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5 Técnicas de Intervenção Psicopedagógica
5 Técnicas de Intervenção Psicopedagógica
AUTORIA:
WALLACE RIBEIRO
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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Módulo de: Técnicas de Intervenção Psicopedagógica
Autoria: Wallace Ribeiro
Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste Módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes
e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando
tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos.
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, beneficiando e
divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização
e direitos autorais.
E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas
de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial.
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A presentação
O bjetivo
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E menta
S obre o Autor
Atuação Profissional
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S UMÁRIO
UNIDADE 1 .......................................................................................................................................... 7
A Instituição Clínica .......................................................................................................................... 7
UNIDADE 2 ........................................................................................................................................ 10
A Clínica Médica ............................................................................................................................ 10
UNIDADE 3 ........................................................................................................................................ 14
A Função Psicológica ..................................................................................................................... 14
UNIDADE 4 ........................................................................................................................................ 18
O Modo de Atenção Psicossocial ................................................................................................... 18
UNIDADE 5 ........................................................................................................................................ 20
O Modo de Atenção Psicossocial ................................................................................................... 20
UNIDADE 6 ........................................................................................................................................ 22
Desinstitucionalização da Doença Mental e Atuação Territorial...................................................... 22
UNIDADE 7 ........................................................................................................................................ 24
A Intervenção Cartográfica I ........................................................................................................... 24
UNIDADE 8 ........................................................................................................................................ 26
A Intervenção Cartográfica II .......................................................................................................... 26
UNIDADE 9 ........................................................................................................................................ 28
As Tecnologias de Cuidado de Si I ................................................................................................. 28
UNIDADE 10 ...................................................................................................................................... 30
As Tecnologias de Cuidado de Si II ................................................................................................ 30
UNIDADE 11 ...................................................................................................................................... 32
Maestria Pessoal e Resiliência I ..................................................................................................... 32
UNIDADE 12 ...................................................................................................................................... 34
Maestria Pessoal e Resiliência II .................................................................................................... 34
UNIDADE 13 ...................................................................................................................................... 36
O Conceito de Risco e Coping I ..................................................................................................... 36
UNIDADE 14 ...................................................................................................................................... 39
O Conceito de Risco e Coping II .................................................................................................... 39
UNIDADE 15 ...................................................................................................................................... 43
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Modos de Cuidar I .......................................................................................................................... 43
UNIDADE 16 ...................................................................................................................................... 46
Modos de Cuidar Ii ......................................................................................................................... 46
UNIDADE 17 ...................................................................................................................................... 48
A Importância do Estudo dos Grupos na Psicopedagogia .............................................................. 48
UNIDADE 18 ...................................................................................................................................... 49
Grupos Operativos ......................................................................................................................... 49
UNIDADE 19 ...................................................................................................................................... 51
O Processo Grupal I ....................................................................................................................... 51
UNIDADE 20 ...................................................................................................................................... 53
O Processo Grupal II ...................................................................................................................... 53
UNIDADE 21 ...................................................................................................................................... 56
Desenvolvimento Interpessoal........................................................................................................ 56
UNIDADE 22 ...................................................................................................................................... 58
A Primeira Impressão ..................................................................................................................... 58
UNIDADE 23 ...................................................................................................................................... 60
Relações Interpessoais .................................................................................................................. 60
UNIDADE 24 ...................................................................................................................................... 62
Funcionamento do Grupo I ............................................................................................................. 62
UNIDADE 25 ...................................................................................................................................... 65
Funcionamento do Grupo II ............................................................................................................ 65
UNIDADE 26 ...................................................................................................................................... 68
Participação no Grupo III ................................................................................................................ 68
UNIDADE 27 ...................................................................................................................................... 70
Participação no Grupo IV .............................................................................................................. 70
UNIDADE 28 ...................................................................................................................................... 72
Energia no Grupo: tensão e conflito interpessoal ........................................................................... 72
UNIDADE 29 ...................................................................................................................................... 73
Psicologia Institucional e Processo Grupal ..................................................................................... 73
UNIDADE 30 ...................................................................................................................................... 75
A Construção Social da Realidade e o Processo de Institucionalização ......................................... 75
GLOSSÁRIO...................................................................................................................................... 77
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................. 78
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U NIDADE 1
A Instituição Clínica
Lourau (1975) e Lapassade (1977) questionam o uso do conceito de instituição nas teorias e
técnicas de grupo, na Sociologia e na Filosofia Jurídica. Segundo esses autores, a Sociologia
e o senso comum, definem, frequentemente, o nível institucional como sinônimo do nível
organizacional. As práticas jurídicas e burocráticas definem Instituição como Lei. O sentido
jurídico do conceito envolve diversas categorias de corpos constituídos e de órgãos oficiais
que funcionam para a regulação da vida em sociedade. A rede de discursos, práticas e
saberes, estabelece a Instituição, da mesma forma que uma lei é estabelecida.
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Esta ordem do instituído foi privilegiada tanto por aqueles que têm uma concepção objetiva
do direito quanto pela Sociologia Positivista1.
As instituições são definidas como normas. Um sistema de regras que incide sobre a vida
dos indivíduos, dos grupos sociais, seus modos de agir, suas formas de relacionamento,
enfim das formas sociais organizadas. Com frequência, os estabelecimentos (fábrica,
hospital, escola, sindicato...) são chamados de instituições. Entretanto, não se trata de
confusão entre duas concepções diferentes do termo, visto que pode-se considerar certas
formas sociais singulares como, por exemplo, sistemas de regras unidas a outros sistemas
de regra, formando os modos estabelecidos pela sociedade. Dizer que a Clínica é Instituição,
envolve um modo de agir, um sistema de regras organizado que incide nos modos de
produção da saúde.
Sendo assim, não se pode considerar a instituição como um nível, porque se encontra
presente também em todos os outros. Trata-se de uma dimensão fundamental que atravessa
e funde todos os níveis da rede social. É uma instância que atravessa as outras instâncias; a
da organização, a do grupo, do indivíduo e das relações. Convém, portanto, verificar seu
grau de transversalidade, isto é como ela incide nas produções sociais.
De acordo com Deleuze (2001), a Instituição é uma regra geral que atualiza séries de
tendências. Para conhecê-la é necessário analisar a rede de relações entre necessidades,
1
Consideram-se representantes da sociologia positivista: Durkhein, Saint-Simon, Augusto Conte e Spencer.
Apud René Lourau, 2004, p.72
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circunstâncias e a invenção de regras. Ela se determina e se modifica no enunciado das
situações, das circunstâncias possíveis.
Para Lourau (2003), a alienação social ocorre com a autonomia institucional, a dominação do
instituído fundada no esquecimento das lutas de forças que fazem emergir a instituição. A
Análise Institucional revela este esquecimento, ao questionar o processo de instituir que
define a instituição.
Desde seu surgimento o movimento institucionalista pôs ênfase na tensão entre o instituído e
o instituinte nos processos de institucionalização. Os processos históricos de crise, de
mudança e de revolução da sociedade são os percussores instituinte, dado que criam e
transformam as instituições. O encontro com o instituinte também pode passar pelo estudo
de práticas sociais que criam outros enunciados. Assim, surgem instituições, que ao
dominarem as regras de funcionamento da sociedade, não são questionadas e passam a
constituir o inconsciente coletivo que é o inconsciente político das sociedades.
2
Um “dispositivo comporta linhas de força”, “uma meada, um conjunto (...) composto por linhas de natureza
diferentes... [que] não delimitam ou envolvem sistemas homogêneos... mas seguem direções, traçam processos
que estão em desequilíbrio”. (Deleuze, 1996, p.89).
