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Cora Reilly

#2 Bound by Hatred
Série Born in Blood Mafia Chronicles

Bound by Hatred Copyright © 2015 Cora Reilly


SINOPSE

Quando Gianna assistiu sua irmã Aria se casar com um


homem que ela mal conhecia, ela prometeu a si mesma que
não iria deixar a mesma coisa acontecer com ela.
Matteo - The Blade - Vitiello pôs seus olhos em Gianna
no momento em que a viu no casamento do irmão dele, Luca,
e Rocco Scuderi está mais do que disposto a dar sua filha para
ele, mas Gianna não tem intenção de se casar por qualquer
outra razão que o amor. Poucos meses antes do casamento,
Gianna escapa de seus guarda-costas e foge. Ela tem dinheiro
suficiente para fugir para a Europa e começar uma nova vida.
Mas ficar sem ser detectada quando uma multidão está
procurando por ela é um desafio que leva tudo, especialmente
quando um dos seus melhores caçadores e assassinos está atrás
dela: Matteo Vitiello.
Depois de seis meses em fuga, Gianna finalmente se
estabelece em uma rotina provisória em Munique, mas, em
seguida, Matteo e um par de soldados de seu pai a encontra
com outro homem.
Apesar de sua suplica, eles matam seu namorado, e
Gianna é forçada a se casar com Matteo. Suas emoções
oscilam entre a culpa por ter arrastado um inocente em seu
mundo e ódio contra Matteo, Gianna está determinada a fazer
vida um inferno para o seu marido. Mas Matteo é um mestre
em jogos de mente e sua luta pelo poder logo se transforma em
noites movidas a ódio de paixão.
A SÉRIE
Série Born in Blood Mafia Chronicles
Cora Reilly
Prólogo
GIANNA
Eu olhei para minha imagem no espelho. Meu queixo
estava coberto de sangue e mais sangue escorria do corte no
meu lábio inferior e na minha camisa. Meu lábio já estava
inchando, mas eu estava feliz por encontrar os meus olhos
secos, nenhum sinal de uma única lágrima.
Matteo apareceu atrás de mim, se elevando sobre mim,
seus olhos escuros varreram meu rosto confuso. Sem sua
marca registrada, o sorriso de tubarão, e à diversão arrogante,
ele parecia quase tolerável. — Você não sabe quando calar a
boca, não é? — seus lábios se transformaram em um sorriso,
mas parecia de alguma forma errado. Havia algo de
inquietante em seus olhos. O olhar neles me lembrou o que eu
tinha visto quando ele tinha lidado com os russos no cativeiro.
— Nem você. — eu disse, então estremeci com a dor do
meu lábio.
— É verdade. — ele disse em uma voz estranha. Antes
que eu tivesse tempo de reagir, ele agarrou meus quadris, me
virando e me elevando sobre o lavatório. — É por isso que
somos perfeitos um para o outro.
Voltou com o sorriso arrogante. O bastardo se coloca
entre as minhas pernas.
— O que você está fazendo? — eu assobiei, deslizando
para trás da borda do lavatório para trazer mais distância entre
nós, e empurrando contra seu peito.
Ele não se moveu, era forte demais para mim. O sorriso
ficou maior. Ele agarrou meu queixo e inclinou a cabeça para
cima. — Eu quero dar uma olhada em seu lábio.
— Eu não preciso de sua ajuda agora. Talvez você
devesse ter impedido meu papai de arrebentar meu lábio em
primeiro lugar.
— Sim. Eu deveria ter impedindo, — disse ele
sombriamente, seu polegar tocando levemente a minha ferida
quando ele separou meus lábios. — Se Luca não tivesse me
segurado, eu teria afundado minha faca no seu papai, caralho,
e as consequências que se danem. Talvez eu ainda faça isso.
Ele soltou meu lábio e puxou uma faca curva longa do
coldre abaixo de sua jaqueta, a torcendo em sua mão com um
olhar calculista em seu rosto. Então seus olhos brilharam para
mim. — Você quer que eu o mate?
Deus, sim. Eu tremi ao som da voz de Matteo. Eu sabia
que era errado, mas depois do que papai tinha dito hoje, eu
queria vê-lo implorar por misericórdia e eu sabia que Matteo
seria capaz de levar alguém a ficar de joelhos, e isso me
excitava de uma forma horrível. Era exatamente por isso que
eu queria sair dessa vida. Eu tenho o potencial para crueldade,
e esta vida foi a razão para isso. — Isso significaria guerra
entre Chicago e Nova York. — eu disse simplesmente.
— Ver o seu papai sangrar até a morte em meus pés
valeria a pena o risco. Você merece.
Capítulo um
MATTEO
A primeira vez que vi Gianna, era uma magricela de
catorze anos com uma boca grande demais, uma grande
quantidade de sardas no rosto e a boca vermelha indomável.
Ela era tudo que uma garota italiana adequada não era para ser,
e provavelmente foi por isso que eu a achei divertida. Mas ela
era uma criança, e embora eu fosse apenas quatro anos mais
velho, eu já era um homem feito há cinco anos, tinha matado
várias pessoas e comido meu quinhão de mulheres. No
momento em que Luca e eu estávamos de volta à Nova York,
ocupados com negócios da máfia e da sociedade, eu nem por
um segundo seria grosseiro com a ruiva.
Eu tinha praticamente esquecido tudo sobre Gianna
quando Luca e eu voltamos a Nova York, três anos depois para
seu casamento com Aria.
Luca tinha colocado em sua cabeça que ele queria ver
Aria antes do casamento. Oficialmente, porque ele queria ter
certeza de que ela estava tomando a pílula, mas eu sabia que
era realmente só porque ele estava ansioso para ver como ela
tinha ficado. E maldição, a menina tinha encorpado bem.
Quando ela apareceu atrás de sua irmã Liliana no marco da
porta de sua suíte no Mandarin Oriental, meus olhos não
sabiam que parte dela checar primeiro. Ela estava quente. Ela
também era a noiva de Luca e totalmente fora dos limites. Sem
mencionar que ela era um pouco recatada demais para o meu
gosto.
Mas maldição, no momento em que entrei na suíte, Aria
era a última coisa em minha mente. Meu olhar caiu sobre a
menina com o cabelo vermelho flamejante, que descansava no
sofá, pernas longas casualmente cruzadas e apoiadas na mesa
de café. Ao mesmo tempo a memória da sua rudeza ressurgiu e
com isso meu interesse por ela. Ela não era a estranha menina
magricela que ela costumava ser.
Definitivamente não era magricela.
Ela tinha desenvolvido todas as curvas certas em todos
os lugares certos, e seu rosto tinha se livrado de suas sardas.
Ao contrário da maioria das meninas, eu sabia que ela não
parecia impressionada comigo. Para ser honesto, ela me olhou
como se eu fosse uma barata que ela queria esmagar sob suas
botas. Com um sorriso, eu fui direto para ela, nunca fugindo
de um desafio. Especialmente um desafio quente. Como seria
a vida sem a emoção de ficar queimado?
Gianna se endireitou imediatamente, suas botas pretas
aterrissando no chão com um baque, e então ela estreitou os
olhos para mim. Se ela pensou que iria me parar, ela estava
completamente enganada. Infelizmente, a mais jovem das
meninas Scuderi entrou no meu caminho e me deu sua versão
de um sorriso sedutor. — Posso ver sua arma?
Gianna tinha feito essa questão, uma infinidade de
respostas inadequadas estavam na ponta da minha língua, mas
Liliana era um pouco jovem demais para isso. Que desperdício
de oportunidade.
— Não, você não pode. — Aria disse antes que eu
tivesse a oportunidade de responder para a garota. Graças a
Deus, o papai a tinha escolhido para Luca e não para mim.
— Você não deveria estar aqui sozinho com a gente. —
Gianna murmurou, seus olhos se movendo de Luca para mim.
— Droga. Ela era uma coisa, realmente. — Não é apropriado.
Luca não parecia muito impressionado com ela. Era
óbvio que ela testaria seus nervos. Algo que ela e eu tínhamos
em comum. — Onde está Umberto? Ele não deveria estar
guardando essa porta? — perguntou.
— Ele provavelmente está no banheiro ou fazendo uma
pausa fumando. — disse Aria.
Eu quase ri. Que tipo de idiota trabalhava para os
Scuderi? As coisas em Chicago pareciam seguir regras muito
diferentes. Eu poderia dizer que Luca estava à beira de uma
explosão. Ele tinha estado no limite por dias, provavelmente
suas bolas estavam estourando.
— Isso acontece muitas vezes, ele te deixar sem
proteção? — perguntou.
— Oh, o tempo todo. — Gianna estalou, em seguida,
revirou os olhos para a irmã. — Você vê Lily, Aria e eu
fugindo todo fim de semana, porque temos uma aposta de
quem pega mais caras.
Grandes palavras para uma garota que provavelmente
nunca viu um pau na vida real. A partir do olhar que Luca
lançou para mim, ele provavelmente tinha pensado o mesmo.
E Gianna realmente não sabia nada sobre o meu irmão,
achando que era uma boa coisa ameaçá-lo assim.
Luca caminhou para sua pequena noiva. — Eu quero ter
uma palavra com você, Aria.
Gianna saltou para seus pés como uma tigresa
determinada a proteger seus filhotes. — Eu estava brincando,
pelo amor de Deus! — Ela realmente tentou ficar entre Luca e
Aria, o que era uma má ideia do caralho. Antes de Luca perder
a cabeça, eu agarrei seu pulso e a arrastei para longe.
Os olhos azuis de Gianna brilhavam com fúria. Eu
estava errado. Seu rosto não tinha se livrado de todas as suas
sardas. Ainda estavam lá. Eu podia ver as sardas salpicadas no
nariz, mas de alguma forma a faziam parecer ainda mais
bonita.
— Solte-me, ou eu vou quebrar seus dedos. — ela
sussurrou.
Eu adoraria vê-la tentar. Eu a soltei com um sorriso que
pareceu enfurecê-la mais ainda se o estreitar de seus olhos era
uma indicação disso.
Luca começou a conduzir Aria pra longe. — Venha.
Onde é o seu quarto?
Gianna olhou para mim e Luca. — Vou ligar para o
nosso papai! Você não pode fazer isso.
Claro que Luca não deu a mínima. Scuderi teria dado
Aria a ele anos atrás, ele definitivamente não se importaria se
Luca provasse seus bens poucos dias antes do casamento. A
porta se fechou e Gianna caminhou para eles. Segurei a mão
dela novamente antes que ela pudesse irritar Luca ainda mais.
Esta menina realmente não sabia o que era bom para ela. —
Dê a eles um pouco de privacidade. Luca não vai rasgar as
roupas de Aria antes da noite de núpcias.
Gianna me sacudiu. — Você acha isso engraçado?
— O que eles estão falando? — perguntou Liliana.
A porta da suíte se abriu e Umberto interveio, enviando
um olhar para mim. O velho homem ainda não tinha me
perdoado por insultar sua esposa há três anos.
— Gianna, Liliana, venham aqui. — disse ele
bruscamente. Eu levantei uma sobrancelha para ele. Ele estava
preocupado que eu pudesse prejudicá-las? Se fosse minha
intenção, elas definitivamente não estariam ilesas de pé ao
meu lado. Romero revirou os olhos pelas costas de Umberto e
eu sorri. Claro que o velho mexeu seus dedos para um pouco
mais perto de sua faca.
Não faça isso, meu velho. Já faz muito tempo desde que
eu tive uma boa luta.
Liliana obedeceu imediatamente e caminhou em direção
a seu guarda-costas. Como esperado, Gianna ficou do lado da
porta do quarto de sua irmã. — Luca arrastou Aria para seu
quarto. Eles estão sozinhos lá dentro.
Umberto virou a cabeça em direção à porta, mas eu
bloqueei seu caminho. Romero estava logo atrás dele. Não que
eu precisasse dele para parar o velho. Umberto tentou me
intimidar. Ele era pelo menos quatro centímetros menor do que
eu, e não importa o quão bom lutador de faca ele fosse, eu o
cortaria com minha lâmina antes mesmo que ele pudesse
piscar. Meus dedos coçaram para realmente fazer isso.
— Eles ainda não são casados. — disse ele.
— Sua virtude está segura com o meu irmão, não se
preocupe.
Os lábios de Umberto diminuíram. Eu tinha a sensação
que ele queria começar uma briga tanto quanto eu queria.
Antes das coisas ficarem divertidas, a porta do quarto se abriu
e Aria saiu. Ela parecia como se tivesse visto um fantasma. Eu
dei uma olhada para Luca. Será que ele realmente tem que
assustar a sua noiva poucos dias antes de seu casamento?
— O que você está fazendo aqui? — perguntou
Umberto.
— Você deveria prestar mais atenção no futuro e fazer
um intervalo menor. —Luca disse a ele.
— Eu saí por apenas alguns minutos e havia guardas em
frente das outras portas.
Entediado por seus argumentos voltei minha atenção de
volta para a ruiva.
Gianna colocou as mãos nos quadris, de alguma forma,
empurrando seu peito para fora. Ela realmente tinha um corpo
de morrer. Eu me perguntei se os Scuderi já a tinham
prometido para alguém do Outfit.
Gianna encontrou meu olhar. — O que você está
olhando?
Deixei meus olhos vagarem pelo corpo dela. — O seu
corpo é quente.
— Então continue olhando. Porque você nunca vai
chegar a ver como o meu corpo é quente.
— Pare com isso. — advertiu Umberto.
Gianna realmente não deveria ter dito isso. Eu sempre
gostei de caçar. Enquanto Luca não se incomodava em ir atrás
de uma garota, para não ter trabalho, eu sempre preferi ir atrás
de uma conquista difícil.
Os olhos apertados de Gianna me seguiram quando
Luca, Romero e eu saímos da suíte. Sorri para mim mesmo. A
menina tinha fogo.
Luca suspirou. — Não me diga que você está de olho na
ruiva. Ela é uma grande dor na bunda.
— E daí? Ela definitivamente vai fazer a minha vida
mais interessante.
— O quê? Matar russos e ter uma nova garota em sua
cama todas as noites não está fazendo a vida interessante para
você?
— Eu gosto de mudar as coisas de vez em quando.
— Você não pode tê-la. Ela está fora dos limites. Eu não
vou dizer ao papai que você começou a guerra com a equipe
daqui, porque você deu em cima na filha de Scuderi. Só há
uma maneira de você ter a ruiva em sua cama, se você se casar
com ela, e isso não vai acontecer.
— Por que não?
Luca fez uma pausa. — Diga-me que você está
brincando.
Eu dei de ombros. Eu realmente não quero me casar
ainda, mas o papai tinha pesquisado noivas pra mim por
meses. Toda mulher que ele tinha sugerido até agora tinham
sido chatas como o inferno.
Luca segurou meu ombro. — Você não vai pedir a
Scuderi a mão de sua filha esta noite.
— Isso é uma ordem? — perguntei em voz baixa.
— Não. Um conselho. — Luca sorriu. — Se eu
ordenasse a você, você faria isso só para me irritar.
— Eu não sou um adolescente de cabeça quente. — eu
disse, depois sorri porque Luca me conhecia muito bem.
— Eu só quero que você tenha o seu tempo. Você pode
achar a teimosia de Gianna fascinante agora, mas eu duvido
que vai durar mais do que alguns dias. Eu conheço você. No
momento em que a caça terminar e você conseguir o que
queria, você vai perder o interesse. Mas desta vez você estaria
preso a ela para sempre.
— Não se preocupe. Tenho toda a intenção de transar
esta noite. Isso vai me fazer esquecer tudo sobre Gianna.
Capítulo dois
Casamento de Aria e Luca

GIANNA
Este casamento é uma farsa. Aria se afastou de Luca e
apertou minha mão no momento em que se sentou. Era óbvio
que ela estava infeliz. Ela estava tentando esconder, mas para
mim, estava claro como o dia. É claro que ninguém deu à
mínima. Isso era praticamente padrão, a noiva que era
obrigada a se casar, por isso a infelicidade era certa. Ninguém
nunca perguntou o que queríamos. Ninguém nunca se
preocupou. Nem mesmo as outras mulheres.
Foi então que eu fiz uma promessa que eu estava
determinada a manter. Eu não acabaria em um casamento sem
amor. Eu não me importava se era meu dever ou honra, nada
neste mundo esquecido por Deus poderia me fazer casar por
nada além de amor.
Matteo não parava de olhar na minha direção através da
mesa, aquele sorriso arrogantemente chato no seu rosto. Ele
praticamente me comeu com os olhos durante todo o
casamento até agora. Eu tinha que admitir que ele não parecia
muito mal com seu colete cinza, camisa branca e calças. De
alguma forma o seu porte musculoso se destacava ainda mais
vestido assim. É claro que eu teria mordido minha língua antes
de admitir a alguém que eu achei Matteo tolerável,
especialmente quando sua personalidade não estava nem perto
de ser suportável.
Aria apertou minha mão debaixo da mesa com mais
força por causa de algo que Luca tinha dito a ela. Ela estava
alheia ao flerte de Matteo comigo. Alheia a tudo menos sua
angústia.
Eu apertei a mão dela, mas, em seguida, a pista de dança
foi aberta e logo nos separamos quando Luca levou-a para sua
primeira dança como um casal. Eu rapidamente fiquei em pé,
desesperada para me esgueirar em direção ao deck onde eu
poderia estar sozinha, mas Matteo me encurralou na borda da
pista de dança, com o mesmo sorriso arrogante no rosto. Por
que o filho da puta tem que parecer tão bom?
Seu cabelo escuro está intencionalmente bagunçado e
seus olhos são tão escuros, eles são quase pretos. Era
impossível não notá-lo. É claro que ele estava perfeitamente
ciente do efeito que tinha sobre a maioria das mulheres e,
obviamente, esperava que eu babasse nele também. O inferno
ia congelar antes que isso acontecesse.
Ele curvou-se sem tirar os olhos de mim. — Posso ter
esta dança?
Meu estômago deu uma cambalhota estúpida com a
visão de seu sorriso. Ele estava mais descontraído do que a
maioria dos homens estavam, mas eu tinha a sensação de que
era apenas um disfarce. Talvez ele tivesse aperfeiçoado a
rotina de garoto normal, mas sob a pele de um predador em
emboscada, pronto para atacar. Eu não seria ser sua presa.
Papai me observava do seu lugar na mesa, então eu não
tinha escolha, em acenar em resposta à pergunta de Matteo, ou
arriscar uma enorme cena. Não que eu teria me importado,
mas eu não queria criar mais estresse para Aria. Ela já estava
no limite.
Matteo pegou minha mão e descansou sua mão nas
minhas costas, o calor de sua pele ecoou através do fino tecido
do meu vestido. Meu estômago embrulhou, mas eu forcei em
meu rosto uma máscara de tédio. Eu odiava como meu corpo
parecia reagir a Matteo. Se eu tivesse permissão para interagir
com outros caras, eu provavelmente não estaria impressionada
com Matteo. — Tudo bem?
Olhei para ele. Assim de perto eu podia ver que seus
olhos eram marrom escuro com um anel externo quase preto.
Ele tinha espessos cílios negros e sombra da barba por fazer
em suas bochechas e queixo. Seu sorriso se alargou e eu virei
minha cabeça, focalizando os convidados dançando em torno
de nós. Todo mundo estava rindo, sorrindo e se divertindo. Do
lado de fora parecia uma festa maravilhosa. A festa foi no
jardim da mansão que foi decorado com perfeição. Era tão
fácil deixar a brisa flutuando até nós a partir do oceano levar
embora a realidade. A atmosfera única, que apenas um lugar
nos Hamptons poderia oferecer e convencer de que a vida era
um sonho.
Eu sabia mais.
Matteo me puxou ainda mais perto, pressionando nossos
corpos juntos para que eu pudesse sentir cada polegada de
músculo, bem como as armas escondidas debaixo de seu
colete. Eu me contorci, embora parte de mim queria se
inclinar, chegar mais perto e reivindicar sua boca para um
beijo. Isso teria sido o escândalo do casamento, sem dúvida.
Papapai explodiria. Isso foi quase o suficiente para me
fazer querer fazê-lo. Por que as meninas são forçadas a esperar
seu primeiro beijo até que elas se casem? Era ridículo. Eu
tinha pena de Aria por ter que experimentar seu primeiro beijo
na frente de um casamento inteiro. Isso não aconteceria
comigo. Eu não me importava quem eu tivesse que subornar
para me beijar.
Matteo se inclinou para baixo, um sorriso provocante
curvando sua boca. — Você está linda, Gianna. O olhar
chateado fica muito bem com seu vestido.
Antes que eu pudesse me parar, uma risada explodiu de
mim. Eu tentei encobri-la com uma tosse, mas Matteo não se
enganou, a julgar pelo olhar em seu rosto. Droga. Apertei os
olhos em vão. Decidi ignorar Matteo pelo resto da nossa
dança, esperando que meu corpo fosse fazer o mesmo, mas,
em seguida, o filho da puta começou a mover seu polegar para
trás e para frente nas minhas costas, e cada terminação nervosa
parecia ignorar meus comandos.
Eu queria beijá-lo, e não apenas na frente do meu papai e
de todos os outros do sexo masculino em nosso mundo que
pensavam que estava tudo bem manter as mulheres em uma
redoma. Eu queria beijá-lo, porque ele cheirava
deliciosamente, a qual era exatamente a razão pela qual eu
precisava ficar longe dele rapidamente.
Infelizmente, Matteo parecia ter a intenção de me deixar
louca, porque depois de nossa primeira dança, ele conseguiu
roubar mais duas danças de mim, e minha indignação absoluta,
pois meu corpo não parava de reagir à sua proximidade. Eu
tinha a sensação de que ele sabia, e era por isso que ele
continuava acariciando minhas costas sempre tão levemente,
mas eu não poderia pedir para ele parar sem admitir que ele
estava me incomodando, e de alguma forma, parte de mim não
queria que ele parasse.
Era quase meia-noite quando as pessoas começaram a
gritar para que Luca e Aria fossem para cama. Ela não
conseguiu esconder seu pânico. Quando ela se levantou e
pegou a mão oferecida por Luca, seus olhos encontraram os
meus, mas, em seguida, Luca já estava levando-a para longe,
seguido por uma multidão de homens gritando. A raiva passou
por mim. Eu me forcei em meus pés, determinada a segui-la e
ajudá-la. Mamãe agarrou meu pulso, me segurando até parar.
— Este problema não é seu, Gianna. Sente-se.
Eu olhei para ela. Não era ela que deveria nos proteger?
Em vez disso, ela assistiu sem uma centelha de compaixão. Eu
torci para longe dela, desgostosa por ela e por todos ao nosso
redor.
Papai estava ao lado de Salvatore Vitiello que gritou
algo que soou como — Queremos ver sangue nos lençóis,
Luca!
Eu quase o ataquei. Que bastardo. Nova York e suas
tradições doentes. Apesar do brilhante aviso do Papai, eu me
virei e os segui depois dos homens. Luca e Aria estavam quase
em seu quarto, e eu tinha dificuldade de fazer meu caminho
através dos convidados do sexo masculino para chegar até
eles. Eu não tinha certeza que eu ia conseguir chegar até eles.
Eu não podia puxar Aria para nosso quarto e trancar a porta.
Não pararia ninguém, muito menos Luca. Aquele cara era uma
besta.
Alguns dos homens fizeram comentários obscenos na
minha direção, mas eu os ignorei, meus olhos firmemente
focados na cabeça loira de Aria. Eu quase atingi a frente da
multidão quando Aria desapareceu no quarto principal e Luca
fechou a porta. Minha respiração ficou presa, preocupação e
raiva tomaram o centro do meu corpo.
Eu estava oscilando entre ir tempestivamente para o
quarto para chutar o traseiro de Luca e correr o mais longe
possível, então eu não teria que ouvir o que estava
acontecendo atrás daquela porta. A maioria das pessoas do
sexo masculino estavam em seu caminho de volta para
recomeçar a beber, só Matteo, que estava gritando sugestões
repugnantes através da porta, e alguns homens mais jovens de
Nova York ainda estavam ao redor. Eu recuei, sabendo que
não havia nada que eu pudesse fazer por Aria, e odiando-o
mais do que qualquer outra coisa. Então, muitas vezes, no
passado, Aria tinha me protegido do meu pai, e agora, quando
ela precisava de proteção, eu era incapaz de ajudá-la.
Eu decidi ir para o meu quarto em vez de voltar para a
festa. Eu não estava com vontade de enfrentar os meus pais
novamente. Eu só entraria em uma briga enorme com o papai,
e eu realmente não precisa de mais drama hoje. Antes que eu
pudesse ir até o corredor em direção ao meu quarto, dois
rapazes entraram no meu caminho. Eu não sabia os seus
nomes. Eles não eram muito mais velhos do que eu, talvez
dezoito anos. Um deles ainda ostentava uma pele oleosa de
adolescente e acne. O outro era mais alto e parecia mais uma
ameaça.
Tentei me esquivar, mas o cara mais alto bloqueou meu
caminho. — Saiam. — eu disse, olhando para os dois idiotas.
— Não seja uma desmancha prazer, vermelha. Eu me
pergunto se você é vermelha lá embaixo também? — ele
apontou entre as minhas pernas.
Meus lábios se curvaram em desgosto. Como se eu não
tivesse ouvido essas palavras antes.
O cara da acne bufou com risadas. — Poderíamos tentar
descobrir.
De repente Matteo estava lá. Ele agarrou o cara alto e
passou uma longa faca afiada pela virilha do rapaz. — Ou. —
ele disse em uma voz estranhamente calma. — Poderíamos
tentar descobrir quanto tempo que você leva para sangrar
como um porco depois de eu cortar seu pau fora. O que acha
disso?
Eu usei o momento para bater meu joelho nas bolas do
cara com acne. Ele gritou e caiu de joelhos. Eu provavelmente
não deveria ter gostado tanto quanto eu gostei.
Matteo ergueu as sobrancelhas escuras para mim. —
Quero ter o prazer de fazer o mesmo com esse também?
Eu não precisava ser convidada duas vezes. Em vez
disso eu dei um bom pontapé que levou o segundo cara de
joelhos também. Ambos os rapazes olharam para Matteo com
olhos arregalados de medo, me ignorando completamente.
— Desapareçam antes de eu decidir cortar suas
gargantas. — disse Matteo.
Eles saíram como cães com o rabo entre as pernas.
— Você os conhece? — perguntei.
Matteo embainhou a faca. Ele não parecia tão bêbado
quanto ele parecia na festa. Talvez tudo tivesse sido um show.
Uma rápida olhada ao redor me fez perceber que estávamos
sozinhos nessa parte da casa, e da forma como o meu
batimento cardíaco estava acelerado e meu estômago
vibrando, eu sabia que isso realmente não era uma boa ideia.
— Eles são as crianças de dois dos nossos soldados. Eles
não são sequer homens ainda.
Criar eles na máfia provavelmente não iria transformá-
los em seres humanos melhores. — Eu poderia ter me
defendido. — eu disse.
Matteo digitalizou meu corpo novamente. — Eu sei.
Essa não era a resposta que eu esperava, e eu não tinha
certeza se ele estava puxando a minha perna ou não. — É
engraçado como você pode agir como um cavaleiro de
armadura brilhante em um segundo e no próximo você está
incentivando o seu irmão a agredir sexualmente a minha irmã.
— Luca não precisa de incentivo, acredite em mim.
— Você me dá nojo. Tudo isso me dá nojo. — eu me
virei e me afastei, mas Matteo me alcançou e barrou meu
caminho com um braço contra a parede.
— Sua irmã vai ficar bem. Luca não é cruel com as
mulheres.
— Isso é para me tranquilizar?
Matteo deu de ombros. — Eu conheço o meu irmão.
Aria não vai se machucar.
Eu examinei seu rosto. Ele parecia sério. Eu queria
acreditar nele, mas pelo que eu tinha testemunhado, Luca era
tudo menos um homem bondoso. Ele era brutal, cruel e frio.
— Eu quero te beijar porra. — Matteo disse em uma voz
áspera, me assustando.
Meus olhos se arregalaram. Ele não se moveu. Apenas
ficou na minha frente com o braço apoiado contra a parede e
seus olhos escuros perfurando os meus. Nós não estávamos
noivos, graças a Deus, por isso, falar assim comigo foi mais do
que inadequado. Papai teria ficado louco se tivesse ouvido. Eu
deveria ter ficado ansiosa, envergonhada pelo menos, por suas
palavras, mas em vez disso fiquei imaginando como seria
beijar alguém. As meninas da minha turma tinham beijado e
feito muito mais. Apenas Aria, eu e as outras meninas de
famílias da máfia éramos vigiadas por guarda-costas. Como
seria beijar alguém proibido? Como seria fazer algo que uma
boa menina não faz?
— Então por que você não me beija? — eu me ouvi
dizer. Campainhas de alarme soaram em minha mente, mas eu
ignorei.
Esta foi a minha escolha. Se não fossemos quem éramos,
se não tivéssemos nascido neste mundo imbecil, se Matteo não
fosse um homem feito e um assassino, talvez então eu pudesse
ter me apaixonado por ele. Se nos conhecêssemos como duas
pessoas normais, então talvez nós pudéssemos ter nos tornado
algo mais.
Matteo se aproximou de mim. Por alguma razão eu me
afastei até esbarrar na parede, mas Matteo seguiu e logo eu
estava presa entre a pedra fria e seu corpo. — Porque há regras
em nosso mundo e quebrá-las têm consequências.
— Você não parece como um defensor das regras. — eu
não tinha certeza por que eu estava encorajando-o. Eu não
queria sua atenção. Eu queria sair dessa porra de mundo e seu
povo fodido. Envolver-me de alguma forma com alguém como
ele faria isso impossível.
Matteo sorriu sombriamente. — Eu não sigo. — ele
pegou meu rosto e lentamente passou os dedos pelo meu
cabelo. Eu tremi com o toque. Eu nem gostava de Matteo,
certo? Ele era chato e arrogante e nunca sabia quando calar a
boca.
Ele é como você.
Mas meu corpo queria mais. Eu agarrei seu colete, meus
dedos enrugaram o material macio. — Eu também não. Eu não
quero que meu primeiro beijo aconteça com meu marido.
Matteo soltou uma risada tranquila e ele estava tão perto
que eu podia senti-la mais do que ouvi-la. — Esta é uma ideia
ruim. — ele murmurou, seus lábios a menos de uma polegada
dos meus, seus olhos escuros e sem as brincadeiras de
costume.
Minhas entranhas pareciam queimar com a necessidade.
— Eu não me importo.
E então Matteo me beijou levemente no início como se
ele não tivesse certeza se eu estava falando sério. Eu puxei-o
pelo colete, querendo que ele deixasse de ser cuidadoso, e
Matteo esmagou seu corpo ao meu, sua língua escorregando
entre meus lábios, enredando com a minha, não me dando
nenhum tempo para saber o que eu estava fazendo. Ele tinha
gosto de uísque e algo mais doce, como a mais deliciosa trufa
de uísque que eu poderia imaginar. Seu corpo irradiava calor e
força. Sua mão segurou a parte de trás do meu pescoço,
enquanto sua boca me devorava e meu corpo estava em
chamas com a necessidade.
Deus, não admira que papai não nos queria em torno de
homens. Agora que eu sabia o quão bom era beijar, eu nunca
queria parar de fazer isso.
Houve um suspiro, e Matteo e eu nos separamos. Eu
ainda estava atordoada quando meus olhos pousaram sobre a
minha irmã Lily, que ficou congelada no corredor,
provavelmente a caminho de seu quarto. Seus olhos estavam
arregalados. — Desculpe! — ela deixou escapar, em seguida,
deu alguns passos hesitantes em nossa direção. — Isso
significa que você vai se casar?
Eu bufei. — Não, isso não vai acontecer. Eu não vou
casar com ele. Isso não significa nada.
Matteo me lançou um olhar, e eu quase me senti mal por
minhas palavras rudes, mas era a verdade. Eu não tinha
intenção de me casar com um homem feito, não importa o
quão bem ele pudesse beijar, ou o quanto ele poderia me fazer
rir. Os homens do nosso mundo eram assassinos e
torturadores. Eles não eram bons homens, e não eram nem
mesmo homens decentes. Eles eram maus e podres até o
caroço. Nada poderia mudar isso. Talvez eles ocasionalmente
conseguissem imitar caras normais, especialmente Matteo que
teve que agir com perfeição, mas no final era apenas uma
máscara.
Matteo voltou-se para Lily. — Não diga a ninguém o
que viu, ok?
Eu deslizei para longe dele, precisando trazer alguma
distância entre nós. Como eu poderia ter deixado ele me
beijar? Talvez eu tivesse sorte e ele estivesse mais embriagado
do que deixava transparecer. Talvez ele não se lembrasse de
nada amanhã de manhã.
— Ok. — Lily disse com um sorriso tímido.
Matteo me deu um olhar compreensivo antes que dele
passar por Lily e virar no corredor. No momento em que ele se
foi, Lily correu na minha direção. — Você o beijou!
— Shhh. — eu disse, enquanto caminhávamos pelo
corredor.
— Posso dormir no seu quarto hoje à noite? Eu pedi a
mamãe.
— Sim, claro.
— Como foi? — perguntou ela em um sussurro abafado.
— O beijo, eu quero dizer.
No começo eu queria mentir, mas depois optei pela
verdade. — Surpreendente.
Lily riu e me seguiu até meu quarto. — Então, você vai
beijá-lo de novo?
Eu queria, mas eu sabia que seria uma ideia
extremamente ruim. Eu não quero dar a ele algumas ideias. —
Não. Eu nunca vou beijar Matteo novamente.
Eu deveria ter sabido que isso não acabaria tão
facilmente.

No dia seguinte, um par de horas antes de minha família


ir para Chicago, Matteo me pegou sozinha na frente do meu
quarto. Ele não tentou me beijar, mas ele estava muito perto.
Teria sido fácil diminuir a distância entre nós, pegar sua
camisa e puxá-lo contra mim. Em vez disso eu coloquei minha
guarda no lugar e olhei. — O que você quer?
Matteo estalou a língua. — Ontem à noite, quando
estávamos sozinhos você não me deu um gelo.
— Eu esperava que você estivesse bêbado demais para
lembrar.
— Desculpe desapontá-la. — Se ele não parar de sorrir
aquele sorriso arrogante eu torceria o pescoço dele, ou iria
beijá-lo, eu não tinha decidido ainda. Escolha número um era a
melhor opção, sem dúvida.
— Foi uma vez só. O beijo não quis dizer nada. Eu ainda
não gosto de você. Eu só fiz isso porque eu queria fazer algo
proibido.
— Há uma abundância de outras coisas proibidas que
poderíamos fazer. — ele murmurou, se aproximando e me
envolvendo com seu cheiro.
— Não, obrigada.
— Por quê? Perdeu a sua coragem? Eu poderia pedir ao
seu papai a sua mão em casamento, se você está cansada de
coisas proibidas.
— Certo. — eu disse sarcasticamente. — Eu nunca vou
me casar com você, isso é uma promessa. E agora que Aria já
esta presa em Nova York, papai não iria me mandar embora de
qualquer maneira.
Matteo sorri. — Se é o que você diz…
Seu excesso de confiança me fez estalar. Eu espeto o
dedo no peito dele. — Você acha que é irresistível, não é? Mas
você não é. Você e Luca e todos os outros homens na porra da
máfia pensam que são o máximo. Deixe-me dizer uma coisa,
se você não estivesse fodendo com os ricos e não carregasse
uma arma de merda onde quer que fosse, não seria melhor do
que ninguém lá fora.
— Eu ainda teria boa aparência e eu ainda poderia matar
a maioria dos fracos lá fora, com minhas próprias mãos. E
você, Gianna? O que você faria sem a proteção de sua família
e o dinheiro de seu pai?
Chupei uma respiração profunda. Sim, o que eu seria
sem tudo isso? Nada. Eu nunca tive que fazer qualquer coisa
por mim, nunca tinha sido autorizada, mas não por falta de
querer. — Livre.
Matteo riu. — Você nunca vai ser livre. Nenhum de nós
é. Estamos todos enjaulados pelas regras do nosso mundo.
É por isso que eu quero sair deste mundo.
— Talvez. Mas um casamento com você nunca vai ser a
minha gaiola. — eu me afasto não lhe dando outra chance de
responder.
Capítulo três
MATTEO
Talvez Gianna não entendesse ainda, mas o casamento
seria sua gaiola, não importava se ela queria ou não.
Ontem à noite, depois do nosso beijo, eu voltei para a
festa para me embebedar, quando eu cheguei perto do bastardo
de seu papai e Rocco Scuderi, estavam falando sobre Gianna e
seus planos para ela se casar com algum velhote que era
conhecido por sua mão pesada com as mulheres. Eu não disse
nada, porque eu conhecia seu pai. Se ele pensasse que eu
queria Gianna porque eu a desejava, ou gostava dela ou queria
protegê-la de um destino pior, ele nunca concordaria em me
dar a mão dela.
Agora, pela manhã, após a apresentação dos lençóis, eu
procurei por Luca e o encontrei em seu caminho para o quarto
principal com Aria ao seu lado. — Vocês dois pombinhos, vão
ter que adiar a sua sessão de acasalamento. Eu preciso ter uma
palavra com você, Luca. — eu disse.
Luca e Aria se viraram. As bochechas de Aria ficaram
vermelhas e ela olhou para o meu irmão com uma mistura de
preocupação e vergonha. Ele olhou para mim antes de baixar o
olhar para sua esposa. — Continue. Verifique se as
empregadas embalaram todas as suas coisas. Eu estarei de
volta em breve. — ela desapareceu rapidamente no quarto.
— Os lençóis eram falsos, não eram? O meu grande
irmão mal poupou sua pequena noiva virgem.
Luca me encarou enquanto ele andava para perto de
mim. — Mantenha a porra da sua voz baixa.
— O que aconteceu? Você bebeu demais e não
conseguiu que seu pau subisse?
— Foda-se. Como se o álcool já tivesse me parado. —
disse ele.
— Então o que?
Luca encarou. — Ela começou a chorar.
Eu ri. Estendi a mão para o porta-navalha em torno de
seu antebraço e o empurrei, revelando uma pequena ferida.
Luca puxou o braço.
— Você se cortou.
Luca parecia que estava pensando em me cortar em
pedaços do tamanho de uma mordida. Desde que eu ainda
precisava de sua ajuda, eu decidi manter a minha provocação
ao mínimo.
— Eu sabia. Eu disse a Gianna na noite passada que ela
não precisa se preocupar com Aria. Você tem um fraco por
donzelas em perigo.
— Eu não… — ele franziu a testa. — Você estava
sozinho com Gianna?
Eu balancei a cabeça, em seguida, o levei longe do
quarto, no caso de Aria estar tentando escutar. Ela contaria
tudo a sua irmã. — Eu a beijei, e ela tem um gosto ainda
melhor do que parece.
— Eu não posso acreditar que você teve mais ação do
que eu na minha própria noite de núpcias, porra. —Luca
murmurou.
— As donzelas não podem resistir ao meu charme.
Ele segurou a mão no meu ombro. — Isto não é uma
questão de brincadeira, Matteo. O Outfit não vai achar
divertido se você sair por aí deflorando suas meninas.
— Eu não deflorei ninguém. Eu a beijei.
— Sim, como se isso não fosse sempre o fim de tudo.
— Eu quero deflorá-la. Mas eu não sou um idiota.
— Sério? — isso é o que a expressão de Luca disse.
— Eu quero casar com ela.
Luca parou abruptamente. — Diga-me que você está
brincando.
— Eu não. É por isso que eu preciso de sua ajuda. Papai
não vai falar com Scuderi em meu nome, se ele achar que eu
quero Gianna por qualquer outro motivo ou vingança. Você o
conhece.
— Então o que você quer que eu faça?
— Ajude-me a convencê-lo de que ela me odeia e me
insultou e que eu quero casar com ela para fazê-la infeliz.
— Não é a verdade? A menina não suporta você, e você
a quer por causa disso. Não vamos falar nada de diferente ao
papai?
— Eu não quero fazê-la infeliz.
Luca parecia duvidoso. — O resultado final pode ser o
mesmo. Essa menina vai levá-lo à loucura, você percebe isso,
não é? Eu realmente não tenho certeza se eu a quero em Nova
York.
— Você vai lidar com isso. Aria vai ficar feliz por ter
sua irmã com ela.
— Você realmente acha que você pensou em tudo, não
é?
— Eu acho. E o papai vai escolher alguma cadela que
vai me deixar miserável em breve.
— Então você prefere escolher sua própria cadela que
vai torná-lo infeliz.
Sacudi a mão. — Gianna não é uma cadela.
— Você quer me bater por causa dela. — disse Luca
com um sorriso torcido.
— Eu quero bater em você por uma série de razões.
Luca balançou a cabeça. — Venha. Vamos achar papai.
Nós vamos pelo corredor e descemos as escadas em
direção ao escritório do meu papai. Ele estava saindo da sala.
Forcei meu rosto em uma máscara de fúria. — Eu não posso
acreditar que ela me tira do sério dessa forma.
— Não há nada que você pode fazer. — disse Luca para
mim, então ele virou-se para papai. — A ruiva Scuderi
provocou Matteo.
Papai ergueu as sobrancelhas em leve interesse. —
Como assim? — ele gesticulou para nós para entrarmos em
seu escritório, em seguida, fechou a porta.
Eu fingia estar fervendo enquanto Luca contou alguma
história ridícula que terminou com Gianna me dizendo que seu
papai nunca daria ela a Nova York, e que ninguém poderia
convencê-lo do contrário.
— Ela fez soar como se eu estivesse abaixo dela, como
se estivéssemos abaixo dela. Eu quero que a cadela pague por
isso. Eu não me importo o que ela quer. Eu quero ela na minha
cama.
Excitação brilhou nos olhos do papai. O sádico
realmente acreditava nessa besteira, porque era sedento pelo
poder, e na sua mente sádica, fazia sentido. — Eu suponho que
eu posso falar com Scuderi. Ele ficará feliz em se livrar dela.
Ela é um problema. — seu sorriso se alargou. — Você vai ter
que ensinar a ela bons modos, Matteo.
— Não se preocupe. — eu disse. Eu ensinarei a ela um
monte de coisas.
Dois dias depois, meu papai e Scuderi chegaram a um
acordo e Gianna era minha. Agora eu só tinha que descobrir
um bom momento para dizer a ela.

GIANNA
Às vezes, à noite, quando eu revivia o nosso beijo, eu me
perguntava se talvez Matteo e eu não seríamos uma má ideia.
Mas, então, Aria ligou e me contou sobre como ela encontrou
Luca traindo ela, e isso foi o despertar de que eu precisava
desesperadamente. Homens feitos sempre matam, sempre
enganam, sempre arruínam tudo que tocam. Eu não deixaria
ninguém me tratar assim. Eu não iria mesmo dar a eles a
oportunidade de experimentar. Não importava o quanto meu
corpo queria beijar Matteo novamente, eu jurei a mim mesma
que eu iria afastá-lo. Um beijo já tinha sido demais. Se eu o
deixasse chegar perto novamente, ele nunca me deixaria em
paz.
É claro que quando eu visitei New York um par de
semanas depois do casamento de Aria, Matteo estava lá no
apartamento de Luca para jantar com a gente. O sorriso que
ele me deu quando Aria me levou para a mesa fez meu sangue
ferver. E se ele tivesse dito a alguém sobre o nosso beijo? Eu
não tinha sequer dito a Aria sobre isso, e eu sempre contei
tudo a Aria. Este seria um longo jantar.

No dia seguinte eu convenci Aria a me levar para dançar


em um clube, desesperada para esquecer Matteo. Foi o meu
primeiro gosto de liberdade, e Deus, foi bom. Não tão bom
como Matteo, uma voz irritante me lembrou, mas a explosão
das batidas encheu a pista de dança do Esfera. Foi uma
experiência emocionante ter estranhos me olhando. Eu nunca
tinha me vestido de maneira sexy antes, nunca tinha sido
permitido, e não podia evitar, mas me senti estranhamente bem
com isso. Eu estava dançando com um cara alto, quando de
repente ele foi empurrado para longe de mim por ninguém
menos que Matteo fodido Vitiello.
— Que porra você está fazendo? — ele rosnou.
— Que porra você está fazendo? Isso não é da sua conta.
— o meu parceiro de dança tinha encontrado o seu equilíbrio
novamente e se aproximou de nós, mas antes que pudesse
dizer algo Matteo deu um soco abaixo das costelas dele,
mandando-o de joelhos, e depois dois seguranças estavam lá e
arrastaram o cara pra longe.
Fiquei em silêncio, atordoada. — Você perdeu a porra da
sua cabeça?
Matteo trouxe seu rosto perto do meu e agarrou meu
braço. — Você nunca vai fazer isso de novo. Eu não vou
deixar você mexer com outros caras.
— Eu não estava mexendo, eu estava dançando. — em
seguida, suas palavras realmente afundaram. — Com outros
caras? Então você pensa, porque nós nos beijamos uma vez
que você pode me dizer o que fazer com minha vida?
Novidade, você não me possui, Matteo.
Ele sorriu. — Ah, mas eu possuo sim. — seus olhos
escuros percorriam minha roupa curta, demorando-se nas
minhas pernas nuas. — Cada polegada de você.
Sacudi seu aperto. — Você é insano. Fique longe de
mim. — ele seguiu Luca sem falar mais nada, mas deixou um
de seus seguranças que mais parecia um babuíno estúpido
comigo. Eu estava com tanta raiva, eu queria correr atrás dele
e surrá-lo.
Em vez disso eu fui para Aria que parecia perdida, já que
ela ficou imóvel no centro da pista de dança. — Que idiota. —
eu murmurei.
Depois de um momento, seus olhos pousaram em mim.
— Quem?
— Matteo. O cara tem a coragem de me dizer para não
dançar com outros homens. O que ele é? Meu proprietário.
Foda-se ele. — Aria olhou a milhas de distância. — Você está
bem?
Ela assentiu com a cabeça. — Sim. Vamos para o bar. —
as duas cadelinhas de estimação de Luca, Romero e Cesare,
seguiram-nos e Aria os atacou. — Vocês podem nos vigiar de
longe? Vocês estão me deixando louca.
Atordoada, eu assisti enquanto ela corria em direção ao
bar pra pedir drinques para nós. Romero e Cesare estavam nos
observando de longe com olhos de falcão. Tanta coisa para me
sentir livre e me divertir. A raiva de Matteo surgiu novamente,
mas eu a engoli. Eu não iria deixá-lo arruinar a noite.
— Você pode ir dançar. — Aria disse com um sorriso
trêmulo, agarrando-se a sua bebida como se fosse sua tábua de
salvação.
— Em alguns minutos. Você está pálida.
— Estou bem.
Ela não parecia bem, e eu não sabia por que ela não
queria me dizer o que a estava incomodando. Embora eu
realmente não tivesse o direito de reclamar. Afinal de contas,
eu ainda não tinha contado a ela sobre o beijo.
— Eu realmente preciso ir ao banheiro. — eu disse
depois de vários minutos de silêncio.
— Eu preciso ficar sentada por mais alguns minutos.
Eu hesitei, perguntando se era uma boa ideia deixá-la,
mas não era como se ela estivesse sozinha. Afinal, Romero
nunca a deixava fora de vista, graças à possessividade de
Luca.
Eu fiz meu caminho em direção a parte de trás do bar,
onde estavam os banheiros, tentando não perder a minha
cabeça com Cesare, que era como uma sombra irritante.
Quando voltei para o bar poucos minutos mais tarde, o inferno
estava instalado. Aria estava balançando e Cesare teve que
segurá-la enquanto Romero tinha uma faca enterrada na perna
de algum idiota imoral. — Você vai nos seguir. Se você tentar
fugir, você vai morrer. — Romero rosnou.
— Aria? — eu sussurrei, meu coração batendo no meu
peito. Ela não pareceu me ouvir.
— Pegue sua bebida. Mas não beba. — Cesare me disse.
Peguei o copo, abalada demais para ser incomodada pelo seu
tom paternalista.
Fizemos o nosso caminho para a parte de trás e, em
seguida, para baixo em um porão. As pernas de Aria mal a
apoiavam. Eu fiquei ao lado dela o tempo todo. Quando
pisamos em uma espécie de escritório, os meus olhos
pousaram sobre Matteo, que descansava em uma cadeira. Seu
olhar caiu em mim antes de tomar o resto da cena. Ele ficou de
pé. — O que está acontecendo?
— Provavelmente sedativos. — disse Romero.
Sedativos? Eu estreitei os olhos para o idiota que tinha
drogado minha irmã. Eu queria machucá-lo, mas a expressão
no rosto de Matteo deixou claro que eu receberia o meu
desejo. Seus olhos fizeram uma promessa para mim. Eu sabia
que era doente, mas de alguma forma isso me fez querer beijá-
lo ainda mais.
Algo estava muito errado comigo.

