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Capítulo 39:

Mais Ondas de Matéria

Os elétrons da superfície de uma lâmina de Cobre foram confinados em um


curral atômico - uma barreira de 71,3 ângstrons de diâmetro, imposta por 48
átomos de Ferro. Os átomos foram colocados um a um, com o auxílio da ponta
de um STM.
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Ondas em Cordas e Ondas de Matéria

Confinar uma onda em uma região finita leva à quantização do movimento, ou


seja, à existencia de estados discretos para a onda, cada um com uma
frequencia bem definida, portanto uma energia bem definida.

E  hf
Essa onservação é aplicavel a todos os tipos de ondas incluindo as ondas de matéria.

Para ondas em cordas:


Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Ondas em Cordas e Ondas de Matéria

U(x)

x
0 L
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Calculo das energias quantizadas
de um elétron confinado

De Broglie
(onda de matéria)

Poço de potencial infinito com L = 100 pm


Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Calculo das energias quantizadas
de um elétron confinado

Para que um elétron confinado absorva um fóton, é preciso que a energia do fóton,
hf, seja igual à diferença de energia, ΔE, entre a energia do estado inicial do elétron e
a energia do outro estado permitido.
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Calculo das energias quantizadas
de um elétron confinado

Exemplo 39 1)
Um elétron é confinado em um poço de potencial unidimensional infinitamente
profundo de largura L = 100 pm.
a) Qual a menor energia do elétron?
b) Qual deve ser a energia fornecida ao elétron para que ele execute um salto
quântico do estado fundamental para o segundo estado excitado.
c) Se o elétron executou o salto quântico do item b), qual foi o comprimento de onda
do fóton incidente?
d) Depois que o elétron saltou ao segundo estado excitado, quais são os possíveis
comprimento de onda de luz que podem ser emitidos ao retornar ao estado
fundamental?
a) A menor energia será do estado b) Calcular:
fundamental. E  E3  E1
 h2  2
E3   
2 
(3)  5, 43  10 17
J
me  9,111031 Kg; h  6,63 1034 Js  8mL 
18 E  E3  E1  4,83 1017 J  301eV
E1  6,03110 J  37,7eV
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Calculo das energias quantizadas
de um elétron confinado
c) Se o elétron executou o salto quântico do item b), qual foi o comprimento de onda
do fóton incidente?
d) Depois que o elétron saltou ao segundo estado excitado, quais são os possíveis
comprimento de onda de luz que podem ser emitidos ao retornar ao estado
fundamental?
c) Sabendo a variação de energia, temos: E31  hf  hc / 
  hc / E31  4,12 109 m
d) O elétron pode saltar diretamente para o estado inicial emitindo um fóton
correspondente a transição de n=3 para n=1, ou, pode saltar de n=3 para n=2 e
depois para n=1: De n=3 para n=1, temos:
E31  E3  E1  4,83 1017 J
  hc / E31  4,12 109 m
De n=3 para n=2, temos:
E32  E3  E2  3,016 1017 J
  hc / E32  6,60 109 m
De n=2 para n=1, temos:
E21  E2  E1  1,809 1017 J
  hc / E21  1,10 108 m
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Função de onda de um elétron aprisionado

Da Equação de Schrödinger para U = 0 (dentro do poço infinito):

d 2 8 2 m 8 2 m p 2 4 2 h 2 4 2
  2 E   2    2 2    2   k 2 
dx 2
h h 2m h  
22 n d 2  n 
2
k      
 2L L dx 2
 L 
n
 n   n 
Solução:  n ( x)  Asen x   B cos x  n  1,2,3...
 L   L 

Da condição de contorno:  n (0)  0 B0

 n 
 n ( x)  Asen x  n  1,2,3...
 L 

Onda estacionária – Sobreposição de duas ondas de mesma frequência,


mesma velocidade, mas sentidos opostos:
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Função de onda de um elétron aprisionado

 n 
 n ( x)  Asen x  n  1,2,3...
 L 

p( x)   n ( x)dx
2

 n 
 n 2 ( x)  A2 sen 2  x  n  1,2,3...
 L 
Para encontrar a probabilidade em um intervalo Δx, de x1 até x2:
 n
x2 x2

p(x)   ( n ( x))dx   A2 sen 2  x dx
2

x1 x1  L 

Condição de normalização
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Função de onda de um elétron aprisionado

 n 
 n ( x)  Asen x  n  1,2,3...
 L 
Para nosso caso, o elétron certamente estará entre x=L e x=0:
L
  2n 
 sen x 
L
 n  2 x  L 
0     
2 2
A sen x dx 1 A
 L  2 4n 
 
