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MÉTODOS
Dois tipos de embalagens para esterilização foram utilizados como sistema de
embalagem médica. Um tipo consistia em um filme plástico de um lado e papel do
outro. O outro tipo consistia em filme plástico de um lado e material tecido não
tecido feito de fibra de polietileno de alta densidade do outro lado. De acordo com o
declarado pelo fabricante, os materiais embalados utilizados eram capazes de
suportar esterilização a vapor a 121ºC. Lâminas termo resistentes descobertas
(diâmetro de 90 mm) preenchidos com 25 mL de casein-peptone soymeal peptone
agar (Oxoid) foram embaladas com tais embalagens. Uma série de testes
compreenderam embalagens nas quais as lâminas de ágar descobertas foram
posicionadas com o lado aberto sob a superfície de papel ou material tecido não
tecido. Em uma outra série de testes, os lados abertos foram posicionados abaixo
do lado do filme plástico. Após seladas, as embalagens foram esterilizadas a 121ºC
por 20 minutos com um ciclo de secagem de 30 minutos (autoclave ELV; Systec). A
execução das máquinas de esterilização foi monitorada periodicamente com
indicadores de vapor biológico (Spore – O – Check; ATI). Após o ágar ter resfriado
para uma temperatura abaixo de 40ºC e solidificado, as embalagens teste foram
removidas da autoclave.
Uma câmara de exposição com capacidade de 0,24m3 foi equipada com um
nebulizador (Pari Juniorboy; PARI) e uma bomba de aspiração (Sartorius MD2;
Sartorius). A pressão na câmara foi medida digitalmente com um medidor de
pressão (Testo 525; Testo). A pressão atmosférica foi periodicamente reduzida a
37,5mmHg ou 52,5 mmHg. Cada período de ciclo durou 6 minutos. Umidade e
pressão foram continuamente registradas. Por meio do nebulizador, 5 mL de uma
suspensão de Micrococcusluteus numa concentração de 108 organismos/mL foi
aplicada para produzir um aerossol microbiano na câmara de exposição.
Quando a válvula foi aberta, no intuito de equalizar a diferença em pressão
atmosférica (a partir daqui, “diferença de pressão”) o aerossol passou a válvula e
se dispersou na câmara. Seis lâminas descobertas estabelecidas com o nutriente
ágar foram expostas como controles nas bandejas dentro da câmara, para detectar
superfícies de cargas microbianas durante o teste.
Para cada grupo de teste, 100 embalagens foram utilizadas. As embalagens foram
submetidas a 20 variações de pressão atmosférica periódicas em 2 horas. Para 1
execução de teste, de 7 a 8 embalagens de 4 grupos de teste por diferença de
pressão (no máximo 32 embalagens) poderiam ser posicionadas dentro da câmara;
13 execuções cada foram necessárias para os testes com diferença de pressão de
37,5mmHg a 52,5 mmHg.
Após a exposição, as embalagens foram incubadas a 36ºC por 48 horas. O
crescimento microbiano foi reportado como unidades de formação de colônia (ufc –
unidades formadoras de colônia) por área de superfície; 95% dos IQ (indicadores
químicos) foram calculados para o número de embalagens não estéreis por grupo
de teste e para a contagem microbiana total.
Se o crescimento da colônia foi observado, uma solução penetrante com tinta foi
aplicada à borda que sela a embalagem para identificar qualquer fenda. Se houver
alguma fenda na borda selada, a leitura é desconsiderada.
A eficácia das embalagens com barreira microbiana foi expressa conforme o valor
de redução logarítmica (LRV). O LRV foi calculado utilizando a seguinte equação:
RESULTADOS
Após a exposição da embalagem para esterilização flexível (feitos de papel ou
componente tecido não tecido) para variações de pressão de 37,5mmHg ou 52,5
mmHg, não se observou crescimento microbiano nas lâminas se o lado do filme
plástico estivesse posicionado acima da superfície ágar. Este resultado mostra que
o lado do filme plástico não era permeável aos micro-organismos. Posicionar as
superfícies ágar descobertas sob o lado do papel resultou em um aumento no
número de lâminas recontaminadas, para ambos os tipos de embalagens e para
exposição de ambas variações de pressão de 37,5mmHg e 52,5 mmHg. Para 99
lâminas cobertas por papel e material filme plástico (1 embalagem foi excluída da
análise devido a uma fenda na borda selada da embalagem), a exposição a uma
diferença de pressão de 37,5mmHg resultou em 30 lâminas não estéreis (95% de
Indicadores Químicos - 20,2 a 39,0 lâminas não estéreis). Para 100 embalagens
feitas de papel e material de filme plástico, a exposição a uma diferença de pressão
de 52,5 mmHg resultou em 48 lâminas não estéreis (95% de Indicadores Químicos
– 38,2 a 57,8 lâminas não estéreis).