Aria e eu fomos mandadas embora antes que Luca e


Matteo começassem a lidar com o bastardo, Romero nos levou
para fora pela porta dos fundos para um SUV. Meu coração se
apertou quando eu sentei no banco de trás com a cabeça de
Aria no meu colo. Ela estava tão indefesa. Eu acariciava seu
cabelo enquanto eu ouvia suas lamúrias. A ideia de que
alguém queria machucá-la me assustou pra caramba. Esta foi
provavelmente à primeira vez que eu estava feliz com os
nossos guarda-costas. Sem eles a porra do cara doente teria
sequestrado Aria e a estuprado. Mas eu sabia que ele iria ter o
que ele merecia, e eu estava estranhamente bem com isso. Eu
odiava a máfia e o que ela representava, mas agora eu não
poderia me sentir mal pelo atacante de Aria. Talvez este fosse
um sinal de quanto esta vida tinha me dado forma, um sinal de
quão confusa eu era. Eu não podia tirar o olhar no rosto de
Matteo da minha cabeça. Esse lampejo de emoção quando ele
puxou a faca antes de Aria e eu sairmos da sala. Ele e Luca
eram ambos monstros. Eu ainda não tinha certeza de quem era
o mais perigoso dos dois. Mas a pior coisa era que parte de
mim se sentia atraída pelo lado monstruoso de Matteo.

Quase um mês se passou desde que eu tinha visto Matteo


pela última vez. De alguma forma, suas palavras sobre me
possuir ainda não saíam do meu pensamento. Toda vez que eu
revivia o nosso beijo, eu as trazia para primeiro plano no meu
cérebro, para deixar minha raiva lavar qualquer tipo de desejo
que meu corpo sentisse. A única razão pela qual eu ainda me
lembrava daquele beijo estúpido era porque as coisas em casa
estavam ruins. Eu estava constantemente brigando com papai,
a maior parte do tempo sobre o meu hábito de dizer o que eu
pensava, assim como hoje. — Eu não dou a mínima para o que
é esperado de mim.
Mamãe me olhava em silêncio, com os olhos arregalados
de choque, mas eu estava além de escutar. Se o papai me
dissesse mais uma vez que eu deveria me comportar como
uma dama decente, eu perderia a cabeça. — Por que é tão
difícil entrar na sua cabeça? Eu não quero ser uma senhora,
definitivamente não quero ser uma boa esposa para algum
idiota da máfia algum dia. Eu prefiro cortar minha própria
garganta a acabar assim.
Eu vi isso acontecer, mas nem sequer tentei evitar. A
palma da mão do meu pai bateu no meu rosto. Foi uma de suas
palmadas leves, que geralmente não era um bom sinal. Ele
batia duro quando ele não tinha palavras para quebrar meu
espírito. Se foi fácil para mim, eu não gostaria do que ele tinha
a dizer. Ele agarrou meus ombros, forte, até que eu reconheci o
seu olhar. — Então talvez você deva ir à procura de uma faca
afiada, Gianna, porque Vitiello e eu decidimos casar você com
seu filho Matteo.
Fiquei de boca aberta. — O quê?
— Você deve ter causado uma boa impressão, porque ele
pediu a seu papai para fazer este arranjo.
— Você não pode fazer isso!
— Eu posso. E não foi minha ideia. Matteo parecia
muito inflexível sobre casar com você.
— Aquele desgraçado.
O aperto de papai aumentou e eu estremeci. Lily olhou
com grandes olhos azuis. Ela e Aria tinham apenas
ocasionalmente experimentado o lado mais áspero de papai.
Ele geralmente reservava suas palmadas e crueldade para mim,
a filha má. — Esta é exatamente a razão pela qual eu estou
contente de tê-la fora do nosso território. Se eu casasse você
com um dos nossos soldados, eu teria que punir um dos nossos
por bater em você até a morte por sua insolência, mas se
Matteo Vitiello torturar você de alguma forma, eu estarei fora
de cena porque eu não quero correr o risco de começar uma
guerra com Nova York.
Eu engoli seco. Eu sabia do que papai gostava pelo
menos, e não era como se eu precisasse de sua aprovação ou
afeto, mas suas palavras ardiam de qualquer maneira. Mamãe,
é claro, não disse nada, apenas olhou para seu prato, enquanto
dobrava e desdobrava o guardanapo estúpido. Os olhos de Lily
estavam cheios de lágrimas, mas ela sabia que não devia abrir
a boca quando o papai estava nesse estado de espírito. Ela e
Aria sempre foram melhores em autopreservação do que eu.
— Quando você tomou esta decisão? — perguntei com
firmeza, tentando mascarar meus sentimentos.
— Matteo e seu papai se aproximaram de mim logo após
o casamento de Aria.
E de repente eu sabia quando Matteo tinha decidido
casar-se comigo, quando eu disse a ele na manhã após o beijo
que eu nunca casaria com ele. O babaca arrogante não podia
receber o golpe ao seu orgulho. Ele queria casar comigo para
provar um ponto, que ele conseguia o que queria, que ele tinha
o poder, enquanto eu era uma marionete nas mãos da máfia. —
Eu não vou casar com ele ou com qualquer outra pessoa. Eu
não me importo com o que você diz. Eu não me importo com
o que os Vitiellos estão dizendo.
Papai me sacudiu forte até meus ouvidos começarem a
soar. — Você vai fazer o que eu digo garota, ou eu juro que
vou te bater até você esquecer seu nome.
Eu olhei. Eu nunca odiei ninguém tanto quanto eu
odiava o homem na minha frente, mas ainda uma parte fraca
de mim, tinha alguma esperança estúpida, e o amava. — Por
que você fez isso? Não era necessário. Nós já demos a eles
Aria para fazer a pazes. Por que você me forçaria a casar?
Porque você não pode me deixar ir para a faculdade e ser
feliz?
Os lábios do papai enrolaram em desgosto. — Ir para a
faculdade? Você é realmente estúpida? Você será a esposa de
Matteo. Você aquecerá sua cama e terá seus filhos. Fim da
história. Agora vá para o seu quarto antes que eu perca a
paciência.
Lily me enviou um olhar suplicante. O que tinha sido
uma vez o trabalho de Aria era agora de Lily, me manter longe
de problemas. Se não fosse por ela, eu teria continuado a
briga. Eu não me importava se meu papai me batesse uma e
outra vez, não mudaria minha mente.
Virei nos meus calcanhares e corri para o meu quarto,
onde eu peguei meu telefone e me joguei na minha cama. Eu
liguei rapidamente para Aria e depois do segundo toque, ela
atendeu. Ao ouvir a voz dela, as lágrimas que eu estava
segurando, escorregaram para fora. Pelo menos, o nosso
bastardo papai não podia vê-las.
— Aria. — eu sussurrei. As lágrimas já estavam
chegando mais rápido.
— Gianna, o que aconteceu? O que está acontecendo?
Você está machucada?
— O papai de me deu a Matteo. — as palavras soaram
tão ridículas. Ninguém no mundo as entenderia. Eu não era
uma peça de mobiliário que poderia ser entregue a alguém,
ainda que fosse a minha realidade.
— O que quer dizer com ele está te dando a Matteo?
— Salvatore Vitiello falou com papai e disse que Matteo
queria casar comigo. E papai concordou!
— Será que o Papai disse o porquê? Eu não entendo. Eu
já estou em Nova York. Ele não tinha necessidade de te casar
com essa família também.
— Eu não sei porque. Talvez Papai queira me punir por
dizer o que penso. Ele sabe o quanto eu desprezo nossos
homens, e quanto eu odeio Matteo. Ele quer me ver sofrer. —
isso não era exatamente a verdade. Eu realmente não odeio
Matteo, pelo menos não mais do que eu odiava todos os outros
homens feitos. Eu odiava o que ele representava e o que ele
fez, odiava que ele tinha pedido a papai minha mão como se a
minha opinião não importasse.
— Oh, Gianna. Eu sinto muito. Talvez eu possa dizer a
Luca e ele pode mudar a cabeça de Matteo.
— Aria, não seja ingênua. Luca sabia o tempo todo. Ele
é irmão de Matteo e o futuro Capo. Algo como isso não é
decidido sem ele estar envolvido.
— Quando eles tomaram a decisão?
Depois que eu fui estúpida o suficiente para beijá-lo. —
Algumas semanas atrás, antes mesmo de eu ir te visitar. — eu
não poderia dizer a ela que tinha acontecido em seu
casamento. Aria descobriria uma maneira de culpar a si
mesma por minha miséria.
— Eu não posso acreditar que ele! Eu vou matá-lo. Ele
sabe o quanto eu te amo. Ele sabe que eu não teria permitido
isso. Eu teria feito qualquer coisa para impedir o acordo.
Aria soava muito parecida comigo nesse momento, e
enquanto meu coração se encheu de amor por ela por causa de
sua disposição para me proteger, eu não podia permitir. Talvez
Aria não veja, mas Luca é um monstro e eu não quero que ela
se machuque, não por mim, e não quando já era tarde demais.
— Não fique em apuros por minha causa. É tarde demais de
qualquer maneira. Nova York e Chicago apertaram as mãos. É
um negócio feito, e Matteo não vai me deixar fora de suas
garras.
E eu sabia que era verdade. Mesmo que ele decidisse
que ele não me queria, ele nunca admitiria isso. Eu sempre
pensei que eu poderia fugir do casamento, sempre pensei que
eu poderia descobrir uma maneira de ir para a faculdade, para
encontrar uma vida longe do mundo da máfia.
— Eu quero ajudá-la, mas eu não sei como. — Aria
disse miseravelmente.
— Eu amo você, Aria. A única coisa que me impede de
cortar meus pulsos agora é o conhecimento de que meu
casamento com Matteo significa que eu vou morar em Nova
York com você. — eu nunca tinha considerado suicídio uma
opção válida, nunca me senti miserável o suficiente para fazê-
lo. Mas, às vezes parecia que a única opção que eu tinha era
deixar a minha vida, a única maneira de decidir meu próprio
destino e arruinar os planos do papai era realmente acabar com
ela. Mas eu nunca realmente acabaria com ela. Eu não poderia
ferir minhas irmãs assim, e apesar de tudo eu me agarrei a
vida.
— Gianna, você é a pessoa mais forte que eu conheço.
Prometa-me que você não vai fazer nada estúpido. Se você se
machucar, eu não poderia viver comigo mesma.
— Você é muito mais forte do que eu, Aria. Eu tenho
uma boca grande e vivo xingando, mas você é resistente. Você
se casou com Luca, você vive com um homem como ele. Eu
não acho que eu poderia ter feito isso. Eu não acho que eu
posso. — Eu tinha visto vislumbres das trevas de Matteo, em
Nova York, quando ele se ofereceu para matar o atacante de
Aria para me fazer feliz, e mais tarde em seus olhos quando
ele estava coberto de sangue como Luca. Não havia remorso
ou culpa em seu olhar. Às vezes eu achava que ele era o mais
perigoso dos dois porque ele estava menos no controle. Às
vezes eu pensava que ele escondia o quão confuso ele estava
com sua personalidade extrovertida.
— Nós vamos descobrir isso, Gianna. — disse Aria.
Eu sabia que ela não podia fazer nada.

Naquela noite Matteo Fodido Vitiello, na verdade, se


atreveu a ligar no meu telefone. Eu o ignorei. Não havia
nenhuma maneira no inferno que eu falaria com ele. Não
depois do que ele tinha feito. Se ele achava isso o máximo, se
ele achava que tinha ganhado, ele estava enganado.
Capítulo quatro
MATTEO
Eu estava pronto para essa porra de dia. Primeiro o
funeral do papai, e agora horas de discussão com os Cavallaros
e Scuderis sobre maneiras de manter os russos no lugar e
mostrar a eles quem era o chefe. Não era como se eu
precisasse de tempo para lamentar. Luca e eu não tínhamos
quaisquer sentimentos com exceção de desprezo e ódio por
nosso papai, há muito tempo, mas eu não era um fã de funerais
e tudo a que era inerentes a eles. Especialmente vendo minha
madrasta chorar suas lágrimas falsas, tinha ralado meus
malditos nervos. Será que ela realmente achava que alguém
acreditava que ela realmente sentia perder seu marido sádico?
Ela provavelmente cuspiu em sua carcaça quando ninguém
estava olhando. É o que eu queria fazer.
A única coisa boa sobre todo este calvário tinha sido
Gianna, que teve de assistir ao funeral com sua família. Ela
ignorou as minhas chamadas, desde que ela tinha descoberto
sobre o nosso casamento há uma semana, mas ela não
conseguiria me evitar para sempre. Eu estava realmente
ansioso pelo nosso primeiro encontro privado. Eu adorava
quando ela estava com raiva.
Após a reunião, eu estava indo para minha moto quando
ouvi passos atrás de mim. Eu me virei, encontrando Luca logo
atrás, o telefone pressionado contra sua orelha e um olhar
estrondoso no rosto.
Antes que eu pudesse perguntar a ele o que tinha
rastejado até o rabo dele, ele baixou o telefone e disse. —
Cesare chamando. Os russos estão atacando a mansão.
Romero está tentando se virar com todos da segurança, mas há
muita gente atacando.
— Onde estão Gianna e Aria?
— Eu não sei porra. Nós vamos ter que pegar um
helicóptero.
Segui Luca para o carro. Ele pisou fundo logo que nos
sentamos. Nós nunca deveríamos ter deixado Aria e Gianna
em Hamptons sem nós. Nós tínhamos pensado que seria mais
seguro lá. Nós tínhamos pensado que nossos inimigos
atacariam na cidade onde tantos dos Outfit e de nós se
reuniram para homenagear meu papai. Fomos idiotas.
Luca bateu o volante. — Eu vou caçar cada fodido russo
se machucarem Aria.
— Eu estarei ao seu lado. — eu disse. Eu não me
importava quantos russos eu teria que cortar em pequenos
pedaços para chegar a Gianna. Droga.
Quando finalmente pousamos perto da nossa mansão nos
Hamptons, Luca e eu não dissemos nada. Nós dois sabíamos
que poderia ser tarde demais. — Elas estão bem. — eu disse a
Luca.
Saímos do helicóptero e disparamos até chegar ao átrio
da mansão. Eu puxei minha faca na garganta de um imbecil e
ele se rendeu quando um dos bastardos russos gritou de dentro.
— Nós temos sua esposa Vitiello. Se você quiser vê-la
inteira é melhor você parar de lutar e soltar suas armas.
Luca olhou na minha direção. — Não faça nada
estúpido, Matteo.
— Você não é o único com algo a perder. — eu disse
severamente. — Gianna está lá também.
Luca deu um aceno de cabeça, em seguida, caminhou
lentamente para frente. Eu segui alguns passos atrás dele.
Meus olhos encontraram Aria primeiro. Um dos subchefes
russos, um filho da puta chamado Vitali, estava segurando uma
faca contra sua garganta. Luca mataria o bastardo.
— Então, esta é a sua esposa, Vitiello? — perguntou
Vitali, mas eu mal escutava.
Gianna estava esparramada no chão, um enorme
hematoma em sua testa. Eu poderia dizer que ela estava
tremendo, por medo ou dor, eu não tinha certeza. Seus olhos
azuis encontraram os meus. Um enorme imbecil russo se
elevava sobre ela. Uma sede de sangue encheu meu corpo.
Torci minhas facas nas mãos, tentando decidir qual parte do
corpo do russo eu cortaria fora primeiro, provavelmente, a
mão que ele tinha usado para bater nela.
Gianna não tirava os olhos de mim, como se ela
soubesse que eu estava indo ajudá-la. Eu não deixaria qualquer
um desses filhos da puta machucá-la, ainda mais agora que eu
estava aqui. E, por Deus, eu ia os fazer pagar, fazê-los se
arrepender do dia em que puseram os olhos em Gianna, se
arrepender do dia em que fodidamente nasceram.
— Deixe-a ir, Vitali. — Luca rosnou.
— Eu não penso assim. — disse Vitali, nesse sotaque
chato do caralho. — Você pegou algo que nos pertence,
Vitiello, e agora eu tenho algo que pertence a você. Eu quero
saber onde ele está. — eu não tinha certeza do que o bastardo
Bratva fez porque eu mantive meus olhos sobre o cara com
Gianna, bem como os idiotas atrás dele, mas Luca deu um
passo ameaçador para frente, depois parou.
— Coloque suas armas para baixo ou eu vou cortar sua
garganta.
Quando os porcos aprenderem a voar, filho da puta.
Houve um baque, depois outro. Meus olhos voaram para
Luca, que tinha deixado cair suas malditas armas no chão. Eu
não podia acreditar. Ele estreitou os olhos para mim.
Ele estava falando sério? A partir do olhar em seu rosto,
ele estava. Eu coloquei minhas facas para baixo lentamente.
Gianna fechou os olhos como se ela achasse que tudo tivesse
acabado. Não acabou, longe disso. Não antes de eu matar
todos os babacas da sala e os fazer lamentar o dia em que
nasceram.
— Sua esposa tem um gosto delicioso. Eu me pergunto
se ela tem esse gosto delicioso em todos os lugares. — disse
Vitali quando ele puxou Aria contra ele indo beijá-la. Eu
poderia dizer que Luca estava a segundos de atacar.
O babaca do russo atrás de Gianna cutucou seu traseiro
com seu sapato e sorriu. Seu pé seria a segunda coisa que eu
cortaria, e eu levaria a porra do meu tempo matando-o.
Vitali lambeu o queixo de Aria. Ela parecia que ia passar
mal. Então ela enfiou a mão no bolso de trás e puxou um
canivete para fora. Onde diabos ela encontrou? No momento
em que ela bateu na coxa de Vitali, eu caí de joelhos, segurei a
arma com a mão esquerda e uma das minhas facas com minha
mão direita. Eu disparei quatro vezes em rápida sucessão.
Duas balas atravessaram o idiota que tinha chutado Gianna, a
terceira quebrou todos os ossos na mão direita, a quarta
esmagou o crânio de outro bastardo. Lançei a faca, ao mesmo
tempo. Ela perfurou a cavidade ocular do russo.
Eu invadi em direção a Gianna, escorreguei meus braços
sob o corpo dela e a levei para o lado onde ela estaria
protegida por um aparador de madeira maciça. Eu me ajoelhei
na frente dela e atirei em outro russo, depois outro. O rosto de
Gianna estava pressionado contra o meu joelho, e eu coloquei
minha mão para baixo no topo da cabeça dela, acariciando seu
cabelo vermelho bagunçado.
Uma mulher gritou. Meus olhos dispararam ao redor até
que se estabeleceram em Luca que estava embalando Aria
imóvel em seus braços. Eu congelei, meu coração batendo no
meu peito.
— Não!—Gianna gritou com voz rouca. Ela tentou se
sentar, mas seus braços cederam e ela caiu contra mim. —
Aria!
Envolvi meu braço em torno dela e ela olhou para mim
com os olhos aterrorizados.
— Ajuda Aria! Ajude-a! — ela sussurrou.
Ela tentou se levantar novamente. Ajudei Gianna a se
levantar, um braço em volta da cintura, mas não a deixei ir
para a irmã. Luca parecia que mataria qualquer um que
ousasse se aproximar. Havia uma expressão no seu rosto que
eu nunca tinha visto antes. Levando uma vida de brutalidade,
Luca e eu tínhamos o potencial para nos segurar. Mas até
agora eu não tinha pensado que havia alguma coisa neste
planeta que poderia realmente trazer Luca ao limite.
Gianna começou a chorar. Toquei seu rosto. — Shh. Aria
vai ficar bem. Luca não vai deixá-la morrer.
Pelo amor de todos, eu esperava que eu estivesse certo.
Gianna inclinou-se contra mim, com as mãos segurando minha
camisa. Olhei para ela.
Quando Aria finalmente abriu os olhos, Gianna deixou
escapar um soluço e apertou o rosto contra o meu peito. Eu
segurei sua cabeça, em seguida, dei um beijo contra ela. Ela
não reagiu. Ela provavelmente estava em estado de choque.
— E quanto a Gianna, Lily e Fabi? — perguntou Aria
com uma voz fraca.
Gianna levantou a cabeça, mas não me soltou. — Bem.
Luca ergueu Aria em seus braços e depois de alguma
discussão a levou pelas escadas para um dos quartos. O doutor
já estava a caminho.
Gianna tentou ficar de pé sozinha, mas oscilou e teve
que segurar em meu braço. Seus olhos perderam o foco por
um instante antes que eles se fixassem em mim novamente.
Ela não disse nada, apenas olhou para mim. Eu levemente
passei meus dedos sobre a contusão em sua testa. — Este é o
único lugar que você está ferida?
Ela encolheu os ombros, em seguida, fez uma careta. —
Meu lado dói, e minhas costelas.
— Ei Matteo, e este idiota? — perguntou Romero,
cutucando o russo que tinha chutado Gianna.
— Ele é o único sobrevivente?
— Há, pelo menos, mais um. — disse Romero.
— Bom. Mas isso é coisa minha. Vou interrogá-lo.
— Esse é o cara que bateu em minha cabeça. — disse
Gianna calmamente.
— Eu sei.
Ela procurou meu rosto, mas eu não tinha certeza do que
ela estava procurando. Seus olhos se fecharam por um
momento, mas ela rapidamente abriu de novo.
— Você precisa se deitar. — eu disse.
Ela nem sequer tentou protestar, o que era um mau sinal.
Apertei o meu domínio sobre ela e a levei para a escada.
— Matteo? —Romero chamou.
Olhei por cima do ombro para ele e os outros homens.
— Eu estarei de volta em um momento. Se livre dos corpos, e
tire os dois russos que estão lá embaixo no porão.
Romero assentiu. — Ok. — então seus olhos deslizaram
para o corpo de Cesare no chão. Não havia nada que pudesse
fazer por ele. Eu o conhecia há muito tempo. Ele tinha sido um
bom soldado, leal. O tempo para pranteá-lo viria, mas não
seria agora.
Eu ajudei Gianna a subir as escadas, eu praticamente a
carreguei pelo corredor em direção a um dos quartos de
hóspedes. Eu realmente queria levá-la para o quarto que eu
dormia enquanto estávamos na mansão, mas eu não quero ter a
porra de uma briga, não até Gianna estar apta o suficiente para
entender o que aconteceu. Ela deitou-se na cama e fechou os
olhos com um gemido.
Debrucei-me sobre ela. — Eu quero dar uma olhada em
suas costelas. Não me dê um soco.
Seus olhos se abriram, e a sugestão de um sorriso
apareceu em seus lábios. Eu me perguntava se era porque ela
tinha uma concussão ou se ela tinha finalmente chegado a um
acordo sobre o nosso casamento iminente.
Eu empurrei sua camisa para cima, revelando centímetro
por centímetro de pele cremosa, mas antes que minha mente
pudesse vir a ter alguma ideia, eu encontrei as primeiras
contusões. Um grande hematoma em sua cintura e dois
ligeiramente menores sobre sua caixa torácica. Gentilmente,
eu pressionei a contusão em sua cintura, mas ela se encolheu
para longe do meu contato com um silvo.
— Porra. Isso machuca.
Eu cerrei os dentes. Eu não podia esperar para ir até o
porão e ter uma palavra com o idiota que a machucou. Eu
deslizei minhas mãos mais alto, levemente traçando suas
costelas.
Ela estremeceu. — O que você está fazendo?
— Eu quero ver se suas costelas estão quebradas. — eu
disse a ela.
— Você está se aproveitando para me apalpar, admita.
— sua tentativa de humor foi arruinada por sua voz trêmula,
mas eu decidi jogar junto. Ela não precisa saber que eu estava
pensando em uma forma de prolongar o sofrimento de seu
atacante.
Eu sorri. — Nós vamos nos casar em menos de um ano,
então eu poderei te apalpar sempre e onde eu quiser.
O sorriso dela morreu e ela se virou, fechando os olhos.
Talvez ela não tivesse chegado a um acordo com o nosso
casamento ainda…
Eu me endireitei. — Eu preciso voltar lá para baixo. Vou
mandar o doutor até você quando ele acabar com sua irmã.
Você deve descansar um pouco. Não ande em torno da casa.
Ela não abriu os olhos, não deu nenhuma indicação de
que ela tinha me ouvido.
Saí, e fechei a porta. O doutor estava vindo, um de seus
assistentes, uma jovem mulher cujo nome eu esquecia, a
poucos passos atrás dele. — Onde está Aria? — ele perguntou
em sua voz rouca, a voz de um fumante.
Eu apontei para o quarto principal. — Quando você
estiver acabado com Aria, dê uma olhada em Gianna. Eu não
acho que ela está gravemente ferida, mas eu quero ter certeza.
Ele deu um breve aceno de cabeça, sem nem mesmo
abrandar. Ninguém queria fazer Luca esperar.
— Chame-me antes de ir. Eu quero estar lá quando você
consultar Gianna.
O doutor tinha mais de sessenta anos, mas isso não
significava que eu queria ele a sós com Gianna, não depois de
quase perdê-la.
Ele fez uma breve pausa, os olhos claros se
estabeleceram em mim. — Ela é sua?
— Sim.
Ele assentiu simplesmente, em seguida, ele continuou
em direção ao quarto principal. Eu me virei e desci as escadas.
Quando eu entrei no porão, os dois sobreviventes russos
estavam amarrados a cadeiras. Tito, um dos nossos melhores
executores, estava inclinado contra uma parede, com os braços
cruzados. Romero estava ao lado dele. Outro soldado, Nino,
estava perto dos idiotas. O outro russo estava um pouco
melhor e não precisava de uma transfusão ainda. Uma vez que
Tito colocasse as mãos sobre o pobre coitado, talvez ele
precisasse.
Tito endireitou-se e inclinou a cabeça.
— Eu espero que você não tenha começado ainda. — eu
disse.
— Esperamos por você. — disse Tito.
— Será que parece que Tito já começou seu trabalho? —
Nino perguntou ansiosamente. O garoto tinha um fascínio
doente por tortura.
— Bom. — eu caminhei para o atacante de Gianna. Ele
me encarou. — Qual é seu nome? — perguntei.
— Foda-se. — disse ele em um inglês com sotaque forte.
Eu sorri para Tito, Romero e Nino. Então eu
desembainhei a minha faca e estendi para o bastardo russo
admirar. — Você tem certeza que não quer me dizer seu nome?
Ele cuspiu na frente dos meus pés. — Onde está aquela
prostituta ruiva? Sua vagina estava chamando por mim.
Nino cutucou Romero com um sorriso ansioso. Tito
tinha puxado sua própria faca e estava limpando-a em seu
jeans.
— Palavras difíceis para um homem morto. — eu disse
levemente.
— Eu não vou dizer nada.
— Isso é o que todos dizem. — eu me aproximei. —
Vamos ver o quão duro você realmente é. Vinte minutos foi o
tempo mais longo que levei para saber o nome de alguém.
Eu bati meu punho no seu lado, a direita sobre seu rim
esquerdo. Enquanto ele respirava ofegante, eu acenei para Tito
para começar seu trabalho no outro bastardo russo.
Doze minutos mais tarde eu soube que o homem na
minha frente era chamado Boris e vinha trabalhando para a
Bratva em Nova York por seis anos, antes ele esteve em Saint
Petersburg. Ele ainda estava relutante em me dar mais do que
as informações básicas. Fiz uma pausa, olhando para o sangue
que cobria o seu rosto. — Você tem certeza que não tem uma
resposta à minha pergunta?
Ele tossiu, sangue escorrendo em sua camisa. — Foda-
se.
— Eu posso fazer isso a noite toda, mas eu prometo, não
vai ser bonito.
GIANNA
Eu estava cansada de esperar o doutor aparecer. Eu não
me sentia mais tão tonta, e eu mal estremeci quando eu me
endireitei. E para ser honesta, estar sozinha me assustava
depois do que aconteceu hoje. Eu tinha certeza de que nós
todos íamos morrer, e meu corpo ainda não estava convencido
do contrário. Meu pulso estava acelerado e, ocasionalmente,
eu suava. Tudo porque a equipe tinha contas a acertar com a
Bratva.
Saí do meu quarto, então hesitei no corredor. Meus olhos
dispararam para o final do corredor, onde estava o quarto
principal. Luca e o doutor estavam ainda provavelmente
cuidando de Aria. Eles me mandariam embora se eu tentasse
entrar, ou pior me trancariam no quarto de hóspedes, então eu
não podia vagar pela casa. Eu decidi ir em busca de Lily e
Fabi. Eu puxei meu telefone do bolso e enviei uma mensagem
a minha irmã.
— Onde você está?
Em vez de responder, a porta se abriu e a cabeça loira
escura de Lily cutucou para fora. Seu rosto estava inchado de
tanto chorar e seus olhos estavam enormes e com medo.
Quando seu olhar pousou em mim, ela correu em minha
direção e jogou os braços em volta de mim.
— Onde está Fabi? — eu perguntei quando eu podia
respirar novamente. As minhas costelas estavam pulsando
ferozmente do seu abraço, mas eu não queria que ela soubesse
que eu estava machucada. Ela parecia apavorada.
— Adormecida. Deram a ele algum tipo de pílula para
dormir, porque ele estava tendo um colapso. — ela olhou para
mim. — Eu estava tão assustada, Gianna. Pensei que íamos
todos morrer, mas Romero protegeu Fabi e eu.
Suas bochechas ficaram vermelhas. Sua paixão por
Romero tinha crescido rapidamente ao longo dos últimos
meses. Eu não consigo dizer a ela que tipo de homem ele deve
ser se Luca o escolheu como protetor de Aria. Lily perceberá
logo que estamos cercadas por bandidos, e não cavaleiros de
armadura brilhante.
— E Aria? Romero disse apenas que ela estava bem
antes de ele sair e deixar Fabi e eu sozinhos naquele quarto, e
me disse para não andar ao redor da casa porque era muito
perigoso.
— Ela foi baleada no ombro, mas o doutor está cuidando
dela. Ela vai ficar bem.
Isso é o que eu esperava. Meus olhos dispararam para o
quarto principal novamente. Eu teria que tentar entrar lá mais
tarde, quando o doutor e Luca tivessem ido embora.
— Volte para o seu quarto, eu voltarei. — eu me virei
para sair, mas Lily seguiu-me como um cachorrinho perdido.
— Aonde você vai? — ela perguntou.
— Lá embaixo. Eu quero ver os danos.
— Eu vou com você.
Eu suspirei. Aria teria dito a nossa irmã – Não. – mas era
hipócrita da minha parte dizer a Lily para se comportar quando
eu raramente seguia as ordens. Lily não era uma garotinha
mais. — Ok, mas fique quieta e fique longe dos homens.
Lily revirou os olhos. — Eu não estou interessada neles.
— Eu não disse que você estava, mas eles poderiam
estar interessados em você.
Eu realmente não quero ter que explicar a Luca que eu
tive que matar um de seus homens, porque eles tocaram Lily.
Claro, eu primeiro tenho que descobrir uma maneira de matá-
los. Nós fomos ao térreo. O hall de entrada estava uma
bagunça. Sangue e cacos de vidro espalhados pelo chão. Pelo
menos, os corpos tinham desaparecido, mas um rastro de
sangue levava para fora, para uma pilha de russos mortos. Eu
realmente esperava que eles não tratassem o corpo de Umberto
assim. Meu peito apertou, mas eu lutei contra a tristeza.
Umberto tinha escolhido esta vida. A morte era parte do jogo.
Eu bloqueei a vista de Lily dos cadáveres e a arrastei
para a sala de estar, que não estava muito melhor. Os sofás
brancos, com certeza, precisariam ser substituídos. Eu não
acho que toda a água sanitária no mundo poderia tirar as
manchas. Lily fez um pequeno som angustiado e eu a puxei
para mais adiante, já lamentando que eu tinha permitido que
ela tivesse vindo comigo. Um par de homens estavam fazendo
uma pausa fumando no terraço, e olharam para nós quando
passamos. Eles não parecem chateados com o sangue. Eu
andei mais rápido.
— Ei. — Lily protestou, mas eu ignorei. Se eu estivesse
sozinha, eu não teria me importado, mas eu não quero colocar
a minha irmã em perigo.
Nós fomos para a parte de trás da casa onde ficava a
cozinha, e quase colidimos com outro homem. — Olhe para
onde está indo. — disse ele, em seguida, fez uma pausa. Eu
não o conhecia e eu não tinha interesse de saber mais sobre
ele.
Eu empurrei Lily e passei por ele. Seus olhos nos
seguiram todo o caminho até a parte de trás do corredor.
Quando viramos a esquina, ficamos cara a cara com uma porta
de aço, que foi deixada entreaberta. Um grito de dor vindo de
baixo me fez estremecer.
Lily agarrou meu braço, os olhos azuis arregalados. — O
que foi aquilo?
Engoli em seco. Eu tinha uma boa ideia do que estava
acontecendo, mas eu não ia dizer isso a ela. — Eu não sei. —
eu dei um passo mais perto da porta, então hesitei. Eu não
conseguiria levar Lily comigo, mas eu não podia deixá-la
sozinha no corredor, quando havia tantas coisas ainda
acontecendo. Abri a porta e olhei para baixo ao longo da
escada escura. Uma luz derramava para fora de algum lugar no
porão. Lily estava quase pressionada contra as minhas costas,
sua respiração quente contra o meu pescoço.
— Você não quer ir para lá, certo? — ela sussurrou.
— Sim, mas você vai ficar na escada.
Lily me seguiu alguns passos para baixo antes de eu dar
a ela um olhar de advertência. — Fique lá. Prometa-me.
Outro grito soou lá de baixo.
Lily se encolheu. — Ok. Eu prometo.
Eu não tinha certeza se ela queria dizer isso, mas ela
parecia assustada o suficiente e eu estava disposta a assumir o
risco. Desci os degraus restantes, mas parei no último degrau,
com medo do que eu poderia ver. Respirando, desci e vi um
enorme porão. A bile subiu na minha garganta. Eu não era
estúpida. Eu sabia o que a máfia fazia a seus inimigos,
especialmente se eles queriam ter informações deles, mas
ouvir histórias e realmente ficar cara a cara com a realidade
eram duas coisas muito diferentes.
Eu pressionei a minha mão contra a parede áspera,
enrolando meus dedos em torno da borda dura. Dois homens
estavam amarrados a cadeira. Matteo e um cara musculoso
pareciam estar no comando de arrancar informações deles,
enquanto Romero ficou para trás, mas ele deve ter tido algum
papel na tortura também, porque suas mãos estavam cobertas
de sangue, e por isso suas roupas também. Mas não foi nada
em comparação com a visão de Matteo. Sua camisa branca
estava coberta de sangue, as mangas arregaçadas revelavam a
pele coberta de sangue. Havia vermelho e vermelho e
vermelho, tantos tons diferentes da mesma camisa. Mas o pior,
Deus a pior coisa, era o rosto dele. Não havia nenhuma
piedade, sem misericórdia, sem nada. Não havia excitação ou
ansiedade, que era o que eu tentava ver. Pelo menos ele não
demostrava estar alheio ao que ele estava fazendo. Ele parecia
não sentir nada a julgar pela sua expressão.
Eu sempre conheci a sua atitude brincalhona, o glamour
era uma máscara para encobrir a verdade feia, mas novamente,
saber e ter o conhecimento que confirmou, de maneira tão
brutal, eram dois pares muito diferentes de sapatos. Talvez se
eu tivesse sido mais ingênua eu poderia ter me convencido de
que Matteo estava fazendo isso porque ele teve que enterrar
seu papai hoje, porque ele estava angustiado e precisava de
uma saída para a dor, mas eu sabia mais do que isso. Este era
um negócio comum na máfia. Mágoa não tinha nada a ver com
isso.
Um dos russos amarrados era o homem que tinha me
machucado e eu sabia que era por isso que Matteo havia
escolhido ele como sua vítima.
Eu sempre quis ter nascido fora desse mundo, esta porra
de mundo brutal que eu conhecia, mas neste momento eu
tomei a decisão de realmente tentar fugir. Não importa o custo,
não importa o que era necessário e o que eu tinha que fazer, eu
escaparia deste inferno. Como alguém poderia querer ficar
quando eles faziam isso?
Eu sabia que as pessoas se acostumaram a essas coisas,
mas eu não queria me acostumar a elas. Eu já podia dizer que
eu tinha menos problemas com sangue toda vez que eu via.
Quanto tempo até que a visão de alguém sendo torturado não
me afetaria? Quanto tempo até que a voz na minha cabeça
dissesse que o bastardo russo merecia isso e teria feito o
mesmo para mim se tivesse a chance, não seria um sussurro,
mas uma mensagem?
Alguma coisa roçou meu braço e eu empurrei de volta,
quase abafando um grito de surpresa. Lily estava ao meu lado,
e então tudo aconteceu muito rapidamente. Eu abri minha boca
para mandá-la de volta, mas, ao mesmo tempo, seus olhos
pousaram na cena no centro da sala, e eu sabia que as coisas
ficariam muito feias. Eu tinha visto Lily gritar antes, mas não
tinha sido nada em comparação com o som que saiu de seus
lábios quando viu o sangue e os homens que estavam sendo
torturados. Alguma vez você já se perguntou qual som os
cordeiros peludos fazem quando são abatidos? Eu imaginava
que era algo como isto.
Na verdade, eu vacilei longe de Lily. Seus olhos se
arregalaram, então dilataram assustadoramente, o rosto
assumindo uma expressão que me assustou pra caramba.
Todos os olhos foram em direção a nós. Matteo largou o russo,
estreitou os olhos escuros para mim, como se eu fosse a única
a fazer algo de errado. Lily manteve seus gritos, um gemido
agudo que fez os cabelos do meu pescoço se arrepiarem.
— Romero!—Matteo rosnou, apontando para minha
irmã. — Cuide de Liliana.
Romero avançou sobre nós. Alto e imponente.
Lily sempre o tinha bajulado, mas agora ela não podia
ver nada, só o assassino nele. Suas mãos estavam vermelhas.
Vermelho de sangue, e Lily perdeu completamente a cabeça.
Eu só podia olhar. Eu era incapaz de me mover. Em algum
lugar no fundo da minha mente uma voz me dizia para falar
com a minha irmã, para tentar acalmá-la, para fazer alguma
coisa, qualquer coisa, mas a voz foi abafada pelo terror
enchendo minha cabeça.
A porta de aço bateu contra a parede acima de nossas
cabeças e, em seguida, Luca saiu de lá. — O que diabos está
acontecendo aqui?
Ninguém respondeu.
Romero falou com a minha irmã com uma voz suave. —
Acalme-se, Lily. Está tudo bem.
Realmente? A cena na frente de nos contou uma história
muito diferente. Nada estava bem.
Claro, Lily não se acalmou. Romero agarrou seu braço e
Luca foi ajudá-lo, mas ela estava lutando contra eles como um
animal. Como poderia uma menina tão magra lutar contra dois
homens?
Romero atirou os braços ao redor do seu peito,
prendendo seus braços contra seus lados, mas isso não
impediu Lily de chutar ele e tudo ao seu redor, e ela ainda não
havia parado de gritar a plenos pulmões.
— Cale-a! Aria, não pode ouvir. — Luca rosnou. Ele
tentou pegar suas pernas, mas ela atacou e chutou o seu
queixo. Ele cambaleou para trás, surpreso com a atitude dela.
É claro que eles poderiam ter subjugado ela facilmente se eles
não tivessem sido tão cuidadosos para não machucá-la. Eu dei
um passo em sua direção, temendo que eles pudessem se
cansar da abordagem suave, e eu tive que segurar na parede
novamente.
— Lily. — eu disse. — Lily pare.
Ela nem sequer me ouviu.
O cara alto e musculoso deu alguns passos em direção a
eles como se estivesse indo interferir, mas Matteo empurrou de
volta. — Não. Fique fora disso.
Eu tinha esquecido Matteo, mas, ao mesmo tempo, em
que eu tinha olhado para Lily, ele conseguiu limpar as mãos.
Elas ainda estavam rosa, mas, pelo menos, não manchadas de
sangue. Seus olhos pousaram em mim, mas eu tive que desviar
o olhar. Eu não podia devolver seu olhar agora. Eu tive um
sentimento que eu não estava longe de ter uma atitude como a
de Lily e surtaria com eles também. O cheiro acobreado de
sangue pairava como névoa no ar, entupindo minha garganta e
nariz, parecia afundar na minha pele, enterrando-se no fundo
do meu corpo com as imagens horríveis.
Lily conseguiu sair da parede, levando Romero a
tropeçar, perder o equilíbrio e cair com Lily em cima dele. Ele
resmungou e perdeu seu poder sobre minha irmã. Ela se forçou
em seus pés, um olhar como um animal caçado em seu rosto.
Seu olhar passou direto através de mim.
— Lily, acalme-se. — eu tentei de novo.
Ela tentou atacar passando por Matteo mas ele foi muito
rápido. Ele agarrou seu pulso, e envolveu um braço em volta
da sua cintura. Então, ela estava de repente de costas e ele
estava ajoelhado sobre as suas pernas e tinha as mãos presas
acima de sua cabeça. Luca foi em direção a eles com uma
seringa em sua mão. Essa foi a gota d’água.
Eu tropecei em direção a eles, apesar das minhas pernas
bambas. — Não a machuque!— eu assobiei. — Você não ouse
machucá-la!
— Eu estou tentando duramente não machucá-la, mas
ela está tornando isso difícil. Luca agora! — Matteo rosnou de
seu lugar no topo da minha irmã.
Eu bloqueei Luca. — O que é isso? —Eu apontei para a
seringa.
— Algo que vai acalmá-la. — disse Matteo.
— Saia da porra do caminho. —Luca passou por mim,
ajoelhou-se ao lado de minha irmã, que ainda estava lutando
contra o domínio de Matteo, e empurrou a agulha em seu
braço. Não demorou muito para que ela se acalmasse e parasse
de lutar. Matteo largou os pulsos e se sentou. Lily gemeu antes
de se enrolar em si mesma e começar a chorar em silêncio.
— Espero que todos queimem no inferno. — eu
sussurrei duramente quando eu me ajoelhei ao lado dela e
acariciei seus cabelos. Matteo me olhava com olhos escuros
ilegíveis. Havia algumas manchas de sangue em sua garganta;
elas pareciam ser tudo o que eu podia ver.
Um dos russos começou a rir. Por um segundo eu
considerei socá-lo no rosto. Eu não tinha certeza de como ele
ainda era capaz de fazer qualquer som do jeito que ele estava.
Matteo ficou de pé e foi direto para o rosto dele. — Cale
a boca, ou eu juro que eu vou cortar seu pinto em pedaços
enquanto você assiste.
— Romero leve Liliana para seu quarto e diga ao doutor
para ver como ela está. — Luca ordenou, sua voz já de volta
aos negócios.
Romero levantou Lily em seus braços, e ela realmente
apertou o rosto em seu peito e soluçou. Ele era a última pessoa
em que ela deveria procurar conforto. Ele foi uma das razões
pelas quais ela fodidamente surtou. Talvez ela nem sequer
percebeu quem a segurava.
Eu estava bem para seguir atrás deles. Eu não deixaria
minha irmã sozinha com qualquer um deles. Luca agarrou meu
pulso. — Eu quero ter uma palavra com você antes.
— Deixe-me ir! — eu rosnei, mas ele não se mexeu.
Matteo agarrou o antebraço de Luca. — Deixe-a ir.
Luca e ele olharam um para o outro por um momento,
então eu estava finalmente livre, mas agora Matteo estava
bloqueando as escadas. Eu ainda não podia olhar para seu
rosto. Eu olhei para Luca em vez disso. — Eu preciso ir para a
Lily. Talvez você não tenha percebido, mas ela teve um
colapso por causa de vocês, seus doentes.
— Ela vai superar isso. — disse Luca com desdém.
— Você está se ouvindo? Você me dá nojo. Lily nunca
vai superar o que viu hoje. Ela provavelmente vai ter malditos
pesadelos por anos, apenas por causa de vocês.
Luca sorriu friamente. — Se você quer culpar alguém,
culpe, porque eu tenho uma sensação de que ela veio aqui,
porque ela seguiu você.
— Luca. — Matteo disse em advertência. — Não foi
culpa de Gianna.
A culpa foi minha, pelo menos em parte, mas eu nunca
admitiria isso na frente deles. Se não fosse pelo seu negócio
doente, nada disso teria acontecido. Eu decidi mudar para o
modo de ataque. — Eu me pergunto o que Aria vai dizer
quando descobrir o que aconteceu.
Luca estreitou os olhos. — Você não vai dizer nada a
ela.
— Oh, eu não vou? — perguntei. Eu não tinha
absolutamente nenhuma intenção de contar a ela. Ela não
precisa de bagagem extra, mas Luca não precisa saber disso.
Matteo se colocou entre seu irmão e eu, e tocou meus braços.
Eu empurrei de volta como se ele tivesse me queimado. —
Não me toque nunca mais.
— Eu realmente não entendo o que você vê nela. —
disse Luca.
— Luca, pare de provocá-la. —Matteo sussurrou, então
ele se virou com seus olhos escuros em mim. — Você não
pode dizer a Aria. Não vai servir a qualquer propósito, apenas
a fazê-la infeliz.
— Talvez ela decida deixá-lo. — eu balancei a cabeça
em direção a Luca.
— Aria não vai me deixar. — disse Luca calmamente.
— Ela tomou uma maldita bala por mim hoje. Eu quase a
perdi. Eu nunca vou perdê-la novamente. E eu não vou deixar
que você estrague as coisas entre nós.
A pior coisa era que eu sabia que ele estava certo quando
disse Aria não iria deixá-lo, nem mesmo quando eu disser a
ela o que eu tinha visto hoje. Não era como se ela não
soubesse que tipo de homem era Luca e que tipo de coisas que
seus homens faziam sob suas ordens. Ele tinha matado e
torturado por ela antes, e ela ainda o amava. De alguma forma,
ela poderia esquecer o monstro e só ver o homem quando
estava com Luca. Eu tinha certeza que eu não poderia fazê-lo.
Eu mal podia encontrar o olhar de Matteo.
— Eu não vou dizer a ela. — eu disse finalmente. —
Mas não por você. Eu estou fazendo isso por ela. Eu quero vê-
la feliz. — e por alguma razão o fodido Luca a fazia feliz,
mais feliz do que eu já tinha visto. Por ela, eu fingiria.
Luca voltou-se para Matteo. — Leve-a para o seu quarto
e tenha certeza que ela permaneça lá até Scuderi vir buscá-las.
Eu não quero que ela faça outra cena.
Eu mordi de volta um comentário sarcástico. — Eu
quero ver Aria. Ela precisa de mim.
Eu poderia dizer que Luca queria me dizer — Não. —
mas ele me surpreendeu quando ele disse. — Você pode ficar
com ela quando eu não estiver por perto.
— Não é como se eu estivesse ansiosa para estar no
mesmo ambiente que você.
— Vamos, Gianna. — Matteo agarrou meu braço e nem
sequer me soltou quando eu protestei. Ele me levou até as
escadas do porão, em seguida, ao longo do corredor e subimos
as escadas. Nós não falamos até chegarmos no meu quarto e
eu me livrei de seu aperto.
Meus olhos dispararam para as mãos cor-de-rosa e a
camisa coberta de sangue. Matteo seguiu meu olhar, fazendo
uma careta. — Eu vou me trocar.
— Não se incomode. Eu nunca vou esquecer o que vi.
Matteo andou até mim e eu mantive minha posição,
apesar do desejo do meu corpo de fugir. — Você é inteligente
Gianna. Não me diga que você não sabia o que estávamos
fazendo a portas fechadas. Acredite em mim, a máfia não
manipula os inimigos com luvas de pelica.
— Eu sei. É por isso que eu desprezo tudo sobre a porra
da máfia. E você está certo, eu não fiquei surpresa com o que
vi hoje. Isso apenas confirmou o que eu sabia o tempo todo.
— E o que é isso?
— Que você é uma merda, doente e que eu prefiro
morrer a casar com você.
Matteo me puxou contra ele, seus olhos escuros
praticamente me queimando com sua intensidade. — Talvez
você ache que possa viver no mundo normal, talvez você ache
que possa namorar um cara normal, mas você ficaria entediada
Gianna. Talvez você não queira admitir isso, mas te excita
estar com alguém como eu. Se um cara normal diz que mataria
e torturaria para protegê-la, eles estariam mentindo,
exagerando na melhor das hipóteses, mas eu estou fazendo
uma promessa que eu posso manter.
— Deixe-me ir. — eu cerrei fora.
Ele deixou, então me deu a porra de um sorriso de
tubarão e se dirigiu para a porta. — Eu vou trancar a porta.
Luca irá destrancá-la quando ele levar você para Aria.
— Então você está voltando para torturar aquele cara?
O olhar de Matteo piscou com uma emoção que eu não
pude entender. — Talvez. Eu sou a porra de um doente,
lembra? — ele deslizou para fora. — Mas talvez eu vá deixar
Luca ter algum divertimento com os russos primeiro. — seu
olhar permaneceu em mim por mais um momento antes dele
fechar a porta e a trancar. Estendi a mão para um vaso sobre o
aparador e atirei na porta, onde ele quebrou e caiu no chão.
Eu apertei meus olhos fechados, fazendo uma promessa
que eu estava determinado a manter. Gostaria de escapar antes
do meu casamento com Matteo. Gostaria de deixar essa vida
para trás e nunca mais voltar. Gostaria de tentar viver uma
decente e honesta vida normal.
Depois disso eu me senti mais calma, mesmo eu sabendo
que seria quase impossível escapar da máfia. Seria preciso um
plano e ajuda, mas eu ainda tinha 10 meses até meu
casamento. Muito tempo.
Mais tarde, quando Luca me pegou e me levou para
Aria, eu nem sequer o provoquei. Eu o ignorei, mesmo quando
ele me alertou novamente para não contar a Aria sobre o
porão. Ele não tem que se preocupar. Eu não poderia encher
Aria com a verdade, e não quando ela ainda tinha que viver
neste mundo com Luca.
Capítulo cinco
GIANNA
— Você parece tão bonita. — disse Lily de seu lugar na
minha cama no quarto da mansão Vitiello nos Hamptons. Pelo
menos, não era o mesmo quarto que eu tinha ficado na última
vez. Eu tive que reprimir um arrepio quando eu pensei daquele
dia e todo o sangue que eu tinha visto.
Eu olhei para o meu reflexo. Mamãe tinha escolhido o
vestido para mim porque eu me recusei a ir às compras com
ela para minha festa de noivado. Era um vestido
surpreendentemente bom, que não me fazia parecer como uma
vagabunda. Eu ainda estremeci quando me lembrei do vestido
que tinham escolhido para Aria quando ela foi conhecer Luca.
Meu vestido era verde-escuro, minha cor favorita. Fiquei
surpresa, mamãe sabia muito sobre mim, ou talvez Lily tinha
ajudado secretamente. A saia chegava aos meus joelhos.
Definitivamente modesto. Talvez papai pensasse que eu era
uma menina má o suficiente e não precisava de uma roupa
curta para enfatizar ainda mais.
— Eu não sei por que eles se preocuparam. — eu disse.
— Eles sabem que eu não quero celebrar o meu noivado com
Matteo. Eu não quero me casar com ele.
— É tradição.
Lily estava torcendo as mãos nervosamente em seu colo.
Empurrando meus próprios sentimentos de lado, eu andei em
direção a ela e me sentei. Ela nem sequer olhou para cima,
mas o lábio inferior estava tremendo.
— Ei, você está bem?
Ela deu um pequeno aceno de cabeça. — Eu sei que é
estupidez, mas eu estou com um pouco de medo.
— De Luca, Matteo e Romero?
— Sinto muito.
Envolvi meu braço em torno dela. — Por que você está
se desculpando? É perfeitamente natural para você ter medo
deles depois do que viu em setembro.
Ela estremeceu. — Eu não posso tirar da minha cabeça.
Eu sonho com isso quase toda noite.
Dois meses desde aquele dia, e quase todas as noites ela
me acordava com os gritos antes de escorregar para a minha
cama. — Eles nunca iriam machucá-la, Lily. Nós somos as
meninas, eles sempre querem nos proteger do mal. — foi
ridículo eu cantar em seu louvor, mas eu teria feito qualquer
coisa para acalmar Lily.
— Eu sei. — ela tomou uma respiração profunda. — Eu
espero que eu não surte como da última vez. Papai ficaria
louco se eu fizesse uma cena.
Eu beijei sua bochecha. — Você não vai. Eu estarei ao
seu lado. Aria estará lá também. Tudo ficará bem.
Alguém bateu à porta, mas antes que eu pudesse
responder, Fabi enfiou a cabeça dentro, os olhos dardejando
entre Lily e eu. — Vocês estão tendo uma conversa de
meninas?
— Sim. — Lily disse, ao mesmo tempo, que eu disse. —
Não.
Fabi estreitou os olhos e entrou no quarto. Ele parecia
muito bonito em seu smoking. — Papai me enviou para dizer
que todos as esperam. — ele endireitou os ombros, seu
pequeno queixo levantou um pouco mais alto. Fabi tinha feito
dez anos um par de dias atrás, e em poucos anos, ele já
começaria seu processo de iniciação. Eu estava feliz porque eu
provavelmente não teria a chance de ver o meu doce, bem-
humorado irmão se tornar um assassino.
— Você está pronta? — perguntei a Lily, que assentiu
com a cabeça rapidamente, mas seus olhos contavam uma
história diferente. Eu entendia muito bem.
Fabi puxou o colarinho, que parecia apertado, mesmo de
longe. — Lily deve vir comigo, para que você possa entrar
sozinha.
Lily ficou tensa ao meu lado. Ela agarrou-se a mim
quando tínhamos posto o pé na mansão esta manhã. Eu não
tinha certeza por que Luca e Matteo tinham insistido em
comemorar, em Nova York, e pior, no mesmo lugar onde Lily
tinha visto Romero e Matteo torturar um russo, mas agora já
era tarde demais. Até agora nós tínhamos conseguido evitar
todos eles. Eu ainda não tinha visto Aria.
— Não. Eu não me importo com o que o Papai quer. Lily
e eu vamos descer juntas.
Fabi mordeu o lábio. — Papai vai ficar com raiva.
Eu estava de pé, puxando Lily comigo. — Ele vai
superar isso. — E ele não faria uma cena na frente de Nova
York. Esperaria por sua punição até que estivéssemos de volta
em Chicago. Lily, Fabi e eu descemos as escadas juntos e o
aperto de Lily na minha mão ficava maior com cada passo que
dava. Quando passamos pelo corredor da frente, seus olhos
correram para a parte traseira, onde ficava a entrada para o
porão. Ela estremeceu. Vozes vinham da sala de estar e fomos
em direção à porta, os nossos sapatos estalando no chão de
mármore; um piso que tinha sido manchado de sangue há dois
meses. Tentei esquecer o que tinha visto naquele dia. Eu
precisava focar hoje se eu não quisesse que as coisas
acabassem mal.
Não foi uma grande festa, mas os membros mais
importantes da Família de New York e da máfia tinham sido
convidados. Eu estava determinada a manter o meu melhor
comportamento hoje. Eu não queria que o papai pensasse que
eu estava articulando uma maneira de escapar e aumentasse o
número dos meus guarda-costas.
No momento em que entrei na sala de estar, eu sabia que
podia dar a esse plano adeus. Lily deixou escapar um pequeno
som no fundo da garganta, suas unhas cavando em minha
palma. Papai estava falando com Dante Cavallaro, Luca e
Matteo, enquanto os outros homens, assim como Aria, minha
mãe e a madrasta de Matteo e Nina Vitiello, estavam em torno
deles. Os olhos do papai se estreitaram imediatamente quando
me viu com Lily. Fabi rapidamente correu em direção a ele e
papai fez uma careta, provavelmente dando a Fabi uma
palestra sob sua respiração.
O olhar de Matteo me capturou com intensidade. Ele
estava vestido com calça preta e uma camisa branca.
— Gianna. — Papai disse em uma voz apertada. — Nós
estávamos esperando por você.
Todo mundo esperava que eu caminhasse até meu papai,
para que ele pudesse me entregar a Matteo, é o que eu teria
feito se Lily não tivesse começado a tremer ao meu lado com a
visão de Matteo, Romero e Luca.
Seus olhos corriam para mim. Houve um lampejo de
medo em seu rosto. Eu não queria que papai, muito menos
qualquer outra pessoa, soubesse que ela estava apavorada.
Papai ficaria furioso. Talvez ele mesmo batesse nela, e Lily
realmente não precisa de outra experiência ruim. Ela tinha se
esforçado o suficiente nos últimos meses.
Ela estava congelada ao meu lado.
— Gianna, que absurdo venha aqui. — Papai rosnou.
Aria veio em minha direção. — O que está errado?
Lily e eu trocamos um olhar. Até agora não tinha dito
nada a Aria, mas seria difícil explicar o estranho
comportamento de Lily.
— É uma longa história. — eu disse. — Você pode
pegar a mão de Lily?
Mas papai tinha o suficiente. Ele caminhou na minha
direção e agarrou meu pulso em um aperto, me esmagando e
me arrastando em direção a Matteo. — Eu já tive o suficiente
de sua insolência. — eu quase tropecei em meus calcanhares.
Matteo me puxou contra ele, forçando papai a me
libertar. O olhar no rosto de Matteo tinha uma notável
semelhança com o que ele tinha quando o russo tinha me
chutado. Fiquei contente de escapar da ira de papai agora e
não me afastei de Matteo. Aria estava abraçando Lily ao seu
lado e ambas estavam sussurrando em voz baixa. Eu esperava
que Aria pudesse acalmar nossa irmã. Eu odiava ver Lily tão
angustiada.
— Eu sei o que você fez lá. — Matteo murmurou no
meu ouvido, uma vez que ele ia colocar o anel de noivado no
meu dedo.
— E o que seria isso?
— Você ajudou a sua irmã.
Saí de debaixo do seu braço. — Eu não teria que ajudá-
la se ela não tivesse medo de você.
Matteo não parecia arrependido. Talvez ele não fosse
capaz de se culpar. — Eu vou ter uma conversa com ela.
— Fique longe dela. — eu assobiei, mas ele parecia
achar o meu tom ameaçador engraçado, e eu rosnei. Minha
voz se levantou. Eu estava além de me preocupar se os outros
ouvissem. — E enquanto você está nisso, fique longe de mim
também. Eu não quero nada a ver com seu mundo fodido.
Infelizmente papai ouviu, e assim o fez, provavelmente,
todas as pessoas na sala, e enquanto Matteo não pareia ter me
levado a sério, a carranca de papai prometia uma punição. Eu
teria um Matteo me defendendo, se eu tivesse pedido sua
ajuda, mas eu não queria estar endividada com Matteo. Eu
prefiro suportar os espancamentos de meu papai.
Capítulo seis
GIANNA
Eu odiava ter que envolver Aria em tudo disso, mas ela
era minha última opção. O maior problema foi realmente pedir
a ela. Eu não confiava nos telefones. Eu não passaria por nosso
pai para que ele pudesse manter olhos e orelhas em mim. Eu
tinha que perguntar a ela pessoalmente, mas como um castigo
pela festa de noivado, eu não tinha sido autorizada a ver Aria
desde a festa de Natal da nossa família. Mas depois de
semanas de mendicância, Lily e eu tínhamos finalmente
conseguido convencer papai a deixar Lily e eu voarmos para
Nova York para o aniversário de Lily em abril.
Lily estava praticamente pulando de empolgação durante
o nosso voo. Eu ainda estava surpresa com a rapidez que ela
tinha se recuperado dos eventos horríveis de setembro do ano
passado. Eu realmente esperava que ela não revivesse as
memórias por estar de volta em Nova York. Ela estava
evitando Matteo e Luca nos últimos tempos, mas desta vez
iríamos ficar na cobertura de Luca, então não havia maneira
nenhuma dela se esquivar deles.
No momento em que saímos no desembarque, ouvimos
uma mistura de vozes, eu queria gemer. Matteo estava ao lado
de Aria e Luca. Eu deveria ter pensado que ele viria. Ele
parecia determinado a ignorar minha antipatia. Às vezes eu
quase considerava desistir de fugir e tentar chegar a um acordo
com meu casamento com Matteo, mas depois havia os
momentos em que ele me dava aquele sorriso arrogante, como
agora, e então eu queria fugir tão rápido quanto o meu pés
poderiam me levar, porque eu realmente queria beijá-lo, apesar
do que eu tinha visto ele fazer em setembro.
Lily se manteve perto de mim. Esse foi o único sinal de
que ela não tinha esquecido o que tinha acontecido quase sete
meses atrás. Ela não pegou minha mão como ela tinha feito
tempos atrás, mas seu braço escovou o meu enquanto
caminhávamos em direção a Luca, Matteo e Aria. — Você está
bem? — eu sussurrei.
Ela saltou, ruborizando. — Sim. — ela endireitou os
ombros. — Eu estou bem. — ela quase conseguiu esconder
seu nervosismo de mim. Aria correu em direção a nós, e
quando tinha quase chegado na gente, ela jogou os braços ao
redor de nós duas. — Eu senti tanto sua falta.
— Nós sentimos sua falta também. — eu sussurrei,
beijando seu rosto.
Lily sorriu para nós duas.
Aria balançou a cabeça. — Você está tão alta quanto eu
agora. Ainda me lembro quando você não queria ir a qualquer
lugar segurando minha mão.
Lily gemeu. — Não diga nada disso quando Romero
estiver por perto. Onde ele está a propósito?
Revirei os olhos, e Aria riu. — Ele provavelmente está
em seu apartamento. — Lily deve ter conseguido superar sua
ansiedade em torno Romero em algum momento. Sua paixão
adolescente a cegou.
— Vamos lá.— disse Aria. — Vamos lá.
Como esperado, Lily tornou-se tímida novamente no
momento em que ficou na frente dos caras. Meu lado protetor
queria dar um passo na frente dela e protegê-la de tudo, mas eu
sabia que ela ia ficar sem graça se eu fizesse algo parecido.
Meu olhar encontrou os olhos de Matteo, eles estavam
quentes, eles eram olhos de um indivíduo normal, e por um
instante eu queria acreditar na mentira que ele era tão bom em
dizer, mas eu me forcei a quebrar a nossa concorrência de
encarar.
— Ei aniversariante. — Matteo disse com um sorriso a
Lily, os braços cruzados sobre o peito. Ele parecia tão
acessível e inofensivo, e eu sabia que ele estava fazendo isso
de propósito por causa de Lily. Apesar das minhas melhores
intenções, eu me senti grata, e ao mesmo tempo não podia
ajudar, mas me pergunto como ele poderia ser tão amável e
engraçado em um momento, quando ele era capaz das coisas
horríveis que eu tinha visto em setembro.
— Ainda não. — disse Lily, mordendo o lábio. — A
menos que você tenha um presente antecipado para mim. —
eu quase explodi com alívio. Eu preocupada que Lily estaria
tão nervosa quanto da última vez que ela viu Matteo, mas ele
era um mestre manipulador e a envolveu em torno de seu dedo
novamente.
— Eu gosto da maneira que você pensa. — disse Matteo
com uma piscadela. Ele pegou sua mala, em seguida, estendeu
o braço para ela tomar. Ela olhou entre Matteo e eu. — Você
não vai levar a bagagem de Gianna?
— Luca pode cuidar dela. — disse Matteo, os olhos
dançando com alegria quando eles olharam para mim. Por que
ele tem que ser tão… tolerável? Se eu não o conhecesse
melhor, eu suspeitaria que ele estava tentando descobrir uma
maneira de fugir de nosso casamento iminente.
Eu estreitei os olhos para ele antes de virar para Lily. —
Continue.
Ela uniu o braço com o de Matteo e andaram à frente.
Luca pegou minha mala sem uma palavra antes de seguir atrás
de seu irmão e minha irmã mais nova. Eu fiquei para trás com
Aria. — Talvez papai devesse ter prometido Lily para casar
com Matteo, em vez de mim. — eu disse, meio brincando. Ela
parecia não ter problemas em ficar junto dele.
— Matteo precisa de alguém como você, alguém que o
confronte. Eu não acho que ela poderia lidar com ele.
Eu bufei. — Mas você acha que eu posso?
Aria procurou meu rosto. — Há algo que você não está
me dizendo.
— Mais tarde. — eu sussurrei, e ela balançou a cabeça
com um olhar para Luca e Matteo.
Eu não tive a chance de falar com Aria até muito mais
tarde naquele dia, e só porque Luca e Matteo tinham negócios
a realizar no seu clube de dança “Sphere”. Romero ainda
estava lá, mas Lily o havia convencido a jogar Scrabble com
ela na sala de estar, para que ele estivesse ocupado enquanto
eu levava Aria para o terraço apesar do frio. Uma vez que
estávamos na beira do terraço, ela se virou para mim. — Você
está fazendo alguma coisa, não é?
Eu hesitei, de repente me sentindo culpada por ter
cogitado em envolver Aria. — Eu não posso fazer isso, Aria.
Eu quero sair fora deste mundo. Fora do meu casamento
arranjado. Apenas fugir de tudo isso.
Seu rosto tencionou, os olhos azuis se arregalaram. —
Você quer fugir?
O vento passou e bagunçou o meu cabelo, mas eu não
tinha certeza se isso era a única razão pela qual eu tremi. —
Sim.
— Você tem certeza?
— Absolutamente. — eu disse, embora às vezes a
dúvida me mantivesse acordada durante a noite. Este era um
grande passo. — Desde que o Bratva atacou a mansão e eu vi
o que Matteo é capaz, eu sabia que eu tinha que fugir.
— Não é só Matteo, você sabe disso, certo? Ele não é
pior do que qualquer outro homem da máfia.
— Isso faz com que seja ainda pior. Eu sei que
praticamente todos os homens em nosso mundo são capazes de
coisas horríveis, e um dia Fabi será assim, e eu odeio isso,
odeio cada segundo que eu esteja presa neste mundo confuso.
— Eu pensei que você e Matteo estavam se dando
melhor. Você não tentou arrancar a cabeça dele fora hoje.
— Ele está tentando me manipular. Você não viu o quão
facilmente ele pôde fazer Lily esquecer o nervosismo em torno
dele?
Aria deu de ombros. — Poderia ser pior. A maioria dos
homens não teria a perdoado por deixar as coisas tão difíceis,
mas ele realmente parece gostar de você.
Será? Eu nunca tive certeza com Matteo. Ele era muito
bom em esconder suas emoções, em escolher a máscara que
ele queria mostrar ao mundo. — Você está do seu lado? — eu
perguntei com um pouco mais de força do que eu pretendia.
— Eu não estou do seu lado. Eu só estou tentando
mostrar a você uma alternativa para não fugir.
Atordoada, eu disse: — Por que? Você sabe que eu
nunca quis esta vida. Por que você está tentando me fazer
ficar?
Aria olhou, agarrando meu pulso. — Porque eu não
quero perder você, Gianna!
— Você não vai me perder.
— Sim, eu vou. Uma vez que você fugir, não poderemos
nunca mais nos ver outra vez, talvez nem mesmo nos falar a
menos que descobrirmos uma maneira de fazê-lo sem arriscar
a máfia rastrear você.
Claro que, no fundo da minha mente, eu sabia qual seria
o resultado de minha fuga, mas eu a empurrei de lado, eu não
seria capaz de suportar o pensamento. — Eu sei. — eu
sussurrei. — Você poderia vir comigo.
Aria abriu os lábios em surpresa e mesmo antes dela
falar, eu sabia a resposta. — Eu não posso.
Eu balancei a cabeça, de costas para ela e deixando meu
olhar vagar sobre Nova York. Pisquei algumas vezes. —
Porque você ama Luca.
Ela colocou a mão na minha. — Sim, mas essa não é a
única razão. Eu não posso deixar Fabi e Lily pra trás, e eu fiz
as pazes com esta vida. É tudo que eu já conheci. Eu estou
bem com isso.
A culpa caiu em cima de mim. — Você acha que eu
estaria os abandonando, se eu fugir?
— Eles vão entender. Nem todos são feitos para uma
vida neste mundo. Você sempre quis viver uma vida normal, e
eles ainda têm a mim. Você tem que pensar em si mesma. Eu
só quero que você seja feliz.
Eu passei meus braços em torno dela, enterrando meu
rosto em seu cabelo. — Eu não acho que eu posso ser feliz
aqui.
— Porque você não quer se casar com um assassino,
porque você não pode viver com o que Matteo faz.
— Não. — eu disse calmamente. — Porque eu consigo
me ver bem com isso.
Aria se afastou, as sobrancelhas pálidas reunidas. — O
que há de errado com isso?
Eu queria rir e chorar ao mesmo tempo, porque eu tinha
a sensação de que Aria não teria feito essa pergunta antes de
Luca. — Você está bem com o que Luca faz? Você nunca fica
acordada à noite sentindo culpa por estar casada com um
homem como ele?
— Viemos de uma família de homens como ele. — ela
deu um passo para trás, com os braços caindo para os lados. —
Você quer que eu me sinta culpada?
— Não. Mas as pessoas normais se sentiriam culpadas.
Você não pode ver quão desastrosas somos? Eu não quero ser
assim. Eu não quero passar minha vida com um homem que
entalhe os seus inimigos.
Aria olhou, mas não disse nada. Ela parecia tão
terrivelmente triste e magoada que eu queria me chutar forte,
para nunca abrir minha boca estúpida.
— Sinto muito. Eu não quero fazer você se sentir mal.
Eu só… — eu parei, não sei como explicar minhas emoções
conflitantes a Aria. — Eu sei que tenho que arriscar. Eu tenho
que tentar ficar longe de tudo isso e viver uma vida sem toda
essa violência. Eu sempre vou me arrepender se eu não tentar.
— Você sabe que você não poderá voltar nunca mais.
Não há como voltar atrás uma vez que você fugir. Mesmo se
Matteo a perdoasse por insultá-lo assim, a máfia seria
responsável por sua punição até o seu casamento. E fugir da
máfia é traição.
— Eu sei.
— O Outfit pune a traição com a morte. Porque você não
é um homem feito eles poderiam decidir jogá-la em uma de
suas casas de prostituição ou casar você com alguém muito
pior do que Matteo.
— Eu sei.
Aria agarrou meus ombros. — Você realmente quer
isso? Poucas pessoas correm o risco de fugir da máfia e há
uma razão para isso. A maioria das pessoas são pegas.
— A maioria das pessoas, mas não todas.
— Você já ouviu falar de alguém que escapou da máfia
com sucesso?
— Não, mas eu duvido que alguém iria nos dizer sobre
eles. Nem o papai, nem Matteo ou Luca tem qualquer interesse
em colocar ideias em nossas cabeças.
Aria suspirou. — Você está realmente determinada a
passar por isso.
— Sim.
— Tudo bem. — disse ela. Este era o momento perfeito
para pedir ajuda a ela, mas eu percebi que eu não poderia fazê-
lo, não podia pedir que ela fosse cúmplice.
Claro Aria sendo Aria não foi necessário pedir.
— Você não pode fazer isso sozinha. Se você quiser ter
alguma chance de sucesso você vai precisar da minha ajuda.
Olhei para minha irmã, minha linda, irmã valente. Eu
muitas vezes pensei que nós éramos gêmeas que tinham
nascido separadas por alguma cruel reviravolta do destino. Ela
era a única pessoa por quem eu morreria. E se ela me pedisse
para ficar, me dissesse que não podia viver sem mim, eu nem
sequer hesitaria. Eu teria ficado, teria me casado com Matteo.
Por ela. Mas Aria nunca pediria isso para mim. Aria era a
única coisa que me lembrava que há bem em nosso mundo
também, e eu esperava que ela nunca deixasse que a escuridão
à nossa volta a corrompesse. — Não. — eu disse com firmeza.
— Eu posso fazer isso sozinha.
Mas Aria ignorou o meu comentário.
— Se eu ajudá-la a fugir, eu vou trair a Cosa Nostra e
por tabela o meu marido. — disse ela com um olhar distante
em seus olhos.
Eu balancei minha cabeça. — Você está certa. E eu não
posso deixá-la correr esse risco. Eu não vou deixar você se
arriscar.
Ela entrelaçou os dedos com os meus. — Não, eu vou
ajudá-la. Eu sou a sua única opção. E se alguém pode fazer
isso, é você. Você nunca quis ser parte do nosso mundo.
— Aria, você mesma disse, o que eu estou fazendo é
traição e a máfia pune duramente as pessoas que os traem.
Luca não é o tipo de perdoar.
— Luca não vai me machucar. — não havia dúvida em
sua voz. Infelizmente, eu não partilho da sua convicção. Eu
abri minha boca para protestar, mas ela levantou a mão.
— Ele não vai. Se Salvatore Vitiello ainda estivesse
vivo, as coisas seriam diferentes. Eu teria estado sob sua
jurisdição, mas Luca é Capo e ele não vai me punir.
Como ela podia confiar no bastardo cruel assim? Como
deve ser amar alguém tanto que você colocaria sua vida em
suas mãos, sem hesitação? — Talvez seus homens não
deixarão uma escolha. Ele é um novo Capo e se ele parecer
fraco, seus homens podem se revoltar. Luca não correrá o risco
de seu poder, nem mesmo por você. A família vem em
primeiro lugar para um homem feito como ele.
Eu estava falando de forma impactante com Aria. —
Confie em mim. — disse ela simplesmente.
— Eu confio em você. É em Luca que eu não confio.
— E se você pensar sobre isso, eu não iria realmente
estar traindo a família. Você ainda faz parte da equipe até você
se casar com Matteo. Isso significa que o que eu estou fazendo
é uma traição à Outfit no máximo, mas eu não devo respeito a
eles, por isso não posso traí-los.
— Seja como for. Luca pode não ver dessa forma.
Mesmo se você não estiver traindo a família, você ainda vai
fazer atrás das costas de Luca. Sem mencionar que Matteo
provavelmente vai mover céus e terra para me encontrar.
— É verdade. —Aria disse lentamente. — Ele vai caçá-
la.
— Ele vai, eventualmente, perder o interesse.
Aria parecia duvidosa. — Talvez. Mas eu não contaria
com isso. Nós temos que ter certeza que ele não poderá
encontrá-la.
Acima de nós o céu estava ficando cinza escuro, os
primeiros sinais de uma tempestade iminente. Se eu fosse
supersticiosa, eu provavelmente iria vê-lo como um mau
presságio. — Aria, eu não deveria ter vindo até você com isso.
Você não pode se envolver.
Aria revirou os olhos. E ao fazer isso eu não pude deixar
de sorrir, apesar da gravidade da nossa conversa.
— Não tente me convencer do contrário. Eu me sentiria
culpada se eu não a ajudasse e você for pega. — disse ela com
firmeza.
— E eu vou me sentir culpada se você ficar em apuros
por me ajudar.
— Eu vou ajudar você. Fim da história.
— Como eu posso fazer as pazes com você?
— Basta ser feliz, Gianna. Viva a vida que você quer,
isso é tudo que eu desejo.
Essa era tipicamente Aria. Se alguém merecia uma vida
fora deste mundo fodido, seria ela. Eu pressionei meus lábios
juntos, lutando contra as lágrimas. — Merda.
Aria sorriu. — Venha. Precisamos descobrir quando e
como vamos fazer.
— Acho que é um pouco tarde demais para tentar fazer
você se livrar da minha visita? — forcei um sorriso, querendo
me livrar da sensação de peso no meu peito.
— Sim. Mas você definitivamente vai ter que fugir
quando você estiver em Nova York. Você nunca vai escapar
dos homens do papai.
Infelizmente, ela estava certa. Papai não me deixou fora
de vista por um segundo. Ele não confia em mim. A única
coisa que falta na minha prisão eram grilhões. — Mas Romero
está sempre por perto.
Aria e eu olhamos para a sala de estar onde Lily estava
rindo de algo que Romero deve ter dito. Ela parecia tão feliz.
— Eu acho que nós podemos tirá-lo de perto de nós. — disse
Aria.
— Da próxima vez, Lily não estará por perto para
distraí-lo. Eu não quero que ela saiba sobre isso.
Aria balançou a cabeça. — Eu vou pensar em alguma
coisa. Enganei-o uma vez antes. Eu posso fazer novamente.
Luca confia em mim. Romero não me segue, tanto quanto no
começo.
A culpa torceu no meu interior novamente, mas eu
ignorei. — Eu tenho que conseguir um passaporte para que eu
possa deixar o país. Eu nunca estaria salva nos Estados
Unidos.
— Você deveria ir para a Europa.
— Eu sempre quis visitar a Sicília. — eu brinquei.
Aria riu. — Sim, isso soa como um plano infalível.
— Eu preciso de dinheiro. Talvez eu possa descobrir
onde o papai mantém sua pilha de dinheiro.
— Não, ele notaria. Nós vamos ter que tirar dinheiro de
Luca. Se esperarmos até o último minuto antes de pegá-lo, ele
não vai notar até que seja tarde demais.
— Tem certeza? — perguntei.
Aria balançou a cabeça, mas não havia uma centelha de
hesitação em seus olhos.
— Talvez possamos conseguir dinheiro de algum outro
lugar. Eu poderia pedir um crédito para uma agiota. Eu não
estaria por perto para eles conseguirem de volta. — eu disse
rapidamente.
Aria balançou a cabeça ao mesmo tempo. — Todos os
agiotas ou pertencem à Família ou ao Bratva. Essa seria a
maneira mais rápida de ser pega.
— Eu sei que eu não posso pedir a Família, mas e para
os agiotas russos? Eu não preciso dizer quem eu sou. Eu
poderia fingir que era uma garota qualquer com problemas
financeiros.
Aria pareceu considerar isso, mas, em seguida, ela
balançou a cabeça. — É muito arriscado. Esses caras são
perigosos.
As memórias que eu tinha tentado enterrar ressurgiram
como uma onda. Eu tinha ficado apavorada quando os russos
atacaram a mansão. Eu tinha certeza de que ia morrer de forma
horrível, certa de que seríamos violadas e torturadas. Eu
realmente não quero ter nada a ver com a Bratva novamente,
mas Aria não precisa saber o quanto as imagens daquele dia
ainda me incomodavam. Na maioria das vezes eu conseguia as
afastar, e uma vez que eu estivesse na Europa, longe do
mundo, espero que elas desapareçam para sempre. — Aria,
você está casada com o homem, todos aqueles caras perigosos
estão com ele.
— E você está envolvida com o homem que corta esses
caras perigosos. — ela disse. — Mas os russos são piores do
que os nossos homens. Eles não têm nenhuma honra.
Eu não tinha certeza se isso era possível, mas eu não
estava com disposição para esse argumento. — Ok, então sem
agiotas, mas o que dizer de um passaporte falso? Eu vou ter
que começar a partir de algum lugar. Existe alguém que eu
poderia subornar?
Outra rajada de vento passou por nós, elevando arrepios
por todo o meu corpo. Aria se aproximou de mim até que nós
estávamos encolhidas. — Ninguém vai contra Luca.
— Exceto nós. — eu disse com uma risada. — Diga-me,
isso não é louco.
— É uma loucura, mas vamos descobrir alguma coisa.
— ela parou, me examinando.
Eu levantei minhas sobrancelhas. — O quê?
Ela sorriu. — Eu tenho uma ideia. Você sabe como as
pessoas sempre dizem que somos parecidas?
— Não, se você olhar de perto. Eu sou alguns
centímetros mais alta do que você e depois há isso. — eu
levantei uma mecha do meu cabelo.
— Sim, mas se pintar o cabelo de loiro, ninguém terá
dúvidas de que você sou eu. Luca tem alguns passaportes
falsos com nomes diferentes no mesmo lugar onde ele esconde
o dinheiro, se precisar sair do país rapidamente. Você poderia
usar um deles.
— Luca será capaz de rastreá-los.
— Sim, mas você já terá desembarcado na Europa até lá.
Você pode jogar fora o passaporte quando você estiver lá e
viajar sem passaporte até você descobrir uma maneira de obter
um novo. Eles não têm o controle das fronteiras na União
Europeia, então deve ser tranquilo você atravessar de um país
para outro na Europa.
A esperança acendeu no meu corpo. — Isso poderia
realmente funcionar.
— Vai funcionar.
Olhamos uma para a outra. — Então, eu realmente vou
fugir. — eu sussurrei.
— Sim. — Aria disse calmamente.
— Quando?
— Da próxima vez que você me visitar, por isso temos
tempo para realmente pensar em todos os detalhes do nosso
plano.
Eu não podia acreditar que iria realmente fazer isso, mas
agora eu não voltaria atrás, mesmo que parte de mim se
perguntasse se isso era realmente o que eu queria.

