outros;
10. Apoiador; 11. Eficaz; 12. Sociável; 13. Sincero; 14. Corajoso; 15.
Democrático.
Reflexão: por mais esforçada que seja uma liderança, como sujeito
histórico, a contradição sempre lhe atravessará. Não existem pessoas
perfeitas, mas líderes em construção comprometidos com as qualidades
destacadas anteriormente. Também é fundamental ficar atento que, em
alguns grupos, a tarefa da liderança circula no grupo e o líder é um
potente articulador na construção de novas lideranças.
190
Pare!
191
Um Trabalho em Equipe
192
Texto “Avenida Complicada”
Nessa avenida, encontram-se cinco casas (A, B, C,
D e E). São dadas algumas informações que permitirão a
solução para esse problema. São elas:
• As cinco casas estão localizadas na mesma avenida e
no mesmo lado.
• O mexicano mora na casa vermelha.
• O peruano tem um carro Mercedes.
• O argentino possui um cachorro.
• O chileno é arquiteto.
• Os coelhos estão à mesma distância do Palio e do
eletricista.
• O gato não é do psicólogo e não mora na casa azul.
• Na casa verde, dá-se aula.
• A vaca é vizinha do arquiteto.
• A casa verde é vizinha da casa direita, cinza.
• O peruano e o argentino são vizinhos.
• O proprietário do Fusca cria coelhos.
• O Vectra pertence à casa cor-de-rosa.
• O engenheiro reside na terceira casa.
• O brasileiro é vizinho da casa azul.
• O eletricista possui um Ford Ka.
• O dono do Palio é vizinho da vaca.
• O proprietário do Vectra é vizinho do dono do cavalo.
193
A B C D E
Cor
Carro
Profissão
Animal
Nacionalidade
A B C D E
Cor Verde Cinza Vermelha Azul Rosa
Carro Mercedes Ford Ka Fusca Palio Vectra
Profissão Professor Eletricista Engenheiro Arquiteto Psicólogo
Animal Gato Cachorro Coelho Cavalo Vaca
Nacionalidade Peruano Argentino Mexicano Chileno Brasileiro
194
Técnica do Chocolate
195
Cestas de Frutas
196
Dinâmica do Nó
197
Autógrafos
198
“O Que Você Parece Pra Mim...”
199
200
O Mestre
201
Para Problemas, Virtudes!
202
As Diferenças
203
Caixinha de Perguntas
204
Gincana Cooperativa em 2. Um espírito diferente:
Defesa do Meio Ambiente Ter presente a ideia ou as ideias que
irão direcionar o trabalho. Quando for
Objetivo: promover a integração e a organizado o conjunto das “tarefas”, deixar
solidariedade por meio de ações cooperativas. bem claro quais são as atitudes que serão
cultivadas. Ressignificar o pensamento que
Material necessário: cartaz, cartolina, lápis temos sobre gincanas como momentos de
de cor, hidrocor. competição entre equipes: ganhadores(as)
Número de participantes: número e perdedores(as), pontuações e premiações.
de participantes flexível, de acordo com a 3. No lúdico, as gerações em
capacidade do local. solidariedade:
Tempo de duração: pode ser de um turno, O que está por trás de tudo isso é a ação
de um dia. coletiva e solidária de um grupo ou uma
Metodologia: comunidade (crianças, adolescentes, jovens,
adultos e idosos) em torno de uma busca
1. Atitude é fundamental: comum: a preservação do meio ambiente.
Dois elementos principais: a coletividade e a Desse modo, preservar a dignidade humana
solidariedade. Uma gincana requer trabalho de e o planeta são tarefas inseparáveis e que
equipe, de grupo. Por isso, é fundamental que devem ser trabalhadas conjuntamente.
todos se integrem e participem ativamente. Precisamos, permanentemente, construir
Solidariedade pressupõe auxílio mútuo, em nós novos seres e um novo mundo
cooperação, companheirismo, troca. possível, a partir de estabelecimento de
novas relações. Por isso, existe a orientação
para que seja uma gincana que envolva
toda a comunidade, desde a formação das
equipes participantes.
