Você está na página 1de 73

ESTUDO DE FALHAS EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES ORIUNDAS DA FALTA DE

COMPATIBILIDADE ENTRE PROJETOS

Ariane Bonato Delesderrier

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de


Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Jorge Santos

Rio de Janeiro
Agosto de 2015
ESTUDO DE FALHAS EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES ORIUNDAS DA FALTA DE
COMPATIBILIDADE ENTRE PROJETOS

Ariane Bonato Delesderrier

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE


ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

____________________________________________________

Orientador: Prof.º Jorge Santos, D. Sc.

____________________________________________________

Prof.ª Ana Catarina Jorge Evangelista, D. Sc.

____________________________________________________

Prof.ª Isabeth da Silva Mello, M. Sc.

____________________________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva, Arq.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2015
Delesderrier, Ariane Bonato

Estudo de Falhas em Obras de Edificações Oriundas


da Falta de Compatibilidade entre Projeto / Ariane Bonato
Delesderrier – Rio de Janeiro: UFRJ / ESCOLA
POLITÉCNICA, 2015.

xi,65 p.: il.21; 29,7 cm.

Orientador: Jorge Santos

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /


Curso de Engenharia Civil, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 63-65.

1. Introdução. 2. Projetos – Contextualização. 3.


Desenvolvimento de projetos na construção civil. 4. Gestão
de Qualidade de Projetos. 5. Coordenação e
compatibilização de projetos. 6. Estudo de caso. 7.
Conclusões. I. Santos, Jorge. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, UFRJ, Escola Politécnica, Curso de
Engenharia Civil. III. Título

iii
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pois sem ele eu não teria traçado o meu caminho e chegado
até esse momento.

A minha família, por estar do eu lado em todos os momentos, me dando força,


incentivo e motivação. Em especial a minha irmã querida pela compreensão e
acalento nos momentos difíceis. E também a minha Vó Ruth pelos almoços
descontraídos de domingo.

Ao meu companheiro e amigo Alexandre, pela dedicação, carinho, ajuda,


compreensão e motivação durante toda essa fase de faculdade.

Agradeço aos amigos conquistados ao longo desta caminhada, que enfrentaram a


faculdade ao meu lado. Agradeço a todos os momentos de estudo, diversão,
noites de sono perdidas, umas para entrega de trabalhos e outras para risadas.

Ao professor e orientador Jorge dos Santos, pela orientação deste projeto final,
sempre com muita paciência, atenção e acreditando no meu trabalho.

E a todos os demais professores e pessoas que contribuíram de alguma forma para a


minha formação pessoal e profissional.

iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ESTUDO DE FALHAS EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES ORIUNDAS DA FALTA DE


COMPATIBILIDADE ENTRE PROJETOS

Ariane Bonato Delesderrier

Agosto / 2015

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

Considerando que muitos dos problemas relacionados à falta de qualidade em


edificações têm como causa principal falhas na fase de processo de projeto, essa
etapa torna-se uma das mais importantes para o sucesso de um empreendimento.
Nesse contexto o presente trabalho visa fazer a analise da importância da
compatibilização de projetos, no processo de desenvolvimento dos projetos, para
identificar e solucionar falhas ainda na etapa de concepção, qualificando o
empreendimento e melhorando sua eficácia na execução do mesmo. Este trabalho
realiza um estudo de caso sobre o processo de desenvolvimento e compatibilização
dos projetos de um edifício residencial, onde são apresentadas as formas de
compatibilização de projeto e a falhas do processo, bem como sua implicação no
empreendimento.

Palavras-chave: Projeto, Compatibilização, Coordenador de Projetos, Falhas.

v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.

STUDY OF FAULTS IN WORKS OF CONSTRUCTIONS ORIGINATING FROM THE


LACK OF COMPATIBILITY BETWEEN PROJECTS

Ariane Bonato Delesderrier

August/2014

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

Considering that the main cause of many problems related to the lack of quality in
buildings is failures in the project stage, therefore, this stage becomes one of the most
important to the success of an enterprise. In this context, the present study aims to
analyse the importance of the project compatibility in the project development process.
It is done to identify and solve failures in the project stage aiming to qualify the building
and to improve its effectiveness in the construction stage. This work carries out a case
study on the development process and compatibility of the projects of a residential
building, where they are presented the forms of compatibility and project co-ordination
and to faults of the process, as well as his implication in the undertaking.

Keywords: Project, compatible, Coordinator of Projects, Faults.

vi
Sumário

1 Introdução.............................................................................................................. 1

1.1 A importância do Tema ................................................................................... 1

1.2 Objetivo .......................................................................................................... 2

1.3 Justificativa da Escolha do Tema.................................................................... 2

1.4 Metodologia .................................................................................................... 3

1.5 Estrutura da Monografia ................................................................................. 3

2 Projetos – Contextualização .................................................................................. 4

2.1 Etapas do processo de projeto ....................................................................... 4

2.2 Disciplinas de Projetos ................................................................................... 7

2.3 Padronização de Projetos ............................................................................. 12

2.4 Papel do Projeto na conformidade das obras de edificações ........................ 13

3 Desenvolvimento de projetos na construção civil ................................................. 16

3.1 Caracterização do Processo de Projeto de Edificação .................................. 16

3.2 Desenvolvimento do Processo de Projeto .................................................... 17

3.3 Contratação dos Profissionais de Projetos ................................................... 22

4 Gestão de Qualidade de Projetos ........................................................................ 24

4.1 ISO 9001 ...................................................................................................... 25

4.2 Programa brasileiro de qualidade e produtividade no habit (PBQ-H) ............ 28

4.3 PMBOK ........................................................................................................ 30

4.4 Controle da Qualidade dos Projetos ............................................................. 32

4.5 Influência dos projetos no custo e na qualidade das obras ........................... 34

5 Coordenação e Compatibilização de projetos ...................................................... 39

5.1 Coordenação de Projetos ............................................................................. 39

5.2 Conceito de Compatibilização ...................................................................... 43

5.3 Dificuldades .................................................................................................. 49

5.4 Ocorrência de falhas do produto ................................................................... 51

5.5 Falhas nas obras por disciplina..................................................................... 53

vii
6 Estudo de Caso ................................................................................................... 55

6.1 Caracterização da Empresa ......................................................................... 55

6.2 Caracterização da Obra ................................................................................ 55

6.3 Análise da compatibilização dos Projetos ..................................................... 57

6.4 Falhas oriundas das incompatibilidades de projetos ..................................... 57

7 Conclusões .......................................................................................................... 62

7.1 Considerações finais .................................................................................... 62

7.2 Sugestões para trabalhos futuros ................................................................. 62

8 Referências bibliográficas .................................................................................... 63

viii
1 Introdução

1.1 A importância do Tema

O Brasil vive atualmente um grande crescimento no setor da construção civil e ao


processo construtivo, sendo exigida cada vez quanto à eficácia, eficiência, o
dinamismo das interações entre os projetos, os projetistas e a execução da obra.
Devido à dificuldade de executar esse dinamismo, o que ocorre, são falhas no
processo do projeto que resultam em desperdício de insumos (SANTOS et al., 2013).

Os projetos devem ser adequados às necessidades atuais do cliente, em uma


sociedade cada vez mais tecnológica e com informação rápida. Essas mudanças
impactam na geração dos projetos, que devem ser inovadores, atendendo a
expectativas de construtoras, incorporadores e consumidor, tanto quanto da qualidade,
como da eficiência e produtividade.

Apesar da importância que a construção civil tem na economia brasileira, o setor


apresenta índices baixos para o seu crescimento, entre os quais podemos citar:
incidência de retrabalho, desperdício de insumos, patologias e produtividade, o
resultado é um ambiente que não auxilia na elaboração de projetos com qualidade.
(TZORTZOPOULOS, 1999).

Os projetos têm sido apresentados com um dos grandes responsáveis pelas falhas e
conflitos verificados durante a fase de execução do empreendimento. Está afirmação
pode ser comprovada com alguns estudos, que mostram os projetos são tendo o papel
principal na origem de patologias nas edificações:

a) 80% das causas de “não qualidade” na Bélgica (MOTTEU & CNUDDE, 1989);
b) 42 % das patologias em países europeus (PICCHI, 1993);
c) 60% de patológicos na construção civil no Brasil (ABRANTES, 1995),

Devido às mudanças que vem ocorrendo nos aspectos culturais e tecnológicos da


sociedade. Os projetos devem ser inovadores e adequados à necessidade atuais,
atendendo a expectativas de construtoras, incorporadores e consumidor, além da
qualidade, mantendo a eficiência e produtividade.

Os projetos devem ter informações necessárias para permitir eficiência na atividade de


planejamento e programações, controle de materiais execução, tempo, mão de obra,
bem como a qualidade destas, para executar com qualidade e controle as atividades
de produção do empreendimento (CALLEGARI, 2007).

O desenvolvimento dos projetos é executado com diversas profissionais de diferentes


disciplinas, onde a comunicação entre os intervenientes do processo é de suma
importância para a concepção do projeto com qualidade e construtibilidade.

No Brasil, estudo realizado por Mawakdye (1993), concluiu que existe uma grande
parcela de perda que é causada por problemas relacionados ao projeto, tais como:
modificações no transcorrer do processo construtivo, falta de consulta ou de
cumprimento às especificações e detalhamento insuficiente de projeto, bem como de
coordenação entre os diferentes projetos.

Fica demonstrada a importância do projeto bem definido e detalhando para melhor


qualidade na construção de edificações, sendo uma das componentes mais
importantes da qualidade do empreendimento, pois através do mesmo ficam definidas

1
as características do produto, que vão determinar o grau de satisfação das
expectativas dos clientes.

Segundo Tavares (2001), a compatibilização possibilita ações preventivas às falhas


potenciais, proporcionando assim, melhorias ao processo gerando a confiabilidade
exigida pelo mercado. Assim caracterizando que além de projetos definidos, deve ser
executada a compatibilização do mesmo para melhor qualidade do processo de
construção.

Desta forma, este trabalho pretender demonstrar a importância da compatibilização de


projetos, no processo de desenvolvimento dos projetos, para identificar e solucionar
falhas ainda na etapa de concepção, qualificando o empreendimento e melhorando
sua eficácia na execução do mesmo.

1.2 Objetivo

Os objetivos principais são identificar as falhas ocorridas na etapa de construção do


empreendimento, devido à falta de compatibilização dos projetos e demonstrar os
benefícios das modificações ainda na fase do planejamento da obra.

Além disso, a dissertação aborda o processo de desenvolvimento dos projetos de


edificações e a importância do coordenador de projetos.

1.3 Justificativa da Escolha do Tema

O processo da elaboração projeto no Brasil era discutido de forma superficial pelos


empreendedores, não abrangendo pontos crucias para o desenvolvimento da
construção da edificação. Apesar dessa importância, os projetos têm sido tratados
pelas empresas de construção como uma atividade secundária que via de regra é
delegada a projetistas independentes, contratados por critérios preponderantemente
de preço do serviço. (FABRICIO, 2002).

Outra característica dos projetos no setor é que eles são orientados para a definição
do produto sem considerar adequadamente a forma e as implicações quanto à
produção das soluções adotadas. Até mesmos as especificações técnicas e
detalhamentos de produto, normalmente, são incompletas e falhas, sendo resolvidas
durante a obra, quando a equipe de produção acaba decidindo sobre determinadas
características do edifício não previstas em projeto.

Mas essa postura vem mudando, frente à competitividade do setor. As crescentes


exigências do mercado têm exigido das empresas construtoras a constante busca de
redução de prazos e custos e consequentemente uma mudança do seu perfil
estratégico e operacional frente a essa conjuntura (VANNI, 1999).

No mesmo contexto, Melhado (2003), afirma que as empresas constataram que se


tornou fundamental a utilização de critérios que assegurem a racionalização da obra e
a construtibilidade, o que exige projetos compatibilizados entre si. A coordenação dos
diversos projetos que compõem a construção de um edifício passou a ser necessária e
fundamental para o sucesso do empreendimento.

O presente trabalho, desenvolvido nesse contexto, teve como principal objetivo


analisar como a falta de compatibilização de projeto, na fase de concepção, impacta
na fase de execução da obra. Demonstrando a importância do papel do coordenador
de projetos, sendo o agente que possibilita a integração das diversas especialidades
presentes no processo do projeto, sendo capaz de identificar e resolver as

2
interferências previamente à fase de execução. Resultando na facilidade da execução
do projeto de edificação.

1.4 Metodologia

As informações sobre a compatibilização de projetos na construção civil, forma de


execução e os motivos que nos levam a essa prática foi realizado através de
pesquisas, utilização a internet e revistas específicas do setor, assim como artigos
publicados em sites por professores e pesquisadores de universidades brasileiras e
estrangeiras.

A revisão bibliográfica pesquisou, principalmente, os temas sobre as atividades de


compatibilização de projetos e a coordenação de projetos. Além de outros conteúdos
que fundamental o trabalho, relevantes ao seu desenvolvimento, como as falhas
resultantes da falta de compatibilização, a gestão do processo de projeto, gestão da
qualidade de projetos e os recursos de informática aplicados ao projeto.

O presente trabalho consiste numa revisão bibliográfica, consulta de normas e


relatórios técnicos e estudo de caso.

1.5 Estrutura da Monografia

O trabalho compõe-se de sete capítulos, sendo que no primeiro é apresentado e


delimitado o tema, são descritos os objetivos do estudo e sua justificativa, além do
método utilizado para sua pesquisa e sua estruturação.

O segundo capítulo enfoca no conceito de projeto e nas diversas disciplinas existentes


no processo de elaboração de projetos, e o papel do projeto na conformidade das
obras de edificações.

O terceiro capítulo refere-se ao desenvolvimento de projetos na construção civil,


destacando a caracterização e contratação de profissionais do processo de projetos.

O quarto capítulo dedica-se a gestão da qualidade de projetos de edificações,


apresentando sistemas de gestão como ISO 9001, PBQ-H E PMBOK. Descrevendo
sobre as ferramentas de controle da qualidade de projetos e como o projeto influência
no custo e qualidade da obra.

O quinto capítulo descreve a diferença entre coordenação e compatibilização de


projetos, conceituando coordenação e compatibilização, e apresentados às
dificuldades do coordenador de projetos. Além de expor as falhas oriundas de
projetos, destacando as falhas por disciplinas importantes na elaboração do processo
do projeto.

O sexto capítulo descreve o estudo de caso, mostrando como a empresa realiza a


compatibilização de projetos e os impactos das falhas na obra.

O sétimo apresenta as considerações finais e sugere trabalhos futuros em


continuidade ao tema pesquisado nesta dissertação.

3
2 Projetos – Contextualização

Conceitualmente, projeto se define como um esforço temporário, com a intenção de


criar um produto ou serviço exclusivo. É elaborado progressivamente e em etapas,
realizado por pessoas, com recursos finitos, sendo submetido a planejamento,
execução e controle. (PMI, 2012).

O processo de projeto é formado pela interação entre a identificação do problema e a


idealização da solução, seguida por um processo de decisão e seleção da solução de
projeto. Seguindo para o processo iterativo de refinamento e analise que será levado
para um novo processo de decisão e seleção da solução de projeto. Tomadas às
decisões finais, será elaborado o detalhamento e documentação das soluções.
(FERREIRA, 2007).

O projeto na construção civil é a etapa fundamental para processo de execução da


edificação. Sendo importante na obtenção da qualidade no produto final, pois é
responsável por toda a estrutura física, a partir das necessidades do cliente. A
conceituação de projetos de edificações foi elaborada por vários autores, alguns dos
quais são objeto de referência.

GUS (1996) conceitua projeto como uma etapa do processo de construção que busca
solução para fins de execução, sendo incorporadas as necessidades dos clientes.

Segundo Fabrício (2002) o processo de projeto de envolve todas as decisões e


formulações que visam subsidiar a criação e a produção de um empreendimento, indo
da montagem da operação imobiliária, passando pela formulação do programa de
necessidades e do projeto do produto até o desenvolvimento da produção, o projeto
“as built” e a avaliação da satisfação dos usuários com o produto.

Define-se projeto, na Construção Civil, como a “atividade ou serviço integrante do


processo de construção, responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e
transmissão das características físicas e tecnológicas especificadas para uma obra, a
serem consideradas na fase de execução” (MELHADO, 1994). Trata-se de um
processo de criação de um produto.

O projeto na construção de edifícios tem sido tratado apenas como um componente


legal para a viabilização do processo, esquecendo-se ser indispensável, a associação
do projeto à construção propriamente dita. Assim sendo, no momento atual, ele tem
tido um tratamento de cunho meramente complementar, quando deveria ocupar o
papel principal, norteando todo o processo.

2.1 Etapas do processo de projeto

Apesar da extrema importância que tem a identificação e o conhecimento das etapas


do processo de projeto, há falta de padronização na definição destas etapas.

Esta falta de padronização deixa lacunas que são incrementadas pelos agentes do
processo, mesmos estes sendo especializados no desenvolvimento do projeto
específico, e terem uma compreensão diferenciada do conteúdo técnico de cada etapa
distinta. Eles não possuem um conhecimento global do processo, o que acarreta em
falhas de comunicação entre os profissionais envolvidos (TZORTZOPOULOS, 1999).