Eu estava autorizada a visitar Aria novamente em maio;


fingir que eu tinha finalmente chegado a um acordo com meu
casamento com Matteo, tinha deixado o meu papai mais
brando comigo.
Dormir tinha sido difícil para mim, mas eu estava me
acostumando com a ideia.
Abracei Lily e Fabi antes de eu sair de Chicago, sabendo
que poderia muito bem ser a última vez que os via, mas eu não
me permiti ficar nesse pensamento. Isso só tornaria as coisas
mais difíceis. Se eu começasse a chorar, alguém poderia ficar
desconfiado.
Quando eu cheguei em Nova York, Aria me pegou no
aeroporto com um novo guarda-costas. Havia algo divertido
sobre o nosso reencontro. O cara novo me deu um aceno
rápido depois de Aria e eu nos abraçarmos. — Quem é ele? —
eu sussurrei.
— Esse é Sandro. Ele é um dos homens de Matteo. —
Então Matteo já tinha escolhido um guarda-costas para mim,
para uma futura vida como sua esposa, alguém que me
prenderia em uma gaiola sempre que Matteo não estivesse por
perto.
Uma vez que estávamos na cobertura, meu novo guarda-
costas se retirou para a cozinha, sob o pretexto de nos dar
privacidade. Como se houvesse tal coisa sob sua vigilância
constante. Aria e eu permanecíamos perto do sofá, fora do
alcance da voz. — Será que Luca ainda tem Romero com ele
durante todo o dia?
Aria deu de ombros. — Eu não me importo de ter
Romero ao redor, especialmente quando Luca está ocupado.
Sandro tem tomado o lugar de Cesare principalmente, mas ele
nunca me guardou antes.
— Você precisa pedir a Luca para ir para a faculdade ou
fazer outra coisa antes de ficar louca aqui. Eu quero que você
seja feliz também, Aria. Eu quero saber que você vai ficar bem
quando eu me for.
— Não se preocupe. E as últimas semanas eu estive
bastante ocupada planejando sua fuga. — disse Aria com um
sorriso maroto, mas não havia uma pitada de melancolia em
sua voz.
Nós duas olhamos para Sandro que estava fazendo café.
— Por que é que Sandro está realmente aqui?
— Por sua causa.
— Porque eu sou uma causadora de problemas?
— Não. — Aria disse com uma risada. — Porque
Matteo quer que você conheça o cara que vai ser seu guarda-
costas uma vez que você se mudar para Nova York.
— Oh grande, essa é a forma dele pensar. — mais uma
vez uma decisão sobre a minha vida que ninguém se
preocupou em discutir comigo. Com um aceno de cabeça em
direção a Sandro, perguntei. — Como é que vamos nos livrar
dele?
— Eu tenho um plano. —Aria abriu a bolsa e apontou
para uma pequena seringa. No meu olhar confuso, ela
explicou. — Eu lembrei de quando você me disse que Luca
encontrou o tranquilizante que ele usou em Lily em uma
gaveta no porão. Da última vez em que eu estive na mansão,
eu furtivamente fui até lá e peguei o que precisávamos.
Meus olhos se arregalaram. — Você é um gênio, Aria.
— Na verdade, não.
Nossos olhos corriam em direção ao nosso guarda-costas
mais uma vez. Ele estava ocupado com seu telefone. — Como
é que vamos injetar o tranquilizante? — perguntei. — Ele é
alto e forte, e provavelmente um lutador hábil.
Aria mordeu o lábio. — Nós temos que distraí-lo. Talvez
eu possa falar com ele e você enfia a agulha na coxa?
— E se eu quebrar a agulha por acidente ou se ele for
mais rápido?
— Eu tenho uma segunda seringa, mas é isso, então
devemos tentar acabar com isso logo na primeira vez.
Aria poderia ser durona, se tentasse. — Você tem certeza
que a dosagem está certa?
— Eu não quero que ele se machuque, então eu reduzi a
dosagem que eles indicam na embalagem.
— Ok. Isso ainda deve ser suficiente para nocauteá-lo
por um tempo, certo?
Aria balançou a cabeça. — Nós provavelmente devemos
amarrá-lo. Eu encontrei fita adesiva no armário das armas.
Ela sabia onde seu marido guardava suas armas? —
Luca deve realmente confiar em você.
Aria não disse nada e eu me senti mal por citar seu
nome. Será que eu tenho que lembrá-la de como ela estava
arriscando seu casamento por mim?
— Vamos lá. — disse ela depois de um momento. —
Vamos fazer isso. Matteo e Luca estarão de volta em algumas
horas. Devemos ter saído até lá.
Após um outro olhar para Sandro que ainda estava lendo
algo em seu telefone, ela rapidamente me entregou a seringa.
Escondi nas minhas costas enquanto caminhávamos em
direção a Sandro que finalmente levantou os olhos do telefone
e colocou sobre o balcão.
— Você gostaria de um café? — perguntou ele com um
aceno de cabeça em direção ao seu próprio copo. Ele foi
educado e seus olhos castanhos eram simpáticos. Ele não
parecia muito ameaçador, mas eu não deixei que me
enganasse.
Aria se inclinou ao lado dele contra o balcão e
pressionou a palma da mão para seu estômago.
Sandro franziu a testa. — Você está bem?
— Eu não estou me sentindo tão bem. — disse ela, em
seguida, as pernas fraquejaram. Foi um pouco acima do que eu
esperava, se você me perguntasse, mas Sandro deve ter agido
sem pensar porque ele estendeu a mão para ela. Minha chance.
Meu braço disparou e eu bati a seringa na parte traseira
de sua coxa e injetei o tranquilizante. Sandro gritou, soltou
Aria e me atacou instintivamente. Ele pegou meu braço e eu
fui jogada contra a ilha de cozinha, minhas costas colidiram
dolorosamente. Eu engoli um grito.
— Que porra é essa? — ele engasgou, os olhos furiosos
dele corriam entre Aria e eu. Ele pegou o telefone, mas Aria
empurrou-o para longe. Ele voou para fora do balcão, caiu no
chão e deslizou sobre o mármore. Sandro cambaleou em
direção a ela, seus movimentos já estavam menos coordenados
do que o habitual. Eu rapidamente corri para o telefone e
chutei para longe. — Onde está a fita?
Aria balançou a cabeça e saiu correndo.
Sandro olhou para mim. — O que você está fazendo? —
ele rosnou. Ele avançou em mim, a mão tateando para a arma
no coldre no peito. Será que ele quer nos ameaçar com uma
arma?
Ele não foi muito longe. Suas pernas cederam e ele caiu
de joelhos. Ele balançou a cabeça como um cão, em seguida,
tentou se levantar novamente.
— Aria! — eu gritei. E se isso não funcionar? E se o
nosso plano acabar antes de começar?
— Estou indo! — ela correu em minha direção com a
fita. — Agarre seus braços.
Eu tentei puxar os braços de Sandro por trás das costas,
mas ele era muito forte mesmo em seu estado atordoado. Ele
me sacudiu.
— Não é tranquilizante suficiente!
— Eu não quero feri-lo. — disse Aria em pânico.
Eu tentei segurar seus braços novamente, mas ele
conseguiu cambalear de volta a seus pés, me empurrando para
fora do caminho. Aria se moveu rapidamente e empurrou a
segunda seringa em sua perna. Desta vez, ele caiu de joelhos
quase que instantaneamente, em seguida, caiu para o lado.
Aria e eu fizemos um rápido trabalho de amarrá-lo, em
seguida, ela tocou sua garganta para sentir a pulsação.
— Ele está bem? —perguntei.
— Sim, parece que sim. Espero que eu não tenha
exagerado.
— Ele é um cara alto. Tenho certeza que ele vai ficar
bem. — eu me levantei. Aria fez o mesmo e, em seguida, ela
saiu correndo novamente. Poucos minutos depois, ela voltou
com uma enorme pilha de notas de dólar, bem como dois
passaportes. Por um momento eu pensei que ela tinha decidido
ir comigo e foi por isso que não havia apenas um passaporte,
então eu percebi o quão ridículo esse pensamento era.
— Aqui. — ela me deu tudo. — Aqui tem cerca de dez
mil dólares. Que deverá ajudá-la por um tempo, e dois
passaportes apenas no caso de ser necessário. Mas você deve
realmente se livrar deles uma vez que você estiver na Europa.
Enfiei tudo na minha bolsa, então peguei minha mala.
— Pronta? — perguntou Aria, hesitando.
— Tão pronta como eu nunca estarei. — ela não
retornou meu sorriso, apenas olhou para Sandro novamente
antes de colocar seu telefone no balcão. Eu fiz o mesmo para
os impedir o meu rastreamento.
Pegamos o elevador para baixo e chamamos um táxi. O
trânsito estava do nosso lado e nós paramos em frente ao
aeroporto JFK após 45 minutos.
Depois que nós tínhamos entrado na área do aeroporto,
fui direto para o balcão para comprar um bilhete só de ida para
Amsterdam enquanto Aria ficou para trás, a foto no passaporte
parecia mais com ela do que comigo e se colocasse uma do
lado da outra, ninguém seria enganado.
Eu cautelosamente deslizei o passaporte falso do outro
lado do balcão. A mulher mal olhou para a foto, apesar do fato
de que eu não tinha o cabelo loiro como a menina nela. Ela
provavelmente pensou que eu tinha os tingido de vermelho.
Vinte minutos depois, fui até Aria com o bilhete para a
liberdade na minha mão. Eu teria pensado que eu me sentiria
mais animada, em vez do meu estômago retorcer com tanta
força que eu estava preocupada em não vomitar, mas eu não
podia deixar Aria perceber.
— Então, como foi? — perguntou ela, nervosa.
Acenei o bilhete em resposta. — Ela nem sequer
perguntou sobre o meu cabelo.
— Isso é bom, mas quando você estiver em Amsterdã,
você precisa mudar a sua aparência.
Eu sorri, tocada por sua preocupação e, ao mesmo tempo
querendo saber se eu estava realmente fazendo a coisa certa.
Esta pode ser a última vez que veria Aria. Eu não podia sequer
imaginar um ano sem ela, muito menos o resto da minha vida.
— Não se preocupe.
Uma pequena parte de mim se perguntou como Matteo
se sentiria quando ele descobrisse. Eu não acho que o meu
desaparecimento faria mais do que ferir o seu orgulho. Isso
não era sobre amor, ou mesmo sentimento.
Aria olhou em direção à entrada principal novamente. —
Quando é que o seu voo sai?
— Em duas horas. Eu provavelmente deveria passar pela
segurança.
— Vou alugar um carro e conduzi-la para fora da cidade.
Luca vai pensar que você e eu fugimos juntas. Talvez isso vai
te dar um tempo a mais. A hora que você estiver fora do avião,
vá a um local seguro e coloque a peruca, no caso de já ter
alguém olhando para você no aeroporto de Schiphol.
Aria estava falando rápido, mas isso não me impediu de
perceber a forma como sua voz tremia. Ela estava tentando ser
forte por mim.
Eu passei meus braços em torno dela. — Muito obrigado
por ter arriscado tanto por mim. Eu amo você.
— Criarei um blog para nós conversarmos e postarmos
atualizações nos momentos que você tiver uma chance. Eu vou
me preocupar se eu não souber de você amanhã, o mais tardar.
— disse ela, seus dedos cavando em meus ombros. —
Prometa-me que vai ser feliz, Gianna. Prometa.
— Eu prometo. —Você poderia prometer algo assim
também? Meus olhos queimavam furiosamente, mas eu lutei
contra as lágrimas. Fui forte o suficiente sem me transformar
em uma bagunça chorando. Eu me afastei, e passei a mão
sobre os olhos.
Aria havia perdido a luta contra as lágrimas. — Se você
quiser voltar, vamos descobrir como você poderá viver aqui.
— Você mesma disse, não há como voltar atrás. — eu
disse, e, finalmente, a verdade afundou em mim. Era isso. Este
foi o adeus à vida que eu tinha conhecido, à minha família, à
minha casa, tudo. Eu dei um passo para trás de Aria, deixando
cair os braços. Ela me deu um sorriso encorajador. Eu
rapidamente me virei e corri para a verificação de segurança.
Se eu não deixasse Aria agora, eu perderia minha coragem. A
dúvida já estava corroendo minha decisão, mas esta era a
minha única chance. Eu tinha que levá-la adiante. Eu precisava
viver minha própria vida, precisava tomar minhas próprias
decisões, era necessário fugir aos horrores do nosso mundo.
O guarda de segurança não me barrou. Ninguém o fez.
Uma vez eu estava com a segurança, eu arrisquei outro olhar
sobre meu ombro para onde Aria estava. Ela levantou o braço
em uma onda antes que ela se afastasse rapidamente,
enxugando os olhos.
Eu a assisti desaparecer de volta. Meu coração estava
pesado, minha garganta apertada. Não era muito tarde ainda.
Eu ainda podia voltar. Poderíamos descobrir alguma
explicação ridícula para drogar Sandro. Nada estava perdido
ainda.
Olhei para o meu bilhete para Amsterdã, meu bilhete
para a liberdade, antes de eu ir para o terminal de embarque,
onde começaria em breve.
Enquanto eu esperava, eu continuei verificando meu
redor nervosamente, mas ninguém apareceu. E por que eles
viriam? Ninguém suspeitava de nada. Quando Sandro
finalmente acordasse em um par de horas e ligasse para Luca e
Matteo, eu estaria no avião.

Meu coração estava batendo na minha garganta quando


eu entrei no avião. Foi a minha primeira vez que eu viajaria
em classe econômica. Papai sempre tinha comprado bilhetes
de executiva ou primeira classe, quando não usava um jato
particular. Eu estava encravada entre um estranho, que insistia
em usar o meu apoio de braço, e a janela. Eu mal ousei
respirar até que finalmente estávamos no ar, e mesmo assim eu
continuei procurando um rosto familiar entre os outros
passageiros. Demorou um pouco antes de eu finalmente
resolver relaxar no meu lugar. Agora que não havia como
voltar atrás, um lampejo de emoção misturou com a minha
ansiedade. Esta era a minha vida e eu estava finalmente
pegando em minhas próprias mãos, finalmente tomando de
volta do controle de quem tinha governado todos os aspectos
da minha existência até agora. Eu estava indo ser livre.

MATTEO
O telefone de Luca tocou. — Sim, Romero? — silêncio.
— Repita isso.
Eu estava verificando os ganhos do mês passado nos
nossos clubes em Manhattan, mas percebi a tensão na voz de
Luca. Sua expressão me fez fechar o laptop. — O que está
acontecendo?
Luca ficou de pé. — Romero encontrou Sandro drogado
e amarrado no chão do apartamento de cobertura. Aria e
Gianna se foram.
Eu me endireitei. — Você está brincando porra.
— Você acha que eu brincaria com algo assim? — ele
rosnou no meu rosto.
Eu olhei de volta. — Eu achei que Aria estava
apaixonada por você.
Por um momento Luca parecia que ia me dar um soco.
Então ele se virou e saiu do porão do Sphere. Corri atrás dele.
— Isso é culpa de Gianna. Esta menina é a raiz de todos os
problemas. Por que você não podia ficar longe dela como eu te
disse, porra? — ele murmurou.
Se ao menos eu soubesse. Por alguma razão, eu não
conseguia tirá-la da minha cabeça. E agora ela fugiu. De mim.