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U NIDADE 2
A Clínica Médica
A instituição Clínica marca uma grande ruptura na História da Medicina Ocidental. Seu
desenvolvimento ocorreu entre o final do século XVIII e século XIX. Apesar de ser datada e
determinada historicamente, a Clínica Médica incide na constituição das Ciências Humanas e
nos contemporâneos modos de produção de saúde.
De acordo com Foucault (2006) o processo de institucionalização da Clínica ocorre nas redes
de relações do que é dizível; visível e ensinável em Medicina, no século XIX.
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A partir do século XIX, a doença que era uma entidade nosográfica passa a ser a forma
patológica da vida. A diferença fundamental que se processa entre a Medicina Clássica e a
Medicina Moderna é a passagem de um espaço taxionômico, de classificação das espécies
de doença para um espaço corpóreo: é a espacialização da doença no organismo, o seu
signo e o seu ensino.
A constituição do Método Clínico está ligada à emergência do olhar médico no campo dos
sintomas e dos signos. Segundo Foucault (ibid), a clínica opera a transformação do sintoma
em elemento significante - um nome, um diagnóstico, uma classificação - e que significa
precisamente a doença como verdade imediata do sintoma - seu prognóstico, sua evolução,
sua piora, seu progresso, sua possibilidades de manifestações orgânicas.
Em sua função significante o sintoma recebeu seu sentido de uma sistematização antiga
herdada da História Natural e que não pertence a sua esfera: de um ato que constrói
relações de fenômenos e o totaliza; e o isola na diferença que separa a doença da saúde. O
modelo da História Natural, a que a Medicina, em parte, se submetera no século XVIII,
continuou ativo. Ele não foi inteiramente esquecido no século XIX.
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Com a Clínica não existe a separação entre teoria e experiência, ou entre métodos e
resultados.
Segundo Foucault (2006), a clínica envolve as complexas redes de visibilidade em que a vida
humana e o olhar médico estão ligados, um ao outro, por códigos de saber.
A Clínica organiza o olhar médico de um novo modo. Não é mais o olhar de qualquer
observador, mas de um médico que foi legitimado por uma instituição, a de um médico que
tem o poder de decisão e intervenção.
É um olhar que não está ligado apenas pela rede estreita do quadro nosográfico (forma,
disposição, número, grandeza), mas que pode e deve apreender as cores, as variações as
infinitas anomalias, mantendo-se sempre à espreita do desviante.
É um olhar que não se contenta em ver o que está evidente, mas que deve permitir delinear
as possibilidades de manifestações e os riscos envolvidos.
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Nessa rede em que se articulam o espaço corporal; a linguagem e a morte constituem a
condição histórica de uma medicina positiva. Foi quando a morte se integrou
epistemologicamente à experiência médica que a doença pode se desprender da
contrariedade natural da vida e conquistar sua existência no corpo dos indivíduos.
Foucault (2006) destaca como é decisivo para a cultura ocidental o saber da clínica no
discurso científico enunciado sobre o Homem. Para o autor, as Ciências Humanas emergem
com a colocação da clínica no pensamento médico.
Embora as ciências médicas e humanas digam o que se deve fazer; ou seja, o cuidado que
cada um deve ter consigo; essa prática discursiva não está somente com elas. As agências
de marketing e propaganda anunciam modos de cuidar de si, do corpo e da vida em suas
ofertas de mercadorias.
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U NIDADE 3
A Função Psicológica
Objetivo: Ofercer uma visão crítica aos alunos sobre a função da Psicologia, através de uma
análise singular denominada por Michel Foucault - Arqueologia do Saber.
Os estudos dos quadros clínicos definidos, mas sem localização anatômica institucionaliza o
Saber Psiquiátrico. A Histeria e a Loucura possuíam nosografia específica desde século XIX.
Porém, a ausência de sinais corporais evidentes, leva a emergência de práticas e saberes
que reduzem toda a experiência da loucura aos paradigmas da racionalidade e verdade
médica, proporcionando a criação de uma rede de biopoderes e disciplinas que produziram a
exclusão do louco em espaços asilares.
Neste jogo perpétuo de enquadrar a loucura e a histeria em um saber neurológico dos sinais
patológicos, que insiste em não ser localizável, que coloca em funcionamento o saber da
Psicologia.
De acordo com Foucault (2006), o modo como esses elementos foram postos em jogo no
interior do poder psiquiátrico, que eram suas linhas de constituição- essa lei do poder do
outro, esse prestígio dado à palavra do médico, essa lei da identidade, essa obrigação da
Anamenese, essa tentativa de fazer vir à tona o desejo louco que faz a realidade da loucura,
o problema do cuidado de si - que vimos surgir uma prática que se dizia não psiquiátrica – a
Psicanálise.
Porém, segundo Foucault (2006) a prática Psiquiátrica nunca se servia desses discursos, ou
só se servia por referência, remetendo-se a eles, de certo modo se articulando a eles. As
práticas psiquiátricas, não empregava efetivamente seu saber ou o quase saber que estava
acumulando, seja na grade nosológica, seja nas pesquisas anatomopalógicas. Esse dois
discursos não eram determinantes para as distribuições asilares, para determinar a maneira
como os doentes eram classificados, como eram distribuídos nos asilos, o regime dado a
eles, como as tarefas lhes eram impostas, para dizer quem era curável ou incurável.
Esses dois discursos eram simplesmente espécies de garantias de verdade de uma prática
psiquiátrica que precisava de uma verdade que lhe fosse dada de uma vez por todas e não
fosse mais questionada. A Nosografia Médica e a Anatomia Patológica constituíam a
garantia definitiva de uma verdade que nunca seria questionada na prática da Terapia.
Se a Psiquiatria detém, senão a verdade em seus conteúdos, pelo menos todos os critérios
de verdade, como, por exemplo, o saber científico; detém assim os critérios de verificação e
de verdade, que ela se associa a realidade e a um poder para impor a todos os corpos
hospitalizados o poder que ela dá a realidade. A Psiquiatria é o poder da realidade na
medida em que detém algo que é verdade em relação à loucura.
De acordo com Foucault (ibid), por volta dos anos 1840-1860, houve uma difusão, uma
espécie de migração desse poder psiquiátrico como tática de sujeição dos corpos, num certo
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número de instituições, de outros regimes disciplinares a que ele veio, de certo modo, se
adicionar.
Em outras palavras, o poder psiquiátrico, como tática de sujeição dos corpos, numa certa
física do poder; como poder de intensificação da realidade, como constituições dos
indivíduos ao mesmo tempo receptores e portadores de realidade, se disseminou. Isto que
Foucault denominou Função Psicológica, que atravessa a Patologia, Criminologia e a
Pedagogia. Uma instituição que funciona para engendrar subjetividades.
Esta Função da Psicologia, que de um ponto de vista histórico derivou inteiramente do poder
psiquiátrico, incide em diversos outros estabelecimentos. Ela intensifica a realidade como
saber e intensifica o poder fazendo-o receber o valor de verdade. Nota-se essa função de
intensificação do real, onde quer que seja necessário fazer a realidade funcionar como
poder.
Com a psiquiatrização diferenciada para o louco, do débil, do deficiente, etc. que se fez
segundo Foucault (2006), todo o sistema de disseminação da função da Psicologia. Isso
consolidou todo o funcionamento institucional da Psicologia.
O modo como esses elementos foram postos em jogo no interior do poder psiquiátrico, que
eram suas linhas de constituição- essa lei do poder do outro, esse prestígio dado à palavra
do médico, essa lei da identidade, essa obrigação da anamenese, essa tentativa de fazer vir
à tona o desejo louco que faz a realidade da loucura, o problema do cuidado de si - que
vimos surgir uma prática e um saber que se dizia não psiquiátrica – a Psicanálise.