Alguns autores, baseados em suas pesquisas, sugeriram diversas maneiras de


subdivisões das etapas de projetos:

4
a) PICCHI (1993) define que a nomenclatura das etapas não é consensual, sendo
geralmente definidas no mínimo três etapas: estudos preliminares, anteprojeto e
projeto definitivo (por vezes chamado projeto executivo e/ou projeto detalhado).
Outra etapa, desenvolvida em paralelo com o anteprojeto, é a de “projetos legais”,
elaborados para obtenção das aprovações necessárias em órgãos públicos e
concessionários.
b) O processo de projeto, segundo MELHADO (1994), passa por etapas
conceitualmente progressivas, no qual a liberdade de decisão na escolha de
alternativas vai sendo gradativamente substituída pelo detalhamento das soluções
adotadas. Estas etapas são: programa de necessidades, estudo preliminar,
anteprojeto, projeto executivo, projeto para produção, planejamento e execução,
assistência técnica.
c) SOUZA et al (1994) descreve que as etapas do projeto de uma edificação são as
partes sucessivas nas quais poderá ser dividido o processo de desenvolvimento
das atividades técnicas de projeto. A subdivisão das etapas é feita da seguinte
maneira: levantamento de dados, programa de necessidades, estudo de
viabilidade, estudo preliminar, anteprojeto, projeto legal, projeto pré-executivo,
projeto básico, projeto executivo, detalhes de execução, caderno de
especificações, gerenciamento de projetos, assistência à execução e projeto as-
built.
d) A norma NBR 13.531 (ABNT, 1995) considera a seguinte divisão do processo de
desenvolvimento das atividades técnicas do projeto de edificações: levantamento,
programa de necessidades, estudo de viabilidade, estudo preliminar, anteprojeto,
projeto legal, projeto básico e projeto para execução.
e) JOBIM et al (1999) atesta que embora existam modelos genéricos de macrofluxos
do processo de projeto, considerando-se as particularidades de cada empresa
construtora, este fluxo deve ser devidamente discutido e adaptado, ficando o
processo dividido em nove etapas: definição do tipo de empreendimento, estudo
preliminar, anteprojeto, projeto arquitetônico e anteprojetos complementares,
projetos complementares, validação, produção (alterações de projetos), entrega do
imóvel, avaliação durante o uso.

As etapas do processo do projeto para construção e os agentes envolvidos no mesmo,


baseados no manual de contratação de serviços de arquitetura e urbanismo da
ASBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), são apresentadas no
Quadro 1:

5
Quadro 1 - Etapas de projeto
(Fonte: DUARTE; SALGADO, 2002)
6
Todos os itens que a norma NBR 13.5231 padroniza e descreve, resumidamente,
foram apresentados no Quadro 1.

Mas segundo Tzorptzopoulos (1999), a norma apresenta as subdivisões dos


processos de forma genérica, com lacunas e indefinições com relação aos conceitos
que abrange. Podemos citar, como exemplo, a falta da definição do conceito do
projeto de as built, sendo este uma importante ferramenta para garantia da qualidade
do produto entregue.

A elaboração do projeto as built é a atualização dos diversos projetos executivos, onde


são registradas as alterações realizadas durante a execução da obra, sendo
apresentado no seu termino o que efetivamente foi executado. A importância da
elaboração desse projeto relaciona-se com as atividades de manutenção das
edificações, constando nos manuais de uso, operação e manutenção de edificações,
fornecidos aos proprietários, usuários e condomínios (SILVA, 2004).

Este projeto serve como retroalimentação do processo de projeto, sendo indispensável


aos profissionais de projeto que não participam da fase de execução da obra. Levando
estes profissionais a avaliar as soluções propostas e registra se realmente forma
adequada.

Assim, as etapas de projeto são definidas de acordo com que o construtor define, sem
uma padronização especifica.

2.2 Disciplinas de Projetos

O mercado atual exige cada vez mais que o desenvolvimento dos projetos ocorra de
forma multidisciplinar, onde os profissionais envolvidos devem trabalhar de forma
integrada, pensando não apenas na sua especialidade, mas interagindo com as outras
equipes, tendo como principal objetivo a qualidade do projeto, atendendo os requisitos
do cliente e as informações necessárias para desenvolvimento no canteiro de obras.

A complexidade de um projeto de edificações existe devido ao enorme número de


subsistemas com diversificadas interfaces, sendo essas interfaces compatibilizadas
por uma equipe de profissionais multidisciplinares. Devido à necessidade de várias
disciplinas trabalharem concomitantemente, surge problemas interpessoais. Pois são
diversos profissionais com ideias distintas, experiências únicas e noções adversas,
tentando chegar ao um único produto final.

Tavares (2001) traçou uma configuração para a composição de um projeto de


construção de uma edificação, que está ilustrada na Figura 1.

7
Figura 1: Configuração para composição de um projeto de edificação
(Fonte: Tavares, 2001)

Como pode ser observado na Figura 1, há um grande número de disciplinas para a


concepção de um projeto de edificações. Essas disciplinas precisam estar interligadas
e compatibilizadas com cada uma das disciplinas que fazem parte do projeto. Em
função da complexidade do empreendimento a ser edificado haverá também um
número maior de disciplinas e consequentemente o aumento de intervenientes com
especializações diversificadas.

A divisão é realizada em duas partes, sendo que a disciplina escrita é descrito os


elementos que também iram complementar as disciplinas gráficas, tais como:

a) Memorial Descritivo: documento que descreve detalhadamente todas as fases e


materiais utilizados no projeto;
b) Memorial de Cálculo: descreve os cálculos efetuados para justificar as soluções
adotadas no projeto.
c) Caderno de Encargos: estabelece as condições para o processo construtivo,
sendo uma referencia que deve ser obdecida na concepção e execução da obra;
d) Orçamento: é o custo para realização do empreendimento.

8
Silveira (2005) realizou uma pesquisa com projetistas, discutindo entre outras coisas, a
interface entre distintos intervenientes no processo dos projetos. Em seguida são
apresentados os resultados, resumidamente, dessas interferências e interfaces.

2.2.1 Projeto de Arquitetura

O projeto de arquitetura a base dos demais projetos, chamados de complementares.


Ele tem interface inicialmente com o desejo do cliente e o que é permitido pela
legislação executar. Durante o processo de projeto, há muita comunicação entre o
projeto de arquitetura e os diversos projetos de disciplinas distintas. Na etapa do
estudo preliminar são os estudos sobre os espaços que devem ser utilizados pelas
instalações e equipamentos dos projetos complementares. Já na finalização da fase
de anteprojeto (AP) é iniciado o projeto de estruturas. A fase do projeto legal é
responsável pela legalizado do empreendimento e a iniciação dos demais projetos
complementares (instalações diversas, fundações e detalhamento).

O Quadro dois descreve os problemas detectados em diversas etapas do processo do


projeto.

Quadro 2 - Problemas identificados no projeto de arquitetura


(Fonte: SILVEIRA, 2005 adaptado pelo autor)

2.2.2 Projeto de Estrutura

O projeto estrutural é importante, pois na sua fase de elaboração, é definido o sistema


construtivo, sendo essa definição realizada juntamente com o arquiteto e o

9
empreendedor. O importante dessa interface e evitar problemas de concepção que só
aparecera em fases futuras.

O projeto de estrutural também tem interface com o de instalações, principalmente


pela definição dos locais de espaço dos equipamentos, devido suas cargas. Mudando
a definição estrutural, o projeto de formas e no detalhamento das armaduras. O
Quadro 3 descreve os problemas detectados em diversas etapas do processo do
projeto.

Quadro 3 - Problemas identificados no projeto de estrutura


(Fonte: SILVEIRA, 2005)

2.2.3 Projeto de Instalações Hidrossanitárias

O projeto interage com os projetos arquitetônicos e estruturais e mais tarde, com os


diversos projetos complementares, ressaltando os projetos de fundação, climatização,
modulação da alvenaria e instalações de combate a incêndio.

10
A comunicação entre o projeto de arquitetura e de hidrossanitário é devido à
necessidade da definição dos shafts. O projeto estrutural é preciso para verificar a
posição de pilares e vigas, compatibilizando com o lançamento de tubulações. Já com
o projeto de fundações é a obrigatoriedade de definir as redes de esgoto, evitando
conflito com os blocos de fundação.

Já entre os projetos de climatização e hidrossanitárias podemos citar a passagem das


tubulações no forro, somando-se a eles, quando necessário, o projeto de incêndio. O
Quadro 4 descreve os problemas detectados em diversas etapas do processo do
projeto.

Quadro 4 - Problemas identificados no projeto hidrossanitário


(Fonte: SILVEIRA, 2005)

2.2.4 Projeto Elétrico

A interface do projeto de instalação com de arquitetura inicia na fase do projeto legal,


para definição de questões preliminares como: áreas dentro da edificação para
equipamentos, necessidade de subestação, espaço dos medidores e shafts.

Em relação ao projeto estrutural, é preciso verificar o tipo de estrutura devido à


necessidade de analisar a questão do para-raios e local para passagem de cabos sem
prejudicar a estética do empreendimento. Há interação entre os diversos projetos
complementares, pois necessita da potencia e do posicionamento dos equipamentos,
que serão instalados. Vale destacar a comunicação com o projeto hidrossanitário
evitar o conflito entre a passagem de tubulações e condutores.

11
O Quadro 5 descreve os problemas detectados em diversas etapas do processo do
projeto:

Quadro 5 - Problemas identificados no projeto elétrico


(Fonte: SILVEIRA, 2005)

2.3 Padronização de Projetos

A elaboração das diretrizes da concepção do projeto é a primeira etapa da construção


de um empreendimento. Sendo responsável pela escolha do método construtivo que é
necessário para o sucesso da etapa construtiva. Sendo de suma importância a
definição dos padrões que serão adotados ao longo do desenvolvimento do projeto.

Para manter a qualidade do projeto devem ser cumpridos os padrões elaborados,


embasado por um sistema de correção aos desvios dos processos que efetivamente
assegurem as necessidades do cliente (CHERMONT, 2001).

Para Salgado (2002) é de extrema importância à clareza a transmissão dos dados


para o projeto, pois somente assim será efetivo o papel do mesmo. Para Galassi
(2011), um exemplo para facilitar e agilizar a comunição entre projetistas é a
ferramenta de padronização.

12
Segundo SILVA (1995) a qualidade final do empreendimento, a ocorrência de
retrabalho devido a erros de execução depende da boa, interpretação e a
comunicação da interface dos projetos. Assim a qualidade da apresentação do projeto
interfere diretamente na produtividade do mesmo. Para a autora, essa qualidade pode
ser alcançada definindo os padrões de representação em todas as fases do processo
de projetos. Conforme descrito:

a) Padrões de apresentação gráfica de todos os documentos;


b) Padrões de integração de sistemas informatizados;
c) Padrões para apresentação dos documentos preliminares de projeto;
d) Padrões de apresentação de detalhes construtivos;
e) Padrões de apresentação de especificações técnicas;
f) Padrões de apresentação dos memoriais técnicos.

A organização desenho e a representação gráfica são aspectos importantes, no


contexto que o projeto é composto por diversas disciplinas. A organização de desenho
considera dois aspectos: produtividade das atividades executadas e a facilidade da
troca de informação entre os profissionais envolvidos no processo da elaboração do
projeto. Já a representação gráfica leva em consideração a padronização de critérios,
devido à preocupação de diferenciar informações pertinentes (SALGADO, 2002).

Devido ao processo de projeto ser desenvolvido com uma equipe multidisciplinar, o


que o torna bastante complexo e de difícil coordenação. Nesse contexto a
padronização torna-se uma ferramenta fundamental para facilitar o processo de
compatibilização dos projetos, já que todas as disciplinas envolvidas no projeto, tendo
conhecimento do padrão adotado, estarão direcionadas para seguir á uma
determinada diretriz, evitando soluções incompatíveis.

2.4 Papel do Projeto na conformidade das obras de edificações

O procedimento do projeto é uma fase tática do negócio com relação aos gastos de
produção e a inserção de atributo ao produto. Pois, o planejamento tem a habilidade
de subsidiar as atividades de produção no canteiro de obras com informações
detalhadas, os quais não poderiam ser igualmente desenvolvimento nesse ambiente
(ANDERY et al. 2012).

O projeto pode agregar eficiência e valor ao produto se for incorporado de forma


antecipada e adequada à idealização do sistema construtivo e explorado seu caráter
estratégico de indução da racionalização e redutor dos custos do empreendimento
(OLIVEIRA, 2004).

Para Melhado (1998) o projeto atribui enorme incumbência sobre qualidade do produto
final e satisfação dos clientes externos e internos, pois vai ditar a maioria das ações
futuras, ou seja, o planejamento será o responsável pelo bom desenvolvimento das
atividades pós-desenvolvimento, formando a condição “sine qua non” do negócio.

O processo de desenvolvimento deve ser ágil, uma vez que é composto por fases
alternadas, por ciclos de decisões e técnicas variados. Este procedimento exige que
projetistas possuam qualidades específicas para solucionar questões inerentes ao
projeto mais desejado (ANDRADE et al. 2011).

Sendo assim, o número de empreendimentos complexos aumentou na área de


incorporação associado à necessidade de maior agilidade uniforme durante a
execução. Por esse motivo, há uma interferência do projeto, consequentemente na
sua gestão. Por isso, a atividade de coordenação deve gerir o desenvolvimento dos

13
projetos, independentemente da disciplina no intuito de que todos estejam na mesma
sintonia ao final do processo de projeto (ADDOR; SANTOS, 2013).

Atualmente, a complexidade dos projetos envolvidos na construção de um


empreendimento está cada vez maior devido às suas dimensões, ao número de
agentes envolvidos, as diferentes disciplinas de projeto associadas às diversas
variáveis para o seu desenvolvimento. Para tanto, faz-se necessário que a atuação
dos agentes seja colaborativa e dinâmica (PEREIRA; SALGADO, 2013).

Segundo Tzortzopoulos (1999), a complexidade do projeto e do seu processo de


execução aumentam as dificuldades para a gestão do processo de projeto devido à
alta fragmentação das etapas, bem como os diferentes intervenientes envolvidos no
desenvolvimento do projeto.

Para Melhado et al. (2005), os projetos para produção têm como intuito primordial
propiciar a interação entre o projeto e a obra, com saídas adequadas para melhorar o
processo executivo de um subsistema do edifício. Sendo assim, a complexidade do
processo de projeto exige novas formas de gestão e coordenação, visando projetos
mais integrados, com menos erros de compatibilização, em prazos cada vez mais
curtos.

A partir de um projeto eficaz que responda as exigências da execução, que é possível


elaborar um planejamento e uma programação mais eficientes, como um programa
efetivo de controle da qualidade para materiais e serviços durante o processo
executivo (ANDERY et al., 2012).

Wideman (2004) afirma que passados 30 anos, ocorreu um progresso notório no setor
da construção quanto à gestão do projeto, assim como no entendimento do papel que
projeto desempenha em todo ciclo de vida da construção de um edifício.

O melhor cenário para tomadas de decisões e definições de equipes de construção é


na fase de projeto. As pesquisas de projetos, concebidas com qualidade permitem
uma melhor gestão de obras, diminuindo os reflexos produzidos pelas ações em
canteiros e os altos índices de retrabalhos resultantes no mau planejamento dos
projetos. Projetos mal elaborados contribuem para o prorrogamento dos prazos das
obras e como consequência os acréscimos do custo final da obra. O reflexo das
mudanças nas construções são maiores quanto mais se avança no processo
construtivo. Portanto decisões na fase de projetos pode influenciar todo o ciclo de vida
do empreendimento (JUNIOR et al., 2014).

Deve ser entendido o projeto, como o corpo do processo de construção. Mediante


essa problemática verifica-se a importância dos projetos, no âmbito de informações,
desenvolvimento, organização, registro, transmissão das características físicas e
tecnológicas especificas para uma obra, e auxilio no planejamento de etapas
executivas em uma obra, posto que fornecesse os requisitos geométricos e técnicos
fundamentais ao processo de construção. Tudo de modo a atender as necessidades e
exigências requeridas, buscando soluções para os problemas de construção do
produto final (JUNIOR et al. 2014).

Sendo imensurável a importância do projeto para a qualidade final do


empreendimento, uma vez que ele é o responsável na adoção de soluções que
possibilitam a melhoria contínua do processo de produção de edifícios na construção
civil. Assim, a caracterização da produção conjuntamente com o desenvolvimento do
produto tem como uma de suas funções permitirem uma melhor tradução das
características e especificações do produto em procedimentos e sequências de

14
produção, minimizando os erros e falhas durante o processo executivo (MELHADO,
2005).

15
3 Desenvolvimento de projetos na construção civil

3.1 Caracterização do Processo de Projeto de Edificação

O processo do projeto ocorre com sucessão de fases distintas, onde a liberdade de


decisões entre diferentes alternativas, através do amadurecimento, converge em
soluções adotadas (MELHADO, 1994).

No processo de desenvolvimento de produto de edificações existem diversas


propostas sobre as etapas que o compõe, bem com a suas atividades. O processo
pode ser descrito como uma transformação de ideias, ou necessidades do cliente em
informação para produção de um produto (TZORTZOPOULOS, 1999).

Utilizando a definição de SILVA (2004), o projeto de edificações consiste em dois tipos


de processos, que interagem entre si. O processo do produto que inclui a criação e a
especificação do produto-projeto e o processo de projeto que organiza o trabalho do
projeto.

O projeto produto é estático, composto por representação gráfica e especificação


técnicas, ordenadas e desenvolvidas com os conceitos definidos e com atribuições
para atender as necessidades do cliente. (NOVAES, 2001).

Já o projeto como processo, é dinâmico, inclui ativadas distintas e coordenadas, sendo


o produto-projeto o resultado, sendo definidas as soluções construtivas deste ultimo.
(NOVAIS, 2001). O aspecto de processo dessa etapa é demonstrado também devido
à necessidade da participação dos responsáveis pela sua elaboração, devido à
atividade de compatibilização.