205
4. Agitação também é construção: Exemplo de tarefas:
A “correria” precisa ser iniciada em 1. Montagem das equipes.
benefício do planeta que começa em nossa 2. Escolha do nome.
própria casa e que se chama “nossa casa”. A
correria solidária de quem sai do seu mundo Critério: algo ligado ao espírito da gincana
e decide lutar coletivamente. “Correria” (união, solidariedade, cooperação, respeito,
como sinônimo de trabalho muito ativo e não fraternidade, amizade...) ou relacionado à
de algo desordenado. Para essa tarefa, vamos biodiversidade da região (nomes de rios,
nos organizar e desenvolver a consciência lagos, parques, animais...).
comunitária e desacomodada. 3. Entrevista com uma pessoa da
Pontuação de tarefas: eliminar a lógica comunidade (amigo, parente, escola...)
da competição é uma das ideias. A gincana que tenha mais de 60 anos de idade,
pode ser montada com esta ideia-chave. perguntando sobre qual a realidade de
Exemplo de pontuação: as equipes recebem tudo o que envolvia a água em sua infância
sementes que deverão ser plantadas ao final e juventude.
da gincana. 4. Elaboração e recitação de um poema
relacionado ao meio ambiente, à vida e à
construção coletiva.
5. Visita a uma companhia de tratamento
de água (que faz a coleta, tratamento e
distribuição) ou a algum local onde se faça
algum tipo de tratamento da água (ou o
que mais se aproxime disso), e registro dos
passos desse processo.
6. Montagem de uma dramatização a partir
de alguma música ou texto que fale sobre a
temática.
206
7. Criação de um cartão (tipo postal) com algumas dicas de como usar e
economizar água. Esse material deverá ser confeccionado para distribuição
na comunidade, nas escolas e nos estabelecimentos comerciais como
forma de divulgar a urgência do cuidado com a água.
8. Realizar pesquisa sobre quais são os principais grupos privados ou
públicos que têm ações de degradações ao meio ambiente, da água, da terra
e do ar de maior impacto na região. Visitar as instituições que denunciam
as violações e conhecer suas ações, buscando integrar-se a elas.
9. Organização de um projeto de preservação do meio ambiente que possa
ser desenvolvido na escola, no bairro, na comunidade e/ou em parceria
com outros grupos ou comunidades. No projeto, pode estar prevista a
organização de coleta e separação do lixo (tipos de lixos: seco, orgânico,
metal, plásticos...), ação para evitar a erosão (plantio de árvores...),
realização de atos públicos que deem visibilidade à problemática, entre
outras ações criativas que possam contribuir para a qualidade de vida no
território.
10. Realização de uma visita, com a presença de todas as equipes, a algum
manancial, com o objetivo de conhecer e valorizar a água que se tem.
Tipos de mananciais: naturais, fontes, córregos, rios, poços, estação de
tratamento e fontes de captação.
Na visita aos mananciais, procurar responder às questões: de onde vem a
água consumida na comunidade? Qual a situação desses mananciais? O
que podemos aprender fazendo esta ação de visitar?
11. Pesquisar sobre alguma entidade da região que mantenha projetos
ligados às questões ambientais (água, saneamento e saúde), procurando
descobrir:
a) Quais os objetivos da entidade/do projeto?
b) Quem pode participar?
c) Quais os resultados das ações da entidade/do projeto na realidade?
d) Quais as dificuldades enfrentadas?
e) Como é trabalhado o papel do poder público nestas questões? Como
é vista a legislação?
f) Qual o grau de envolvimento e participação de adolescentes e jovens
nas ações desenvolvidas?
g) Outras questões que sejam importantes.
207
7.2 Histórias, músicas, poemas
I
A saúde é um direito que todos nós temos,
mas em nosso país com isso muito sofremos,
pois temos que nos conformar com a saúde que temos
e não com a que queremos
II
Mas graças ao desenvolvimento, este quadro tem sido mudado,
um lutando daqui, outro dali, grande avanço foi tomado.
Com a criação do ACS, o Brasil tem se alegrado
III
O ACS é um canal que leva informação
sobre educação em saúde, principalmente na prevenção
de todas as doenças que acometem a população
IV
É um agente trabalhador, de tudo faz um pouco,
preocupa-se com o bem-estar, em todos os sentidos, da vida dos outros,
para ajudá-los a ser cidadãos, eles não medem esforço
V
O que querem realmente é que a população possa ver,
que saúde e cidadania, quando juntas, passam a ser,
melhora de vida para todos, com transformação no viver
209
VI
Quando todo ser humano sua identidade assumir
de verdadeiro cidadão,
o Brasil irá sentir, que saúde é complementação,
para a população sorrir
VII
Para aqui finalizar as minhas poucas palavras,
quero dizer-lhes amigos com muita sinceridade,
que nesta luta estou
com garra, força e coragem
VIII
Do estado do Tocantins, da cidade de Colinas,
saí com fé e vontade,
para aqui em Brasília, junto a todos
discutirmos a realidade
IX
Para chegar até aqui, com muitos pude contar,
Dr. Nilton, secretário, com Eliana a coordenar,
não esquecendo da Tânia, enfermeira,
que tudo faz para me ajudar.