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As praticas psiquiátricas se transformaram com a definição Freudinana do aparelho psíquico.
À medida que o saber da psicanálise foi entrando nos hospitais psiquiátricos, novas práticas
de tratar a loucura, a histeria e demência precoce foram se efetivando. Quando Freud
instalou o desejo no funcionamento neurológico, a Clínica Médica passou a se engendrar
com outras forças.
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U NIDADE 4
O Modo de Atenção Psicossocial I
3
Vide Amarante et al, Atenção Psicossocial.... Utiliza a expressão serviço de atenção psicossocial, e não centro
ou núcleo, visto que os primeiros serviços que seguiriam este modelo(Centro de Atenção Psicossocial Prof. Luiz
da Rocha Cerqueira em São Paulo e os Núcleos de Atenção Psicossocial de Santos) produziram estratégias
diferenciadas, que, todavia, foram homogeneizadas pelas Portarias Ministeriais 189/91 e 224/92, que não
conseguiram efetivar as características inovadoras e as singularidades impressas. Além do mais, a Portaria
336/02, que está em vigor extinguiu a expressão Núcleos de Atenção Psicossocial, o que é um fato marcante
pois os NAPS de Santos serem uma experiência de suma importância na construção de modos substitutivos ao
modelo manicomial, sendo, portanto, fundamentais no processo da Reforma Psiquiátrica brasileira.4 A revolução
Francesa espalhou uma vaga revolucionária que atingiu toda a Europa, principalmente a Alemanha, ecoando até
mesmo na América Latina, com lutas de libertação nacional, como a que ocorreu no Peru. A revolução Francesa
aboliu a servidão e os direitos feudais, proclamando os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e
Fraternidade” (Liberté, Egalité, Fraternité), frase de autoria de Jean Nicolas Pache.
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A concepção de Crise, junto com a concepção de Tomada de Responsabilidade, e a
concepção de Território, constitui os eixos de coordenadas deste novo paradigma dos
serviços substitutos triestinos.
Através dos múltiplos de contatos entre as pessoas e os serviços, nos seus locais de vida, se
consegue delinear as histórias de vida, isto é, se consegue verificar as condições materiais
de vida, as séries de acontecimentos e as redes de relações, onde a crise se instala. Logo, a
atenção psicossocial torna a crise compreensível, sem querer explicá-la de forma
racionalista, permitindo dar-lhe um sentido e oferecer relações com índices de saúde.
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U NIDADE 5
O Modo de Atenção Psicossocial II
Logo, o serviço dimensionado sobre uma área territorial de intervenção, de pequena escala,
é equipado para acolher todas as demandas, classificadas como psíquicas, evitando
aprisioná-las nos labirintos burocráticos e administrativos. A atuação territorial surge para
favorecer as mais variadas e informais formas de acesso, eliminando qualquer intenção
seletiva, enfim, de encaminhamento. Essa forma de atuação dos Centros de Atenção de
Trieste envolve a análise interativa de um espaço finito, porém de grande complexidade em
seu funcionamento. Envolve tudo o que uma população produz em termos de patologia, seus
sofrimentos e seus conflitos sociais, que se atualizam nas crises.
A Atenção Psicossocial, portanto, é uma estratégia privilegiada para entrar em contato com a
realidade de um território e perceber a complexa rede de relações que constituem os
conflitos, os sofrimentos, enfim a experiência de crises,
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Com esse intuito, os serviços substitutos necessitam desenvolver um
conhecimento aprofundado do seu território, como estratégia que
possibilite criar condições para essa forma de atenção complexa. “(
Amarante et al, 2005, p. 117)
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U NIDADE 6
Desinstitucionalização da Doença Mental e Atuação Territorial
Esta separação produzida pela Clínica Médica faz emergir os conjuntos institucionais, todos
referidos à doença, que a Psiquiatria Democrática Italiana buscou desmontar para retomar o
contato como a existência dos pacientes, enquanto existência em sofrimento.
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A instituição negada pela Psiquiatria Democrática Italiana foi tanto o manicômio quanto o
saber de causalidade linear da clínica. O diagnóstico, o prognóstico e a intervenção médica
faz emergir, a cada relação de causa e efeito da doença mental, um dispositivo
institucional.Para as doenças o Hospital Geral. Para a loucura o Manicômio. Para as causas
dos conflitos entre o inconsciente e a consciência emergem os divãs psicanalíticos.
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U NIDADE 7
A Intervenção Cartográfica I
Objetivo: Oferecer aos alunos uma estratégia de intervenção contemporânea, cuja função é
facilitar a construção de uma postura ética. estética e política; a Cartografia do Desejo.
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Ele deixa seu corpo vibrar em todas as frequências possíveis e fica inventando posições a
partir das quais essas vibrações encontrem veículos de comunicação e ganhem existência.
O problema de pesquisa, para o Cartógrafo, não envolve o verdadeiro e o falso, tão pouco o
teórico e o empírico, mas sim o vitalizante e o destruidor, o potencializador e o
enfraquecedor.
O critério fundamental do Cartógrafo é ampliar o grau de abertura para a vida. Ele sempre
avalia o quanto suporta liberar os afetos recém-surgidos para investirem em outras matérias
de expressão, possibilitando com isso, a produção de sentido. Ou, ao contrário, o quanto
esse processo, por não ser suportável, está sendo impedido.
Não se trata de cálculos matemáticos, padrões e medidas, mas uma avaliação daquilo que o
corpo vibrátil capta; inclusive do limite de tolerância do próprio corpo vibrátil que está
avaliando. Portanto, existe uma regra de prudência na Cartografia, que envolve analisar os
graus de perigo e de potência, alertando o pesquisador nos momentos necessários. Dado
que o corpo vibrátil possui um limite, a reatividade das forças deixa de ser reconversível em
expressão e começa a atuar na destruição de si mesmo e /ou do outro. Quando isso
acontece o Cartógrafo, em nome da vida, precisa ser severo.
Ele nunca esquece que existe um limite do quanto se suporta, a cada momento, a
desorientação e orientação dos afetos, um “limiar de desterritorialização”. Sua referência
básica e exclusiva é a expansão da vida. Tanto seus critérios quanto seus princípios
acompanham a vida e não a moral, porque ele sabe que é, sempre, em defesa da vida que
se inventam estratégias, por mais esquisitas que sejam.
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U NIDADE 8
A Intervenção Cartográfica II
Objetivo: Oferecer aos alunos uma estratégia de intervenção contemporânea, cuja função é
facilitar a construção de uma postura ética. estética e política; a Cartografia do Desejo.
Pode-se afirmar que a prática do Cartógrafo diz respeito especificamente às estratégias das
formações do desejo no campo social. Ela é o exercício de tais estratégias.
Processo que faz emergir as intensidades sem nome, atividade de produção de novas
sensibilidades e de novas expressões ao longo do tempo. A Cartografia, em última instância,
diz respeito à análise do desejo, aos modos de viver, à escolha dos critérios com os quais o
plano social se inventa. Enfim, diz respeito à escolha de novos mundos, novas sociedades. A
Cartografia nesse instante é política.
Por outro lado, não se trata de liberação do desejo conforme sustentado pelos movimentos
da Contracultura. Para aquele tipo de projeto, influenciado por um imaginário de libertação, o
desejo é da natureza humana, energia em estado bruto, e uma vez liberado nos levaria ao
paraíso. Porém, o Cartógrafo encara o desejo em sua processualidade de agenciamentos de
afetos e matérias de expressão, que formam individuações singulares.
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Existe uma questão ética acerca da Cartografia, que a impede de ser capturada pela moral.
O Cartógrafo nada tem a ver com os mundos que se criam - quais conteúdos, que valores,
que línguas.
