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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE


MESTRADO EM INCLUSÃO SOCIAL E ACESSIBILIDADE

JIVAGO PERES DI NAPOLI

TECNOLOGIA ASSISTIVA:
O DESIGN DO MOBILIÁRIO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Novo Hamburgo
2010
Livros Grátis
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Milhares de livros grátis para download.
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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE


MESTRADO EM INCLUSÃO SOCIAL E ACESSIBILIDADE

JIVAGO PERES DI NAPOLI

TECNOLOGIA ASSISTIVA:
O DESIGN DO MOBILIÁRIO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Trabalho de Conclusão apresentado ao


Mestrado em Inclusão Social e
Acessibilidade como requisito para a
obtenção do título de mestre em Inclusão
Social e Acessibilidade.

Orientador: Profª. Dra. Regina de Oliveira Heidrich


Co-Orientador: Prof. Dr. João Carlos Jaccottet Piccoli

Novo Hamburgo
2010
3

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

Di Napoli, Jivago Peres


Tecnologia assistiva: o design do mobiliário para pessoas com
deficiência / Jivago Peres Di Napoli. – 2010.
155 f. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Inclusão Social e Acessibilidade) –


Feevale, Novo Hamburgo-RS, 2010.
Inclui bibliografia e apêndice.
“Orientador: Regina de Oliveira Heidrich” ; “Co-Orientador: João
Carlos Jaccottet Piccoli”.

Bibliotecário responsável: Cássio Felipe Immig – CRB 10/1852


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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE


MESTRADO EM INCLUSÃO SOCIAL E ACESSIBILIDADE

JIVAGO PERES DI NAPOLI

TECNOLOGIA ASSISTIVA:
O DESIGN DO MOBILIÁRIO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Trabalho de Conclusão de mestrado aprovado pela banca examinadora em 18 de


Fevereiro de 2010, conferindo ao autor o título de mestre em Inclusão Social e Acessibilidade.

Componentes da Banca Examinadora:

Profª. Drª. Regina de Oliveira Heidrich (Orientadora)


Centro Universitário Feevale

Profª. Drª. Jacinta Sidegum Renner


Centro Universitário Feevale

Prof. Dr. Wilson Kindlein Junior


Universidade Federal do Rio Grande do Sul
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a professora orientadora, Regina de Oliveira


Heidrich, por sua acolhida desde o início de meu ingresso na
Incubadora Tecnológica da Feevale, dispondo de seu tempo
com dedicação. Também reservo especial agradecimento ao
professor co-orientador, João Carlos Jaccottet Piccoli, por sua
substancial e exímia instrução metodológica no
desenvolvimento desta pesquisa.

Aos amigos e colegas da ACADEF, pela possibilidade


de estarmos juntos nessa luta.

Aos meus sogros, Moacir e Elizabeth, pelo apoio.

Aos meus pais, Ricardo e Dulce, por seu constante


incentivo as minhas atividades acadêmicas.

A minha esposa, Karine, pela compreensão na falta de


minha atenção, por seu amor incondicional e estímulo.

Ao meu filho, Nicolas, pelo qual sou apaixonado.


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RESUMO

O presente estudo caracterizado como exploratório, de natureza qualitativa do tipo estudo de


caso, teve como objetivo analisar e avaliar o mobiliário residencial individualizado de pessoa
com deficiência física, paraplégica, quanto a sua acessibilidade funcional. Os instrumentos de
investigação desta pesquisa compreenderam o levantamento do histórico de alta de
prontuários individuais particulares de ex-pacientes de reabilitação em fisioterapia,
questionários combinado a respostas abertas; material para escrita e anotações; máquina
fotográfica digital; análises técnicas da acessibilidade, da biomecânica e cinesiológica de
posturas de membros superiores. A análise e a discussão dos dados foi realizada através da
sistemática de categorização dos elementos. Os resultados foram analisados dentro de um
contexto real e subjetivo, que demonstrou, através de referenciais teóricos, que a maioria do
mobiliário oferecido pelo mercado atual para usuários domésticos não é adequado às pessoas
com deficiência. O estudo constatou que o mobiliário residencial, armários organizadores, no
caso avaliado, não é acessível funcionalmente para as condições do usuário e propõe sua
substituição com um projeto de redesenho de um móvel adequado às necessidades específicas
do usuário.

Palavras-chave: Mobiliário. Acessibilidade. Pessoas com Deficiência. Tecnologia Assistiva.


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ABSTRACT

This study characterized as exploratory, qualitative case study, aimed to analyze and evaluate
the individualized residential furniture physically handicapped person, paraplegic, as its
functional accessibility. The instruments of investigation in this research comprised a survey
of the historical high of individual private medical records of former psychiatric patients in
rehabilitation therapy, questionnaires combined open-ended, written material and notes,
digital camera, technical analysis of accessibility, biomechanics and cinesiological postures of
upper limbs. The analysis and discussion of the data was accomplished through the systematic
categorization of the elements. The results were analyzed in a real context and subjective, as
demonstrated through theoretical, that most of the furniture offered by the current market for
home users is not suitable for people with disabilities. the study found that residential
furniture, cabinets, organizers, if rated, is not functionally accessible to the conditions of the
user and proposes its replacement with a redesign project of a mobile appropriate to the
specific needs of the user.

Key-words: Furniture. Accessibility. People with Deficiency. Assistive Technology.


8

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A – Questionário 01 ............................................................................................. 96


Apêndice A.1 - Questionário 02 ......................................................................................... 100
Apêndice B – Antropometria ............................................................................................. 103
Apêndice C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............................................. 106
Apêndice D – Termo de Autorização do Uso de Imagem ................................................... 109
Apêndice E - Detalhamento dos Instrumentos ................................................................... 112
Apêndice F – Rascunhos .................................................................................................... 117
Apêndice G - Desenho Técnico .......................................................................................... 120
Apêndice H – Rendering .................................................................................................... 120
9

LISTA DE ANEXOS

Anexo A – Roteiro de Vistoria do Crea/RS ........................................................................ 133


Anexo B - Anatomia Aplicada do Ombro........................................................................... 137
Anexo C – Planos Corporais .............................................................................................. 140
Anexo D - Posições e Movimentos Corporais do Membro Superior ................................... 143
Anexo E - Articulação Escapulo-Gleno-Umeral ................................................................. 145
Anexo F - Anatomia do Ombro .......................................................................................... 148
Anexo G – Cep Feevale..........................................................................................................154
10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cadeira de rodas convencional..................................................................................27


Figura 2 - Componentes da cadeira de rodas...... .......................................................................28
Figura 3 - Residência do sujeito participante.............................................................................37
Figura 4 - Vista parcial da rampa de acesso ao hall principal....................................................38
Figura 5 - Portas com 80 cm de largura.....................................................................................39
Figura 6 - Acesso ao banheiro ................................................................................................40
Figura 7 - Lavatórios..................................................................................................................41
Figura 8 - Box de banho.............................................................................................................42
Figura 9 - Espelhos com e sem organizador embutido ..........................................................42
Figura 10 - Barra de apoio vaso sanitário....... .......................................................................42
Figura 11 - Vista parcial da rampa de acesso ao hall.................................................................43
Figura 12 - Vista parcial da sala conjugada à garagem..............................................................43
Figura 13 - Porta principal de acesso à residência......................................................................44
Figura 14 - Fundos com lavanderia............................................................................................44
Figura 15 – Churrasqueira com espetos giratórios.....................................................................45
Figura 16 - Balcão organizador na cozinha com acesso às portas somente lateral ....................47
Figura 17 –Sujeito participante, na sua pia de lavar louças........................................................47
Figura 18 - Usando Fogão..........................................................................................................48
Figura 19 –Gavetão de difícil alcance........................................................................................48
Figura 20 - Gavetas alcance limitado.........................................................................................49
Figura 21 - Gavetas com alcance limitado.................................................................................49
Figura 22 - Gaveteiro limita acesso............................................................................................50
Figura 23 - Comôda....................................................................................................................50
Figura 24 - Rack de computador e periféricos adequados..........................................................51
Figura 25 - Avanço do quadro .................................................................................................52
Figura 26 - Distância de transferência ....................................................................................52
Figura 27 – Seqüência de transferência para cama exige esforço de membros superiores.........53
Figura 28 - Objetos ou roupas ao fundo das prateleiras não são alcançados.............................55
Figura 29 - Inclinação lateral do tronco para acessar prateleira inferior ................................55
Figura 30 - Vista posterior do participante acessando o tampo superior ................................56
Figura 31 - Vista anterior do participante acessando o tampo superior ................................56
Figura 32 - Alcance de objetos nas prateleiras de aramados com bengala................................57
Figura 33 - Medidas aproximadas para um homem...................................................................58
Figura 34 - Vista perfil posição neutra ....................................................................................62
Figura 35 - Vista anterior ombros..............................................................................................62
Figura 36 - Vista Anterior Inclinação lateral com abdução do ombro esquerdo.......................62
Figura 37 - Vista Anterior Inclinação lateral com abdução do ombro direito...........................62
Figura 38 - Vista anterior – impossível de alcançar com membro superior direito...................63
Figura 39 - Vista anterior – impossível alcançar com membro superior esquerdo ...................63
Figura 40 - Alcance anterior de membros superiores é muito limitado. ................................63
Figura 41 - Membro superior direito elevado acima da cabeça, puxando um cobertor.............65
Figura 42 - Arco doloroso..........................................................................................................66
Figura 43 – Goniometria............................................................................................................66
11

Figura 44 - Articulação escapuloglenoumeral e esterno-clavicular respectivamente.................66


Figura 45 – Centro de Gravidade. Participante tenta alcançar a prateleira inferior...................67
Figura 46 - Fatores de alcance para deficientes.........................................................................69
Figura 47 - Gancho prolongador de alcance..............................................................................71
Figura 48 - Gancho prolongador de alcance..............................................................................71
Figura 49 - Croqui com a idéia inicial........................................................................................73
Figura 50 - Dimensões Funcionais do corpo humano................................................................74
Figura 51 – Croqui com dimensões do Redesenho do Móvel em perfil ................................75
Figura 52 - Croqui do projeto em perfil demonstra abertura da bandeja principal ...................76
Figura 53 – Croqui esquema demonstra a proposta de 08 prateleiras em sistema rotativo.......76
Figura 54 - Outras cotas em croqui com dimensões técnicas de espaços restritos ...................77
Figura 55 – Croqui de cotas e dimensões técnicas de espaços restritos A ................................78
Figura 56 – Croqui de cotas e dimensões técnicas de espaços restritos B.................................79
Figura 57 – Croqui de cotas e dimensões técnicas de espaços restritos C ................................80
Figura 58 – Croqui de cotas e dimensões técnicas de espaços restritos D ................................81
Figura 59 – Croqui sugerido do painel (em destaque ampliado à esquerda) ............................83
12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Centro de gravidade em vista posterior da Figura 41 ..............................................64


Tabela 2 – Centro de gravidade em vista posterior da Figura 45 .............................................65
13

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15
1 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 20
1.1 Desenho Universal, Acessibilidade e Tecnologias Assistivas ...................................... 20
1.1.1 Desenho Universal............................................................................................... 20
1.1.1.1 Design .......................................................................................................... 20
1.1.1.2 Design arquitetônico ..................................................................................... 21
1.1.1.3 Design inclusivo ........................................................................................... 21
1.1.2 Acessibilidade ..................................................................................................... 23
1.1.3 Tecnologias Assistivas......................................................................................... 23
1.1.3.1 Serviços ........................................................................................................ 24
1.1.3.2 Recursos ....................................................................................................... 25
1.1.3.3 Sistemas de controle de ambiente .................................................................. 25
1.1.4 Lesão medular: paraplegia e dor no ombro........................................................... 25
1.1.4.1 A cadeira de rodas e suas dimensões ............................................................. 27
1.1.5 O ambiente residencial destinado aos paraplégicos: sob a ótica da ergonomia para
qualidade de vida ......................................................................................................... 28
2 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................... 33
2.1 Delineamento da pesquisa .......................................................................................... 33
2.1.1 Caracterização do sujeito ..................................................................................... 33
2.1.2 Instrumentos de coleta de dados........................................................................... 33
2.1.3 Etapas da pesquisa ............................................................................................... 33
3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................... 36
3.1 Categoria lar............................................................................................................... 36
3.1.1 Subcategoria acessibilidade do ambiente.......................................................... 36
3.2 Categoria Mobiliários ................................................................................................. 46
3.2.1 Subcategoria Mobiliários da Cozinha/Estar ................................................. 46
3.2.2 Subcategoria Mobiliários do quarto principal ................................................... 50
3.3 Categoria mobiliário escolhido ................................................................................... 54
3.4 Categoria Medidas antropométricas e peso ................................................................. 58
3.4.2 Subcategoria Análise Cinesiológica e Biomecânica de Membros Superiores .... 61
3.4.3 Subcategoria Discussão da Primeira Postura .................................................... 66
14

3.4.4 Subcategoria Discussão da Segunda Postura .................................................... 67


3.4.5 Subcategoria Equilíbrio das Posturas ............................................................... 68
PROPOSTAS ...................................................................................................................... 70
4.1 O PÉ DIREITO COMO ESPAÇO ÚTIL .................................................................... 70
4.2 o Projeto de Redesenho .............................................................................................. 72
4.2.1 Descrição do Projeto de Desenho ..................................................................... 72
CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 84
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 86
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 87
APÊNDICES............................................................................................................................95
ANEXOS.................................................................................................................................132
15

INTRODUÇÃO

Como nunca visto antes no Brasil, devido a diversos fatores de desenvolvimento


socioeconômicos globais e regionais, as pessoas com deficiência, estão presentes nas ruas, nos
shoppings, no trabalho, dirigindo seus carros, estudando e comprando imóveis. É um mérito
de uma parcela da população que buscou por seus direitos como cidadãos e que até hoje,
mesmo com toda legislação, ainda sofre com vários tipos de preconceitos. De toda sorte, as
práticas de um governo democrático que visa de certa forma, organismos sociais, parece
conferir com os preceitos de Kliksberg (1999), sobre o consenso a respeito do capital social1.
Ou seja, com políticas públicas para um desenvolvimento sociotecnológico, é possível obter
melhores condições de vida e, por conseguinte, efetivar maior participação cívica e cidadã
daquelas pessoas que, no passado, estavam às margens da sociedade.

Nesta perspectiva, é prudente considerar os dados do o Censo de 20002 que


informaram a existência de 24,5 milhões de brasileiros com deficiência, o que representava,
naquele período, 14,5% da população, número muito superior aos 2% dos levantamentos
anteriores e a distribuição das deficiências configurava-se como: 11,5% com deficiência
mental; 0,44% com quadros de tetraplegia, paraplegia, hemiplegia; 5,32% com falta de um
membro ou parte dele; 57,16% com alguma dificuldade de enxergar; 16% com alguma
dificuldade de ouvir; 22,7% com alguma dificuldade de caminhar; 10,5 % com grande
dificuldade de enxergar; 4,27% com grande dificuldade de ouvir; 9,54% com grande
dificuldade de caminhar; 0,68% incapaz de ouvir; 2,3% incapaz de caminhar e 0,6% incapaz
de enxergar. Já, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) há cerca de 500 milhões

1
“Por capital social se entende o conjunto de normas, instituições e organizações que promovem a confiança e a
cooperação entre as pessoas, nas comunidades e na sociedade em seu conjunto [...]” (KLIKSBERG, 1999).
2
A Fundação Getúlio Vargas e a Fundação Banco do Brasil estabeleceram uma parceria para elaborar um mapa do
universo das Pessoas Portadoras de Deficiência (PPDs) com o objetivo de subsidiar políticas e ações do setor público e
da sociedade civil onde foi identificado o perfil socioeconômico-demográfico desse grupo a partir da consolidação do
acervo de diversos órgãos como o IBGE, MEC, Corde, entre outros. Os dados foram organizados no livro Retratos da
Deficiência no Brasil e em um CD-Rom que compuseram um banco de dados de estatísticas, mapas, leis e referências
bibliográficas cujos autores foram Marcelo Neri, Alexandre Pinto, Hessia Costilha e Wagner Soares. O livro foi
publicado pela Fundação Getúlio Vargas em 2003. O documento está disponível no site da Fundação Getúlio Vargas.
16

de pessoas com deficiência no mundo e 80% delas vivem em países em desenvolvimento


como o Brasil (NERI, 2003).