Para as 99 embalagens feitas de material tecido não tecido ou material de filme
plástico (1 embalagem foi excluída da análise devido a uma fenda na borda selada
da embalagem) a recontaminação de 3 lâminas foi observada (95% de Indicadores
Químicos - 0 a 6,3 lâminas) que foram expostos a uma diferença de pressão de
37,5 mmHg. Para as 100 embalagens feitas com material tecido não tecido ou
material de filme plástico que foram expostas a uma diferença de pressão de 52,5
mmHg, a recontaminação foi observada em 7 lâminas (95% de Indicadores
Químicos - 2 a 12 lâminas). A carga microbiana da superfície significativa foi de
3,141 ufc por lâmina determinada (95% de Indicadores Químicos – 2,999 a 3,285
ufc por lâmina determinada) para execuções de teste expostas a uma diferença de
pressão de 37,5 mmHg e 3,516 por lâminas determinadas (95% de Indicadores
Químicos – 3,425 a 3,607 ufc por lâmina determinada) para execuções de teste
expostas a uma diferença de pressão de 52,5 mmHg.
FIGURA: Resultados obtidos para determinar a eficiência das embalagens de papel
e filme plástico e as embalagens de filme plástico e material tecido não tecido
contra os desafios microbianos, por meio do teste da câmara de exposição.
Barras cinzas, números de embalagens avaliadas (axial esquerda); barras
paralelas, número de embalagens nas quais o lâmina de ágar tinha crescimento
microbiano (axial esquerda); setas e dados numéricos nas caixas, número total de
unidades de formação de colônias (ufc) nas lâminas.
V = V0 (1 - t/273,15)
Onde V é o Volume após a mudança de temperatura, V0 é o volume na temperatura
inicial e t é a mudança de temperatura em graus Celsius, concluímos que ΔV
temperatura = 659cm3, onde ΔV temperatura é o volume total do fluxo de ar dentro da
embalagem durante 100 dias esperado para uma variação de temperatura. Houve
10 variações de pressão atmosférica de aproximadamente 11,2 mmHg que
resultaram em ΔV clima p 17,51 cm3, onde ΔV clima é a mudança no volume de ar
esperado em uma variação de clima (exemplo: mudança de pressão atmosférica).
O volume total de ar medido fluindo dentro da embalagem foi de 676,5 cm 3. A
carga microbiana correspondente a 1.000 ufc/m3 foi de 0,6765 ufc(log 0,6765 = -
0,1697). Ao calcular as propriedades de barreira necessárias (LRVnecessário) de
acordo com o exemplo 2, encontramos LRV necessário = 5,83. Ao comparar tais
resultados com os dados experimentais, concluímos que a embalagem de papel e
de filme plástico ( com LRVs de 5,4 e 5,2 baseado em diferença de pressão de
37,5mmHg e 52,5 mmHg, respectivamente) não possui uma eficácia de barreira
suficiente para o transporte e armazenamento fornecidos, de acordo como exemplo
2. No entanto, a embalagem de material tecido não tecido e filme plástico com
LRVs de 6,38 e 6,07 baseados em diferença de pressão de 37,5mmHg e 52,5 mm
Hg, respectivamente, claramente preenchem as necessidades do Padrão Europeu
EN 556-1.
DISCUSSÃO
A carga microbiana do ar ambiente é objeto de inúmeras influências do meio
ambiente, tais como atividades ocupacionais, fatores sazonais e que dependem do
clima, assim como recursos de ar condicionado dentro dos prédios. Nas salas dos
hospitais, a concentração de micro-organismos varia em sua maioria entre 102 e
103 ufc/m3, com exceção das salas altamente limpas, tais como unidades de
tratamento intensivo e salas de cirurgia. A fração da carga microbiana com um
tamanho particular inferior a 3,0 µm variou entre 17% e 31% durante um período
de investigação de 1 ano. As espécies mais frequentemente isoladas em prédios de
hospitais foram cocci gram-positivo, tais como Staphylococcus epidermidis e
Staphylococcus homini. A carga microbiana suspensa no ar pode ser um importante
fator no desafio microbiano dos sistemas de barreira estéreis.