— Sinto muito, chefe. — disse Sandro novamente, meio


debruçado no sofá de Luca, com olhos semiabertos.
Eu queria fodidamente matá-lo por deixá-la fugir. Eu
nunca deveria deixá-la fora da minha vista. Levantei-me e
comecei a caminhar pela sala novamente, meus olhos correndo
até a porta do quarto. Luca havia desaparecido com Aria há
mais de vinte minutos. Ela não tinha fugido. Isso tudo tinha
sido um show. Ela ajudou a fuga da minha noiva, mas ela
voltou para Luca. Ela voltou.
Normalmente, eu não duvidava da habilidade de Luca
para conseguir informações de qualquer um, mas era Aria, e
Luca não iria machucá-la. Nem mesmo por mim, nem mesmo
quando ela era a única pessoa que poderia me ajudar a
encontrar minha noiva.
— Eu não deveria ter tirado a manhã de folga. — disse
Romero de seu lugar na poltrona.
— Um guarda-costas deveria ter sido suficiente. Eu
deveria ter sido o suficiente. Elas eram apenas garotas. —
Sandro murmurou.
Eu não disse nada. Eu estava muito chateado. Meu pulso
estava batendo em minhas têmporas. Eu queria destruir cada
pedaço de merda do mobiliário em pequenos pedaços. A porta
do quarto se abriu e finalmente Luca desceu as escadas. A
partir do olhar em seu rosto eu sabia que eu não gostaria do
que ele tinha a dizer.
— Não me diga que você não conseguiu nada com ela.
— eu rosnei.
Luca fez uma careta. — A única coisa que sei é que
Gianna tomou um avião do JFK. Aria não vai me dizer nada,
mas nossos informantes vão me deixar saber qual o plano da
Gianna em breve.
— Ótimo. — eu murmurei. — E então o que? Aria
conhece o plano de Gianna. Elas contaram tudo uma a outra. A
única maneira de encontrar Gianna é através de sua esposa.
— Ela não vai me dizer nada.
Eu tentei passar por ele. — Então deixe-me falar com
ela.
Luca agarrou meu braço e me empurrou para trás. —
Você vai ficar longe dela, Matteo.
—Você a deixa roubar seu dinheiro, seus passaportes.
Você a deixa atacar nossos homens, deixa te fazer de idiota e
te trair. Você deveria puni-la. Você é o Capo.
Os olhos de Luca brilharam. Eu estava andando sobre
gelo fino, mas eu não dou a mínima.
— Aria é minha esposa. Não é problema seu como eu
lido com ela. Eu te disse que Gianna significava problemas,
mas você não quis escutar. Você nunca deveria ter pedido a
mão dela. — ele rosnou.
Meus dedos apertavam minhas facas. Eu virei de costas
para ele e sai para o jardim do terraço. Eu precisava me
refrescar antes de atacar meu próprio irmão. Luca e eu
tínhamos lutado ocasionalmente quando éramos mais jovens,
mas nunca tinha sido real. Eu tinha a sensação de que uma luta
entre nós não acabaria bem hoje. Nós dois estávamos
regiamente chateados e cuspindo sangue.
Eu apoiei meus braços contra o corrimão e deixei meus
olhos vaguearem sobre Nova York. Gianna estava
escorregando pelos meus dedos. A cada segundo que passava
ela estava trazendo mais distância entre ela e eu. Uma vez que
ela desembarcasse onde quer que fosse, ela não pararia de
correr até que ela tivesse certeza que ela estava segura. Ela
estaria sozinha, desprotegida. E se alguma coisa acontecesse
com ela?
Ouvi passos atrás de mim e eu fiquei tenso, mas não
olhei por cima do meu ombro. Luca parou ao meu lado. — Eu
liguei para Scuderi. Ele está furioso e nos culpa, é claro.
— Claro. — eu disse calmamente.
— Ele está enviando dois de seus homens atrás de
Gianna.
— Eu irei com eles.
— Eu imaginei que você iria. Eu disse isso a Scuderi.
Você vai encontrá-los em Amsterdam.
Eu me virei. — Amsterdam?
Luca assentiu. — Eu soube que ela pegou um avião para
Schiphol.
— Quando eu saio? — eu perguntei, a emoção da caçada
iminente se espalhando em minhas veias.
— Quatro horas.
— Eu preciso sair mais cedo.
— Impossível. Eu tentei tudo o que pude.
— Caramba. Gianna terá fugido quando eu chegar.
— Você vai encontrá-la. Você é o melhor caçador que eu
conheço. Ela não tem chance.
Eu bati em seu ombro. — Você me deixou ir, mesmo que
você precise de mim aqui.
— Você não seria de muita utilidade para mim, se tudo
que você pode pensar é em Gianna.
— Pode levar semanas. — eu disse. — Eu não vou
voltar até que eu a pegue.
— Eu sei. Se Aria tivesse fugido, eu teria feito o mesmo.
Eu balancei a cabeça. Eu não pararia até que Gianna
fosse minha. Eu não me importava se eu tivesse que procurar
em todo o mundo, se eu tivesse que remover cada pedra, se eu
tivesse que arrancar informações de cada pessoa do caralho em
Amsterdam, eu encontraria Gianna.
Capítulo sete
GIANNA
Eu mal consegui dormir nas seis horas que levou para o
avião chegar a Amsterdam. A preocupação com Aria havia
tomado o lugar de me preocupar em ser pega. Tinha certeza de
que Luca não iria ver suas ações como traição, mas e se ela
estivesse errada? Deus, o que eu fiz? Eu não deveria ter
envolvido ela, não deveria nem mesmo ter dito a ela sobre
minha intenção de fugir.
Quando eu finalmente saí do avião e tinha passado com
sucesso pela imigração, eu escorreguei para o primeiro local
que eu encontrei e me tranquei em uma das cabines pequenas.
Na parte inferior da minha bolsa estava a peruca que Aria
tinha me dado. Era longa e loira. Ninguém iria ser enganado,
mas só teria que ficar com ela até que eu pintasse meu cabelo
mais tarde.
O medo entupiu minha garganta quando eu fui para a
área de espera, meio que esperando que alguém de Nova York
ou Outfit estivessem me esperando, mas isso era impossível.
Mesmo se Matteo tivesse descoberto onde eu estava até agora,
eu tinha quase certeza de que a Cosa Nostra não têm relações
estreitas com quaisquer sindicatos do crime nos Países Baixos,
e que seria necessário algum tempo para mafiosos da Sicília
viajarem para Amsterdam. Por enquanto eu estava segura.
Pelo menos até que o próximo avião da Costa Leste
aterrissasse em Schiphol, o que seria o caso em poucas horas.
Eu rapidamente sai do aeroporto com a minha mala,
dominada pelo som de pessoas falando em línguas que eu não
entendia. Eu sabia algumas palavras em holandês, mas não me
incomodei em aprender a língua, os Países Baixos nunca
tinham sido considerados mais do que uma conexão.
Tomei um táxi e pedi para me levar a um hotel de classe
média não descrito na cidade onde eu reservei seu quarto mais
barato. Apesar de sentir me cansada da longa viagem e do voo,
eu só deixei minha mala no quarto antes de me aventurar
novamente para comprar alguns itens que eu precisava.
Duas horas depois eu estava de volta no meu quarto
pequeno com tintura marrom de cabelo, tesouras, um par de
roupas novas que ajudaram a me encaixar melhor do que
minhas roupas de grife supercaras, bem como um telefone
celular pré-pago e um pequeno laptop. Depois que eu conectei
o meu laptop com a internet sem fio do hotel e configurei o
blog que Aria e eu fizemos, eu escrevi um post curto, dizendo
que uma nova jornada havia começado e que eu tinha chegado
em segurança ao meu destino. Era tudo um pouco enigmático
e ninguém provavelmente leria o meu blog, exceto Aria. Eu
resisti à vontade de escrever algo mais pessoal, ou pior usar o
meu novo telefone para ligar para ela. Eu queria ouvir a voz
dela, queria saber se ela estava bem, mas eu não podia arriscar.
Mesmo este blog já era arriscado. Em vez disso eu escorreguei
até o banheiro e mudei o meu cabelo.
Duas horas mais tarde, eu olhei para o meu novo reflexo
no espelho. Minha cabeça estava marrom caramelo e eu cortei
meu cabelo mais curto, chegando no meu queixo. É claro que
não impediria as pessoas de me reconhecerem de perto, a
menos que eu pagasse um cirurgião para refazer o meu rosto,
que eu não tinha intenção de chegar a tanto, um novo corte de
cabelo teria de ser suficiente. Eu só tinha que me deslocar de
cidade para cidade até que eu tivesse certeza de que Matteo
tinha se mudado para outro destino e eu estava segura. Isso
provavelmente levaria um tempo. Matteo tinha me dito, várias
vezes, que ele não me daria folga e eu tinha a sensação de que
ele quis dizer isso.
Eu não daria a ele uma chance para me pegar. Amanhã,
eu deixaria Amsterdam e iria para Paris, e quem sabe onde eu
estaria no dia seguinte? Este era um novo começo com
infinitas opções.
Olhei para o teto branco de meu quarto de albergue. Eu
tinha vivido em vinte lugares diferentes nos últimos três
meses, nunca ficando em qualquer lugar por mais de uma
semana. Às vezes, quando eu acordava de manhã eu não tinha
certeza de onde eu estava, às vezes eu até mesmo pensava que
eu estava de volta a Chicago, e às vezes eu me encontrava
desejando isso. Não é pelo meu papai e as regras do nosso
mundo, mas por Fabi, Lily e Aria, e às vezes até por minha
mãe.
Sentei, gemendo, e relembrando meu hábito matinal de
não me esquecer do meu pseudônimo atual e tudo o que
englobava nisso antes de eu sair da cama. Era quase meio-dia.
Eu ainda não tinha descoberto qualquer tipo de rotina. A
maioria dos dias eu passava explorando a cidade onde eu
estava enquanto olhava sempre ao meu redor. Este medo de ser
seguida, de ser caçada, nunca vai parar? Eu duvidava. Sempre
que eu via homens em lugares escuros, me enchia de pânico.
Eu tinha perdido a conta das vezes que eu imaginava que eu
tinha visto Matteo com o canto dos meus olhos.
Eu não tinha feito nenhum amigo de verdade, no
entanto, não era tão surpreendente. Eu nunca fiquei em
qualquer lugar o tempo suficiente para construir uma conexão.
O que foi melhor de qualquer maneira. Eu não podia arriscar
ficar perto de ninguém. Isso não significava que eu estava
sozinha. Eu sempre fiquei em albergues da juventude, e
conheci pessoas de todo o mundo. É claro que eu não poderia
dizer a eles qualquer coisa sobre mim, nem mesmo o meu
nome. Atualmente eu me chamava Liz, abreviação de
Elizabeth, e estava gastando meu ano antes da faculdade no
exterior com viagens pela Europa. Isso foi muito bonito,
minha reportagem de capa, onde quer que eu fosse, só o meu
nome seria alterado.
Mentir para todos vinte e quatro horas por dia não era
exatamente fácil e não me deixava ter uma amizade duradoura.
Eu abri meu laptop e verifiquei meu blog, que eu ainda
atualizava quase todos os dias, mesmo que eu não tinha
conseguido um comentário de Aria em semanas. 31 dias para
ser exata. Meus olhos dispararam para o meu celular na mesa
de cabeceira. Como tantas vezes recentemente senti o desejo
quase irresistível de ligar pra ela e descobrir o que estava
impedindo-a de visitar o meu blog. Eu tinha a sensação de que
era para minha segurança. Em seu último comentário ela me
avisou — para não perder tempo em um ponto porque não
havia muito para explorar na Europa. — Eu tinha tomado isso
como um indício de que Matteo poderia estar atrás de mim e
tinha saltado de cidade em cidade nas últimas semanas, nunca
ficando em qualquer lugar mais do que um ou dois dias, mas
eu estava ficando cansada de correr constantemente. Eu tinha
perdido peso, e a maioria das minhas roupas parecia como se
pertencesse a outra pessoa. Eu queria me estabelecer
novamente, encontrar um lugar para chamar de meu.
Eu me vesti e coloquei minhas roupas em minha
mochila. Eu tinha me livrado da minha mala depois de quatro
semanas. Não era prático arrastar uma mala pesada para onde
eu fosse. Eu não precisava mais dos meus pertences de
qualquer maneira. Quando que eu usaria vestidos de noite e
Louboutins de salto alto novamente? Essa vida tinha acabado.
Fiquei olhando para minha mochila gasta, meus tênis e jeans
baratos, e por um momento ansiei por algo que eu pensei que
nunca surgiria em mim. Quando eu tinha decidido fugir da
máfia, eu sabia que eu perderia os meus irmãos horrivelmente,
e até agora nem um único dia eu não tinha considerado voltar
para Chicago só para vê-los novamente, para falar com Aria
novamente, ter um lar estável novamente, mas até agora eu
tinha conseguido não perder os luxos que a minha antiga vida
tinha me proporcionado, pelo menos não até agora. Então, por
que de repente eu perdi as coisas que eu tinha desprezado?
Tudo que eu tinha, tinha sido pago com dinheiro de
sangue, e até mesmo o meu voo, até este ponto tinha sido
financiada dessa forma. Mas eu estava assustadoramente com
pouco dinheiro e teria de encontrar um emprego no próximo
lugar que eu ficasse, embora isso significaria ficar mais tempo
do que apenas um par de dias, a menos que eu tentasse ser
uma batedora de carteiras, o que não seria realmente uma
grande melhoria sobre o dinheiro da máfia, exceto que
ninguém seria morto por isso.
Eu balancei minha mochila sobre meu ombro e sai do
meu quarto pequeno. Quinze minutos mais tarde, eu tinha
saído e deixei meu álter ego ‘Liz, abreviação de Elizabeth’
para trás. Eu me tornaria alguém nova no meu próximo
destino. Talvez uma Megan. Era agosto, mas as nuvens
estavam pesadas, drapeadas sobre Viena, enquanto me dirigia
em direção à estação de trem. Eu amei os edifícios régios mas
era hora de seguir em frente e partir para a Áustria. Eu estava
vivendo no mesmo país por quase duas semanas e estava
ficando impaciente.
Depois que eu embarquei no trem para Berlim, eu
verifiquei o meu telefone, um hábito estúpido que eu ainda não
tinha desapegado. Eu nunca recebi uma mensagem de
ninguém. A data me trouxe uma lembrança. 15 de Agosto. O
dia em que deveria me casar com Matteo.
Indesejavelmente, o beijo que tínhamos compartilhado
brilhou em minha mente e um pequeno arrepio percorreu ao
meu redor. Eu tinha beijado três caras desde que eu cheguei na
Europa, todos eles estrangeiros bonitos que não estavam
interessados em qualquer coisa duradoura, assim como eu,
mas nenhum daqueles beijos tinham chegado perto do que eu
tinha sentido quando beijei Matteo. Talvez fosse porque ele
tinha mais prática do que qualquer outro cara. Matteo era um
gigolô, não havia nenhuma dúvida sobre isso.
Mas o que mais me preocupava era que eu me vi
comparando cada cara que eu conheci com Matteo. Eles não
eram de tão boa aparência, tão interessantes, eles não tinham
conteúdo, e mais importante ainda, estar com eles não me dava
qualquer emoção. Me incomodava pra caramba, apesar de
estar esperançosamente há milhares de milhas de distância de
Matteo, que ainda tinha algum poder sobre mim. Eu desejei
nunca tê-lo beijado, então eu não teria esse problema.
Eu só tenho que encontrar um cara legal que poderia me
fazer esquecer Matteo e seu sorriso irritantemente sexy e
arrogante. Talvez o meu próximo destino, Berlim, iria me
ajudar com isso.

Eu só fiquei quatro semanas em Berlim antes de decidir


seguir em frente. Algo não me fazia sentir bem, ou talvez eu
não estava acostumada a ficar em um lugar por um longo
período de tempo mais. Pelo menos eu tinha trabalhado como
garçonete nas últimas três semanas e consegui ganhar algum
dinheiro. Não era muito, mas o suficiente para comprar a
minha passagem de trem para Munique e comida para o
próximo par de dias. Eu não tenho mais nada para gastar em
um quarto de hotel, de modo que era um grande problema.
Eu tinha gastado muito no início da viagem, sem nunca
ter aprendido a ser econômica. O dinheiro nunca tinha sido um
problema pra mim. Se havia uma coisa que as mulheres da
máfia nunca tiveram de renunciar, era o dinheiro. Eu era uma
criança mimada, que veio perceber isso da pior forma.
No momento em que cheguei a Munique, eu sabia que
isso poderia funcionar. Eu amei tudo na cidade, mas ainda
havia o problema de eu não ter dinheiro para pagar por um
quarto. Eu não queria passar a noite nas ruas. Eu não tinha
certeza do quão seguro seria. Enquanto eu caminhava pelo
centro da cidade, eu notei algumas pessoas cantando e tocando
instrumentos, e eles pareciam fazer um dinheirinho rápido com
isso. Havia sempre um monte de moedas de euro nos chapéus
que eles colocam no chão.
Eu poderia tocar piano. Papai tinha forçado Aria, Lily e
eu a termos aulas a partir do momento em que podíamos falar,
mas eu não tinha nem um piano, nem um teclado que eu
poderia usar para fazer música. Eu tinha uma voz decente,
definitivamente nada para me animar tanto, mas, pelo menos,
eu não fazia as pessoas quererem tampar os seus ouvidos.
Talvez valha a pena tentar.
Um grupo de três meninas com cabelos coloridos estava
cantando e tocando violão na próxima esquina, e eu fui até
elas. Quando elas finalmente fizeram uma pausa, eu me
aproximei. Eu realmente esperava que elas falassem inglês.
Eles olharam para a mim. — Ei. Eu queria saber se vocês
sabem de algum lugar onde eu poderia fazer o que vocês
fazem e cantar para as pessoas? Estou sem dinheiro e isso é a
minha única chance de pagar um quarto hoje à noite.
As meninas trocaram um olhar e eu estava meio
convencida de que elas não tinham me entendido quando a
menina com o cabelo azul curto disse com um sotaque que eu
não conseguia decifrar. — Você precisa de uma permissão. As
autoridades são bastante rigorosas em Munique. Eles vão
multar você se você tocar música ou qualquer outro tipo de
arte nas ruas sem permissão.
— Droga. É fácil conseguir uma permissão?
A menina de cabelos rosa balançou a cabeça. — Não.
Eles só distribuem algumas permissões e se certificam que
você é capacitada para cantar e tocar instrumentos, na verdade,
antes deles permitirem que você faça música aqui.
Suspirei e caí contra a parede do edifício. As três
meninas trocaram um outro olhar, então sussurraram em uma
linguagem que definitivamente não era alemão antes de se
virarem para mim. — Estamos compartilhando um pequeno
apartamento. Se você quiser, pode dormir no sofá na sala de
estar até encontrar um emprego e poder pagar o seu próprio
lugar.
Meus olhos se arregalaram. — Sério?
A menina de cabelo azul assentiu com um sorriso. —
Você é uma mochileira, certo?
— Sim. Viajando pela Europa antes da faculdade.
— Somos todas da Croácia, mas nós estamos passando
os últimos meses em Munique. Você vai adorar. — a menina
de cabelo rosa perguntou. — Então, qual é o seu nome?
Eu hesitei por um momento antes de decidir quem eu
queria ser. — Gwen.
Talvez Munique finalmente se tornasse um lugar que eu
poderia ficar e descobrir o que eu faria com o resto da minha
vida.

O que era para ser por alguns dias, tinha se transformado


em dois meses. Eu ainda estava dividindo um apartamento
com as três meninas loucas da Croácia. Nós nos tornamos
amigas e eu pago o aluguel pelo meu lugar no sofá. É claro
que cada parte da minha vida foi construída sobre mentira
após mentira, mas às vezes eu quase esqueci que eu não era
quem eu fingia ser. Eu mesma encontrei um emprego como
garçonete em um café que atendia principalmente os turistas e
meu alemão tinha melhorado muito.
Agora que eu finalmente encontrei um lugar onde eu
queria ficar, eu decidi viver uma vida real. Quando minhas
companheiras de casa me apresentaram a Sid, um colega
músico do Canadá com longos dreadlocks, eu sabia que ele era
alguém que eu poderia me acostumar, e talvez até mesmo me
fazer esquecer aquele beijo estúpido que eu tinha
compartilhado com Matteo.
Sid não se parecia em nada como Matteo. Ele não era
como os homens do mundo que eu tinha crescido. Ele era um
vegano, idealista amante da paz, e ele nunca hesitou em
convencer os outros sobre seus ideais. Ele poderia passar horas
falando sobre os horrores de explorações leiteiras e os perigos
1
da NRA . Às vezes eu me perguntava o que ele diria se
soubesse quem eu era.
Este mundo, renovador e idealista era sua máscara, eu
percebi. Talvez todos usassem algum tipo de máscara. O que
tinha sido uma novidade cativante no início, rapidamente
começou a me irritar. Eu ainda não poderia romper com Sid
porque pareceria o fracasso final. Se até mesmo alguém como
Sid não poderia me impedir de pensar em Matteo, o que
poderia?
A mão de Sid rastejou sob minha camisa, em seguida,
tirou meu sutiã. Eu fiz um som de protesto. Nós estávamos na
sala do meu apartamento compartilhado, por isso, se uma das
minhas companheiras de casa voltasse, elas veriam o show.
Seus dedos eram ásperos de tocar guitarra. Ele me empurrou
para baixo até que eu estava deitada de costas e ele estava
meio em cima de mim. Sua língua parecia ocupar muito
espaço na minha boca e ele tinha gosto de quem fumava. Por
que eu pensei que um fumante era quente? Talvez na teoria,
mas o sabor e cheiro não eram algo que me animava. Ele
começou a desabotoar minha calça jeans e continuou
esfregando seu pau contra a minha perna como um cão com
tesão.
— Eu quero você, Gwen. — Sid murmurou, já tentando
empurrar minhas calças para baixo das minhas pernas. Gwen.
Pela primeira vez, o nome não me fez pausar. Dois meses
usando o mesmo nome parecia ser a barreira mágica para me
acostumar a uma nova identidade. Pena que eu tenho a
sensação de que eu não iria usá-lo por muito mais tempo.
Munique estava ficando muito confortável, e Sid estava
simplesmente ficando demais. Ele estava sendo muito
agressivo.
— Ainda não. — eu cerrei fora, tentando esconder meu
tédio e aborrecimento. Não era culpa dele que eu não estava
inteira em nossas sessões de amassos. Nós estávamos saindo
por quase quatro semanas, então não era realmente tão
surpreendente que ele queria dormir comigo. E eu não tinha
certeza por que inferno estava me parando. Sid não era um
cara mau. Ele poderia ser engraçado depois que ele tinha
bebido umas cervejas ou algumas tragadas de maconha, e
quando tocava sua guitarra não era nem metade de ser ruim. E
ainda assim eu não queria me comprometer totalmente com
essa relação, não queria dar mais um passo. Antes de eu ter
fugido de casa, eu pensei que eu ia pular na cama com cada
cara que eu conhecesse uma vez que eu estivesse livre dos
meus guarda-costas, de Matteo e meu papai, mais do que
qualquer outra coisa, então o que me fazia parar?
— Vamos, Gwen. Eu vou fazer isso bom para você. —
disse ele, enquanto tentava enfiar a mão em minha calcinha.
Eu apertei minhas pernas fechadas e empurrei a mão
dele. Eu não queria que ele me tocasse lá. Por alguma razão, a
ideia de que ele seria o primeiro a fazer isso me deixou mal.
— Eu realmente não estou no clima. E eu estou no começo do
meu período. — eu disse para impedi-lo de querer ir mais a
diante. Foi uma porra de uma mentira. O estresse dos últimos
meses tinha praticamente me impedido de ter um período
muito regular.
Mas ele não sabia disso. Eu só queria que esta sessão de
amasso parasse, para que eu pudesse pegar o meu laptop e
descobrir para onde fugir. Sid encontraria uma nova garota
rapidamente. Seu sotaque canadense era bonito, sua natureza
descontraída e seus dreadlocks faziam um enorme sucesso
entre as meninas alemãs.
Ele nem sequer se preocupou em esconder seu
aborrecimento, que por sua vez realmente me fez querer
empurrá-lo e dizer a ele que tinha acabado. — Você nunca está
de bom humor. — Sid resmungou. — Bata uma pra mim, pelo
menos.
A raiva passou por mim por sua ousadia. Como eu não
reagi, ele pegou minha mão e apertou contra a protuberância
em suas calças. Onde estava o idealista amante da paz agora?
Com um estrondo, a porta se abriu. Antes que Sid ou eu
pudéssemos nos mover, três homens entraram. Matteo era um
deles. Oh Caramba.
Capítulo oito
GIANNA
Matteo entrou na frente, com o cabelo escuro, sujo e
molhado da tempestade furiosa lá fora, sua camisa branca
grudado na parte superior do corpo. Naquele momento, eu
quase me senti boba por pensar que eu poderia esquecê-lo. Ele
era mais homem do que todos os caras que eu conheci
combinados. Seus olhos escuros fixaram em mim, então na
minha mão, que ainda estava pressionada contra a virilha de
Sid. Realmente não precisava dizer nada, seu rosto estava
contorcido de fúria.
— Que porra é essa? —Sid gritou.
— Cale-se, cale-se — eu queria gritar. Eu não tive a
chance. Matteo atravessou a sala em poucos passos, agarrou
Sid pelo braço e o tirou de cima de mim. Sid caiu no chão, se
retorcendo de dor. Matteo se elevou sobre mim, as narinas
dilatadas, os olhos quase pretos, e um olhar neles que me fez
querer me esconder. Encontrei seu olhar. Ele era assustador.
Meu medo era algo que eu nunca daria a ele.
Sid tropeçou em seus pés e quase perdeu as calças. Ele
deve ter aberto em algum momento para tornar mais fácil para
mim. Ele foi em direção a Matteo. Eu pulei para os meus pés,
sabendo que eu tinha que intervir antes que as coisas ficaram
ainda piores.
— Saia do apartamento ou eu vou chamar os policiais de
merda, — disse Sid.
Deus, não.
Matteo me enviou um olhar que me fez perceber o quão
perigoso essa situação era. Não para mim, mas para alguém
que nunca deveria ter se arrastado para a porra da miséria que
era a vida na máfia.
— Ele não quis dizer isso. — eu soltei.
Sid olhou. — Que porra, eu quis. — no momento, ele
parecia ter esquecido seus ideais pacifistas.
Matteo não tinha puxado suas armas ainda. Eu queria me
convencer de que era um bom sinal, mas um vislumbre dos
dois homens com ele fez meu coração despencar em meus
sapatos. Ambos eram homens de meu papai e eles já tinham
fechado a porta e estavam de pé ao lado dele com rostos
inexpressivos. Uma porta fechada nunca era uma coisa boa.
Nada que eu dissesse mudaria as suas mentes, porque eles
estavam agindo sob as ordens de meu papai. Eles fariam o que
ele lhes dissesse. Havia apenas uma pessoa que poderia me
ajudar agora.
Sid foi em direção ao rosto de Matteo como se quisesse
dar um soco nele. Matteo nem sequer se virou, só olhou para
Sid com o olhar mais assustador que eu já vi nos olhos de
alguém. Mesmo sem saber quem era Matteo, Sid deve ter
percebido o quão perigoso o homem à sua frente era. Sid deu
um passo para trás, seus olhos arremessando entre Matteo e
eu. Eu fiz um movimento e me coloquei entre Matteo e ele. —
Ele não sabe de nada. Por favor, apenas deixe-o sair.
Os homens de meu papai riram e um deles murmurou
algo que soou notavelmente como ‘puta’. A expressão de
Matteo escureceu ainda mais. Os homens de meu papai
estavam assistindo ele com expectativa. Eu tinha insultado
Matteo fugindo, e pior por estar com outro homem. Em nosso
mundo só havia uma coisa que um homem na posição de
Matteo poderia fazer para proteger sua honra. Eu sempre tinha
visto Matteo com alguma variação de um sorriso arrogante em
seu rosto, mas não havia nenhum vestígio de diversões agora.
— Eu provavelmente deveria ir. — disse Sid de repente,
recuando. — Isso não tem nada a ver comigo.
Covarde. No momento em que o pensamento passou
pela minha cabeça, eu me senti mal. Correr era realmente a
única coisa sensata para ele fazer. Ele não podia me proteger
de Matteo ou dos homens de meu papai, mas ele nem sequer
tentou algo, eu nunca entenderia.
Um dos homens de meu papai, Stan ou algo assim, se eu
me lembrava corretamente, agarrou Sid pelos braços. Sid
começou a lutar como um homem louco, mas era óbvio que
ele nunca tinha entrado em uma briga em sua vida. Stan riu,
puxando os braços de Sid, em seguida, bateu os joelhos nas
suas costas. Com um grito, Sid caiu de joelhos, e só voltou
ficar de pé, com a ajuda de Stan.
— Ei! Pare com isso. — eu gritei, querendo correr em
direção a eles, mas Matteo pegou meu braço, me empurrando
até parar. Virei para ele, à beira de rosnar em seu rosto, mas
me contive. Ele era a única chance de Sid, independentemente
de quão ridículo parecia.
— Por favor. — eu disse, apesar de que apelar, deixava
um gosto amargo na boca. Os olhos escuros de Matteo nem
sequer piscaram quando ele olhou para mim. Esperando que
ele me ajudasse depois do absurdo que eu tinha feito. — Não o
matem. Basta deixá-lo ir. Ele não é um perigo.
— Você quer que eu poupe o filho da puta que tinha a
porra das mãos sobre você? Você deixa esse otário mexer no
que é meu e você quer que eu o deixe ir embora? Isso é o que
você quer de mim? — Matteo perguntou com uma voz
perigosamente calma.
Eu engoli uma réplica desagradável. Eu não era dele,
nunca seria. Nada do que eu tinha feito com Sid era da conta
de Matteo. Mesmo que eu tivesse fodido com Sid, ainda não
era da porra da sua conta. Mesmo se eu tivesse fodido cada
indivíduo, cada um que eu conheci, ainda não teria sido o seu
negócio. Eu precisava dizer a ele que eu não tinha dormido
com Sid. Talvez fosse aplacá-lo se ele soubesse que eu não
tinha dado tudo. Seu ego adoraria que ainda havia algo que ele
poderia tirar de mim. O orgulho manteve meus lábios selados.
— Nos deve a cabeça dele. Alguém pode ter ouvido
quando chutou a porta. Vamos nos livrar deste imbecil e seguir
em frente. — disse Stan, batendo o joelho nas costas de Sid
novamente. Os olhos de Sid eram enormes quando eles
esvoaçavam e iam para trás entre nós.
— Silêncio. — Matteo disse rispidamente e Stan estalou
os lábios fechados.
Estendi a mão para o braço de Matteo, meus dedos
cavando o material úmido de sua camisa, sentindo os
músculos rígidos por baixo. Eu tive que engolir meu orgulho
porra se eu queria salvar a vida de Sid. — Matteo, não é…
Minhas palavras foram interrompidas pelo crack sonoro
de um tiro disparado. Eu congelei, meus olhos voando para a
fonte do barulho. O outro homem estava com uma Glock com
silenciador no ponto onde a cabeça de Sid estava momentos
antes. Ele estava caído para a frente, cabeça pendurada e o
sangue pingando no chão. Stan soltou os braços de Sid. O
corpo tombou e caiu no chão com um baque retumbante. Eu só
olhei. Lentamente, minha mão deslizou do braço de Matteo.
— Eu te dei ordem para matá-lo? —Matteo rosnou.
— Este é um negócio do Outfit. Enquanto ela não é
casada com você, ela cai sob nossa jurisdição e por isso o
idiota pagou. — Stan chutou Sid. Eu vacilei. Dentro de mim,
havia uma besta enfurecida, querendo arrancar a porra dos
olhos de Stan fora, querendo matar todos, mas eu estava
paralisada.
Havia sangue espalhado por toda a cabeça de Sid,
absorvido pelos seus dreadlocks. Meu estômago se contraiu.
Eu tinha visto tanto sangue apenas três vezes antes. A primeira
vez quando Luca cortou o dedo de Raffaele, pela segunda vez,
a camisa de Luca depois que ele lidou com o cara que tinha
drogado Aria, e pela terceira vez quando os russos nos
atacaram. Isso não fica mais fácil como algumas pessoas
disseram, e era o que eu suspeitava. Eu tinha a sensação de
que nunca seria fácil.
Stan apontou para mim. — E quanto a outras
testemunhas? Você não vive aqui sozinha.
Pisquei, o terror tomando conta de mim que eu mal
podia respirar. Eu não podia deixá-los matar as minhas
companheiras de casa também. As meninas tinham sido
apenas gentis comigo. Elas não mereciam isso. Meus olhos
encontraram Matteo. Seu olhar procurou meu rosto antes dele
se virar para os homens de meu papai. — Terminamos por
aqui.
Stan parecia que ia protestar, mas o outro cara cutucou
seu ombro. Com um olhar para mim, Stan abriu a porta e
verificou o corredor. — Limpo. Vamos lá.
Virei para ver o corpo de Sid novamente. Matteo passou
um braço em volta da minha cintura. Eu não me mexi. Eu não
conseguia desviar os olhos de Sid como se a minha atenção
fosse a única coisa que o ancorava à vida. Ele estava muito
longe. Pedaços de seu cérebro pontilhavam o mar vermelho no
chão.
Matteo me guiou para a porta, em seguida, para o
corredor. Stan estava na frente de nós, enquanto o outro
homem ficou atrás. Cercada. Eu estava cercada. Eu deveria ter
tentado fugir. As chances sempre tinha sido contra mim.
Nunca fui detida assim antes. Talvez esta era a minha última
chance de escapar. Uma vez de volta aos Estados Unidos, eu
estaria presa. Desistir não estava em minha natureza. Eu
sempre lutei minhas próprias batalhas, mas até agora só eu
tinha pago o preço pela minha coragem. Hoje à noite, um
inocente, alguém que nunca havia sido manchado pela
escuridão do meu mundo tinha pago com sua vida por meus
sonhos, por meu desejo pela liberdade, pelo meu egoísmo. Eu
pensei que eu poderia fugir do destino, poderia fugir de um
mundo de sangue, mas tinha inadvertidamente arrastado
inocentes para esse mundo.
Eu poderia viver com isso?
Eu não tinha certeza.
Talvez tenha sido a nossa natureza trazer miséria e morte
a todos ao nosso redor. Talvez fosse por isso, que era melhor
para nós ficar entre nós. Aria não tinha dito algo nesse sentido
há muito tempo atrás?
Aria. Eu finalmente a veria novamente. Essa foi a boa
notícia que eu estava me agarrando a agora. Ela me ajudaria a
passar por isso. Ela sempre esteve ao meu lado.
O aperto de Matteo no meu pulso era doloroso. Seus
olhos tinham uma mensagem clara, agora que ele me pegou,
ele nunca iria me deixar ir embora novamente.

Tudo parecia acontecer por trás de uma névoa. Eu fui


empurrada para a parte de trás de um carro e Matteo deslizou
para o banco traseiro ao meu lado, então nós dirigimos para
fora com os pneus cantando. Eu assisti o lugar que eu tinha
chamado de casa nos últimos dois meses desaparecer. Eu
pressionei minha testa contra a janela fria. Mal me atrevia a
piscar. Toda vez que eu fechava os olhos, uma cor carmesim
brilhava atrás de minhas pálpebras. Sid foi morto por minha
causa.
Eu podia ouvir Matteo conversando com alguém no
telefone no fundo, mas eu não conseguia me concentrar. Tudo
estava acabado. Ele iam me levar de volta para o meu papai
agora, e eu não tinha dúvida de que eu não poderia esperar
qualquer tipo de misericórdia. Eu tinha traído não só os Outfit,
mas também a máfia de Nova York, tinha feito o meu papai e
Matteo perderem a paciência. Olhei para Matteo que estava
olhando para a parte de trás do banco da frente. Eu
rapidamente prendi meu sutiã de novo e o coloquei de volta no
lugar. Claro que Matteo notou.
Eu poderia dizer que ele estava furioso. Eu me
perguntava que tipo de punição que ele tinha em mente para
mim. Eu tinha estado correndo por seis meses. Ele não poderia
me querer por qualquer outra razão do que a vingança. Eu
conhecia as regras. Eu não era mais digna do casamento.
Matteo provavelmente já tinha uma nova noiva e uma vez que
ele se vingasse, ele seguiria em frente com sua vida. Se ele
quisesse me matar, ele teria feito isso. Isso não significava que
meu papai não iria fazê-lo no momento em que eu colocasse
os pés em Chicago.
Nós paramos na frente de um hotel no aeroporto, e
Matteo virou-se para mim, os olhos, segurando um aviso claro.
— Nós vamos passar as próximas horas aqui até o voo. Se
você tentar pedir ajuda a alguém, isso vai acabar em um banho
de sangue, entendeu?
Eu balancei a cabeça. Então Matteo me puxou para fora
do carro com ele e me levou para dentro. Ninguém prestou
atenção quando nós fomos em direção aos elevadores e
subimos para o quarto andar.
Matteo me levou pelo longo corredor até que chegou na
frente de uma porta branca simples.
Stan e o outro homem do Outfit pararam também. — Ela
deveria entrar em nosso quarto com Carmine e eu. Ela ainda é
parte do nosso grupo. — disse Stan, seus olhos deslizando
sobre o meu corpo. Eu sabia o que ele e o outro cara fariam
comigo se eu entrasse em um quarto com eles.
— Ela é minha. Eu não vou deixá-la fora de meus olhos
novamente. Agora vá se foder. Gianna e eu temos assuntos a
tratar. — Matteo rosnou. Ele deslizou o cartão-chave na
ranhura e abriu a porta.
Stan e Carmine trocaram um olhar, mas não protestaram.
Então Stan me enviou um sorriso cruel. — Ensine a ela
algumas maneiras.
Matteo me arrastou para o quarto, fechou a porta e me
encarou com uma expressão assustadora. — Oh, eu vou.
Capítulo nove
GIANNA
Matteo me jogou em cima da cama. Em seguida, ele
estava em cima de mim. Ele apertou meus braços no colchão
em cima da minha cabeça, joelhos ao lado de minhas coxas.
Seus olhos estavam quase pretos com fúria. Será que ele quer
que eu implore por misericórdia? Peça a ele perdão? Então ele
vai ter uma longa espera.
— Você deixou alguém ter o que é meu. — ele rosnou,
olhos escaldantes no meu corpo com sua possessividade. Ele
se inclinou, como se ele fosse me beijar. Os nossos narizes
quase raspando mas ele só fez uma careta. — Seu papai me
deu permissão para fazer o que eu quiser com você. Ele não se
importa se você vai viver ou morrer. Ele não se importa o que
eu vou fazer com você. Eu acho que ele ainda aprova uma
punição severa.
Eu não fiquei surpresa. Papai quase já não me tolerava
antes de eu ter envergonhado a nossa família por fugir. Agora,
ele provavelmente me odiava como o diabo. Eu quase queria
que Matteo me machucasse. Eu merecia isso pela morte de
Sid. Eu sabia que Matteo não teria nenhuma dificuldade em
me machucar. Eu tinha visto o que ele era capaz. Talvez a dor
física fosse finalmente abafar a angústia que sentia por dentro.