• Considerando-se estes dados que apontam significativo número de quadros de


paraplegia e números relevantes de pessoas com grande dificuldade ou
incapacidade de caminhar, pode-se dizer que a lesão medular (LM) ou trauma
raquimedular (TRM) é uma das formas mais graves dentro das síndromes
incapacitantes, sendo um desafio para a reabilitação, pois a medula espinhal é
uma via de comunicação entre diversas partes do corpo com o cérebro e
também um centro regulador, que controla importantes funções como
respiração, circulação, bexiga, intestino, controle térmico e atividade sexual. A
gravidade do quadro depende do local acometido e do grau de destruição das
vias medulares aferentes e eferentes. Quanto mais alto o nível e maior a
extensão da lesão, menor será a massa muscular disponível para a atividade
física e, portanto, menor serão a aptidão física e a independência funcional. De
acordo com o nível medular lesado o indivíduo pode tornar-se paraplégico ou
tetraplégico. A tetraplegia resulta em perda da função dos membros superiores,
bem como do tronco, membros inferiores e órgãos pélvicos. Já a paraplegia
refere-se à perda de funções motoras e/ou sensórias de segmentos torácicos,
lombares e sacrais da medula espinhal. Com a paraplegia, a função dos
membros superiores está preservada, mas as funções do tronco, membros
inferiores e órgãos pélvicos podem estar comprometidos de acordo com o nível
da lesão (O’ SULLIVAN; SCHIMITZ, 2003).

A lesão medular traumática é uma das mais devastadoras entre as lesões que podem
afetar o ser humano, atinge principalmente uma faixa etária mais exposta a acidentes, em
geral também a mais produtiva. Cerca de 60% dos casos ocorrem em pessoas entre 16 e 30
anos de idade, mas a média está aumentando com o crescimento da longevidade do ser
humano e estima-se que no Brasil haja cerca de 6000 casos anuais (NOREAU;
FOUGEYROLLAS, 2000).

De acordo com Defino (1999), estima-se que na Alemanha ocorram anualmente


dezessete casos novos por milhão de habitantes Nos Estados Unidos, essa cifra varia de trinta
17

e dois a cinqüenta e dois casos novos anuais por milhão de habitantes e, no Brasil, cerca de
quarenta casos novos anuais por milhão de habitantes, perfazendo um total de seis a oito mil
casos por ano. Em pesquisas dirigidas no sul do Brasil, como a de Ott (1993), indicam que a
lesão ocorre, preferencialmente, na proporção de 4:1, na faixa etária predominante de
acidentes entre os 20 e 39 anos (52%) do sexo masculino (69,2% do total). Acidentes
automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por arma
de fogo têm sido as principais causas de traumatismo raquimedular (TRM). A freqüência dos
desses traumas em decorrência de ferimentos por projéteis de arma de fogo tem aumentado de
modo considerável, refletindo o alto nível de violência nos grandes centros, e a relação entre a
velocidade dos veículos no momento da colisão e a ocorrência de fraturas da coluna
toracolombar foram demonstradas em estudos de perícia técnica, realizados após os acidentes
automobilísticos.

Conseqüentemente, a sobrevivência desses indivíduos tem aumentado, possivelmente,


atribuída aos modernos serviços médicos de emergência, novos medicamentos e
procedimentos cirúrgicos, antibióticos ao combate a infecções e finalmente a melhora de
serviços de reabilitação. Nesse sentido, também se pode afirmar a expectativa de vida das
pessoas com seqüelas de lesão medular tem aumentado (VIALLE et al, 1999). Entretanto, o
gasto com a saúde de cada indivíduo que sofre uma lesão medular é exorbitante. Só no
município de Canoas, no Estado do Rio Grande do Sul, se gasta por ano mais de R$
500.000,00 (quinhentos mil reais) por vítimas de traumatismos raquimedulares [...]. Em
janeiro de 2007 o Rio Grande do Sul já era o 5º colocado em número de internações deste tipo
de trauma [...], correspondendo a mais de 1300 internações hospitalares a um custo de R$
1.114.748,55 (JORNAL DC, 2007).

Atividades diárias com movimentos repetitivos ou não, sempre exigem sobrecarga de


uma pessoa paraplégica. Relativo a este aspecto, pode-se dizer que o desgaste naturalmente
ocorrido nos em tecidos osteomusculares é inevitável, especialmente àquelas pessoas com
idade mais avançada, que estejam submetidas à cadeira de rodas e que sofrem com os eventos
biomecânicos, principalmente em um complexo segmento corporal: o ombro (GIANINI;
CHAMLIAN; ARAKAKI, 2006).
18

Pode-se então compreender, que metas de prevenção sejam estabelecidas desde um


preparo muscular adequado até a organização da acessibilidade no ambiente no qual a pessoa
com paraplegia passa a maior parte de seu dia, pois, uma das maiores ocupações da
humanidade são as atividades domésticas (IIDA, 1990).

Já um equipamento inadequado, como cadeiras de rodas pesadas, ou a falta de


acessibilidade no lar ou no percurso das ruas podem abreviar o prazo do surgimento de
complicações, inclusive psicológicas, de quem possui uma lesão medular (COSTA; SOUZA,
2008).

Assim, referindo-se às pessoas com deficiência, Curcio e Santos (2002) afirmam que:

A qualidade de vida desta população depende inclusive dos objetos com os quais se
relacionam constantemente dentro de seus lares. A articulação dos espaços através
da inserção do móvel no espaço construído determina de maneira direta a qualidade
de aproveitamento do mesmo.

Conforme Costeira (2008), o ambiente em que vivemos deve, necessariamente, ser


compatível com nossas preferências pessoais e necessidades específicas.

Destacam-se alguns questionamentos de Amaral e Nojimoto (2008), sobre as


diferenças entre os conceitos de equipamento e mobiliário:

[...] quais diferenças entre estes objetos? Quais prerrogativas melhor os definiriam,
hoje? Ou ainda mais: seria o equipamento capaz, por si, de estruturar o espaço
arquitetônico? Não é o que crêem convencionalismos bem aceitos, que vêem no
comumente chamado 'equipamento' apenas o objeto que possibilita a realização de
tais e tais funções em um espaço previamente estruturado pelo projeto de
arquitetura.

O presente estudo qualitativo, apresenta a continuidade do trabalho de difusão da


acessibilidade, através das tecnologias assistivas, desenvolvido desde a graduação deste
pesquisador junto à Incubadora Tecnológica de Novo Hamburgo ao final de 2001, através da
implementação de uma pesquisa de base tecnológica em prol a qualidade de vida das pessoas
com deficiências, a qual Cauduro (2004) discorre como sendo:

[...] a pesquisa qualitativa é aquela que procura explorar a fundo conceitos, atitudes,
comportamentos, opiniões [...], avaliando aspectos emocionais e intencionais,
implícitos nas opiniões dos sujeitos da pesquisa, utilizando [...], observações e
estudo documental. É fundamentalmente subjetiva.
19

Dessa maneira, formulou-se o seguinte problema: Será que o mobiliário residencial de


uma pessoa com deficiência física, paraplégica de Canoas, RS, é acessível funcionalmente?

Unindo os conhecimentos de áreas distintas na linha de pesquisa em Políticas e


Processos de Inclusão Social do Curso de Pós-Graduação em Inclusão Social e Acessibilidade
do Centro Universitário Feevale, tais como fisioterapia, arquitetura e design, a partir da tríade:
inclusão social, acessibilidade e desenvolvimento tecnológico regional, objetivou-se analisar e
avaliar o mobiliário residencial de uma pessoa com deficiência física, paraplégica de Canoas,
RS, quanto à sua acessibilidade funcional. Além disso, especificamente, o estudo pretendeu:
compreender as dificuldades enfrentadas por pessoas paraplégicas durante o uso de diversos
tipos de mobiliário para diferentes peças/cômodos de uma residência; e ainda, propor o
redesenho do mobiliário a partir da verificação de estudo de uma residência habitada por um
paraplégico.
20

1 REVISÃO DA LITERATURA

1.1 DESENHO UNIVERSAL, ACESSIBILIDADE E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS

1.1.1 Desenho Universal

O conceito e a aplicação do Desenho Universal [...] são hoje requisitos fundamentais


para melhorar a qualidade de vida [...] e ampliar o potencial de inclusão social [...] propõe o
espaço com uso democrático, para diferentes perfis de usuários: prega que todas as pessoas,
de crianças a idosos, passando por quem possui limitações físicas (temporária ou
permanente), tenham condições igualitárias na qualidade de uso de uma casa ou de um
ambiente construído, seja este interno ou no âmbito da cidade (ELY, 2003).

1.1.1.1 Design

O design é uma atividade profissional relativamente nova, apesar de ser a produção de


objetos utilitários tão antiga como a própria humanidade. O verdadeiro interesse pelo projeto
de utensílios e de maquinarias começou a manifestar-se no início da Revolução Industrial.

Henry Dreyfuss, um dos pioneiros na profissão, diz que o designer começou por
eliminar o excesso de decoração, mas que o seu verdadeiro trabalho teve início quando ele se
empenhou em dissecar o objeto, em conhecer aquilo que fazia com que funcionasse e
idealizar modos para que operasse melhor. Só depois é que se preocupou em dar-lhe um
melhor aspecto externo (Wilcox apud Tilley, 2005).

Mais recentemente define-se design3 como uma atividade especializada de caráter


técnico-científico, criativo e artístico, com vistas à concepção e desenvolvimento de projetos
de objetos e mensagens visuais que equacionem sistematicamente dados ergonômicos,
tecnológicos, econômicos, sociais, culturais e estéticos, que atendam concretamente às
necessidades humanas.

3
Projeto de Lei nº 1.965, de 1996, que visa regulamentar a profissão no Brasil.
21

1.1.1.2 Design arquitetônico

Os temas modernos e clássicos sempre estiveram presentes na arquitetura. Esta


dualidade proporciona um dinâmico diálogo que, certamente, se estenderá pelo novo milênio.
Independente das tendências arrojadas ou aspectos conservadores, a arquitetura se destaca
pela sua consistência na conciliação da funcionalidade / utilidade - adequação ao objetivo
proposto - de um projeto ao prazer estético por este proporcionado. A funcionalidade é um
termo que marca a modernidade e a idéia do móvel funcional ganha força a partir de 1920 –
1930, iniciando uma reviravolta no conceito mobiliário. A coerência com o entorno e
condições ambientais são de fundamental importância no desenvolvimento do projeto. Cabe
ao arquiteto, através de sua criatividade e sensibilidade estética, aliadas à competência
técnica, traduzir as aspirações de seus clientes, tornando realidade seus objetivos. Ao atender
as necessidades individuais ou coletivas dos usuários, o projeto deve refletir suas
experiências, seu modo de ser, pensar e de ver o mundo. Sendo assim, a arquitetura retrata a
organização social de um povo, suas necessidades, aspirações e sentimentos, através das
estruturas de suas construções, destacando particularidades que diferenciam os indivíduos ou
grupos, inclusive, neste mundo de informações globalizadas (GUEDES, 2009).

1.1.1.3 Design inclusivo

A maioria das barreiras que impedem o envolvimento de muitos cidadãos na vida


democrática e limitam o exercício pleno de uma cidadania ativa é projetada e construída pelos
homens. Por isso é necessária uma nova atitude em que a dimensão social da prática de
projeto esteja sempre presente. É recomendável que o projetista ou designer4 se interrogue
sobre a adequação ao uso dos espaços ou produtos que está desenhando. A questão
fundamental, é se irá contemplar a vida de um número significativo de pessoas ou se, pelo
contrário, através do desenho irá promover a exclusão daqueles que não se encaixam em
normas (SIMÕES; BISPO, 2006).

4
O designer é o profissional habilitado a efetuar atividades relacionadas ao design. Normalmente o termo se
refere ao desenhista industrial, habilitado em design gráfico ou design de produto.
Em inglês, o termo se refere a qualquer indivíduo que esteja ligado a alguma atividade criativa ou de projeto
(Tilley, 2007).
22

Assim, Simões e Bispo (p. 37, 2006) descrevem que o que importa é ter um conhecimento, o
mais aprofundado possível, das características físicas, sensoriais e cognitivas daqueles que
não correspondem ao homem médio e, ainda, extensamente, afirmam:

Em diversos momentos da nossa vida, todos nós experimentamos dificuldades nos


espaços em que vivemos ou com os produtos que usamos. Estas dificuldades
resultam de situações de inadaptação das características do meio construído face às
nossas necessidades. Os designers e arquitectos estão habituados a projectar para um
mítico homem médio que é jovem, saudável, de estatura média, que consegue
sempre entender como funcionam os novos produtos, que não se cansa, que não se
engana... mas que na verdade, não existe. Na verdade, todo o indivíduo é único, e,
como grupo, a espécie humana é bastante diversa, quer em capacidades quer em
conhecimentos. É possível conceber e produzir produtos, serviços ou ambientes
adequados a esta diversidade humana, incluindo crianças, adultos mais velhos,
pessoas com deficiência, pessoas doentes ou feridas, ou, simplesmente, pessoas
colocadas em desvantagem pelas circunstâncias. Esta abordagem é designada
Design Inclusivo.

O Design Inclusivo pode assim ser definido como o desenvolvimento de produtos e de


ambientes, que permitam a utilização por pessoas de todas as capacidades. Tem como
principal objetivo contribuir, através da construção do meio, para a não discriminação e
inclusão social de todas as pessoas. O Design Inclusivo é por vezes confundido com o
desenvolvimento de soluções específicas para pessoas com deficiência, mas este não é, de
todo, o seu objetivo. O envolvimento de pessoas com deficiência é encarado como uma forma
de garantir a adequação para aqueles que, eventualmente, terão mais dificuldades de
utilização, assegurando, desta forma, a usabilidade a uma faixa maior da população. Desta
forma, é claro que os destinatários de soluções mais inclusivas, são todos os cidadãos e não
apenas aqueles que apresentam maiores dificuldades de iteração com o meio. Não se trata
apenas de uma política assentada na solidariedade pelos direitos dos outros, mas de assegurar
os nossos próprios direitos para o futuro, quer em situação excepcional de acidente, quer por
motivos inevitáveis de envelhecimento.

O Design Inclusivo é também uma prática democrática, de respeito pelos direitos


humanos e de defesa de condições de igualdade de oportunidades (SIMÕES; BISPO, 2006).
23

1.1.2 Acessibilidade

A Lei de Acessibilidade5 no Brasil define acessibilidade como sendo a condição para


utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, das edificações, dos
serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por
pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. Os artigos dessa lei descrevem extensamente
as disposições e demais conceitos sobre acessibilidade (BRASIL, 2004).

Adaptações estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho, através de


rampas, elevadores, adaptações em banheiros entre outras, que retiram ou reduzem as
barreiras físicas, facilitando a locomoção da pessoa com deficiência.

Segundo Ely (2003), a acessibilidade [...] é fundamental para a inclusão e participação


de todas as pessoas na sociedade, independente de suas limitações ou restrições. Por
acessibilidade [...] compreende-se tanto a possibilidade de acesso a um lugar, quanto de uso
de seus equipamentos de maneira independente. De acordo com Heidrich (2004, p. 93), “[...]
ser acessível é a condição que cumpre um ambiente, espaço ou objeto [...] acessível é o
espaço, edificação, mobiliário [...] que possa ser alcançado [...] ou utilizado por qualquer
pessoa, inclusive aquelas com deficiência.

1.1.3 Tecnologias Assistivas

Já para o conceito de Tecnologia Assistiva, ressalta-se o de Heidrich:

Denomina-se Tecnologia Assistiva qualquer item, peça de equipamento ou sistema


de produtos, adquirido comercialmente ou desenvolvido artesanalmente, produzido
em série, modificado ou feito sob medida, que é usado para aumentar, manter ou
melhorar habilidades de pessoas com limitações funcionais, sejam físicas ou
sensoriais (p. 93, 2004).