O Quadro 6 representa o resumo do processo do projeto:

Quadro 6 - Projeto como processo e como produto


(Fonte: SILVA, 2004)

Sendo assim, o projeto assume uma função tecnológica e outro gerencial. Devido as
soluções presentes nos detalhamentos nos diversos projetos desenvolvidos,
apresenta o aspecto tecnológico e o gerencial devido composição das atividades
serem tomadas de decisões, técnicas e econômicas, com um grupo de profissionais
com responsabilidades específicas (NOVAIS, 2001).

Os projetos do produto das muitas e variáveis disciplinas envolvidas na elaboração do


projeto definem a característica do mesmo, através de representação gráfica e
descritivas (plantas, cortes, memoriais, caderno de encargos, etc.). Essa etapa é

16
necessária à elaboração de projetos que complemente a informação descrita, através
dos projetos para produção, sendo estes responsáveis por auxiliarem os trabalhos de
execução (SILVA, 2004).

O projeto de produção fecha a lacuna deixada pelo processo elaboração do projeto,


devido dissociação deste com a produção das edificações, causando o esquecimento
dos aspectos produtivos, desenvolvendo os detalhamentos com falhas ou ausência de
informações. Tendo como consequência, a definição da construção, executada no
canteiro de obra, usando soluções imediatistas e com possíveis conflitos com outros
sistemas do processo.

Reforçando a necessidade do projeto de produção, Fontenelle e Melhado (2000), um


grande causador de erros e retrabalho no canteiro de obra, é a falta da definição do
método construtivo na etapa de projeto. Afetando negativamente a qualidade do
produto final entregue.

Assim, o papel estratégico do projeto de produção é definir as condições necessárias


para execução da obra, escolhendo a tecnologia do sistema construtivo. Sendo
elaborados conjuntamente com o projeto executivo, contendo as definições da criação
da infraestrutura de produção e a organização, planejamento e controle das
atividades.

O processo do projeto pretende elabora e auxiliar a produção de um empreendimento,


a definição do terreno, o projeto do produto até a execução da produção, o
detalhamento dos métodos, planejamento da obra, os projetos as built e a finalizando
com a validação da satisfação do usuário com o produto (FABRICIO, 2002).

A característica no processo de projeto, que vem intensificando, nos últimos anos, é o


aumento de agentes envolvido na elaboração do mesmo. Esse aumento é devido uma
maior especialização dos profissionais de construção civil e da aproximação do projeto
das necessidades relativas à execução da obra (FONTENELLE, 2002).

Para que o processo do projeto seja executado de forma eficaz é necessário que
exista uma comunicação eficiente entre os participantes. Nesse contexto, a principal
ferramenta do processo deve ser um sistema de informação que facilite a
comunicação entre os agentes e proporcione uma forma para o gerenciamento das
informações (ABREU, 2008).

3.2 Desenvolvimento do Processo de Projeto

Usualmente, no processo de projeto, o inicio da uma etapa de uma disciplina está


ligada com o termino de uma disciplina diferente (FABRICIO, 2002). Além disso, a
etapa de concepção ocorre separadamente do desenvolvimento o projeto, onde o
profissional contratado executa a atividade sem a interação com os demais projetistas.

Inicialmente as construtoras ou incorporadoras solicitava a um escritório terceirizado a


elaboração de um estudo de viabilidade, para determinado terreno, definido apenas
com algumas diretrizes comerciais. A elaboração deveria considera as dimensões
descritas em escritura, ou registro de imóveis. Quando a aprovação for realizada pelo
empreendedor, e produzido o projeto legal e a aprovação no órgão competente.
Destacando que o contrato com o escritório terceirizado somente era efetivado após a
aprovação para execução do projeto legal (SALGADO, 2002).

Os projetistas de outras disciplinas são contratados somente após a aprovação do


projeto legal. Os projetistas de diversas disciplinas são consultados pelo arquiteto na

17
etapa do projeto legal, mas não são partes integrantes, formalmente, da equipe de
projetos (FABRICIO, 2002).

O resultado é um projeto legal hipotético, devido à falta de compatibilidade com o que


será executado, é o atraso do inicio da execução dos projetos complementares. Na
maioria dos casos os projetos são obrigatoriamente alterados, devido à dificuldade de
execução de alguns elementos, pois somente nesse momento todos os agentes
intervenientes estão participando do processo de elaboração do projeto (SOUZA E
MELHADO, 2003).

Algumas construtoras de pequeno porte ainda utilizam esse sistema para contratação
de projetos, tornando essas empresas menos competitivas no mercado (SALGADO,
2006). Atualmente, no mercado da construção civil, as empresas de grande porte
estão mudando essa visão, utilizando o conceito de projeto simultâneo. Onde a
contratação dos projetistas é efetuada na etapa de concepção dos produtos (ABREU,
2008).

A metodologia de desenvolvimento de produtos com engenharia simultânea é vista


como alternativa importante para a melhoria da eficácia e qualidade dos projetos.
Tanto em relação aos agentes intervenientes quanto ao atendimento das
necessidades dos clientes (FABRÍCIO, et al. 1998).

As bases do projeto simultâneo na construção civil, segundo Fabrício e Melhado


(1998) são: a realização em paralelo de várias fases do processo de desenvolvimento
de produto, integração no projeto de visões de diferentes agentes do processo de
produção, através da formação de equipes multidisciplinares; fomento à interatividade
entre os participantes da equipe multidisciplinar com ênfase para o papel do
coordenador de projetos como fomentador do processo; forte orientação para a
satisfação dos clientes e usuários.

Utilizando esse conceito, a mudança nas etapas do processo do projeto é, antes da


elaboração do projeto legal, ter o estudo preliminar e o anteprojeto dos subsistemas
fundamentais que compõe o empreendimento, permitindo um maior desempenho
eficácia no estudo de viabilidade econômica, técnica e executiva (MELHADO, 2005).
Conforme ilustrado na Figura 2:

18
Figura 2 - Ilustração do Processo de desenvolvimento do projeto e as etapas do
empreendimento
(FONTE: MELHADO, 2005)

O projeto de arquitetura ainda é visto com hierarquia superior aos outros projetos que
participa do processo da elaboração do projeto. Sendo responsável pelas indicações
seguidas pelos projetos de diversas disciplinas (MELHADO, 2005).

Após termino das etapas de definição do produto, normalmente, o desenvolvimento do


projeto de edificações obedece à sequência executiva da obra, priorizando o processo
construtivo e fornecendo os dados de entrada necessários à contratação dos
fornecedores e execução dos serviços (ABREU, 2008).

Silva e Souza (2003) elaboram um fluxo geral do desenvolvimento do projeto e


planejamento das suas atividades que devem ser executadas durante a etapa de
projeto. Vale ressaltar que esse fluxo deve ser adaptado para cada novo
empreendimento. Conforme o Quadro 7:

19
Quadro 7 - Fluxo do desenvolvimento do projeto
(Fonte: SILVA; SOUZA, 2003 - Adaptado por SILVA 2004)

20
Quadro 7 - Fluxo do desenvolvimento do projeto
(Fonte: SILVA; SOUZA, 2003 - Adaptado por SILVA 2004)

Outro fator relevante no processo é o cronograma das atividades do processo de


projetos. Normalmente é realizado o cronograma da execução do projeto do produto
(inicio da construção da edificação) e não é feito o cronograma do empreendimento,
contemplado a fase do processo de desenvolvimento do projeto. O cronograma pode

21
ser uma ferramenta para elaboração dos prazos para as entregas dos projetos das
diversas disciplinas do processo, assim como para elaboração do contrato de
prestação de serviços. Ajudando a estipular metas do progresso do projeto, bem como
na coordenação do processo, na parte gerencial, definido datas para reuniões e visitas
ao canteiro para sanar duvidas.

O desenvolvimento do processo de projeto é realizado por diversos agentes presentes


no processo, sendo necessário integrar essas diversas disciplinas de forma eficaz
para obter um empreendimento de sucesso. Nesse contexto o coordenador de
projetos surge como o instrumento capaz de propiciar essa integração.

3.3 Contratação dos Profissionais de Projetos

Os projetistas são fornecedores de serviços de projetos as empresas contratantes,


sendo essa ligação feita por projeto executado, onde em cada novo empreendimento,
novos profissionais podem participar. Devido ao custo para manter a equipe, este
serviço é terceirizado, tendo como resultado a fragmentação do processo (PAULA,
2009).

Contudo, os projetistas são selecionados pelas empresas com base no preço de


serviço, sendo uma relação meramente comercial, embora ocorra alguma fidelização
na contratação. Porém, devido ao crescimento dado a importância do papel do projeto
na qualidade final do produto, levando a uma preocupação maior na relação entre
contratente e contratados (FABRICIO e MELHADO, 1998).

Silveira (2005) realizou um estudo onde foram detalhados diversos pontos em relação
ao processo de contratação dos projetistas, segue alguns pontos:

a) A falta de detalhamento e especificação dos serviços, nos contratos, que deveram


ser prestados.
b) A falta descrição das etapas, causando conflitos quanto ao prazo e validação do
fim da etapa. Como consequência, o prazo para remuneração dessa etapa não é
bem definida.
c) Outro ponto sobre a remuneração é que não há acordo quanto aos valores pagos
devido à paralisação e cancelamento do projeto.
d) O fator do preço do serviço ser preponderante para contratação, pois não são
analisadas as soluções de projetos, que levam à economia da estrutura, a
metodologia de construção, a qualidade fina do produto. Muitas vezes o cliente
não tem amadurecimento para entender esse ganho.
e) A remuneração do projetista para acompanhamento da execução do projeto no
canteiro e revisão dos mesmos.

Por esses motivos o contrato entre projetista e empresa deve ser visto como um fator
primordial na qualidade da prestação do serviço de projeto, pois ele definiu os critérios
da prestação do serviço. Vale destacar o papel do coordenador como agente
integrador das partes envolvidas, pois cabe ao coordenador à programação das
reuniões para discussões do projeto, bem como mediar os interesses dos
intervenientes do processo (SILVA, 2004).

O contrato deve definir os critérios entre as partes envolvidas, sendo de escolha do


contratante, o tipo de relação que será estabelecida. É apontado por Caiado e Salgado
(2006) que há a necessidade de integração entre todos os projetistas intervenientes no
projeto, mas só acontecerá se os projetistas forem contratados de forma coordenada,

22
assegurando a comunição clara das decisões de projeto entre os profissionais. Logo, a
importância do contrato na gestão da qualidade do processo do projeto é indiscutível.

O estudo de Caiado e Salgado (2004) estabelece alguma diretriz para elaboração do


contrato:

a) Utilizar o contrato de forma que identifique todas as obrigações do contratado e


contratante, contendo cronograma físico-financeiro das etapas de projeto que
serão apresentadas e todas as informações que deverão estar contidas em cada
etapa.
b) Apresentar propostas e alternativas contratuais que devem ser discutidas
anteriormente da assinatura do contrato, para que ambas as partes possam
exprimir suas aspirações e possibilidades para o cumprimento de suas obrigações.
c) Contratar os projetos complementares no mesmo momento de contratação do
projeto legal.
d) Colocar em contrato as visitas técnicas do projetista do projeto executivo à obra,
promovendo a inter-relação entre o projeto e sua execução e favorecendo a
diminuição dos erros de projeto, aumentando a construtibilidade.
e) Estabelecer maiores prazos para execução dos projetos, demonstrando aos
incorporadores a melhoria nos custos feitos com maior detalhamento do projeto.
f) Fazer do contrato um instrumento da visão interna da empresa, e não apenas uma
forma de protesto judicial, caso necessário.
g) Procurar estabelecer na fase anterior ao contrato dos projetistas, quais as
demandas que são necessárias para a empresa construtora. Cada empresa deve
diagnosticar suas prioridades contratuais.

Outra forma de definir á contratação, seleção e avaliação dos projetistas, é utilizando o


manual de projeto de edificações da empresa contratante. Ele descreve os
procedimentos e métodos para desenvolvimento do processo de projetos,
esclarecendo todos os profissionais com envolvimento no processo sobre os objetivos
estratégico e o modo de operação do mesmo (SILVA; SOUZA, 2003). Deve conter os
seguintes itens:

a) Apresentação
b) Responsabilidade no processo de desenvolvimento de projeto
c) Inserção do projeto na estratégia competitiva de produtos
d) Inserção do projeto na tecnologia construtiva da empresa
e) Seleção de projetistas
f) Seleção de fornecedores de serviços técnicos
g) Contratação de profissionais de projeto e fornecedores de serviço técnicos
h) Avaliação e qualificação de profissionais de projeto e de fornecedores de serviços
técnicos
i) Procedimentos de coordenação e gerenciamento de projeto

23
4 Gestão de Qualidade de Projetos

O Sistema de Gestão da Qualidade é definido como o conjunto de elementos


dinamicamente relacionados entre si, formando uma atividade que opera sobre
entradas e, após processamento, as transformam em saídas, visando sempre o
objetivo de assegurar que seus produtos e seus diversos processos satisfaçam as
necessidades dos usuários e as expectativas dos clientes externos e internos.
(Oliveira, 2003).

Para Tzortzopoulos (1999), o SGQ de Projetos é como um conjunto de ações


gerenciais de características comuns que definem uma mesma estrutura para gerir o
processo de projeto na empresa, necessária e suficiente a seu adequado
desenvolvimento.

Silva & Souza (2003) afirmam que o sistema de gestão da qualidade no projeto
pressupõe as seguintes premissas básicas: Atingir parâmetros, diretrizes e requisitos,
todos os intervenientes, a partir das necessidades de clientes internos e externos;
Basear-se no fato de que os operadores do processo (projetistas, consultores e
construtores) dominam o conhecimento técnico necessário para implantar os
mecanismos de desenvolvimento do projeto que possibilitam atender aos requisitos
dos clientes; Formalizar procedimentos para assegurar que as responsabilidades pelo
processo estejam perfeitamente definidas; Garantir a qualidade de modo que cada
agente interveniente, com base nos procedimentos estabelecidos, assegure a
qualidade dos seus processos; Aplicar mecanismos de controle da qualidade a
aspectos gerais, eliminando a verificação detalhada dos produtos gerados por todo
agente; Identificar claramente as relações de interface entre os vários processos,
sendo a gestão dessas interfaces é parte integrante do sistema; Gerir a comunicação
entre os vários agentes; Retroalimentar o processo.

A implementação de SGQ é realizada como alternativa concreta para atender a


demanda, devido à concorrência do mercado, por eficiência, satisfazendo as
necessidades de projetos mais alinhados ás necessidades dos clientes, com custo e
prazos menores (AMORIM, 1997).

Entretanto, a utilização dos sistemas de gestão e garantia da qualidade na construção


civil não está sendo bem compreendida. Seus princípios e benefícios ainda não foram
incorporados à cultura dos empreendedores desse setor.

A maioria das empresas não busca a certificação para possuírem os benefícios de


aspectos internos, como tais como a melhoria dos processos e procedimentos. Mas
sim, devido aos aspectos externos, ligados a melhoria da imagem da empresa e
utilização da ISO como uma ferramenta de marketing (DEPEXE, 2006).

Deste modo, conforme Corrêa (2002), muitas empresas construtoras têm utilizado a
norma ISO 9000 como um padrão de garantia da qualidade expresso na forma de uma
certificação, ao invés de utilizá-la como um sistema de gestão da qualidade. Luciano e
Isatto (2007) salientam que poucas empresas buscam um sistema de gestão da
qualidade por maturidade gerencial, mas que a maioria procura a implantação por
necessidades de mercado ou mesmo por modismo.

Estudos feitos por Andery (2002) apontam como fatores de motivação para a
implementação do sistema de gestão da garantia em empresas construtoras, em
primeiro lugar, as exigências de órgãos públicos de financiamento ou de empresas
públicas contratantes das obras prioritariamente, e em segundo e terceiro lugar
respectivamente, a melhoria do sistema gerencial e aumento da competitividade.

24
Os motivos mais citados pelas construtoras são o aumento da competitividade, a
busca por um diferencial no mercado, a melhoria da qualidade dos produtos,
padronização dos processos e, mais especificamente para construtoras certificadas no
PBQP-H, as exigências da Caixa Econômica Federal para a concessão de
financiamentos (DEPEXE; PALADINI, 2012).

Nos próximos itens serão abordos as certificações voltadas para a gestão da


qualidade de projetos.

4.1 ISO 9001

A Norma ISO 9001, lançada em 1987 e revisada pela primeira vez em 1994, e que
sofreu posterior atualização em 2000, sendo a última revisão em 2008, foi criada por
um comitê técnico da Organização Internacional de Normalização a fim de elaborar
normas voltadas aos sistemas da qualidade, uniformizando conceitos, padronizando
os modelos para a garantia da qualidade e fornecendo “diretrizes para a implantação
da Gestão da Qualidade nas organizações” (COSTA, 2001).

Foram criadas normas internacionais de qualidade, através das quais as empresas em


todo o mundo conseguem padrões nos produtos e serviços. A qualidade nas
empresas só se espalhou pelo mundo em função da criação das normas ISO pela
Comunidade Econômica Europeia (CRUZ, 2002). Desde a sua edição, ela vem se
disseminando, tanto geograficamente, como pelos mais diversos setores da economia
impondo-se como uma ferramenta básica para a competitividade industrial.

Segundo Amorim (1998), enquanto nos setores industriais voltados à produção, a


série de normas ISO 9000 se disseminou expressivamente, nos setores que não se
baseiam na produção em série, como o caso da construção civil, “a certificação é
incipiente, se comparada ao contexto global”.

