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13/07/2021 Conversas essenciais

Conversas essenciais
Joy D. Jones
Recém-desobrigada presidente geral da Primária

Não podemos esperar que as crianças simplesmente se convertam. A conversão


como acontecimento isolado não é um princípio do evangelho de Jesus Cristo.

Já se perguntaram por que chamamos a Primária de “Primária”? Embora o nome


se refira ao aprendizado espiritual que as crianças recebem na infância, para mim
ele também é um lembrete de uma verdade poderosa. Para o Pai Celestial, as
crianças nunca foram de importância secundária — elas sempre tiveram importância
“primária”. 1

Ele confia em nós para valorizar, respeitar e proteger os filhos de Deus. Isso
significa que nunca os prejudicamos física, verbal ou emocionalmente de nenhuma
forma; mesmo em momentos de muita tensão e estresse. Em vez disso, nós
valorizamos as crianças e fazemos tudo o que podemos para impedir os males do
abuso. Cuidar delas tem importância primária para nós — e para Ele também. 2

Um pai e mãe jovens se sentaram à mesa da cozinha conversando sobre o dia que
tiveram. Eles ouviram um barulho, lá do fundo do corredor, e a mãe perguntou: “O
que foi isso?”

Em seguida, ouviram um choro bem baixinho que vinha do quarto do filho de 4


anos e correram pelo corredor. Ele estava ali, deitado no chão ao lado de sua cama.
A mãe pegou o filhinho e perguntou o que tinha acontecido.

Ele disse: “Caí da cama”.

“Por que você caiu da cama?”, perguntou a mãe.

Ele encolheu os ombros e disse: “Não sei. Acho que só não consegui subir”.

É sobre “conseguir subir” que gostaria de falar nesta manhã. Temos o privilégio e a
responsabilidade de ajudar as crianças a “conseguir subir” no evangelho de Jesus
Cristo. E nunca é cedo demais para isso.

Há uma fase particularmente especial na vida das crianças quando estão protegidas
da influência de Satanás. Uma época em que são inocentes e não pecam. 3 Um
tempo sagrado para os pais e a criança. As crianças devem ser ensinadas, pela
palavra e pelo exemplo, antes e depois de “[terem] alcançado a idade da
responsabilidade perante Deus”. 4

O presidente Henry B. Eyring ensinou: “Nossa probabilidade de sucesso é maior


com as crianças (…). O melhor momento de ensinar as crianças é bem cedo,
enquanto ainda são imunes às tentações [do] inimigo mortal, e bem antes que o
barulho das dificuldades pessoais as impeça de ouvir as palavras da verdade”. 5 Esse

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ensinamento vai ajudá-las a perceber sua identidade divina, seu propósito e as ricas
bênçãos que as aguardam ao fazerem convênios sagrados e receberem as
ordenanças ao longo do caminho do convênio.

Não podemos esperar que as crianças simplesmente se convertam. A conversão


como acontecimento isolado não é um princípio do evangelho de Jesus Cristo.
Tornar-se como o Salvador não é algo que acontece por acaso. O esforço consciente
de amar, ensinar e testificar pode ajudar as crianças, mesmo as mais novas, a
começar a sentir a influência do Espírito Santo. O Espírito Santo é essencial ao
testemunho das crianças e à conversão a Jesus Cristo; desejamos que elas “sempre
se [lembrem] dele, para que possam ter consigo o seu Espírito”. 6

Pensem no valor das conversas em família a respeito do evangelho de Jesus Cristo,


conversas essenciais, que podem convidar o Espírito. Quando temos essas conversas
com nossos filhos, nós os ajudamos a construir um alicerce “que é um alicerce
seguro; e se [eles] edificarem sobre esse alicerce, não cairão”. 7 Quando
fortalecemos um filho, fortalecemos a família.

Esses debates importantes podem levar as crianças a:

Compreender a doutrina do arrependimento.

Ter fé em Cristo, o Filho do Deus vivo.

Escolher o batismo e o dom do Espírito Santo quando tiverem 8 anos de idade. 8

E orar e “andar em retidão perante o Senhor”. 9

O Salvador exortou: “Portanto, dou-te o mandamento de ensinares estas coisas


liberalmente a teus filhos”. 10 E o que Ele desejava que ensinássemos liberalmente?

1. A Queda de Adão

2. A Expiação de Jesus Cristo

3. A importância de nascer de novo 11

O élder D. Todd Christofferson ensinou: “Certamente o adversário se regozija


quando pais não ensinam e não orientam os filhos a terem fé em Cristo e a
nascerem de novo espiritualmente”. 12

Por outro lado, o Salvador deseja que ajudemos as crianças a “[pôr sua] confiança
naquele Espírito que leva a fazer o bem”. 13 Para isso, podemos ajudá-las a
reconhecer quando estão sentindo o Espírito e a discernir quais atitudes fazem com
que o Espírito Se afaste. Assim, aprendem a se arrepender e a retornar à luz por
meio da Expiação de Jesus Cristo. Isso ajuda a incentivar a resiliência espiritual.