Ao longo da história o homem fez uso da tecnologia para melhorar sua qualidade de
vida, mas somente nas três últimas décadas, esse conjunto de recursos e serviços passou a se
chamar tecnologia assistiva e que envolve áreas como: a comunicação alternativa e ampliada;
a mobilidade alternativa; o posicionamento adequado; o acesso ao computador; a
acessibilidade de ambientes e as adaptações às atividades de vida diária, ao transporte, aos

5
Decreto-lei 5296 de 2 de dezembro de 2004. (BRASIL, 2004)
24

equipamentos de lazer e aos recursos pedagógicos. Também contribui para proporcionar


maior habilidade na realização das atividades e, conseqüentemente, promover a inclusão
social em uma vida mais independente. Apesar de novo, o termo identifica todo o arsenal de
recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de
pessoas com deficiência e conseqüentemente promover vida independente e inclusão. É
também definida como "uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas
concebidas e aplicadas para minorar os problemas encontrados pelos indivíduos com
deficiências" (COOK; HUSSEY, 1995).

O termo Assistive Technology, traduzido no Brasil como Tecnologia Assistiva, foi


utilizado em 1988 como importante elemento jurídico dentro da legislação norte-americana
conhecida como Public Law 100-407 e que foi renovada em 1998 como Assistive Technology
Act de 1998 (P.L. 105-394, S.2432). Ela compõe, com outras leis, o ADA - American with
Disabilities Act, que regula os direitos dos cidadãos com deficiência nos EUA, além de prover
a base legal dos fundos públicos para compra dos recursos que estes necessitam (DELL;
NEWTON; PETROFF, 2008).

Mais recentemente, o Comitê de Ajudas Técnicas – CAT do Ministério da Ciência e


Tecnologia do Brasil aprovou e definiu em 14 de dezembro de 2007, este novo termo:
Tecnologias Assistivas, que vem a ser uma área do conhecimento, de característica
interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços
que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas
com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia,
independência, qualidade de vida e inclusão social. A Tecnologia Assistiva se compõe de
Recursos e Serviços. Os Recursos são todo e qualquer item, equipamento ou parte dele,
produto ou sistema fabricado em série ou sob-medida utilizado para aumentar, manter ou
melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficiência. Os Serviços são definidos
como aqueles que auxiliam diretamente uma pessoa com deficiência a selecionar, comprar ou
usar os recursos acima definidos (SASSAKI, 1999) [grifo do autor].

1.1.3.1 Serviços

São aqueles prestados profissionalmente à pessoa com deficiência visando selecionar,


obter ou usar um instrumento de tecnologia assistiva. Como exemplo, podemos citar
25

avaliações, experimentação e treinamento de novos equipamentos. Os serviços de tecnologia


assistiva são normalmente transdisciplinares envolvendo usuários, seus familiares e
profissionais de diversas áreas, tais como: Fisioterapia, Terapia ocupacional, Fonoaudiologia,
Educação, Psicologia, Enfermagem, Medicina, Engenharia, Arquitetura, Design e Técnicos de
muitas outras especialidades (SASSAKI, 1999).

1.1.3.2 Recursos

Podem variar de uma simples bengala ou cadeira de rodas a um complexo sistema


computadorizado. Estão incluídos brinquedos e roupas adaptadas, computadores, softwares e
hardwares especiais, que contemplam questões de acessibilidade, dispositivos para adequação
da postura sentada, recursos para mobilidade manual e elétrica, equipamentos de comunicação
alternativa, chaves e acionadores especiais, aparelhos de escuta assistida, auxílios visuais,
materiais protéticos e milhares de outros itens confeccionados ou disponíveis comercialmente
(SASSAKI, 1999).

1.1.3.3 Sistemas de controle de ambiente

Conforme Costeira (2008), o ambiente em que vivemos deve, necessariamente, ser


compatível com nossas preferências pessoais e necessidades específicas.

Ainda de acordo com Sassaki, (1999) as tecnologias assistivas visam melhorar a


funcionalidade de pessoas com deficiência. O termo funcionalidade deve ser entendido num
sentido maior do que habilidade em realizar a tarefa de interesse. Em outros países, já existem
alguns sistemas eletrônicos que permitem as pessoas com limitações moto-locomotoras,
controlar remotamente aparelhos eletro-eletrônicos, sistemas de segurança, entre outros,
localizados em seu quarto, sala, escritório, casa e arredores (SASSAKI, 1999).

1.1.4 Lesão medular: paraplegia e dor no ombro

As lesões da medula espinhal podem ser classificadas em completas, as quais resultam


em perda total da função, sem movimentação ou sensações abaixo o nível da lesão. Já as
incompletas há preservação de algumas funções (SANTOS, 1999). Tipicamente são divididas
em duas amplas categorias funcionais: tetraplegia e paraplegia. A primeira, por exemplo, diz
respeito à paralisia parcial ou completa dos quatro membros e do tronco, inclusive dos
26

músculos respiratórios, sendo resultante das lesões da medula cervical. Já a segunda,


paraplegia, refere-se à paralisia parcial ou completa do tronco, ou parte do tronco, e de ambos
os membros inferiores, sendo resultante de lesões da medula espinhal torácica ou lombar, ou
das raízes sacrais (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2003).

É muito característico que pessoas paraplégicas, sofram lesões afetando a articulação


do ombro, especialmente aquelas que utilizam cadeira de rodas, independente de serem ou
não atletas. Isso indica uma fragilidade da conexão entre tronco e membro superior quando há
uma diminuição da capacidade funcional em outras partes do corpo. Ainda que a paraplegia
permita expectativas razoáveis para uma vida com plena autonomia com alguns dispositivos
auxiliares, tal como a cadeira de rodas, que permite a auto-transferência, a locomoção,
trabalhar e viver com maior independência, uma lesão da medula espinhal exigirá que metas
preventivas, tais como, manter a tonicidade muscular de membros superiores e alongamentos
que em longo prazo sejam estabelecidas e mantidas e, mesmo assim, o excesso de atividades
de membros superiores trará graves conseqüências, prejudicando especialmente a rotina
cotidiana de um indivíduo paraplégico ao longo de sua vida (O’SULLIVAN; SCHMITZ
2003).

As pessoas com lesão medular utilizam os membros para a realização das atividades
de vida diária para a própria independência, quer seja no ato da locomoção, da transferência,
dos autocuidados e outros. O ombro, então, é uma das articulações mais envolvidas nas
atividades de pessoas com paraplegia, porém, uma alta prevalência de dor nesta articulação
tão fundamental para a independência é um sério problema para esta população. A dor e
distúrbios da articulação deste segmento do ombro levam a pessoa a uma significante
limitação funcional, afetando diretamente as atividades de vida diária, atividades profissionais
e na realização de atividades físicas esportivas, quer seja a nível recreativo ou profissional. A
dor no ombro pode limitar o acesso das pessoas com paraplegia à comunidade, diminuindo
assim a integração social. Além disso, pode influenciar a auto-percepção de saúde em um
status mais negativo. A própria utilização da cadeira de rodas pode iniciar um círculo vicioso
de dor. Modificações no design de dispositivos como o da cadeira de rodas e outros
equipamentos podem ser considerados para prevenir o desenvolvimento da dor no ombro. É
importante ressaltar ainda, que a dor crônica no ombro em pessoas com lesão medular é
multifatorial. A significante relação entre intensidade da dor e dificuldade de resolução atua
27

em potencial para a redução da qualidade de vida. A avaliação multidisciplinar e as estratégias


de tratamento devem incluir uma visão médica, fisioterapêutica, psicológica e psicossocial.
(GIANINI; CHAMLIAN; ARAKAKI, 2006). Além disso, a análise da postura é considerada
como parte fundamental do processo de avaliação de fisioterapeutas. A importância dada à
avaliação postural se deve, em grande parte, à possibilidade de imposição de estresses
anormais aos tecidos devido a uma postura inadequada ou a falta de adaptação ergonômica de
um equipamento, para que não ocorra uma postura compensatória (MOYA, 2008).

1.1.4.1 A cadeira de rodas e suas dimensões

A cadeira de rodas convencional há muitos anos mantém suas dimensões originais


(figura 1). É um dispositivo para auxiliar a locomoção de pessoas incapacitadas de se
deslocarem a pé. É composta de rodas com dois pneus infláveis traseiros e dois maciços
dianteiros. No caso de cadeiras motorizadas, as rodas são mais largas e todas as quatro
possuem pneus infláveis, o que pode fazer suas dimensões aumentarem se comparada a
cadeira convencional. Uma cadeira de rodas possui diversos componentes e diversos itens de
adaptação (figura 2) que também podem modificar suas dimensões (O’SULLIVAN;
SCHMITZ 2003).

Figura 1 - Cadeira de rodas convencional, conforme (NBR 9050, p. 6, 2004)


28

Figura 2 - Componentes da cadeira de rodas


Fonte: (O’SULLIVAN; SCHMITZ, p. 707, 2003)

1.1.5 O ambiente residencial destinado aos paraplégicos: sob a ótica da ergonomia para
qualidade de vida

Ambientes residenciais possuem as características de seus proprietários. Os mobiliários


organizadores a serem distribuídos no ambiente são adquiridos desde o início da compra do
imóvel e/ou construção do mesmo. Alguns, no entanto, principalmente aqueles que não são
sob-medida às vezes deixam de cumprir com as necessidades físicas de cada indivíduo.
(COSTEIRA, 2008).

Desse modo, a relação ergonomia e antropometria é fundamental na avaliação de


possíveis incompatibilidades entre o mobiliário, ambiente versus dimensões físicas de cada
indivíduo. A Ergonomia utiliza-se de métodos e técnicas científicas para observar o trabalho
humano, cuja estratégia tem por objetivo apreender a complexidade do trabalho e decompor a
atividade em indicadores observáveis, como postura, exploração visual e deslocamento. De
acordo com o Ergonomics Research Society, os fundadores da ergonomia na Inglaterra, a
ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e
29

ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos da anatomia, fisiologia e


psicologia na solução dos problemas sugeridos desse relacionamento (Laville, 1977).

A ergonomia tem data oficial, nascida a 12 de julho de 1949, quando, na Inglaterra


reuniu-se um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em discutir e formalizar a
existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Em uma segunda reunião
desse mesmo grupo, ocorrido em 16 de fevereiro de 1950, foi proposto o neologismo
Ergonomia, formado dos termos ergo, que significa trabalho e nomus que significa regras, leis
naturais (IIDA, 1990).

O principal objetivo da ergonomia é estudar o comportamento do corpo humano, suas


posturas e movimentos, limites, incapacidades e deformidades. Mallin (2004), acrescenta que
há diversas definições para ergonomia, variando de autor para autor, porém, a maioria
concorda que a ergonomia busca proporcionar conforto, segurança e bem-estar ao usuário.

Nesse sentido, em 1993 foi proposto o termo ergonomia-para-um, onde se busca


adaptar o ambiente, bem como móveis e outros utensílios, às pessoas portadoras de
deficiência física, procurando incentivar, com essas adaptações, o potencial para serem
independentes, melhorando suas habilidades e minimizando suas limitações. (MALLIN,
2004). Nesse aspecto, consideram-se os padrões antropométricos desta população que
depende de outros dispositivos, os quais também devem ser observados. A antropometria é
uma ciência que tem fascinado estudiosos de várias áreas do conhecimento humano e remonta
há muitos séculos e tem as suas origens na antropologia física a qual já demonstrava que
havia diferenças nas proporções corporais de várias raças humanas (PANERO e ZELNIK,
1998). A antropometria estuda concretamente as medidas do corpo, a fim de estabelecer
diferenças entre os indivíduos, grupos, etc. Sempre que possível e justificável, deve-se
realizar as medidas antropométricas da população para a qual está sendo projetado um
produto ou equipamento, pois equipamentos fora das características dos usuários podem levar
a estresse desnecessário e até provocar acidentes graves. Normalmente as medidas
antropométricas são representadas pela média e o desvio padrão, porém a utilidade dessas
medidas depende do tipo de projeto em que vão ser aplicadas (IIDA, 1998).
30

A construção de um lar ou reforma de casas ou apartamentos para pessoas com


deficiência deve ser sempre muito bem planejada considerando-se a ótica ergonômica e
antropométrica.

Segundo comum definição do dicionário, lar é uma forma especial de se definir a casa,
o ambiente ou os assuntos relacionados a ele. O termo lar tem uma conotação mais afetiva e
pessoal: é a casa vista como o lugar próprio de um indivíduo, onde este tem a sua privacidade
e onde a parte mais significativa da sua vida pessoal se desenrola (HOUAISS, 2001).

Assim como a edificação, não menos importante, está a escolha do mobiliário, onde se
guardam os bens pessoais. O ambiente escolhido para ser residência, deve conferir segurança
e conforto, pois conforme Demirbilek e Demirkan, (2004), “Se uma casa é inadequada para as
necessidades das pessoas que nela moram, nunca será um lar”. Para Sanoff (1990) apud
Demirbilek e Demirkan, (2004), todos os projetistas que estão preocupados com a qualidade
de vida em um ambiente construído devem considerar a participação dos usuários,
envolvendo-os no processo de projeto.

Segundo Sprovieri (2000) qualidade de vida é um termo que representa uma tentativa
de nomear algumas características da experiência humana, sendo o fator central que determina
a sensação subjetiva de bem estar. Alguns autores sugerem que a qualidade de vida consiste
na possessão dos recursos necessários para a satisfação das necessidades e desejos
individuais, participação em atividades que permitem o desenvolvimento pessoal, a auto-
realização e uma comparação satisfatória entre si mesmo e os outros. Neste sentido, a
Organização Mundial de Saúde definiu qualidade de vida como a percepção do indivíduo de
sua posição na vida no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive,
considerando seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (FLECK et al, 1999).

Conforme Minayo, Hartz e Buss (2000), “[...] qualidade de vida é uma noção
eminentemente humana que se aproxima do grau de satisfação encontrado na vida familiar,
amorosa, social e ambiental”.

Sen apud Kerstenetzky (2000), reforça essa afirmação quando afirma que:

[...] a questão central é a qualidade da vida que podemos levar. A necessidade de


possuir mercadorias para que se alcance um determinado patamar de condições de
31

vida varia grandemente segundo características fisiológicas, sociais e culturais, além


de outras igualmente contingentes […] (SEN APUD KERSTENETZKY, p.5, 2000).

Encerra-se esta linha de raciocínio com Gericota (1996), que afirma:

O uso activo das novas tecnologias permite a criação de um sem número de ajudas
técnicas capazes de proporcionarem uma substancial melhoria da qualidade de vida
das pessoas com deficiência. Um dos principais problemas sentidos pelos
profissionais de engenharia que pretendam desenvolver o seu trabalho na área das
tecnologias de apoio à deficiência é o quase total desconhecimento das necessidades
e dificuldades sentidas pelas pessoas com deficiência (GERICOTA, p. 07, 1996).

Neste sentido, compreende-se que existe uma necessidade social e tecnológica para
que as pessoas possam sentir-se mais próximas da condição então desejada, como qualidade
de vida, especialmente para as pessoas com deficiência. A incorporação tecnológica visa, a
princípio, prevenir e aliviar o sofrimento das pessoas, o que faz parte do campo dos direitos
dos consumidores, isto é, visa a "qualidade de vida" de todos os indivíduos (SHARAMM;
ESCOSTEGUY, 2000).

1.1.5.1 Breve história do mobiliário

Curcio e Santos (2002) afirmam que:

A qualidade de vida desta população depende inclusive dos objetos com os quais se
relacionam constantemente dentro de seus lares. A articulação dos espaços através
da inserção do móvel no espaço construído determina de maneira direta a qualidade
de aproveitamento do mesmo (CURCIO; SANTOS, p. 23, 2002).