210
Canção Óbvia
Paulo Freire, Genève, Março, 1971.
211
É perigoso, esperar, na forma em que esperas,
porquê esses recusam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que virão dizer-
me,
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque esses, ao anunciar-te ingenuamente,
antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.
213
O Quase
Luis Fernando Veríssimo
214
não
e estiv esse m esm o no meio termo, o mar
Se a virtud co-íris em
riam nublados e o ar
teria ondas, os dias se spira, não
de cin za . O na da não ilumina, não in
to ns e cada um
ne m ac al m a, ap en as amplia o vazio qu
aflige
traz dentro de si.
das as
ontanhas, nem que to
Não é que fé mova m que não
cance, para as coisas
estrelas estejam ao al ia, porém,
se r mud adas resta -nos somente paciênc
podem ria é
évia à dúvida da vitó
preferir a derrota pr
nidade de merecer.
desperdiçar a oportu
ce; pros
; pros fracassos, chan
Pros erros há perdão cercar um
es im po ssíve is, te m po. De nada adianta
amor cujo fim
zio ou ec on om izar alma. Um romance
coração va e que
eo ou in do lor nã o é romance. Não deix
é instantân que o medo
e a rotina acomode,
a saudade sufoque, qu
impeça de tentar.
e acredite em você.
Desconfie do destino o
s ho ra s realizando que sonhando, fazend
Gaste mai rque, embora
e planej an do, vive ndo que esperando, po
qu e vive já
teja vivo, quem quas
quem quase morre es
morreu!
215
Poema do Fim do Ano
Mario Quintana
216
Solidariedade
Rubem Alves
“Se te perguntarem quem era essa que às areias e gelos quis ensinar a
primavera...”: é assim que Cecília Meireles inicia um dos seus poemas.
Ensinar primavera às areias e gelos é coisa difícil. Gelos e areias nada
sabem sobre primaveras... Pois eu desejaria saber ensinar a solidariedade a
quem nada sabe sobre ela. O mundo seria melhor. Mas como ensiná-la?
Será possível ensinar a beleza de uma sonata de Mozart a um surdo? Como? –
se ele não ouve. E poderei ensinar a beleza das telas de Monet a um cego? De
que pedagogia irei me valer para comunicar cores e formas a quem não vê? Há
coisas que não podem ser ensinadas. Há coisas que estão além das palavras.
Os cientistas, filósofos e professores são aqueles que se dedicam a ensinar
as coisas que podem ser ensinadas. Coisas que podem ser ensinadas são
aquelas que podem ser ditas. Sobre a solidariedade muitas coisas podem ser
ditas. Por exemplo: acho possível desenvolver uma psicologia da
solidariedade. Acho também possível desenvolver uma sociologia da
solidariedade. E, filosoficamente, uma ética da solidariedade... Mas os
saberes científicos e filosóficos da solidariedade não ensinam a
solidariedade, da mesma forma como a crítica da música e da pintura não
ensina às pessoas a beleza da música e da pintura. A beleza é inefável; está
além das palavras.
Palavras que ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Os saberes,
todos eles, são pássaros engaiolados. Mas a solidariedade é um pássaro que
não pode ser engaiolado. Ela não pode ser dita. A solidariedade pertence a
uma classe de pássaros que só existem em vôo. Engaiolados, esses pássaros
morrem.
217
A beleza é um desses pássaros. A beleza está além das palavras. Walt
Whitman tinha consciência disso quando disse: “Sermões e lógicas jamais
convencem. O peso da noite cala bem mais fundo em minha alma...” Ele
conhecia os limites das suas próprias palavras. E Fernando Pessoa sabia que
aquilo que o poeta quer comunicar não se encontra nas palavras que ele diz:
ela aparece nos espaços vazios que se abrem entre elas, as palavras. Nesse
espaço vazio se ouve uma música. Mas essa música - de onde vem ela se não
foi o poeta que a tocou?
Não é possível fazer uma prova colegial sobre a beleza porque ela não é um
conhecimento. E nem é possível comandar a emoção diante da beleza.
Somente
atos podem ser comandados. Ordinário! Marche!”, o sargento ordena. Os
recrutas obedecem. Marcham. À ordem segue-se o ato. Mas sentimentos não
podem ser comandados. Não posso ordenar que alguém sinta a beleza que
estou
sentindo.