 L 0
2 2  n 
A  n ( x)  sen x  n  1,2,3...
L L  L 

Para Grandes valores de n, o resultado


previsto pela física quântica se assimila p(x)

ao previsto pela física clássica.


0 50 1
x (pm)
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Energia do Ponto Zero

A menor energia permitida para um elétron aprisionado em um poço de


potencial infinito, a energia do estado fundamental, é dada pela equação
acima apresentada quando n = 1. O elétron sempre estará no estado
fundamental a menos que receba uma energia suficiente para transferi-lo
para um estado excitado.

 h2 
E1   
2 
 8mL 

“Quanto menor a massa maior a energia do estado fundamental.”


“Em sistemas confinados não existem estados de energia zero.”
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria

Exemplo 39 – 3)
Um elétron se encontra no estado fundamental de um poço infinito unidimensional
como o mostrado pela figura abaixo, cuja largura L = 100 pm.
a) Qual a probabilidade de detectar o elétron no terço esquerdo (entre x1=0 e x2=L/3)?
b) Qual a probabilidade de detectar o elétron entre x1=L/3 e x2=2L/3?

2  1 
x2

p(x)   ( n ( x))dx  1 ( x)  sen x  n  1


2
a) Sabendo que:
x1
L  L 
L
  2 
3
L  sen x 
3
    L 
p(x)   sen 2  x dx   
2 2 x
L L  L2 4 
0
 
 L 0

2L 3L  1 3

p(x)       0,2 p(x)  20%

L  6 8  3 4
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria

Exemplo 39 – 3)
b) Qual a probabilidade de detectar o elétron entre x1=L/3 e x2=2L/3?

Por simetria da função de onda, sabemos que a


probabilidade de encontrar o elétron no intervalo
20% 20% entre 0 < x < L/3 (terço esquerdo) deve ser igual a
probabilidade de encontrar o elétron entre 2L/3 < x
60% < L (terço direito).

0,2  p(x)  0,2  1

p(x)  0,6
L/3 2L/3

p(x)  60%
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Um Elétron em um Poço Finito

Poço infinito = idealização


Poço finito = mais realista

U(x)
U0

x
0 L
Equação de Schrödinger:
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Um Elétron em um Poço Finito

 Se a energia do elétron for maior que a energia


do poço, qualquer energia é permitida e o elétron
não estará mais aprisionado.

 O maior estado quântico permitido para um


elétron confinado em um poço de largura 100 pm e
energia potencial de 450 eV é o terceiro estado
excitado, n = 4.

 Quanto maior a energia do elétron, maior é a


probabilidade de encontrar o elétron em uma região
além das paredes do poço finito.
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Um Elétron em um Poço Finito

Exemplo 39 – 4)
Um elétron está confinado em um estado fundamental de um poço finito de U0 = 450 eV
e L = 100 pm. a) Qual é o maior comprimento de onda de luz capaz de libertar o elétron
do poço de potencial por absorção de um único fóton? b) Um elétron inicialmente no
estado fundamental pode absorver luz com um comprimento de onda de 2 nm? Em caso
afirmativo, qual será a energia do elétron após a absorção?

a) O comprimento de onda será proporcional a diferença de energia entre a altura do


poço de potencial e a energia do estado fundamental. E  U  E  hf
0 1
 h 
2
hc hc
E1   
2 
 4,32  10 18
J  27eV   19
 2,94nm
 8mL  E (450  27)1,6 10
b) Caso o comprimento de onda de 2 nm render uma energia maior que a do poço de
potencial, o elétron será ejetado com energia cinética não nula!

hc
E   9,95 1017 J  662eV K  E  (U 0  E1 )  622  (423)  199eV

Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Outras Armadilhas para Elétrons: Nanocristalitos

Até agora discutimos 2 tipos de armadilhas para elétrons: o poço de potencial


finito e infinito.
Nanocristalitos: Quanto menor L, maior a energia do fóton absorvido!