Historicamente o mobiliário vem acompanhando as residências, seguramente, desde o


período Neolítico6, mas somente objetos feitos em materiais mais duráveis e resistentes
chegaram aos nossos dias. Os móveis de madeira mais antigos de que se tem notícia datam de
aproximadamente 2700 a.C. e são originados do Egito Antigo. Os nativos do Brasil possuíam
poucos e despretensiosos móveis, tais como rede, jarros de barro e esteiras, enquanto que os
primeiros móveis de que temos notícia no Brasil vieram com os colonizadores portugueses,
sendo esses basicamente as arcas ou os baús cobertos de couro, mais tarde, caixas com pés.
Com eles vieram os mestres artífices, como carpinteiros, marceneiros e entalhadores
(SANTOS, 1995).

6
Período histórico que aconteceu entre 1200 a.C e 4000 a. C.
32

O mobiliário classifica-se em quatro tipos: de repouso, o qual seriam os leitos; de


descanso, como os assentos; de guarda ou contenedores, ou seja, os armários, cômodas e
estantes; e por fim os de apoio ou utilidades que são as mesas e aparadores.

Os primeiros móveis construídos para descanso possuíam função social. Os assentos


variavam conforme a condição hierárquica do ocupante. O trono e a cadeira com braços,
espaldar e assento em couro, ou revestido de veludo ou brocado, eram para o rei. Os nobres
sentavam-se em bancos, ou cadeiras rasas e sem braços. As damas sentavam-se em almofadas
sobre estrados. Somente a partir do século XVI a cadeira com espaldar e braços deixou de ser
exclusividade do rei. Torna-se realmente popular a partir do século XVII (SANTOS, 1995).

Já, as definições de banco, o mesmo autor descreve como um tipo de assento coletivo
e muito simples, geralmente apresentava espaldar e braços com caixa na parte inferior. O
banco derivou da arca ou baú; escabelo ou mocho: assento individual e popular, todo em
madeira, desprovido de encosto e braços, geralmente baixo e sem decoração. E as primeiras
cadeiras eram simples e retilíneas com assento em couro lavrado ou madeira e espaldar
baixos. Mais tarde, aparecem os primeiros exemplares de cadeiras mais elaborados, como as
de estilo nacional português e as de campanha (SANTOS, 1995).

Os móveis do tipo contenedores são os primeiros móveis propriamente ditos de que se


tem notícia no Brasil. Esses móveis deram origem a muitos outros como armários, cômodas,
organizadores, contadores e até mesmo aos assentos. O armário7 surgiu com o gradativo
desaparecimento dos hábitos nômades, substituindo a arca. Serviu em primeiro lugar para
guardar roupas e, mais tarde, para guardar papéis. Às vezes, apresentavam gavetas na parte
inferior, como os mobiliários de apoio para utilidades (SANTOS, 1995).

O setor mobiliário no Brasil começou a ter relevância econômica a partir de 1930. Este
fato deve-se a um conjunto de polêmicas levantadas pelo Modernismo no âmbito da
arquitetura moderna, literatura e das artes plásticas (SANTOS, 1995).

7
Derivado de armaria, lugar onde se guardavam as armas (SANTOS, 1995).
33

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

2.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O delineamento da pesquisa adotado para o desenvolvimento deste trabalho foi de


estudo de caso que, segundo Yin (2005), investiga um fenômeno contemporâneo dentro do
seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não
estão claramente definidos. E, de acordo com Martins (2002), um estudo de caso visa
conhecer o seu “como” e os seus “porquês”, evidenciando a sua unidade e identidade própria.
É uma investigação que se assume como particularística, debruçando-se sobre uma situação
específica, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico.

2.1.1 Caracterização do sujeito

O sujeito caracterizado nesta pesquisa foi de uma pessoa de Canoas, RS, o qual,
independente do gênero, deveria ter idade máxima de até 70 anos, submetida à cadeira de
rodas devido a seqüelas de lesão raquimedular há pelo menos três anos, paraplégica, com
autonomia para realizar suas atividades de vida diárias.

2.1.2 Instrumentos de coleta de dados

Os instrumentos de coleta de dados desta pesquisa foram os seguintes: I)


Levantamento do histórico de alta de prontuários individuais particulares deste pesquisador
enquanto fisioterapeuta, de ex-pacientes de reabilitação; II) Questionários; III) Material para
escrita, anotações e medidas; IV) Máquina fotográfica digital; V) Análise Técnica da
Acessibilidade - Roteiro de Vistoria de Acessibilidade do CREA/RS; VI) Análise técnica
biomecânica e cinesiológica de posturas de membros superiores mediante fotografia digital. O
detalhamento destes instrumentos estão dispostos no (Apêndice E).

2.1.3 Etapas da pesquisa

De posse dos instrumentos partiu-se para a coleta dos dados as quais foram realizadas
em quatro etapas.

A primeira etapa consistiu em obter contatos telefônicos através do levantamento do


histórico de prontuários de ex-pacientes o qual foi elemento chave para enquadrar pessoas de
34

acordo com caracterização do sujeito desta pesquisa. A partir deste levantamento, foram
encontrados nove prontuários de ex-pacientes particulares com seqüelas de lesão medular,
sendo que apenas um sujeito foi eleito para fazer parte desta pesquisa.

Determinou-se os seguintes critérios para exclusão de parte da amostra: por serem


pessoas dependentes de outrem para a maioria de suas atividades de vida diárias: 04; devido
estar hospitalizada: 01; a pessoa reside com os pais: 01; ou as pessoas modificaram o
endereço/telefone e não puderam ser contatadas: 02.

Ainda na primeira etapa, considerando a eleição do sujeito, através do contato


telefônico, foi proposta uma visita domiciliar para apresentar a intenção da pesquisa, obter o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido disposto no (Apêndice C) e dar início a segunda
etapa observando-se o sujeito em seu ambiente residencial e a acessibilidade em seu entorno.
Através de e-mail, foi entregue ao sujeito participante da pesquisa o primeiro questionário
(Apêndice A) com respostas abertas e objetivas. Prosseguiu-se com o desenvolvimento da
pesquisa através da elaboração de um projeto de redesenho sugerido pelos envolvidos. A
terceira etapa consistiu em nova visita domiciliar para apresentar os projetos de redesenho e
aplicação de um segundo questionário (Apêndice A.1) combinado a respostas abertas e
objetivas. A quarta e última etapa foi a análise dos dados na qual os dados foram
apresentados, analisados e interpretados em conjunto utilizando a sistemática de categorização
dos elementos, pois conforme Bardin (1979):

A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um


conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero
(analogia), com os critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou
classes as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no caso da
análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão
dos caracteres comuns destes elementos (BARDIN, p. 117, 1979).

Segundo Bardin (1979), a categorização envolve duas etapas: o inventário e a


classificação: na primeira etapa, os elementos são isolados e na segunda, são organizados em
grupos similares. Uma boa categorização deve possuir as seguintes características: a exclusão
mútua, isto é, um mesmo elemento não pode estar em mais de uma categoria; a
homogeneidade, já que só podem ser incluídos na mesma categoria elementos semelhantes; a
pertinência, pois categorias escolhidas devem atender ao propósito da investigação; a
objetividade e a fidelidade, considerando que os procedimentos de classificação devem ser
35

objetivos de forma a garantir a fidedignidade dos resultados; e a produtividade, devendo ser as


categorias férteis, propiciar resultados que levem aos índices de inferência, hipóteses e dados.

O processo de categorização deve ser uma escolha do pesquisador, baseada em sua


necessidade de análise, de acordo com os objetivos da pesquisa. O mesmo material pode
possibilitar mais de uma categorização e podem ser estabelecidos novos critérios de
classificação sempre que forem pertinentes à análise. Neste sentido, Bardin (1979) afirma:

[...] classificar elementos em categorias impõe a investigação do que cada um deles


tem em comum com outros. O que vai permitir o seu agrupamento é a parte comum
existente entre eles. É possível, contudo, que outros critérios insistam noutros
aspectos de analogia, talvez modificando a repartição anterior (BARDIN, p. 118,
1979).

Assim, após a coleta dos dados, deu-se início a discussão dos resultados os quais
foram descritos em quatro categorias, subdivididas, quando necessário, por subcategorias,
através das quais, apresentam-se a Categoria Lar, seguida da subcategoria Acessibilidade do
ambiente; A Categoria Mobiliários, disposta com as subcategorias: Mobiliários da
Cozinha/Estar; Mobiliários do quarto principal. A Categoria Mobiliário Escolhido é a terceira
categoria. A última categoria intitulada Medidas Antropométricas e Peso, está
subcategorizada conforme segue: Subcategoria Condição Física Atual do Participante e seu
Histórico segundo Prontuário; Subcategoria Análise Cinesiológica e Biomecânica de
Membros Superiores; Subcategoria Discussão da Primeira Postura; Subcategoria Discussão
da Segunda Postura; Subcategoria Equilíbrio da Postura. A categorização que segue, teve
como suporte diversos autores, como o de Castro (2003) que transcreveu um modelo validado
de software para medidas antropométricas. Hall (1993) foi utilizado para estudos iniciados na
biomecância e os de Kapandji (2000) que conceituam muito bem a fisiologia articular. A
análise cinesiológica e biomecânica foi significativamente utilizada seguindo as aplicações
didáticas de Greene e Roberts (2002) os quais descrevem como sendo, respectivamente, a
cinesiologia o estudo do movimento e das estruturas passivas e ativas envolvidas e a
biomecânica uma ciência da ação das forças, interna e externas, no corpo vivo. Já os autores
Sammons e Preston (2000), serviram apenas para critério de ilustração, considerando que sua
descrição deriva de um catálogo técnico com importantes tecnologias assistivas utilizadas nos
Estados Unidos.
36

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1 CATEGORIA LAR

Uma das maiores ocupações da humanidade são as atividades domésticas. Onde


adultos, crianças e idosos são envolvidos. Assim, já há muitos anos, métodos sociológicos são
utilizados em pesquisas que buscam investigar a influência dos espaços de uma casa sobre o
comportamento de seus usuários (IIDA, 1990). Conforme Costeira (2008), o ambiente em que
vivemos deve, necessariamente, ser compatível com nossas preferências pessoais e
necessidades específicas.

Já anteriormente citado, a construção ou reforma de casas ou apartamentos para


pessoas com deficiência deve ser sempre muito bem planejada (DEMIRBILEK;
DEMIRKAN, 2004)

3.1.1 Subcategoria acessibilidade do ambiente

Imbricado ao foco social desta pesquisa, as pessoas com deficiência, Cauduro (2004)
afirma que “Uma pesquisa deve contemplar questões que atendam às necessidades sociais da
comunidade (ou parte dela) para ter relevância, pois já não cabe mais aceitar pesquisas cujos
resultados estejam engavetados ou nas prateleiras.” (grifo da autora).

Em uma breve análise da acessibilidade do projeto arquitetônico da residência


particular avaliada, verificou-se, que em sua maior parte, condiz com as necessidades de seu
usuário, denominado nesta pesquisa como sujeito participante, para respeitar os critérios
éticos legais pré-estabelecidos. Para avaliar a acessibilidade do ambiente foi utilizado o
Roteiro de Vistoria do CREA/RS (2007). Este instrumento está disposto no (Anexo A).

A residência (figura 3) foi construída há 07 anos em alvenaria com objetivo de ser o


lar privado de um casal com deficiência, ambos cadeirantes.
37

Figura 3 - Residência do sujeito participante

Destaca-se alguns comentários informados pelo participante durante a análise da


acessibilidade e transcritos para o questionário no ato da visita:

Quando construímos esta casa, demos muita atenção ao espaço de circulação


interno, já que somos dois cadeirantes. Há poucos anos ainda podia vencer a
rampa, hoje não posso mais subir ou descer a rampa do hall ou da garagem.
O projeto da rampa ficou ruim em sua inclinação, tornando-se perigosa, já
que não tenho equilíbrio de tronco para descê-la e pouca força nos braços
para subi-la e, portanto, precisamos sempre da ajuda de um cuidador ou
motorista nesses momentos.

A casa possui frente e fundos com sete cômodos divididos em sala conjugada à
garagem com acesso por portão basculante automatizado, corredor, cozinha conjugada à sala-
de-estar, dois quartos com banheiro individual em cada quarto, closet8 e pátio, tudo em apenas
um nível de pavimento térreo, sem obstáculos no piso, que é de cerâmica. Toda a casa possui
um pé-direito9 de 2 metros e 81 centímetros, porém, foi estabelecida sobre um nível de terreno

8
Do inglês, significa quartinho; aposento particular; armário de embutir.
9
A expressão, pé-direito, como outras que se mantêm na Arquitetura até hoje, começou a ser usada por volta do
século XIV, na Europa, com o início do estilo romântico. O "pé", usado como sinônimo de altura refere-se à
unidade de medida que corresponde a 12 polegadas, ou 30,48 centímetros, e o "direito" tem sentido de certo.
Assim, pé-direito significa a medida de altura do solo ao teto que predomina em uma região, em um período
específico, para um tipo determinado de construção. Por exemplo, o pé-direito atual para as residências na cidade
de São Paulo é de aproximadamente 8 pés, ou cerca de 2 metros e meio. O pé direito de qualquer construção,
prédio ou casa é a altura que vai do solo à laje, no caso de apartamentos, e do solo ao início do telhado ou forro,
em casas. Fica em torno de 2,60m. Algumas casas mais antigas, ou as do tipo mansão, têm alturas maiores e
alguns ambientes de certas casas são rebaixados por motivos estéticos ou por compactação imobiliária para
aumentar a quantidade de unidades habitacionais, especialmente nos edifícios (MASCARÓ, 2007).
38

acentuado de aproximadamente 1 metro e 50 centímetros em relação à calçada, a qual requer


acesso por rampa (Figura 4), tanto na entrada da garagem como no acesso ao hall principal.

Figura 4 - Vista parcial da rampa de acesso


ao hall principal

Todos os vãos (portas) estão com abertura mínima de 80 centímetros de largura e com
maçanetas em alavanca (Figura 5). Com exceção dos banheiros e do closet, os demais
cômodos (Figuras 6 a 15) são amplos e permitem acesso confortável às cadeiras de rodas. Há
uma sala ampla conjugada à cozinha com corredor de acesso ao quarto principal e banheiro.
Também há um segundo quarto para hóspedes ou cuidadores com banheiro. Nos fundos há
um quiosque com churrasqueira, numa altura adequada ao cadeirante, com suporte da
máquina de espetos giratórios e área de serviço com lavanderia. O banheiro principal possui
dimensões restritas se comparado com a proporção dos demais cômodos. Tem dois pequenos
lavatórios, sendo um deles auxiliar ao sanitário e um box de banho. O aquecimento do
chuveiro e das torneiras é fornecido por sistema a gás. As principais barreiras arquitetônicas
encontradas no banheiro foram: acesso à lateral do vaso sanitário com barra de apoio com
diâmetro estreito e inadequado, apresentando oxidação e a circulação interna do banheiro com
dimensões insuficientes para garantir a transferência confortável e a passagem livre e demais
manobras da cadeira de rodas; O box de banho possui duas barras de apoio e não há assento
39

para se banhar, pois ele utiliza a própria cadeira de rodas. Não há telefone no banheiro para
casos de acidente.

Figura 5 - Portas com 80 cm de largura


40

Figura 6 - Acesso ao banheiro

Figura 7 - Lavatórios
41

Figura 8 - Box de banho

Figura 9 - Espelhos com e sem organizador embutido


42

Figura 10 - Barra de apoio vaso sanitário


43

Figura 11 - Vista parcial da sala conjugada à garagem

Figura 12 – Vista parcial da rampa de acesso ao hall


44

Figura 13 - Fundos com lavanderia

Figura 14 - Fundos com lavanderia


45

Figura 15 – Churrasqueira com espetos giratórios


46

3.2 CATEGORIA MOBILIÁRIOS

De uma forma geral, no Brasil, os mobiliários organizadores são adquiridos desde o


início da compra do imóvel e/ou durante a construção do mesmo. Alguns, no entanto,
principalmente aqueles que não são sob-medida às vezes deixam de cumprir com as
necessidades físicas de cada indivíduo (COSTEIRA, 2008)

Na casa, existem diversos equipamentos de suporte às necessidades de cada usuário.