A série ISO 9000 é constituída por três normas destinadas ao Gerenciamento da


Qualidade e à Qualidade Assegurada. O objetivo é o de complementar os requisitos
dos produtos e serviços prestados por uma organização que pretenda implementar os
seus padrões de qualidade e tornar-se mais competitiva nos mercados interno e
externo. (FRAGA, 2011).

A normatização ISO 9000 refere-se aos elementos do Sistema da Qualidade que


devem ser implementados na organização. Desta família iremos destacar a ISO 9001,
que trata dos requisitos para este sistema de gestão.

As alterações da versão ISO 9001:2008 foram pequenas e não modificou o conteúdo


da norma, ela apenas esclarece melhor os requisitos já existentes na versão anterior
(2000). A ISO 9001:2008 foi organizada com termos que são facilmente reconhecidos
por todas as áreas de negócios. Ela especifica requisitos para um sistema de gestão
da qualidade que podem ser usados pelas organizações para aplicação interna, para
certificação ou para fins contratuais, estando focada na eficácia desse sistema em
atender aos requisitos dos clientes.

A Figura 3 (SANTOS, 2014) ilustra a representação do modelo de gestão da qualidade


baseado em processo adotado na norma NBR ISO 9001:2008. O processo
compreende as entradas (insumos), a transformação (agregação de valor aos
insumos) e as saídas (o produto pronto). A NBR ISO 9001:2008 estabelece um
conjunto de cinco capítulos de requisitos a serem atendidos por organizações que
adotem este modelo de conformidade para sistemas de qualidade: sistema de

25
qualidade, responsabilidade da direção, gestão de recursos, realização do produto e
medição análise e melhoria.

a) Sistema de Qualidade: é divido em requisitos gerais e requisitos da documentação.


Sendo o primeiro requisito diz que um SGQ dever estabelecido, documentado,
mantido e ter sua eficiência melhorada continuamente. O segundo estabelece as
condições mínimas relacionadas aos documentos do SGQ.
b) Responsabilidade da Direção: a alta direção deve mostrar seu comprometimento
através de uma participação ativa no sistema, contribuindo, analisando e criticando
o sistema em periódicas reuniões de análise crítica com o Representante da
direção e disponibilizando os recursos necessários para o atendimento aos
requisitos do sistema, do produto e para o aumento da satisfação do cliente.
Sendo responsável pela comunicação com os colaboradores, informando-os sobre
a decisão da utilização de sistema de gestão da qualidade, devendo redigir e
publicar uma política voltada à qualidade e baseado nela, traçar objetivos e metas
para cada função. Deve também garantir que o sistema de gestão da qualidade
seja planejado e implementado. Deve definir os processos necessários para o
produto e para o sistema e as respectivas autoridades e responsabilidades
c) Gestão de Recursos - refere-se, de maneira simplificada, administração dos bens
da empresa. Fazendo a provisão de recursos para implementar e manter o SGQ,
descreve como os recursos humanos de uma organização devem ser gerenciados
para que a mesma possa adquirir e manter as competências necessárias, a
organização do ambiente de trabalho e qualificação dos agentes envolvidos no
sistema.
d) Realização do Produto: são definidos os: planejamento da realização do produto;
os processos relacionados ao cliente; o projeto e desenvolvimento, sendo
gerenciadas as interfaces entre diferentes grupos envolvidos; aquisição, devendo
ser assegurado pela construtora que a compra de materiais e a contratação de
serviços estejam conforme requisitos especificados de aquisição; controle dos
processos, implementação de ações preventivas e corretivas.
e) Medição Analise e Melhoria: a organização deve planejar e implementar os
processos necessários de monitoramento, medição, analise e melhoria a
implementação de uma “estrutura” de melhoria contínua na empresa.

As entradas do sistema de produção, como mostrados na figura 3, são requisitos


definidos pelo cliente. Da mesma forma, os resultados dos processos produtivos
devem ser confrontados com as expectativas dos clientes, previamente definidas.

26
Figura 2 - Modelo de um SGQ baseado em processo
(Fonte: Santos, Jorge - Gestão da Qualidade, 2014)

As normas especificam quais elementos devem integrar o Sistema de Gestão da


Qualidade (SGQ) de uma organização e como devem funcionar em conjunto estes
elementos para assegurar a qualidade dos bens e serviços que a organização produz.

Especificamente para o projeto a NBR ISO 9001:2008 estabelece em seu capítulo 7,


no item 7.3 requisitos para o projeto e desenvolvimento, subdivididos em sete
subitens:

a) 7.3.1. Planejamento do projeto e desenvolvimento: A organização deve planejar e


controlar o projeto e desenvolvimento de produto. Durante o planejamento do
projeto e desenvolvimento a organização deve determinar: os estágios do projeto e
desenvolvimento; a análise crítica, verificação e validação que sejam apropriadas
para cada fase do projeto e desenvolvimento, e as responsabilidades e
autoridades para projeto e desenvolvimento. Deve também gerenciar as interfaces
entre diferentes grupos envolvidos no projeto e desenvolvimento, para assegurar a
comunicação eficaz e a designação clara de responsabilidades. As saídas do
planejamento devem ser atualizadas apropriadamente, na medida em que o
projeto e o desenvolvimento progredirem.
b) 7.3.2. Entradas de projeto e desenvolvimento: Entradas relativas a requisitos de
produto devem ser determinadas e registros devem ser mantidos. Estas devem
incluir: requisitos de funcionamento e de desempenho; requisitos estatutários e
regulamentares aplicáveis; sendo aplicável em informações originadas de projetos
anteriores semelhantes, e outros requisitos essenciais para projeto e
desenvolvimento. As entradas devem ser analisadas criticamente quanto à
suficiência. Requisitos devem ser completos, sem ambiguidades e não conflitantes
entre si.
c) 7.3.3. Saídas de projeto e desenvolvimento: devem ser apresentadas em uma
forma adequada para a verificação em relação às entradas de projeto e
desenvolvimento, e devem ser aprovadas antes de serem liberadas. Sendo
necessário: atender aos requisitos de entrada para projeto e desenvolvimento,

27
fornecer informações apropriadas para aquisição, produção e prestação de
serviço, conter ou referenciar critérios de aceitação do produto, e especificar as
características do produto que são essenciais para seu uso seguro e adequado.
d) 7.3.4. Análise crítica de projeto e desenvolvimento: Análises críticas sistemáticas
de projeto e desenvolvimento devem ser realizadas, em fases apropriadas, de
acordo com disposições planejadas para avaliar a capacidade dos resultados do
projeto e desenvolvimento em atender aos requisitos, e identificar qualquer
problema e propor as ações necessárias. Entre os participantes dessas análises
críticas devem estar incluídos representantes de funções envolvidas com os
estágios do projeto e desenvolvimento que estão sendo analisados criticamente.
Devem ser mantidos registros dos resultados das análises críticas e de quaisquer
ações necessárias.
e) 7.3.5. Verificação de projeto e desenvolvimento: A verificação deve ser executada
conforme disposições planejadas, para assegurar que as saídas do projeto e
desenvolvimento estejam atendendo aos requisitos de entrada do projeto e
desenvolvimento. Devem ser mantidos registros dos resultados da verificação e de
quaisquer ações necessárias
f) 7.3.6. Validação de projeto e desenvolvimento: A validação do projeto e
desenvolvimento deve ser executada conforme disposições planejadas, para
assegurar que o produto resultante seja capaz de atender aos requisitos para
aplicação especificada ou uso pretendido, onde conhecido. Onde for praticável, a
validação deve ser concluída antes da entrega ou implementação do produto.
Devem ser mantidos registros dos resultados de validação e de quaisquer ações
necessárias.
g) 7.3.7. Controle de alterações de projeto e desenvolvimento: As alterações de
projeto e desenvolvimento devem ser identificadas e registros devem ser mantidos.
As alterações devem ser analisadas criticamente, verificadas e validadas, como
apropriado, e aprovadas antes da sua implementação. A análise crítica das
alterações de projeto e desenvolvimento deve incluir a avaliação do efeito das
alterações em partes componentes e no produto já entregue. Devem ser mantidos
registros dos resultados da análise crítica de alterações e de quaisquer ações
necessárias.

Assim, o complemento atendimento desse item pelas empresas, faz com que a
organização projeto e desenvolva o produto de uma forma sistemática e sustentável,
tornando-a empresa competitiva no mercado.

4.2 Programa brasileiro de qualidade e produtividade no habit (PBQ-H)

O PBQP-H é um programa nacional reconhecido em todo território brasileiro e


aplicável somente às empresas do ramo de construção civil.

O “Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat” (PBQP-H) foi


elaborado em 1991, pelo governo Collor, mas, efetivamente foi aplicado na construção
civil a partir de 1998.

O Governo Federal criou o PBQP-H, com o intuído de organizar o setor da construção


civil em torno de duas questões principais: a melhoria da qualidade do habitat e a
modernização produtiva. A busca por esses objetivos envolve um conjunto de ações,
entre as quais se destacam: avaliação da conformidade de empresas de serviços e
obras, melhoria da qualidade de materiais, formação e requalificação de mão de obra,
normalização técnica, capacitação de laboratórios, avaliação de tecnologias
inovadoras, informação ao consumidor e promoção da comunicação entre os setores
envolvidos.

28
Dentro desse programa, foi criado em 1999 o Sistema de Qualificação de Serviços e
Obras Construtoras, o SIQ-Construtoras, com o objetivo de proporcionar a qualificação
evolutiva e adequada as características das empresas construtoras. Em 2005, o SIQ-
Construtoras sofre algumas mudanças, permanecendo, entretanto, com a mesma
essência, passando a se denominar Sistema de Avaliação da Conformidade de
Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC).

O SiAC (Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da


Construção Civil) é um documento que contem os requisitos e diretrizes para o
atendimento ao modelo de conformidade do PBQP-H.

O sistema de avaliação de conformidade das empresas construtoras está divido em


dois estágios: níveis A e B. Para cada estágio foi estabelecido um referencial
normativo a ser cumprido pelas empresas interessadas na certificação. Para cada
referencial normativo são indicados quais requisitos da ISO 9001 devem ser
atendidos. Dessa forma, as empresa vão elaborando gradativamente seus sistemas
de gestão da qualidade, evoluindo até obtenção da qualificação nível A do SiAC-
Obras (PBQPH, 2012).

O PBQPh foi fomentado em 2010 com a assinatura do acordo setorial entre o governo
federal, a caixa Econômica Federal e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção
cujo objetivo é o estabelecimento de critérios e prazos para aplicação da
Especialidade Técnica Execução de Obras do SiAC - PBQPh na execução de serviços
e obras no âmbito dos Programas de Habitacionais infraestruturas administrado pelo
Ministério das Cidades (ACORDO SETORIAL, 2010).

Apesar do SiAC - PBQP-H ser um programa voltado para construtoras, devido ao


poder de compras destas e pelo fato delas serem as contratantes dos projetos,
acabam promovendo o desdobramento junto aos projetistas para seguirem as
exigências relativas ao requisito 7.3 do SiAC.

Foi lançado em 2008 o Sistema de Avaliação de Conformidade de Empresas que


atuam na especialidade Técnica Elaboração de Projetos (SiAC-Projetos). Esse
sistema tem como características básicas:

a) Possui caráter evolutivo, sendo composto por quatro estágios;


b) Para o Estágio “1”, requisitos que o sistema de gestão da qualidade (SGQ) da
empresa de projeto deve atender no processo de Declaração de Adesão e de
Conformidade ao Referencial Normativo Estágio “1”;
c) Para o Estágio “2”, requisitos que o sistema de gestão da qualidade (SGQ) da
empresa de projeto deve atender para a sua certificação nesse estágio;
d) Para os estágios “3” e “4”, requisitos que o sistema deve atender para a sua
certificação nesses estágios, que permitem levar a uma posterior certificação
baseada na norma NBR ISO 9001.

Os estágios “2” e “4” encerram ciclos de implementação do SGQ pela empresa de


projeto. Isso significa que o SGQ da empresa poderá parar no Estágio “2”, sem a
obrigação de prosseguir até o Estágio “4”. Considera-se que, ao implementar um SGQ
que atenda às exigências do Estágio “2”, a empresa de projeto estará assegurando a
qualidade do seu processo gerencial fim, o da gestão do processo de projeto. Ao
atingir o Estágio “4”, o SGQ da empresa atenderá ao que prevê a NBR ISO 9001,
assegurando, inclusive o desenvolvimento gerencial da empresa (SIAC, 2008).

Os programas de qualidade impulsionados pelo governo têm o objetivo, em longo


prazo, é criar um ambiente de isonomia competitiva, que propicie soluções mais

29
baratas e de melhor qualidade para a redução do déficit habitacional no país,
atendendo, em especial, a produção habitacional de interesse social (FREITAS, 2012).

Um estudo demonstrando as dificuldades de implementação do SiAC - Projetos


realizado por Salgado (2010). Entre as dificuldades podemos destaca: a informalidade
como sendo o principal problema na organização da empresa e a gestão das
informações. A autora ressalta que a proposta do PBQPH é mais flexível e atende
melhor as características do setor de projetos.

4.3 PMBOK

O Project Management Body of Knowledge, também conhecido como PMBOK é um


conjunto de práticas em gerência de projetos levantado pelo Project Management
Institute (PMI) e constituem a base da metodologia de gerência de projetos do PMI
(PMBOK, 2014).

O PMBOK é reconhecido e uma referência para gerenciamento de projetos,


desenvolvido pelo PMI, é um guia que agrega os conhecimentos da profissão de
Gerenciamento de projetos, baseado em práticas aplicáveis à maioria dos projetos e
tem servido como referência para o desenvolvimento das atividades de gerenciamento
na busca pelo sucesso dos projetos.

Sendo assim, o PMBOK é um material genérico que serve para todas as áreas de
conhecimento, ou seja, procura contemplar os principais aspectos que podem ser
abordados no gerenciamento de um projeto genérico. Outro objetivo do PMBOK é a
padronização de termos utilizados em gerência de projetos.

O guia do PMBOK (2014) apresenta as práticas de gerenciamento de projetos


divididas pelas seguintes áreas de conhecimento: escopo, prazo, custo, recursos
humanos, comunicação, qualidade, contratação, riscos e integração. Sendo o
gerenciamento realizado através de processos.

Gerenciamento de projeto é a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e


técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos. O gerenciamento
de projetos é realizado através da aplicação e integração apropriadas dos 47
processos de gerenciamento de projetos, logicamente agrupados em cinco grupos de
processos: Iniciação, Planejamento, Execução, Controle e Encerramento e dez áreas
de conhecimento: integração do projeto, escopo do projeto, tempo custos, qualidade,
recursos humanos, comunicações, riscos, aquisições e partes interessadas.

Os processos da gerência de projeto são uma série de ações que produzem algum
resultado. Estes processos são iterativos, podendo ser executados várias vezes em
todo o ciclo de vida do projeto. Cada processo é descrito em termos de suas entradas,
saídas e as técnicas e ferramentas que dão suporte à sua execução.

a) Processo de Iniciação - faz referencia à autorização do projeto ou fase.


b) Processo de Planejamento - é referente à definição e refinamento dos objetivos e
seleção da melhor das alternativas de ação para alcançar os objetivos que o
projeto estiver comprometido em atender.
c) Processo de Execução - preocupa-se em coordenar pessoas e outros recursos
para realizar o plano.
d) Processo de Controle - assegura que os objetivos do projeto estejam sendo
atingidos, através do monitoramento regular do seu progresso para identificar
variações do plano e, portanto, ações corretivas podem ser tomadas quando
necessárias.

30
e) Processo de Encerramento - formaliza a aceitação do projeto ou fase e encerra-o
de forma organizada.