Ele tem muito a ver com o quanto a vida que se expõe à sua escuta, se permite a passagem,
com o quanto o mundo que essa vida cria tem como critério sua passagem.
Nesse sentido, a análise do desejo se constitui como uma ética. Dado que, independente do
grupo ao qual pertence de suas referências teóricas, de suas preferências metodológicas e
até de seus nomes, cabe ao Cartógrafo sustentar a vida em seus movimentos de expansão,
ser suporte disso.
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U NIDADE 9
As Tecnologias de Cuidado de Si I
Objetivo: Possibilitar aos alunos ampliar o conceito de Clínica, como uma prática de
produção de saúde.
Para contribuir com a construção de uma categoria de produção de saúde, que envolva as
práticas de cuidado e a produção de subjetividade, utilizaremos o conceito de tecnologias de
cuidado de si, exemplificado por Foucault (2006) como modos de subjetivação:
[...] não se deve esquecer, e é preciso reter sempre na memória, que esta exigência
de ocupar-se consigo. Essa prática, ou antes, o conjunto de práticas nas quais vai
manifestar-se o cuidado de si, enraíza-se, de fato, em práticas muito antigas, maneiras
de fazer, tipos e modalidades de experiência que constituíram o seu suporte histórico,
e isto bem antes de Platão, bem antes de Sócrates. Que a verdade não pode ser
atingida sem certa prática ou certo conjunto de práticas especificadas, que
transformam o modo de ser do sujeito, modificam-no tal como está posto, qualificam-
no transfigurando-o, é um tema pré-filosófico que deu lugar a numerosos
procedimentos... (Foucault, 2006, p. 59).
Com o tema do Cuidado de Si, Foucault formula uma hipótese de pesquisa das práticas de
subjetivação que emergem no século V A.C, e percorre toda a Filosofia Grega, Helenística e
Romana, assim como a Espiritualidade Cristã.
Cuidar de si, portanto, vai ser considerado como o momento do primeiro despertar do
conhecimento, do acesso á verdade. Em Sócrates, Foucault verificou que o Cuidado de Si é
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uma lança que deve ser cravada na carne dos homens, cravada na sua existência, e
constitui em princípio de agitação, um princípio de movimento.
Sócrates desempenha a seus concidadãos o papel daquele que desperta atividade que
consiste em incitar os outros a se ocuparem consigo mesmo. Essa noção de Cuidado de Si
constitui um princípio fundamental para caracterizar a atitude filosófica ao longo de quase
toda Cultura Grega, Helenística e Romana.
De acordo com Foucault, Descartes, Leibiniz, todos aqueles que reivindicam esta tradição
filosófica do século XIX, Kant, Hegel, Schelling, Shopenhauer, é uma filosofia que coloca,
implicitamente, sem dizer, esta questão do cuidado de si. As práticas do Cuidado de Si não
desapareceram nem da reflexão filosófica, nem do saberes.
O que ele quer dizer é que nestas formas de saber reencontram-se as interrogações e as
exigências feitas ao sujeito para ter acesso a verdade da realidade e da verdade de si
mesmo.
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U NIDADE 10
As Tecnologias de Cuidado de Si II
Objetivo: Possibilitar aos alunos ampliar o conceito de Clínica, como uma prática de
produção de saúde.
De acordo com Foucault, Lacan foi o único, depois de Freud, a querer recentralizar a questão
do sujeito e da verdade. Nisto reside à força de suas análises; colocar no cerne do saber
analítico da questão; o preço que o sujeito precisa pagar para dizer a verdade, quais os
efeitos sobre o sujeito do fato de dizer a verdade de si mesmo.
Foucault revela que maneira este princípio de precisar ocupar-se consigo mesmo tornou-se,
de modo geral, o princípio de toda conduta racional, em toda forma de vida ativa que
pretendesse, efetivamente, obedecer ao princípio da racionalidade moral e que incide de
forma decisiva até mesmo no modo contemporâneo de Ser Sujeito.
Portanto, a princípio, o Cuidado De Si é uma atitude geral, um certo modo de encarar a vida,
de estar no mundo, de prática e de ações e de ter relações com os outros. Ele é também
certa forma de atenção com a vida; de olhar a vida.
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Enfim, a noção de cuidado de si não designa simplesmente esta atitude geral
ou esta forma de atenção, voltada para si. Também designa sempre algumas
ações, ações que são exercidas de si para consigo; ações pelas quais nos
assumimos, nos modificamos, nos purificamos, nos transformamos e nos
transfiguramos. (Foucault, 2006, p.14).
Como promover o cuidado do outro sem retirar dele sua potência de Cuidar de Si, de se
singularizar?
Está lançado o desafio. Um desafio que atravessa não só o campo da educação, mas o
campo da saúde, inclusive as novas políticas de Humanização do SUS, cuja função é
elaborar as Diretrizes Nacionais de atenção à saúde.
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U NIDADE 11
Maestria Pessoal e Resiliência I
O conceito de Maestria vem do sânscrito "mah", cujo significado é maior, passou para o latim
e inglês antigo como "Maestria" significando algo mais, em francês medieval "maitre" que
quer dizer alguém com alta proficiência, habilitado, ou seja, um mestre de um ofício.
Na quinta disciplina o texto é claro: Maestria "significa a capacidade de não apenas produzir
resultados, mas também de “dominar” os princípios que subjazem o modo de produzir
resultados"
.Se alguém pode criar grandes trabalhos pela luta constante, não se qualifica essa pessoa
como dotada de Maestria.
O conceito de Maestria, utilizado por Robert Fritz, está projetado por um processo de três
estágios que leve a uma orientação criativa para a vida:
Desenvolve uma "tensão criativa", que é fonte de energia e entusiasmo para se buscar os
resultados desejados. À medida que as pessoas avançam e veem os resultados tangíveis, se
tomam mais fortes e entusiasmadas. Por outro lado, nem sempre a pessoa pode superar
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seus temores, que se apresenta no confronto entre sua forma de ver a situação e a
realidade, gerando isto uma "tensão emocional", bloqueadora, reativa e estressante.
A resiliência está ligada ao estresse, por que é considerada a forma como a pessoa enfrenta
as situações de risco, as suas crises, levando-as a superação das dificuldades.
Articular essas duas vertentes, a Maestria com o seu conceito operativo, e a Resiliência com
os seus fundamentos dinâmicos, é oferecer um salto qualitativo àqueles que trabalham com
pessoas e grupos. Alguns estudos sobre estresse / resiliência estão ligados ao autoconceito
ou autoestima, nas dimensões de ser, estar, ter, poder e querer.
Antes de dar continuidade seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 1 no “link” ATIVIDADES.
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U NIDADE 12
Maestria Pessoal e Resiliência II
A visão de Resiliência, segundo o Dicionário Aurélio: em Física, Resiliência quer dizer "a
propriedade pela qual a energia armazenada em um determinado corpo deformado é
devolvida quando cessa a tensão causadora de uma deformação elástica". Já no sentido
figurado, Resiliência quer dizer "resistência ao choque".
No Dicionário Latim / Português - "resilientia verbo latino resilio (re-salio), quer dizer: soltar
para trás, retirar-se sobre si mesmo, voltar saltando, recuar, encolher, reduzir-se".
Como a posição é de estudo sobre o tema, não será apresentada, aqui, nenhuma posição
pessoalmente conclusiva, mas o intuito de buscar o maior número de elementos de modo
que se possa ir construindo um capital de informações sobre o assunto.
Daryl Conner usa uma analogia bem interessante para aclarar este conceito. A pessoa se vê
diante da situação como uma "esponja saturada", sem mais nenhum espaço ou recurso
interno para lidar com a situação vista, agora, como um risco, portanto como um estresse.