Verificou-se, contudo, que são mobílias prontas, adquiridas em lojas do varejo, algumas
doadas por parentes e outras compradas sob-medida de marceneiros. Neste estudo se destacou
apenas os mobiliários existentes nos dois cômodos indicados pelo participante na residência
avaliada. A análise do mobiliário considerou aspectos como as alturas de bancadas e mesas, o
acionamento de portas de armários, altura de camas, sofás e cadeiras, entre outros.

De acordo com Kliksberg (2001), à medida que os consumidores vão percebendo os


problemas apresentados no uso de produtos, naturalmente ocorre uma insatisfação contida,
especialmente das pessoas com deficiência. Para se evitar esse feedback negativo, “é hora de
ouvir as pessoas”. Com isso, certamente, os produtos serão mais apropriados e terão um
alcance maior na satisfação dos consumidores.

3.2.1 Subcategoria Mobiliários da Cozinha/Estar

Na cozinha existem os seguintes mobiliários: uma mesa com altura de 76 cm, para seis
pessoas e quatro cadeiras convencionais; um balcão/armário com dimensões de 4 metros de
comprimento, 78 cm de altura e 40 cm de profundidade. O tampo é liso para suporte de seis
eletrodomésticos: forno elétrico, microondas, torradeira, grill, liquidificador e
multiprocessador. Sob o tampo, o acesso às quatro prateleiras é através de portas de correr,
que oferece somente acesso lateral (Figura 16) à cadeira de rodas e não permite que o usuário
alcance objetos que estejam na prateleira inferior e mais ao fundo. Há quatro gavetas para
talheres e outros acessórios de cozinha.
47

Figura 16 - Balcão organizador na cozinha com acesso às


portas somente lateral

Ainda na cozinha, a pia oferece um acesso adequado ao cadeirante (Figura 17) com
um tampo de aço inox com dimensões de 01 m de comprimento, 78 cm de altura e 52 cm de
profundidade.

Figura 17 – Sujeito participante, na sua pia de lavar


louças

O fogão de mesa com quatro bocas também possui acesso adequado ao cadeirante
(Figura 18), com dimensões de 45 cm de largura, 55 cm de profundidade e 71,5 cm de altura.
Devido sua lesão medular, o manuseio do fogão oferece certo risco, tendo em vista a falta de
sensibilidade da área corporal intimamente próxima ao fogão.
48

Figura 18 – Usando fogão de quatro bocas; esquentando


água para preparar um café preto

A geladeira com congelador e ao lado um freezer (Figura 19) possuem difícil acesso às
gavetas inferiores o que por vezes é impossível para alcançar objetos e/ou alimentos nelas
contidos.

Figura 19 - Fundo e gavetão inferior de difícil alcance

Na sala de estar conjugada a cozinha há um sofá-cama de dois lugares para visitas,


dois armários tipo cristaleira e despensa, com 50 cm de comprimento, 30 cm de profundidade
e 1,50 m de altura, respectivamente. As gavetas ou acessos de objetos ou mantimentos que
ficam abaixo de 40 cm, tornam-se inacessíveis. (Figuras 20 e 21)
49

Figura 20 - Gavetas com alcance


limitado

Figura 21 - Alcance limitado


50

3.2.2 Subcategoria Mobiliários do quarto principal

O quarto principal é amplo e possui banheiro privativo. O closet está neste cômodo e
ao seu lado uma área para estender roupas. A janela do quarto dá visão para frente da casa. No
dormitório existem os seguintes mobiliários: um armário gaveteiro tipo rack10 para televisão
29” e outro rack para computador; duas cômodas mais antigas com gaveteiros (Figura 22 e
Figura 23)

Figura 22 - Gaveteiro limita acesso

Figura 23 - Comôda

As Figuras acima apresentam o sujeito participante manuseando gaveteiros os quais


são pesados. As gavetas na altura inferior são de difícil alcance que exigem três manobras de

10
Do inglês, significa prateleira.
51

seu usuário para abri-las e outras três para fechá-las; o rack para computador pessoal tipo
notebook é acessível (Figura 24).

Figura 14 - Rack de computador e periféricos


adequados

Ainda no quarto principal, a cama de casal possui criado mudo na cabeceira e nas
laterais. O acesso aos móveis organizadores é somente lateral. Objetos nas gavetas inferiores
da cômoda e do rack da televisão não são alcançados por seu usuário. Além disso, as gavetas
não possuem corrediças e a madeira nobre e espessa do móvel provoca atrito e trava tanto
durante a sua abertura quanto em seu fechamento exigindo várias manobras com a cadeira de
rodas e demasiada força de seu usuário para movimentá-las.

Já o acesso à cama (Figura 25 e Figura 26) é muito complicado. A transferência da


cadeira de rodas para o leito e vice-versa é penosa, pois apresenta bloqueio da travessa lateral
da cama no avanço do quadro e no apoio dos pés da cadeira de rodas. “a cama é um dos
móveis que gostaria de modificar para facilitar minha transferência. A minha esposa tem que
segurar a minha cadeira de rodas para eu passar com mais segurança” salienta o sujeito
participante.
52

Figura 25 - Avanço do quadro


bloqueado pela travessa lateral da
cama

Figura 26 - Distância > 50 cm para


transferência
53

Observa-se nas figuras acima o detalhe da cama em que a distância do ponto central
do quadril até o ponto de transferência seguro no colchão é maior que 50 cm. A passagem da
cadeira para a cama exige a maior concentração do participante e demasiado esforço, pois
além de posicionar várias vezes as pernas até encontrar seu ponto de equilíbrio, tem que
levantar todo o peso de seu corpo, transpor o protetor/paralamas da roda à direita para não
lesionar a região de quadril e glúteos, apoiar-se na cama e saltar lentamente para o colchão de
acordo com a seqüência do movimento capturada em vídeo e transposta em fotos (Figura 27).
Conforme O’Sullivan e Schmitz (2003), o ponto de transferência seguro deve estar o
suficiente próximo para se evitar força excessiva dos ombros.

Figura 27 – Seqüência da transferência para cama exige cautela e esforço de membros superiores
54

3.3 CATEGORIA MOBILIÁRIO ESCOLHIDO

O closet, cômodo então escolhido pelo participante possui as seguintes dimensões: 1


m e 56 cm de largura e 3 m de comprimento. Nele, encontra-se um armário que foi analisado
conforme indicações pelo participante: um armário-closet tipo organizador para guarda-
roupas.

O armário possui prateleiras, sendo apenas duas com portas/tampos; possui um


espelho; uma arara para cintos e sapatos e um cesto de roupas. Neste espaço, o armário de
prateleiras, ocupa todo o comprimento do espaço. As demais dimensões do armário são: 46
cm de profundidade, 1 m e 70 cm de altura. Possui vinte e sete prateleiras com dimensões de
46 cm de profundidade e 51 cm de largura. Destas, oito são as prateleiras de uso pessoal de
seu usuário, incluindo um cabideiro fixo com 1 m e 40 cm de altura e 51 cm de largura. As
demais são as prateleiras de roupas de sua esposa e outras duas de roupa de cama. Acima do
tampo do armário ficam outras três prateleiras de aramados a uma altura de 2 m e 10 cm para
guardar objetos usados com pouca freqüência.

O closet é acessado por porta de correr e dá passagem secundária a uma pequena área
de estender roupas. Com relação ao armário principal, não há acesso frontal para cadeira de
rodas, sendo impossível alcançar mais ao fundo das prateleiras inferiores que estão a 25 cm
(Figura 28 e Figura 29) do piso e tampouco alcançar objetos ao fundo do tampo superior, que
possui altura de 1m 70 cm (Figura 30 e Figura 31). Devido à falta de controle de tronco, a
eventuais dores e a impotência funcional no ombro direito, o manuseio das peças de roupas é
feito sempre com apenas um dos membros, geralmente com a mão esquerda, enquanto a outra
mão é ocupada para segurar no sobrearo da cadeira de rodas. Já os objetos mantidos nas
prateleiras de aramados são alcançados com dificuldade, com uma vassoura, gancho ou uma
bengala de madeira (Figura 32). A largura do closet não permite giro confortável e completo
da cadeira de rodas, tampouco comporta o casal ao mesmo tempo. Se a entrada ao ambiente
for frontal a saída deve ser de ré. Ou, para sair de frente, o cadeirante deve acessar a área de
estender roupas para fazer o giro. A troca de rouparia inverno-verão e vice-versa é feita por
um cuidador ou pessoa contratada eventualmente para a limpeza da casa.
55

Figura 28 - Objetos ou roupas ao fundo


das prateleiras não são alcançados

Figura 29 - Inclinação lateral do tronco


para acessar prateleira inferior
56

Figura 30 - Vista posterior do participante acessando o tampo superior

Figura 31 - Vista anterior do participante acessando o tampo superior


57

Figura 32 - Alcance de objetos nas prateleiras de aramados com bengala


58

3.4 CATEGORIA MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS E PESO

O sujeito participante possui dimensões antropométricas compatíveis às de um homem


adulto e idoso sobre uma cadeira de rodas, conforme dimensionamentos descritos por Tilley
(2005). Suas medidas sobre a cadeira de rodas são, aproximadamente, de 1 m e 65 cm de
altura e 92 Kg, o que também confere com a medida antropométrica aproximada e
preestabelecida pelo software de medidas humanas (Figura 33) para antropometria estática da
UFJF (CASTRO, 2003). As demais medidas reais do participante estão descritas no
(Apêndice B).

Figura 33 - Medidas aproximadas para um homem de 1 metro e 65 centímetros de altura (CASTRO, 2003)
59

3.4.1 Subcategoria Condição Física Atual do Participante e seu Histórico segundo


Prontuário11

A análise da postura é considerada como parte fundamental do processo de avaliação


de fisioterapeutas. A importância dada à avaliação postural se deve, em grande parte, à
possibilidade de imposição de estresses anormais aos tecidos devido a uma postura
inadequada ou a falta de adaptação ergonômica de um equipamento, para que não ocorra uma
postura compensatória. O controle postural é uma habilidade sensório-motora complexa com
objetivos de orientação e equilíbrio postural, integrando informações sensoriais, planejando e
executando um programa motor a fim de realizar uma tarefa de maneira estável. Ajustes
posturais constantes são necessários durante a realização de uma tarefa, até mesmo para
adequar a postura e a respiração (MOYA, 2008).

O participante possui sessenta e seis anos de idade, é casado há vinte e seis anos. Cabe
ressaltar que sua esposa também é deficiente física e a maioria das atividades manuais no
domicílio, quem faz é o participante.

De acordo com seu histórico de prontuário, o sujeito participante adquiriu lesão


raquimedular com secção completa no nível dos segmentos vertebrais torácicos T3-T412,
ocasionados, segundo ele, por iartrogenia13 estando paraplégico há 35 anos. Com autonomia
de membros superiores, atualmente possui diversas complicações que vêm se agravando com
sua idade e dificultando sua independência física, como úlceras de pressão na região sacra do
tipo cavernosa, encurtamento severo da musculatura de membros inferiores, sendo joelhos em
flexão de 90º devido à aderência de longa data de cápsula articular dos joelhos. Está acima do
peso, com aproximadamente 92 Kg. Devido à incapacidade de expiração máxima forçada, o
11
Alguns dados obtidos no histórico do prontuário enquanto ex-paciente, foram suprimidos para manter o sigilo
de informações que pudessem identificar o sujeito desta pesquisa (Resolução COFFITO nº 10 de 03 de julho de
1978).
12
Segmento da coluna vertebral localizado entre as vértebras torácicas três e quatro, do total de doze vértebras.
A letra T indica a abreviatura de Torácica e os números correspondem ao nível da sua altura. Ou seja, são ao
todo 12 vértebras torácicas na coluna vertebral humana. Neste caso, T3-T4, indica uma altura de lesão
significativamente alta.
13
O termo iatrogenia deriva do grego (iatros = médico /gignesthai = nascer, que deriva da palavra genesis =
produzir) e significa qualquer alteração patológica provocada no paciente pela má prática médica. Classifica-se
em 1) iatrogenia de ação: aquela que ocorre pela ação médica, desde a relação com o paciente, passando pelo
diagnóstico, terapêutica, até a prevenção. Caracteriza imprudência ou imperícia médica; 2) iatrogenia de
omissão: aquela que ocorre pela falta de ação do médico, quer no diagnóstico, quer no tratamento, portanto, ato
negligente (PEREIRA e COLS., 2000).
60

acúmulo de secreção pulmonar facilita recidivas de pneumonias as quais são tratadas com
antibioticoterapia, necessitando atualmente de fisioterapia respiratória. Infecções urinárias
também são freqüentes. Conforme exames de imagem como, por exemplo, os raios-X da
coluna cervical, apresentam discopatias degenerativas em todos segmentos das vértebras
cervicais com uncoartorses nos processos transversos nos segmentos C4-C5 e C5-C614. O RX
dos ombros acusa significativo osteófito acromial do ombro direito e desgaste articular
glenoumeral devido à esclerose condral deste segmento para o qual, nesta pesquisa, foi
reservado nos anexos (Anexos B, C, D, E, F e G), uma breve revisão anatômica para critério
de revisão terminológica e ilustrativa. A ecografia do ombro direito acusa ruptura total do
manguito rotador e do tendão longo do bíceps, com bursa subacromial distendida por líquido
(bursite) provável a pinça acromial, devido à projeção do osteófito do acrômio. Devido a essa
lesão no ombro direito, apresenta impotência funcional para movimentos de rotação e dor
intensa para sustentar os braços elevados por mais de 40 segundos. A incapacidade funcional
de se transferir tantas vezes por dia, somado às complicações anteriores e à compressão da
bursa subacromial, obrigaram o participante a se desfazer de seu carro, pois não conseguia
mais se transferir da cadeira de rodas para o assento do veículo e vice-versa, com segurança.
Segundo ele, as transferências da cadeira para o vaso sanitário e para a cama estão cada vez
mais difíceis.

Esta avaliação, especialmente na descrição do comprometimento do ombro do


participante, condiz com a pesquisa de Gianini, Chamlian e Arakaki (2006), a qual,
extensamente, descreve que dentre as complicações músculo-esqueléticas em pacientes com
lesão medular a dor no ombro é a de maior relevância. A etiologia da dor no ombro em
pessoas com lesão medular pode ser em parte um resultado de sobrecarga e overuse15. O
paciente com lesão medular sobrecarrega excessivamente os membros superiores,
especialmente os ombros, utilizando-os mais freqüentemente e em maior variabilidade de
atividades que pessoas sem este tipo de lesão. Esses segmentos são utilizados para realizar
transferências, propulsão da cadeira de rodas, especialmente nos enfrentamentos dos
obstáculos à falta de acessibilidade urbana. Também, pela necessidade da posição sentada,
muitas atividades de vida diária necessitam ser realizadas com o braço elevado, resultando em

14
Segmento da coluna vertebral localizado entre as vértebras cervicais de quatro até a sexta vértebra, do total de
sete vértebras.
15
Do inglês, uso excessivo (Dicionário Michaelis, 2007).
61

desequilíbrio muscular e sobrecarga dos ombros. As implicações da dor no ombro foram


relatadas [...] nas tarefas domésticas durante atividades funcionais que requerem extremo arco
de movimento do ombro, ao posicionar o braço acima da cabeça e ao executar um
determinado nível de força nos membros superiores.

Ainda, segundo os mesmos autores, a prevalência de lesões no ombro também é um


fenômeno tempo-dependente. Porém, a maior incidência e comprometimento funcional é a
síndrome do pinçamento subacromial ou síndrome do impacto [...] e comprometimento do
tendão do manguito rotador. Os pacientes com paraplégico utilizam os membros para a
realização das atividades de vida diária para a própria independência, quer seja no ato da
locomoção, da transferência, dos autocuidados e outros. Porém, uma alta prevalência de dor
nesta articulação tão fundamental para a independência é um sério problema para esta
população. A dor e distúrbios com o arco de movimento do ombro levam o paciente a uma
significante limitação funcional, afetando diretamente as atividades de vida diária (GIANINI;
CHAMLIAN; ARAKAKI, 2006).