As áreas de conhecimento de gerência de projetos do PMBOK descrevem os


conhecimentos e melhores práticas em termos de processos que as compõem. Estes
processos foram organizados em dez áreas de conhecimento conforme descrito
abaixo (PMBOK, 2014).

a) O gerenciamento da integração - inclui os processos e atividades para identificar,


definir, combinar, unificar e coordenar atividades dentro dos grupos de processos
de gerenciamento do projeto. No contexto de gerenciamento de projetos,
integração inclui características de unificação, consolidação, comunicação e ações
integradoras que são essenciais para a execução controlada do projeto até a sua
conclusão, a fim de gerenciar com sucesso as expectativas das partes
interessadas, e atender aos requisitos.
b) O gerenciamento do escopo - inclui os processos necessários para assegurar que
o projeto inclui todo o trabalho necessário, e nada mais que o trabalha requerido,
para terminar o projeto com sucesso. Está relacionado com o detalhamento
verificação e controle da mudança do escopo, sendo responsável pela definição do
escopo.
c) O gerenciamento do tempo - descreve os processos necessários para gerenciar o
término pontual do projeto. Trata-se do planejamento e monitoramento das ações
a serem tomadas ao longo do projeto. Sendo composto pela definição,
sequenciamento, estimativa das atividades, além do desenvolvimento do
cronograma e controle do mesmo.
d) O gerenciamento dos custos - inclui os processos envolvidos em planejamento,
estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle dos custos, de
modo que o projeto possa ser terminado dentro do orçamento aprovado.
e) O gerenciamento da qualidade - descreve os processos e as atividades da
organização executora que determinam as políticas de qualidade, os objetivos e as
responsabilidades, de modo que o projeto satisfaça às necessidades para as quais
foi empreendido. Usando as políticas e procedimentos para a implementação, no
contexto do projeto, do sistema de gerenciamento da qualidade da organização e,
dando suporte às atividades de melhoria do processo contínuo. Além de trabalhar
para garantir que os requisitos do projeto, incluindo os requisitos do produto, sejam
cumpridos e validados.
f) O gerenciamento dos recursos humanos - possui os processos que organizam,
gerenciam e guiam a equipe do projeto. Sendo responsável pelo planejamento
organizacional, estruturação e desenvolvimento da equipe. A participação dos
membros da equipe durante o planejamento agrega seus conhecimentos ao
processo e fortalece o compromisso com o projeto.
g) O gerenciamento das comunicações - descrevem os processos necessários para
assegurar que as informações do projeto sejam planejadas, coletadas, criadas,
distribuídas, armazenadas, recuperadas, gerenciadas, controladas, monitoradas e
finalmente dispostas de maneira oportuna e apropriada. Os gerentes de projetos
passam a maior parte do tempo se comunicando com os membros da equipe e
outras partes interessadas do projeto, quer sejam internas (em todos os níveis da
organização) ou externas à organização. A comunicação eficaz cria uma ponte
entre as diversas partes interessadas do projeto, que podem ter diferenças
culturais e organizacionais, diferentes níveis de conhecimento, e diversas
perspectivas e interesses que podem impactar ou influenciar a execução ou
resultado do projeto.
h) O Gerenciamento dos riscos do projeto - são os processos de planejamento,
identificação, análise e controle de riscos de um projeto. Os objetivos do
gerenciamento dos riscos do projeto são aumentar a probabilidade e o impacto dos

31
eventos positivos e reduzir a probabilidade e o impacto dos eventos negativos no
projeto.
i) O gerenciamento das aquisições do projeto - descreve os processos necessários
para comprar ou adquirir produtos, serviços ou resultados externos à equipe do
projeto. A organização pode ser tanto o comprador quanto o vendedor dos
produtos, serviços ou resultados de um projeto.
j) O gerenciamento das partes interessadas do projeto - são os processos exigidos
para identificar todas as pessoas, grupos ou organizações que podem impactar ou
serem impactados pelo projeto, analisar as expectativas das partes interessadas e
seu impacto no projeto, e desenvolver estratégias de gerenciamento apropriadas
para o engajamento eficaz das partes interessadas nas decisões e execução do
projeto. Além disso, é concentrado na comunicação contínua com as partes
interessadas para entender suas necessidades e expectativas, abordando as
questões conforme elas ocorrem, gerenciando os interesses divergentes e
incentivando o engajamento das partes interessadas com as decisões e atividades
do projeto. Sendo a satisfação das partes o objetivo central dos projetos.

Tem ocorrido um aumento na utilização do PMBOK, entre profissionais e empresas,


para auxiliar na gestão de projetos (HOZUMI, 2006). O autor apresenta que os erros
executivos de projetos são o principal motivo para utilização da ferramenta.

4.4 Controle da Qualidade dos Projetos

O controle da qualidade de projetos pode ser quantitativo ou qualitativo. A inspeção de


documentos, percepção de falhas e definição de estratégia para controle são
ferramentas de controle qualitativo. O controle quantitativo é a verificação de todos os
elementos dos projetos (NOVAES, 1998).

Para Nóbrega (2009) são importantes instrumentos para controle de qualidade a


verificação, análise e validação, no processo de elaboração de projeto.

A verificação para assegurar que as saídas do projeto e desenvolvimento estejam


atendendo aos requisitos de entrada do projeto e desenvolvimento. Além de manter
seus registros incluindo as ações necessárias para correção (NBR ISO 9001,2008).

A verificação de projetos têm dois níveis: primeiro nível (autocontrole) e segundo nível
(controle independente), entendendo que todas as atividades devem estar sujeitas a
verificações de primeiro nível, sendo que em ambos os níveis devem ser empregados
listas de verificação e procedimentos previamente estabelecidos (PICCHI, 1993).

O controle da qualidade dos projetos, durante o processo de elaboração deve ser


realizado pelo projetista em cada etapa, respeitando os conceitos e diretriz
determinada anteriormente e comum a todos os intervenientes dos processos, bem
como os parâmetros inclusos á própria disciplina. Sendo este controle definido com a
verificação de primeiro nível. Adicional a este processo deve ser feito, pelo
coordenador ou figura semelhante, o controle de global do projeto, sendo este de
segundo nível de verificação do controle de qualidade (NOVAES, 1998).

A análise critica de projetos é a avaliação documentada, completa, global e


sistemática levando em consideração a adequação e a eficácia das soluções de
projeto em atender aos seus requisitos, identificar problemas e propor o
desenvolvimento de soluções. As alterações devem ser indicadas, sempre visando
atender uma diretriz ou objetivo da qualidade do projeto. Podendo adequar
características do produto, aumentar a construtibilidade, melhorar a racionalização do
projeto, reduzir custo ou prazos (MELHADO, 2003). Para o autor, a análise critica deve

32
ser realizada ao final das principais etapas do processo do projeto, devendo não
confundir com o processo de coordenação, pois ela é um instrumento da última.
Sendo realizada de forma externa á equipe de projetistas, o que favorece a
neutralidade necessária para essa atividade.

Segundo Maranhão (2006), a análise critica é o grande instrumento do SGQ, o centro


nervoso, com competência suficiente para torna à organização mais competitiva.

Um roteiro básico das atividades de análise critica em cada fase do projeto são
descritas, de acordo com Melhado et al. (1996).

a) Estudo de Viabilidade: coletar dados sobre a edificação para comparar com


valores já definido anteriormente (área de construção, altura do edifício,
quantidade de unidades, etc.).
b) Estudo Preliminar: qualidade da documentação das informações básicas do
empreendimento, número e qualidade das alternativas consideradas critérios
adotados na analise das alternativas e para a escolha da alternativa eleita,
verificação do atendimento as restrições postas pelo empreendedor e da
adequação do produto ao mercado; e qualidade da solução quanto à tecnologia de
produção escolhida.
c) Anteprojeto: nível de compatibilização das interfaces entre especialidades de
projetos; atendimento ás normas técnicas e legislações aplicáveis; aplicação dos
princípios de racionalização e construtibilidade, e expresso por indicadores ligados
a coordenação dimensional, padronização; qualidade das especificações de
materiais e componentes; detecção de pontos desconsiderados ou parcialmente
definido.
d) Detalhamento: analise do nível de informação definido pelo detalhamento e sua
adequação a pratica da empresa; qualidade dos detalhes construtivos (analise da
construtibilidade); analise do projeto para produção utilizando critérios de
racionalização; verificação dos itens indicado pelo projeto para serem controlados
na execução (tolerância e critérios adotados); avaliação dos aspectos
característicos de durabilidade, custos de operação e manutenção de produto e de
suas partes; analise do custo total e das composições dos fatores de custo.

A análise critica é útil para verificar sua conformidade com os padrões estabelecidos e
garantir o atendimento aos clientes do projeto (MELHADO, 1994).

A validação é a confirmação que o produto final atende a necessidade do cliente,


levando com consideração os conceitos pré-determinados pelo cliente. Deve ser
executada ao final de cada etapa do projeto (NBR ISO 9001,2008). Segundo Melhado
(2001), a validação é uma técnica deve ser utilizada pelo coordenador de projeto, pois
o assegurar da avança nas etapas do processo de projeto garantindo a qualidade.

No termino da obra pode ser realizado a validação do projeto por meio da avaliação
pós-ocupação, utilizada com forma de retroalimentação dos projetos (SILVA, 2004).
Essa avaliação permite a conferência de dados primordiais no processo de projeto,
sendo aplicado para aprimorar os projetos futuros.

Apesar de ainda não ser comum essa pratica nas empresas de projetos, a
retroalimentação possibilita o avanço no setor construtivo como um todo. Reduzindo
os conflitos na etapa de execução, na etapa de uso e na manutenção do
empreendimento, minimizam o impacto gerado no meio ambiente, devido à diminuição
de descarte de material na natureza.

33
4.5 Influência dos projetos no custo e na qualidade das obras

Devido ao aumento da concorrência, consumidores cada vez mais exigentes em


relação à qualidade do produto e prazo, somando se a isso uma diminuição
vertiginosa de investimento do governo no setor da construção civil. Essa realidade faz
com que as empresas busquem formas de reduzir custo, melhorando sua eficácia. A
etapa do processo do projeto surge como uma resposta há essas necessidades, pois
quando bem definido, gera qualidade no produto final com custo reduzido.

O projeto tem ampliado seu papel e importância no contexto do processo construtivo


de edificações (PERALTA, 2002). O processo de projeto é a etapa mais estratégica do
empreendimento com relação aos gastos de produção e a agregação de qualidade ao
produto (FABRÍCIO, 2002).

Os detalhes construtivos e as especificações técnicas são definidos a partir do projeto.


Sendo esses itens responsáveis pela construtibilidade, influenciando o desperdício de
materiais, tempo e custo de construção (ABREU, 2008).

Na fase inicial do empreendimento, apesar de existir poucas despesas com projeto,


sua capacidade de influenciar nos custos é máxima. Entretanto, observa-se que os
projetos ainda são pouco valorizados, sendo entregues à obra repletos de erros. Isso
leva a grandes perdas de eficiência nas atividades de execução, bem como a perda de
determinadas qualidades do produto que foram idealizadas em seu projeto. Importante
destacar que diversos autores demonstram que a maioria das patologias em edifícios
tem origem na etapa de preto (NOVAES, 1998).

Para a obtenção da qualidade do empreendimento, é de fundamental importância que


a fase de projeto seja valorizada pelo empreendedor (BRAGA, 2011). Alguns
pesquisadores e institutos de pesquisa discutem com propriedade tal tema, como por
exemplo, o estudo elaborado pelo Construction Industry Institute (CII), que avaliou a
influência do custo nas diversas etapas do processo construtivo, como pode ser
observado na Figura 3:

34
Figura 3 - Capacidade de Influenciar o custo final de um empreendimento de edifício
ao longo de suas fases
(Fonte: Construction Industry Institute, 1987)

O projeto na fase inicial de empreendimento tem que ser priorizado, mesmo que gaste
um tempo maior para sua elaboração, somente com um projeto bem detalhado diminui
o custo total do empreendimento (MELHADO, 2005).

A definição das características finais dos produtos e os custos de produção sofrem


interferência na etapa de projeto, apesar dessa etapa representar baixo custo
acumulado, sendo ainda responsável pela maioria das falhas que ocorrem nos
edifícios (HAMMARLUND; JOSEPHSON, 1992), conforme mostrado na Figura 4:

35
Figura 4 - O avanço do empreendimento em relação à chance de reduzir o custo de
falhas do edificio
(Fonte: Hammarlund; Josephson, 1992)

O custo total do empreendimento e definido nas primeiras etapas, viabilidade e


elaboração de projeto. Logo as decisões nas fases iniciais têm grande influência sobre
o custo de construção (SOUZA, 2015).

O projeto de um edifício é encarado pelo empreendedor muitas vezes como um ônus


inicial a construção, sendo necessário minimizar o quanto for possível às despesas. É
visto como algum necessariamente legal, sendo só básico e deixando grandes partes
das decisões para etapa de execução (BARROS; MELHADO, 1993).

Como forma de ilustração desta afirmação, os autores acima apresentam um gráfico


que relaciona o prazo de desenvolvimento de um empreendimento e o custo mensal
das atividades envolvidas, conforme Figura 5. O gráfico traz a indicação da atividade
de projeto, que ocorre na primeira etapa do empreendimento, apresentando custo
reduzido, com a finalidade clara de não "onerar" o custo inicial e total do
empreendimento, além de ter um prazo restrito, apesar de que entre o término do
projeto e o início efetivo da obra acaba decorrendo um extenso período.

36
Figura 5 - Gráfica que relaciona o tempo de desenvolvimento de um empreendimento
e o custo mensal das atividades
(Fonte: BARROS E MELHADO, 1993)

Segundo Melhado e Barros (1993) o projeto deve assumir a responsabilidade de


agregar eficiência e qualidade ao produto, contemplando além do produto o processo
de execução para obter o sucesso do empreendimento.

Segundo Melhado (1994) o "investimento" em prazo e custo do projeto deveria


assumir um papel diferenciado, ou seja, seria necessário um maior investimento inicial,
para permitir um maior desenvolvimento do projeto, ainda que nesta fase houvesse um
deslocamento para cima do custo inicial do empreendimento e, eventualmente, um
tempo maior dedicado à sua elaboração. Essa ideia é exemplificada no gráfico
proposto na Figura 6.

Figura 6 - Gráfica que relaciona o tempo de desenvolvimento de um empreendimento


e o custo mensal das atividades
(Fonte: BARROS; MELHADO, 1993)

No Brasil um dos motivos que levam o projeto ser somente indicativo é a cultura de ser
visto como um custo desnecessário para uma boa qualidade do empreendimento,
sendo importante somente para legalização do mesmo, assim decisões que deveriam
ser tomadas na elaboração do projeto é realizado durante a execução da obra.

O inicio da fase de projeto deve e feito levando em consideração a buscar por


eficiência da construção e desempenho do produto final, não buscando a redução do
custo (NOVAES, 1988).

37
Segundo Grilo (2005), o projeto deve ser capaz de subsidiar as atividades de
produção em canteiros de obras com informações de alto nível que não poderiam ser
igualmente geradas no ambiente de obra, a partir de um bom projeto, torna-se
possível elaborar um planejamento e uma programação mais eficientes, assim como
um programa efetivo de controle da qualidade para materiais e serviços.

38
5 Coordenação e Compatibilização de projetos

A atividade de projetar não é necessariamente a de compatibilizar, o ato de projetar


pode ser divido nas etapas descritas como conceitual e dimensional. O agente que
compreende o raciocínio conceitual e consegue levar a informação dimensional para
discussão é o compatibilizador (FERREIRA, 2001).

A compatibilização não se restringe a atividade operacional de identificar interferências


entre projetos (SOLANO, 2005). Além dessa atividade, deve ser executada a análise,
a concepção e a tomada da decisão da melhor alternativa para solucionar os conflitos
ou falhas dos projetos. Sendo importante destacar a diferença das atribuições do
compatibilizador e do coordenador.

De acordo com Sanchez (2008), a coordenação difere da compatibilização em


diversos pontos:

a) Objetivo: a coordenação busca soluções globalmente adequadas, enquanto a


compatibilização verifica discrepâncias eventuais de soluções adotadas;
b) Momento de ação: a coordenação é anterior e durante o desenvolvimento,
enquanto compatibilização é posterior ao desenvolvimento;
c) Informação: a coordenação lida com fluxos e estados, enquanto a
compatibilização lida com níveis (estática);
d) Postura: a coordenação é preventiva (procura ver falhas potenciais), enquanto
a compatibilização é corretiva (procura verificar, rastrear a incidência de
falhas).

Vanni (1999) definiu bem o papel da compatibilização de projetos e da coordenação


de projetos. Especificando utilizando termos importantes como, construtibilidade e
racionalização na etapa do processo de desenvolvimento dos projetos, conforme
relatado abaixo:

"Pelo fato da compatibilização de projetos e analise critica do mesmo ser um


dos fatores essenciais da coordenação de projetos, é fundamental que todas
as etapas do processo de elaboração estejam comprometidas com os
princípios de construtibilidade e racionalização construtiva para que as
integrações das atividades estejam envolvidas na mesma linguagem."

Logo a coordenação tem uma função abrangente no processo do projeto, participando


de todas as etapas e sendo responsável pela mediação entre os agentes envolvidos.
A compatibilização é uma atividade técnica.

5.1 Coordenação de Projetos

A coordenação de projetos é uma atividade de suporte ao desenvolvimento do


processo de projeto, voltada para a integração dos requisitos e das decisões inerentes
ao projeto. Devendo ser exercida durante todo o processo de projeto e tendo como
objetivo apoiar a interatividade na equipe de projeto e melhorar a qualidade dos
projetos desenvolvidos (NEDER, 2010).

Para Fontenelle (2002), a coordenação de projetos, surge no contexto de alta


complexidade no desenvolvimento do projeto, onde a interação e integração entre
todos os agentes envolvidos no processo apresenta um novo formato de importância.

Melhado (2005) definiu que a coordenação de projetos compreende o conjunto de


ações envolvidas no planejamento, organização, direção e controle do processo de

39
projeto, o que envolve tarefas de natureza estratégica, tais como estudos de demanda
ou de mercado, prospecção de terrenos, captação de investimentos ou de fontes de
financiamento da produção, definição de características do produto a ser construído,
além de tarefas ligadas diretamente à formação das equipes de projeto em cada
empreendimento, como contratação de projetistas, estabelecimento de prazos para
etapas de projeto e coordenação da interface com os clientes ou compradores.

Caldas e Soibelman (2003) afirma que a coordenação de projetos deve promover o


controle e troca de informações entre os diversos intervenientes; definir diretrizes de
projetos; estabelecer cronograma de desenvolvimento dos mesmos; garantir que os
diversos projetos estejam compatibilizados em todas as fases: estudos preliminares,
anteprojeto, projeto legal, projeto executivo; visem a construtibilidade. Considerando
todas estas atribuições, suas atividades podem ser agrupadas em: planejamento,
compatibilização e gerência de documentos de projeto.

O papel central da coordenação é o desenvolvimento de projeto bem-sucedido e na


diminuição da quantidade de retrabalhos. Também ajuda a reduzir a incidência de
problemas e incompatibilidades nos sistemas propostos durante a execução e, por
consequência, gera economia para a obra (GEROLLA, 2012).

Sendo responsabilidade do coordenador de projetos, gerir as mudanças que ocorrem


no projeto, conforme descrito por ASCE (2000). No contexto multidisciplinar do
processo de projeto, as mudanças são eminentes e gerenciá-las é uma das chaves
para controlar o projeto e assegurar que ele seja consistente e bem coordenado
(HEGAZY et al., 2001).