Fica nítido, portanto, que o estresse é decorrente da forma de perceber o fato, a situação
que, deste modo, se toma um risco para a pessoa.
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U NIDADE 13
O Conceito de Risco e Coping I
O conceito de Risco sempre se refere aos aspectos negativos, está ligado a toda e qualquer
espécie de eventos negativos da vida; sentido, percebido, interpretado e vivido pela pessoa e
que pode levar a problemas de ordem física, emocional ou social.
E mais o que pode ser percebido como Risco, em um momento da vida de uma pessoa,
pode não se apresentar como Risco em outra circunstância. O que envolve dizer que a
Resiliência é uma "variação individual em resposta ao Risco" e não pode ser visto como "um
atributo ou característica fixa do indivíduo”.
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O Estresse; é a situação percebida como indo além dos recursos pessoais disponíveis no
momento. Já o "Coping"; é entendido pelos pesquisadores como o modo de se enfrentar o
fato ou situação. Enquanto o Estresse é a forma de perceber o fato ou situação. Risco e
"Coping" são, portanto, elementos que fazem parte da Resiliência.
Quando a pessoa passa por situações de Estresse e Risco e usa a Resiliência, que
possibilita: uma reciclagem pessoal, através da renovação de energia e da reintegração ou
ajustamento a uma nova realidade; dá a oportunidade de curar velhas feridas; de descobrir
novas formas de lidar com a vida e de organizá-la de modo mais eficaz.
Mas se a pessoa usar a sua couraça e resistência e se tomar pessoas bem estruturadas,
provavelmente ela terá a flexibilidade necessária para enfrentar com sucesso as mudanças
súbitas ou profundas na vida pessoal ou profissional. Assim, a pessoa prefere ficar na sua
homeostasis (status quo), o que mais e mais dificulta o processo de adaptação e
ajustamento à nova realidade.
Por maior que seja a mudança, as mais difíceis de enfrentar são aquelas que atingem os
pontos críticos e as estruturas nucleares das pessoas.
Antes, porém de entrar nos aspectos mais dinâmicos, gostaria de alertar para a importância
deste tema em uma sociedade que diante de tantas mudanças e com tamanha velocidade,
não dá tempo para a pessoa absorver tanta quebra de valores, de se adaptar ao novo modo
de se fazer as coisas, de se trabalhar, de aceitar novas formas de pensar e de agir etc.
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Essa situação geradora de estresse é vista como ameaçadora, ou seja, como uma situação
de risco, então o organismo tende a passar por uma situação ou momento de desequilibro
homeostático, porque a avaliação feita leva a se julgar a situação de estresse como
sobrecarregando ou indo além do seu recurso pessoal, sem importar se é de natureza
psicológica, cognitiva etc. E quanto mais intensamente seja vivido o risco, a ameaça e o
desequilíbrio homeostático; maior a pressão, mais intensamente se vive a bifurcação, e
inicia-se o movimento de ruptura.
Esse momento é vivenciado como caos; é o auge da crise e o sentimento de se estar no olho
do furacão. È nesse momento, mais que nunca, que a Resiliência terá de se fazer presente,
para que se possa superar a crise. Ou se sucumbe diante da dificuldade e dos seus efeitos
devastadores.
Se a Resiliência - força e flexibilidade- for usada para superar a dificuldade ou crise, pode-se
então reconfigurar a nova situação e vivenciar um novo momento, ajustando e reintegrando-
se a nova realidade e vivenciando assim, um novo equilíbrio homeostático.
Todos passam por dificuldades, perdas e crises, assim pode-se dizer que existem pontos
críticos e previsíveis de mudança, no ciclo evolutivo do Ser Humano. Pode-se dizer que as
crises previsíveis mais expressivas seriam: a adolescência; o término do Ensino Médio;
quando se tem que escolher a carreira ou parar de estudar, seja a conclusão do curso
superior e a subsequente entrada no mercado de trabalho
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U NIDADE 14
O Conceito de Risco e Coping II
O Ser Humano é inconcluso e assim pode ter a possibilidade de aprender e crescer com a
imprevisibilidade da vida, com o estar à frente dos seus pontos de bifurcação, geradores de
estresse, solicitadores de decisão, por se viver o conflito entre as forças do "status quo"
versus as forças das mudanças. Ou ainda viver o estado confusional diante da intensidade e
extensão da mudança.
É evidente que o impacto da mudança, o estresse, a crise vivida, varia de pessoa para
pessoas e em fases diferentes da vida, pode-se assim, ter maior ou menor resiliência para
enfrentar certas situações da vida.
Aqui, vale a pena ressaltar que uma coisa é viver mudanças em tempos de estabilidade e a
outra é vivê-la em tempos de turbulência, onde a vulnerabilidade tende a ser maior.
Ainda é preciso levar em conta as circunstâncias indutoras de estresse, com diferentes níveis
de impacto de pessoa para pessoa, tais como:
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c) Acontecimentos recorrentes do dia-a-dia, também chamados de micro indutores de
estresse ou crise assim com: desgaste de relações no trabalho, em casa, com
familiares, amigos, não obtenção de metas etc.
Capacidade de aprender.
Autorrespeito.
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Percepção de si e das coisas que estamos passando na vida:
Contextualização - Interna e Externa.
Valores Criativos que é vivenciar aquilo que tem valor em si, aquilo que
pode ser experimentado como: o bom, o belo e enriquecedor:
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Na verdade o conceito de resiliência não é algo novo, já em 1807 Thomas
Young, trabalhando com a física e engenharia, lidando com tensão e
compressão de barras, introduz o conceito de elasticidade - como um
corpo era capaz de se deformar sobtensão, e retirada esta, como podia
voltar ao seu estado original [resilio = saltar para traz]. Dai o nome
resiliência.
Federic Flack chama para si o uso do conceito de Resiliência quando escreve, em 1966, um
artigo intitulado: A influência do filósofo Teilhard de Chardin em meu pensamento, em
relação à natureza da doença psiquiátrica e no papel da psicoterapia na recuperação dos
clientes”, baseado no seu livro - "The phenomenon of man" [O fenômeno do homem].
No dia a dia encontra-se temática da resiliência nas pessoas, na poesia, em livros, nos
textos, em filmes, musicas, em fim no que a vida oferece. Então é buscar, buscar e buscar
aprender mais e mais com o que se apresenta à frente.
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U NIDADE 15
Modos de Cuidar I
O Cuidado para Heidegger (1995), é a estrutura do “Ser aí”, do Dasein, sempre adiante de si
mesmo e abandonado no mundo. Aqui, o Cuidado se concretiza nos contextos
psicopedagógicos.
Assim, Cuidado é estrutura do ser, mas também é atitude, é ética, é estética (quão belo é
cuidar)... Cuidado é ofício de Ser do Ser.
Ser Cuidador é: cuidar da dor, das feridas... Cuidar e não curar, pois, afinal, aqui, no “setting”
pedagógico, não cabe arrogância, onipotência. Cicatrizações, sim. Conviver com o
sofrimento, sim.
Os objetos têm existência para os seres humanos e, como instrumentos, são para fazer
coisas para os outros, “a existência humana tem um aspecto de cuidado” (Ralper & Smith,
1997, p. 77).
O sentido da vida, segundo o existencialista Viktor Emil Frankl (1991, 1978), é a direção que
a pessoa pode dar à sua vida mediante descoberta do significado que ela, a vida, possui a
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possibilidade de ser livre e responsável. Então, como “insight”, ilumina-se o sentido-sentido:
o educador, ao ajudar o outro a crescer/desenvolver, espera que, por meio do cuidado, ele, o
educando, venha a cuidar do outro, de algo, de uma ideia, de um ideal, cuidar de si mesmo.