MATTEO
Gianna não disse porra nenhuma, como se ela não
pudesse se importar menos com o que eu pudesse fazer com
ela.
Apertei seus pulsos para ver se ela iria finalmente
mostrar algum fogo, eu estava acostumado com ela, mas,
apesar de um pequeno estremecimento ela não reagiu.
Eu odiava o que tinha feito a seu cabelo. Era castanho
claro, não mais o vermelho impetuoso que eu amava. Pelo
menos, ela não tinha cortado.
Meus olhos foram atraídos para a lasca de estômago
despido que aparecia para fora onde sua camisa tinha subido.
O pensamento de que alguém havia tocado lá, havia tocado em
todos os lugares me fez querer rasgar tudo.
Ela deveria ser minha. Só minha.
Por um momento, a fúria era tão ofuscante que eu queria
machucá-la, queria mostrar que ela pertencia a mim, queria
transar com ela com tanta força que ela esqueceria todo o
resto. Agarrei sua cintura, os dedos roçando sua pele macia.
Minha. Somente minha de agora em diante. Seu papai tinha
me dito que eu poderia usá-la como eu bem entendesse antes
que eu a levasse de volta para ele. Ninguém piscaria um olho,
se eu tomasse o que era pra ser meu. Ela ficou tensa sob o meu
toque, mas ainda não disse nada. Seus olhos estavam
resignados. Nenhum indício de seu temperamento habitual.
Ela não lutou, não fez nada. Ela me lembrou uma boneca
de pano. Ela provavelmente esperou por mim para fazer o que
todos esperavam que eu fizesse, fodê-la, mesmo que ela não
estivesse disposta, machucá-la até que ela me pedisse perdão.
E eu poderia ter feito isso, mas eu não queria. Apesar do que
ela tinha feito e quão mal ela fez pra mim, eu ainda a queria, e
não apenas seu corpo.
— Ser submissa não é como você é. — eu disse
calmamente. Seu pulso acelerou sob meus dedos. Foi o único
sinal de que ela não era tão indiferente como sua expressão me
fez querer acreditar. Talvez ela não ligasse para o que
aconteceu com ela, porque ela estava com o coração partido
sobre o bastardo que eu encontrei com ela.
A ideia enviou uma nova faísca de ódio através de mim
e eu rapidamente a soltei antes que eu perdesse o controle. Eu
deslizei para fora dela e me sentei na beirada do colchão,
tentando ignorar o olhar de surpresa e choque cruzar seu rosto.
Eu olhei para o chão, abrindo e fechando as mãos. Se Carmine
não tivesse matado o filho da puta, eu provavelmente teria
feito isso. Eu ainda queria fazer, queria cortar a parte de seu
cérebro que abrigava a memória do corpo de Gianna sob ele.
Gianna sentou-se devagar, com cuidado, como se ela
pensasse que eu poderia atacar se ela se movesse muito rápido.
— Você não vai me estuprar e me torturar?
Eu quase ri. Isso é o que todos esperavam. A maioria dos
homens em nosso mundo até pensaria que ela merecia. Eu me
virei para ela, meu olhar traçando seu belo rosto. Ainda mais
bonito do que a minha memória me fez acreditar, mesmo
agora quando ela estava pálida e seus olhos estavam inchados
de lágrimas.
— Você acha que eu faria? — eu perguntei em uma voz
surpreendentemente calma. Um pouco da minha raiva de
repente desapareceu, quando ela estava me olhando com seus
grandes olhos azuis.
— Sim. Os homens de meu pai definitivamente pensam
assim. Você não viu as suas expressões? Eles provavelmente
esperam que você vai dar a eles uma chance comigo, depois
do que você fizer comigo.
Claro, eles tinham me falado isso várias vezes enquanto
nós estávamos caçando Gianna. Eu sabia que eles pensavam
que estava acontecendo agora. Foda-se, parte de mim queria
que eles estivessem certos. Eu não era um bom rapaz. — Eu
não dou a mínima para os homens de seu pai, e eu não dou a
mínima pro seu papai. E se eles colocarem um único dedo em
você, eu vou matá-los. Eles não vão machucá-la, ninguém vai.
As sobrancelhas dela se enrugaram. — Uma vez que eu
estiver de volta em Chicago, Papai vai me punir.
Será que ela realmente acha que eu entregaria seu rabo a
seu papai? Eu não tinha caçado ela por seis meses para
entregá-la. Eu sorri. — Você não vai voltar para Chicago,
Gianna. Você vem para Nova York comigo.
Esperança e alívio atravessaram seu rosto. — Com Aria?
Ela está bem? Será que ela ficou em apuros, porque ela me
ajudou?
De alguma forma, sua resposta me incomodou. — Aria
está bem, — eu disse, antes de eu me levantar e caminhar em
direção à janela. Eu voltei para ela quando eu perguntei. —
Aquele cara, forçou você fazer alguma coisa?
Eu não tinha certeza do que eu faria se ela dissesse sim.
Eu não poderia mais ferir aquele filho da puta, e eu não queria
machucá-la, então o que eu poderia fazer? Matar alguém, de
preferência os dois idiotas da equipe do papai dela que
estavam irritando meus nervos por muito tempo, e talvez
enquanto eu estivesse com ele, eu mataria a porra de seu papai
na próxima vez que o visse.
— Sid? — ela perguntou com uma voz trêmula, e eu
quase perdi logo em seguida. Eu fiz uma careta para ela por
cima do meu ombro. Seus olhos estavam realmente úmidos
com a porra das lágrimas.
— Eu não ligo para qual seja seu nome. — eu rosnei.
Porra, eu queria matar aquele cara. Eu teria pagado um
bilhão de dólares se houvesse uma forma de ressuscitar o
idiota, somente assim eu poderia matá-lo novamente.
Lentamente, dolorosamente.
— Seu nome era Sid. — disse ela teimosamente, um
brilho familiarizado retornando para seus olhos.
Ela ainda não havia respondido à minha pergunta. —
Será que você o ama?
— Não. — ela disse sem hesitar. — Eu mal o conhecia.
— eu teria me alegrado, se ela não tivesse começado a morder
o lábio inferior como se estivesse lutando contra as lágrimas.
Ela parecia triste e, em seguida, uma lágrima deslizou para
fora de seu olho esquerdo. Ela piscou algumas vezes.
— Se você não o ama, então por que você está
chorando?
Ela olhou. Fuzilou, como se isso fosse o único motivo
para estar zangada. — Você realmente não sabe?
— Eu sou um homem feito, Gianna. Eu vi muitas
pessoas morrerem, eu mesmo matei muitos deles. — E agora
eu queria matar novamente mais do que em qualquer outro
lugar do mundo.
— Sid não merecia morrer. Ele morreu por minha causa.
Ele nunca fez nada de errado.
Que porra é essa? Realmente? — Ele tocou na garota
errada. Ele morreu por tocar o que não era seu.
Gianna balançou a cabeça. — Você queria matá-lo você
mesmo, não é? Foi por isso que você parou Stan? Não é
porque você queria poupar a vida de Sid.
Será que isso realmente foi surpresa para ela? Para
alguém que estava convencida de que eu e todos os outros
membros da máfia eram monstros, ela parecia estranhamente
surpresa pelo meu desejo de matar o idiota que tinha apalpado
a minha noiva.
Antes que eu pudesse responder, meu telefone tocou. O
nome de Luca brilhou na minha tela. Eu só tinha enviado um
texto curto, enquanto eu estava no carro. Ele tentou me ligar,
mas com exceção de uma conversa rápida com o piloto do
nosso jato particular, eu não estava no humor para falar com
ninguém, mas sabia que Luca não desistiria. Sufocando um
gemido, atendi, me afastando de Gianna novamente.
— Um texto com ‘eu tenho ela’, é tudo que eu recebo de
você? — ele disse com raiva.
— Estava ocupado.
Eu podia ouvir a voz alta Aria no fundo, mas felizmente
Luca não a colocou na linha. Eu realmente não estava com
vontade de falar com uma mulher histérica, muito menos a
mulher que ajudou a minha noiva fugir. Era de manhã cedo em
Nova York, Luca não poderia ter deixado sua esposa dormir?
— Com o quê? — ele fez uma pausa. — Não, não me
diga. Eu não quero saber porra.
— Será que ele a machucou? — perguntou Aria alto o
suficiente para eu ouvir.
Eu não disse nada.
Luca baixou a voz. — Ela está viva?
— Foda-se.
— Eu tomo isso como um sim.
Aria ainda estava falando no fundo.
— Diga à sua mulher que a irmã dela está bem.
— Gianna está bem. — disse Luca em uma voz abafada,
para mim. — Quando você vai voltar?
— O voo sai em menos de duas horas.
— Você está voando diretamente para Chicago para
atender Scuderi. Certo?
— Ele já ligou para você, não foi? — eu disse. Stan e
Carmine tinham definitivamente enviado a seu chefe uma
mensagem depois que tínhamos pego Gianna. Isso significava,
claro, que ele sabia sobre Sid também.
— É claro que ele ligou. Sua filha esteve fugindo por
seis meses. Esta é uma grande notícia.
— Não me diga que ele está feliz por tê-la de volta.
— Não, pelo menos não pelo mesmo motivo de Aria.
Ele quer vê-la, fazê-la pagar pelo que fez. Ela o envergonhou e
a você também. Pelo que eu ouvi você pegou ela com outro
cara. Você percebe que a notícia vai se espalhar como fogo.
Scuderi está ansioso para fazer uma demonstração pública de
como punir Gianna. Ele espera que você o ajude com isso.
Eu cerrei os dentes. — Eu não dou a mínima. Eu não eu
não vou levá-la para Chicago. Se ele quer falar com ela, ele
pode vir para Nova York.
— Você quer protegê-la depois do que ela fez?
— Sim.
— Matteo, este é um negócio do Outfit. Ela não é sua
esposa, e ninguém espera que você se case com ela depois que
ela deu a volta fodendo com metade da Europa.
— Cuidado. — eu assobiei.
— Caramba. Você não pode simplesmente acabar com
ela? Foda-se ela, não é como se isso importasse mais, e, em
seguida, entregue-a de volta ao seu papai.
— Aria ainda está por aí ouvindo você falar sobre sua
irmã desse jeito? — perguntei.
— Não. Eu preciso pensar sobre a Família. Gianna
trouxe isso para si mesma. Você tem que levá-la para Chicago,
Matteo. Não vou arriscar uma guerra por causa dela.
— Foda-se, Luca. Você não deveria estar na porra do
meu lado?
— Não quando você perdeu a porra da sua cabeça.
— Foda-se.
Luca suspiro na outra extremidade. — Escute, eu não
estou dizendo que você deve abandoná-la. Leve-a para
Chicago e finja que você está entregando-a a seu pai. Em
seguida, faça um acordo com ele. Ela ainda está prometida a
você, então ele não vai recusar. Ele provavelmente vai ficar
feliz em tê-la de suas mãos. Aria e eu vamos voar pra lá
também. Eu estou enviando o nosso piloto neste exato
momento. Você não terá que lidar com isso sozinho.
— Ok, eu vou levá-la para Chicago. Mas eu não vou
embora sem ela, não importa o que Scuderi diga. Ela é minha.
— Tudo bem, mas eu duvido que haverá quaisquer
problemas. E acredite em mim, eu não tenho nenhum interesse
em deixar Gianna ser machucada por seu papai. Aria ama sua
irmã, e eu quero Aria feliz, então eu não vou deixar Scuderi
matar ou machucá-la. Vamos trazê-la de volta para Nova York
com a gente, como sua esposa se isso é o que realmente você
quer.
— Você vai ficar contra Scuderi se ele discordar por
algum motivo?
— Eu irei. Por você e por Aria.
— Jure.
Luca suspirou novamente. — Eu juro. Você e Aria vão
ser a minha morte.
Eu quase sorri, mas desliguei. Quando eu virei para
Gianna, ela estava me observando com uma expressão de
ansiedade, que ela tentou mascarar no momento em que eu
olhei para ela, mas ela não conseguiu. Às vezes nos últimos
meses eu estive certo que eu não iria encontrá-la, que ela era
muito inteligente. Eu estava feliz por estava errado. — A
tradição diz que eu devo entregá-la a seu pai.
O medo brilhou em seu rosto. Gianna não era estúpida,
ela sabia o que poderia acontecer a ela pela vontade de seu
papai. Eu não tinha certeza se Dante Cavallaro ia intervir, e eu
não dava a mínima. Protecionismo tomou conta de mim. Eles
não tinham nenhum direito de decidir sobre o seu destino. Esta
era a minha chance de mostrar que ela estava errada em fugir,
que eu era o cara certo para ela. Durante muito tempo, ela
olhou para mim, seu rosto desprotegido e vulnerável. Este foi
um lado dela que eu só tinha visto duas vezes antes, quando
Aria tinha sido drogada e quando Gianna tinha estado nas
mãos dos russos. Eu ainda estava zangado com ela, ainda
fodidamente furioso, especialmente porque eu sabia que ela ia
fugir de novo se eu desse a ela a chance, mas parte de mim
estava simplesmente feliz por tê-la de volta.
— Vou levá-la para Chicago, mas eu não vou sair do seu
lado, Gianna. Eu não vou dar-te a chance de fugir de mim
novamente.
GIANNA
Depois do que aconteceu hoje, eu não tinha certeza de
que eu arriscaria outra fuga.
O telefone de Matteo tocou novamente e ele amaldiçoou.
Fiquei contente pela distração. A intensidade do olhar dele
tinha mexido com uma parte de mim que eu tentava lutar
desde o beijo. Deitei-me, mas no momento que eu fechei os
olhos, as imagens do corpo de Sid passaram pela minha mente.
Mesmo se Matteo não o tivesse matado isso não significava
que não era culpa dele. Ele teria feito o mesmo se Carmine não
tivesse agido em primeiro lugar.
Devo ter cochilado porque eu empurrei violentamente
quando algo tocou meu braço. Meus olhos se abriram e eu
encontrei Matteo pairando sobre mim. Ele se endireitou com
um sorriso irônico. — A morte de Sid não parece incomodá-la
muito se você pode cair no sono assim.
Sentei-me, olhando para ele, sabendo que ele estava
sendo cruel de propósito, mas, ao mesmo tempo, me
perguntando se era verdade. Eu era insensível? Eu parecia
mais com Matteo do que eu queria admitir? Não. Eu tinha
sonhado com a morte de Sid, e meu peito parecia que estava
apertado quando eu pensava nele.
— Nós precisamos ir. Nosso voo sai em breve. —
Matteo agarrou meu pulso para me puxar para levantar, mas,
de repente, eu me desvencilhei irritada. Matteo estendeu a mão
para mim de novo, empurrou-me para os meus pés e contra o
seu corpo. — Cuidado, Gianna. Há menos de duas horas atrás
eu vi você com outro cara. Eu me orgulho de meu controle,
mas há um limite para o que eu vou aguentar de você.
Eu engoli minhas palavras e deixei Matteo me levar para
fora do quarto. Stan e Carmine já estavam esperando no
corredor. Seus olhos me digitalizaram da cabeça aos pés, em
seguida, Stan disse: — Ela ainda está surpreendentemente
ilesa. Se a minha noiva tivesse com outros homens, eu teria
batido nela até arrancar sangue.
— Eu pareço que me importo com a porra da sua
opinião? — perguntou Matteo perigosamente. Arrisquei um
olhar para ele, perguntando por que exatamente ele não estava
fazendo o que Stan tinha sugerido. Eu decidi manter minha
boca fechada por enquanto. A autopreservação não era meu
forte, mas eu não era completamente suicida, mesmo que a
morte era o que meu papai tinha em mente para mim.
Vinte minutos depois, embarcamos no jato particular do
Outfit e eu tomei um assento ao lado da janela. Matteo sentou
perto de mim, mas ele não conversou. Ninguém tentou falar
comigo durante todo o voo. Eu tinha uma sensação de que
Matteo estava usando o tempo para se acalmar.
Ocasionalmente eu o pegava olhando para mim, mas eu não
conseguia ler o olhar em seus olhos. Quando me levantei no
meio do voo para ir ao banheiro, Matteo ficou bem.
Engoli um comentário e caminhei em direção ao
banheiro na parte traseira. Quando Matteo não recuou, mesmo
quando eu abri a porta, eu não podia segurar mais. A
autopreservação que se dane. — Você vai me ver fazer xixi?
Não é como se eu pudesse escapar pulando para fora do avião.
— Eu não sei se você se aproveitaria da situação para
fazer um buraco no avião para matar todos nós.
Ele estava falando sério? O canto de sua boca se
contorceu, mas, em seguida, sua expressão endureceu
novamente. Por um momento, nossos olhos estavam fechados,
então eu rapidamente entrei no pequeno banheiro e fechei a
porta. Matteo não tentou me parar, mas eu sabia que ele
esperaria por mim e, provavelmente, ouviria barulhos
estranhos.
Debrucei-me contra a parede e fechei os olhos. O medo
e a tristeza enfureceu meu corpo, e foi ficando cada vez mais
difícil não quebrar em uma confusão de soluços. Eu quase
desejei que Matteo tivesse me maltratado. Por que ele tem que
agir como um ser humano decente?
— O que você está fazendo? Não me obrigue a chutar a
porra da porta. — Matteo murmurou.
Nem mesmo me importando que ele me ouviria, eu me
recompus antes de sair dois minutos depois. Os olhos de
Matteo se aproximaram como se estivesse à procura de um
sinal de que eu estava tramando algo. Eu teria rido se ele
pensasse que eu poderia.
Voltamos para nossos lugares e retomamos o nosso
silêncio.
Meu estômago estava em nós quando nós pousamos em
Chicago. Eu não tinha tido um minuto de sono enquanto
estávamos no ar. O conhecimento do que eu teria que enfrentar
papai logo, me manteve acordada. Ainda ontem, eu tinha
comido pizza com as minhas companheiras de casa e fiz
planos para uma viagem à Croácia, no verão, e agora minha
vida estava mais uma vez fora do meu controle. Pior ainda, eu
poderia muito bem enfrentar uma punição severa do Outfit.
Matteo realmente não tinha motivo para me proteger da ira de
papai. E mesmo que ele tentasse Luca não permitiria arriscar
um conflito com a máfia de Chicago por minha causa, não é?
Eu era menos que verme a seus olhos.
O jato privado parou e Matteo ficou de pé e fez sinal
para eu fazer o mesmo. Minhas pernas tremiam enquanto eu o
segui em direção à porta, que já estava sendo aberta. O ar frio
soprou contra o meu rosto. Tinha neve na pista de pouso e nos
edifícios em volta. Era por volta de 16h00min h, mas eu sentia
como se fosse no meio da noite. Matteo agarrou meu pulso,
me dando um olhar de advertência. — Não corra. Não faça
nada estúpido. Os homens de seu papai estão procurando uma
chance de te machucar. Eu os mataria, claro, mas isso não vai
ajudar em nada.
Será que ele estava realmente preocupado comigo?
Matteo era um enigma. Eu não tinha certeza por que ele estava
tão interessado em mim. Eu tinha a sensação de que era seu
orgulho. Ele não podia aceitar que eu não o queria, então ele
me obrigaria a casar com ele, mesmo se eu não quisesse,
mesmo ele não me querendo mais. Se ele realmente se
importasse comigo, ele me deixaria ir. Não, isso era um jogo
de poder. Emoções não tinham nada a ver com isso.
— Não se preocupe. Eu quero ver Aria.
Ele balançou a cabeça. — Este não é o momento certo
para gracinhas. Seu pai não apreciará.
Então por que ele estava quase sorrindo, se ele pensou
que era uma ideia tão ruim? A porta estava completamente
para baixo e Matteo me ajudou a descer as escadas, seus dedos
firmes ao redor de meu pulso. Senti-me como uma criança
dando seus primeiros passos. O aborrecimento lutou com a
preocupação em meu corpo, mas antes que eu pudesse decidir
se eu queria correr o risco de uma réplica vi uma cabeça loira
familiar. Aria. Ela estava ao lado de Luca, e quando ela me
viu, ela começou a correr.
Olhei para cima para Matteo de forma suplicante, mas
ele não me deixou ir e continuou me levando para Aria em
passos vagarosos. Quando minha irmã quase chegou até nós,
ele me soltou e eu corri em direção a Aria. Nós colidimos
quase dolorosamente. Eu esmaguei Aria contra mim,
abraçando-a tão firmemente quanto possível e ela fez o
mesmo. — Oh Gianna, eu estava tão assustada por você. Estou
tão feliz que você está aqui. — ela estava chorando e meu
próprio rosto estava molhado de lágrimas. Deus, eu senti sua
falta.
Depois de um momento, ela se afastou seus olhos
fazendo uma varredura rápida, demorando em minha nova cor
de cabelo. — Você está bem? Será que eles te machucaram?
Eu tirei alguns fios de seus cabelos loiros de seu rosto,
de repente sentindo como se eu fosse quebrar em soluços. Um
pesado arrependimento pesou em minha mente. Eu nunca
deveria ter fugido. Ao ver o rosto preocupado de Aria foi outro
lembrete. Se eu tivesse ficado, se eu tivesse casado com
Matteo, então Sid ainda estaria vivo, e Aria não teria que ter se
preocupar durante meses. Por que eu tenho que querer a
liberdade para tomar minhas próprias decisões?
— Gianna? —Aria abaixou a voz. — Será que Matteo
vai fazer alguma coisa?
— Matteo não vai fazer nada. — disse Matteo com uma
voz dura, fazendo eu e Aria saltarmos.
— Eu não perguntei a você. — Aria disse calmamente.
Meus olhos dispararam entre eles. Eu tinha a sensação de que
eles não estavam em boas condições. Também por minha
causa. Luca chegou ao nosso lado e bateu no ombro de seu
irmão. — Bom ver você de novo.
Eu ainda não tinha considerado que Matteo tinha ido
embora de casa por um longo tempo. Luca mal olhou na
minha direção, não que eu me importasse.
— Eu estou bem. — eu disse a Aria, que parecia
relutante em acreditar em mim.
— O chefe está esperando. —Stan latiu. — Vamos lá.
Não é como se a prostituta merecesse boas vindas.
Aria engasgou. Eu endureci, mas não consegui mostrar o
meu choque. Eu não dou a mínima para o que Stan pensava de
mim. Mas Matteo foi o mais rápido a reagir. Ele puxou uma
faca e arremessou em Stan, que gritou quando a lâmina cortou
sua orelha.
— Da próxima vez minha lâmina dividirá a porra do seu
crânio se você não ficar de boca fechada. — disse ele.
Stan descansou a mão sobre a arma no coldre, mas não
puxou. O sangue estava escorrendo de sua orelha cortada para
baixo em sua camisa. Havia um olhar de assassino em seus
olhos. Carmine ficou muito quieto, mas ele não tinha puxado a
arma. Quando me virei para Luca, eu sabia o porque. Ele tinha
suas armas apontadas para os homens de meu papai e atrás
dele Romero que eu ainda não tinha visto antes estava fazendo
o mesmo.
— Nós não queremos que isso acabe mal, não é? —
perguntou Luca, em voz muito baixa. — Seu chefe não
apreciaria.
Carmine assentiu e relaxou sua postura, mas Stan
parecia que não se importava se meu pai iria castigá-lo,
enquanto ele queria matar Matteo primeiro. Por vários
momentos nenhum de nós se moveu, então Luca colocou suas
armas de volta em seus coldres. — Vamos lá.
Carmine pegou a faca que Matteo tinha jogado e
entregou de volta para Matteo, que não tirava os olhos de Stan.
— Ela vai em um carro com a gente. — disse Stan.
Os lábios de Matteo puxaram em um sorriso frio. —
Este é o último aviso que você recebe. Pare de me chatear ou
eu vou esculpir um sorriso em sua garganta.
Carmine agarrou o braço de Stan e puxou-o para um
carro preto do Outfit, enquanto o resto de nós fomos em
direção a duas BMWs.
Aria foi se sentar na parte de trás comigo, mas Luca
segurou-a de volta. — Não. Eu quero Matteo mantendo o olho
em sua irmã. — Aria me deu um sorriso de desculpas antes de
se sentar ao lado de Luca.
Matteo me deu um olhar compreensivo quando ele se
estabeleceu ao meu lado no banco de trás. — Você
provavelmente saltaria para fora do carro em movimento se eu
te desse a chance.
Eu bufei. — Eu não sou completamente louca. Você
acha que eu arriscaria correr ao redor de Chicago desprotegida
quando os homens de meu papai estão a caminho para me
machucar?
— Então, você confia em mim para protegê-la, mas
ainda não quer se casar comigo.
Surpresa passou por mim. — Você ainda quer ir em
frente com o casamento?
— Você provavelmente poderia enfiar uma faca em suas
costas e ele ainda gostaria de ir até o fim. — disse Luca. —
Ele é um filho da puta teimoso.
— Eu não a caçaria por seis meses só para deixá-la ir.
Eu procurei seu rosto, mas eu não podia olhar além de
sua máscara arrogante. Ele não me deixou. — Talvez você não
devesse ter perdido tanto tempo me caçando. — então, eu
ainda estaria em Munique, e Sid ainda estaria vivo. Mas eu
tinha que admitir que parte de mim teria perdido minha vida
anterior. Nem tudo, você mente, mas definitivamente meus
irmãos e talvez até mesmo alguns outros aspectos que eu não
queria admitir para mim ainda.
Matteo não disse nada, mas seus lábios estavam
apertados. O resto da viagem passou em silêncio tenso.
Eu tentei esconder meus nervos quando nós paramos em
frente da minha antiga casa. O que o papai faria comigo?
Capítulo dez
MATTEO
O carro Outfit parou em frente da casa dos Scuderi e
Luca estacionou a BMW logo atrás. Luca e Aria saíram do
carro imediatamente e eu empurrei a porta aberta para segui-
los, mas parei quando eu percebi que Gianna não tinha sequer
soltado o cinto ainda. Ela estava olhando fixamente para suas
mãos descansando no colo. Um aborrecimento me encheu. Ela
nunca iria pelo caminho mais fácil? Será que ela tem que ser
sempre tão teimosa?
— Eu não estou com vontade de discutir com você,
Gianna. Você realmente não deveria deixar seu papai
esperando. Ele está chateado. Saia do carro ou eu vou levar
você.
Eu esperei por um retorno inteligente. Em vez disso, ela
foi desatar-se. Suas mãos tremiam e de repente percebi o que
estava acontecendo. Gianna não estava protelando pra me
irritar. Ela estava nervosa por estar de volta aqui. Seus dedos
lutavam com o cinto de segurança. Eu o desatei para ela. Seus
olhos dispararam, suas sobrancelhas desenhadas se juntaram,
quando ela procurou meu rosto. Ela parecia fodidamente
ansiosa. Ela nem sequer empurrou minhas mãos, que ainda
estavam descansando em sua coxa.
— Nós precisamos sair. — eu disse de novo, desta vez
sem o aborrecimento anterior.
Ela balançou a cabeça lentamente, seus olhos correndo
em direção à janela. Eu podia ver Luca e Aria nos observando,
e atrás deles Stan e Carmine estavam à espera. Romero estava
junto ao nosso segundo carro, examinando os arredores. Eu
não acho que isso era uma armadilha, mas você nunca poderia
saber como a porra Outfit iria se comportar. As coisas não
tinha sido exatamente tranquilas entre nós nos últimos meses.
— Estou com medo. — disse ela em voz baixa, em
seguida, riu asperamente. — Não é confuso que eu tenha medo
de meu próprio pai?
— Seu pai é consigliere e imbecil. Há uma abundância
de razões para ter medo dele.
Ela ainda estava olhando para seu colo. — Ele me odeia.
Ele nem sequer hesitará em colocar uma bala na minha cabeça
depois do que eu fiz.
Ele teria que passar por mim, e eu não tenho dúvida de
que eu poderia levá-lo para baixo com um braço amarrado nas
minhas costas. Passei um dedo sob o queixo e virei seu o rosto
para mim até que seus olhos azuis encontrassem os meus. —
Eu não vou permitir isso.
Por um momento ela se acalmou e seus olhos dispararam
para os meus lábios, mas, em seguida, Gianna voltou a ser
quem era e se afastou. Eu quase gemi. Ela abriu a porta e
deslizou para fora. Quando eu cheguei até ela, não havia
nenhum sinal de medo em seu rosto. Ela manteve a cabeça
erguida e enviou aos homens de Scuderi o olhar mais mordaz
que eu já vi dela. Essa era Gianna Eu a conhecia. A única
indicação de que ela não estava tão relaxada foi quando ela
não discutiu quando eu descansei minha mão na parte inferior
de suas costas, quando eu a levei para a porta da frente. Eu não
podia esperar para passar minhas mãos sobre cada polegada de
seu corpo, para finalmente reclamá-la. Imagens de Sid com
suas patas nela escorregaram em minha mente de novo e eu
tive que resistir à vontade de bater em alguma coisa.
Luca ergueu as sobrancelhas, impaciência estava
estampada em seu rosto. — Por que você demorou tanto pelo
amor de Deus?
Eu o ignorei porque a porta se abriu naquele momento e
Scuderi apareceu no batente da porta, com uma carranca no
rosto. Gianna encolheu-se contra mim. Eu acho que ela nem
percebeu, porque seu rosto permaneceu perfeitamente
impressionado.
Scuderi conversou com seus homens brevemente antes
de enviá-los para fora e voltou-se para Luca. Eles apertaram as
mãos e, em seguida, ele abraçou Aria. Ele não havia dado a
Gianna um único olhar. Isso me incomodava. Seus olhos frios
ampliaram para mim e eu zombei dele. Eu odiava tudo sobre
aquele homem, mesmo seu rosto estúpido e cabelo penteado
para trás. Ele parecia o pior clichê de um mafioso.
— Vejo que você a encontrou. — ele disse.
— Eu sempre consigo o que eu quero.
Ele ainda nem sequer olhou para Gianna, mas sua
expressão se tornava cada vez mais cruel. — O que você
queria era uma menina italiana respeitável. O que você ganhou
foi a ruína de Deus sabe quantos homens.
Gianna endureceu sob a minha mão, arregalando os
olhos uma fração antes dela recuperar o controle sobre seu
rosto, mas seu papai não a olhava ainda. Não admira que ele e
meu papai tivessem se dado tão bem.
— Eu não posso ver porque você se preocupou em
desperdiçar seu tempo com ela. Meus homens poderiam ter
pegado ela sem você.
Seus homens teriam feito um monte de coisas com
Gianna. Luca estreitou os olhos para mim em sinal de
advertência. Ele poderia ver o quanto eu queria enterrar minha
faca na cara feia de Scuderi? Eu olhei para trás para Scuderi,
querendo limpar aquele sorriso superior, fora de seu rosto.
— Eu acho que nós deveríamos ir para dentro para
discutir o assunto. — disse Luca, usando sua voz postada de
Capo. Geralmente isso atacava meus nervos quando ele fazia
isso, mas desta vez foi provavelmente melhor. Eu tinha a
sensação de que a minha faca teria acidentalmente encontrado
o seu caminho no globo ocular de Scuderi se eu tivesse que
suportar sua expressão estúpida mais um segundo.
Scuderi assentiu com a cabeça e abriu a porta. Gianna
estava praticamente pressionada contra o meu lado quando nós
passamos por ele. Protecionismo queimava minhas veias.
Talvez ela não tenha percebido, mas que ela procurava ficar
próxima a mim, quando ela estava com medo. Era tudo o que
eu precisava para confirmar seus sentimentos por mim, mesmo
que ela não estivesse ciente deles ainda.
— Como você pode até mesmo tocá-la depois do que ela
fez? Depois do que você a viu fazendo. Eu estaria desgostoso.
— Scuderi disse enquanto fechava a porta. Ele, obviamente,
não esperava uma resposta, porque ele se virou para Luca. —
Se minha esposa tivesse feito algo assim, eu a teria matado, e
eu sinto que você teria feito o mesmo, Luca.
Aria atirou a Luca um olhar chocado, mas ele estava
ocupado olhando Scuderi. — Eu não estou aqui para discutir
‘ses’ com você. Eu quero ter isto resolvido de uma vez por
todas. Você nos prometeu algo e eu espero que você entregue.
— O que eu prometi não está mais disponível. —
Scuderi acenou para Gianna. — Mas se você quiser bens
danificados, tenho certeza de que podemos chegar a um
acordo. Dante está esperando na sala de estar por nós. Este é
um negócio do Outfit, e Dante terá a última palavra sobre o
assunto.
Luca encontrou meu olhar, me advertindo claramente em
seus olhos. — Então vamos. Eu tenho coisas melhores a fazer
do que bater papo com você. E eu tenho certeza que podemos
chegar a um entendimento que vai beneficiar a todos nós.
Eu não dou a mínima para Dante ou Scuderi. Eu levaria
Gianna de volta para Nova York comigo, mesmo se eu tivesse
que estripar cada imbecil do Outfit no processo.

GIANNA
Eu estava tentando muito duro manter uma expressão
neutra, mas era incrivelmente difícil. Para minha vergonha, a
mão de Matteo nas minhas costas me ajudava muito a manter
o foco. Sua expressão, por outro lado só alimentava minha
própria ansiedade. Ele parecia um homem em busca de
sangue. Arrisquei uma olhada para Luca e meu pai, que não se
incomodavam com amabilidades.
As coisas tomaram um rumo definido para o pior desde
que eu tinha fugido. Se Luca estava agindo de má vontade, em
relação ao meu pai, as relações entre os Outfit e Nova York
não poderiam estar bem agora.
Aria tocou suavemente meu braço, os olhos cheios de
preocupação. Forcei um sorriso, mas não deve ter sido
convincente porque ela só franziu a testa em troca. Droga.
Matteo me cutucou para ir para frente. Papai e Luca já
estavam indo em direção à sala de estar, mas, ao som de
passos apressados Eu congelei, meus olhos correndo para a
escada. Lily e Fabi saltaram em minha direção, seus rostos
iluminados de felicidade. Lágrimas brotaram nos meus olhos
quando meu irmãozinho me abordou, enterrando a cabeça
contra o meu peito. Deus, ele tinha crescido desde que eu o
vira pela última vez. Como isso era possível? Eu tinha ido
embora há apenas seis meses. E então Lily jogou os braços em
volta de mim também. — Nós sentimos muito a sua falta. —
ela sussurrou entre lágrimas. A pressão de Fabi em mim foi
tornando a minha respiração difícil, mas eu não me importei.
Abracei-os de volta tão firmemente. Enquanto eu estava
fugindo, eu mal ousava pensar na minha família, pois toda vez
sentia que um abismo estava rasgando em meu peito.
— Eu não disse pra não saírem lá de cima? — pai
assobiou, levando-me a olhar para cima e encontrar mamãe
descendo a escada às pressas.
— Sinto muito. Eles foram muito rápidos. — ela disse
em uma voz mansa. Seus olhos esvoaçavam para mim
brevemente antes de voltar o olhar para o papai sem uma
palavra para mim.
Engoli em seco. Então era isso? Como eu não fiz o que
eles queriam eu estava morta para eles? Eu sabia que o meu
papai iria me condenar, mas eu esperava, pelo menos, que
minha mãe ficasse feliz em me ter de volta.
— Lily, Fabi de volta a seus quartos.
— Mas Papai, nós não vemos Gianna há muito tempo.
— resmungou Fabi. Papai cruzou a distância entre nós em dois
passos rápidos e arrancou meu irmão e irmã afastado-os e
empurrando-os para a minha mãe. — Lá para cima agora.
Fabi projetava o queixo para fora, e até mesmo Lily não
se mexeu. O rosto de papai estava ficando vermelho de raiva.
— Está tudo bem. — eu disse a eles. — Podemos conversar
mais tarde.
— Não, você não pode. Eu não vou deixar você ficar em
torno deles. Você não é mais minha filha, e eu não quero que a
sua podridão para passe para Liliana. — Papai disse, com
olhar duro.
Eu não tinha certeza o que responder a isso. Ele não
queria que eu visse mais a minha própria irmã e irmão.
— Isso é besteira. — disse Matteo.
— Matteo. — Luca alertou. Ele já estava segurando o
pulso de Aria para impedi-la de interferir. — Este não é
problema nosso.
Papai olhou. — Está certo. Esta é a minha família, e
Gianna ainda está sujeita as minhas regras, que você nunca se
esqueça disso.
— Eu pensei que não era mais sua filha, então por que
eu tenho que ouvir uma palavra do que você diz?
Matteo agarrou minha cintura firmemente. O quê? Ele
poderia provocar o meu pai, mas eu não tinha permissão?
— Cuidado. — disse meu papai. — Vocês ainda fazem
parte da máfia.
— Nós não devemos deixar Dante esperar mais. — disse
Luca.
Desta vez nós realmente fomos para a sala de estar sem
incidentes. Dante Cavallaro estava esperando em frente da
janela, falando ao telefone. Ele desligou e virou-se para nós.
Eu tive que reprimir um arrepio quando seus olhos frios se
fixaram em mim. Um homem de gelo, de fato. De repente, eu
estava realmente com medo. Isso era sério.
Eu não conseguia me lembrar da última vez que eu me
senti tão terrivelmente impotente.
— Luca, Matteo, Aria. — Dante Cavallaro disse com
sua voz sem emoção. — Gianna.
Eu pulei em surpresa. Eu imaginei que ele fingiria que
eu estava abaixo de uma saudação como meu papai tinha feito.
— Senhor. — eu disse, inclinando a cabeça ligeiramente. Eu
odiava fazer isso, mas eu sabia o que era bom para mim.
— Você percebe que o que você fez foi traição? —
perguntou Dante.
Eu não tinha certeza do que dizer. Se eu concordasse eu
estaria ferrada, e se eu não concordasse, eu ia enfurecer o
homem que poderia decidir me matar.
— Gianna é minha noiva, e se ela não tivesse fugido ela
seria minha esposa agora. Eu acho que deveria cair sobre o
meu irmão como Capo de Nova York determinar se ela merece
punição.
Meus olhos voaram de Matteo para Luca cujos olhos
duros enviou outro arrepio nas minhas costas.
— Isso é ridículo. — Papai murmurou.
Embora Dante não parecesse ofendido. — Acho que
você ainda quer ir em frente com o casamento?
— Sim. — disse Matteo sem hesitação.
Ninguém se preocupou em perguntar o que eu queria,
claro, mas eu sabia que não devia abrir minha boca. Não
quando as coisas poderiam acabar muito mal para mim.
Dante fez um gesto para que meu papai chegasse mais
perto e eles falaram em silêncio por um momento. Papai não
parecia nem um pouco satisfeito.
— Eu não vou fazer disso um assunto oficial do Outfit.
Eu não vou impedi-lo de continuar com a ideia do casamento.
No entanto, se você não fizer isso, eu não terei escolha, irei
puni-la. — disse Dante para mim. Ele balançou a cabeça em
direção a Matteo antes de se virar para o meu papai mais uma
vez. — Eu vou entregar esta decisão para você já que Gianna é
da sua família, e espero que no fim deste dia haja um acordo
que nos permita trabalhar juntos pacificamente. — Com isso,
ele recuou e fez sinal para papai a tomar a palavra.
— Você pode realmente se dar ao luxo de receber
alguém como Gianna em Nova York? Como um novo Capo as
pessoas esperam que você proteja as tradições e trate traidores
sem piedade.— Papai disse a Luca.
— Meus homens aceitam minhas decisões. — disse
Luca, mas havia um toque de advertência em sua voz. — Seja
qual for ela.
De repente, eu me perguntava se realmente Luca podia
fazer isso comigo. Não que eu queira me tornar parte da Cosa
Nostra, mas se a escolha fosse entre permanecer no território
do meu papai e viver em Nova York com Aria, então eu sabia
o que eu escolheria.
Parecendo que ele estava à beira de puxar suas facas,
Matteo caminhou até Luca para discutir algo em silêncio e
Aria aproveitou o momento para se juntar a mim. Eu dei a ela
um sorriso agradecido.
— Meu irmão vai levar sua filha de suas mãos, apesar de
suas transgressões. Eu acho que é uma oferta muito generosa
da nossa parte. Você deveria estar feliz por não ter que
procurar um novo marido para ela.
Papai zombou. — Como se eu fosse encontrar alguém.
Eu não perderia meu precioso tempo assim.
Meu sangue estava fervendo, não só por causa das
palavras do papai, mas a oferta de Luca não fazia me sentir
bem também. Eles agiam como se eu fosse um pedaço de
espuma. Ouvi-los me fez perceber que eu tinha razão para ser
executada. Este mundo sim era podre.
— Então o que você diz? — perguntou Luca, com lábios
apertados.
Papai olhou para seu Capo, mas Dante parecia ter a
intenção de permanecer fora disso. Parecia que ele não poderia
se importar menos com o resultado.
— Eu espero que você não pretenda fazer uma festa de
casamento. Eu quero que este assunto seja tratado o mais
silenciosamente possível. Já chega o embaraço que ela me
causou com o Outfit. Eu não vou dar a ela uma chance de nos
envergonhar ainda mais. — papai disse.
Eu cerrei os dentes com tanta força que fiquei surpresa
da minha mandíbula não trincar.
Matteo balançou a cabeça. — Eu não preciso de uma
festa de casamento. Eu prefiro ficar bêbado sem as velhas
solteironas da família na festa.
Um riso fez cócegas na minha garganta, mas eu engoli
de volta. Matteo me lançou um olhar como se ele quisesse ver
se eu o achei tão divertido quanto ele obviamente se
encontrava. Tudo o que ele fez foi calculado. Isso foi algo que
eu nunca poderia esquecer. Matteo mascarando sua letalidade
com humor e sorrisos, mas eu não deixaria que isso me
enganasse. Nem agora, nem nunca, especialmente quando era
óbvio que ele pensou que ele estava sendo generoso por me
levar de volta.
— As velhas solteironas não viriam de qualquer
maneira. Ninguém quer estar associada a alguém como ela. —
Papai disse com um olhar em minha direção.
O aperto de Aria no meu pulso era de aço como se ela
ainda não confiasse em mim para não atacar violentamente o
nosso papai.
— Haverá uma cerimônia na igreja como é tradição. —
disse Luca. — Não há nenhuma necessidade de convidados,
além dos familiares mais próximos.
— Tradição. — Papai bufou. — Gianna cuspiu em
nossas tradições. A apresentação dos lençóis à sua Família é
tão inflexível que terá que ser cancelada. E um vestido branco
está fora de questão também. Eu não vou deixar que ela faça
piada de nossos valores.
Luca assentiu. — Isso é razoável.
Aria deu a seu marido um olhar incrédulo, mas eu não
estava surpresa por não ser permitido eu me vestir de branco.
Como se eu desse a mínima. Por tudo que eu me importava, eu
me casaria até nua. Eu não queria nada disso. E eu não dou a
mínima para suas tradições estúpidas. Eles agiam como se
estivessem me fazendo um favor, como se eu fosse uma
criminosa no corredor da morte que foi entregue um perdão
em uma bandeja de prata. Eu não tinha feito nada de errado,
nada comparado ao que cada um dos homens nesta sala tinha
feito.
— Ela provavelmente teve cada homem na Europa, e
você ainda a quer? — perguntou papai novamente. Eu sabia
que ele estava fazendo isso para me envergonhar e me
machucar, e eu odiava que ele estivesse tendo êxito.
Olhei para o homem que era o meu pai, e não senti nada.
Eu sempre soube que ele não gostava muito de mim, mas eu
nunca tinha percebido o quanto ele me desprezava. Eu afundei
minhas unhas na carne macia das palmas das minhas mãos.
Matteo estava com aquele sorriso torcido no rosto. — Eu
a cacei por seis meses. Se eu não a quisesse, você realmente
acha que eu teria perdido tanto tempo com ela? Tenho coisas
melhores para fazer.
Se eu o ouvisse dizer isso mais uma vez, eu perderia a
cabeça completamente.
— Eu pensei que você estava procurando vingança, mas
meus homens me disseram que você não encostou um dedo
nela. — meu pai dirigiu um duro olhar para mim. — Então,
você provavelmente não quer sujar as mãos. Eu não acho que
um simples chuveiro tornaria ela limpa novamente.
Aria agarrou meu pulso ainda mais apertado, e eu
interrompi. Eu nem tinha percebido que eu tinha dado um
passo em direção ao nosso papai para fazer… Eu não tinha
certeza de que eu teria feito. Acertá-lo? Talvez. Suas palavras
e expressões me faziam realmente sentir suja, e eu odiava que
ele tinha esse poder sobre mim. Ao mesmo tempo, eu teria me
jogado do telhado da casa do que admitir que eu não tinha
dormido com qualquer cara, enquanto eu estava fugindo. Isso
era um segredo que eu protegeria com todas as minhas forças.
— Quem disse que eu não descartei a vingança? —
perguntou Matteo com uma voz perigosa. Seus olhos escuros
encontraram os meus. Bastardo. Assim, seu olhar preocupado
no carro tinha sido tudo um show? Ele sabia que eu não queria
casar com ele. Ele sabia que isso era um castigo para mim.
Quem sabe o que mais ele tinha em mente para mim uma vez
que eu estivesse em suas garras?
— Eu não vou casar com ninguém. — eu rebati. — Esta
é a minha vida.
Papai parecia lívido quando ele pisou em minha direção
e me deu um tapa forte no rosto. Meus ouvidos zumbiam e o
gosto de cobre encheu minha boca. Um longo período de
tempo e muitas palmadas atrás, eu teria chorado.
— Você vai fazer o que eu digo. Você sujou nosso nome
e minha honra o suficiente. Eu não vou tolerar sua insolência
nem um dia a mais. — ele rosnou com o rosto vermelho
brilhante.
— E se eu não obedecer?
Meu pulso estava quase paralisado do aperto esmagador
de Aria. Ela conseguiu posicionar-se a meio caminho entre
papai e eu, apesar da óbvia desaprovação de Luca, mas ele
estava ocupado segurando a camisa de Matteo em um punho
de ferro.
Eu tentei puxar Aria de volta, mas nunca tirei meus
olhos de papai. Aria ainda estava tentando me proteger, mas
esta era uma batalha que ela não podia lutar por mim.
A mão do papai ainda estava levantada, pronta para me
bater de novo. O que ele faria se eu o acertasse de volta? Eu
desejei que eu fosse corajosa o suficiente para descobrir.
— Por sua traição ninguém piscaria um olho, eu te daria
a um dos clubes de sexo da máfia, para que fizessem uso da
sua promiscuidade.
Apesar das minhas melhores intenções, um choque
arregalou meus olhos. Dante franziu a testa, mas eu não tinha
certeza se isso era um bom sinal ou não.
Os olhos de Matteo estavam queimando com tanto ódio
que os cabelos na parte de trás do meu pescoço se levantaram.
Luca ainda estava segurando seu ombro, impedindo-o, mas de
que? Eu não estava realmente certa. — Isso não vai acontecer.
Gianna vai se tornar minha esposa. Hoje. — disse Matteo.
— O que? Eu… — eu me soltei mas outro tapa do papai
me silenciou novamente. Foi mais forte do que o outro e seu
anel pegou meu lábio inferior. A dor explodiu através do meu
rosto e um líquido quente escorreu pelo meu queixo.
— Isso é o suficiente. — disse Aria, e de repente Luca
estava puxando-a para trás e Matteo estava segurando meu
braço com força e me levando para fora da sala para o
corredor em direção ao banheiro. Eu não tinha certeza se era o
choque do que tinha acontecido ou a velocidade em que
Matteo me arrastou para longe, mas eu não lutei contra ele, só
tropecei ao longo do caminho, sem me preocupar em estancar
o sangue escorrendo do meu lábio na minha camisa. Matteo
me empurrou para o banheiro, em seguida, entrou depois de
mim e trancou a porta.
Eu olhei para minha imagem no espelho. Meu queixo
estava coberto de sangue e mais sangue escorria do corte no
meu lábio inferior e na minha camisa. Meu lábio já estava
inchando, mas eu estava feliz por encontrar os meus olhos
secos, nenhum sinal de uma única lágrima. Matteo apareceu
atrás de mim, elevando-se sobre mim, olhos escuros varreram
meu rosto confuso. Sem sua marca registrada, o sorriso de
tubarão e à diversão arrogante, ele parecia quase tolerável.
— Você não sabe quando calar a boca, não é? — ele
murmurou. Seus lábios se transformaram em um sorriso, mas
parecia de alguma forma errada. Havia algo de inquietante em
seus olhos. O olhar neles me lembrou o que eu tinha visto
quando ele tinha lidado com os russos no porão.
— Nem você. — eu disse, então estremeci com a dor
atirando através do meu lábio.
— É verdade. — ele disse em uma voz estranha. Antes
que eu tivesse tempo de reagir, ele agarrou meus quadris, me
virou e me colocou sobre o lavatório. — É por isso que somos
perfeitos um para o outro.
Voltou o sorriso arrogante. O bastardo se colocou entre
as minhas pernas.
— O que você está fazendo? — eu assobiei, deslizando
para trás a partir da borda do lavatório para trazer mais
distância entre nós e empurrando contra seu peito.
Ele não se moveu forte demais para mim. O sorriso ficou
maior. Ele agarrou meu queixo e inclinou a cabeça para cima.
— Eu quero dar uma olhada em seu lábio.
— Eu não preciso de sua ajuda agora. Talvez você
devesse ter impedido meu papai de arrebentar meu lábio antes.
— o gosto de sangue doce e cobre, por sua vez, fez o meu
estômago revirar e me fez lembrar de imagens mais escuras.
— Sim. Eu deveria ter impedido. — disse ele
sombriamente, seu polegar tocando levemente a minha ferida
quando ele separou meus lábios. — Se Luca não tivesse me
segurado, eu teria mergulhado minha faca na porra do seu
papai, e as consequências que se danem. Talvez eu ainda faça
isso.
Ele soltou meu lábio e puxou uma faca curva e longa do
coldre abaixo de sua jaqueta torcendo-a em sua mão com um
olhar calculista em seu rosto. Então seus olhos brilharam para
mim. — Você quer que eu o mate?
Deus, sim. Eu tremi ao som da voz de Matteo. Eu sabia
que era errado, mas depois do que papai tinha dito hoje, eu
queria vê-lo implorar por misericórdia e eu sabia que Matteo
era capaz de trazer alguém de joelhos, e isso me excitou. Foi
exatamente por isso que eu queria sair dessa vida. Eu tinha o
potencial de crueldade, e esta vida era a razão para isso. —
Isso significaria guerra entre Chicago e Nova York. — eu
disse simplesmente.
— Ver o seu papai sangrar até a morte em meus pés
valeria a pena o risco. Você vale a pena.
Eu não tinha certeza se ele estava brincando ou não, mas
isso estava ficando muito… sério. Eu queria beijá-lo por suas
palavras, mas estava errado. Matteo estava errado. Tudo estava
errado. Não muito tempo atrás eu assisti Sid ser morto e eu
sabia que poderia muito bem ter sido Matteo a puxar o gatilho.
Eu não podia deixá-lo mexer com a minha mente. Ele era
muito bom nisso.
Endireitei o ombro novamente. — Eu preciso cuidar do
meu lábio. Se você não tem nada melhor para fazer do que
ficar em volta, saia do meu caminho.
Ele ainda não se mexeu e ele era simplesmente
demasiado forte para movê-lo. Seus músculos flexionaram sob
a camisa, fazendo-me perguntar como ele ficaria sem ela.
Errado. Tão errado.
Ele colocou a faca no balcão ao meu lado.
— Você não deve deixar objetos pontiagudos ao meu
alcance quando eu estou chateada.
— Eu acho que eu vou assumir o risco. — disse ele,
apoiando as palmas das mãos em ambos os lados das minhas
coxas, me deixando sem nenhuma escolha a não ser me
inclinar para trás para trazer alguma distância entre nós.
— Pare com isso. — resmunguei porque ele cheirava
muito bem e eu senti meu corpo querendo se aproximar, então
estremeci novamente. Eu trouxe a minha mão para cima e
senti meu lábio inferior. Ele parecia ter inchado ainda mais e
ele ainda não tinha parado de sangrar.
Matteo puxou minha mão. — Você vai deixar pior. Ele
precisa de pontos. Devo chamar um médico?
— Não. — eu disse rapidamente. Eu não queria que
mais pessoas descobrissem, e acima de tudo eu não queria que
o bastardo do meu pai soubesse que ele tinha conseguido
cortar meu lábio. — Eu vou fazer isso sozinha.
Matteo ergueu as sobrancelhas. Ele deu um passo para
trás e fez uma varredura rápida dos armários antes de pegar
com um kit médico. Ele passou uma agulha e entregou para
mim. Eu me mexi no lavatório para me ver no espelho, em
seguida, trouxe a agulha para o meu lábio. Eu nunca tinha
costurado qualquer coisa, muito menos a mim mesma. Eu
odiava agulhas. Eu tive que fechar meus olhos quando eu ouvi
um tiro. Matteo estava me olhando e eu não queria parecer
uma fracote para ele, então eu cutuquei meu lábio com a ponta
da agulha, saltei de dor e me afastei novamente.
— Porra. Isso dói como o inferno. — eu desabafei, em
seguida, olhei para Matteo. — Continue. Ria.
Matteo arrebatou a agulha para fora da minha mão. —
Isso não vai funcionar.
— Eu sei. — eu murmurei. — Consegue fazer?
— Vai ser doloroso. Eu não tenho nada contra a dor.
— Alguma vez você já se costurou?
— Algumas vezes.
— Então eu posso lidar com você me costurando.
Apenas faça.
Ele me entregou Tylenol. — Engula alguns deles. Eles
não vão ajudar com a dor imediata, mas mais tarde farão
efeito.
— Vodka funciona também.
— Eu acho que você descobriu em seus meses como
uma fugitiva, — disse ele com um sorriso que beirava ao
assustador. Ele não tinha feito muitas perguntas ainda. Nem
mesmo sobre os outros caras além de Sid. Talvez ele não
quisesse saber, e eu não diria a ele de qualquer maneira. Já era
ruim o suficiente que um inocente havia perdido sua vida por
minha causa. Eu não diria os nomes dos outros caras que eu
tinha beijado para que ele os matasse também. A morte era
uma punição dura para um beijo, para qualquer coisa
realmente, mas não era algo que um homem como Matteo
concordaria.
— Entre outras coisas. — eu disse, porque eu nunca
sabia quando fechar minha boca. E o esse era o pior momento
para escolher provocar alguém que costuraria você com uma
agulha.
— Eu aposto. — disse ele, o sorriso assustador ficando
um pouco mais assustador. Matteo segurou meu queixo. —
Tente segurar firme.
Eu me preparei enquanto ele passava a agulha pelo meu
lábio. Apesar da minha provocação, Matteo foi cuidadoso
quando ele me costurou. Ainda doía como o inferno cada vez
que a agulha perfurava minha pele e meus olhos se encheram
de lágrimas. Lutei com elas por tanto tempo quanto possível,
mas eventualmente algumas se arrastaram pelo meu rosto.
Matteo não comentou, e isso me deixou feliz. Para ele, isso
provavelmente não era nada. Quando ele colocou a agulha
para baixo depois do que pareceu uma eternidade, mas
provavelmente tinha sido menos de cinco minutos, eu
rapidamente limpei as lágrimas do meu rosto, envergonhada
que eu tinha mostrado fraqueza na frente dele.
— Ele vai inchar ainda mais. Amanhã de manhã você
vai acordar com o lábio inchado. — disse Matteo.
Eu chequei meu reflexo. Meu lábio já tinha inchado
consideravelmente desde que eu tinha visto pela última vez, ou
talvez fosse minha imaginação. Eu puxei meu lábio inferior
para baixo para verificar os pontos. Você não pode vê-los do
lado de fora. Pelo menos eu não teria uma cicatriz feia. —
Você não pode querer casar comigo desse jeito. — eu apontei
para a minha cara. — Devemos adiar o casamento.
Matteo balançou a cabeça com uma pequena risada. —
Sem chance no inferno. Você não vai escapar das minhas mãos
de novo, Gianna. Vamos casar hoje. Nada vai me parar.
Capítulo onze
GIANNA
Depois que meu lábio foi cuidado, Aria e eu fomos
autorizadas a ir para o meu antigo quarto enquanto os homens
discutiam como proceder com o casamento. Dois guarda-
costas foram obrigados a nos vigiar. Um esperou em frente da
porta, o outro abaixo da minha janela, no caso de eu decidir
sair por ela. No momento em que a porta do meu quarto
fechou, encostei contra ela e soltei um suspiro trêmulo.
Aria tocou minha bochecha. — Como está o seu lábio?
— Ok. Matteo costurou para mim.
— Estou tão feliz que ele decidiu se casar com você.
Minhas sobrancelhas se ergueram. — Você também,
Aria.
Aria me puxou para a cama e me fez sentar. — Papai
teria te dado a um de seus soldados como punição, Gianna. E
você pode ter certeza de que ele teria escolhido a opção menos
atraente. Alguém realmente desagradável. Ele está muito
bravo com você. Matteo não é uma má escolha. Ele vai cuidar
de você, já que ele foi tão longe para encontrá-la.
— Ele é um homem orgulhoso. Orgulho o fez me
perseguir, nada mais.
— Talvez. — disse ela, hesitante. Ela pegou uma escova
da mesa de cabeceira. Tudo ainda estava como eu tinha
deixado há seis meses. Fiquei surpresa que meu papai não
tinha queimado todas as minhas coisas. Eu estava tão cansada
que mal conseguia manter os olhos abertos. Era quase sete da
noite. Seria meia-noite na Alemanha. Eu não podia acreditar o
quanto tinha acontecido desde que eu tinha acordado em
Munique, esta manhã.
— Valeu a pena? — Aria perguntou baixinho enquanto
ela penteava o meu cabelo. Eu não conseguia me lembrar da
última vez que ela tinha feito isso. Seus dedos davam uma
sensação boa no meu couro cabeludo e eu tive que resistir à
vontade de enterrar meu rosto contra seu estômago e gritar.
Eu conhecia o seu olhar compassivo, e por algum motivo
a sua compreensão me enfureceu. — Essa chance de liberdade
valeu irritar o papai e ser chamada de prostituta e vagabunda?
Sim, com certeza. Mas esse meu desejo tolo custou a vida de
um homem inocente. Então foda-se. Toda a minha existência
não seria digna. Sid pagou o preço pelo meu egoísmo. Não há
nada que eu possa fazer para me redimir. — Lágrimas
brotaram nos meus olhos.
— Luca me contou. — disse Aria. — Eu sinto muito.
Eu esfreguei as lágrimas do meu rosto. — Talvez eu
devesse deixar papai me casar com um de seus soldados
sádicos. Ele me serviria bem.
— Não diga isso, Gianna. Você merece a felicidade,
tanto quanto qualquer um. Você não poderia saber o que
aconteceria. Não é sua culpa que eles mataram Sid.
— Como você pode dizer isso? Claro que a culpa é
minha. Eu sabia que eles estavam me caçando. Eu sabia do
que Matteo e homens do papai eram capazes. Eu sabia que eu
estava colocando pessoas que eu tivesse contato em risco. É
por isso que eu nunca namorei qualquer cara pelos lugares que
passei. Eu flertei e beijei, mas então eu seguia em frente. Suas
palavras de muito tempo atrás sempre ecoaram em minha
mente. Que estar com outro cara quando você está noiva de
um homem como Luca significaria a morte daquele cara.
— Eu não estava falando de você. Isso foi há muito
tempo.
— Mas Matteo é como Luca e eu sabia disso. Eu sabia
que ele mataria qualquer cara que ele encontrasse comigo, mas
eu ainda saí com Sid. Eu poderia muito bem ter puxado o
gatilho eu mesma!
— Não. Você não achou que ele pegaria você. Você
queria se sentir em casa e começar uma nova vida, como você
merecia depois de fugir por tanto tempo. Você se sentia segura
e queria dar uma chance ao amor. Tudo bem.
— Não, não é. Você não entende Aria. Não era nem
mesmo sobre o amor. Eu nem sequer realmente tive uma
queda por Sid. No final eu nem gostava dele tanto assim,
porque ele poderia ser um idiota, e isso faz com que seja ainda
pior. Arrisquei demais para ter beijos molhados e um pouco de
pegação com um estranho, e Sid morreu por causa disso.
— Por favor, não se culpe. Culpe o papai e seus homens.
Culpe Matteo. Eu não me importo, mas não se culpe.
— Oh, eu culpo todos eles, não se preocupe, mas isso
não muda isso em mim, Sid ainda estaria tocando seu violão
de baixa qualidade e flertando com meninas em Munique.
— Você não pode mudar o passado, Gianna, mas você
pode fazer o melhor de seu futuro.
Eu não pude deixar de sorrir. — Eu perdi o seu
otimismo. — eu descansei minha cabeça no colo dela e fechei
os olhos. — Eu senti tanto sua falta.
Ela acariciou meu cabelo. — Também senti sua falta.
Estou tão feliz que você vai morar em Nova York comigo.
— Primeiro eu tenho que casar com Matteo. Como é que
eu vou ser sua mulher, Aria?
— Ele e Luca trabalham muito. Você não terá que vê-lo
muitas vezes.
— Mas ainda assim. Eu vou ter que dormir com ele e
dividir a cama com ele e tentar ser civilizada com ele, e Deus
sabe por quanto tempo. E não vou ter outra chance de me ver
livre.
— Você está pensando em fugir de novo? — ela
perguntou em voz baixa.
— Eu não sei. Talvez.
— Talvez ele não vá ser tão ruim quanto você pensa.
Matteo pode ser engraçado e ele é bem-apessoado, fisicamente
pelo menos, não deve ser muito ruim. Tenho certeza de que ele
é um bom amante, considerando quantas garotas ele teve no
passado.
Eu me encolhi. — Certo. Se voltarmos para Nova York
hoje à noite, ele provavelmente espera dormir comigo.
Aria procurou meu rosto. — Você está preocupada que
ele vai descontar sua raiva em você por dormir com outros
caras antes dele?
— Eu nunca o fiz.
Aria piscou. — Você nunca fez o quê?
— Eu nunca dormi com qualquer cara. Eu teria se eu
tivesse um pouco mais de tempo para conhecer um cara, mas
esse nunca foi o caso.
— Por que você não disse nada? Papai te tratou
horrivelmente. Talvez ele fosse perdoá-la se você dissesse a
ele a verdade. — ela se moveu como se ela quisesse ir lá
embaixo para contar aos homens, mas eu a puxei de volta na
cama.
— Não. — eu disse com firmeza. — Eu não quero que
ninguém saiba. Eu não me importo se eles me chamam de
vagabunda. Eu não quero dar a eles a satisfação de saber.
Aria me deu um olhar que deixou claro que ela pensou
que eu tinha perdido a cabeça. — Você tem que dizer a
Matteo, pelo menos. Você tem.
— Por que? Assim, ele pode se orgulhar em ser o meu
primeiro homem? Porra nenhuma. Ele já está agindo como se
ele fosse meu salvador. Vai ser pior se ele descobrir.
— Não, você tem que dizer a ele para que ele possa ser
cuidadoso.
Eu bufei. — Eu não preciso que ele seja cuidadoso. Eu
não quero que ele saiba.
— Gianna, se sua primeira vez for qualquer coisa como
a minha, você agradecerá suas estrelas da sorte se Matteo for
cuidadoso, confie em mim.
— Eu vou sobreviver. — e as palavras de Aria estavam
começando a me deixar nervosa.
— Isso é ridículo. Se ele achar que você é experiente, ele
pode levá-la sem muita preparação. Isso realmente vai doer.
Eu balancei minha cabeça. — Aria, por favor. Eu tomei
a minha decisão. Eu não quero que Matteo saiba. Não é
nenhum de seus negócios.
— E se ele descobrir de qualquer maneira? Não houve
maneira alguma de eu esconder de Luca.
— Eu sou boa em esconder a dor. Talvez eu vá morder
um travesseiro.
Aria riu. — Isso soa como a ideia mais estúpida que eu
já ouvi.
Alguém bateu à porta. Eu rapidamente sentei-me, meu
estômago deu nós. E se papai e Dante tinham mudado de ideia
e eu ficaria em Chicago?
Quando a porta se abriu e a mãe entrou, eu respirei
aliviada. Ela não sorriu e não tentou se aproximar. Ela era a
imagem de uma perfeita esposa italiana, sempre bem-vestida,
sempre submissa e educada, e incrivelmente hábil em esconder
as contusões que meu papai dava a ela. Ela era tudo que eu
nunca quis ser. Se Matteo me desse um tapa, eu o acertaria de
volta, não importava as consequências.
— O seu papai está a caminho. Ele estará aqui em 15
minutos. Precisamos prepará-la para a cerimônia. — disse ela
com naturalidade.
Meus olhos se arregalaram. — Tão cedo?
Mamãe assentiu. — Os Vitiellos querem voltar para
Nova York, logo que possível, o que é provavelmente o
melhor.
Levantei-me da cama, em seguida, caminhei lentamente
em direção a ela. — O papai está contente de eu ir embora. —
E você? — Eu queria perguntar, mas não me atrevi.
Mamãe levantou a mão e tocou minha bochecha com um
movimento sutil antes de dar um passo para trás. — Você não
deveria ter fugido. Você arruinou a sua reputação.
— Eu não me importo com a minha reputação.
— Mas você deveria. — ela se virou para o meu guarda-
roupa e abriu. — Agora vamos ver se há um vestido que você
possa usar para a cerimônia. É claro que eu gostaria de ter
visto você caminhar até o altar com um bonito vestido branco
de casamento. — ela suspirou. Ela estava tentando me fazer
sentir culpada? Porque era isso que parecia.
Aria se mudou para o meu lado e apertou meu ombro
antes de ajudar a mãe procurar um vestido. Eventualmente, ela
escolheu um vestido mais comprido de cor creme sem costas
que eu tinha usado para o Ano Novo. Aria me ajudou com a
minha maquiagem, apesar de não esconder o meu lábio
inchado.
— Vou ver se o sacerdote chegou. — a mãe disse,
hesitando na porta com uma expressão melancólica. Ela abriu
a boca, mas, em seguida, virou-se e fechou a porta.
Eu tentei não guardar rancor. Eu sabia que meus pais e a
maioria das pessoas no meu mundo iriam me condenar pelo
que eu tinha feito, então por que eu estava sofrendo tanto?
— Você acha que Lily e Fabi terão permissão para
assistir à cerimônia? — perguntei com a voz embaraçosamente
esperançosa.
— Deixe-me falar com o papai. Eu tenho certeza que
posso convencê-lo. — disse Aria.
Eu não protestei quando ela saiu. Se alguém pudesse
convencer papai, seria Aria. Eu enfrentei o espelho. Meus
olhos estavam tristes e cansados. Eu não parecia uma noiva
feliz. Não que alguém esperava que eu estivesse feliz. Este não
era mesmo um casamento real. Apesar das minhas melhores
intenções, o pesar tomou conta de mim. Como poderia minha
vida ter se tornado uma bagunça completa? Tudo o que eu
sempre quis foi ser livre para tomar minhas próprias decisões.
Talvez eu tivesse me casado com Matteo se ele tivesse se
preocupado em me perguntar em vez de me obrigar. E agora
eu nunca iria ter um casamento real ou um vestido bonito. Eu
sempre pensei que eu não me importava com essas coisas, mas
agora que elas foram perdidas por mim, eu me sentia triste.
Aria voltou. — Está na hora. O padre está esperando na
sala de estar. Fabi e Lily estão lá também.
Reuni um sorriso. — Então vamos nos casar.