A compatibilização é uma etapa importante no processo de coordenação de projetos,


sendo desenvolvida anteriormente a obra, pois evitam retrabalho no canteiro. Segundo
VANNI (1999):

"Para que um projeto seja um produto de qualidade e atenda a todas as


expectativas, é necessário que este seja elaborado de forma coordenada e a
obra não seja interrompida por problemas de interferência ou alterações
resolvidas “in loco”. Para isso, é necessário que haja uma reorganização em
todo o processo de projeto, buscando o desenvolvimento coordenado do projeto
nas diversas etapas do edifício e a introdução de tecnologias construtivas
racionalizadas. Sendo assim, os projetos deverão apresentar uma visão global
do empreendimento, contendo todas as características do produto e um
planejamento das atividades a serem executadas visando atender às
necessidades dos clientes e aos sistemas construtivos da empresa.”.

Assim, a coordenação é um processo fundamental para obtenção da qualidade do


projeto. Devendo ser realizado durante todo o processo de projeto a integração entre
os projetos de diferentes especialidades. Além de administrar prazos, organização da
informação e comunicação entre os diversos agentes presentes no processo.

5.1.1 Relevância da Coordenação

O mercado tem demandado das empresas de construção, devido o aumento da


competitividade, a melhoria da eficiência dos seus projetos, através da redução dos
custos de retrabalho, assim diminuindo o desperdício (VANNI, 1999).

A resposta do setor para as exigências do mercado e a diversidade dos projetos é o


uso prática da coordenação de projetos (SILVA, 2004). Atualmente essas empresas
estão desenvolvendo e melhorando o trabalho de coordenação de projetos. Sendo de

40
responsabilidade da coordenação o planejamento de custos, etapas e prazos do
processo de projeto, contratação de projetistas e análise de projeto, somando das
atribuições da coordenação de projetos. Portanto, a competência do coordenador de
projetos torna-se decisiva para a qualidade do projeto conduzido ao canteiro de obra,
sendo relevante para o sucesso do empreendimento (MELHADO; NOBREGA Jr,
2013).

A coordenação é a base para alcançar a qualidade no projeto. Para garantir que as


soluções adotadas, durante o processo de projeto tenham sido adequadas,
possibilitando assim que a etapa de construção ocorra sem interrupções e improvisos
devido a falhas de projetos são de suma importância participação da coordenação de
projetos (CTE, 1994).

A forma para diminuir a incertezas de projeto é definir as característica do


empreendimento e elucidar os clientes externos e internos, através da integração dos
requisitos e solução dos projetos. Pois são as incertezas dos projetos que causam
retrabalho e resultam na desvalorização das informações das etapas do processo de
elaboração dos projetos. Essa atividade é função do coordenador de projetos
(HUOVILA et al 1997).

A dificuldade de obter qualidade na atividade de construção é a contínua falta de


integração dos projetos ente si e entre os projetos e execução, devido à inexistência
do alinhamento entre os diversos agentes participantes do processo. (MELHADO,
1998). Por isso a atividade de coordenação vem ganho espaço e tornando-se
importante no processo de elaboração de projeto.

Portanto, utilizando a coordenação de projetos no início do desenvolvimento de um


projeto de edificação, respeitando as etapas necessárias (incluído a compatibilização
de projetos), segundo os estudos apresentados, o projeto terá maior eficiência na
construtibilidade e na racionalização da edificação, eliminando-se os improvisos e
falhas. Além disso, o orçamento será mais próximo do real. Porém é necessário
lembrar a importância de ter uma equipe multidisciplinar bem alinhada com a figura do
coordenador de projeto. O produto final estará em conformidade com o estabelecido
pelos agentes do processo.

5.1.2 Perfil do profissional de Coordenador

O coordenador de projetos da construção civil deve ter capacidade para organizar todo
o desenvolvimento do projeto. Além de ser, mediador dos diferentes agentes do
processo e tomador de decisão. Esse papel pode ser exercido tanto um engenheiro
como um arquiteto, bem como pode tanto ser do quadro permanente da empresa
construtora ou incorporadora como ser terceirizado, pois o importante é que o
coordenador tenha formação multidisciplinar e experiência suficiente para tanto
(GEHBAUER; ORTEGA, 2006).

A coordenação de projetos ainda é visto como atividade do arquiteto a coordenação


de projetos, de acordo com os modelos mais tradicionais, uma vez que o projeto de
arquitetura é a linha base para os demais projetos. Porém no Brasil, esse modelo não
vem agradando, devido ao baixo conhecimento de técnicas construtivas, a falta de
experiência deste profissional com a vivência do canteiro de obras e a falta de
formação adequada quanto à gestão de varias disciplinas presentes no projeto de
edificação. Ainda segundo o autor, devido a crescente complexidade das soluções
tecnológicas para os diversos sistemas construtivos, as atividades de projetar e
coordenar são atividades ser separadas (FABRICIO et. al. 2003).

41
Melhado e Nobrega Jr (2013) realizaram um estudo onde levantara dados sobre o
perfil do coordenador de projetos. Dos participantes entrevistados, a maioria dos
coordenadores de projeto é composta por mulheres (71% dos participantes) e
formados em arquitetura (89% dos participantes). Os profissionais são relativamente
jovens entre 30 a 40 anos, apesar do relato de todas as experiências necessárias ao
coordenador. Porém esses jovens profissionais apresentaram uma experiência média
de 16,7 anos no setor da construção civil. Outro aspecto que o autor ressaltou é que a
maioria dos coordenadores também não optou por seguir a carreira de coordenador de
projetos, mas que foi uma evolução natural da profissão de arquiteto.

Ainda segundo o estudo do autor, os atributos do coordenador de projetos são


diversificados, sendo difícil encontrar em um único profissional. Entretanto, a maioria
dos atributos indicados para a atividade também são encontrados em diversos outros
profissionais. Sendo esses atributos essenciais aos profissionais contemporâneos,
independentemente da área em que atuem. Ele destaca que é possível ser
desenvolvidas as habilidades listadas através de treinamento e educação.

Segundo Silva (2005), atualmente, identificam-se três possibilidades ou alternativas


para a realização dos serviços de coordenação de projetos:

a) O arquiteto ou escritório de arquitetura responsável pela concepção do produto e


pelo projeto arquitetônico;
b) O profissional (engenheiro sênior, arquiteto supervisor) ou equipe pertencente à
empresa construtora;
c) A empresa terceirizada contratada, exclusivamente, para coordenação de projetos.

Melhado e Nobrega Jr (2013) desenvolveram uma tabela com os modelos de


coordenação que leva em conta as especificidades de cada situação de
empreendimento, em termo de vantagens, potencialidades, limites e problemas,
conforme apresentado no Quadro 8.

Quadro 8 - Modelos de Coordenação e Vantagens potencias


(Fonte: MELHADO, NOBREGA Jr, 2013)

42
A divisão da coordenação de projetos de edificações, segundo Silva (2008), considera
dois aspectos distintos. Um ligado ao planejamento e controle, definido como
coordenação gerencial e outro as atividades de integração entre os projetos de
diversas disciplinas, chamado de coordenação técnica. A Figura 7 esquematiza esses
aspectos:

Figura 7 - Aspectos da Coordenação de Projetos


(Fonte: SILVA, 2004)

A coordenação Gerencial envolve os aspectos associados à gestão de processo de


projeto, da qualidade dos projetos e da comunicação. Além do planejamento do
processo de projeto e recursos, bem como a gestão do prazo, e a tomada de decisão
(Sanchez, 2008).

As funções executadas pela coordenação Técnica, para integrar e desenvolver os


multidisciplinares projetos destacam-se as atividades: reunião de coordenação, a
compatibilização e análise critica de projetos.

5.2 Conceito de Compatibilização

A construção de qualquer edificação exige uma grande diversidade de projetos


correlacionados entre si. Na maioria dos casos os projetos são desenvolvidos por
agentes distintos e separadamente, devido à necessidade de multidisciplinar para
elaboração e falta de comunicação entre os mesmos, acaba elevado à possibilidade
de conflitos ou falhas entre si e o conjunto de projetos. A compatibilização consiste em
identificar esses conflitos é ajustar os projetos antes do início da obra, evitando o
aumento do custo e melhorando a eficiência e eficácia da construção.

A compatibilização de projeto é imprescindível produção controlada, sempre em busca


dos padrões do controle de qualidade (CALLEGARI, 2007). Para Graziano (2003),
compatibilizar projetos é fazer com que os dados compartilhados tenham consistência
e confiabilidade até o termino do projeto, paralelamente verificar se os componentes
dos sistemas que ocupam espaços são divergentes entre si.

Segundo Mikaldo (2006), compatibilizar projeto é gerenciar e integrar projetos


correlacionados, tendendo o ajuste entre os mesmo para obtenção dos padrões de
qualidade.

Novaes (1998) afirma que a compatibilização das disciplinas do projeto é uma ação
empreendida no âmbito da coordenação das soluções adotadas nos projetos do
produto e nos projetos para produção, assim como, nas especificações técnicas para a

43
execução de cada subsistema. Concordando que a integração de projeto é a forma de
compatibilização do projeto.

A compatibilização de projetos é a atividade de sobrepor os projetos de edificação e


identificar as interferências. Além de ser responsável por programar reuniões entre os
agentes envolvidos no desenvolvimento do projeto, projetistas e a coordenação, com o
objetivo de resolver interferências que tenham sido apresentadas (PICHA, 1993).

A compatibilização de projetos é uma atividade que analisa as varias soluções


dimensionais, tecnológicas e estéticas para que sejam compatíveis entre si (SILVA,
2004).

De acordo com a atividade de compatibilizar projetos de diferentes especialidades é


executada da seguinte forma, sobrepondo os projetos para verificar as interferências
entre eles. Assim os conflitos são detectados para que a coordenação possa agir e
apresentar melhor solução. Além disso, ele ainda ressalta que a compatibilização
funciona como uma “malha fina”, na qual possíveis falhas possam ser corrigidas
(MELHADO, 2005).

A compatibilização do projeto é feita utilizando a execução do projeto simultâneo,


concomitante de todas as suas especialidades. Sendo as decisões de projeto tomadas
multidisciplinarmente e orientadas para buscar soluções globais, e não isoladas.
(NEDER, 2010).

Segundo Rodriguez (2008) a compatibilização de projeto pode ser definida como:


análise, verificação e correção das interferências físicas entre as diferentes soluções
de projetos de uma edificação. Logo, a compatibilização é uma parte do trabalho do
coordenador de projetos, pois apenas sobrepondo os projetos poderão ser detectados
as conflito entre os projetos de disciplinas distintas. Ainda segundo o autor, o uso de
lista de verificação, reunião de coordenação e software de computado são ferramentas
que apoio a atividade de compatibilizar projetos.

Callegari (2007) afirma que durante a elaboração dos projetos, a compatibilização


permite a retroalimentação das etapas, corrigindo e propondo novas soluções com o
aumento da eficiência. Garantindo a eficiência nas próximas etapas dos projetos, pois
diminui a incerteza construtiva. Realizado a analise de conflitos detectados dos
projetos, possibilita que ocorra a melhoria da qualidade do processo, onde ações
corretivas são tomadas para adequação e eficácia do projeto.

Segundo Fabrício (2004), ao longo do processo de projeto, vários projetistas,


consultores e agentes do empreendimento são mobilizados para contribuir no projeto.
Cada agente participa com os seus interesses e conhecimentos de forma a
desenvolver uma parte das decisões. No processo de projeto verificam-se diferentes
interfaces entre os envolvidos, e diversas compatibilizações são necessárias para
garantir a coerência entre as decisões e projetos.

Compatibilizar projetos é uma atividade que estabelece solução unificada entre as


varias interfaces dos projetos de arquitetura e complementares (sistemas prediais,
detalhamento, etc.). Tem sido considerada uma boa abordagem para mitigar
problemas de fracionamento dos projetos, sendo eles elaborados por diversos
agentes. A vantagem é ter um bom desempenho do processo de execução do projeto
em relação à qualidade e custo da edificação.

44
5.2.1 Relevância da Compatibilização

Nos últimos anos o Brasil vem passando por uma vertiginosa transformação na
indústria da construção civil. Como aumento na demanda de novas habitações e
infraestrutura, resultado das políticas de expansão de crédito e programas de
financiamento, o setor cresce a taxas acima do PIB brasileiro. Este crescimento
impulsiona o desenvolvimento de toda cadeia da construção civil, como novas
tecnologias, materiais e equipamentos, refletindo diretamente no processo de
produção dos empreendimentos (NASCIMENTO, 2013).

Dentro dessa temática, o crescimento da competitividade no setor da construção civil


as empresas construtoras tem sido forçadas a gerenciarem de modo mais eficiente
seus projetos, buscando diminuir o desperdício de recursor, das modificações em
projetos e dos retrabalhos com o objetivo de alcançar um diferencial na execução de
suas obras. Portanto, o principal requisito para o estabelecimento desse processo de
melhoria contínua é a coordenação eficiente do processo de projeto, desde as etapas
de concepção até a execução da obra (VANNI, 1999).

Um dos problemas mais comuns nas diversas manifestações patológicas encontradas


em edificações estruturadas em aço é a interferência entre projeto estrutural e os
projetos de instalações. Esta interferência é proveniente de incompatibilidades de
projetos ou de modificações no decorrer da construção, devido principalmente a falta
de uma maior coordenação entre os diversos sistemas construtivos envolvidos.
(CASTRO, 1999)

Em acordo com o estudo do SEBRAE / SINDUSCON – PR (1995) a compatibilização


de projetos elimina ou minimiza os conflitos entre os projetos inerentes à determinada
obra, simplificando a execução e otimizando o uso dos recursos de materiais e mão de
obra, e consequentemente a manutenção.

Colaborando com a ideia do desperdício de recursos, Graziano (2003) afirma que o


habito de não racionalizar materiais em grandes obras e o fato de serem elaboradas
separadamente as etapas de projeto e execução da edificação, trazem o reflexo do
setor dos últimos 30 anos.

Para Mikaldo (2006), a melhoria do processo será alcançada apenas com ações que
estimulem a formação de equipes cooperativas de trabalho e a integração entre o
projeto e a produção. É importante consolidar essa forma de atuação através da
relação contratual. Ainda segundo o autor, são necessárias a coordenação e
compatibilização dos projetos, devido principalmente à segregação do projeto e
execução.

Nas empresas de construção civil ainda é comum o desenvolvimento de projetos sem


a utilização da compatibilização das disciplinas do projeto, gerando consequentemente
diversos fatores negativos, entre ele; aumento do prazo de execução, baixa qualidade
da edificação, maior retrabalho e aumento do custo final da construção. Tavares
(2003) esclarece que a falta de integração entre os diversos projetos multidisciplinares
durante o seu desenvolvimento ainda ocorre, mesmos com o avanço tecnológico e do
processo de produção dos últimos anos.

A coordenação tem a responsabilidade de compatibilizar e integrar as diversas


interfaces dos projetos, as soluções adotadas e as especificações técnicas. Segundo
Novaes (1998) a compatibilização começa na fase de estudos preliminares, continua
na fase de anteprojetos e o termino é com a compatibilidade parcial e final na fase dos
projetos executivos.

45
A atividade da compatibilização de projeto é a sobrepor e analise os projetos
executados, propondo soluções para os conflitos e falhas detectadas (SILVA, 2004). O
ideal é que seja realizada em todas as etapas de elaboração do projeto, ou seja,
desde os estudos preliminares e anteprojeto até os projetos legais e, por fim, o projeto
executivo, pois isto facilita o entendimento global do projeto da edificação e o risco de
ocorrer problemas durante a execução da obra diminui gradativamente, à medida que
os projetos são modificados e ajustados (MISKURA, 2012).

Silva (2005) propôs um modelo resumindo os aspectos referentes à compatibilização,


Figura 8:

Figura 8 - Aspectos da Compatibilização de Projetos


( Fontes: Silva, 2004)

A análise dos conflitos entre as fases dos projetos possibilita a melhoria continua da
qualidade no processo de projetos, devido às ações corretivas serem tomadas para
aperfeiçoamento do sistema construtivo, garantido a adequação e eficácia do mesmo.
Esse processo de compatibilização possibilita a retroalimentação das etapas, assim
corrigindo e melhorando a eficiência da edificação (CALLEGARI, 2007).

Demonstrando a importância da compatibilização durante as fases de projeto, Silva


(2005), baseado no estudo de Novaes (1996) descreveu as atividades de
compatibilização executadas durante as fases de elaboração de projetos. Mostrado no
Quadro 9:

46
Quadro 9 - Compatibilização durante as fases de elaboração dos Projetos
(Fontes: Novaes, 1996)

Apesar do grande avanço tecnológico dos softwares nos últimos anos, os projetistas
de edificações ainda utilização a experiência na leitura de pranchas 2D sobrepostas.
Para a identificação de interferências, analisando o projeto como um todo, esse
profissionais visualizam mentalmente o modelo. Mas devido aos diversos projetos de
multidisciplinaridade usar simbologia distinta, existe limitação da representação 2D.
Devido à falta de clareza na visualização do projeto como um todo, pode acarretar em
erros de soluções divergentes entre as disciplinas que envolvem os projetos
(OLIVEIRA, 2008).

Outras ferramentas tradicionais são utilizadas para o entendimento de um


empreendimento, como check-lists, reuniões, planilha, mas a detecção dos conflitos
entre os projetos são resolvidos quase que exclusivamente com a experiência de
projetistas. (OLIVEIRA, 2008).