Para cuidar do outro, de si, do mundo, o educador deve estudar, pesquisar, reconhecer;
buscar a melhor forma de cuidar; ser paciente, congruente, confiante e de confiança; ser
humilde, esperançoso e, acima de tudo, ser corajoso para assumir os riscos da ajuda. No
jogo dos espelhos, quando olha pára e junto ao outro, escuta a própria voz de sentido.
Assim, a intervenção planejada, executada e avaliada torna-se Cuidado. Ser educador nesse
espaço é viver e sentir o Cuidado.
Portanto, ser Educador é ser Cuidador. O Educador vivencia, sente o sentido pela
experiência irrompida no ato de compartilhar. Entre a pessoa que cuida e a pessoa que é
cuidada, há essa experiência em que brilha aos sentidos.
Cuidar é ajudar a crescer e a se realizar e para isso existe um padrão comum: ao cuidar
experiencia-se o outro ser, de forma a considerá-lo com capacidades e necessidades para
crescer.
O mesmo ocorre com uma ideia. Ao experenciar o outro ou uma ideia, não há dominação ou
manipulação, apenas confiança. O outro ser humano é respeitado como ser independente,
assim como são respeitadas as suas necessidades; as quais são satisfeitas com devoção
[...], compromisso para com o outro (Waldow, 1998, p. 133-134).
É vital analisar o sentido dado aos fatos da vida para o outro ser. Ser compromissado
eticamente se concretiza no educador quando se propõem a analisar campo de
possibilidades de novos sentidos para a vida.
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No contexto psicopedagógico da educação, não há maneiras definitivas de intervir.
Entretanto, o educador já está impregnado das formas de ser cuidador.
Por isso ele facilita ao outro caminhar independentemente do outro reconhecer e utilizar suas
próprias capacidades de ser resiliente, de ser, pelo discurso frankliano (Frankl, 1991, 1978),
um “otimista trágico”. Buber (1987) destaca que a relação com outra pessoa é um estado em
que um reconhece, conhece o outro como sujeito e com ele se importa.
Leva-nos à solidariedade. Arranca-nos da poltrona e nos faz descer do Olimpo ao mundo dos
mortais. Arranca-nos do “patamar superior” e nos faz estar junto na dimensão do sofrimento.
Arranca-nos da piedosa imobilidade e nos faz arregaçar as mangas, a buscar saídas ou
superações (Amaral, 1995, p. 184).
Ajudar por meio das relações humanas é o que caracteriza as práticas psicopedagógicas.
Não é algo padronizado, mas uma postura ética, para potencializar a vida. Potência de vida
compreendida como ampliação de possibilidades de agir.
As relações do ser, nesse espaço, nunca são harmoniosas, pois estão; como pontua Kupfe,
(2000), marcadas pela busca, pela busca do conhecimento, um objeto que faça interromper a
ação desejante de buscar. Mas o conhecimento tem sentido por essa busca do inalcançável.
O desejo move. A vontade de sentido clama por ser preenchida.
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U NIDADE 16
Modos de Cuidar II
Compreender é uma espécie de aprender com. Aprender com ela [a pessoa]. Perceber
aquilo mesmo que ela tenta expressar. Como se fosse ela, ou seja, do ponto de vista da
pessoa. Tanto quanto possível dentro do mesmo referencial. É como se você se colocasse
no lugar da pessoa, sem estar de fato, para ajudar a perceber como as coisas se passam
para ela. Naquele momento (Amatuzzi, 1980, p. 83).
O fracasso escolar, para Patto (1991), está na escola e essa compreensão não elimina o
aluno que se transparece portador (porta a dor) do fracasso.
O Educador é, então, nesse emaranhado de ser, um sujeito no ofício de Cuidador. Ele fica
compreensivelmente atento. Atento a cada detalhe. Tudo é muito precioso, pois se arriscar
no envolvimento existencial significa experenciar o pacto gratuito do distanciamento reflexivo,
momento caracterizado pela apreensão de sentidos. Ele se descobre nutrido pelos
Relacionamentos de Ajuda. Então, seu sentir-pensar-agir a mais se sutiliza, pois essa
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descoberta o ensina a sentir que deve, ao mesmo tempo, aproximar-se do educando, no
plano do relacionamento solidário, e dele e de sua circunstância ser capaz de afastar-se no
plano da reflexão crítica.
Tal postura não é fácil, ela exige senso prático e veia teórica, implicando no desenvolvimento
de uma inteligência do instante de uma noção clara do processo. Isso exige, da parte do
educador, uma estreita disciplina de contenção e despojamento (Costa, 1991, p. 99-100).
Visca (1995), em outro texto, trabalha o uso das técnicas projetivas no campo da
Psicopedagogia, onde os testes facilitam e permeiam os Relacionamentos de Ajuda.
Ser Cuidador antecede ao ofício, pois cuidar é estrutura do Ser. Entretanto, cuidar sendo
cuidador é a proposta vivenciada nas experiências psicopedagógicas.
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U NIDADE 17
A Importância do Estudo dos Grupos na Psicopedagogia
Os primeiros estudos realizados sobre grupos foram realizados no final do século XIX pela
então denominada Psicologia de Massas ou Psicologia das Multidões.
Quando se convive com um grupo independente da escolha. Como, por exemplo, quando a
criança entra na escola ou o jovem na universidade. Nesse caso, a afiliação a um grupo
independe da vontade da pessoa, no que diz respeito à escolha dos seus integrantes.
Chama-se de solidariedade mecânica.
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A revolução Francesa espalhou uma vaga revolucionária que atingiu toda a Europa, principalmente a
Alemanha, ecoando até mesmo na América Latina, com lutas de libertação nacional, como a que ocorreu no
Peru. A revolução Francesa aboliu a servidão e os direitos feudais, proclamando os princípios universais de
"Liberdade, Igualdade e Fraternidade” (Liberté, Egalité, Fraternité), frase de autoria de Jean Nicolas Pache.
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U NIDADE 18
Grupos Operativos
Objetivo: Oferecer aos alunos uma aproximação com o pensador francês Pichon-Rivière.
Suas pesquisas sobre a dinâmica de grupo, seus conceitos e suas propostas de intervenção
no grupo.
O Processo Grupal
A realização dos objetivos do grupo e o seu produto final tem a influência subjetiva na
dinâmica do grupo. Mas também sofre influência das relações concretas, possíveis numa
determinada sociedade.
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Categoria grupo/sujeito – de acordo com Lourau, trata-se do nível de resistência à
mudança apresentada pelo grupo.
Grupos que possuem menor resistência à autocrítica com capacidade de crescimento por
meio da mudança, são considerados grupos/sujeitos.
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U NIDADE 19
O Processo Grupal I
Objetivo: Verificar que a análise do indivíduo terá de se remeter ao grupo ao qual ele
pertence; à classe social, enfocando a relação dialética homem-sociedade, atentando para
diversos momentos dessa relação.
Para a Psicologia Social, o grupo não é mais considerado como dicotômico em relação ao
indivíduo (indivíduo sozinho x indivíduo em grupo), mas sim como condição necessária para
conhecer as determinações sociais que agem sobre o indivíduo, bem como a sua ação como
sujeito histórico. Partindo do pressuposto que toda ação transformadora da sociedade só
pode ocorrer quando indivíduos se agrupam.
É nessa tradição que conceitos como: coesão, liderança e pressão de grupo; foram sendo
desenvolvidos em base de observações e experimentos.
Têm-se assim descrições de processos grupais que permitem apenas a reprodução, através
da aprendizagem de grupos produtivos para o sistema social mais amplo.
Pode-se observar que os estudos sobre pequenos grupos, nesta abordagem, têm implícitos
valores que visam reproduzir os de individualismo, de harmonia e de manutenção.