Fótons com energias menores que E0


serão espalhados, portanto o maior
comprimento de onda permitido na
absorção de um fóton será c:

hc
E0 
c

Fotografia de duas amostras de seleneto de cádmio com diferentes tamanhos de grãos. A


amostra que espalha luz amarela tem granulometria menor!
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Outras Armadilhas para Elétrons: Pontos
Quânticos

Arranjo esquemático mostrando um


ponto quântico. O semicondutor
forma um poço de potencial onde o
elétron é aprisionado. A camada
inferior de isolante, mais estreita,
permite a entrada ou saída de
elétrons no semicondutor,
dependendo apenas do ajuste do
potencial.
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Outras Armadilhas para Elétrons: Currais
Quânticos

Átomos de Fe posicionado por meio da ponta de um


microscópio de tunelamento sobre a superfície do Cobre.
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Outras Armadilhas Eletrônicas: Curral
Bidimensional

Solução de um Poço Infinito Unidimensional:

2  n 
 n ( x)  sen x  n  1,2,3...
L  L 

Solução da função de onda para um


Curral Bidimensional:

2  nx  2  n y 
 nx,ny ( x)  sen x  sen y
 L 
Lx  Lx  Ly  y 
n  1,2,3...
Energia do Elétron:

 h 2  2  h 2  2 h 2  nx 2 n y 
2

Enx,ny   n  
2  x
n y    2
 8mL 2
8m L 2 
 8mLx   y   x L y 
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Outras Armadilhas Eletrônicas:
Caixa Tridimensional

Energia do Elétron:

 h2  2  h2  2  h2  2
Enx,ny,nz   n   n y   nz
2  x  8mL 
2  2 
 8mLx   y   8mLz 

h 2  nx nz 
2 2 2
ny
Enx,ny,nz   2 2

8m  Lx 2
Ly Lz 
nx , n y , nz  1,2,3...
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Outras Armadilhas para Elétrons
Exemplo 5) pg. 227
Um elétron é confinado em um curral quadrado, Lx = Ly = L (poço de potencial
bidimensional infinito).
a) Determine as energias dos cinco primeiros níveis de energias e construa um diagrama
de níveis de energia.
b) Qual a diferença de energia entre o estado fundamental e o terceiro estado excitado
do elétron, em múltiplos de h2/8mL2.
a) Das energias permitidas para um nx ny E (h2/8mL2)
confinamento bidimensional:
1 1 2
2
h  nx
2
n
2
y 
 2 1 5
Enx,ny   2 1 2 5

8m  Lx 2
Ly  2 2 8
1 3 10
Lx  Ly  L
3 1 10

 
2 3 13
h2
 
2 2
Enx,ny n x n y 3 2 13
8mL2
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Outras Armadilhas para Elétrons
a) Determine as energias dos cinco primeiros níveis de energias e construa um diagrama
de níveis de energia.

Enx,ny 
h2
8mL2
n 
x
2
 n y
2

nx ny E (h2/8mL2)
1 1 2
2 1 5
1 2 5
2 2 8
1 3 10
3 1 10
2 3 13
3 2 13
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
Outras Armadilhas para Elétrons

a) Qual a diferença de energia entre o estado fundamental e o terceiro estado excitado


do elétron, em múltiplos de h2/8mL2.

h2
E  E1,3  E1,1  2
10  2
8mL

h2
E  2
8
8mL
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio: Modelo de Bohr
Analises das forças envolvidas:
e2 mv2
Fe  Fc 
4ε0 r 2
r
e2
r
4ε0 mv2
Lembrando que:
   h
L  r  p  L  rmvsen90  rmv p