MATTEO
Mesmo sem um vestido de casamento, Gianna era a
porra de um espetáculo para ser visto. O vestido abraçou suas
curvas, curvas que eu tomaria meu tempo explorando quando
estivéssemos de volta a Nova York. Eu não podia esperar para
reivindicar cada polegada de seu corpo. Eu a faria esquecer
tudo o que teve antes de mim.
Gianna encontrou meu olhar como se soubesse o que eu
estava pensando. E eu realmente não me preocupei em
esconder o meu desejo por ela. Eu transaria com ela esta noite,
2
não importava o quão cansado e de jetlag eu estava. Eu tinha
esperado muito tempo para isso. Gianna parou ao meu lado e
eu peguei a mão dela. O padre estava olhando para baixo. Eu
não podia esperar para sair de Chicago. Não que as pessoas em
Nova York olhariam para Gianna de forma mais amável, mas,
pelo menos, eles ficariam com medo de mostrar seu desdém
abertamente.
A mão de Gianna estava fria na minha e ela evitou meus
olhos quando o padre falou os votos de casamento. Quando
chegou a sua vez de dizer ‘sim’, eu meio que esperava que ela
dissesse ‘não’ e eu realmente não tinha certeza do que eu teria
feito em seguida, mas ela não o fez. Gianna era uma menina
inteligente, ela esconderia seu ódio por nossa relação até que
ela estivesse a uma distância segura de Chicago e do bastardo
de seu papai.
Quando finalmente chegou a hora de deslizar o anel de
casamento no seu dedo, ela realmente estremeceu. De alguma
forma isso me irritou pra caralho. Ela deveria ser grata de eu
querer esse casamento. Suas ações estúpidas poderiam ter
custado tudo a ela. Ela poderia ao menos fingir gratidão.
— Você pode beijar a noiva. — o padre entoou.
Eu não hesitei. Eu segurei seu rosto e pressionei meus
lábios contra os dela. Gianna endureceu, fazendo meu sangue
ferver ainda mais. Quando eu me afastei, ela encontrou meu
olhar de frente. Ela realmente tinha a intenção de me provocar.
Se ela gosta de brincar com o fogo, tudo bem. Eu não me
importava em me queimar. Eu andaria através das chamas por
ela.

Menos de 60 minutos depois estávamos de volta no ar


em nosso caminho para Nova York. Meu corpo estava
zumbindo com desejo enquanto eu observava Gianna em seu
vestido sexy. Ela e Aria estavam amontoadas na última fileira
do avião.
Luca afundou-se ao meu lado e me entregou um copo de
uísque. Eu o engoli em um gole. — Um café seria melhor. Eu
preciso estar acordado.
Luca seguiu o meu olhar para as meninas. — Você
pretende ter sua noite de núpcias, uma vez que você estiver em
casa.
— Isso mesmo.
— Pelo que eu sei sobre Gianna, ela provavelmente não
vai fazer as coisas fáceis pra você. O que você vai fazer se ela
resolver lutar contra isso?
Eu não tinha pensado nisso. Em cada fantasia que eu
tinha sobre Gianna, ela tinha sido uma participante voluntária.
Eu queria que ela gritasse meu nome de prazer, queria deixá-la
molhada. Será que ela realmente ia me rejeitar? — Ela não vai.
— eu disse com mais convicção do que eu sentia.
Os olhos de Luca estavam praticamente me
radiografando. — Ninguém poderia culpá-lo se você tomasse
o que quer contra sua vontade. Não é como se ela não tivesse
assinado a certidão de casamento.
Minhas mãos se curvaram em punhos, mas em vez de
seguir o meu primeiro impulso e socar Luca, contei até dez em
minha mente. Luca falava muitas vezes coisas como essa para
avaliar a reação de alguém. Eu não acho que ele estava falando
sério. Talvez antes de Aria, eu teria duvidado mais.
Os olhos dele estavam em meus punhos fechados, então
digitalizou meu rosto sorrindo. — Você é como um livro
aberto para mim.
— Cale a boca. — eu murmurei. Meus olhos
encontraram Aria e Gianna mais uma vez. Elas pareciam estar
discutindo, uma visão incomum. Eu nunca tinha visto as duas
não se dando bem.
— O que é isso? — eu perguntei depois de um
momento.
— Como eu deveria saber?
— Você e Aria são praticamente almas gêmeas, vocês
não dominam a arte de ler a mente um do outro ainda?
Luca levantou o dedo. — Eu sei que sua esposa vai fazer
a sua vida um inferno, então eu vou dar folga.
— Como você é atencioso. — eu me perguntava como
seria a vida com Gianna. Hoje ela tinha sido moderada, à
exceção de algumas ocasiões, mas eu tinha a sensação de que
ela ia se recuperar rapidamente e voltar ao seu antigo tom
sarcástico. Eu odiava vê-la tranquila, especialmente quando
isso significava que ela estava triste por aquele filho da puta
do Sid. Tentei esquecer o bastardo, mas de alguma forma ele
havia se ancorado no meu cérebro. E eu não conseguia parar
de pensar nele com Gianna. Quantos caras tinham visto
Gianna nua? Tinham estado nela? Eu realmente precisava
descobrir seus nomes e matar todos eles.
Quando finalmente desembarcamos em Nova York, eu
estava chateado novamente. Eu mal olhei para Gianna quando
nós pegamos o meu Porsche Cayenne de volta para o nosso
apartamento. Toda vez que eu pegava um vislumbre de sua
longa perna através da fenda em seu vestido, eu quase perdia
minha sanidade. Eu precisava ter controle sobre mim mesmo.
Não importava o que Gianna tinha feito antes de hoje. Agora,
ela era minha, e se eu não controlasse a minha ira, eu só faria
algo que eu ia me arrepender mais tarde.

GIANNA
Matteo tinha um olhar estranho em seu rosto quando ele
olhava na minha direção. Eu realmente não poderia dizer o que
é, mas de alguma forma isso me deixou nervosa. É claro que
eu fingi que não percebi nada.
Aria havia tentado me convencer a dizer a verdade a
Matteo durante o nosso voo, e mesmo agora que estávamos
estacionando na garagem subterrânea do prédio, ela ainda
estava me dando olhares significativos. Eu estava preocupada
que ela fosse tomar as rédeas e contar meu segredo para
Matteo, mas ela sabia que eu ia ver isso como uma violação da
minha confiança e por isso eu esperava que ela ficasse fora
disso.
Matteo pegou minha mão quando eu saí do carro e
praticamente me arrastou em direção ao elevador. Aria e Luca
tiveram problemas para nos acompanhar. Eu tive um
sentimento que eu sabia por que Matteo estava tão ansioso
para chegar a seu apartamento. Nós todos entramos no
elevador. Ele começou a se mover e os olhos escuros de
Matteo me olhavam no espelho, algo faminto e furioso
brilhando em sua profundidade. A fome era inexplicável para
mim. Eu parecia uma bagunça. Olheiras sob os olhos, lábios
inchados, pele pálida.
Talvez eu devesse me sentir mais ansiosa, mas eu só
queria acabar logo com isso. Talvez Matteo poderia até mesmo
perder o interesse em mim, uma vez que ele me tivesse,
embora parte de mim se perguntava se eu realmente seria feliz
se Matteo de repente começasse a me ignorar.
O elevador parou e as portas elegantes abriram. Sem
outra palavra, Matteo me puxou para o seu apartamento. Eu
joguei um olhar por cima do meu ombro e vi a expressão
preocupada de Aria antes das portas do elevador se fecharem.
Matteo me levou para uma porta à nossa direita. Mal tive
tempo para ver o mobiliário moderno e a vista deslumbrante
de Nova York antes de nós corrermos para o quarto de Matteo.
A necessidade em seus olhos deixou claro que ele não
aceitaria um não como resposta esta noite.
Capítulo doze
GIANNA
Ninguém nunca tinha me olhado daquele jeito, como se
eu fosse a única fonte de água em uma época de seca. E, por
Deus, eu gostei. Parte de mim, pelo menos, a outra parte, a
parte teimosa, queria que perdurasse minha raiva, tristeza e
indignação, e não desse a mínima sobre o desejo de Matteo
por mim.
Nas últimas 24 horas os meus sonhos tinham sido
esmagados e uma vida inocente havia sido tomada. Eu senti
que era meu dever lutar contra este casamento e o
formigamento que inundava o meu corpo sempre que Matteo
me tocava. Eu devia isso a Sid, e a minha própria autoestima.
Eu tinha lutado muito duro para ser livre.
Antes que eu pudesse pensar o que eu ia fazer, Matteo
me puxou contra ele e reivindicou minha boca em um beijo
feroz que me fez ofegar, de tão intenso. Sua língua deslizou
entre meus lábios, e sem querer eu abri para ele, separei meus
lábios, lutei contra sua língua com a minha. Minhas mãos
encontraram seu caminho em seus cabelos, puxando, juntando,
querendo-o mais perto e ao mesmo tempo querendo empurrá-
lo.
Matteo agarrou minha bunda e me levantou. Minhas
pernas enrolaram em torno de sua cintura, e nossos lábios
nunca mais se separaram. Meu corpo estava em chamas com a
luxúria. Nenhum beijo antes tinha sequer chegado perto deste.
Matteo começou a andar, me levando em direção a sua cama.
Lute com ele, Gianna. Brigue. Você deve isso a Sid.
Mas eu estava cansada de lutar por hoje, cansada das
minhas emoções. Hoje eu só queria sentir, deixar meu corpo
tomar o controle, esquecer tudo por algumas horas, pelo
menos. Haveria tempo de sobra para resistir, mais adiante
neste casamento.
Matteo me jogou na cama e me deixou sem ar nos
pulmões, mas eu não tive muito tempo para me recuperar,
porque de repente ele estava em cima de mim e seus lábios
estavam de volta. Sua mão deslizou sob minha camisa, seus
dedos passando pelo meu estômago, em seguida, a pele
sensível sobre as minhas costelas. Ele segurou meu peito
através do meu sutiã e eu arqueei contra ele. Ele se afastou, e
eu mal consegui reprimir um som de protesto. Ele pareceu
perceber. Ele sorriu de maneira arrogante quando ele empurrou
minha camisa por cima da minha cabeça e tirou meu sutiã.
Meus mamilos endureceram e seu sorriso se alargou ainda
mais.
Um aborrecimento passou por mim. Ele parecia tão
malditamente seguro de si, certo de sua vitória sobre mim. Ele
tinha certeza que eu cederia facilmente.
— O que você faria se eu te disser ‘não’? — perguntei
em tom desafiador.
Eu esperava fúria ou irritação em troca.
— Você não vai. — disse ele sem um pingo de dúvida
em sua voz. Eu olhei, mas ele não me deu tempo para uma
resposta desagradável. Ele abaixou a cabeça sobre os meus
seios e chupou um mamilo ereto em sua boca. Um gemido
escapou antes que eu pudesse me parar e Matteo não me
permitiu a qualquer momento me recompor, e aumentar
minhas defesas. Sua boca era implacável. As sensações
ondulando através do meu corpo eram quase demais. Como
ele poderia me fazer sentir desse jeito? Sua língua circulou
meu mamilo antes de passar para o outro, deixando um rastro
molhado entre os meus seios. Eu tremi. Os olhos de Matteo
estavam colados na minha cara. Ele queria ver eu me render a
ele, queria aproveitar esta vitória até o último momento. Eu
resisti à vontade de fechar os olhos. Ele teria visto isso como
uma vitória. Eu não daria a ele esse gosto. Ele gentilmente
mordeu meu mamilo e eu gemi, ainda mais alto do que a
primeira vez.
Com um sorriso de autossatisfação, ele foi descendo a
boca, mergulhando sua língua em meu umbigo. Eu gritei como
uma menina idiota e tentei me esquivar dele, mas suas mãos
vieram para meus quadris, me segurando rápido, enquanto sua
língua fazia cócegas na minha barriga e quadris. Eu estava
rindo tanto, lágrimas estavam em meus olhos. Eu havia
esperado que ele fosse mais áspero depois do que tinha
testemunhado, havia quase um desejo que ele fosse, mas este
lado brincalhão? Isso me assustou porque ele parecia
simpático, mesmo adorável. Eu empurrei sua testa. — Pare
com isso!— eu engasguei entre risos.
— Qual é a palavra mágica? — ele murmurou contra um
lugar particularmente delicado logo acima do meu osso ilíaco.
— Foda-se. — eu disse docemente. Eu me preparei, mas
não impedi os gritos e risos quando Matteo traçou sua língua
sobre meu osso ilíaco. Eu estava à beira da mendicância,
quando de repente ele parou seu ataque. Ele desabotoou minha
calça e puxou para baixo. Seus olhos viajaram sobre as minhas
pernas, e suas mãos seguiram o mesmo caminho, mal
esfregando minha pele. Seus movimentos eram quase em
reverência. Não entendi. Nojo e fúria, eram aqueles que eu
teria entendido.
Quando ele me beijou através de minha calcinha, fiquei
ainda mais tensa. Eu sabia o que ele queria fazer. Ninguém
nunca tinha feito isso. Isso era muito pessoal, como se eu
tivesse que me dar a ele mais do que apenas no sentido físico,
e eu não poderia fazê-lo, não poderia fazê-lo, não importa o
quanto meu corpo ansiava pela experiência. Matteo agarrou
minha calcinha e deslizou para baixo de minhas pernas.
Sentou-se por um momento, me admirando. — Eu perguntei
se você era ruiva.
Revirei os olhos, apesar do rubor se espalhando em
minhas bochechas. — Não é isso que todo homem deseja
saber?
Eu percebi um momento tarde demais que mencionar
outros homens não era a melhor ideia em minha situação atual.
— Como é que você explicou para os outros caras você
tem duas cores? Castanho na parte superior e vermelho
embaixo? — sua voz e seus olhos tinham-se tornado mais
duros e perigosos.
Ninguém nunca me viu assim. As palavras ficaram na
ponta da minha língua. — Eu pensei que você queria me foder.
Eu não estou no clima para conversa fiada.
Matteo balançou a cabeça. — Oh, eu vou transar com
você, não se preocupe. — ele bateu seus lábios para baixo nos
meus e eu o beijei de volta ferozmente. – ‘Sinta, não pense’ se
tornou meu mantra. Suas mãos percorriam meu corpo, até que
encontraram o seu caminho entre as minhas pernas. Obriguei-
me a relaxar, apesar de meus nervos. Quando seus dedos
roçaram minhas dobras, eu ofeguei contra seus lábios. A
sensação era deliciosa. Seu polegar encontrou o meu feixe de
nervos e começou a esfregar. Dois de seus dedos deslizaram
para trás e para frente no comprimento da minha fenda,
enquanto seu polegar pressionou meu clitóris. Talvez a minha
mente não quisesse Matteo, mas meu corpo estava tão ansioso
por ele, o que era ridículo.
Meus dedos curvaram quando ele me elevou com os
dedos. Eu agarrei seu pescoço, trazendo-o ainda mais perto,
trazendo sua língua com a minha, enquanto o meu orgasmo
veio forte. Minhas unhas cravaram em sua pele, o que parecia
transformá-lo ainda mais a julgar pelo rugido profundo no seu
peito. De repente, dois de seus dedos se moviam mais baixo e
esfregavam minha abertura. O medo tomou conta de mim.
Apertando as pernas juntas, eu empurrei o seu peito e puxei
meus lábios dos dele.
— Pare com as preliminares. — eu disse sem fôlego. E
se ele pudesse sentir alguma coisa com os dedos? Eu duvidava
que seu pênis fosse tão sensível quanto as pontas dos dedos.
A dica de uma carranca cruzou a expressão de Matteo
mas depois ele saiu da cama com um sorriso perverso. Ele
ficou de pé, alto em frente da cama. A protuberância em suas
calças era inconfundível. Ele não me deu muito tempo para
perguntar o que estava por baixo do tecido. Suas mãos fizeram
um rápido trabalho de desabotoar sua camisa e, em seguida,
ele deslizou para fora de seu ombro forte e a deixou cair no
chão. Esta foi a primeira vez que o vi sem camisa. Eu tive
vislumbres de seu abdômen tanquinho através de sua camisa
branca antes, mas não tinha comparação a vê-lo sem camisa.
Meu núcleo apertou com o desejo. Mesmo que a personalidade
de Matteo me dava nos nervos, meu corpo reagia
definitivamente a sua aparência. Suas mãos se moveram para
suas calças, e em um movimento rápido ele deixou cair ambas,
calças e a cueca no chão. Quando ele se endireitou, levou
todas as minhas habilidades de mascarar o meu embaraço e
nervos com a visão dele totalmente ereto.
Eu realmente deveria ter escutado a Aria, mas mesmo
que o pensamento passou pela minha cabeça, eu sabia que eu
era orgulhosa demais para dizer a verdade a Matteo. Meus
olhos tomaram o seu tempo em cada polegada dele, sem me
importar que ele sorrisse para a minha admiração óbvia.
E, cara, ele era lindo. Tudo nele era, seu peito esculpido
e seu abdômen, mesmo seu pênis. Eu o odiava por isso.
Odiava como meu corpo reagia a ele de forma rápida e fácil
quando ele nunca tinha reagido a Sid ou os outros caras que eu
tinha ficado. Ele avançou sobre a cama, cada movimento ágil,
e calculado. Cada movimento teve como objetivo mostrar seus
músculos e força. Deus, eu queria que não estivesse causando
uma boa impressão em mim. Ele colocou um joelho na cama,
me tentando com um olhar que me fez estremecer.
— Pare de brincar. — eu assobiei, porque os meus
nervos estavam me dominando e essa era a última coisa que eu
precisava.
E ele fez como eu pedi. Mudou-se para a cama e subiu
entre as minhas pernas, agarrando meus quadris com um
sorriso escuro. — Eu vou fazer você esquecer todo cara fodido
com quem você já esteve.
Olhei-o, e estava prestes a dar a ele uma resposta
desagradável, quando ele puxou meus quadris bruscamente e
bateu em mim em um impulso duro. Eu me arqueei com um
grito quando a dor passou por mim. Droga. Aria não estava
brincando. Isso foi fodidamente doloroso. Tanta coisa para
manter em segredo. Eu chupei em algumas respirações rápidas
através do meu nariz, meus olhos cerrados fechados. — Oh
merda. — eu engasguei quando eu podia falar novamente. Isso
era muito pior do que eu pensava. Abri os olhos lentamente,
temendo o que eu veria. Eu deveria ter mordido a porra de um
travesseiro, ou mesmo minha língua estúpida.
Matteo tinha congelado em cima de mim quando ele
olhou para mim com surpresa. — Gianna?
Meu rosto ficou quente. — Cale a boca. — eu murmurei.
Eu afrouxei meus dedos, que estavam agarrados no lençol.
Os olhos de Matteo eram suaves. — Por que você não
me contou?
Eu decidi jogar muda. Talvez eu pudesse convencê-lo
que isso não era o que parecia. — Te dizer o que?
Um sorriso malicioso torceu seus lábios, e eu não queria
nada mais do que limpá-lo fora de seu rosto. Claro que ele não
comprou minha mentira. Ele não era um idiota. Ele era um
mestre manipulador e eu, obviamente, tinha muito a aprender
antes que eu pudesse enganá-lo.
— Que eu sou sua primeira vez. — disse ele. Será que
ele tem de soar tão… aliviado e orgulhoso?
Se eu não tivesse preocupada que quando seu pau saísse
de mim machucaria tanto quanto tinha entrado, eu o teria
empurrado para longe. Estar deitada embaixo dele fazia
qualquer argumento difícil.
Apertei os olhos. — Eu pensei que nós íamos foder?
Estou cansada de falar com você.
Matteo se preparou em suas mãos, aproximando-nos. Eu
fiquei tensa com a pontada do movimento.
— Primeiro eu quero que você responda à minha
pergunta. Por quê? Você poderia ter poupado um monte de dor,
se você tivesse me dito. — disse ele calmamente. Parecia que
essa era a coisa mais fácil do mundo para ele, estar enterrado
dentro de mim, e ter um bate-papo.
Quando ficou claro que ele esperaria até eu dar o que ele
queria, eu disse: — Porque eu não queria que você soubesse.
Seu sorriso ficou ainda mais convencido. — Porque
você não queria admitir que esperou por mim.
— Eu não esperei por você. Agora pare de falar e me
foda, porra. — Isso estava ficando muito pessoal, e eu odiava
o quão vulnerável eu estava, nua por dentro e por fora. Como
eu deveria parar de sentir, se Matteo ficava perguntando coisas
que eu não queria pensar?
Matteo não tirava os olhos de mim. Eram escuros e
possessivos, e parecia olhar através de mim. Se não tivesse me
sentindo derrotada, eu teria olhado para longe. Ele retirou-se
lentamente antes de deslizar de volta e eu fiquei tensa com da
dor. Meu corpo era um traidor horrível. Pelo menos, consegui
segurar um suspiro neste momento. Matteo movia-se
lentamente e com cuidado, flexionando seus músculos a cada
estocada.
Eu odiava que ele estava sendo cuidadoso. Eu odiava
que ele não estava agindo como um total idiota, odiava que
odiá-lo não era tão fácil como eu pensava. Se ele não era um
idiota, então, de alguma forma, a morte de Sid foi ainda mais
minha culpa, porque a minha fuga era desnecessária e egoísta
e sem fundamento.
Segurei seus ombros. — Pare de se segurar.
As sobrancelhas de Matteo se juntaram, mas ele não se
moveu mais rápido.
Cavei meus dedos em sua pele e puxei meus quadris,
apesar da dor entre as minhas pernas. — Pare de se prender!
Desta vez, ele ouviu. Seus olhos brilharam e então ele
bateu em mim mais e mais rápido. Fechei os olhos enquanto
eu segurava em seu ombro. Eu provavelmente deixei marcas
com as minhas unhas. Eu não me importava e Matteo não
parecia se importar, sua respiração rápida era a indicação
disso.
A dor que eu sentia era boa, me deu algo para me
concentrar além da culpa esmagadora. Mas não era apenas a
dor. Logo esse sentimento se transformou em uma pressão que
aliviava, um zumbido baixo de prazer que eu nunca tinha
sentido antes. Matteo abaixou-se, mudando o ângulo em que
ele empurrava para dentro de mim, batendo em um local
incrível dentro de mim. A boca de Matteo encontrou minha
garganta e, em seguida, ele mordeu minha pele levemente. Um
gemido saiu dos meus lábios. Meus olhos se abriram,
encontrando o olhar intenso de Matteo. Eu não conseguia
desviar o olhar. Eu queria puxá-lo para mais perto e afastá-lo,
ao mesmo tempo, queria me esconder e me abrir para ele,
queria e não queria. — Você vai gozar? —Matteo perguntou
asperamente.
Eu balancei minha cabeça – Não. – não confiando em
minha voz. Talvez eu pudesse gozar. Sentia-me cada vez
melhor, mas eu precisava trazer espaço entre Matteo e eu,
precisava de tempo para entender minhas emoções antes que
elas tomassem conta de mim. Eu estava confusa, cansada e
triste.
Matteo levantou-se em seus braços novamente e
acelerou ainda mais, batendo em mim uma e outra vez, e então
ele ficou tenso por cima de mim, seu rosto torcendo com
prazer, e caramba, ele parecia magnífico, como algo que
Michelangelo não poderia ter criado melhor. Os movimentos
de Matteo se tornaram bruscos e, em seguida, ele se acalmou,
de olhos fechados, alguns fios de cabelo escuro presos em sua
testa.
Meus dedos coçavam para acariciá-los, para tocar seus
lábios e queixo. Em vez disso eu deixei cair minhas mãos de
seus ombros e descansei-as na cama ao meu lado, onde eu não
poderia fazer algo estúpido, algo que eu ia me arrepender mais
tarde.
Os olhos de Matteo abriram lentamente e eu chupou uma
respiração tranquila. Por que ele não conseguia parar de olhar
para mim desse jeito? Ele não sorriu, só me perfurou com seu
olhar escuro.
Eu empurrei contra seu peito. — Você está ficando
pesado. Saia.
Os cantos de sua boca se contorceram, em seguida, ele
puxou lentamente para fora e sentou-se na cama ao meu lado e
estendeu a mão para mim como se ele fosse me abraçar. Em
pânico, eu sentei e deslizei para fora da cama. Se ele me
abraçasse agora, se ele agisse como se fôssemos um casal real,
se preocupando comigo, eu perderia meu controle. Eu fui para
o banheiro, sem me incomodar em me cobrir. Matteo já tinha
visto tudo de mim, e eu não daria a ele a satisfação de pensar
que eu tinha vergonha de ficar nua na frente dele.
Eu não o ouvi vindo atrás de mim, mas, de repente,
Matteo agarrou a minha mão, me impedindo de desaparecer na
segurança do banheiro. Nossos olhos se encontraram. Os seus
estavam quase… arrependidos. — Eu não devia ter ido tão
forte com você, mas você sabe como me fazer perder o
controle, Gianna. Eu machuquei você?
Preocupação, lá estava ele novamente. Droga. Por que
ele não conseguia parar de agir como se ele fosse um cara
normal? Ele realmente achava que iria me fazer esquecer
quem e o que ele realmente era? — Não finja que você não
gostou.
— Eu não gostei. Eu amei cada segundo. Eu esperei
muito tempo por este momento. Passei quase todo momento
da minha busca por você imaginando ter seu corpo quente
debaixo de mim. Mas, na minha imaginação você estava
gemendo meu nome e tinha orgasmos múltiplos. Você
definitivamente não estava com dor.
Esse bastardo arrogante. — Mantenha-se imaginando
isso. Isso não vai acontecer.
Matteo se apoiou contra o batente da porta, prendendo-
me entre seus braços. — Seu corpo reagiu a mim, Gianna,
mesmo se você não quiser admitir isso. Da próxima vez você
gozará quando eu foder você, confie em mim.
— O que faz você pensar que meu corpo estava reagindo
a você? Talvez eu estivesse imaginando que eu estava com
outra pessoa. A mente é uma ferramenta poderosa. — eu tentei
escapar debaixo do braço, mas ele me empurrou contra o
batente da porta. — Talvez eu estivesse imaginando que era
Sid e não você me fodendo.
Matteo nem sequer piscou. Ele não acreditou em uma
palavra que eu estava dizendo. Caramba!
— Se você realmente queria Sid para ser seu primeiro,
você teria deixado ele foder você. Então, por que não deixou?
— Porque você o matou!
Matteo sorriu. — Nós dois sabemos que não é essa a
razão, mas vamos fingir que fosse verdade. Então eu estou
feliz que ele está morto. Aquele covarde não merecia o
privilégio.
Eu não podia acreditar nele. — Seu imbecil. Eu sabia
que você tripudiaria, é por isso que eu não te contei.
Matteo inclinou-se até que não havia menos de uma
polegada entre nossos lábios. — Mas eu sei e eu nunca vou
esquecer. Você é minha agora Gianna, e eu amo pra caralho
que eu peguei você antes de você encontrar um perdedor para
ser seu primeiro homem.
Eu tentei dar um tapa nele, mas ele pegou meu pulso e
realmente beijou minha mão com um sorriso de pura
satisfação. Puxei minha mão para longe dele. Uma miríade de
insultos passou pela minha mente, muitos para escolher apenas
um.
Matteo acenou com a cabeça em direção à cama. —
Talvez eu devesse dizer a todos que nós podemos ter uma
apresentação dos lençóis depois de tudo.
Meus olhos se arregalaram. Essa foi a última coisa que
eu queria, e Matteo sabia disso. Ele estava me provocando. Eu
passei por ele e desta vez ele me deixou, e corri em direção à
cama. Havia uma pequena mancha rosa no lençol. Para os
homens era muito mais fácil. Mulheres realmente se ferravam
quando se tratava de anatomia. Temos o nosso período, não
podemos fazer xixi em pé, tínhamos que expelir algo do
tamanho de um melão de nossa vagina e as nossas primeiras
vezes sugadas extremamente. — Você não ousaria. — eu
disse.
Matteo cruzou os braços sobre o peito. Ele ainda estava
gloriosamente nu e estava ficando com tesão novamente. O
bastardo estava ligado pela nossa briga. — Você não me tente.
Eu dei de ombros. — Mesmo se você mostrasse os
lençóis para a sua família, ninguém acreditaria em você de
qualquer maneira. Eles acham que eu sou uma vagabunda,
lembra? Eles provavelmente pensariam que você falsificou a
mancha com seu próprio sangue como Luca fez em sua noite
de núpcias. — eu fiquei tensa. Este era um segredo que eu
deveria manter. Ninguém sabia. Por que eu não poderia manter
minha boca fechada, estúpida?
Capítulo treze
MATTEO
Os olhos de Gianna se arregalaram quando ela deixou
escapar o pequeno segredo de Luca e Aria. Será que ela
realmente acha que eu não sabia? Luca e eu morreríamos um
pelo outro. Ele sabia que podia confiar em mim com todo
segredo, mesmo aquele que revelou que ele não era o bastardo
cruel que toda a gente pensava que ele era. De alguma forma,
por algum golpe de sorte, nosso sádico pai tinha tomado a
decisão certa quando ele tinha escolhido Aria para Luca. Eu
não acho que ele sabia o quão bem os dois iriam se dar, ou ele
não teria concordado com a festa. Ele sempre se esforçou para
a miséria dos outros. — Não se preocupe. Luca me contou.
Sua irmã derreteu seu coração frio. Vocês mulheres Scuderi
tem talento para isso.
Gianna relaxou. Não importa o quão dura ela achava que
era, seu corpo a entregava. Ela não era muito boa em esconder
suas emoções o que tornaria mais fácil para mim. Seu olhar
voltou para a mancha nos lençóis. Ver ela realmente me deixou
mal, para isso tinha também a mancha de sangue no meu pau.
Eu não era como alguns homens em nosso mundo que teria se
recusado a se casar com Gianna porque ela poderia ter
brincado com outros caras durante sua fuga. Não que eu não
odiasse o pensamento de que qualquer cara tenha colocado a
porra de um dedo em seu corpo bonito, mas eu queria cuidar
demais de Gianna, e eu achava toda a obsessão com a pureza
em nosso mundo ridícula de qualquer maneira. O melhor sexo
que eu tive na minha vida definitivamente tinha sido com
mulheres que sabiam o que estavam fazendo, mas eu tinha um
sentimento que Gianna aprenderia rápido. Ainda assim, após o
choque inicial quando Gianna tinha gritado de dor, eu senti
uma onda de possessividade e alegria.
Gianna olhou para mim desconfiada, apertando seus
adoráveis lábios. Seu cabelo cobria seu ombro pálido como
um véu e eu não pude resistir a retirar os fios de seu ombro,
maravilhado com sua maciez. Só a pele de Gianna era ainda
mais suave. Eu acho que eu nunca cansaria de tocá-la. Meus
dedos encontraram seu pulso antes que eu começasse a
acariciar a seu pescoço levemente. Por um momento Gianna
prendeu a respiração e realmente se inclinou para o meu toque
antes que ela se afastasse. Ela deu um passo para trás para que
eu não tivesse escolha a não ser soltar minha mão. Eu tive que
reprimir um sorriso. Ela era tão previsível. Pelo menos, em
suas reações a mim. Às vezes, no passado, ela conseguia me
surpreender, o que não era algo que outras pessoas
conseguiram muitas vezes.
Gianna estreitou os olhos para mim. Se ela soubesse o
quão quente ela parecia quando ela estava com raiva, ela
sorriria mais vezes. Eu já estava duro novamente e não queria
nada mais do que foder Gianna. Seus olhos esvoaçaram para
baixo, para o meu pau, e ela bufou. Balançando a cabeça, ela
passou por mim e desapareceu no banheiro antes de bater a
porta com um estrondo.
Eu soltei uma risadinha antes de voltar para a cama,
caindo nas minhas costas e cruzando os braços atrás da cabeça.
Eu não conseguia tirar o sorriso do meu rosto. Depois de
meses de frustração, eu tinha sido recompensado, ainda mais
do que eu esperava. Esperei o som de água corrente, mas o
silêncio reinava no banheiro. Sentei desconfiado. Não havia
nenhuma maneira de Gianna poder escapar do banheiro, mas
que se ela decidisse acabar com sua vida, em vez de gastá-la
comigo?
Gianna parecia amar a vida demais para tal ação, mas eu
não tinha certeza que ela não faria isso para me irritar. Fui para
a porta do banheiro, pronto para derrubá-la quando abriu.
Gianna saiu, as sobrancelhas curvando-se quando ela me viu
bem na frente dela. Seus olhos não estavam inchados, de modo
que ela não tinha chorado, o que foi um alívio.
Seu nariz enrugou. — O que? Não me diga que você
estava me espionando enquanto eu estava no banheiro?
Cruzei os braços sobre o peito com um sorriso. Eu
definitivamente não diria a ela o que eu pensava. — Nós dois
sabemos que você precisa de supervisão.
Com um suspiro, ela passou por mim e entrou debaixo
das cobertas. Após uma verificação rápida do banheiro, que
parecia o mesmo que tinha antes, fui para Gianna. Ela estava
de costas para mim, e puxou as cobertas até o queixo. Eu me
pressionei contra suas costas, deslizando meu braço em volta
da cintura nua. Tendo seu corpo nu tão perto do meu estava me
dando todos os tipos de ideias e meu pau estava cavando
insistentemente contra sua bunda. Eu não podia esperar para
fodê-la assim, para tê-la na minha frente de quatro, para tê-la
me montando. Eu queria transar com ela de mil maneiras
diferentes.
— Nem sequer pense isso. — disse Gianna calmamente,
em advertência. — Eu estou cansada e eu não te devo mais do
que uma vez na nossa noite de núpcias.
Eu ri contra seu pescoço antes de pressionar um beijo na
sua pele macia. — Você é romântica, Gianna. Suas palavras
sempre aquecem meu coração.
— Oh, cale a boca. — ela murmurou.
Apertei o meu domínio sobre ela. Ela não tentou se
afastar, o que me surpreendeu, e voltei a levantar as minhas
suspeitas, mas eu culpava o recato pelo longo dia que nós dois
tivemos. Fazia mais de 24 horas desde que eu tinha dormido.
Ainda assim, eu lutava contra o sono, até que ouvi a
respiração de Gianna ficar mais profunda e seu corpo amolecer
contra o meu. Eu não confiava em Gianna, não depois do que
ela tinha feito. Eu não tinha certeza se eu confiaria nela
completamente. Eu sabia que ela ia correr no momento em que
eu a deixasse fora da minha vista. Eu não daria a ela outra
chance de me iludir. Eu não me importava o que eu tinha que
fazer para mantê-la em Nova York.
Luca tinha pensado que eu perderia o interesse nela
depois que eu a pegasse. Parte de mim esperava por isso, mas
eu já podia dizer que não era o caso. Eu ainda a queria,
provavelmente, mais do que antes.
Eu estava completamente e totalmente ferrado.