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As teorias de grupo têm uma postura tradicional onde sua função seria apenas a de definir
papéis e, consequentemente, a identidade social dos indivíduos e garantir a sua
produtividade, pela harmonia e manutenção das relações apreendidas na convivência.
Por outro lado, existem teorias modernas que enfatizam o caráter mediatório do grupo, entre
indivíduos e a sociedade, enfatizando o processo pelo qual o grupo se produz. São
abordagens que consideram as determinantes sociais mais amplas, necessariamente
presentes nas relações grupais.
A partir dessas teorias mais modernas, são importantes algumas premissas para conhecer o
grupo, ou seja:
Destas premissas decorre que todo e qualquer grupo exerce uma função histórica de manter
ou transformar as relações sociais desenvolvidas, em decorrência das relações de produção,
e, sob esse aspecto, o grupo, tanto na sua forma de organização como nas suas ações,
reproduz ideologia, que, sem um enfoque histórico, não é captada.
É a partir da análise dialética que se pode captar o grupo enquanto processo e, inserido
numa totalidade maior, levar ao conhecimento dos aspectos concretos desse fato social.
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U NIDADE 20
O Processo Grupal II
Objetivo: Verificar que a análise do indivíduo terá de se remeter ao grupo a que ele pertence,
à classe social. Enfocando a relação dialética homem-sociedade e atentando para os
diversos momentos dessa relação.
O indivíduo, na sua relação com o ambiente social, interioriza o mundo como realidade
concreta, subjetiva, na medida em que é pertinente ao indivíduo em questão, e que por sua
vez se exterioriza em seus comportamentos.
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É a partir dessa visão que se pode pensar a institucionalização dos sujeitos. Por exemplo, o
dirigente e o funcionário devem agir de acordo com as normas estabelecidas, e assim por
diante.
Também é importante ressaltar o fato de que; quanto mais solidificados e definidos forem
esses padrões, mais eficiente se torna o controle da sociedade sobre os indivíduos que
desempenham esses papéis.
Desta forma, o mundo social e o institucional são vistos como uma realidade objetiva,
concreta, esquecendo-se que essa objetividade é produzida e construída pelo próprio
homem.
Cabe à Psicologia aprender como se dá esta internalização da realidade concreta e como ela
faz a mediação na determinação dos comportamentos do indivíduo.
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Pode-se então verificar que toda análise que se fizer do indivíduo terá de se remeter ao
grupo a que ele pertence, à classe social, enfocando a relação dialética homem/sociedade,
atentando para diversos momentos dessa relação.
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U NIDADE 21
Desenvolvimento Interpessoal
Desde sempre, a convivência humana é difícil e desafiante. Escritores e poetas, através dos
tempos, têm abordado a problemática do relacionamento humano. Sartre, em sua admirável
peça teatral Huis Clos, faz a famosa afirmação: "O inferno são os outros...”.
Pessoas convivem e trabalham com pessoas e portam-se como pessoas, isto é, reagem às
outras pessoas com as quais entram em contato: comunicam-se, simpatizam e sentem
atrações, antipatizam e sentem aversões, aproximam-se, afastam-se, entram em conflito,
competem, colaboram, desenvolvem afeto.
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O processo de interação humana é complexo e ocorre permanentemente entre pessoas, sob
forma de comportamentos manifestos e não manifestos; verbais e não verbais,
pensamentos, sentimentos, reações mentais e/ou físico-corporais.
A forma de interação humana mais frequente e usual, contudo, é representada pelo processo
amplo de comunicação, seja verbal ou não verbal.
Antes de dar continuidade aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 2 no “link” ATIVIDADES.
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U NIDADE 22
A Primeira Impressão
O contato inicial entre pessoas gera a chamada primeira impressão; o impacto que cada um
causa ao outro.
No caso de assimetria de percepções iniciais, isto é, impacto positivo de um lado, mas sem
reciprocidade, o relacionamento tende a ser difícil, tenso, exigindo um esforço de ambas as
partes para um conhecimento maior que possa modificar aquela primeira impressão.
Quantas vezes geramos e recebemos primeiras impressões errôneas que nos trazem
dificuldades e aborrecimentos desnecessários, porque a pessoa não se dispõe a rever e,
portanto, confirmar ou modificar aquela impressão.
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Quando isto acontece, naturalmente, ao longo de uma convivência forçada, como na
situação de trabalho, por exemplo, percebe-se, então, quanto tempo precioso e quanta
energia perde-se por não tomar a iniciativa de procurar conhecer melhor o outro e examinar
as próprias atitudes e preconceitos, com o fito de desfazer impressões negativas não
realísticas.
É muito cômodo jogar a culpa no outro pela situação equívoca, mas a realidade mostra a
nossa parcela de responsabilidade nos eventos interpessoais. Não há processos unilaterais
na interação humana: tudo que acontece no relacionamento interpessoal decorre de duas
fontes: eu e outro(s).
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U NIDADE 23
Relações Interpessoais
Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma base interna de diferenças
que englobam conhecimentos, informações, opiniões, preconceitos, atitudes, experiência
anterior, gostos, crenças, valores e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças
de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação compartilhada.
Essas diferenças passam a constituir um repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo.
Como essas diferenças são encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento
entre membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subordinados.
Por exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do outro, se a ideia de cada um é ouvida,
e discutida, estabelece-se uma modalidade de relacionamento diferente daquela em que não
há respeito pela opinião do outro, quando ideias e sentimentos não são ouvidos, ou são
ignorados; quando não há troca de informações.
A maneira de lidar com diferenças individuais cria certo clima entre as pessoas e tem forte
influência sobre toda a vida em grupo, principalmente nos processos de comunicação, no
relacionamento interpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade.
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Se as diferenças são aceitas e tratadas em aberto, a comunicação flui fácil, em dupla
direção, as pessoas ouvem as outras, falam o que pensam e sentem, e têm possibilidades
de dar e receber feedback.
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U NIDADE 24
Funcionamento do Grupo I
Objetivos
• Até que ponto este objetivo é suficientemente claro, compreendido e aceito por todos?
• Até que ponto os objetivos individuais são compatíveis com o coletivo e entre si?
Motivação
Comunicação
Processo decisório
• Com que frequência às decisões são unilaterais, por imposição de quem detém o
poder?
• Quantas vezes o processo decisório é alcançado por consenso, permitindo que todos
se posicionem, com respeito mútuo?
Relacionamento
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• Até que ponto essas relações conflitivas tendem ao agravamento, podendo conduzir o
grupo à desintegração?
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U NIDADE 25
Funcionamento do Grupo II
Liderança
Inovação
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conhecimentos, vocabulário próprio, experiências, sentimentos, atitudes, preconceitos,
valores e normas de conduta.
O clima de grupo, por sua vez, tem uma relação circular com os componentes do
funcionamento e da cultura grupal, influenciando-os e sendo por eles influenciado
constantemente. O clima de grupo, por analogia, pode ser comparado ao clima geográfico.
Refere-se às condições atmosféricas do espaço psicossocial e que afetam os membros do
grupo durante o tempo em que nele permanecem.
Em qualquer grupo, da mesma forma, podem ser observadas condições variáveis de calor
humano, tensão, movimentos, equilíbrio, restrições, alegria, insegurança, crises. Estas
condições, em conjunto, formam a “atmosfera”, responsável pelo que os membros do grupo
sentem a seu respeito.
O clima do grupo pode variar desde sentimentos de bem-estar e satisfação até mal-estar e
insatisfação, passando por gradações de tensão, estresse, entusiasmo, prazer, frustração e
depressão.