3.4.2 Subcategoria Análise Cinesiológica e Biomecânica de Membros Superiores

Greene e Roberts, (2002) definem a cinesiologia como sendo o estudo do movimento e


das estruturas passivas e ativas envolvidas e a biomecânica uma ciência da ação das forças,
interna e externas, no corpo vivo.

Compreendido tais conceitos, verifica-se que as estruturas corpóreas do sujeito


participante, projetam seu corpo sempre a favor da gravidade. Considerando sua lesão
medular e sua atual condição sobre a cadeira de rodas, especialmente a falta de equilíbrio de
tronco, todas as compensações são realizadas respectivamente pela cabeça e pescoço, cintura
escapular e/membros superiores. Assim sendo, verificou-se a compensação postural do tronco
superior em relação à postura de sedestação versus centro de gravidade aos movimentos de
membros superiores em posições estáticas simuladas e durante o manuseio real do mobiliário
sendo identificadas as seguintes alterações: hiperlordose cervical associada com
anteriorização da cabeça, depressão e protusão de ombros. Todos os movimentos de membros
superiores são executados somente bilateralmente quando apoiado no encosto da cadeira de
rodas (Figuras 34 e 35). A inclinação lateral com abdução de ombro em 90º tem alcance de
62

apenas 15 cm a partir do centro da posição neutra sobre a cadeira de rodas (Figura 36 e 37). A
inclinação lateral de tronco permite alcance máximo de objetos até 30 cm acima do piso
(Figura 38 e Figura 39). Movimentos de flexão anterior de tronco devem ser realizados com
um dos membros seguros no sobrearo. A flexão de tronco é mínima e permite alcance seguro
e confortável de no máximo 40 cm acima do piso (Figura 40).

Figura 34 - Vista perfil com flexão de Figura 35 - Vista Anterior posição


ombros neutra

Figura 36 - Vista Anterior Figura 37 - Vista Anterior


Inclinação lateral com abdução do Inclinação lateral com abdução
ombro direito do ombro esquerdo
63

Figura 38 - Vista anterior – Figura 39 - Vista anterior –


impossível alcançar um molho de impossível de alcançar um molho de
chaves com membro superior direito chaves com membro superior
esquerdo

Figura 40 - Alcance anterior de membros


superiores é muito limitado.
64

Durante o manuseio do mobiliário, fotografou-se o participante em determinados


momentos, cujos movimentos são mais repetitivos ou corriqueiros, tais como alcançar uma
roupa na prateleira inferior e outra na prateleira superior. Para compreender a atividade
envolvida, obteve-se o centro de gravidade (CG) parcial de tronco e membros superiores pelo
método segmentado16, durante o manuseio do mobiliário, conforme demostram as Figuras 41
e 45.
Segundo Greene e Roberts (2002) estes afirmam que:
Nosso centro de gravidade muda quando nos movimentamos. O corpo humano
quase constantemente está mudando. Quando ficamos em pé, nosso centro de
gravidade situa-se na cavidade abdominal, aproximadamente 6 polegadas acima da
sínfise púbica. Quando os braços e as pernas se movem, o centro de gravidade se
desloca e em alguns casos ele pode se localizar fora do corpo físico. [...] às vezes o
centro de gravidade de um indivíduo é alterado pelo equipamento adaptável e pelas
ferramentas que o indivíduo utiliza. [...] o centro de gravidade de uma pessoa
sentada numa cadeira de rodas é mais para frente e ligeiramente mais alto do que o
de uma pessoa em pé, devido à posição de membros superiores.

Estes mesmo autores descrevem de maneira muito perspicaz17 e didaticamente como


se determina o centro de gravidade de um corpo através do método segmentado, quando se é
necessário avaliar apenas alguns segmentos corpóreos, como executado nesta pesquisa que
então considerou apenas a atividade de membros superiores do sujeito participante sobre uma
cadeira de rodas.

O método segmentado foi estabelecido da seguinte forma:


1. Obtiveram-se as medidas antropométricas reais dos segmentos corpóreos do
sujeito participante (Apêndice B);
2. Foi medido o comprimento de cada segmento - da cabeça, do pescoço, do
tronco superior e dos membros superiores, cujas cotas estão descritas em
centímetros destacados na cor vermelho (Apêndice B);
3. Fotografou-se o sujeito em uma atividade real de manuseio ao mobiliário;
4. As fotos obtidas foram transferidas digitalmente para o computador e
sobrepostas a um gráfico quadriculado representando em grade as coordenadas
x e y;

16
De acordo com Greene e Roberts, (2002) é possível obter o centro de gravidade por método segmentado em
posições.
17
Recomenda-se leitura didática complementar para se compreender passo-a-passo como determinar o centro de
gravidade de um corpo, recorrendo-se a Greene e Roberts (2002, p. 24-30) bem como estender a leitura aos
demais capítulos deste livro. Recomenda-se ainda, revisão da anatomia humana para critérios de aprofundamento
didático. Neste caso, cumpre-se a necessidade de consultar livros específicos bem como um profissional docente
da área em questão.
65

5. A partir dos cálculos realizados (Apêndices F e G) obteve-se o resultado do


centro de gravidade. Um vetor de traço na cor vermelho foi desenhado na
grade e identifica o centro de gravidade do indivíduo, onde o destaque em azul
corresponde ao produto das coordenadas x e y.
6. Para melhor detalhamento do resultado obtido, as medidas e cálculos foram
descritos em tabelas (tabela 1 e 2).

Figura 41 - Membro superior direito elevado acima da cabeça, puxando um cobertor

Cada quadrado na escala indica 5 centímetros nas coordenadas X e Y


66

3.4.3 Subcategoria Discussão da Primeira Postura

Analisando a figura 41, verifica-se o participante em uma primeira postura com vista
posterior elevando o braço acima da cabeça em um movimento de abdução18 em arco
doloroso (Figura 42) que, conforme goniometria19 em torno de 150º (Figura 43), exige
trabalho, inclusive, da articulação esternoclavicular exemplificada na figura 44. A força
tangencial produzida a glenóide durante o esforço de movimentar um cobertor de
aproximadamente 2 Kg, no movimento de rotação do úmero, associado à abdução total é
prejudicial à atual situação do manguito rotador do participante, que já está lesionado.

Figura 42 – O arco doloroso (JOÃO, Figura 43 - Goniometria do ombro direito


2004)

Figura 44 - Articulação escapuloglenoumeral e esterno-clavicular respectivamente (JOÃO, 2004)

18
Abdução do Ombro é um movimento que ocorre no plano frontal. A abdução da articulação glenoumeral é
acompanhada por elevação clavicular, seguida por rotação lateral do úmero.
Amplitude Articular: 0°-180° (MARQUES, 2003; PALMER; APLER, 2000 apud GREENE; ROBERTS, 2002)
e 0-170/180°(MAGEE, 2002 apud GREENE; ROBERTS, 2002).
19
Formado por duas palavras gregas: gonia (ângulo); metron (medida). É um método para medir os ângulos
articulares do corpo, utilizado por fisioterapeutas para quantificar a limitação dos ângulos articulares, decidir a
intervenção fisioterapêutica mais adequada e ainda documentar a eficácia da intervenção.
67

Figura 45 – Centro de Gravidade. Participante tenta alcançar a prateleira inferior


Cada quadrado na escala indica 7 centímetros nas coordenadas X e Y

3.4.4 Subcategoria Discussão da Segunda Postura

Nesta atividade (Figura 45), o participante se posiciona na lateral do guarda-roupas e


se segura com a mão direita no protetor lateral de rodas. A falta de equilíbrio de tronco projeta
o centro de gravidade a mais de 35 centímetros do centro de sua cadeira de rodas e exige
demasiada força de preensão da mão direita, o que resulta em decoaptação da articulação
glenoumeral do ombro direito, envolvendo grupos musculares já lesionados, conforme foi
descrito no histórico do prontuário do sujeito avaliado, como o manguito rotador e tendão
longo do bíceps, os quais sofrem tensionamento, atividade danosa, já que a elasticidade dos
68

tecidos musculares envolvidos, apresenta-se prejudicada devido à idade e à calcificações


tendíneas, verificadas também nos exames de imagem do participante.

3.4.5 Subcategoria Equilíbrio das Posturas

De acordo com os resultados transcritos na Tabela 1, o centro de gravidade da Figura


41, aproximadamente estipulado, está sendo mantido “equilibrado” devido ao apoio da mão
esquerda à cadeira de rodas. Caso contrário, como transcrito na Tabela 2, estaria
significativamente distante do ponto central da cadeira de rodas20 conforme a Figura 45. Em
ambas as posições (FIGURAS 41 e 45), há exigências de esforço do ombro direito, quer seja
para compensações pelo déficit de equilíbrio de tronco, ou ainda por uso extremo das
amplitudes do movimento do ombro. A transcrição das tabelas foi realizada a partir dos
cálculos apresentados na forma de rascunhos (APÊNDICES F e G) os quais foram baseados
nas dimensões antropométricas reais do participante, descritas no apêndice (B), utilizando-se
parâmetros internacionais predeterminados por Lissner’s e Willians (1992) apud Greene e
Roberts (2002).

Tabela 1 – Centro de gravidade em vista posterior da Figura 41


% DE PESO PRODUTO PRODUTO
SEGMENTOS CORPORAL COORDENADA (% do peso COORDENADA (% do peso
DO CORPO (EXPRESSA X corporal x Y corporal x
EM COORDENADA COORDENADA
DECIMAIS) X) Y)
Cabeça com
pescoço e 0,565 -18,2 -10,28 -2 -1,13
tronco
Braço direito 0,027 14 0,378 21,2 0,57
Antebraço 0,015 29,8 0,447 30,1 0,45
direito
Mão direita 0,006 38,7 0,23 71,38 0,42
Produto N/A N/A -9,225 N/A 0,31
total*
N/A, não aplicável
*Os dois produtos totais servem como coordenadas X e Y do centro de gravidade, avaliado em tronco superior e
membro superior. Coordenada X, -9,225; coordenada Y, 0,31.

20
O centro de gravidade de um indivíduo em posição neutra em uma cadeira de rodas muitas vezes é alterado
pelo equipamento. Assim, devemos considerar o equipamento, quando mensuramos o ponto de equilíbrio de um
indivíduo (GREENE e ROBERTS, 2002).
69

Tabela 2 – Centro de gravidade em vista posterior da figura 45


% DE PESO PRODUTO PRODUTO
SEGMENTOS CORPORAL COORDENADA (% do peso COORDENADA (% do peso
DO CORPO (EXPRESSA X corporal x Y corporal x
EM COORDENADA COORDENADA
DECIMAIS) X) Y)
Cabeça com
pescoço e 0,565 -10,5 -59,3 32 18
tronco
Braço 0,027 -42 -1,13 8 0,21
esquerdo
Antebraço 0,015 -45,5 -0,68 -31,5 -0,47
esquerdo
Mão 0,006 -65,1 -0,39 -45,5 -0,27
esquerda
Produto N/A N/A -8,13 N/A 17,47
total*
N/A, não aplicável
*Os dois produtos totais servem como coordenadas X e Y do centro de gravidade, avaliado em tronco superior e
membro superior. Coordenada X, -8,13; coordenada Y, 17,47.

De acordo com Tilley (2005) as posições laterais precisam ser realizadas com conforto
(figura 46), o que não ocorre no caso do sujeito participante, o qual deve se assegurar de
demasiado cuidado para evitar quedas da cadeira de rodas ou esforço, conforme sua resposta
no Questionário nº 02 (Apêndice A.1).

Figura 46 - Fatores de alcance para deficientes segundo Tilley (2005, p.19)


70

PROPOSTAS

4.1 O PÉ DIREITO COMO ESPAÇO ÚTIL

Considerando que a maioria das pessoas com deficiência, especialmente aquelas


condicionadas à cadeira de rodas, possuem uma capacidade limitada de alcance confortável
com membros superiores a partir da altura de sua cadeira de rodas (Figura 46) e, portanto, não
conseguem capturar objetos acima de um metro e trinta e cinco centímetros de altura, as
mesmas devem, segundo projeções de Tilley (2005), na maioria dos casos, distribuírem
armários e objetos a uma altura de alcance confortável. Na pesquisa bibliográfica traçada no
decorrer deste trabalho, encontrou-se em catálogos de produtos de tecnologia assistiva,
diversos acessórios para auxiliar pessoas em atividades de vida diárias, como por exemplo,
alcançar objetos acima da linha dos ombros ou da cabeça, conforme figuras (47 e 48), os
quais, de certa maneira, também contrapõem a necessidade eminente de se pensar, em usar ou
não, o pé direito como alternativa de espaço útil, já que, de acordo com estas figuras, já
existem aparentemente, muitos comprometimentos que impedem as pessoas de erguer
confortavelmente os membros superiores durante atividades básicas de vida diárias ou durante
o uso de armários convencionais, mesmo aqueles que utilizam quase a altura máxima do pé
direito do imóvel.

A partir do registro de fotos e medidas do sujeito participante interagindo com o


mobiliário escolhido, na segunda visita estipulada no cronograma, apresentou-se então a
sugestão de se utilizar do pé-direito que, no caso avaliado, em sua totalidade, não é ocupado.

Da necessidade de se compreender de que maneira se pode usufruir de tal espaço,


baseando-se em questionamentos de Sharamm e Escosteguy (2000), sobre a eficácia,
efetividade e eficiência sobre a incorporação tecnológica de produtos, foi pensado em um
móvel que assistisse a necessidade física do participante, e que este espaço fosse acessível
funcionalmente, de fácil usabilidade e que cumprisse com o suporte mínimo necessário às que
o atual mobiliário do closet apresentava.

Conforme Panero e Zelnik, (1998), devido aos novos modelos de habitações, cada vez
menores, a distribuição do mobiliário nem sempre são possíveis o que leva a pessoa a
desenvolver um ambiente complexo no que diz respeito a sua organização, principalmente em
ambientes como quarto, sala e cozinha ou outras áreas, onde vários objetos e produtos
71

essenciais para a sua a vida cotidiana estariam alocados. Tendo em vista que muitos lares
podem ter diferentes medidas com relação à área em metros quadrados, há que se considerar,
que na maioria dos casos, pode haver falta de espaço para organização de objetos ou produtos,
e, nesse sentido, o pé direito apareceu como uma interessante lacuna para este pesquisador.

Deve-se também considerar a antropometria da média populacional, que são


representadas pela média e o desvio padrão, porém a utilidade dessas medidas depende do
tipo de projeto em que vão ser aplicadas (IIDA, 1998). Igualmente, o mobiliário pensado,
deve se enquadrar nos padrões atuais da construção civil. Por conseguinte, áreas menores
terão pouca capacidade de receber materiais ou produtos e/ou objetos diversos. Como visto no
caso, a maioria de seus módulos de armários e balcões são horizontais com alturas máximas
de 1 metro e 40 centímetros. Além da altura máxima a ser usufruída em balcões/armários
horizontais, é preciso se verificar sua usabilidade no que se refere à porção inferior destes
balcões/armários, sabendo-se que seu usuário, então participante nesta pesquisa, e outras
pessoas com condições físicas semelhantes, também têm dificuldade em alcançar objetos que
estejam muito próximos do piso e, portanto, tais balcões ou armários horizontais passam a ter
pouca funcionalidade e aproveitamento.

Figura 47 - Gancho prolongador de alcance Figura 48 - Gancho prolongador de alcance


(SAMMONS; PRESTON, 2000, p. 7) (SAMMONS; PRESTON, 2000, p. 5)
72

4.2 O PROJETO DE REDESENHO

Após reunião com os envolvidos na pesquisa, obtiveram-se os itens necessários para o


desenvolvimento do desenho, o qual foi iniciado em um esboço de croqui (Figura 49),
seguido das primeiras ilustrações, também em croquis (Figuras 52-60) em cotas de duas
dimensões (2D). Na terceira visita, após análise e avaliação dos dados, foi apresentado um
projeto de desenho técnico final. Para isso, utilizou-se um software de renderização
(SolidWorks, 2009) para transferir as dimensões/cotas de 2D para a de três dimensões (3D) a
fim de se obter uma linguagem de visual compreensível (Apêndices H – I).