GIANNA
Na manhã seguinte eu acordei com Matteo movendo-se
no quarto. Eu não dei nenhuma indicação de que eu estava
acordada, só fiquei escutando o barulho. Eu não queria
enfrentá-lo. Ele seria presunçoso sobre a noite passada,
definitivamente intolerável. Antes de um longo banho e um
café forte eu não estaria no clima para este tipo de confronto.
Quando seus passos finalmente afastaram-se e a porta se
fechou, eu respirei e abri meus olhos. Na linha do horizonte de
New York estavam penduradas nuvens pesadas. Talvez eu
pudesse simplesmente ficar na cama, mas eu tinha um
pressentimento de que Matteo poderia tentar se juntar a mim
se eu fizesse isso. Meu corpo traidor formigava com
entusiasmo com a ideia de ter suas mãos em mim novamente,
talvez até mesmo permitindo a ele ficar em cima de mim de
verdade.
Eu rapidamente sentei, deslizei para fora da cama e corri
para o banheiro para jogar água fria no meu rosto. Estremeci
com a ardência em meu lábio. Olhei para mim mesma no
espelho. Meu lábio inferior estava inchado e a pele abaixo dele
estava machucada. Parecia que eu tinha estado em uma briga,
o que não era muito longe da verdade. Eu abri minha boca
para dar uma olhada nos pontos. Desgostosa, eu rapidamente a
fechei novamente. Os eventos de ontem passaram pela minha
mente.
Eu ainda não tinha tido pesadelos sobre o que aconteceu
com Sid. Eu ainda me sentia horrível por sua morte cruel, mas
meus sonhos tinham sido vazios, um vazio negro do nada.
Talvez eu não pertencesse a este mundo depois de tudo.
Meus olhos deslizaram para um ponto no lado do meu
pescoço, onde Matteo tinha deixado um chupão. O bastardo
tinha me marcado como se eu fosse sua propriedade, e
provavelmente era o caso. Toquei a contusão.
Fazendo uma careta, eu me afastei do meu reflexo, e
tomei um banho rápido. Quando voltei para o quarto, eu
encontrei minhas malas no chão. Matteo deve ter trazido
enquanto eu estava me preparando. Bastardo nojento. Como
ele poderia se mover tão silenciosamente?
Eu rapidamente coloquei minhas roupas nas gavetas que
Matteo deve ter esvaziado para mim. De alguma forma isso
me incomodou, que ele tinha deixado espaço para mim como
se ele soubesse o tempo todo que eu seria sua mulher. Ele deve
ter feito isso há muito tempo. Não houve tempo ontem à noite
ou hoje pela manhã. Colocar parte das roupas que eu não tinha
usado em seis meses também me fez perceber que eu
precisava desesperadamente ir às compras. Minhas roupas
velhas pareciam relíquia de uma antiga vida. Em nossa pressa
para deixar o meu apartamento em Munique, eu não tinha sido
capaz de agarrar qualquer uma das minhas roupas novas.
Depois, totalmente vestida eu desci as escadas, parando
de vez em quando para ouvir Matteo. Ele ficou em silêncio no
apartamento e enquanto eu caminhava pela sala em direção à
cozinha, eu não encontrei ninguém, nem mesmo um guarda-
costas. Uma suspeita queimou em mim. Matteo nunca iria me
deixar sem supervisão depois do que eu tinha feito. Meus
olhos percorreram o teto, os cantos e qualquer outro lugar
possível para câmeras de segurança, mas não as achei. Hesitei
no meio da cozinha por um momento, os olhos correndo para a
enorme máquina de café. Dane-se. Eu precisava de cafeína. Se
Matteo não estava lá, eu estava grata, eu ia fingir que essa era
a minha casa.
E eu nem sequer tinha a necessidade de fingir. Esta era a
minha casa agora, ou era suposto ser. Claro que não me sentia
à vontade. Tinha sido um longo tempo desde que algum lugar
tinha me feito sentir em casa. Nos últimos meses da minha
vida, até mesmo a casa dos meus pais não parecia com um lar.
Não adiantava pensar nisso agora. Eu nunca perdoaria papai
por como ele me tratou, nem minha mãe, porque ela o deixou
fazer isso. Talvez eu estivesse morta para eles, mas eles
estavam mortos para mim também.
Meu dedo pairou na frente do botão que ligava a
máquina de café. Este estranho silêncio estava me deixando
louca. Me xingar era ridículo, eu finalmente apertei o botão.
Peguei um copo e selecionei um cappucino. Eu não estava
fugindo mais. O pior já tinha acontecido.
Com um assobio, o líquido quente disparou. No
momento em que estava pronto, eu peguei o copo e tomei um
longo gole, sentindo o calor e o gosto familiar apurado na
minha mente. Encostei-me ao balcão, deixando meus olhos
vagarem através do apartamento. Eu realmente gostei do estilo
clean, os elegantes sofás de couro preto, móveis de madeira e
paredes brancas. Gostaria de saber se Luca e Matteo tinham
contratado o mesmo designer de interiores, porque o seu
mobiliário era tão similar. Eu podia ver-me à procura de peças
de arte que se encaixassem aqui, podia ver-me comprando
almofadas que trariam um pouco de cor, podia me ver
decorando uma árvore grande para o Natal. Eu andei ao redor
do balcão, me empoleirei no banco e virei as costas para o
lugar que eu poderia facilmente me ver vivendo.
Isso não era o que eu queria. Ou, pelo menos, algo que
eu não queria há seis meses, algo que eu não deveria querer,
não depois de arriscar tanto para escapar dele. Fechei os olhos
e inalei o aroma reconfortante do meu café. Eu precisava ver
Aria novamente, mas eu tinha permissão para subir até sua
cobertura? A ideia de que eu tinha que pedir a Matteo e talvez
até mesmo Luca permissão sempre que eu queria ver minha
irmã me fez subir as paredes. Foi um bom lembrete de porque
eu fugi antes, algo que eu nunca poderia me permitir esquecer.
Uma respiração quente acariciou meu pescoço, seguido
por um baixo. — Bom dia.
Eu gritei de surpresa e joguei a minha xícara de café
longe. Ela quebrou em dezenas de pedaços afiados e derramou
café em todos os lugares. Virei minha cabeça e eu me vi cara a
cara com uma Matteo sorrindo.
— Porra. Por que diabos você está subindo em mim
assim? Você me assustou pra caralho. — eu assobiei.
Ele balançou a cabeça com uma expressão divertida. —
Todas essas palavras desagradáveis que saíram de sua boca
doce, são realmente adequadas?
Ele estava tirando sarro de mim. Seus olhos tomaram seu
tempo vagando por minhas curvas, demorando-se no chupão
antes de passar um pouco mais pra baixo novamente. E o pior
foi o modo como meu corpo estava reagindo à sua
proximidade, seu cheiro, seu peito musculoso. Felizmente,
meu rosto não estava quente, então talvez eu não estivesse
corada.
— Desde quando você se importa em ser adequado? —
Eu murmurei. Eu passei por Matteo e ajoelhei-me ao lado dos
restos quebrados de minha xícara. Eu esperava que Matteo não
suspeitasse do que sua proximidade estava fazendo comigo.
Eu peguei as peças, mas Matteo veio em minha ajuda. Eu não
tinha certeza se ele estava fazendo isso para ser simpático, ou
se ele sabia sobre o seu efeito em mim e estava tentando
brincar comigo. Pelo que eu sabia dele, eu imaginei o último.
Eu estava tentando não olhar pra ele quando ele se agachou ao
meu lado. Ele estava me dando uma boa visão do seu traseiro
perfeitamente em forma. Maldição, por que ele tem que
parecer assim?
Sem aviso, ele roçou o dedo sobre o meu lábio inchado.
— Eu realmente deveria ter matado seu papai.
Seu toque era tão gentil, que me fez querer acariciar meu
rosto contra seu pescoço e chorar. — Você tem uma vassoura?
— perguntei casualmente.
Ele deu de ombros, deixando cair sua mão. — Eu vi
Marianna voar em uma, uma vez.
Revirei os olhos. É claro que ele não tinha ideia. Ele
provavelmente nunca sequer tinha pegado a sua própria roupa.
— Você, pelo menos, sabe onde Marianna mantém o material
de limpeza?
Seu olhar permanecia em meu decote. Com um suspiro,
eu me levantei e sai em busca de uma vassoura. Quando
finalmente voltei para a bagunça na cozinha, com a vassoura
na mão, Matteo estava falando no telefone. Ele estava
encostado no balcão, pernas casualmente cruzadas.
Tentei ouvir a conversa enquanto eu limpava o chão. Eu
tinha a sensação de que era sobre mim.
— Venha agora. Eu quero que seja feito o mais cedo
possível
Com isso, ele desligou e se virou para mim. Eu me
inclinei com a vassoura contra a parede, em seguida,
perguntei. — Quem era? Um novo guarda-costas que você
deseja que mantenha um olho em mim?
— Algo assim. Eu vou colocar uma tornozeleira em
você.
— O que? Você ficou louco?
— Pelo contrário, mas ambos sabemos que você vai usar
a próxima chance que você tiver para escapar de novo, então
até que eu possa confiar em você para ficar comigo, você vai
ter que usar a tornozeleira.
Eu o encarei, completamente atordoada e com tanta
raiva que eu estava preocupada que minha cabeça explodiria.
— Então você admite que eu sou sua prisioneira. Você está me
tratando como uma, depois de tudo.
Matteo avançou sobre mim. — Sem a tornozeleira eu
teria de trancá-la neste apartamento, mas com ela, você pode
passar o tempo com Aria, caminhar ao redor de Nova York, e
viver uma vida quase normal.
— Eu acho que você quer que eu agradeça a sua
gentileza?
O idiota realmente riu. — Não. Eu sabia e não esperava
que você fosse gostar da ideia.
— Ninguém gostaria, que ideia! E você não me conhece,
Matteo.
Ele moveu-se para muito perto, e sem aviso enfiou a
mão debaixo da minha camisa, colocou de lado meu sutiã e
torceu meu mamilo. No mesmo instante, o meu núcleo apertou
com necessidade. — Eu sei que você ama quando eu faço isso
com o seu pequeno mamilo perfeito. — ele rosnou.
Eu queria negar, mas da forma como o polegar e o
indicador brincavam comigo, eu não conseguia encontrar as
palavras. Os olhos escuros de Matteo estavam fixos em mim
quando ele se inclinou muito perto. — Eu sei que você está
molhada. Eu sei que sua buceta me quer, mesmo que você não
admita isso.
Ele caiu de joelhos e empurrou para baixo as minhas
calças e calcinhas.
— O que…
Eu não tive tempo. Ele se inclinou e beijou a minha
carne aquecida. Eu respirei assustada. Matteo libertou uma das
minhas pernas das minhas calças e calcinhas e depois ele a
levantou e a colocou no seu ombro. Seus olhos encontraram os
meus enquanto sua língua separou meus lábios inferiores e
lambeu lentamente. Eu tremia, apertando minha boca com
medo de fazer um som embaraçoso.
Matteo puxou a cabeça pra trás. — Veja, eu sabia disso.
Molhada para mim. — disse ele em uma voz áspera. Ele
pressionou alguns beijos contra mim antes de me lamber.
Meus olhos queriam rolar para trás na minha cabeça a partir
dessa sensação.
— Alguém já fez isso com você? — perguntou ele
ferozmente.
Eu não poderia mesmo mentir. Eu apenas balancei a
cabeça — Não.
— Bom. — ele me recompensou com um beijo
alucinante, sua língua traçando minha abertura, em seguida,
correndo de volta para o meu clitóris.
— Oh Deus. — eu sussurrei.
Matteo soltou meu lábio latejante. — Você tem um gosto
perfeito, Gianna. — ele me separou e roçou um beijo sobre o
meu clitóris. — Você quer que eu pare?
Eu cerrei os dentes. Eu nunca quis nada menos. Levou
todo o meu autocontrole para não agarrá-lo e enfiar o seu rosto
contra mim.
— O tratamento do silêncio? — perguntou Matteo em
voz provocante antes dele me cutucar com a língua, enviando
lanças de prazer através de mim, antes de capturar meu clitóris
entre os lábios e sugar levemente.
Engoli em seco e agarrei o balcão atrás de mim,
precisando de alguma coisa para me apoiar. Minha cabeça caiu
para trás quando Matteo fez a coisa mais incrível com a
língua. Com golpes lentos ele me trouxe para mais perto e
mais perto da borda. Eu poderia dizer que desta vez seria ainda
mais intenso do que ontem. Sem querer, minha mão segurou a
cabeça de Matteo e meus dedos se enredaram em seu cabelo
escuro. Matteo me recompensou com movimentos de sua
língua contra o meu clitóris.
— Sim. — eu sussurrei. Eu nem sequer me importava
mais que eu estava admitindo o quão bem eu me sentia. Meu
corpo inteiro gritou por um orgasmo. Eu estava tão perto,
minhas pernas começaram a tremer, minha respiração
acelerou. E, em seguida, a campainha tocou. Eu o empurrei
surpresa e os meus olhos voaram para o elevador. Ninguém
podia chegar sem que Matteo concedesse acesso.
Matteo se afastou e parou o que ele estava fazendo.
Meus dedos ainda apertavam sua cabeça. — Não pare. — eu
não conseguia esconder a necessidade na minha voz.
Matteo endireitou-se e limpou a boca com um sorriso
irritantemente arrogante. Ele se inclinou para me beijar, mas
eu virei minha cabeça para que seus lábios roçassem minha
bochecha.
— Paciência, Gianna. Eu tive seis meses para praticar a
paciência, agora é a sua vez, mas não se preocupe, eu vou te
comer mais tarde. Você tem um gosto bom demais para
resistir. — ele murmurou antes de pisar para trás e ir em
direção ao elevador. — Você deve se vestir. Nós não queremos
dar a Sandro um show.
Eu não podia acreditar nele. Eu rapidamente corri para
colocar minha calcinha e meia-calça de volta, antes de lavar as
minhas mãos e ajeitar minha saia. Meu sangue estava fervendo
de raiva. Matteo sorriu quando ele apertou o botão que
permitia que o elevador parasse no nosso andar.
Isso não era o fim de tudo. Dois podiam jogar este jogo.
Capítulo catorze
MATTEO
Gianna estava tentando me matar com seus olhos. Não
que eu não estivesse acostumado com esse olhar, mas eu tinha
que admitir que ainda me excitava. Eu desejei que Sandro
tivesse esperado alguns minutos a mais para aparecer, mesmo
que o seu aparecimento precoce deu-me a oportunidade de
ensinar uma lição a Gianna. Infelizmente eu estava punindo a
mim mesmo, tanto quanto Gianna com a minha pequena lição.
Ela tinha um gosto perfeito. Eu não podia esperar para lambê-
la novamente, para tê-la gritando meu nome e emaranhando os
dedos pelo meu cabelo. Eu já estava ficando com um maldito
tesão novamente. Foda-se isso.
As portas do elevador se abriram e Sandro entrou,
segurando uma caixa preta. — Bom dia, chefe. Espero que eu
não tenha interrompido nada. — ele disse, com os olhos
deslizando de mim para Gianna. Apesar de sua bagunça, há
seis meses, ele ainda era um bom soldado. O melhor ao lado
de Romero.
— Você não interrompeu. — eu disse com um sorriso
para Gianna, que estreitou os olhos ainda mais. Foi uma coisa
boa que Sandro não olhou em qualquer lugar perto da região
da minha virilha porque não havia nenhuma maneira que eu
pudesse esconder a protuberância. Não que eu me importasse.
— Vamos fazer isso agora. — eu disse finalmente.
Gianna cruzou os braços sobre o peito e de alguma
forma conseguiu empurrar os seios de uma forma deliciosa.
Ela estava fazendo isso de propósito? Ela não se mexeu
enquanto caminhávamos na direção dela. Parecia que ela não
podia se importar menos, mas eu a conhecia melhor do que
isso. Ela provavelmente estava tentando descobrir uma
maneira de me fazer pagar por provocá-la, para não mencionar
a tornozeleira. Mas ela tinha engolido essa decisão.
Sandro olhou para Gianna desconfiado, quando paramos
ao lado dela. Eu não poderia culpá-lo. Seu orgulho tinha sido
ferido com hematomas quando ela e Aria o drogaram e o
amarraram. Ele era muito inteligente em mostrar o seu
desagrado.
Eu apontei para a banqueta. — É preciso tirar suas
calças e se sentar.
— Obrigada por avisar. Você poderia ter falado pra eu
não colocar a meia-calça antes, teria poupado o trabalho de
colocá-las. — ela murmurou. Foda-se, seu olhar me fez querer
dobrá-la sobre o balcão da cozinha e foder seus miolos.
Sandro fingiu que estava ocupado com a pulseira de
tornozelo quando eu me inclinei perto de Gianna. — Mas eu
adorei vê-la colocar sua meia-calça sexy, e eu vou adorar ver
você tirá-las de novo.
Gianna quase rasgou sua meia-calça desta vez, antes de
se empoleirar no banquinho com suas longas pernas magras
cruzadas. Ela apertou os lábios com raiva, então se encolheu
de dor. A raiva que eu sentia por seu pai estava tomando conta
de mim. Porra, Luca e sua determinação em manter a paz com
o Outfit.
Sandro hesitou com a tornozeleira na mão, e lançou um
olhar inquiridor pra mim.
Eu nunca colocaria uma tornozeleira em ninguém, por
isso mesmo que eu odiasse fodidamente a ideia de Sandro
tocar a perna de Gianna, era a escolha lógica. Eu balancei a
cabeça. — Continue.
— Estenda a perna esquerda.
Gianna me enviou um olhar mordaz, mas ela levantou a
perna sem protestar. Talvez ela tenha decidido que era a
melhor opção, antes que ficar trancada dentro do apartamento
o tempo todo, ou talvez ela estava chegando a conclusões
torturantes em retribuição a mim. Eu tive um sentimento que
eu poderia desfrutar de tudo o que ela tinha em mente, mesmo
que essa não fosse sua intenção.
Sandro inclinou-se sobre a perna de Gianna e começou a
prender o pequeno monitor preto em torno de seu tornozelo.
Encostei-me no bar da cozinha ao lado de Gianna. Ela não
olhou pra mim.
— Será que isto vai monitorar o consumo de álcool,
também? — ela perguntou a Sandro. Ele ergueu os olhos para
ela, depois para mim.
— Eu não me importo se você ficar bêbada, enquanto
você estiver em Nova York. — eu disse. Seus olhos azuis me
encararam com outra careta antes de se voltar para Sandro, que
estava verificando se a tornozeleira funcionava corretamente.
Com um aceno de cabeça, ele se endireitou. — Tudo
pronto. Você pode localizá-la com o seu laptop, telefone ou
qualquer outro dispositivo de internet.
— Ótimo. — Gianna murmurou.
— Obrigado, Sandro.
— Você precisa de mais alguma coisa?
Eu balancei minha cabeça. — Não hoje. Romero está lá
em cima. Você pode voltar para suas outras tarefas.
Sandro deu a Gianna um breve aceno de cabeça antes
dele se virar e se dirigir para o elevador. Depois que eu o vi
sair, voltei para Gianna.
— Então, por quanto tempo eu vou ter que usar essa
coisa? — perguntou ela, levantando a perna para dar uma
olhada mais de perto no pequeno dispositivo preto em torno de
seu tornozelo. Eu odiava vê-la com essa coisa. Parecia errado
acorrentá-la assim, mas Luca havia sugerido a tornozeleira e
foi uma solução elegante. Gianna era volátil demais para seu
próprio bem.
— Até eu decidir que eu posso confiar em você o
suficiente para não fazer algo estúpido.
— Então, para sempre. — ela baixou a perna de volta
para o chão.
Eu ri. — Não. Eu gosto de suas maravilhosas pernas sem
a tornozeleira, acredite em mim. Vou livrá-la dessa coisa o
mais rápido possível. — tracei meus dedos sobre seu joelho
nu, subindo até chegar à beira de sua saia jeans. Ela golpeou
minha mão e saltou da banqueta.
— Tire as mãos. — disse ela docemente.
Eu levantei minhas sobrancelhas. — Eu pensei que você
queria continuar de onde paramos antes? — eu fodidamente
queria continuar de onde paramos.
Ela passou por mim em direção a máquina de café,
balançando os quadris de uma forma que me deixou duro
novamente. — Eu estou bem. — disse ela com um encolher de
ombros. — Tudo que eu preciso é de uma xícara de café. —
ela pegou uma xícara nova e a colocou sob a cafeteira antes de
olhar por cima do ombro para mim. — E você? Existe alguma
coisa de que você precise? — seus olhos vagaram pelo meu
corpo em direção ao meu pau duro. Eu poderia dizer que ela
estava lutando contra um sorriso.
Oh, merda. Ela realmente sabia dar um olhar sedutor. E,
obviamente, ela pensou que poderia jogar o meu jogo melhor
do que eu. — Eu estou bem também.
Ela trouxe sua xícara até a boca, tomou um gole, depois
passou a língua lentamente ao longo do seu lábio superior.
Eu sufoquei um gemido. Eu tinha que me encontrar com
Luca para discutir o que eu tinha perdido nos últimos meses,
enquanto eu estava caçando Gianna, mas eu realmente
desejava que eu pudesse ficar com ela o dia todo e talvez
convencê-la a correr a língua sobre o meu pau. Eu dei a volta
na direção dela e torci uma mecha de seu cabelo em volta do
meu dedo indicador. — Eu odeio a sua nova cor. Eu gostava
mais do vermelho.
Gianna puxou para trás e colocou a xícara para baixo
com um som estridente. — Bem, minha aparência não era a
minha principal preocupação, enquanto eu estava fugindo.
Talvez você não tenha percebido, mas um mafioso notório
estava me caçando.
Eu sorri. — Notório?
Ela revirou os olhos. — Se você está tomando isso como
um elogio, então você está falando com a pessoa errada.
Eu não diria a ela para tingir seu cabelo de volta a sua
cor natural, mesmo que eu quisesse. Eu sabia que ela não faria
isso se eu tentasse forçá-la. Talvez admitir que eu gostava dela
de cabelo vermelho já era o suficiente para fazê-la querer ficar
para sempre morena. — Vou me encontrar com Luca. Você
pode passar o dia com Aria no andar de cima, se você quiser.
Seus olhos se arregalaram. — Eu tenho permissão para
passar o dia com Aria? — depois de um momento, sua boca
torceu e ela acrescentou. — Não que eu devesse precisar da
sua permissão para ver minha irmã…
— Você e Aria não se veem há um longo tempo, eu
suponho que você tem um monte de coisa para conversar. —
eu me perguntei se Gianna diria a Aria sobre a noite passada e
exatamente o que ela diria. Normalmente eu perguntaria se ela
tinha desfrutado mas eu sabia que Gianna não me daria uma
resposta honesta. As mulheres nunca tinham queixa sobre
minhas habilidades sexuais, mas eu queria ouvir de Gianna.
Talvez Luca estivesse certo e eu era um idiota.
— Podemos ir agora? — perguntou Gianna, a excitação
iluminando seu rosto. Foi a primeira emoção verdadeira que
ela tinha me mostrado em toda a manhã.
— Que tal um beijo para me convencer?
Ela me surpreendeu, agarrando minha camisa, me
puxando em direção a ela e pressionando seus lábios nos
meus. Seu corpo sexy inclinou-se contra mim e sua língua
deslizou em minha boca. Eu não precisava de mais incentivo.
Eu agarrei sua bunda, espremendo-a, saboreando-a e ofegando
enquanto nossas línguas dançavam juntas. Eu empurrei meu
pau duro contra ela. Ela precisava saber o que estava fazendo
comigo. Porra. Eu estava tão duro, era uma maravilha que eu
não tivesse gozando em minhas calças ainda como um
adolescente idiota.
Sem aviso, ela recuou e eu rosnei em resposta, com um
aperto em sua bunda, mas ela empurrou meus braços para
baixo e deu um passo ficando fora do meu alcance. — Você
queria um beijo, você teve o seu beijo. Agora vamos para
Aria.
Essa megera. Eu sabia por sua respiração rápida e
bochechas coradas que ela estava tão afetada com o nosso
beijo quanto eu, mas ela parecia determinada a reprimir seu
desejo. Eu simplesmente farei o meu jogo, mostrarei como um
orgasmo alucinante realmente faz parte. Depois disso, ela seria
massinha de modelar em minhas mãos.
Eu andei em direção ao elevador como se eu não desse a
mínima. Eu tinha mais do que experiência suficiente em
esconder minhas emoções, então eu não tive problemas para
mascarar a minha excitação. Eu apertei o botão e as portas do
elevador se abriram e fiz sinal para Gianna entrar. Ela franziu
a testa, mas, em seguida, ela se dirigiu para o elevador e
encostou na parede.
Escondendo meu sorriso, me juntei a ela e apertei o
botão que nos levaria para cima. Levou vários momentos antes
de Luca aprovar nossa subida. Antes dele se casar com Aria,
eu tinha autorização a pegar o elevador para cima sem a sua
aprovação, mas desde então ele tinha instalado o acionamento
manual novamente. Não que eu o culpasse. Eu não queria ele
ou Aria se intrometendo quando Gianna e eu estivéssemos
aproveitando todo o espaço disponível do apartamento
também. O elevador começou a se mover e, em poucos
segundos parou novamente.
Aria já estava esperando em frente as portas quando elas
se abriram. Ela mal me poupou um olhar antes de puxar a irmã
para um abraço arrastando-a em direção a sala de estar.
Luca ficou com os braços cruzados contra a parede. —
Sem seu beijo de despedida de sua adorável esposa? —
perguntou ironicamente.
Aria e Gianna já estavam no sofá, e cochichavam entre
si. Romero levantou a mão em saudação de seu lugar na
cozinha. Ele vigiaria Aria e Gianna enquanto Luca e eu
estivéssemos ocupados na Sphere. Ele sabia o que as duas
meninas haviam feito para Sandro, então ele não baixaria a
guarda, e mesmo que o fizesse a tornozeleira iria me alertar
sobre o paradeiro de Gianna.
— Aria realmente não parece muito triste de ver você
saindo. — disse eu quando Luca se juntou a mim no elevador.
Ele sorriu. — Nós já nos despedimos duas vezes esta
manhã. E você? Como foi a sua noite de núpcias?
Eu não poderia parar de sorrir. — Melhor do que a sua.
As sobrancelhas de Luca subiram em um silêncio
duvidoso. — Então ela se guardou pra você?
— Sim. — eu disse. — E eu fui o seu primeiro.
— Será que ela te disse isso? — Luca perguntou em
dúvida.
— Não, ela não disse. Ela ficou furiosa de eu ter
descoberto. Mas não havia maneira dela esconder.
— Bom para você. — disse Luca, batendo em meu
ombro. — Então você ainda está na dela ou você recobrou os
seus sentidos, agora que seu pênis não está governando mais
os seus pensamentos?
Eu mostrei a ele o dedo. — O que faz você pensar que
meu pau não é ainda o responsável?
Luca suspirou. — Faça como quiser, mas não venha
reclamar para mim quando ela começar a irritá-lo. — O
elevador parou e abriu na garagem subterrânea. — Agora
vamos nos concentrar no negócio. Você já perdeu muito
tempo. Eu preciso de sua atenção agora.
— Não se preocupe. — eu disse, mas eu tinha a
sensação de que não seria fácil tirar Gianna da minha cabeça.
A imagem de seu corpo nu embaixo de mim havia queimado
meu cérebro e eu não estava muito interessado em apagá-la.
GIANNA
Aria me arrastou em direção ao sofá, longe de Luca e
Matteo. Nós nos sentamos e Aria olhou meu lábio inchado
com uma careta. — Eu não posso acreditar que papai bateu em
você tão forte.
— Ele já fez isso antes. — eu murmurei.
Romero estava nos observando da cozinha. Eu realmente
me perguntava como ele podia ficar preso nesta casa com Aria
durante todo o dia. Eu duvidava que muitos soldados tinham
disputado uma vaga para esse trabalho.
Depois de um momento, Aria se inclinou para mim,
sussurrando. — Você está bem? Como foi a última noite?
Olhei na direção de Luca e Matteo mas eles já tinham
desaparecido no elevador e foram para Deus sabe onde.
— Gianna?
— Eu estou bem. — eu disse, enviando a minha irmã um
sorriso reconfortante. Parecia que ela não tinha dormido muito
na noite passada. A preocupação a manteve acordada?
— E? Como foi? Você dormiu com Matteo?
Eu ri. Aria me lembrou a mim mesma depois da noite de
núpcias de Aria. Eu tinha estado tão terrivelmente preocupada
com ela. — Não fique tão ansiosa. Estou muito bem. — eu
estava estranhamente bem. Talvez até muito bem. Tinha sido
muito fácil encontrar o meu caminho de volta para minha
antiga vida, como se a vida que eu tinha tentado levar nos
últimos meses nunca tivesse realmente se encaixado. Esta
manhã eu não tinha me perguntado onde eu estava, não tinha
que me lembrar do meu pseudônimo. Eu estava como nova.
— Você não parece bem. Por favor, me diga o que
aconteceu. Eu deixei Luca louco com a minha ansiedade na
noite passada.
Isso me fez sorrir. O que deve ter azedado o humor de
Luca. — Eu dormi com Matteo. — minha mente voltou para a
sensação dele dentro de mim, de seu olhar intenso, seu corpo
forte, seu toque, e meu núcleo apertou novamente. Eu não
tinha certeza de como eu poderia parar o meu corpo de ficar
tão ansioso pela atenção de Matteo, mas eu sabia que tinha que
descobrir uma maneira de eu ter algum tipo de poder neste
casamento.
— Parece que você não se importou. — disse Aria com
um sorriso maroto.
— Como você disse, Matteo tem boa aparência, e ele
sabe o que está fazendo, por isso não foi ruim.
— Será que ele percebeu que você não tinha dormido
com ninguém antes?
— Sim. Você estava certa. Doeu demais. Ele foi
extremamente presunçoso sobre isso. Eu realmente gostaria
que ele não tivesse descoberto. Eu sinto que ele tem mais
poder sobre mim agora que ele sabe.
Aria balançou a cabeça. — Você precisa parar de pensar
assim. Você e Matteo precisam encontrar uma maneira de se
dar bem agora que você está casada. É uma coisa boa ele saber
a verdade.
— Matteo não vai exatamente tornar mais fácil para
mim. Ele é sempre tão arrogante. E ele é a pessoa que
começou com os jogos. E sabe o que ele fez mais? — eu
levantei minha perna com a tornozeleira ridícula. Eu ainda não
podia acreditar que Matteo tinha realmente colocado essa
coisa no meu corpo, como se eu fosse um cão que precisava de
uma coleira. É claro que a partir de seu ponto de vista era
provavelmente a coisa normal a fazer. Afinal de contas ele era
um assassino controlador, possessivo, sedento de poder, isso
não significava que eu gostei.
Aria fez uma careta. — Eu sei. Luca mencionou isso
para mim esta manhã. Foi ideia dele. — ela fez uma pausa
com uma expressão de desculpa. — Eu tentei falar com ele
sobre isso, mas ele disse que não vai arriscar mais nenhum
conflito com a máfia de Chicago, permitindo que você saia
livremente.
— Como se o papai ou qualquer outra pessoa no Outfit
se importaria se eu fugisse novamente. Eu não sou seu
problema mais, lembra? — eu mexi meus dedos, mostrando o
meu anel de casamento.
— Luca e Matteo ficariam fracos se você conseguisse
fugir de novo, e enfraqueceria a sua posição. As coisas entre
Nova York e Chicago não estão indo exatamente bem nos
últimos meses.
— Por minha causa?
— Não apenas por sua causa. — disse Aria. — Luca e
Dante não se dão muito bem. Ambos são alfas e não estão
acostumados a trabalhar juntos.
— Eu suponho que você não saiba de uma maneira de se
livrar dessa coisa? — eu apontei meu dedo contra minha
tornozeleira preta.
— Não. É muito desconfortável?
Eu dei de ombros. — Não realmente, mas eu odeio isso.
E eu posso dar adeus a saias curtas e vestidos, a menos que eu
queira que todos pensem que eu sou uma criminosa.
Aria tocou no meu braço levemente. — Tenho certeza
que Matteo vai tirá-la em breve.
— Eu duvido disso. — se eu fosse ele, eu não confiaria
em mim tão cedo. Provavelmente nunca.
Os olhos de Aria correram para o meu cabelo
novamente. Ela vinha fazendo isso desde que ela tinha me
visto com a nova cor.
Eu passei a mão sobre o meu cabelo. — Você odeia isso,
certo?
— Eu não estou acostumada. Talvez eu me acostume.
Mas eu sinto falta do seu cabelo vermelho.
— Eu também. — eu disse. — Matteo odeia meu cabelo
castanho também.
— Não me diga que você vai ficar morena, porque você
quer irritá-lo? — Aria perguntou com um olhar compreensivo.
Eu não era tão infantil. Talvez há seis meses teria sido
minha reação, mas fugir me ajudou a crescer. Eu não manteria
meu cabelo com uma cor que eu não gosto para incomodar
Matteo. Havia outras maneiras que eu poderia fazer sua vida
mais difícil e eu esperava explorar o maior número possível
delas. — Eu vou mudar para a minha cor natural, assim que eu
tiver a chance. Você acha que Matteo vai pirar se eu deixar o
apartamento em busca de um cabeleireiro?
— Provavelmente. Você está casada a menos de um dia.
Talvez você deva tentar se comportar melhor hoje, pelo
menos.
— Eu vou fazer o meu melhor. — eu disse
sarcasticamente.
Aria levantou-se. — É quase hora do almoço. Vamos
pegar algo para comer e eu vou ligar para a minha cabeleireira
e pedir a ela para vir aqui fazer o seu cabelo, ok?
Eu me levantei. — Perfeito. Estou morrendo de fome. —
Eu segui Aria para a área da cozinha. Romero colocou o
telefone no balcão, olhos e postura alerta quando nos
aproximamos. Sandro provavelmente tinha avisado a ele sobre
nós. Isso me lembrou de algo que eu queria perguntar a Aria
desde que eu tinha fugido. Eu esperei até que ela terminasse a
ligação com seu cabeleireiro e nos servisse uma salada antes
de eu abordar o tema.
— Você teve problemas com Luca por me ajudar? — eu
perguntei em voz baixa. Eu não queria que Romero nos
ouvisse. Ele parecia bastante ocupado falando em seu telefone,
provavelmente com Matteo ou Luca que estavam querendo
notícias nossas.
O rosto de Aria apertou. — Ele estava com raiva no
início, mas ele me perdoou. Acho que ele percebeu que eu
nunca iria deixá-lo.
Ela e Luca pareciam bastante felizes, mas às vezes as
aparências enganavam, e eu não tinha certeza se Aria estava
dizendo a verdade. Ela não diria algo que pudesse me fazer
sentir culpada.
— Tem certeza?
— Não é o que estou dizendo? — ela perguntou
provocativamente.
Eu sorri. — Você me ensinou uma coisa ou duas.
— Bom saber.
— Há algo mais que eu estive pensando sobre… — eu
disse calmamente. — Como Matteo me encontrou?
— Luca realmente não falou comigo sobre como eles
conseguiram. Ele sabia que eu iria avisá-la. Você acha que
poderia ter sido o blog? Eu acho que Luca verificou meu
laptop. Eu tentei avisá-la.
— Eu tentei não mencionar locais em meus posts. Mas
talvez eles pudessem rastrear o meu local através do meu blog.
Quem sabe?
A campainha tocou. Romero andou em direção ao
elevador antes que Aria ou eu pudéssemos nos mover. — Será
que ele vai nos deixar em paz? — perguntei quando ele estava
longe.
— Não tão cedo. — Aria disse com um encolher de
ombros. Ela se levantou da cadeira para cumprimentar a
mulher em seus quarenta e poucos anos que entrou no
apartamento com dois sacos enormes. Aria me apresentou a
sua cabeleireira e cinco minutos depois tínhamos colocado
uma cadeira no banheiro e meu cabelo estava emplastado com
tintura para voltar a sua cor original, não imediatamente, mas
depois de vários tratamentos.
Felizmente eu tinha permissão para caminhar enquanto a
cor reagia com o meu cabelo. Aria me emprestou seu laptop e
me acomodei na mesa da sala de jantar. Com medo, eu
procurei os sites alemães por qualquer notícia de homicídios
em Munique. Não demorou muito tempo para ver o artigo
mencionando a morte de Sid. A polícia não tem nenhuma
pista. Minhas ex-companheiras tiveram que se mudar
imediatamente, e eu duvidava que voltariam para um
apartamento onde Sid tinha encontrado o seu fim. O jornal
falou de mim, ou melhor, o meu pseudônimo Gwen, e que a
polícia estava procurando por ela, porque ela era uma
testemunha. Não havia uma foto minha, graças a Deus. Eu
sempre fui cuidadosa para não aparecer em imagens. Mas
havia uma foto de Sid com sua guitarra.
Meu estômago se apertou com tristeza e arrependimento.
Aria colocou a mão no meu ombro. — Você não deveria ler
isso. Não há nada que você pode fazer Gianna.
Eu fechei o laptop lentamente. Havia uma coisa que eu
poderia ter feito. Eu poderia ter dito à polícia quem foi
responsável pela morte de Sid, assim sua família poderia
encontrar paz, mas isso era algo que eu nunca faria. Havia
certas regras, mesmo que eu não fosse quebrar. Eu não era
estúpida, ou suicida.
O olhar preocupado de Aria não me deixou quando eu
voltei para o banheiro para lavar meu cabelo. — Eu estou bem.
— eu sussurrei, mas ela não parecia acreditar, nem eu. As
últimas 24 horas tinha sido um turbilhão de emoções e
mudanças. Eu mal tive tempo para refletir sobre tudo o que
tinha acontecido, e eu não tinha certeza do que eu queria.
Talvez Aria estivesse certa e eu deveria tentar seguir em frente
e deixar o passado para trás. O problema era que eu não tinha
certeza de que eu poderia. Eu não devo isso à minha
consciência e Sid, que eu mostrei um desafio, eu apenas não
me contentaria com minha nova vida com Matteo como se
nada tivesse acontecido?
Capítulo quinze
MATTEO
Quando Luca e eu voltamos para seu apartamento
naquela noite, senti como se um maldito trem tivesse me
atropelado. Eu não tinha dormido muito nos últimos três dias.
No momento em que avistei Gianna qualquer pensamento de
cansaço desapareceu no ar. Seu cabelo não era mais marrom.
Não estava vermelho como antes da fuga, mas estava próximo
e ela parecia incrível mesmo com o lábio inchado.
Embora tenha sentido que algo estava fora. Após o jantar
com Aria e Luca, voltamos ao nosso próprio apartamento.
Gianna correu para o quarto como se ela não pudesse esperar
para ficar longe de mim, infelizmente para ela, era no quarto
que eu a queria de qualquer maneira. Eu a segui e fechei a
porta com um estrondo. Gianna me enviou um olhar irritado,
mas não disse nada. Em vez disso ela virou as costas para mim
e remexeu nas gavetas. Eu andei até ela, deslizei os braços ao
redor de sua cintura e a puxei contra mim. — Você está
pensando muito. Por que você não me deixa distraí-la? — eu
chupei a pele do seu pescoço em minha boca. No início, ela
ficou tensa, mas depois ela relaxou contra mim.
— Como eu sei que você não vai jogar comigo de novo?
— sua voz tinha uma entonação estranha, mas eu não estava
com vontade de falar sobre suas emoções.
Eu beijei meu caminho até a clavícula e deslizei minha
mão mais pra baixo, colocando em sua buceta através de suas
roupas. Ela arqueou em mim. Eu sorri contra sua pele. Ela
cheirava a flores e seu próprio perfume era delicioso. — Não
se preocupe. Eu quero provar você toda a noite. Eu quero fazer
você gozar uma vez atrás da outra.
Ela tremeu contra mim, então sua mão apertou contra a
minha, me pressionando mais contra ela. Ela fez um som
ganancioso na parte de trás de sua garganta. Eu lambi seu
ombro enquanto meus dedos deslizaram sob sua saia e
calcinha, esfreguei suas dobras molhadas. Eu sufoquei um
gemido ao sentir sua excitação. Levou todo o meu
autocontrole para não mergulhar minha língua em sua vagina
imediatamente. Eu abri os lábios aveludados, esfregando meus
dedos sobre sua pele lisa antes de deslizar um dedo dentro
dela. Ela inclinou a cabeça para trás contra o meu ombro, ao
mesmo tempo que ela alcançou e agarrou meu pau através da
minha calça. Rosnei, e em seguida, empurrei contra sua palma.
Eu deslizei outro dedo dentro dela. Porra, ela era tão
apertada. Suas paredes internas presas em torno de meus dedos
eram como um vício. Eu não podia esperar para substituí-los
com meu pau. Eu estava com tesão pra caralho para levar as
coisas devagar ou ser gentil. Eu peguei ela com meus dedos,
saboreando a sensação de seus sucos em minha pele, e os sons
vindos de sua boca. Ela moveu os quadris no ritmo do meu
empurrão e ela pegou meu pau e apertou quase dolorosamente.
Foi fodidamente fantástico. Eu esfreguei meu polegar sobre
seu mamilo enquanto ela arqueava de prazer.
— Deus, sim. — ela engasgou, seu corpo endurecendo
contra mim. Eu continuava empurrando enquanto o orgasmo a
percorreu. Quando ela relaxou, eu levantei-a em meus braços e
a levei até a cama. Eu não dei tempo para ela se recuperar. Eu
puxei para baixo sua saia e calcinha, e subi entre as pernas
dela, empurrando-as. Meus olhos tomaram sua gloriosa
buceta, brilhando e perfeitamente rosa. Ao contrário de
algumas meninas Gianna não era tímida sobre seu corpo. Ela
não tentou proteger seus seios ou buceta de mim. Deixou que
eu a admirasse, retornou meu olhar sem hesitação. Ela era
perfeita.
Nunca tirando os olhos dela, eu abaixei a cabeça. Ela
ficou tensa quando meus lábios quase tocaram suas dobras,
mas eu parei para atrair uma respiração profunda de seu
perfume inebriante. Gianna contraiu seus quadris, uma
demanda silenciosa que me fez sorrir. Eu não precisava ser
convincente. Eu dei uma longa lambida por todo o caminho de
seu buraco apertado até seu clitóris rosa perfeito. Meu pau se
contraiu em resposta a seu gosto inebriante. Porra. Eu
mergulhei, lambendo e mordendo. Ela me recompensou com
gemidos sem fôlego. Seus dedos cavaram os cobertores
enquanto eu chupava os lábios internos em minha boca,
gentilmente provocando até ela se contorcer na cama. Eu
tomei meu tempo, trazendo-a para perto só para puxar para
trás uma e outra vez. Os gemidos de Gianna se transformaram
em gritos. Assistir seu corpo arqueando em êxtase foi a melhor
vista do mundo. Minha ereção estava quase dolorosa. Quando
Gianna desceu do seu ápice, eu a soltei e rapidamente subi na
cama.
Eu precisava transar com ela agora ou eu perderia minha
mente. Eu saí da minha calça e cueca, mas não me incomodei
com minha camisa. Gianna me surpreendeu ajoelhando-se
sobre a cama e envolvendo seus dedos em torno de meu pau.
Seus olhos azuis eram quase desafiadores quando ela trouxe
sua boca para baixo e fechou os lábios em volta do meu
comprimento. Eu gemi e meus dedos retiraram o cabelo de seu
rosto para ter uma visão melhor de sua boca tomando meu
pau. Eu quase gozei naquele momento, mas alguns truques
mentais me trouxeram de volta. Lentamente a princípio,
depois mais rápido, Gianna me chupou, seus lábios rosados se
estendiam ao redor da minha largura. Eu queria gozar em sua
boca com ela olhando para mim assim, mas ainda eu queria
sentir a sua buceta apertada novamente. Ela circulou a meu
pau com a língua, antes que ela me levasse quase todo até que
eu bati no fundo de sua garganta.
Em seguida, ela se afastou abruptamente e limpou a
boca. Ela ergueu as sobrancelhas. — Você gostaria que eu
parasse desse jeito?
Eu ri. Ela estava tentando me fazer pagar por esta
manhã? Ela tinha escolhido o momento errado. Subi em cima
dela com um sorriso perverso e apertei minha ereção contra
sua abertura quente. Seus olhos se arregalaram, mas eu não dei
a ela tempo para uma reação. Coloquei a minha mão sob sua
perna e a abri ainda mais, antes que eu começasse a deslizar
para dentro dela. Ela ainda estava apertada e seu rosto brilhou
com desconforto da minha invasão. Eu abrandei ainda mais,
facilitando dentro dela e dando-lhe tempo para se acostumar
com meu pau. Ontem eu não tinha sido cuidadoso, porque eu
não sabia a verdade, mas hoje eu queria fazê-la gozar comigo
nela. Eu olhei seu rosto de perto até que eu penetrei
completamente em seu canal apertado. Fiz uma pausa por um
momento. Ela agarrou meus ombros, o desafio de volta em seu
olhar. — Você vai ficar assim, ou você está indo aos poucos
para começar a se mover?
— Oh, eu vou. — eu pontuei minhas palavras com um
impulso experimental curto para ver como ela reagiria. Não
havia nenhum sinal de desconforto neste momento e eu estava
feliz porra. Eu precisava transar com ela agora, e eu não queria
me segurar. Mantendo meus olhos em seu rosto, eu estabeleci
um ritmo rápido, duro, não tão duro quanto eu teria gostado,
mas Gianna provavelmente ainda estava dolorida mesmo que
ela não fosse admitir isso. Ela estava apertada, apertando ao
redor do meu pênis de uma maneira alucinante. Cada gemido
que eu tirava de seus lábios parecia como uma merda de uma
vitória, porque era óbvio que ela estava tentando mantê-los de
mim. Eu mudei o ângulo e dirigi ainda mais fundo dentro dela.
Outro gemido escapou.
Eu alcancei a mão entre nós, pressionando meus dedos
em seu clitóris. Eu precisava que ela gozasse. Meu próprio
orgasmo já estava perto e não havia nenhuma maneira do
caralho de eu gozar antes dela.
Eu empurrei duro e profundo, e os olhos de Gianna se
arregalaram, seu rosto torcendo com prazer. Ela segurou em
mim, unhas arranhando a minha pele. Eu a peguei ainda mais
forte, perdendo todos os fragmentos de controle. A luxúria
nublou minha visão enquanto eu derramei nela. Eu rosnei
contra sua garganta lisa, atraído pelo seu perfume, enquanto
passava eu mesmo em sua buceta. Gianna respirava com
dificuldade quando o meu corpo ficou imóvel. Ergui a cabeça
e sorri para seu rosto corado, mesmo quando ela fez uma
careta. Era quase adorável que ela ainda estava tentando
manter o show.
Lentamente eu puxei para fora dela. Ela estremeceu, em
seguida, disfarçou rapidamente.
— Dolorida? — eu perguntei quando eu me estendi a
seu lado. Toquei seu estômago. Ela não me afastou, apenas
deu de ombros em resposta.
Cheguei mais perto e beijei um ponto logo abaixo da sua
orelha. — Depois do sexo você fica muda?
— Você prefere. — ela murmurou, com a voz mais lenta
e mais descontraída do que o habitual.
— Não, isso seria chato. As coisas que saem de sua boca
são mais divertidas do que você pensa.
Ela me deu uma olhada. — Eu estou feliz que eu o
divirto.
— Eu também.
Como na noite passada eu esperei ela adormecer antes
de eu relaxar. Eu não tinha certeza se isso mudaria.

Os próximos dias seguiram a mesma rotina até que uma


noite a respiração de Gianna não diminuiu como ela
costumava fazer. Eu estava fodidamente cansado e perdi
rapidamente a minha luta contra a sonolência.
— Você sempre espera para mim adormecer primeiro.
— disse ela no escuro, assustando-me.
É claro que ela tinha notado. — Às vezes eu esqueço
quão observadora você é.
Ela se virou, de frente para mim no escuro. Eu podia ver
o branco de seus olhos e o contorno da sua cabeça, mas não
muito mais. — Por quê?
— Eu sou um bastardo cauteloso.
— Você acha que eu iria matá-lo em seu sono?
Era difícil avaliar suas emoções sem ver sua expressão e
eu, porra, odiava. — Já pensou sobre isso? — era para parecer
uma piada, mas saiu demasiado sério.
— Não, eu não posso suportar a visão de sangue.
— Essa é a única razão pela qual eu não tenho uma de
minhas próprias facas cravada em minhas costas?
— Não. Matar você não iria me tirar deste apartamento.
Eu não sei o código para o elevador.
— Isso é um alívio. — eu murmurei. Eu não tinha
certeza se ela estava brincando ou não. — Você não parece tão
infeliz com nosso casamento.
— Estamos casados por apenas alguns dias, e você
nunca está por perto, o que é um bônus. E talvez eu seja uma
boa atriz.
— Eu acho que é bom eu não confiar em você, então.
— Sim. — disse ela a sério.
— Eu suponho que você queira me assustar? — eu
perguntei em um murmúrio baixo, inclinando tão perto dela
que eu podia sentir sua respiração na minha bochecha.
— Eu não acho que há qualquer coisa ou pessoa que
poderia assustá-lo. — ela sussurrou de volta.
— Todo mundo tem medo de alguma coisa. Por que eu
seria diferente?
— Porque você é a pessoa mais assustadora que eu
conheço.
Fiz uma pausa. Ela não parecia estar brincando. — Você
está com medo de mim?
O silêncio foi a minha resposta.
Estendi a mão para seu braço. — Gianna?
— Sim. — veio a resposta dela sonolenta.
— Por que?
Mas sua respiração se acalmou. Ela tinha adormecido. O
que eu deveria fazer com ela? Eu nunca tinha dado razão para
ela ter medo de mim. Ok, ela tinha me visto fazer alguma
merda assustadora, mas eu nunca tinha feito nada para ela.
Levei muito tempo para adormecer.