Uma observação crítica deve ser feita: a precisão dos resultados obtidos no estudo
presente é limitada, porque um classificador de ar não foi utilizado para monitorar a
concentração bacteriana na câmara de exposição.
Uma data de expiração (validade) é utilizada frequentemente por hospitais para
garantir a esterilidade de produtos médicos esterilizados e embalados. No entanto,
em certos estudos, têm sido mostrado que a desatualização dos eventos
relacionados tem sido apoiada, devido aos benefícios de custo especial. A conclusão
extraída dos resultados destes estudos que relaciona a vida na prateleira dos
materiais industrializados esterilizados foi que a embalagem permaneceu
esterilizada indefinidamente ou até que um evento tenha comprometido a
integridade da embalagem. A esterilidade seria mantida se um evento especial
(exemplo: gotas, falhas, umidade) que comprometesse a integridade da
embalagem não pudesse ser identificado. Portanto, mudanças proeminentes
relativas são conhecidas como “eventos”. Esta abordagem assume que a
embalagem é normalmente uma barreira impermeável absoluta para micro-
organismos e ignora o fato de que a embalagem esterilizada por meio de vapor ou
óxido de etileno tem um componente vapor permeável e gás permeável com
diâmetros do poro significativos até 35 µm e uma permeabilidade requerida para ar
de 11,02 mmHg de 3L/minuto, para uma área de 100 cm 2 (exemplo: EN 868-3).
Deve-se notar que, neste contexto, os padrões EN se aplicam à Europa, mas não
aos Estados Unidos. Conforme mostramos nos trabalhos anteriores e no estudo
presente, a recontaminação é, de necessidade, não apenas de processos
relacionados a eventos mas também sempre de um processo que depende de
tempo, considerando o material médico de grau poroso. É influenciado por
propriedades de barreira da embalagem – por exemplo, o número de camadas na
caixa da embalagem ou a qualidade do material da embalagem – e as condições do
ambiente, tais como conteúdo microbiano interno e externo no ar, mudanças de
temperatura e pressão atmosférica e pressão mecânica durante o manuseio.
Estes estudos mostram que todos os fatores ambientais são efetivamente “eventos”
e que nem uma data relacionada a evento exclusivamente, nem uma data de
expiração relacionada a tempo é apropriada. A desatualização deveria ser
representada baseando-se na determinação do risco científico que considere as
propriedades de barreira da embalagem, por um lado, e por outro lado, a eficiência
apropriada da embalagem de barreira necessária pelas influências ambientais
inevitáveis específicas. O padrão internacional ISO 11607-1 especifica que o
fabricante dos sistemas de barreiras estéreis deva fornecer informações no que se
refere a qualquer restrição conhecida (exemplo: condições ambientais), manuseio
ou utilização, e no que se refere a freqüência e natureza da manutenção das
medidas aplicáveis ao reuso de materiais ou a sistemas de barreira estéril pré
formados.
No nosso estudo, mostramos que o conceito de LRV que caracteriza a eficácia da
embalagem de barreira pode ser aplicado com sucesso ao cálculo da eficácia da
embalagem de barreira necessária que resulta dos desafios microbianos e a
condição de exposição relevante para transporte e armazenamento. Desta forma,
pode-se estabelecer se as propriedades de barreira da embalagem são suficientes
para os desafios microbianos específicos, de acordo com os padrões qualitativos do
nível de garantia de esterilidade. Nós, portanto, recomendamos que os fabricantes
e usuários de sistemas de barreira estéril apresentem dados sobre a eficácia da
embalagem de barreira microbiana. A compatibilidade da embalagem com
condições físicas específicas (exemplo: temperatura e mudança de pressão
atmosférica e condições microbiológicas durante o transporte e armazenamento
pode ser determinadas). Produtos médicos estéreis embalados em embalagens
porosas podem ser confiavelmente manuseados de forma responsável somente se
estes dados estiverem disponíveis.