O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora:
astronomia, física, química, gramática, anatomia, números, letras, palavras.
Mas há coisas que não estão do lado de fora. Coisas que moram dentro do
corpo. Enterradas na carne, como se fossem sementes à espera...
Sim, sim! Imagine isso: o corpo como um grande canteiro! Nele se encontram,
adormecidas, em estado de latência, as mais variadas sementes – lembre-se da
estória da Bela Adormecida! Elas poderão acordar, brotar. Mas poderão
também
não brotar. Tudo depende... As sementes não brotarão se sobre elas houver
uma pedra. E também pode acontecer que, depois de brotar, elas sejam
arrancadas... De fato, muitas plantas precisam ser arrancadas, antes que
cresçam. Nos jardins há pragas: tiriricas, picões...
Uma dessas sementes tem o nome de “solidariedade”. A solidariedade não é
uma entidade do mundo de fora, ao lado de estrelas, pedras, mercadorias,
dinheiro, contratos. Se ela fosse uma entidade do mundo de fora ela poderia
ser ensinada. A solidariedade é uma entidade do mundo interior.
Solidariedade nem se ensina, nem se ordena, nem se produz. A solidariedade,
semente, tem de nascer.
218
Veja o ipê florido! Nasceu de uma semente. Depois de crescer não será
necessária nenhuma técnica, nenhum estímulo, nenhum truque para que ele
floresça. Angelus Silésius, místico antigo, tem um verso que diz: “ A rosa
não tem por quês. Ela floresce porque floresce.” O ipê floresce porque
floresce. Seu florescer é um simples transbordar natural da sua verdade.
A solidariedade é como o ipê: nasce e floresce. Mas não em decorrência de
mandamentos éticos ou religiosos. Não se pode ordenar: “Seja solidário!”. Ela
acontece como simples transbordamento. Da mesma forma como o poema é um
transbordamento da alma do poeta e a canção um transbordamento da alma do
compositor...
Disse que solidariedade é um sentimento. É esse o sentimento que nos torna
humanos. É um sentimento estranho - que perturba nossos próprios
sentimentos. A solidariedade me faz sentir sentimentos que não são meus, que
são de um outro. Acontece assim: eu vejo uma criança vendendo balas num
semáforo. Ela me pede que eu compre um pacotinho das suas balas. Eu e a
criança - dois corpos separados e distintos. Mas, ao olhar para ela,
estremeço: algo em mim me faz imaginar aquilo que ela está sentindo. E
então, por uma magia inexplicável, esse sentimento imaginado se aloja junto
aos meus próprios sentimentos. Na verdade, desaloja meus sentimentos, pois
eu vinha vindo, no meu carro, com sentimentos leves e alegres, e agora esse
novo sentimento se coloca no lugar deles. O que sinto não são meus
sentimentos. Foi-se a leveza e a alegria que me faziam cantar. Agora, são os
sentimentos daquele menino que estão dentro de mim. Meu corpo sofre uma
transformação: ele não é mais limitado pela pele que o cobre. Expande-se.
Ele está agora ligado a um outro corpo que passa a ser parte dele mesmo.
Isso não acontece nem por decisão racional, nem por convicção religiosa e
nem por um mandamento ético. É o jeito natural de ser do meu próprio corpo,
movido pela solidariedade. Acho que esse é o sentido do dito de Jesus que
temos de amar o próximo como amamos a nós mesmos. Pela magia do sentimento
de solidariedade o meu corpo passa a ser morada do outro. É assim que
acontece a bondade.
219
Mas fica pendente a pergunta inicial: como ensinar primaveras a gelos e
areias? Para isso as palavras do conhecimento são inúteis. Seria necessário
fazer nascer ipês no meio dos gelos e das areias! E eu só conheço uma
palavra que tem esse poder: a palavra dos poetas. Ensinar solidariedade? Que
se façam ouvir as palavras dos poetas nas igrejas, nas escolas, nas
empresas, nas casas, na televisão, nos bares, nas reuniões políticas, e,
principalmente, na solidão...
O menino me olhou com olhos suplicantes.
E, de repente, eu era um menino que olhava com olhos suplicantes...
220
Aula de Vôo
Mauro Iasi
221
Operário em Construção
Vinícius de Moraes Não fosse eventualmente
Um operário em construcão.