De acordo com Ferreira e Santos (2007), a ferramenta 3D facilita uma


compatibilização, análise e coordenação mais completa. Pois permite uma informação

47
espacial completa. O autor observa que é importante esse aspecto, pois a análise do
projeto envolve muitos profissionais e especialidades sobre óticas diferentes.

Já utilizando ferramentas de três dimensões pra modelar o projeto, segundo Tossine e


Goes (2011), há uma grande facilidade na execução da atividade de compatibilização,
pois são gerados relatórios de incompatibilidade pelo programa mostrando os pontos
de conflito. Assim a fase compatibilização é encurtada, pois a busca dos pontos é
encontrada pelo programa.

Portanto, já existem alternativas ao método de sobreposição de pranchas 2D sendo


utilizadas e aperfeiçoadas. A ideia de se utilizar modelos (virtuais ou não) em três
dimensões parece facilitar o processo de visualização do projeto como um todo já que
a complexidade das relações espaciais muitas vezes demanda a construção de
maquetes para melhorar a compreensão do sistema criado e das interferências
indesejadas que porventura surjam (KOWALTOWSKI et al. 2006).

Mesmo sendo menos eficiente que os modelos 3D, a ferramenta mais comum no
Brasil para a compatibilização dos projetos ainda é o uso de softwares como o
AutoCAD, que permitem uma visualização 2D das plantas da edificação (MISKURA,
2012).

A execução da compatibilização, de acordo com Miskura (2012), deve ser executada


entre duas ou três disciplinas no máximo, para não sobrecarregar o desenho de
informações, assim prejudicando a analise do mesmo. A autora sugeriu um roteiro
para compatibilizar as diversas disciplinas em plantas:

a) Arquitetura x Estrutura
b) Arquitetura x Estrutura x Ar condicionado
c) Arquitetura x Estrutura x Exaustão
d) Arquitetura x Estrutura x Paisagismo
e) Arquitetura x Paisagismo x Elétrico
f) Arquitetura x Paisagismo x Hidrossanitário
g) Arquitetura x Estrutura x Hidrossanitário
h) Hidrossanitário x Incêndio x Elétrico
i) Arquitetura x Detalhamento (decoração) x Ar condicionado
j) Arquitetura x Detalhamento (decoração) x Incêndio

Um estudo de caso realizado por Giacomelli (2014) elaborou um checklist de


compatibilização dos projetos, mostrando os pontos mais críticos que devem ser
observados durante o processo. O fluxo de compatibilização proposto busca verificar
os conflitos dos elementos construtivos. Conforme a Figura 11:

48
Figura 9 - Checklist de Compatibilização
(Fonte: Giacomelli, 2014)

É importante destacar que apesar dos softwares serem uma ótima ferramenta para
auxiliar na compatibilização dos projetos. Eles são ferramentas, e toda
compatibilização necessita de uma análise que é a identificação do problema e
definição da solução, a primeira é facilitada pelas ferramentas disponíveis, porém a
segunda deve ser realizada através da experiência do profissional alinhada ao
conhecimento técnico.

5.3 Dificuldades

Na conjuntura presente a construção de edificações em nosso país, é comum à


participação de vários especialistas de empresas diferentes, no procedimento de
criação de projetos. Aumenta em todo o procedimento de construção, o volume
desses profissionais, no projeto e na obra, em contrapartida do crescimento e da
dificuldade dos projetos, do crescimento do quantitativo de materiais novos,
tecnologias e da quantidade de serviços que outrora não havia, sem contar a própria
terceirização dos serviços, durante a fase da obra, que são advindas do novo
entendimento da obra como um “procedimento de montagem”. A ajuda de diferentes
especialistas é essencial para o êxito do projeto fim, entretanto, vem acompanhada de

49
varias complicações inerente à administração dos projetos e dos projetistas
(MELHADO E NOBREGA JR, 2013).

Existem dificuldades, referentes à falta de fidelidade para com os projetistas. A


expectativa de cada interventor (em razão de seus olhares próprios e suas prioridades
particulares) e ainda às próprias criações difusas dos especialistas que criam os
projetos, sem contar, que varias vezes, os criadores permanecerem em salas situadas
longe do ideal (TZORTZOPOULOS, 1999).

Com o crescimento do quantitativo de especialistas no procedimento, uma dificuldade


constante é a substituição, entre criadores, de registros de criação sem codificação e
uniformização dos layers que fazem parte das criações. Ocorrendo um agravamento
alucinante no volume e na fluidez de conhecimento no meio das pessoas (SILVEIRA,
2005).

Diferentemente é acomodar a cooperação das criações de muitas especificidades,


salientando que ainda domina a escala vertical em que o projeto de arquitetura
obedece a um programa e os projetos complementares, e, por conseguinte segue as
ordens do esquema de arquitetura (FABRICIO, 2002). Tendo em vista este fato,
aparece a urgência de realizar uma direção aos trabalhos de cada perito,
acompanhando uma repetida ligação de orientação.

Informa Nakamura (2011) uma prova da desigualdade no posicionamento no estante


da criação dos projetos, esta no fato de que os arquitetos pesquisam as melhores
respostas para reutilizar a área exclusiva incluída, uma vez que os projetistas
direcionam as áreas técnicas e mecânicas sem lembrar-se desta questão.

O esquema de arquitetura é a linha inicial para diretriz dos projetos subsequentes,


onde Inicia o empreendimento. Em razão da responsabilidade em concluir as metas,
formas e matérias do edifício, refletindo frontalmente no desperdício, economia,
conforto e funcionalidade (CARVALHO JR, 1994).

Por outro lado, em nosso país, ainda é costumeiro o pensamento de que é da


competência do arquiteto, exclusivamente os fatores estéticos, e que os fatores da
construção, são de responsabilidade do engenheiro (NAKANISHI, 2007). Por isso o
modo de se realizar o esquema, incluído na criação de esquemas é o da aparência do
esquema sem preocupação com a construtibilidade e racionalização do mesmo. É
necessário alterar este posicionamento, ficando o esquema criado de forma paralela à
colaborativa.

Incluído neste tema, a coordenação de esquemas aparece na forma de agente


fortalecedor, não apenas da participação e ajuda entre si, participantes no
procedimento de esquema, mas do sucesso do procedimento e das resoluções de
esquemas utilizados.

Deste jeito, deve assegurar que o especialista que exerça as funções de coordenação
esteja capacitado para exercer a função. Entretanto, recorrentemente não é possível,
muito por causa do período das grades acadêmicas, em Engenharia Civil e em
Arquitetura e Urbanismo, há um déficit para capacitar os especialistas com o cunho de
exercerem a coordenação de esquemas, posto que tais disciplinas já precisem de um
sistema curricular que alcance toda a atual necessidade.

Visto isto, na atual conjuntura os especialistas selecionados pelos empreendimentos a


fim de exercer a função de coordenação de esquemas, em sua maioria, surgem de um
projeto em curso ou em administração de obras.

50
Com isso, arrisca-se o especialista, que foi um bom projetista ou coordenador de
obras, a não se tornar um bom profissional na atividade de coordenador de projetos.
Devido a varias especificidades da função que são distintas (MELHADO E NOBREGA
JR, 2013).

Outra questão é particular ao coordenador de projetos, que ainda não foi determinado
amigavelmente com as empresas, quais são suas áreas de atuação, bem como sua
independência funcional, sendo ainda divergente sua situação, com relação a esta
questão.

5.4 Ocorrência de falhas do produto

Alguns profissionais apresentaram estudos relacionados à incidência de falhas,


ocorridas em obras, com origem em projetos.

Hammarlund e Josephson (1992) baseado em um estudo realizado na Suécia


definiram uma distribuição relativa entre os fatores de custo de falhas internas
(ocorridas antes da entrega do produto) e outra distribuição para custos de falhas
externa (ocorridas após a entrega do produto). No resultado obtido, observa-se que a
parte em relação a falhas internas o projeto é responsável é 20% dos casos, já nas
falhas externa esse valor sobre para 50%, sendo responsáveis, somados, por um
terço do custo de retrabalho.

Vale ressaltar que o estudo demonstra que os custos para correção das falhas da
qualidade interna e externa atingem respectivamente 6% e 4% dos custos da
produção.

Segundo Abrantes (1995) a capacidade de satisfazer as exigências dos clientes, em


relação ao uso, deve ser vista como a qualidade do empreendimento. As falhas
durante a fase de obra ocorrem devido à falta de importância dada à qualidade nas
etapas anteriores ao processo de execução. A Figura 10 apresenta a porcentagem de
falhas de acordo com sua origem:

Figura 10 - Origens de problemas patológicos na construção civil


(Fonte: ABRANTES, 1995 - Adaptador pelo autor)

51
De acordo com Mawakdye (1993), em uma pesquisa realizada com 378 empresas
ligadas ao setor de construção civil no Brasil, os percentuais das origens da cada uma
das falhas podem ser observados no Quadro 10.

Descrição %
Falhas de Projeto 15
Falhas de especificações 15
Durabilidade 16
Mão de obra 16
Serviços de Terceiros 16
Uso e Manutenção 12
Materiais 9
Outros 1
Total 100

Quadro 10 - Distribuição percentual da origem das falhas registradas em diversas


obras civis
(Fonte: MAWAKDYE, 1993)

Ainda segundo autor e citado por Vanni (1999), destacam-se, na origem de falhas de
projetos, os seguintes fatores:

a) Projetos incompletos;
b) Incompatibilidade dos diversos projetos;
c) Alterações nos projetos;
d) Conflitos entre os distintos projetos;
e) Falta de coordenação;
f) Tempo perdido em reuniões mal conduzidas;
g) Erros na especificação dos materiais;
h) Falta de detalhamento;
i) Dificuldades de interpretação da representação gráfica utilizada;
j) Planejamento inadequado;
k) Falta de padronização e construtibilidade.

Novaes (1998) afirma que devido à desqualificação da importância do projeto,


observa-se execução de procedimento que contribuem para uma elaboração de um
projeto inapropriado para execução, são eles: a insuficiência de detalhes;
incompatibilização entre a concepção e o detalhamento; a falta de integração entre
projetos distintos e a ausência de conformidade entre o projeto e a produção.

O resultado dessas falhas é gerado desperdício, tanto de mão de obra executando o


retrabalho, quanto de materiais descartados. Esses itens geram custos adicionais ao
processo de execução, tornando o empreendimento mais caro que o orçado
inicialmente. O outro grande problema é que os erros ocasionados por projetos, na
rotina das construtoras, só são percebido no momento da execução. Devido à falta de
análise dos projetos, sendo necessária a execução dessa atividade, iniciar antes do
inicio da obra.

O trabalho de Picchi (1993) demonstra que há grande influência dos projetos não
otimizados (compatibilizados) no custo obra. Pois a inexistência dessa atividade
ocasional a desperdício de 6% do custo total da obra.

52
Devido à importância da diminuição de custo de construção, o projeto tem recebido
maior atenção, pois é durante a fase de projeto, que são tomadas as decisões de
maior reflexo nos custos, rapidez e qualidade do empreendimento.

5.5 Falhas nas obras por disciplina

Utilizando os estudos de Giacomelli (2014), Silveira (2002) e Nascimento (2013), foi


possível fazer um levantamento das principais falhas nas obras devido aos projetos
mal coordenados, consequentemente mal compatibilizados.

Vou apresentar as falhas em itens detalhando as principais disciplinas dos sistemas do


processo, são elas: projeto de arquitetura, projeto de estruturas, projeto de instalações
elétricas e especiais,

5.5.1 Arquitetura

Dentre os problemas identificados no projeto podemos citar:

a) Erros de cota - projeto cotado de forma dúbia, dificultando da interpretação da


planta. Necessitando que o mestre faça contas no momento da execução para
confirmar os valores da conta.
a) Falta de detalhamento das Cotas de Níveis - Devido à falta de cortes, não é
possível ter uma boa visão da posição da altimetria do projeto. Causando erros no
momento dos posicionamentos do nível da laje do térreo, sendo esse erro levado
para os demais pavimentos.
b) Detalhes Executivos da guarita - não tendo plantas com os detalhes de corte e
fachada, ficando a cargo do engenheiro de campo determinar a solução, incluindo
nessa tomada de decisão a escolha dos materiais e metodologia de construção.
c) Localização dos Shafts - a localização do shaft não é definida com as instalações
dos sistemas prediais, causando erro de posicionamento.

5.5.2 Estruturas

O problema maior problema descrito nesse projeto é a falta de detalhamento da


cisterna, contemplando as plantas, com a definição dos tipos de paredes e fundos da
mesma. Sendo executado com concreto armado, especificar os projetos de forma e
armação. Outro problema é como não são definidos no projeto de arquitetura os
detalhes da guarita, isso se repete aqui, falta detalhamento do tipo de laje da mesma.

5.5.3 Instalações Hidrossanitárias

A falta de detalhamento com projeto em 3D é uma pauta recorrente, pois dificulta o


levantamento de materiais necessários para execução. Outro ponto pertinente é a
locação dos pontos de passagem das tubulações, que geralmente não coincidam com
os pré-existentes para esse fim.

5.5.4 Instalações Elétricas

Os erros são referentes ao posicionamento dos eletrodutos, onde a locação dos


pontos de luz e de tomadas não é utilizada na execução, devido à incompatibilidade
com os outros projetos de disciplina distinta.

Um exemplo é o posicionamento da tomada do ar-condicionado ser determinada no


projeto elétrico em uma parede e o ponto de coleta da água do mesmo ser
especificado em outra parede pelo projeto hidrossanitário, além da diferença do

53
projeto de ar-condicionado definir outro ponto, devido à especificação técnica do
aparelho.

Outro problema é o tempo para disponibilidade do projeto executivo, sendo entregue


somente após o inicio da obra, causa transtorno com as soluções já adotadas até o
momento.

5.5.5 Instalações Especiais

O projeto apresenta pontos de incompatibilidade com as demais instalações. Sendo o


projeto de instalações o que apresenta pequenos detalhes referentes à execução.
Uma justificativa para a falta de detalhamento é que esses projetos normalmente não
possuem um projeto executivo, sendo utilizado nas obras apenas o projeto
desenvolvido para efeito de aprovação.

5.5.6 Projetos para execução do empreendimento

Existem os projetos que são necessários para execução da obra, mais pouco
elaborado pelos projetistas. Sendo utilizado para auxiliar na melhoria da qualidade do
empreendimento, refletindo em diminuição de retrabalho e prazo, consequentemente,
aumento da eficácia da obra, são citados:

a) Projeto de Passagens de Instalações na Estrutura: é utilizado para execução


correta da previsão de furos nas lajes, auxiliando nos pontos necessários para ser
realizado reforço estrutural. Além de compatibilizar o Shaftis de arquitetura com as
instalações.
b) Projeto da Paginação de Fachada: é utilizado em revestimento cerâmico. Devendo
conter informações referentes à localização e a espessura das juntas de dilatação,
bem como o tipo de argamassa a ser utilizada e a definição da colocação de tela
aramada, locais e tipo material para esta ultima.
c) Projeto de Alvenaria: é importante devido à possibilidade da redução dos custos, já
a execução da atividade, será feita de forma racionalizada, levando em
consideração os pontos de locação das vergas, a quantidade de tijolos da primeira
fiada, espessura da junta, posicionamentos dos pontos de instalação elétrica e
hidrossanitárias.
d) Projeto de Impermeabilização: conterá com detalhes da especificação do material,
diferentes em locais distintos, o acabamento do arremate e a execução do
arremate nos ralos, bem como o material para execução da atividade.

O resultado da falta de detalhamento dos projetos, além da dificulta da execução,


acarreta problemas no setor de compra de materiais. Pois torna a solicitação de
compra algo complexo, que acaba gerando compras erradas.

Outro problema inerente ao processo de elaboração do projeto é a pouca ou completa


ausência do engenheiro construtor nessa etapa. Pois diversos problemas poderiam
sem detectados por ele, devido à qualificação profissional do mesmo, estando ligado
aos problemas que ocorrem durante a etapa de execução do projeto.

54
6 Estudo de Caso

O objetivo do estudo de caso é analisar a falhas na fase de execução do


empreendimento devido à falta de compatibilização dos projetos. Para o
desenvolvimento do trabalho foram utilizados os projetos arquitetônico e
complementar de um edifício na cidade do Rio de Janeiro, cujos projetos foram
cedidos pela construtora responsável pelo empreendimento para fins acadêmicos.

A pesquisa caracteriza-se como descritiva e tem como procedimento de coleta de


dados, o qual abrange os projetos e a obra, que está em fase de execução. As
informações foram coletadas com o engenheiro da obra e o mestre de obra, devido à
ausência de um responsável pela coordenação de projetos.

O processo de desenvolvimento dos projetos pela a empresa estudada é executado


de maneira sequencial, onde a empresa contratou um escritório de arquitetura na
cidade do Rio de Janeiro, que elaborou isoladamente o projeto de arquitetura e
posteriormente foi utilizado como base para desenvolvimento dos projetos
complementares.

O projeto de estrutura e os projetos de instalações foram desenvolvidos por agentes


distintos, onde não existia comunicação entre eles. O projeto de arquitetura foi enviado
aos projetistas através de meio eletrônico, não sendo executada a análise dos
conflitos existentes entre os projetos. Durante o processo de elaboração do projeto
não foi realizada nenhum compatibilização entre os projetos das disciplinas diversas
presentes.