4.2.1 Descrição do Projeto de Desenho

O projeto proposto é de um móvel cuja estrutura de uma alma de aço deve receber a
aplicação estética de uma fórmica de madeira na cor desejada pelo usuário. A estrutura interna
deve manter suporte a um sistema de transmissão movido através de um conjunto moto-
redutor compacto de 12 volts, com bateria recarregável, com autonomia de pelo menos 20
ciclos de trabalho, para o caso de pane de energia elétrica da rede externa. Módulos de
prateleiras individuais, disponíveis em oito diferentes níveis deste móvel, eqüidistantes uma
das outras, projetam as cargas bilateralmente em uma guia de formato retangular na posição
vertical. A estes mesmos incluem-se também aparatos de segurança para seu manuseio. As
dimensões do móvel devem ser compatíveis com as necessidades do sujeito participante e,
futuramente, ser projetado para uma gama de usuários com diferentes comprometimentos. O
acesso ao móvel deve ser frontal neste caso, devendo-se respeitar padrões funcionais (Figura
50) de dimensões de alcance do corpo humano. Através de uma bandeja principal, o
cadeirante poderá acessar todos os módulos de prateleiras, uma por vez. A altura máxima da
bandeja principal em relação ao piso deve ser de 75 centímetros para evitar que o usuário
necessite erguer os braços demasiadamente. Através de um painel de botoeiras, o usuário
aciona o módulo de prateleira que deverá ser indicado por legendas ou através de sistema de
visor/mostrador digital. Tais módulos podem receber uma aplicação colorida para serem
identificados na legenda das botoeiras. Cada módulo de prateleira deve oferecer capacidade
de volume igual ou maior do que aquelas do mobiliário do closet do sujeito participante
restringir possíveis quedas de objetos para fora de sua superfície e, portanto, uma forma de
73

contenção deve ser pensada. Orifícios vazados na estrutura de cada móvel servirão para
reduzir o peso de cada conjunto. Além disso, a capacidade de trabalho de cada módulo deve
ser independente aos seus pares de prateleiras, ser resistente, devendo ser capaz de comportar,
no mínimo, 05 Kg por módulo. Dessa forma, seu usuário poderá guardar quaisquer objetos de
uso comum e básico, tanto o que exista no armário do quarto ou no armário da cozinha.
Panelas, louças, livros, Cds de música, roupas, sapatos, entre outros objetos, deverão ser
possíveis de organizar no móvel proposto. Para facilitar o acompanhamento da legenda de
cada botoeira e tornar o móvel interativo, um visor translúcido ou transparente a ser fixado no
tampo superior deve permitir ao usuário acompanhar o trajeto/deslocamento dos módulos.
Assim, se por equívoco na escolha da legenda, o usuário selecionar um módulo não desejado,
poderá verificar o fluxo dos módulos e poderá pressionar um botão de cancelamento,
permitindo reiniciar a tarefa. Quando o módulo escolhido atingir o alinhamento com a
bandeja principal, esta deverá possuir um sistema que destrave sua porta, com acionamento de
lâmpada interna, podendo assim, o conteúdo do módulo ser retirado com segurança e
conforto. Deve ser pensado em sistemas de aviso sonoro, como opcionais, para identificação
de cada acionamento. Além disso, deverá dispor de uma lâmpada de emergência para que no
caso de pane elétrica ou falta de bateria, o usuário enxergue os objetos e um manivela, será a
opção para acessar manualmente os módulos. Os desenhos destas descrições estão dispostos
conforme figuras dos croquis (Figuras 51 até 59).

Figura 49 - Croqui com a idéia inicial


74

Figura 50 - Dimensões Funcionais do corpo humano


(Panero e Zelnik, p. 39, 1998)
75

Figura 51 – Croqui com dimensões do Redesenho do


Móvel em perfil
76

75

Figura 52 - Croqui do projeto em perfil demonstra abertura da bandeja principal de acesso aos módulos de
prateleiras

Figura 53 – Croqui Esquema demonstra a proposta de desempenho de 08 prateleiras em sistema


rotativo
77

Figura 54 - Outras cotas em croqui com dimensões técnicas de


espaços restritos
78

Figura 55 – Croqui em perfil de cotas e dimensões técnicas de espaços


restritos
79

Figura 56 – Croqui de cotas e dimensões técnicas de espaços restritos


Seqüência de transição dos módulos em vistas diferentes
80

Figura 57 – Croqui de cotas e dimensões técnicas de espaços restritos


Peças de suporte para engrenagens – chapas/perfil
81

Figura 58 – Croqui de cotas e dimensões técnicas de espaços restritos


82

4.2.2 Funcionalidade
A funcionalidade do móvel proposto é justificada pelos seguintes benefícios:

Entrada frontal, esforço nulo – o cadeirante acessa uma única bandeja principal sem
erguer demais os braços ou tentar acessos laterais se cansando com diversas manobras
com a cadeira de rodas para buscar objetos em prateleiras inferiores ou superiores; não
mais irá executar esforço para se manter em equilíbrio e não irá correr o risco de quedas,
tanto o paraplégico que precise se inclinar, como o idoso que por ventura necessitasse
subir em bancos e escadarias;

Fácil Organização – acionado por um painel de botoeiras (Figura 54), cujas legendas são
escolha do próprio usuário, oito prateleiras organizam mais volume do que aquelas do
mobiliário do closet do sujeito participante. Por exemplo: as botoeiras podem ser
nomeadas com o tipo de objeto, por cores ou números ou ambos: [amarela/nº 01/camisas].

Fácil Manutenção – o móvel proposto deve ser de fácil manutenção e oferecer meios de
retirá-lo sem causar transtornos. Para isso, foi desenhado com sistema de rodízios que
possibilitam a higiene do piso e de sua fácil mobilidade. Em caso de pane elétrica e
possível falta de bateria, uma trava deve ser liberada e as prateleiras movidas através de
uma manivela externa.

Desempenho, Utilidade e Interatividade – o móvel pode ser usado para diferentes


necessidades ou cômodos. Deve possuir capacidade e resistência tal e qual um paneleiro,
sendo útil na cozinha até mesmo para guardar mantimentos ou ainda ser aplicado em um
quarto como um roupeiro, podendo se pensar em outras formas de uso. Com uma
velocidade aproximada de 25 centímetros a cada 5 segundos, permitirá agilidade
confortável se comparada com as manobras antes executadas pelo participante em sua
cadeira de rodas na lateral de seu mobiliário. Além disso, a idéia de um visor translúcido
ou transparente no tampo superior permite ao usuário acompanhar o trajeto dos módulos,
oferecendo uma interatividade com o móvel.

Inovação Tecnológica – o dispositivo desenhado é original possui características


inovadoras, uma vez que se enquadre modelo de utilidade como tecnologia assistiva,
designado a auxiliar às necessidades das pessoas com deficiências.

Desenvolvimento Regional – o mercado moveleiro possui móveis sob medida, porém


necessita de itens especiais para pessoas com limitações físicas ou neurossensoriais. A
idéia proposta, em uma cidade como Canoas, cujo poder econômico é referido como o
segundo no ranking no PIB do Rio Grande do Sul, pode alavancar novos mercados, tão
carentes de inovações.

Inclusão Social – a proposta de redesenho compreende fatores que podem minimizar o


sofrimento daquelas pessoas que precisam de auxílio nas atividades básicas da vida diária,
como pegar objetos que acidentalmente caem ao chão, ou alcançar outros materiais e
objetos em alturas não acessíveis. Dessa forma, e segundo extensa bibliografia consultada,
um viés inclusivo, a partir de um mobiliário, pode sim proporcionar considerável melhora
da qualidade de vida destas pessoas.
83

Figura 59 – Croqui sugerido do painel (em destaque ampliado à esquerda)


84

CONCLUSÃO

Considerando que as ações do homem dependem da ação da gravidade e que sua


postura é conseqüência desta ação e, combinada com um design de mobiliário inadequado,
pode-se afirmar que a posição de seu corpo aumenta o seu esforço físico.

Diante do exposto, buscou-se investigar a relação entre a funcionalidade do mobiliário


doméstico, frente às necessidades específicas de acessibilidade de indivíduo com paraplegia,
visando uma melhor autonomia para realização de atividades de vida diárias destas pessoas.

O estudo postural do participante, frente ao uso do seu mobiliário doméstico


convencional, possibilitou, a partir dos dados obtidos, a confirmação de que o arranjo
incorreto do mobiliário afeta diretamente as posturas e o equilíbrio de tronco de uma pessoa
com paraplegia. Isto foi observado, durante as atividades desenvolvidas na posição sentada
em cadeira de rodas. Além disso, mostrou que o ambiente e o mobiliário não podem,
respectivamente, dividir funções estéticas e organizadoras. Ambos devem ser acessíveis de
forma integrada a fim de possibilitar funcionalidade ao seu usuário.

Assim sendo, constata-se o seguinte:


• A acessibilidade geral do ambiente da casa é adequada;
• O sujeito participante, além da paraplegia, está condicionado a limitações
físicas devido a desgastes osteomusculares e dores excruciantes,
especialmente no ombro direito, fatores estes, limitantes para o
desenvolvimento de atividades com os membros superiores. Observou-se
também, que a idade avançada, o peso e a falta de controle de tronco, reduzem
sua agilidade consideravelmente, levando-o a uma precoce impotência
funcional. Nestas condições, partindo-se do problema formulado, para o caso
estudado, conclui-se que o mobiliário não é acessível funcionalmente. Os
mobiliários organizadores, principalmente o roupeiro disposto no closet, são
incompatíveis com as necessidades deste usuário, pois favorecem apenas
acesso lateral e não frontal, como seria apropriado;
85

• Através da mensuração dos segmentos corporais avaliados, verifica-se um


desequilíbrio postural sobre a cadeira de rodas gerando compensações
prejudiciais a integridade física do sujeito, comprometendo sua segurança, no
desempenho das atividades cotidianas, como por exemplo, transferir-se com
mais facilidade para a cama e para o sanitário;
• É necessário o redesenho do mobiliário para que estas compensações posturais
sejam amenizadas.

Feitas estas constatações, busca-se soluções através da idéia do redesenho de um


armário organizador que seja multiuso, cujas características ofereçam um mobiliário de
acesso frontal com alturas adequadas, com um sistema tecnológico que assiste a necessidade
da pessoa com deficiência. Assim, acredita-se ser possível induzir maior conforto e segurança
do tronco, para caracterizar uma postura mecanicamente mais correta. Nesse âmbito, propôs-
se o desenvolvimento do protótipo de um móvel funcional, que gere benefícios, baseados na
tríade acessibilidade, inclusão social, desenvolvimento regional e tecnológico.

Assim sendo, espera-se contribuir com o desenvolvimento do design inclusivo


aplicado ao mobiliário, visto ser uma necessidade tanto social quanto mercadológica podendo
desempenhar fundamental importância às tecnologias assistivas no Brasil, visando melhorar a
qualidade de vida das pessoas com deficiência.
86

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Face a este estudo, acredita-se que os objetivos deste foram alcançados apontando a
necessidade de se apresentar um protótipo para qualificar a eficácia do projeto de redesenho
de mobiliário, dando continuidade ao estudo em parceria multidisciplinar, tendo em vista que
nesta pesquisa três áreas distintas foram fundamentais para seu desenvolvimento a saber:
fisioterapia, design e engenharia mecânica. Em se tratando de pessoas com deficiência, é de
fundamental importância que os profissionais envolvidos compreendam adequadamente o
estudo do movimento humano para se aplicar corretamente o desenvolvimento de móveis e
equipamentos a serem destinados a estes indivíduos.

Recomenda-se também a continuidade deste estudo visando contemplar outros itens de


mobiliário, como a cama, identificada neste estudo, como de difícil acesso e transferência.
87

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2001.
94

GLOSSÁRIO

Abdução. Movimento de uma articulação que leva o segmento distal para longe da linha
mediana do corpo.
Aderência articular. Comprometimento de uma articulação quando inerte por demasiado
período de tempo, a cápsula articular necessita de movimento para liberar líquido sinovial.
Adução. Movimento de uma articulação que leva o segmento distal em direção à linha
mediana do corpo.
Agonista. Um músculo que age como motor primário para um movimento articular
específico.
Alavanca de primeira classe. O eixo do movimento dica entre as forças motiva e resistiva.
Alavanca de segunda classe. Proporciona uma vantagem mecânica para a força motiva, que
fica mais longe do eixo de movimento que a força resistiva.
Alavanca de terceira classe. Permite que as resistências sejam movidas numa maior
velocidade e através de uma maior distância, porque a força da resistência fica mais longe do
eixo do que a força motiva.
Articulação acromioclavicular. Uma pequena articulação sinovial na qual a clavícula
articula com o acrômio da escápula.
Articulação diartrose. Uma articulação na qual um espaço cheio de fluido ocorre entre dois
ou mais ossos que se articulam, permitindo liberdade de movimento.
Articulação escapulotorácica. Articulação entre a escápula e o tórax.
Articulação esternoclavicular. Uma pequena articulação entre o estero e a clavícula.
Articulação escapuloglenoumeral. Complexo articular que envolve a cabeça do úmero,
fossa glenóide da escápula.
Articulação sinartrose. Uma articulação fibrosa imóvel entre dois ou mais ossos.
Biomecânica. A ciência das forças internas e externas que atuam no corpo humano vivo.
Braço de alavanca. A estrutura rígida que aumenta a distância da aplicação de uma força até
o centro de movimento desta força, também conhecido como braço momento de força.
Bursa sinovial. Estrutura em forma de cápsula que contém líquido sinovial.
Bursite. Patologia/Evento inflamatório que ocorre por trauma direto ou indireto ou outra
doença na bursa sinovial.
Cápsula articular. Estrutura que envolve e reveste as articulações do corpo humano.
Centro de gravidade. O ponto de equilíbrio dentro ou próximo a um corpo, localizado onde
a força resultante das forças gravitacionais atua nos componentes corporais.
Depressão. Movimento articular desenvolvido equinodistalmente de segmentos articulares.
Expiração máxima forçada. Capacidade de expiração pulmonar ativamente.
Hiperlordose. Acentuação do ângulo fisiológico do segmento identificado da coluna
vertebral em cervical ou lombar.
Protusão. Movimento articular desenvolvido anteriormente a articulação.
Rotação. Movimento de rotação do úmero, sobre a íntima da glenóide.
Sedestação. Postura mantida na posição sentada.
Úlcera de pressão. Também conhecida como escara é uma lesão/ferida nos tecidos moles,
pele e músculos, do tipo ulcerativa, derivada de falta de alívio em determinada região do
corpo, especialmente aquela que não possua sensibilidade.
95

APÊNDICES
96

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO 01
97

Questionário 01
O questionário que se segue é parte da pesquisa: Tecnologia Assistiva: o design do
mobiliário para pessoas com deficiência. A sua colaboração em responder de forma clara e
honesta as perguntas é de extrema importância. Para o correto preenchimento e compreensão
das respostas, peço que o digite em computador ou transcreva suas respostas em letra de
forma utilizando uma nova página, identificando cada resposta com o número da questão
correspondente. Ao final do preenchimento, entregue por e-mail ao endereço indicado abaixo
ou comunique outra preferência para entregá-lo ao pesquisador. Os resultados da pesquisa
terão uma aplicação estritamente científica, o que implica em assegurar o anonimato do
inquirido. Desde já, informo que a análise dos dados estará à disposição para sua apreciação,
caso desejares. Pela sua colaboração, os nossos sinceros agradecimentos.