Cultura e clima de grupo passam a caracterizar, então, o próprio ambiente total e a imagem
do grupo. Todos esses fatores concorrem para a qualidade do comportamento ou
desempenho grupal num determinado período.
Um grupo começa, funciona durante algum tempo, modifica-se em sua estrutura de forma
dinâmica e continua; modificando-se gradativamente, em maior ou menor grau e velocidade,
ou fragmenta-se terminando como grupo original ou dando origem a outros grupos.
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U NIDADE 26
Participação no Grupo I
Objetivos: Analisar como a vida em grupo passa por várias fases e, em cada uma delas, os
membros atuam de forma diferenciada; em relação à etapa de vida do grupo e em relação
aos demais membros.
Pensar nos membros de um grupo desempenhando apenas duas funções distintas- liderança
e participação- é usual e enganoso.
Primeiramente a liderança não pode ser assim tão marcada e continuamente ser
desempenhada apenas por um membro do grupo. Outros membros podem assumir uma
liderança informal, de acordo com as diferentes situações pelas quais o grupo passa, em
seus processos de interação.
Em segundo lugar, a função de um membro do grupo, não líder, poderia dar a impressão de
um comportamento não diferenciado comum a todos os componentes do grupo, excluído o
líder que tem um papel caracterizado.
Na realidade, a vida em grupo passa por várias fases e, em cada uma delas, os membros
atuam de forma diferenciada: em relação à etapa de vida do grupo e em relação aos demais
membros.
Algumas funções são mais genéricas que outras, existindo em todos os grupos, e são
desempenhadas pelos membros para que o grupo possa mover-se ou progredir em direção
às suas metas.
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O processo de interação humana exige, de cada participante, um determinado desempenho,
o qual variará em função da dinâmica de sua personalidade e da dinâmica grupal na
situação-momento ou contexto-tempo.
Conciliador: busca um denominador comum; quando em conflito, aceita rever sua posição e
acompanhar o grupo para não chegar a impasses.
Mediador: resolve as divergências entre outros membros, alivia as tensões nos momentos
mais difíceis através de brincadeiras oportunas.
Animador: demonstra afeto e solidariedade aos outros membros do grupo, bem como
compreensão e aceitação dos outros pontos de vista, ideias e sugestões, concordando,
recomendando, elogiando as contribuições dos outros.
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U NIDADE 27
Participação no Grupo II
Objetivos: Analisar como a vida em grupo passa por várias fases e, em cada uma delas, os
membros atuam de forma diferenciada.:
O dependente: busca ajuda, sob forma de simpatia dos outros membros do grupo,
mostrando insegurança, auto depreciação, carência de apoio.
O vaidoso: procura chamar a atenção sobre sua pessoa sobre várias maneiras, contando
realizações pessoais e agindo de forma diferente, para afirmar sua superioridade e
vantagens em relação aos outros.
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O reivindicador: manifesta-se como porta voz de outros, subgrupos ou classes, revelando
seus verdadeiros interesses pessoais, preconceitos e dificuldades.
O confessante: usa o grupo como plateia ou assistência para extravasar seus sentimentos,
suas preocupações pessoais, que nada tem a ver com a disposição ou orientação do grupo
na situação momento.
Esta classificação dos papéis funcionais do grupo, construtivos e não construtivos, conforme
esquema apresentado, não pode ser rigidamente aplicada. Um determinado papel não pode
ser julgado em termos absolutos, pois a interação não se faz no vácuo.
Elabore uma situação onde a postura ética tenha a função de potencializar a vida das
pessoas.
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U NIDADE 28
Energia no Grupo: tensão e conflito interpessoal
As diferenças entre as pessoas não podem ser consideradas apenas como boas ou más.
Algumas vezes trazem benefícios ao grupo, outras vezes, trazem prejuízos.
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U NIDADE 29
Psicologia Institucional e Processo Grupal
A vida em grupo faz parte do cotidiano, pois, o tempo todo, as pessoas se relacionam com
outras pessoas; seja a família, amigos, vizinhos ou colegas de trabalho.
Mesmo quando a pessoa está sozinha, tem como referência o outro. Dificilmente encontra-se
uma pessoa que viva completamente isolada e mesmo que alguém viva assim; ela levará
para seu exílio suas lembranças, seus conhecimentos e sua cultura.
Em qualquer circunstância humana, determinantes sociais serão encontrados; o que faz com
que toda a Psicologia seja no fundo uma Psicologia Social.
Entretanto, aqui, o termo instituição se refere a um valor ou regra social que é reproduzida no
cotidiano como sendo uma verdade e que serve como um guia de comportamento e de
padrão ético para as pessoas.
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Para se compreender a Psicologia Institucional é preciso primeiramente conhecer o processo
de institucionalização das regras sociais, as regras de um hospital, de uma escola, sempre
colocando em análise esse processo de produção das regras instituídas a fim de criar regras
que possam potencializar a vida de todos.
Antes de dar início à sua Prova On-line é fundamental que você acesse sua SALA
DE AULA e faça a Atividade 3 no “link” ATIVIDADES.
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U NIDADE 30
A Construção Social da Realidade e o Processo de Institucionalização
As pessoas vão descobrindo aos poucos a forma mais rápida, simples e econômica de
desempenhar as tarefas cotidianas. Por exemplo, um grupo social que vive da pesca vai
estabelecer formas práticas que garanta maior eficiência na realização da tarefa.
Quando uma dessas formas se repete muitas vezes pode-se dizer que um hábito se
estabelece e, se for por razões concretas, com o passar do tempo e das gerações pode
transforma-se em tradição.
Com o decorrer do tempo as bases concretas não são mais questionadas. Quando se
passam muitas gerações e a regra estabelecida perde sua referência de origem (grupo de
antepassados), dizemos que esta regra foi institucionalizada.
As mais diversas instituições são reproduzidas nas nossas relações sociais cotidianas, mas
quase não se percebe, pois atravessa de forma invisível todo tipo de organização social.
As organizações; que podem ser Igreja, um Ministério como o da Saúde ou até mesmo uma
creche, representam o aparato que reproduz as instituições no cotidiano.
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O grupo é o sujeito que reproduz, e em outros momentos, reformula tais regras. É o sujeito
que também é ora controlado e submetido as regras e valores, e ora é o sujeito da
transformação, da rebeldia e da produção do novo.
Visite sites de artigos científicos e pesquise sobre os autores: Maria Elizabeth Barros de
Barros, Anna Heckert e Virgínia Kastrup, Humberto Maturana e Francisco Varela, Suely
Rolnik e René Lourau
• http://www.scielo.br/
• http://www.cnpq.br/
• http://www.slab.uff.br/
• http ://www.google.com.br/
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G LOSSÁRIO
Caso haja dúvidas sobre algum termo ou sigla utilizada, consulte o link
Glossário, em sua sala de aula, no site da ESAB.
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B IBLIOGRAFIA
AMARANTE, P (Coord.) Loucos pela vida. Ed. Fiocruz, Rio de Janeiro, 1995.
_________ Archivos de Saúde Mental e Atenção Psicossocial 2, Ed. NAU, Rio de Janeiro,
2005.
BAPTISTA, L.A Cidade dos Sábios. Ed. Summus, São Paulo, 1999.
_________ Microfísica do Poder, (org.) Roberto Machado, Rio de Janeiro,Ed. Graal, 1979.
_________ Doença Mental e Psicologia, Rio de Janeiro, Ed. Tempo Brasileiro, 2000.
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MENDES, E. V. et al. Território: Conceitos Chave. In: Distrito Sanitário: o processo social de
mudança das práticas sanitárias do Sistema Único de Saúde. São Paulo, HUCITEC; Rio de
Janeiro, ABRASCO, 1993, p. 166-169.
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