Era ele que erguia casas Mas ele desconhecia
Onde antes só havia chão. Esse fato extraordinário:
Como um pássaro sem asas Que o operário faz a coisa
Ele subia com as asas E a coisa faz o operário.
Que lhe brotavam da mão. De forma que, certo dia
Mas tudo desconhecia À mesa, ao cortar o pão
De sua grande missão: O operário foi tomado
Não sabia por exemplo De uma subita emoção
Que a casa de um homem é um templo Ao constatar assombrado
Um templo sem religião Que tudo naquela mesa
Como tampouco sabia - Garrafa, prato, facão
Que a casa que ele fazia Era ele quem fazia
Sendo a sua liberdade Ele, um humilde operário
Era a sua escravidão. Um operário em construção.
Olhou em torno: a gamela
De fato como podia Banco, enxerga, caldeirão
Um operário em construção Vidro, parede, janela
Compreender porque um tijolo Casa, cidade, nação!
Valia mais do que um pão? Tudo, tudo o que existia
Tijolos ele empilhava Era ele quem os fazia
Com pá, cimento e esquadria Ele, um humilde operário
Quanto ao pão, ele o comia Um operário que sabia
Mas fosse comer tijolo! Exercer a profissão.
E assim o operário ia
Com suor e com cimento Ah, homens de pensamento
Erguendo uma casa aqui Nao sabereis nunca o quanto
Adiante um apartamento Aquele humilde operário
Soube naquele momento
Além uma igreja, à frente Naquela casa vazia
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
222
Que ele mesmo levantara E aprendeu a notar coisas
Um mundo novo nascia A que nao dava atenção:
De que sequer suspeitava. Notou que sua marmita
O operário emocionado Era o prato do patrão
Olhou sua propria mão Que sua cerveja preta
Sua rude mão de operário Era o uisque do patrão
De operário em construção Que seu macacão de zuarte
E olhando bem para ela Era o terno do patrão
Teve um segundo a impressão Que o casebre onde morava
De que não havia no mundo Era a mansão do patrão
Coisa que fosse mais bela. Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Foi dentro dessa compreensão Que a dureza do seu dia
Desse instante solitário Era a noite do patrão
Que, tal sua construção Que sua imensa fadiga
Cresceu também o operário Era amiga do patrão.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração E o operário disse: Não!
E como tudo que cresce E o operário fez-se forte
Ele nao cresceu em vão Na sua resolução
Pois além do que sabia
- Excercer a profissão - Como era de se esperar
O operário adquiriu As bocas da delação
Uma nova dimensão: Comecaram a dizer coisas
A dimensão da poesia. Aos ouvidos do patrão
Mas o patrão não queria
E um fato novo se viu Nenhuma preocupação.
Que a todos admirava: - “Convençam-no” do contrário
O que o operário dizia Disse ele sobre o operário
Outro operário escutava. E ao dizer isto sorria.
E foi assim que o operário
Do edificio em construção Dia seguinte o operário
Que sempre dizia “sim” Ao sair da construção
Começou a dizer “não” Viu-se súbito cercado
223
Dos homens da delação Dou-te tempo de mulher
E sofreu por destinado Portanto, tudo o que ver
Sua primeira agressão Será teu se me adorares
Teve seu rosto cuspido E, ainda mais, se abandonares
Teve seu braço quebrado O que te faz dizer não.
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não! Disse e fitou o operário
Que olhava e refletia
Em vão sofrera o operário Mas o que via o operário
Sua primeira agressão O patrão nunca veria
Muitas outras seguiram O operário via casas
Muitas outras seguirão E dentro das estruturas
Porém, por imprescindível Via coisas, objetos
Ao edificio em construção Produtos, manufaturas.
Seu trabalho prosseguia Via tudo o que fazia
E todo o seu sofrimento O lucro do seu patrão
Misturava-se ao cimento E em cada coisa que via
Da construção que crescia. Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
Sentindo que a violência E o operário disse: Não!
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão - Loucura! - gritou o patrão
Dobrá-lo de modo contrário Nao vês o que te dou eu?
De sorte que o foi levando - Mentira! - disse o operário
Ao alto da construção Não podes dar-me o que é meu.
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região E um grande silêncio fez-se
E apontando-a ao operário Dentro do seu coração
Fez-lhe esta declaração: Um silêncio de martirios
- Dar-te-ei todo esse poder Um silêncio de prisão.
E a sua satisfação Um silêncio povoado
Porque a mim me foi entregue De pedidos de perdão
E dou-o a quem quiser. Um silêncio apavorado
Dou-te tempo de lazer Com o medo em solidão
224
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construido
O operário em construção.