Mestrando/Pesquisador:
Jivago Peres Di Napoli
E-mail para entrega do questionário: jivagodinapoli@terra.com.br
Docentes/Orientadores:
Profª Regina de Oliveira Heidrich e Prof. João Carlos Jaccottet Piccoli
Data da aplicação: 29/08/2009
Prezado(a) Sr Jorge Cardoso:
Antes de responder as questões abaixo listadas, solicito que indique um cômodo principal de
sua residência onde haja mobiliário(s) organizador(res), como por exemplo, dormitório ou
cozinha, ou outro:dormitório.

1. Quando se fala em acessibilidade de mobiliário residencial, o que vem em sua


mente?Armários, sofás, camas e vaso sanitário que poderiam ser melhor adaptados as
minhas necessidades.
2. Qual sua idade? 66 anos
3. Qual o seu sexo? masculino
4. Qual sua escolaridade? Fundamental
5. Qual seu estado civil? Casado
98

6. Atualmente, reside com alguém? (x ) Sim ( ) Não Caso positiva a sua resposta, com
quem? Esposa
7. Você tem alguma deficiência? (x ) Sim ( ) Não. Caso positiva sua resposta, indique sua
deficiência: Paraplegia
8. Você apresenta algum comprometimento da habilidade de membros superiores? Sim
Qual? Rompimento do manguito do braço direito. É uma seqüela de sua deficiência ou
uma conseqüência da idade ou ocasionada por outro motivo que não ao de sua deficiência?
Idade e esforço físico.
9. Desde qual data reside nesta unidade habitacional? 01.11.2003
10. Esta unidade é uma casa ou apartamento? Casa
11. Você comprou esta unidade habitacional construída, ou foi construída por você?
Construída por mim.
As questões de 12 a 16 se referem ao mobiliário e cômodo acima por você identificado:
12. No planejamento de compra ou construção desta unidade habitacional você pensou na
acessibilidade do mobiliário? (X ) Sim ( ) Não
13. Hoje, o mobiliário disposto em sua unidade habitacional, favorece a todas as suas
necessidades físicas? ( X ) Sim ( X ) Não. Conhece alguma empresa que venda/comercialize
mobiliário especializado para a acessibilidade residencial na sua região? ( ) Sim (x ) Não
14. Durante seu dia-a-dia, você consegue alcançar fácil e confortavelmente a todos os
espaços e alturas do(s) mobiliário(s) localizado no cômodo indicado? (X ) Sim ( ) Não
15. Em algum momento desde sua estada nesta residência, teve que modificar ou trocar
algum mobiliário destes cômodos? (X ) Sim ( ) Não
16. Se fosse possível modificar algo em seu mobiliário, o que seria? Armários mais antigos
e a cama Por quê? Por causa de gavetas, das transferências para cama e para olhar
televisão.
99

APENDICE A.1
100

APÊNDICE A.1 - QUESTIONÁRIO 02


101

Questionário 02
O questionário abaixo dá continuidade ao compromisso da pesquisa: Tecnologia Assistiva: o
design do mobiliário para pessoas com deficiência. Nesta fase, peço que reflita e apresente
sua opinião descritiva sobre as modificações propostas ao mobiliário. Para o correto
preenchimento e compreensão das respostas, peço que o digite em computador ou transcreva
suas respostas em letra de forma utilizando uma nova página, identificando cada resposta com
o número da questão correspondente. Ao final do preenchimento, entregue por e-mail ao
endereço indicado abaixo ou comunique outra preferência para entregá-lo ao pesquisador. Os
resultados da pesquisa terão uma aplicação estritamente científica, o que implica em assegurar
o anonimato do inquirido. Desde já, informo que a análise dos dados estará à disposição para
sua apreciação, caso desejares. Novamente, agradecemos pela sua colaboração.

Mestrando/Pesquisador:
Jivago Peres Di Napoli
E-mail para entrega do questionário: jivagodinapoli@terra.com.br
Docentes/Orientadores:
Profª Regina de Oliveira Heidrich e Prof. João Carlos Jaccottet Piccoli

Data da aplicação: 05/11/2009


1. Qual o aspecto mais relevante das modificações propostas no projeto que proveram mais
acessibilidade?
-Diminuição do esforço físico
3. O projeto sugerido e suas modificações trariam alguma vantagem para sua vida?
(x ) Sim ( ) Não. Em que sentido?
Não realizar esforço que provoquem dor e risco de contraturas.
4. Se o mercado moveleiro atual ofertasse tal produto como as sugeridas no projeto de re-
desenho desta pesquisa, ele seria capaz de favorecer suas necessidades físicas? ( x) Sim ()
Não
5. Você teria intenção de comprá-lo? (x) Sim ( ) Não
102

APÊNDICE B
103

APÊNDICE B – ANTROPOMETRIA
104
105

APÊNDICE C
106

APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


107
108

APÊNDICE D
109

APÊNDICE D – TERMO DE AUTORIZAÇÃO DO USO DE IMAGEM


110
111

APÊNDICE E
112

APÊNDICE E - DETALHAMENTO DOS INSTRUMENTOS


113

Detalhamento dos Instrumentos de Coleta de Dados

1. Histórico de Prontuários
O levantamento do histórico deste instrumento irá oferecer dados de ex-pacientes que
se enquadrem na caracterização. Destes, um provável sujeito será eleito e convidado
para fazer parte da pesquisa.

2. Questionários
Serão aplicados dois questionários: o Questionário 01 (APENDICE A) e
Questionário 02 (APÊNDICE A.1), apresentados em momentos distintos da pesquisa
conforme descritos no plano de coleta de dados e no cronograma. Em ambos os
questionários, as respostas deverão ser preenchidas digitadas pelo próprio sujeito da
pesquisa, pois, segundo Freitas e Prodanov (2009), este deve ser respondido por
escrito pelo informante. Os questionários serão entregues sempre pessoalmente pelo
pesquisador e deverão ser devolvidos através de e-mail pelo respondente. Os
questionários construídos deverão ser validados e pré-testados para se verificar a sua
fidedignidade. Para facilitar o entendimento ao informante, uma carta-explicação
disposta no cabeçalho dos questionários, conterá as instruções de preenchimento, as
orientações para devolução e o agradecimento.
3. Material para escrita, anotações e medidas
O material para escrita servirá de apoio durante a observação do sujeito e da
acessibilidade do mobiliário no ambiente residencial. O material compreenderá uma
prancheta, caneta, lápis e borracha, bloco de papel quadriculado de 1x1 centímetros
para rascunho de anotações a serem obtidas durante cada visita a residência do
sujeito pesquisado conforme descrita no plano de coleta de dados. Neste bloco
também ser anotadas as dimensões/medidas dos ambientes e do mobiliário (todas em
centímetros) utilizando-se de fita métrica retrátil plástica de até dois mil (2000)
centímetros, trena métrica retrátil de metal de até cinco mil (5000) centímetros, um
goniômetro para medida de ângulos articulares de movimentos de membros
superiores ao nível de ombros e cotovelos. Considerando que o sujeito caracterizado
anteriormente deva ser paraplégico e, para evitar demasiada transferência e/ou
incômodo físico do mesmo, as medidas antropométricas serão obtidas sobre a sua
cadeira de rodas através das orientações da figura/boneco de medidas
114

antropométricas (APÊNDICE B). As medidas colhidas serão relacionadas por escrito


às fotos impressas/reveladas obtidas com a máquina fotográfica digital.
4. Máquina Fotográfica Digital
Uma máquina fotográfica digital da marca SONY modelo Cybershot com 4.2
megapixels será utilizada para fotografar o ambiente, o mobiliário e o sujeito
envolvido na pesquisa. O material colhido (fotos) será registrado em mídia removível
sendo este, o próprio disco de memória da máquina fotográfica. O conteúdo gravado
neste disco será salvo em uma pasta em computador pessoal do pesquisador e
realizado back-up em mídia de CDROM. Todo conteúdo (fotos) será protocolado
como em pastas com datas crescentes, impressas/reveladas em duas vias, e anexadas
às medidas do bloco de anotações. As fotos serão obtidas em dois momentos da
pesquisa conforme citado no plano de coleta de dados. Os arquivos serão preservados
pelo prazo de até cinco (05) anos. (RESOLUÇÃO 196/1996)
5. Roteiro de Vistoria de Acessibilidade do CREA/RS
O ROTEIRO DE VISTORIA DE ACESSIBILIDADE validado pelo Conselho
Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul (ANEXO
A) será utilizado como check-list básico para analisar a acessibilidade do mobiliário
e do ambiente no qual está posicionado.
A utilização do Roteiro de Vistoria, conforme Tres (2007), é bem simples e consiste
nos seguintes passos:

1º) observar o local ou objeto de análise, conforme coluna “descrição” informando


ao lado, se existe ou se atende ao questionamento feito; 2º) informe abaixo as
anotações ou observações pertinentes a cada item. Assim, a coleta de dados terá sido
concluída. Se as respostas forem afirmativas a acessibilidade estará em
conformidade. Se houver (rem) resposta (s) negativa (s) será (ão) necessária (as)
medida (s) de correção.

6. Norma Brasileira nº 9050/2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas


Para se acompanhar tecnicamente o teor básico do Roteiro de Vistoria, o pesquisador
seguirá as normativas da NBR nº 9050 de 2004 a fim de justificar cada processo na
análise dos dados.
115

7. Análise biomecânica e cinesiológica de posturas de membros superiores


mediante fotografia digital
Optou-se por uma metodologia quantitativa simples que permitirá a análise
biomecânica e cinesiológica da postura em posição estática que possam ser
fotografadas em diversas situações ergonômicas e cotidianas simuladas durante o
manuseio real de mobiliários domésticos. Para isso, o embasamento técnico-
científico será norteado através dos conceitos básicos da biomecânica de Hall (1993)
o qual a define como uma ciência que examina as forças internas e externas que
atuam no corpo e seus efeitos. Além desse embasamento, outros estudos de
cinesiologia e biomecânica de Greene e Roberts (2002) e da fisiologia articular,
como os de Kapandji (2000), serão seguidos. Considerando-se que dentre as
principais técnicas para se analisar a biomecânica encontra-se o uso de imagens e a
goniometria, tais técnicas serão empregadas para mensurar o movimento humano do
sujeito pesquisado com vistas a comparar a análise da acessibilidade e, então,
averiguar a funcionalidade do mobiliário estudado com foco em membros superiores
na posição de sedestação.
116

APÊNDICE F
117

APÊNDICE F – RASCUNHOS I
118
119

APÊNDICE G
120

APÊNDICE G – RASCUNHOS II
121
122

APÊNDICE H
123

APÊNDICE H – DESENHO TÉCNICO ESTRUTURA EXTERNA


124

APÊNDICE I
125

APÊNDICE I – RENDERING
126
127
128
129
130
131
132

ANEXOS
133

ANEXO A – ROTEIRO DE VISTORIA DO CREA/RS


134

CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA ARQUITETURA E AGRONOMIA DO RIO GRANDE DO SUL


SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL – ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO DA ENGENHARIA, DA ARQUITETURA E
DA AGRONOMIA
Rua Guilherme Alves nº 1010 – Fone: (0xx51) 3320.2100 – 90680-000 – Porto Alegre (RS) – www.crea-rs.org.br

ROTEIRO DE VISTORIA
ACESSIBILIDADE A EDIFICAÇÕES, MOBILIÁRIO, ESPAÇOS E
EQUIPAMENTOS URBANOS

O presente roteiro teve por base o questionário básico do Ministério


Público do Estado de Minas Gerais, editado em outubro de 2004 foi adaptado
e atualizado pelos profissionais do Grupo de Trabalho Acessibilidade a
Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos do CREA-RS.
Arquitetos integrantes do Grupo de Trabalho em 2004 e responsáveis
pela elaboração do roteiro de vistoria:

Belkis Regina Menezes Moraes;


Flávia Boni Licht;
José Carlos Pereira da Rosa;
Luciane Maria Tabbal;
Margarete Oliveira Cornélio;
Maria Amelia da Silva Rosa;
Orildes Tres (Coordenadora);
Rosalia Holzschuh Fresteiro e
Suzana Costa Barboza.
135

INDICAÇÃO DE USO:
Primeira etapa: Coleta de dados
1°) Observe o local objeto de análise, conforme coluna "descrição", informando ao
lado, se existe ou se atende ao questionamento feito.
2°) Informe abaixo as anotações ou observações pertinentes a cada item.
Pronto. A coleta de dados foi concluída.
Segunda etapa: Análise e intervenção
· Se a resposta for afirmativa, está em conformidade;
· Se a resposta for negativa, verifique e adote medidas de correção;
· Se a resposta for "não existe", verifique a necessidade de existência.
Importante lembrar que, dependendo do município onde se localiza o objeto da
análise, o código de obras, a legislação municipal e a legislação estadual podem
ampliar as
restrições ou ainda estabelecer medidas mínimas, maiores que as ditadas pelas
normas.
O presente roteiro de vistoria novamente encontra-se em fase de revisão e de
atualização de seus conteúdos, tão logo seja finalizado o trabalho, uma nova edição
será
publicada.
Atenciosamente,
Arquiteta Orildes Tres,
Coordenadora do Grupo de Trabalho Acessibilidade a Edificações, Mobiliário,
Espaços e Equipamentos Urbanos do Crea-RS.
136

ANEXO B
137

ANEXO B - ANATOMIA APLICADA DO OMBRO


138

Anatomia do Ombro (Amado-João, 2006)

Articulação esternoclavicular:
• É uma articulação sinovial em forma de sela com 3 graus de liberdade;
• A artic. esternoclavicular e a acromioclavicular habilitam o úmero a mover-se através
de 180° de abdução;
• Posição de Repouso: braço ao lado;
• Posição de aproximação máxima: elevação completa.

Articulação acromioclavicular:
• É uma articulação. sinovial plana que aumenta a amplitude de movimento do úmero;
• Posição de Repouso: braço ao lado;
• Posição de aproximação máxima: abdução a 90°.

Articulação escapulotorácica:
• Não é uma articulação verdadeira mas é parte integrante do complexo do ombro.

Articulação glenoumeral:
• É uma articulação sinovial multiaxial bola-e-soquete e possui três graus de liberdade;
• Posição de Repouso: 55° de abdução, 30° de adução horizontal (plano escapular);
• Posição de aproximação máxima: abdução completa, rotação lateral.

Movimentos Ativos do Ombro

• Articulação Esternoclavicular: elevação e depressão, protração e retração;


• Articulação Escapulotorácica: elevação, depressão, abdução, adução, rotação para
cima e para baixo;
• Articulação Glenoumeral: flexão, extensão, abdução, adução, rotação medial e lateral,
abdução e adução, circundução.

Ritmo escapuloumeral
Fase 1: Úmero –30° de abdução
Escápula- movimento mínimo
Clavícula- 0-15° de elevação
Fase 2: Úmero –40° de abdução
Escápula- 20° de rotação
Clavícula- 30-36 ° de elevação
Fase 3: Úmero:60° de abd. e 90° de rot. lateral
Escápula- 30° de rotação
Clavícula- 30-50° de rot. post. até 30° de elevação
139

ANEXO C
140

ANEXO C – PLANOS CORPORAIS


141

Planos Corporais

(KONIN, p. 3 e 5, 2006)
142

ANEXO D
143

ANEXO D - POSIÇÕES E MOVIMENTOS CORPORAIS DO MEMBRO SUPERIOR


144

(PANERO e ZELNIK. p. 98, 1998)


145

ANEXO E - ARTICULAÇÃO ESCAPULO-GLENO-UMERAL


146

(KONIN, p. 3 e 5, 2006)
147

ANEXO F
148

ANEXO F - ANATOMIA DO OMBRO - CÁPSULA


149

Cápsula articular e ligamentos do ombro

(NETTER, l. 398, 1996)


150

ANEXO G
151

ANEXO G - ANATOMIA DO OMBRO - MÚSCULOS


152

Músculos do Ombro

Visão anterior articulação do ombro

(NETTER, l. 398, 1996)

Seção coronal através da articulação do ombro

(NETTER, l. 398, 1996)


153

ANEXO H
154

ANEXO H – CEP FEEVALE


155
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