Condição de Quantização das Órbitas:
O comprimento da orbita do elétron deve ser um
Do Momento Angular, temos: múltiplo inteiro de .
 n  h 2r  n
L  rmv     n
 2   ε0 h 2 2
e 2  mr 
2
4ε0 2 2 r n
n r   r n me 2

v 4ε0 m  n  me 2
n  1,2,3...
mr
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio: Modelo de Bohr

ε0 h 2 2
r n r  an 2
me 2

ε0 h 2 11
a  5, 292  10 m
me 2

Raio de Bohr
Das Energias:
E  K U
mv2 e2 e 2
E  mv2 
2 4 0 r 4ε0 r
e2 ε0 h 2 2 me4  1 
E r n E 2 2 2
8 0 r me 2
8 0 h  n 
 2,180 1018 J   13,61eV
E   2
  2
n  1,2,3...
 n  n
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio: Modelo de Bohr

Mudanças de Níveis de Energia

hf  E  Ealto  Ebaixo

c me4  1  me4  1 
h   2 2  
2 

2 2 

2 
 8 0 h  nalto  8 0 h  nbaixo 

1 me4  1 1   1 1 
 2 3 
  
2 

 R  
2 
 8 0 h c  nbaixo nalto 
2 2
 nbaixo nalto 

me4 1
R  1,097  10 7
m
8 0 h c
2 3

Constante de Rydberg
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio
Energia (eV)

e2
U 
4 0 r

Distância radial (Å)

 2,180 1018 J   13,61eV


E   2
  2
n  1,2,3...
 n  n
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio

 2,180 1018 J   13,61eV


E   2
  2
n  1,2,3...
 n  n
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio

 2,180 1018 J   13,61eV


E   2
  2
n  1,2,3...
 n  n
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio

Números quânticos do átomo de hidrogênio

Módulo do momento angular orbital

Orientação no espaço do momento angular orbital

As restrições dos números quânticos da tabela acima não são arbitrários, mas
surgem naturalmente da solução da equação de Schrödinger.
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio

Exemplo:
Um grupo de estados quânticos do átomo de hidrogênio tem n = 5. a)Quantos
valores de l são possíveis para os estados do grupo? Um subgrupo de estados do
átomo de hidrogênio dentro do grupo n = 5 tem l = 3. b) Quantos valores de ml são
possíveis para os estados deste subgrupo?
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio

Estado fundamental do átomo de hidrogênio:

 2   2   2  1     1  2 
 r    sen  2 
 U (r )  E
2mr r  r
2
 2mr
2
 sen     sen   
2

Densidade de probabilidade radial, estado fundamental


Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio

Estado fundamental do átomo de hidrogênio:

 2   2   2  1     1  2 
 r    sen  2 
 U (r )  E
2mr r  r
2
 2mr
2
 sen     sen   
2

Densidade de probabilidade radial, estado fundamental


Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio
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O Átomo de Hidrogênio
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O Átomo de Hidrogênio
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O Átomo de Hidrogênio
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio

Exemplo 7) pg. 236


Mostre que a densidade de probabilidade do estado fundamental do átomo de
hidrogênio é máxima para r = a.

dP(r ) 4 2 r
2 2
2r 
0  2 re a
 r e a
0
dr a 
3
a 

2 r  r
2re a
1    0
 a

r a
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria
O Átomo de Hidrogênio

Exemplo 6) pg. 235


a) Qual é o comprimento de onda do fóton de menor energia emitido pela série de
Lyman do espectro do átomo de hidrogênio? b) Qual é o comprimento de onda
limite da série de Lyman?
a) A menor energia emitida na série de Lyman corresponde à transição entre o
primeiro estado excitado e o estado fundamental! n = 2 para n = 1

 1 1 hc
E  13,61 2  2   10,2eV   1,22 107 m  122nm
2 1  E

b) Quanto menor , maior a energia, portanto a transição será entre n = 1 e n = 

1 me4  1 1  1 me4  1 1 
      2
2 3  2  2 3  2
 8 0 h c  nbaixo nalto 
2
 8 0 h c  1  

  9,11108 m  91,1nm
Cap. 39: Mais Ondas de Matéria

Lista de Exercícios:

9, 11, 13, 15, 19, 21, 25, 29, 33, 39, 43, 45, 55

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