225
Cantigas Populares
Ray Lima
---
---
Qual a sua cor? preto, vermelho ou amarelo?
Importa não.
Vale mais tua vontade
De vir comigo fazer arte na cidade,
Com o cidadão que de nós espera amor.
226
Todo Cambia
Letra e música de Júlia Neunhaunser
227
Um Olhar Sobre a Utopia Galho Seco
Eduardo Galeano Zé Geraldo
Ela sempre está onde está o horizonte Quando um homem chega numa encruzilhada
Se me aproximo dois passos, Quando a gente chega numa encruzilhada
ela avança dois passos. Olha prum lado, é nada
Se caminho dez passos, Olha pro outro, é nada também
ela se apressa em deslocar-se Aí o céu escurece, o céu desaba tudo se acaba
dez passos mais adiante. Quando tudo tá perdido na vida
Mesmo que eu continue caminhando Só quando tudo tá perdido na vida
não consigo alcançá-la jamais. É que a gente descobre que na vida
Então, para que serve a utopia? Nunca tudo tá perdido, minha flor
Só para isto, nada mais: Eu andava acabrunhado e só
PARA CAMINHAR. Perdido e sem lugar
Feito um galho seco, arrastado pelo temporal
Pensei até em enrolar minha bandeira
E dar no pé
Eu pensei até em jogar fora minha história
Os documentos e aquela fé
Fazia tempo que o sol não derramava
luz na minha vidraça
Depois que tudo passa
O vento leva as nuvens negras, noutra direção.
Também pudera,
uma hora era o fogo que rasgava o chão
Outra hora era a água que descia
e afogava toda a plantação
Ainda bem que me restou o teu sorriso
Que me alumia a alma
Quando é preciso e como eu preciso.
228
Oração Latina
César Teixeira
229
Paneiro
Amazonas
230
Tocando Em Frente
Almir Sater e Renato Teixeira
Tom: C
G F9 F9 Dm F9
Ando devagar porque já tive pressa Conhecer as manhas e as manhãs,
C Dm C
E levo esse sorriso, porque já chorei demais O sabor das massas e das maçãs,
G F9 F9 Dm F9
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe É preciso o amor pra poder pulsar,
C Dm F9
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu é preciso paz pra poder seguir,
G C
sei, eu nada sei é preciso a chuva para florir.
F9 Dm F9 G F9
Conhecer as manhas e as manhãs, Todo mundo ama um dia todo mundo chora,
Dm C C
O sabor das massas e das maçãs, Um dia a gente chega, no outro vai embora
F9 Dm F9 G F9
É preciso o amor pra poder pulsar, Cada um de nós compõe a sua história,
Dm F9 C
é preciso paz pra poder seguir, E cada ser em si, carrega o dom de ser capaz,
C G
é preciso a chuva para florir. E ser feliz
G F9 F9 Dm F9
Penso que cumprir a vida seja simplesmente Conhecer as manhas e as manhãs,
C Dm C
Compreender a marcha, e ir tocando em frente O sabor das massas e das maçãs,
G F9 F9 Dm F9
Como um velho boiadeiro levando a boiada, É preciso o amor pra poder pulsar,
C Dm F9
eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou, é preciso paz pra poder seguir,
G C
de estrada eu sou é preciso a chuva para florir.
232
G F9
Ando devagar porque já tive pressa
C
E levo esse sorriso, porque já chorei demais
G F9
Cada um de nós compõe a sua história,
C
E cada ser em si, carrega o dom de ser capaz,
G
E ser feliz
Sementes do Amanhã
Gonzaguinha
Tom: G
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REFERÊNCIAS
______. Pedagogia do oprimido. 15. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
GALEANO, E. O livro dos abraços. São Paulo: L&PM Pocket, 2005. 272 p.
235
GARCIA, R. M. “Ser Mais”: um princípio educativo. Revista Caminhando, São
Paulo, v. 16, n. 2, p. 89-95, 2011. Disponível em: <http://www.bibliotekevirtual.
org/revistas/Metodista-SP/CAMINHANDO/v16n02/v16n02a09.pdf>. Acesso
em: 9 out. 2015.
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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
______. Educação cidadã: novos atores, nova Sociedade. Brasília: Fome Zero;
Setor de Mobilização Social, 2004.
238
______. Ministério da Saúde; Conselho Nacional de Saúde. Relatório
do II Encontro Nacional de Conselheiros de Saúde: efetivando o controle social.
Brasília, 1999.
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