Podemos nos divertir ajudando nossos filhos a desenvolver resiliência espiritual em


qualquer idade. Não precisa ser nada complicado ou demorado. Conversas simples
e amorosas podem fazer com que as crianças não só compreendam em que
acreditam, mas, o mais importante, compreendam por que acreditam nessas coisas.
Conversas amorosas, que acontecem natural e regularmente, podem levar a uma
compreensão melhor e a respostas. Não vamos permitir que a conveniência dos
dispositivos eletrônicos nos impeça de ensinar e escutar nossos filhos, e de olhar em
seus olhos.

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Outras oportunidades de conversas essenciais podem surgir por meio de


encenações. Os membros da família podem encenar situações em que estão sendo
tentados ou pressionados a fazer uma escolha ruim. Esse exercício pode fortalecer
as crianças para que estejam preparadas numa ocasião desafiadora. Por exemplo,
podemos encenar e depois fazer um debate, perguntando às crianças o que elas
fariam:

Se estivessem tentadas a quebrar a Palavra de Sabedoria.

Se estivessem expostas à pornografia.

Se estivessem tentadas a mentir, roubar ou trapacear.

Se ouvissem algo de um amigo ou professor da escola que fosse contrário às suas


crenças ou aos seus valores.

Ao encenarem e depois debaterem sobre isso, em vez de serem pegas de surpresa


por um ambiente hostil de um grupo de colegas, as crianças podem estar armadas
com “o escudo da fé com o qual [poderão] apagar todos os dardos inflamados dos
iníquos”. 14

Um amigo próximo aprendeu essa lição crucial quando tinha 18 anos de idade. Ele
se alistou nas forças armadas dos Estados Unidos durante o conflito entre os
Estados Unidos e o Vietnã. Ele foi designado ao treinamento básico de infantaria a
fim de se tornar soldado. Meu amigo comentou que o treinamento foi exaustivo e
descreveu seu instrutor dizendo que ele era uma pessoa cruel e desumana.

Certo dia, seu esquadrão estava portando todo o equipamento de combate,


caminhando sob um calor escaldante. De repente, o instrutor gritou para que eles
se jogassem no chão e não se mexessem. Ele estava atento até mesmo ao menor
sinal. Qualquer movimento resultaria em graves consequências depois. O
esquadrão sofreu por mais de duas horas no calor, com a raiva e o ressentimento
que cresciam em relação a seu líder.

Depois de muitos meses, nosso amigo se viu liderando um esquadrão pelas florestas
do Vietnã. E não era só um treinamento, era de verdade. Eles conseguiam ouvir
tiros que vinham do alto das árvores ao redor. O esquadrão inteiro imediatamente
se jogou no chão.

O que o inimigo estava procurando? Movimento. Qualquer movimento causaria


um tiroteio. Meu amigo disse que, enquanto estava deitado, suando e imóvel no
chão, no meio da mata, esperando muitas horas para anoitecer, ele se lembrou do
treinamento básico e da profunda antipatia que tinha por seu instrutor. Agora, ele
sentia muita gratidão — pelo que ele lhe havia ensinado e como o havia preparado
para essa situação crítica. O instrutor havia sabiamente equipado nosso amigo e o
esquadrão com a capacidade de saber o que fazer em um combate. Na verdade, ele
salvou a vida de nosso amigo.

Espiritualmente, como podemos fazer o mesmo por nossos filhos? Como podemos
nos esforçar mais plenamente para ensiná-los, fortalecê-los e prepará-los muito
antes de entrarem no campo de batalha da vida? 15 Como podemos convidá-los
para que “consigam subir”? Não seria melhor fazê-los “suar” no ambiente seguro
de aprendizado do lar em vez de sangrarem nos campos de batalha da vida?

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Quando relembro minhas experiências, houve ocasiões em que meu marido e eu


nos sentimos instrutores em nossa diligência para ajudar nossos filhos a viver o
evangelho de Jesus Cristo. O profeta Jacó pareceu ter expressado o mesmo
sentimento quando disse: “Desejo o bem-estar de vossa alma. Sim, minha ansiedade
por vós é grande e vós sabeis que sempre tem sido”. 16

À medida que as crianças aprendem e progridem, suas crenças serão desafiadas.


Contudo, se estiverem devidamente equipadas, conseguirão desenvolver fé,
coragem e confiança mesmo em meio à forte oposição.

Alma nos ensinou a “[preparar] a mente [dos] filhos”. 17 Estamos preparando a nova
geração para serem os futuros defensores da fé, para compreenderem que “[são]
livres para agir por [si] mesmos — para [escolherem] o caminho da morte eterna ou
o caminho da vida eterna”. 18 As crianças merecem compreender esta grande
verdade: o pior erro é errar com respeito à eternidade.

Que nossas conversas simples porém essenciais com nossos filhos os ajudem a
“[desfrutar] as palavras da vida eterna” hoje, para que possam desfrutar “a vida
eterna no mundo vindouro, sim, glória imortal”. 19

À medida que os nutrimos e os preparamos, permitimos que usem o arbítrio,


passamos a amá-los de todo o coração, ensinamos-lhes os mandamentos de Deus e
Sua dádiva do arrependimento e nunca, jamais, desistimos deles. Afinal, não é
assim que o Senhor age com cada um de nós?

Prossigamos com firmeza em Cristo, sabendo que podemos ter “um perfeito
esplendor de esperança” 20 por meio de nosso amoroso Salvador.

Testifico que Ele sempre é a resposta. No sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.

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