Todos os projetistas envolvidos, arquitetos e engenheiros, utilizaram de softwares


CAD para representação dos projetos em 2D. No desenvolvimento do projeto de
arquitetura ainda são utilizadas outras ferramentas de representação como o CAD 3D,
para o desenvolvimento de perspectivas ilustrativas do empreendimento. Além disso,
também é empregada, uma ferramenta para edição de imagens, utilizada para
melhorar as perspectivas e a humanização das plantas, que fazem parte do material
de publicidade do empreendimento.

6.1 Caracterização da Empresa

A empresa é do setor da construção civil, focada em obras públicas. Com sede no Rio
de Janeiro, a empresa foi criada em 2008, com intuito de realizar de pavimentação,
contenção e drenagem. Hoje a empresa executa, além dessas atividades já citadas,
obras de edificações. O empreendimento analisado foi o primeiro realizado pela
empresa com financiamento próprio, para posterior vendo dos imóveis. Não sendo
executada uma incorporação de imóveis, devido à falta de experiência nesse ramo de
negócio.

6.2 Caracterização da Obra

O empreendimento adotado como objeto de estudo é um edifício residencial


multifamiliar. Ele possui um pavimento térreo, três pavimentos tipo e um pavimento de
casa de máquinas, com área total de construção de 1.258.29 m². Fica localizado na
cidade do Rio de Janeiro – Ilha do Governador, no Bairro Jardim Guanabara.

55
Figura 11 – Esquema da Planta Baixa do Empreendimento

Os pavimentos tipo do edifício são divididos em dois apartamentos distintos, sendo ao


total são seis apartamentos no prédio. O apartamento maior (frente) possui área útil de
147,60 m2, tendo uma suíte, dois quartos, banheiro social, salas conjugadas de jantar
e de estar, cozinha, área de serviço, banheiro de empregada e varanda com
churrasqueira. O apartamento menor (fundos) possui área útil de 125,06m2, com uma
suíte, uma quarto, banheiro social, salas conjugadas de jantar e de estar, cozinha,
área de serviço, banheiro de empregada e varanda com churrasqueira.

A estrutura é de concreto armado constituído de blocos de fundações isolados, pilares,


vigas, lajes maciças, alvenaria de vedação externa em blocos cerâmicos. As demais
instalações segue o padrão de uso comum.

56
Figura 12 – Perspectiva do Empreendimento

6.3 Análise da compatibilização dos Projetos

Durante a fase de execução de obra foi iniciado a verificação dos projetos e


levantados diversos pontos de conflitos e falhas nos projetos. Como não havia um
profissional gerenciador de projetos, a compatibilização foi sendo feita somente no
momento que o conflito era encontrado pelo mestre de obra. Ocasionando atraso no
cronograma, pois muitas vezes a solução não era imediata, fazendo com que
houvesse a necessidade de um estudo mais aprofundado com os projetistas que
elaboraram os projetos conflitantes. Somente após isso a solução era repassa para o
campo.

Os projetos eram revisados pelos projetistas, porém devido à demora, a solução


proposta era muitas vezes executas sem um detalhamento de projeto. O que
acarretava em transtornos posteriores, pois a execução não era executada
perfeitamente de acordo com o passado pelo projetista, causando retrabalho.

6.4 Falhas oriundas das incompatibilidades de projetos

Foram notados diversos problemas construtivos na obra devido à falta de


compatibilização de projetos, que poderia ter identificado previamente falhas no
projeto e pontos conflitantes. Verificou-se esses problemas entre os elementos da
arquitetura, estrutura, das instalações e outros, que acarretaram em revisões,

57
retrabalham dificuldades de execução e aplicações de soluções que diminuíram a
qualidade do produto final da edificação. As falhas são descritas a seguir.

6.4.1 Conflito do posicionamento do Shaft

A locação dos tubos de queda de esgoto na execução da obra estava divergente do


ponto locado no projeto. O projetista de estrutura dimensionou os furos na laje
referentes ao shaft utilizando como base os projetos de arquitetura, porém o projetista
de instalação posicionou os tubos de queda em outro ponto. Para mitigar a situação foi
feito uma nova abertura na laje, sendo está não dimensionada no projeto estrutural,
para efetuar a passagem da tubulação e o fechamento da passagem anterior.

Não houve previsão para o shaft para as instalações de elétrica, sendo necessário
efetuar uma nova abertura na laje para permitir a passagem desse sistema predial.

6.4.2 Conflito com o projeto de Estrutura

A dimensão das vigas e pilares, quando dimensionas pelo projetista estrutural, ficou
muita mais robusta que o dimensionado esperado pela arquitetura. Isso acarretou
alguns problemas observados.

O primeiro conflito é devido às paredes ficaram com saliências, referente à diferença


da espessura da alvenaria com as vigas e pilares. Devido a essas saliências não
serem bem vistas pelo cliente, a solução adotada foi fazer preenchimento das
paredes, conforme Figura 13. O custo e o tempo com essa atividade foram maiores
em relação ao orçamento previsto, segundo o engenheiro da obra.

Figura 13 – Incompatibilidade do projeto de estrutura com o projeto de arquitetura

Outra falha observada é que a execução da passagem de tubulações das instalações


hidrossanitárias para respeitarem o pé direito, definido pela arquitetura, foi necessária
fazerem alguns furos nas vigas. Caso contrário, o pé direito da edificação ficaria com a
dimensão menor que a permitida pela norma que rege desempenho da edificação.
Devido ser diversos pontos de conflitos com os pontos de elétrica (Figura 14), foi
necessário utilizar outra solução para esse sistema. A solução adotada foi executado o
rebaixo de gesso utilizando sanca. Assim possibilitou um aumento do pé direito,
conforme Figura 15.

58
Figura 14 – Incompatibilidade do Projeto de Estrutura com o Projeto de Elétrica

Figura 15 – Solução do conflito utilizando rebaixo de gesso

Outro ponto que ocorreu divergências do projeto de estrutura com o projeto de


incêndio, devido à largura do pilar próximo da escada ter dimensão maior que o
definido no projeto de arquitetura, o tamanho do shatf que existia nesse ponto ficou
menor. O que impossibilitou a passagem da tubulação de incêndio, sendo necessário
realocar as caixas de incêndio para outro ponto.

No pavimento tipo ocorreu um conflito com o projeto de hidráulica, no ponto de


descida da tubulação que alimentaria os aparelhos, sendo destacado a seguir.

No banheiro da suíte do apartamento dos fundos, foi necessário trocar o ponto de


descida da tubulação de hidráulica. Pois o ponto ficaria em juntamente com o pilar e
devido a dimensão do box, não teria possibilidade de fazer novo shatf. Na Figura 16 é
demonstrado o retrabalho como serviço, pois já havia sido quebrada a parede e
posicionado os tubos.

59
Figura 16 – Conflito do projeto de estrutura com o projeto hidrossanitário

Podemos citar também o erro que ocorreu no pavimento térreo, onde o a janela e
porta da entrada da casa do zelador ficaram posicionas onde estava localizado no
projeto de estruturas um. Devido ao pavimento térreo tem sido o último a iniciar a
alvenaria, não notado pelo mestre de obra esse conflito. Foi necessário contactar a
projetista responsável pela arquitetura para a mesma propor uma solução viável e que
preconize as normas legais.

6.4.3 Conflito com projeto de Instalações

No banheiro social do banheiro tipo, ocorreu o conflito entre o projeto de Elétrica e o


projeto hidrossanitário. Pois o eletroduto transpassava a tubulação de água fria e
quente, tornando impossível a execução do projeto, conforme Figura 17. A solução
proposta foi a quebra da parede e novo posicionamento da tubulação de hidráulica,
conforme Figura 18.

60
Figura 17 – Ponto de conflito do projeto de hidráulica com o projeto de Elétrica

Figura 18 – Conflito do projeto de estrutura com o projeto hidrossanitário

É importante ressaltar que a empresa não demonstrou qualquer tipo de controle


quanto ao custo e prazo das atividades exercitadas devido ao retrabalho com os erros
verificados. O que impossibilitou o levantamento desse custo adicional ao valor total
do empreendimento.

No estudo de caso foi demonstrado que a falta de compatibilização gerar diversos


retrabalhos e desperdício de insumos, que podem ser mitigados. Além de possibilitar a
facilidade na execução do projeto, com a metodologia de construção definida.
Podemos perceber que a coordenação tem um papel fundamental nesse contexto.

61
7 Conclusões

7.1 Considerações finais

O trabalho apresentou a metodologia pertencente à compatibilização de projetos, bem


como a consequência da não realização da atividade e o que as falhas do mesmo
acarretam na execução do empreendimento. Nesse contexto, foram abordadas
questões como coordenação de projetos, gestão da qualidade de projetos e o
processo do projeto. Além disso, foram apresentadas as dificuldades da atividade de
coordenação e a importância da comunicação no processo de elaboração de projetos.

Ao final do trabalho, concluímos que a coordenação de projetos é uma atividade


crescente e necessária no processo de elaboração de projetos. Sendo responsável
por reduzir erros, melhorar a eficiência na execução do projeto e aumentar a
competitividade do empreendimento. As vantagens em relação à utilização do
coordenador de projetos são enumeras, entre elas: a redução do tempo da etapa de
projeto; redução do número de alterações de projetos; redução do retrabalho; ajuste
do custo do projeto com o orçamento previsto para o empreendimento.

É importante ressaltar, que a compatibilização de projetos, deve ocorrer ao longo de


todo o processo de elaboração de projeto, sendo agregadas as especificações de
todos os projetos complementares, especialmente no inicio, onde o custo e o impacto
são menores. Vale salientar que o projeto é executado por uma equipe de diversas
disciplinas e conflitantes, cabendo ao coordenador de projeto o papel de mediador e
tomador de decisão. Participação da equipe multidisciplinar ajuda a elucidar os
problemas que podem ocorrer durante a execução do projeto, bem como apresentar
soluções.

Com o estudo de caso pode ser observado que não há acompanhamento da obra
sobre os custos dos retrabalhos, do desperdício de material e atrasado do cronograma
devido ao retrabalho. Além disso, a falta detalhamento construtivos dos projetos
acarreta em atrasos, pois não tendo detalhamento de material e do método
construtivo, cabe ao profissional do campo e escolha das soluções.

A compatibilização de projetos através da superposição de plantas de duas dimensões


são limitadas, por exemplo, nos projetos de sistemas prediais não há possibilidades de
visualizar a altura dos tubos e eletroduto, dificultado uma visão global do projeto.

Verificou-se que a falta de compatibilidade dos projetos ocorreu devido a empresa não
ter contratato ou possuir em seu quadro de funcionários um coordenador de projetos.
Pois os conflitos de projetos ocorrem basicamente divido a falta de comunicação entre
os vários participantes do processo. A constatação dos conflitos e falhas entre projetos
de disciplinas distintas é um recurso para servir como planejamento e embasamento
das soluções reparadoras futuras.

O papel da compatibilização é facilitar a etapa de execução da obra, impedindo o


retrabalho e desperdício de insumos.

7.2 Sugestões para trabalhos futuros

A recomendação para extensão e continuidade desse trabalho é estudar as falhas


oriundas de projetos e analisar os custos das possíveis intervenções, comparando-os
com custo total da obra.

62
8 Referências bibliográficas

ÁVILA, Vinícius M. Compatibilização de projetos na construção civil: estudo de


caso em um edifício residencial multifamiliar. 2011. 86f. Monografia
(Especialização em Construção Civil) – Escola de Engenharia da Universidade Federal
de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

ABRANTES, V. Construção em bom português. Téchne, n. 14, p 27-31, jan/fev.


1995.

CAIADO, V.N.S.; SALGADO,M.S A qualidade da contratação dos projetistas de


arquitetura – um estudo de caso nas construtoras do rio de janeiro- artigo técnico
IV Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projeto na Construção de edifícios-
Rio de janeiro- dezembro- 2004- 6p.

CAIADO,V.N.S.; SALGADO,M.S A gestão de contratos e sua influencias na


qualidade do processo de projeto: estudo de caso em construtoras do Rio de
Janeiro. Gestão e Tecnologia de Projetos, v.1, n.1, p.58-75, nov. 2006.

CHERMONT, Gisele Salgado de. A qualidade na gestão de projetos de sistemas


de informação. 2001. Tese (Pós-Graduação de Engenharia) - COPPE, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, RJ.

FABRÍCIO, Marcio Minto; BAÍA, Josaphat Lopes; MELHADO, Silvio Burrattino. Estudo
da sequencia de etapas do projeto na construção de edifícios: cenário e
perspectivas. Encontro Nacional de Engenharia de Produção, v. 18, 1998.Disponível
em http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1998_ART230.pdf. Acesso em
05/03/2015.

FABRICIO, M. M. Projeto Simultâneo na construção de edifícios. 2002. 329p. Tese


(Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2002.

GALASSI, Carlos P. O Gerenciamento da comunicação na visão de um


coordenador de projetos. Salvador, 2011.

GRILO, L. M. et al, Novas formas de contratação e organização dos


empreendimento no segmento de construção de edifícios para terceiros. In:
ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA NO AMBIENTE CONSTRUIDO, 9,2002,
Foz de Iguaçu. Anais... Foz de Iguaçu: UNIOEST/UEL/UEM/UFPR, 2002, p. 683-692.

GRILO, L. M. et al, Implementação da gestão da qualidade em empresas de


projeto. Ambiente Construído, Porto Alegre,v.3, n-1, p55-67,jan/mar.2003.

HAMMARLUND, Y.; JOSEPHSON, P. E. Qualidade: cada erro tem seu preço.


Tradução de Vera M. C. Fernandes. Téchne, n. 1, p. 32-34, nov. / dez. 1992.

KOWALTOWSKI, D.C.C.K; CELANI, M.G.C; MOREIRA, D.C.; PINA, S.AM.;


RUSCHEL, R.C.; SILVA,V.G. da; LABAKI, L.C. & PETRECHE,J.R.D. Reflexão sobre
metodologias de projeto arquitetônico. Revista Ambiente Construído. Porto
Alegre, v.6, n.2, p. 07-19, abr./jun. 2006.

MAWAKDIYE, A. Maior do que se pensa. Construção, n. 284, p.10 – 11, janeiro /


1997.

63
MELHADO, Silvio Burrattino. Qualidade do projeto na construção de edifícios:
aplicação ao caso das empresas de incorporação e construção. 1994. Tese
(Doutorado em Engenharia) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São
Paulo.

MELHADO, S. B. et al. Coordenação de projeto de edificações. São Paulo: Edi-tora


O Nome da Rosa, 2005.

MELHADO, S. B. Proposição alternativa para qualificação de empresas de 2003.


Disponível em http://silviobm.pcc.usp.br. Acesso em 05/08/2015.

MELHADO, S. B. Gestão, cooperação e integração para um novo modelo voltado


"a qualidade do processo de projeto na construção de edifícios". 2001.Tese
(Livre docência) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo.

MIKALDO JR., Jorge. Estudo comparativo do processo de compatibilização de


projetos em 2D e 3D com o uso de TI. 2006. 150f. Dissertação (Mestrado em
Construção Civil) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006.

MIKALDO JR, Jorge. SCHEER, Sergio. Compatibilização de projetos ou


engenharia simultânea: qual a melhor solução? 2008. Curitiba, Paraná.

NASCIMENTO, JOSÉ MARCOS DO. A importância da compatibilização de


projetos como fator de redução de custos na construção civil. 2013. Goiâna,
Goiás. Disponível em http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/a-Import%C3%A2ncia-
Da-Compatibiliza%C3%A7%C3%A3o-De-Projetos/32645038.html. Acesso em
02/08/2015.

NOVAES, Celso Carlos. Ações para controle e garantia da qualidade de projetos


na construção de edifícios. Anais do em CD do Workshop Gestão do processo de
projeto na construção de edifícios, São Paulo, 2001.

OLIVEIRA, O. J, GOZZI, S. Sistema de Gestão da Qualidade em Empresas de


Construção: Um Estudo de Caso. In: Seminários Avançados de Administração dA
FEA/USP. São Paulo: FEA/USP, 2001.

PICCHI, F. A. Sistemas de qualidade: uso em empresas de construção de


edifícios. São Paulo 1993. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, 461p.

RODRIGUEZ, M. A. A.; HEINECK, L. F. M.. A Construtibilidade no Processo de


Projeto de Edificações. In: III Simpósio Brasileiro de Gestão e Economia da
Construção, 2003, São Carlos. Anais do III Simpósio Brasileiro de Gestão e Economia
da Construção, 2003.

SILVA, MARIA VITÓRIA MARIM FERRAZ PINTO- As atividades de coordenação e


a gestão do conhecimento nos projetos de edificações- Dissertação (mestrado)
Universidade de São Carlos- Programa de pos graduação em Construção civilUFScar,
2004- 202p.

DA SILVEIRA, Jacson Carlos et al. Problemas encontrados em obras devido às


falhas no processo de projeto: visão do engenheiro de obra. In: II Workshop
Nacional de Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edificações. 2002.

64
TZORTZOPOULOS, P. Contribuições para o desenvolvimento de um modelo do
processo de projeto de edificações em empresas construtoras incorporadoras
de pequeno porte. Porto Alegre, 1999. Dissertação (Mestrado) – Escola de
engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 150p.

VANNI, C. M. K.; GOMES, A. M.; ANDERY, P. R. P. Análise de falhas aplicadas à


otimização de projetos de edificações. In: XIX ENCONTRO NACIONAL DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, Rio de Janeiro, 1999. Horizontes da engenharia de
produção: CD-ROM. Rio de Janeiro, UFRJ/ABEPRO, 1999, 16p

TAVARES JUNIOR, W. Desenvolvimento de um modelo para compatibilização


das interfaces do projeto de edificações em empresas construtoras de pequeno
porte. Florianópolis, 2001. Tese (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina.

65

Você também pode gostar