No dia seguinte Gianna não mencionou nossa conversa


da noite anterior. Eu tinha uma sensação de que ela odiava ter
sido honesta. Eu nunca tinha recuado em falar sobre um
assunto, mas eu não perguntei de novo porque ela estava com
medo de mim. Eu não tinha certeza se queria saber.
Gianna manteve-se tocando o lábio durante o café da
manhã. Ele não estava mais inchado.
— Deixe-me dar uma olhada. — eu disse, empurrando a
mão dela. — Eu acho que nós podemos tirar os pontos.
Ela fez uma careta. — Agora?
— Medo? — perguntei, porque eu não me contive.
— Não, claro que não. — disse ela. Eu me perguntei se
ela se referia a mais algumas coisas do que os pontos. Levantei
e a levei para o banheiro, onde eu guardava meu kit médico.
Gianna não protestou desta vez quando eu a ergui sobre a pia
do banheiro e me coloquei entre suas pernas.
Eu peguei uma tesoura pequena do kit. — Abra sua
boca.
Ela o fez, mas me deu um olhar de advertência, como se
ela achasse que eu tinha algo impertinente em mente. Eu sorri
e beijei sua orelha. — Você sabe como as crianças sempre
ganham recompensa depois de ver o médico?
Ela revirou os olhos, mas não apertou minha mão
quando eu pressionei contra seu centro através de seus jeans.
— Seja uma boa menina e você será recompensada.
Recuei, apreciando a carranca no rosto de Gianna. Ela
não teve a chance de uma resposta, porque eu comecei a
trabalhar em seus pontos. Não demorou muito e Gianna
estremeceu apenas duas vezes. — Feito. — eu disse, baixando
a tesoura e a pinça. — Você quer sua recompensa agora? — eu
esfreguei sua buceta.
Ela olhou.
— Você apenas tem que dizer as palavras. — ela apertou
os lábios. — Não? — eu disse, dando um passo para trás, e
parei de tocá-la.
— Como se eu precisasse de você para isso. — disse ela
maliciosamente, e então ela abriu sua calça jeans e enfiou a
mão dentro.
Exalei enquanto eu observava seus dedos se movem sob
o tecido. — Foda-se. — fui até ela e arranquei a calça jeans e a
calcinha por suas pernas.
Gianna não parou de acariciar a si mesma. Seus dedos
finos esfregavam seu clitóris com agilidade, enquanto ela me
olhava com os olhos apertados. Foi a coisa mais quente que eu
já vi.
— Abra suas pernas um pouco mais. — eu pedi. Para
minha surpresa, Gianna obedeceu. Seus olhos estavam
nublados com luxúria enquanto ela brincava com ela mesma.
Porra, eu podia ver como ela estava molhada.
Eu me inclinei contra a parede, puxei para baixo o meu
zíper e puxei meu pau. Gianna acariciou-se ainda mais rápido
quando eu envolvi minha mão em volta do meu pau duro e
comecei a me masturbar.
— Isso é confuso. — ela sussurrou. Ela não tirava os
olhos de meu pau e eu não conseguia tirar os olhos de seus
dedos que trabalhavam em seu cerne rosa.
— Quem se importa? — rosnei. — Coloque um dedo em
sua vagina.
Ela colocou um dedo em sua abertura apertada.
— Outro. — eu pedi.
Ela quase não hesitou. Mas eu não podia aguentar mais,
porra. Eu cambaleei para frente, empurrei a mão dela e me
enterrei profundamente nela. Ela estremeceu ao meu redor
quando seu orgasmo a percorreu. Depois de alguns golpes, eu
gozei também.
— Isto é tão confuso. — disse ela novamente, sua voz
carregada pelo sexo.
Eu não tinha saído dela ainda. Em vez disso, eu
descansei minha cabeça contra seu ombro e acalmei a
respiração. — Confuso é bom.
— Eu sabia que você ia dizer isso.

— Esta coisa é fodidamente irritante. — disse ela depois


de mais uma rodada de sexo naquela noite, balançando a perna
com a tornozeleira no ar. Ela tinha me incomodado muito nas
poucas vezes que eu entrei em contato com ela durante o sexo,
mas eu não correria o risco de tirá-la. Não só Luca me
encheria a paciência, mas eu também teria que supervisionar
Gianna 24 horas por dia sem o monitor.
— Você vai se acostumar com isso. — eu tentei puxá-la
contra mim, mas ela escapuliu, movendo-se para a beira da
nossa cama.
— Sem carinho enquanto eu tiver que usar essa coisa. —
disse ela.
Eu ri. — Contanto que você não proíba o sexo.
— Talvez eu faça isso.
Mudei a minha mão para baixo de seu estômago e passei
o dedo sobre o clitóris. — Por que você quer se punir desse
jeito?
— Você é um bastardo arrogante. Talvez você ache que
seu pênis seja mágico, mas deixe-me dizer uma coisa: não é.
— Ela não tirou minha mão de onde ela estava acariciando.
Talvez ela não tenha percebido, mas ela ainda abriu as pernas
um pouco mais para me dar melhor acesso. Tracei suas dobras
suaves. Eu amava a maciez e a maneira como seu corpo
respondia a mim. Eu não aumentei a pressão, apenas deslizei
levemente meus dedos sobre sua buceta. Ela provavelmente
ainda estava sensível, então eu precisava ter cuidado se eu
queria guiá-la em direção a outro orgasmo. Seus lábios se
separaram e sua respiração acelerou ligeiramente. Debrucei-
me sobre ela e chupei seu mamilo em minha boca. Levando-a
ao limite desta vez, porque eu não estava ocupado com o meu
próprio prazer. Eu poderia me concentrar completamente em
Gianna, sua respiração ofegante, os olhos sombrios, os
mamilos endurecendo quando ela sucumbiu ao seu orgasmo.
Eu nem sequer me importei quando Gianna virou as
costas para mim depois, tentando me punir por não dar a ela
alternativa. Eu tinha conseguido o que eu queria.
— Você percebe que o sexo é tudo o que há entre nós,
certo? — Ela disse com raiva.
— O sexo é importante.
— Claro, mas não é tudo o que existe.
— Isso não é tudo o que existe. — eu disse, irritado.
— Sim, é, e jamais será mais. Não pense que eu gosto de
você porque eu gosto de transar com você.
— Obrigado pela atenção. — Rosnei.

GIANNA
Eu ainda estava irritada comigo mesma durante o café da
manhã, especialmente porque a expressão de Matteo era muito
presunçosa apesar de minhas palavras duras. Talvez ele
pensasse que eu estava brincando, ou talvez ele não se
importava.
Meu corpo tinha uma mente própria, sempre pronta para
seu toque. Não ajuda que Matteo parecia ser um modelo
masculino com sua camisa branca apertada e cabelo
bagunçado. Ele era o sexo com pernas, e sabia disso.
— Fomos convidados para jantar com uma família muito
importante essa semana, então Aria e você provavelmente
devem ir comprar vestidos.
Deixei cair minha colher com o iogurte. — Você quer eu
vá participar de um evento social com você? — eu não podia
acreditar que ele iria me arrastar em público tão rapidamente.
Nós estávamos casados por duas semanas e os moinhos de
fofocas provavelmente continuavam fortes. — Todo mundo
ainda deve estar falando de mim.
Matteo deu de ombros. — Eu não dou a mínima para o
que eles pensam e eles sabem que é melhor não falarem nada
na sua frente ou na minha.
— Eu sei que as mulheres não vão perder a oportunidade
de falar besteiras sobre as pessoas, especialmente sobre mim.
— Ignore-as. Não é como se devêssemos levar em
consideração sua opinião. Elas vão sempre falar merda sobre
você. Isso é tudo o que elas podem fazer.
Eu não ligo para o que eles dizem, mas eu nunca me
diverti muito em reuniões sociais e eu duvido que isso mude
tão cedo. — Eu sei, mas eu odeio essas reuniões. Tudo é falso.
As pessoas não hesitariam em enfiar uma faca em você com
um sorriso no rosto, se eles esperam ganhar algo com isso.
Por muito tempo eu pensei que eu era antissocial e
simplesmente não gostava de estar em torno de grupos maiores
de pessoas, mas durante o tempo em que fugi, eu participei de
várias festas e eu nunca me senti fora do lugar. Mesmo que eu
estivesse fingindo ser outra pessoa, então, eu ainda tinha me
sentido verdadeira comigo mesma, mais do que eu já estive em
torno das pessoas em nosso mundo.
— Você vai se acostumar a eles.
— Eu não quero. É por isso que eu fugi.
Matteo vasculhou meu rosto com uma expressão curiosa,
em seguida, seus lábios tremeram. — Então, você não correu
só de mim?
— Não se anime. Você foi definitivamente uma das
principais razões. — eu disse.
— Mas não a única razão.
Revirei os olhos e tomei outro gole de meu café. — Eu
realmente tenho que comparecer ao jantar?
Matteo se levantou da cadeira e me assustou com um
rápido beijo na boca. — Yep. Eu não vou sofrer enfrentando
isso sozinho, agora que eu tenho uma esposa que pode
compartilhar a minha angústia. Basta fazer o que eu faço
quando eu tenho que falar com idiotas, imagine como seria a
sensação de cortar suas cabeças.
Apesar de tentar me livrar dele várias vezes, Matteo
parecia ter a intenção de fazer nosso casamento funcionar. Por
que ele tem que ser tão teimoso? Ele não poderia finalmente se
cansar de mim e me dar a chance de fugir? — É fácil para
você dizer, mas nem todos nós temos o hábito de matar
pessoas.
Imagens de Sid queriam ancorar-se no meu cérebro
novamente, mas eu não podia suportá-las agora que me livrei
delas.
— Então, imagine como seria assistir eu matar as
pessoas que incomodam você. Como seu marido é meu dever
matar seus inimigos apesar de tudo. — Matteo sorriu seu
sorriso arrogante, seus olhos brilharam com humor. Meu
estômago vibrou de uma forma assustadora e eu rapidamente
afastei o meu olhar para longe dele e esvaziei minha xícara.
— Eu vou até Aria e falarei com ela sobre ir às compras.
Eu preciso ser uma boa esposa, afinal de contas. — eu disse
ironicamente, mas de alguma forma isso parecia errado.
Minhas emoções estavam me confundindo, tudo sobre a minha
nova situação estava.
— Você provavelmente deve comprar algumas roupas
novas para você. — disse Matteo quando ele colocou seu
coldre com a arma diante de mim.
— Isso é uma ordem?
— Eu não sabia que era necessário ordenar para uma
mulher fazer compras de roupas. Não é esse o seu passatempo
favorito?
— Sério? — eu quase ri. — Nem todas as mulheres são
iguais.
— Oh, eu sei. — teve aquele sorriso novamente.
Meus olhos pousaram sobre a arma, tentando me
lembrar quem ele realmente era. O sorriso que fez meu
estômago revirar era apenas uma máscara.
Parei abruptamente. — Você e Luca sairão durante todo
o dia de novo?
— Por que? Você e Aria tem outra fuga planejada?
— Haha — eu murmurei, então, levantei a perna da
minha calça jeans, revelando a tornozeleira preta. — Não
lembra?
— Isso não a impede de fazer planos. Não me diga que
você ainda está pensando em fugir?
Eu considerei mentir, mas em vez disso optei pela
verdade. — É claro que eu estou pensando sobre isso. Será que
você acha que o sexo bom e um anel no meu dedo de repente
me fariam mudar minha mente?
— Única coisa boa, hein?
Eu bufei e fui em direção ao elevador. Matteo se juntou a
mim e seus olhos descansaram em minha mão.
— Você está usando seu anel. Eu achei que você ia jogá-
lo fora na primeira chance que você tivesse.
Olhei para baixo, para o aro de ouro com a linha fina de
diamantes. — Será que você levou com você todo o tempo que
você estava me caçando?
Matteo sorriu como se ele soubesse que eu estava
evitando sua pergunta, e eu estava. Eu ainda não tinha
considerado jogar o anel fora. Parecia um desperdício. Pelo
menos eu esperava que fosse a única razão.
— É claro. — disse ele. — Eu sempre soube que eu ia
pegá-la, eventualmente, e eu sabia que teria que fazer você
minha esposa antes que você fugisse de novo.
Sua confiança era exasperante. Ele também estava
incrivelmente sexy. Fiquei feliz quando as portas do elevador
se abriram e eu poderia andar para longe do sorriso de Matteo
e meus próprios pensamentos indesejados. Luca passou por
mim com apenas um aceno de cabeça e se juntou ao seu irmão
no elevador.
As boas vindas de Aria era muito mais quentes. Ela
estava com o rosto radiante enquanto ela se dirigia em minha
direção e me abraçava. — Eu ainda não posso acreditar que
você está vivendo tão perto de mim. Eu realmente sentia falta
de ter você como minha confidente.
— Eu suponho que não há muitas mulheres de confiança
por aqui. — eu disse, e meu sangue ferveu quando eu me
lembrei de como a prima de Luca Cosima tinha enganado Aria
com Grace e Luca.
— Agora que você está aqui, eu não me importo. —
Aria olhou para baixo, para o relógio elegante de ouro. — Que
tal sair para o café agora e, em seguida, ir às compras. Luca
disse que foram todos convidados para a festa de Natal da
Bardoni.
Eu suspirei. — Sim. Matteo me disse que eu tinha que
participar.
— Pelo menos podemos sofrer juntas. Acredite em mim,
Luca não está muito animado com o convite também. Bardoni
quer que o seu filho se torne Consigliere de Luca, porque no
passado o Consigliere sempre foi dos Bardonis, mas Luca quer
Matteo e mais ninguém.
— Portanto, esta festa vai ser ainda mais complicada do
que eu pensava. Todo mundo estará contra Matteo e eu. Oh,
alegria.
Aria sorriu desculpando-se. — Não vai ser tão ruim.
Agora vamos às compras. Eu preciso de um pouco de ar
fresco.
Claro, Romero nos acompanhou quando saímos para
comprar vestidos. Talvez eu teria me divertido muito mais se
eu não tivesse que ter cuidado para não disparar a minha
tornozeleira idiota sempre que eu tentava experimentar um
vestido. A partir do olhar no rosto de um dos vendedores, eu
tinha quase certeza que eu não conseguia cobrir a pulseira com
a bainha em todos os momentos. Eu percebi que eu mal tinha
pensado sobre a fuga nas últimas semanas. Muitas coisas
tinham acontecido. E então tinha a vigilância constante de
Romero sempre que eu ia a algum lugar com Aria. Além disso,
a tornozeleira estava tornando-se totalmente impossível. Eu
tenho que descobrir uma maneira de convencer Matteo a tirar
essa coisa. Uma vez que fosse removida de meu tornozelo, o
meu desejo de fugir provavelmente voltaria com força total.
Capítulo dezesseis
GIANNA
Eu sabia o tempo todo que a festa de Natal na casa dos
Bardoni ia ser um enorme desastre, mas foi ainda pior do que
eu pensava. A única coisa boa sobre este calvário foi que
Matteo pediu a Sandro para tirar o monitor do tornozelo para
que eu pudesse usar o meu vestido de cocktail sem que todos a
vissem. Isso teria sido o assunto da noite, sem dúvida.
Os Bardoni viviam em uma casa que tinha sido decorada
além da imaginação. Eles até mesmo mandaram fazer um anjo
enorme, que tinha sido esculpido em gelo, no seu jardim da
frente. A decoração era branca e dourada, bolas de cristal caras
adornavam a enorme árvore. Tudo isso gritava dinheiro, e me
parecia tão impessoal que eu tinha certeza que um designer de
interiores tinha organizado. A Sra. Bardoni não parecia ter
movido um dedo para qualquer coisa. Ela também era, pelo
menos, vinte anos mais jovem que o marido.
Ela e seu marido receberam Aria e Luca primeiro, e seus
sorrisos que não tinham sido exatamente quentes ou honestos,
se transformaram em falsos e condescendentes quando vieram
me cumprimentar.
Eu apertei a mão da Sra. Bardoni com um sorriso
educado, ou, pelo menos, eu esperava que parecesse educado.
Sua expressão era como se um escultor sem talento tivesse
tentado esculpir um sorriso em uma estátua. O sorriso do anjo
de gelo do lado de fora tinha sido mais quente do que o dela.
Quando o Sr. Bardoni se virou para mim, eu tive que reprimir
um estremecimento. Ele pegou minha mão, mas enquanto ele
mal roçou a pele de Aria, apertou os lábios firmemente na
minha mão e, em seguida, sua língua saiu e lambeu minha
pele. A atitude nojenta e o olhar dele pra mim, quase me
fizeram socá-lo. Eu rapidamente retraí de lado, e só não limpei
a mão no meu vestido, porque a seda era bonita demais para
entrar em contato com baba desse imbecil.
Matteo estava conversando com a Sra. Bardoni que
estava apresentando-o a uma jovem da minha idade. Era óbvio
que a velha bruxa estava tentando juntar Matteo com sua filha.
A raiva borbulhava em mim, mas eu sabia que não devia
mostrar as minhas emoções. Quando eu finalmente virei meus
olhos para longe da cena, eu encontrei Aria me observando
com uma expressão preocupada. Eu dei um pequeno aceno de
cabeça. Matteo fugiu da Sra. Bardoni e de sua filha, e colocou
seu braço em volta da minha cintura. Ele examinou meu rosto
quando ele me levou para a sala de estar onde os restantes
convidados haviam se reunido. — Você está chateada.
Eu dei de ombros. Se eu dissesse o que o Sr. Bardoni
tinha feito, as coisas ficariam feias. — Parece que você tem
uma fã. — eu disse em vez disso, acenando com a cabeça na
direção da filha dos Bardoni, cujos olhos seguiram Matteo.
— Ciumenta? — ele perguntou, sorrindo.
— Você gostaria disso. — mas eu estava?
Nós não tivemos a oportunidade de conversar mais,
porque outros convidados se aproximaram de nós, e enquanto
a maioria deles estava agindo educadamente, eu podia ver em
seus olhos que me desprezavam. Eu tinha a sensação de que
eles demonstrariam o que eles realmente pensavam de mim no
momento em que Matteo não estivesse por perto. Eles logo
teriam sua chance. Enquanto Matteo e Luca se juntaram aos
outros homens, Aria e eu caminhamos em direção ao buffet. É
claro que não ficamos sozinhas por muito tempo. Logo a
cadela Cosima, madrasta de Matteo, Nina, bem como a Sra.
Bardoni, e algumas outras mulheres se juntaram a nós. A
presença de Aria ainda me ofereceu alguma proteção contra
insultos diretos, mas nenhuma das mulheres se incomodaram
em conversar comigo. Era como se eu nem estivesse lá.
Mesmo as tentativas de Aria para me incluir nas conversas,
falharam. Eu não me importava. Eu odiava essas mulheres,
odiava seus sorrisos falsos e personalidades desagradáveis.
Mas o pior era Aria ser educada com Cosima, apesar do que
aquela puta tinha feito.
Eventualmente, eu me desculpei e me dirigi para a porta
do terraço, o que permitiu uma vista para o pequeno jardim
coberto de neve. No entanto, meu alívio foi muito curto.
— Bonito, não é? — disse uma voz feminina.
Nina Vitiello estava ao meu lado, sua boca esticada
imitando um sorriso. Ela já não vestia preto. O funeral de seu
marido tinha sido há mais de um ano atrás. Ela uniu nossos
braços com completo desprezo e me conduziu para fora,
apesar do frio. Eu sabia que isso não ia ser agradável. Mesmo
que ela fosse a madrasta de Luca e Matteo, ela nunca chegou a
nos visitar. Eu tinha uma sensação de que ela estava com medo
de seus enteados.
No momento em que estávamos longe dos ouvidos
alheios, ela virou as costas para as janelas e me encarou com
um rosto desprovido de qualquer simpatia. Ela me lembrava
um sapo feio. — Você pode estar desfilando por aí como se
você fosse uma de nós, como se você pertencesse a nossos
círculos, mas se não fosse por Matteo, ninguém iria convidá-
la.
Eu levantei minhas sobrancelhas. Será que ela realmente
acha que eu dava a mínima? Eu nunca quis fazer parte deste
mundo, e foi por isso que eu tinha fugido. Isso exigiu um
controle incomensurável de minha parte não dizer o que eu
queria. Em vez disso eu tentei voltar para a festa, mas Nina
Vitiello segurou meu braço, obviamente, não deixando. —
Uma menina decente teria morrido de vergonha depois de ser
pega com outro homem. A única razão pela qual você ainda
está viva é o bom coração de Matteo. Esse menino é muito
condescendente. Embora ninguém o teria culpado se ele
tivesse descartado você como um pano sujo depois do que fez.
Se meu marido estivesse vivo, ele teria dado você aos nossos
cães.
Condescendente e bom coração? Isso não soa como
Matteo.
Respire profundamente, Gianna. Não faça uma cena.
Mais uma vez eu tentei sair, mas seus dedos cravaram
em minha pele. — Você não tem vergonha de si mesma? Você
desonrou sua família, e agora você está trazendo vergonha
para o nome Vitiello. Sua simples presença é um insulto a
todas as mulheres honrosas nesta casa. Sua existência é um
pecado.
Eu não pude deixar de rir. — Pecado? Você quer falar
comigo sobre o pecado? — eu apontei para as janelas, atrás
dos quais os piores criminosos de Nova York estavam
reunidos. — Essa sala respira pecado.
Nina Vitiello ergueu o queixo. — Faça um favor a todos
e se mate.
Puxei meu braço, chocada. — Eu não vou nunca farei
qualquer favor para um de vocês. — eu me virei e voltei para
dentro. Matteo me viu do outro lado da sala onde ele estava
falando com uma versão mais nova do Sr. Bardoni, Luca e um
par de outros homens. Eu rapidamente desviei o olhar,
esperando que ele não se aproximasse de mim. Eu não estava
com vontade de falar com ele agora. Aria ainda estava onde eu
a tinha deixado, completamente enraizada na conversa.
Atravessei a sala o mais rápido possível, fingindo que
não ouvi o — Prostituta. — sussurrado por um casal de
pessoas. Apesar dos meus melhores esforços para não deixar
que esses insultos chegassem a mim, eu me senti aliviada
quando eu finalmente deixei a sala e estava sozinha no
corredor da frente. Eu precisava encontrar o banheiro para me
refrescar e limpar a minha cabeça antes que eu entrasse
naquela sala novamente. Eu estava seriamente preocupada que
eu atacaria alguém, se eu não me contivesse. Respirando
fundo, eu fui em busca do banheiro. Eu esperava me deparar
com alguém saindo do banheiro, então eu não teria que abrir
todas as portas. Eu definitivamente não pediria a Sra. Bardoni
para indicá-lo para mim. Infelizmente a única coisa que eu
encontrei foi o Sr. Bardoni que deve ter me seguido. O olhar
ludibriado que o idiota careca enviou pra mim, me fez querer
vomitar.

MATTEO
Se Bardoni pensou que eu não tinha notado a forma
como ele tinha olhado pra Gianna quando chegamos, ele era
ainda mais estúpido do que eu pensava. Se não fosse por Luca,
eu teria mergulhado a minha faca no rosto do filho da puta de
imediato. Mas Luca era um novo Capo e não poderia ter mais
nenhum problema, então eu tinha prometido a ele ficar no meu
melhor comportamento. Conforme a festa progredia
lentamente, eu cheguei à conclusão de que eu poderia ter que
quebrar minha promessa.
Gianna estava tentando ser forte, mas eu podia ver como
ela estava chateada depois de uma conferência com a cadela
da minha madrasta. Eu não queria saber o que a velha
oportunista tinha dito a Gianna. Ela nunca se atreveria a dizer
algo na minha presença. Ela tinha medo de mim e de Luca, por
tanto tempo quanto eu conseguia lembrar.
Infelizmente, levou alguns minutos antes que eu pudesse
finalmente seguir Gianna depois que ela fugiu da sala de estar.
O olhar de advertência de Luca quase me fez querer rir. Eu não
tinha intenção de fazer algo estúpido, exceto ter uma rapidinha
com a minha mulher para melhorar seu humor. O que havia de
errado com isso?
Quando saí para o saguão, eu não vi Gianna em qualquer
lugar. Fiz uma pausa, ouvindo atentamente, mas os sons da
festa atrás de mim estavam abafando tudo o resto. E se ela
tivesse fugido? Eu deveria ter dito a Romero ou Sandro para
manter um olho sobre ela em todos os momentos, mas eu não
queria envergonhá-la ainda mais. As pessoas tinham o
suficiente para fofocar.
Eu fui na direção de onde eu me lembrei ser o banheiro,
eu esperava que eu pudesse encontrá-la lá. Uma voz profunda
me fez apressar meus passos e quando cheguei ao virar da
esquina eu encontrei Gianna sozinha com o velho Bardoni.
Um olhar para o rosto dela e eu sabia que ela estava à beira de
um surto. Ela não me viu enquanto eu me aproximava, com os
olhos semicerrados dirigidos a Bardoni.
— Por que você não me mostra o que você aprendeu na
Europa. Aposto que você é muito talentosa com os seus lábios.
É por isso que Matteo estava tão ansioso para casar com você,
hein? — disse Bardoni e pegou o braço de Gianna. Antes que
ela ou eu pudéssemos reagir, ele a puxou contra ele e a beijou
enquanto apalpava a porra do seu seio. Meu sangue ferveu, eu
invadi na direção deles, puxei a faca, empurrei Bardoni longe
de Gianna e cravei minha lâmina abaixo do seu queixo,
perfurando seu maldito cérebro. Gianna engasgou e tropeçou
de volta contra a parede, seus olhos correndo de minha faca
para o meu rosto.
— Foda-se. — eu murmurei. Arrisquei uma olhada
rápida ao redor, em seguida, arrastei o corpo de Bardoni em
direção a seu escritório, deixando a faca em seu queixo para
que o sangue não jorrasse.
— Você o matou. — Gianna sussurrou asperamente.
— Ele não deveria ter tocado você. — eu balancei a
cabeça em direção à porta. — Abra isso para mim. — após um
momento de hesitação, ela tropeçou para frente e abriu a porta
para mim. Eu arrastei Bardoni pra dentro e Gianna
rapidamente me seguiu para dentro antes de fechar a porta.
Eu coloquei Bardoni para baixo em sua cadeira, em
seguida, dei um passo para trás. Isso era ruim. Luca chutaria a
minha bunda quando ele descobrisse.
— O que vamos fazer? — perguntou Gianna com uma
voz inexpressiva de seu lugar perto da porta.
— Vamos fazer parecer que eu não o matei.
— Sua faca está na sua cabeça.
Eu sorri, mas fiquei sério quando eu vi a expressão de
Gianna. Fez-me lembrar o olhar dela depois que Sid tinha sido
baleado. As vezes eu esquecia que nem todo mundo era tão
acostumado com sangue quanto eu.
Lentamente, ela chegou mais perto e congelou o seu
olhar no corpo. — Por que você o matou?
— Porque ele era um imbecil.
Gianna parou entre eu e o falecido Bardoni. Parecia que
ela não conseguia acreditar no que via. Ela ergueu o braço
como se ela fosse tocar o cadáver para se convencer de sua
existência.
— Não toque em nada, — eu pedi um pouco duro
demais, agarrando o seu pulso para detê-la.
Ela olhou para mim com os olhos enormes. Depois de
outro momento, ela balançou a cabeça quase roboticamente.
Ela parecia que estava entrando em choque. Essa era a última
coisa que precisávamos.
Normalmente, eu teria ido em busca de Luca, mas eu
não poderia deixar Gianna sozinha com o corpo. Se alguém
entrasse, ela teria mais dificuldade para lidar com essa pessoa
do que eu.
Toquei o seu rosto para trazer sua atenção de volta para
mim. — Vá e chame Luca. — eu disse a ela.
Ela hesitou.
— Vá.
— Ok. — ela se virou, atravessou a sala em uma corrida
e escorregou para fora. Ela fechou a porta silenciosamente. Eu
realmente esperava que ela não fosse estragar tudo, porque ela
estava tão assustada.
Baixei os olhos para Bardoni. Eu realmente amei a visão
de minha faca em seu crânio.
— Matteo? — eu ouvi a voz calma de Luca um par de
minutos mais tarde. Corri para a porta e abri uma fresta.
Quando eu vi Luca de pé no corredor, eu o deixei entrar.
— O que você quer? Gianna não disse nada. — disse
ele, mas parou quando seu olhar pousou em Bardoni atrás da
mesa. — Oh merda.
— Bardoni teve um acidente. — eu disse com um
encolher de ombros.
Luca me deu uma olhada. — Porra, Matteo, o que você
fez?
— Se você me perguntar, eu acho que o bom e velho Sr.
Bardoni se matou. — eu disse.
Luca circulou o corpo, então ele olhou para mim. — Foi
por causa de Gianna, não foi? Bardoni fez ou disse algo que
irritou você e você perdeu sua cabeça seu merda. Eu sabia que
essa menina traria nada além de problemas.
— O idiota tem estado em sua lista de morte por um
tempo. Ele sempre fez merda. Você está feliz que ele se foi,
admitia. Nós discutimos matá-lo inúmeras vezes. Eu decidi
finalmente agir.
— Claro que eu queria vê-lo morto, mas caralho, não em
sua própria casa em sua festa de Natal. Droga, Matteo. Você
não pode pensar primeiro e agir depois?
Luca estava certo. Eu deveria ter escolhido um melhor
momento para matar Bardoni, mas ele não deveria ter falado
merda para Gianna, e ele certamente não deveria ter tocado
nela. Ele cavou sua própria sepultura porra.
— Eu vou ligar pra Romero. Ele está mantendo um olho
em Aria e Gianna, mas vamos precisar dele aqui pra lidar com
esta bagunça do caralho. — Luca passou a mão pelo cabelo,
me enviou um outro olhar ameaçador, então pegou o telefone e
ligou para Romero.
Um par de minutos mais tarde, alguém bateu na porta.
Luca ergueu a mão para me impedir de abrir. Em vez disso, ele
foi e deixou Romero entrar. Os olhos de Romero
esquadrinharam a cena diante dele antes de se concentrar em
mim. — Você o matou?
Eu levantei meus braços. — Por que tem que ser eu? —
era uma pergunta retórica. Era quase sempre eu que matava
em momentos inadequados.
— Porque você é um louco. — Luca murmurou, então
disse a Romero. — Você pode fazer isso parecer como se
Bardoni tivesse se matado?
Todos nós olhamos para o imbecil morto, pendurado
frouxamente em sua cadeira, os olhos sem vida ainda
expressavam surpresa com sua morte precoce.
Romero fez uma careta. — Poucas pessoas se
esfaqueiam no cérebro.
— Há sempre uma primeira vez para tudo. — eu ri, mas
me calei com o olhar de Luca. — Ah, vamos lá. — eu disse.
— Foi divertido.
Os lábios de Luca se contraíram, mas ele era teimoso
demais para admitir que eu estava certo. Eu sabia que ele
estava mais do que contente que eu tinha me livrado de
Bardoni para ele. — Procure na sala uma arma que poderia ter
explodido sua maldita cabeça. Eu não preciso dos Bandonis
nas minhas costas agora. Eu quero que esse assunto seja
tratado discretamente.
— Não importa como nós faremos com que pareça, os
Bardonis vão desconfiar de alguma coisa. Eles não vão
acreditar que foi suicídio. Bardoni era muito narcisista para
acabar com sua própria vida. — eu disse.
— Talvez eu devesse colocar um monitor de tornozelo
em você, também. —Luca rosnou. — Você é uma bomba-
relógio.
Romero parou de procurar nas gavetas da escrivaninha.
— Mesmo que os Bardonis suspeitarem de algo, eles não vão
dizer isso em voz alta. Se eles não têm prova, eles não vão
buscar vingança.
— Eu não contaria com isso. — eu disse. — Mas vamos
ter certeza que não vão se vingar.
— Talvez você deva puxar a faca para fora da cabeça de
Bardoni. Ninguém vai acreditar que foi suicídio com sua
lâmina presa em seu queixo. — disse Luca.
Eu andei em direção ao corpo e lentamente puxei a faca
para fora, em seguida, rapidamente dei um passo para trás
antes que o sangue pudesse espirrar em minhas roupas. Eu
chequei minha camisa branca por quaisquer manchas. Minhas
calças pretas e casaco esconderiam o sangue melhor, mas
felizmente eu estava limpo. O mesmo não pode ser dito das
roupas de Bardoni. O sangue foi absorvido rapidamente pela
camisa e calças.
Romero puxou uma Smith & Wesson de calibre grosso
de uma gaveta no armário atrás da mesa. — Isso poderia
servir.
— Bom. — disse Luca com um aceno de cabeça. —
Matteo e eu vamos voltar para a festa. Espere cerca de cinco
minutos antes de estourar a cabeça dele, em seguida, dê o fora
daqui. Matteo e eu chegaremos aqui antes e na comoção
ninguém vai notar que você está desaparecido.
Romero já estava ocupado tentando descobrir o melhor
ângulo para atirar em Bardoni e mal reagiu quando Luca e eu
escorregamos para fora da sala em silêncio e fechou a porta. O
corredor estava deserto, exceto por Gianna que estava
esperando, parecendo ansiosa.
— Certifique-se de que ela não deixe escapar qualquer
coisa. — Luca ordenou. — E nós vamos ter uma conversa
sobre essa porra de assunto mais tarde.
— Não se preocupe. Gianna pode mentir se ela tiver que
fazer.
— Oh, eu não duvido que ela pode mentir muito bem se
ela quiser. Mas ela não é exatamente a pessoa mais digna de
confiança.
— Ela é minha esposa. — eu lembrei o meu irmão com
um pouco de força demasiada.
— Esse é o problema. — ele saiu de volta para a festa
antes que eu pudesse responder, e eu fui até Gianna.

GIANNA
Eu não podia acreditar que Matteo tinha enfiado a faca
no queixo do homem. Tinha sido uma visão horrível, ver
Bardoni com olhos arregalados mortos de choque. Ele tinha
sido um idiota, e eu certamente não estava triste de vê-lo
morto, mas ver meu próprio marido matá-lo sem pensar duas
vezes tinha sido horrível. Matteo tinha agido tão rapidamente,
sem hesitação, nenhuma preparação. Cada movimento tinha
mostrado sua experiência. Eu sabia que ele era bom com a
faca é claro. Mesmo em Chicago as pessoas haviam
conversado sobre suas habilidades, mas eu não tinha me
preparado para ver essa cena, na verdade, usar uma faca em
alguém assim.
Depois que eu disse a Luca para se encontrar com
Matteo, eu esperei no corredor. Aria tinha ido de volta para a
sala de estar, teria parecido suspeito se todos nós de repente
sumíssemos. E as pessoas estavam muito ansiosas para falar
com Aria, assim sua falta, com certeza, teria chamado a
atenção. Ninguém se importaria com a minha ausência no
entanto.
Eu quase não esperei um minuto, quando Romero correu
por mim em direção ao escritório. As pessoas sempre disseram
que eu era imprevisível. Eu não era nada perto de Matteo.
Eu passei meus braços em volta de mim. Meu coração
ainda estava batendo forte no meu peito, e eu não conseguia
parar de olhar ao meu redor nervosamente.
Eu ainda estava tentando chegar a um acordo com os
meus sentimentos para o que aconteceu quando a porta do
escritório se abriu e Luca e Matteo saíram sem Romero. Luca
passou por mim sem olhar. Ele provavelmente me culpa pela
bagunça que seu irmão havia causado. Eu não acho que
Matteo precisa de um incentivo para matar, mas, naturalmente,
eu percebi que eu tinha sido a razão para a morte de Bardoni.
Matteo tinha agido por ciúmes e possessividade. Ver um
outro homem me tocar o fez explodir. Matteo perscrutou meu
rosto quando ele se aproximou de mim. Eu provavelmente
parecia muito chateada. O problema era que eu não me sentia
quase tão chateada como eu deveria. Eu não podia ficar triste
com a morte de Bardoni, não importa o quanto eu tentasse.
Os movimentos de Matteo eram tão ágeis, tão
autoconfiantes. E de alguma forma, apesar de tudo, eu me
sentia atraída por ele, mesmo com o lado perigoso que ele me
mostrou hoje. Matteo passou um braço em volta da minha
cintura e me levou para o corredor da frente. Em vez de voltar
para a sala, ele me guiou em um pequeno banheiro de
hóspedes perto da porta da frente.
— O que diabos você está fazendo? — isso explodiu de
mim. — Eu não vou fazer nada com você depois que você
matou alguém.
Matteo agarrou a parte de trás do meu pescoço e puxou
nossos corpos um contra o outro antes de pressionar sua boca
na minha, me beijando duro. Eu respirei o ar quando ele
recuou. Seus lábios roçaram meu ouvido. — Você parece tão
sexy, porra. Eu poderia te foder em uma sala com um corpo
morto e não me importaria.
— Eu não duvido. — eu murmurei, mas eu não tentei
puxar para trás. Seu calor e seu corpo forte estabilizaram as
minhas pernas que tremiam. Talvez os eventos estivessem me
afetando mais do que eu pensava.
— Mas não é por isso que estamos aqui. — ele
murmurou.
Um tiro alto ecoou pela casa. Eu pulei. — O que…
— É por isso. — Matteo disse calmamente. — Nós
vamos fingir que tivemos uma rapidinha. Nós não queremos
que as pessoas pensem que temos algo a ver com final infeliz
de Bardoni, certo?
Ele bagunçou meu cabelo, depois o seu antes de
desabotoar seus dois primeiros botões. Ele ergueu as
sobrancelhas escuras. — Pronta?
Eu balancei a cabeça.
— Lembre-se de que não sabemos de nada. Estamos
chocados e surpresos.
Matteo abriu a porta, e saiu, puxando a arma. O lobby
estava preenchido com outros hóspedes, a maioria dos homens
com suas armas em punho. Olhares confusos foram trocados.
Luca e o filho de Bardoni correram em direção de onde o tiro
tinha vindo. Várias pessoas olharam para mim e Matteo com
nojo. Eles pareciam acreditar na mentira que Matteo tinha
armado. Isso provavelmente ajudou que todos eles pensassem
que eu era uma prostituta.
— Fique aqui. — disse Matteo. — Eu vou ter que ver o
que está acontecendo. — ele parecia tão honestamente
preocupado e alerta, como se ele realmente não soubesse sobre
o tiro. Ninguém duvidaria dele. Se eu não soubesse, eu mesma
teria acreditado em sua inocência depois desse show.
Ele correu para a cena do crime. Eu só podia assistir em
silêncio atordoada. Matteo era um mestre manipulador.
Capítulo dezessete
GIANNA
Passava da meia-noite, quando finalmente chegamos em
casa. A maioria dos outros convidados tinham saído muito
antes de nós, mas Luca e Matteo tinham que ficar como chefes
da Cosa Nostra e fingir que eles estavam tentando descobrir o
que tinha acontecido. Ninguém havia suspeitado, pelo menos
não abertamente. Para ser honesta, nem Bardoni Jr, nem a Sra.
Bardoni estavam muito perturbados. Suas lágrimas tinham
sido lágrimas de crocodilo. Talvez ele tivesse sido tão
desagradável para eles como tinha sido para mim, no pouco
tempo que eu passei com ele.
Eu não podia acreditar que a minha vida tinha mudado
de garçonete em Munique para encobrir crimes de meu
marido. Depois de um banho rápido, eu escorreguei na cama.
Matteo ainda estava discutindo com Luca na nossa sala de
estar. Este foi um dos poucos casos em que eu entendi a ira de
Luca completamente.
Deitei-me de costas, olhando para o teto enquanto eu
ouvia suas vozes. O monitor de tornozelo estava sobre minha
mesa de cabeceira, zombando de mim. Talvez eu devesse ter
usado a confusão de hoje à noite para escapar. Luca, Matteo e
Romero estavam ocupados em limpar sua bagunça, e eu estava
sem a minha tornozeleira estúpida. Tinha sido a oportunidade
perfeita. Então por que não tinha fugido? Eu duvidava que
alguém teria me parado.
Por causa da Aria? Eu queria que fosse a única razão,
mas quando eu estava no lobby, esperando por Matteo voltar,
eu ainda não tinha considerado uma fuga. Por que isso não
estava na minha cabeça mais? Há seis meses era tudo que eu
conseguia pensar, tinha sido uma obsessão que me consumia, e
agora eu sentia que eu só pensava em fugir, porque eu deveria.
Eu estava confusa. Eu não era tão miserável como eu
tinha me preocupado, enquanto eu estava vivendo com
Matteo. Claro, ele era um assassino louco, mas não era como
se eu não estivesse acostumada a esse tipo coisa, e ele
realmente deixava a vida emocionante, mesmo que eu odiasse
admitir. Viver a vida como uma pessoa normal, fazendo coisas
normais, ganhar dinheiro com empregos normais, tinha sido
uma experiência incrível, mas por alguma razão isso nunca
teve sentido, era mais como uma distração.
A porta se abriu e Matteo entrou no quarto. Ele não
estava usando seu casaco e mais da metade de seus botões da
camisa já estavam desabotoados. Ele me deu seu sorriso
habitual antes de desaparecer no banheiro.
Eu poderia ter fingido estar dormindo para evitar falar
com ele, mas por alguma razão inexplicável eu queria falar
com ele. Quando ele saiu do banheiro de cueca, mostrando seu
torso musculoso, eu quase cancelei meus planos. Mas isso
realmente me fazia sentir muito mal. Um homem tinha
morrido, embora fosse um homem horrível, e ter relações
sexuais tão logo após sua morte teria parecido completamente
errado.
Matteo deslizou sob as cobertas e pegou minha cintura,
me puxando em direção a ele. Seus olhos estavam com fome.
Não havia nenhum sinal de que ele ainda se lembrava do que
tinha feito não muito tempo atrás. Seus lábios reivindicaram os
meus e eu deixei sua língua entrar, deixei o beijo me consumir
até que meu corpo estava zumbindo com prazer e eu me forcei
a afastá-lo antes que eu fizesse algo pelo qual eu me
arrependeria amanhã de manhã.
Matteo atirou-se de costas com um gemido. — Isso é por
causa de Bardoni, certo?
Eu olhei. — Talvez eu não esteja no clima. Você não é
tão irresistível.
— Se você diz… — ele disse em uma voz baixa, que
enviou um arrepio que percorreu minha espinha traidora. O
bastardo era muito manipulador.
Eu decidi dirigir esta conversa para terrenos mais
seguros. — Então Luca vai te punir?
Matteo riu. — Luca nunca me pune por nada. Ele está
acostumado com a minha pró-atividade.
— Pró-atividade?
Matteo piscou e eu quase estendi a mão para ele
novamente. Em vez disso eu puxei os cobertores até o queixo
como outra barreira entre nós.
— Luca parecia furioso.
— Ele vai superar isso. Ele sempre supera. Ele queria
ver Bardoni morto de qualquer maneira. Foi só uma questão de
tempo.
Eu tive um sentimento que esta não era uma conversa
para se ter na hora de dormir. — Quando você matou o seu
primeiro homem? No jardim de infância?
Matteo apoiou a cabeça em seu braço, sorrindo. Ele
correu um dedo pelo meu braço de uma forma muito
perturbadora. — Não. Eu comecei tarde em comparação com
Luca.
— Sério? Isso parece improvável.
— Na verdade, não. Luca fez com que eu não me
metesse em apuros quando eu era mais jovem. Ele era o irmão
mais velho que sempre me protegeu.
— Eu não posso sequer imaginar Luca criança, muito
menos ele deixar você fora de problemas.
— Ele fez. Isso é realmente tão surpreendente? Aria não
tentava proteger você quando era mais jovem?
— Ela ainda protege — eu disse com uma careta.
— Veja. Luca é da mesma forma. Claro que agora eu
estou tornando as coisas mais difíceis para ele, assim como
você torna difícil para Aria.
— Eu acho que há uma enorme diferença entre o tipo de
problema que eu causo e os problemas que você se mete.
— Dê um tempo. Tenho a sensação de que você não
atingiu o seu potencial pleno ainda.
Uma risada borbulhou dentro de mim. Droga. Por que
ele tem que dizer coisas que me fazem rir? — Você não
respondeu minha pergunta. Quando você matou pela primeira
vez?
— Foi poucas semanas após a meu aniversário de treze
anos.
— Isso é o que vocês chamam de um início tardio? A
maioria dos caras estão preocupados com seus pelos pubianos
e não em matar alguém.
— Oh, eu me preocupei com meus pelos pubianos um
longo tempo antes. — ele disse em uma voz provocante. — E
a maioria dos caras não são o segundo filho do Capo da Cosa
Nostra de Nova York.
— Bom ponto. Mas Luca não pôde realmente ter
protegido você muito bem se você matou quando você ainda
era tão jovem.
O olhar de Matteo se tornou distante. — Ele fez o que
pôde. Nosso papai queria que eu matasse um dos meninos que
Luca e eu tínhamos saído ocasionalmente, porque ele tentou
sair da máfia.
Meu estômago se apertou. — E?
— Luca puxou sua arma e matou o cara antes que eu
pudesse. Papai estava extremamente chateado. Ele bateu muito
em Luca.
A ideia de que Luca tivesse feito algo tão atencioso para
seu irmão era estranho, mas não foi de todo surpreendente se
você visse como os dois interagiam. Era óbvio que eles
cuidavam um do outro, mesmo com o coração frio ou não. —
Luca é enorme. Como alguém poderia vencê-lo?
Matteo sorriu ironicamente. — Luca poderia ter limpado
o chão com nosso papai se ele tivesse tentado, mas ele nunca
lutou. Papai era Capo e teria colocado Luca para baixo como
um cão raivoso se ele levantasse a mão contra ele.
Eu às vezes esquecia que as coisas não eram todas às
claras para os homens. Eles tinham mais liberdade quando se
tratava de promiscuidade e sair, mas eles tinham suas próprias
obrigações pra carregar. — Eu acho que o seu papai encontrou
outra pessoa para você matar muito rapidamente depois disso.
— eu mal conhecia Salvatore Vitiello mas ele parecia
assustador.
Matteo assentiu. — Ele descobriu sobre outro traidor um
par de meses depois disso. Ele me fez cortar sua garganta.
Não eram dados muitos detalhes sobre a cerimônia de
posse para as meninas, mas Umberto muitas vezes deixava
escapar alguma coisa quando ele nos vigiava. Normalmente, a
primeira morte de um iniciado acontecia longe, com uma
arma. — Ele não deixou que você o matasse?
— Não, isso provavelmente me levaria a uma punição
adicional porque eu tinha me esquivado da primeira vez. Tiro
é mais fácil, é menos pessoal. Usar uma faca é trabalho sujo.
Você tem que chegar perto de sua vítima, tem que ter sangue
em suas mãos.
Prendi a respiração. Sua voz tornou-se muito tranquila.
Lentamente levantei-me no meu braço. Eu queria tocá-lo, mas
não o fiz. — Isso soa horrível. Você pode fazê-lo?
— O que você acha?
Havia o assustador sorriso de tubarão. A única coisa que
me fez acreditar que Matteo era capaz de tudo.
— Você o matou.
— Eu matei. Foi confuso. Ele foi amarrado a uma
cadeira, então ele não poderia lutar, mas ainda precisei de três
tentativas para cortar sua jugular. Eu estava coberto de sangue
da cabeça aos pés. Eu ainda encontrei sangue sob as unhas no
dia seguinte.
— Então por que você prefere facas a armas? Você
realmente não parece se importar de sujar mais as mãos.
— No princípio era para provar ao meu papai que eu era
forte e que ele não tinha me quebrado como ele provavelmente
pretendia. E uma vez que eu fiquei realmente bom com a faca
e todo mundo me admirava por minhas habilidades, parecia
um desperdício desistir.
Eu procurei em seu rosto, mas ele estava em branco. Eu
não poderia dizer se era toda a verdade, ou se ele estava
mantendo o pior para si mesmo, que ele desfrutava da matança
de maneira mais pessoal. Por um momento, nós olhamos
fixamente um para o outro até que se tornou muito pessoal e
me deitei virando de costas.
— Alguma vez você pensou em matar Luca? Se ele
estivesse morto, você se tornaria Capo. Você não seria o
primeiro homem da máfia a matar um membro da família para
subir na carreira. — eu perguntei.
A expressão de Matteo endureceu. — Eu nunca mataria
o meu próprio irmão. Eu não me importo sobre como me
tornar Capo, e mesmo que eu me importasse, eu ainda não ia
me livrar de Luca para melhorar a minha posição. Luca cobre
minha bunda e eu a dele. Esse é o jeito que sempre foi.
— Isso é bom. É importante ter pessoas que você pode
confiar. — eu disse honestamente. Solidão era um grande
problema em nosso mundo. Você tinha sempre pessoas em
torno de você, mas você não podia confiar em ninguém. Havia
apenas uma pessoa que eu confiava, Aria. Lily era muito frágil
e jovem para muitos dos meus segredos, e Fabi era um menino
e a influência de papai sobre ele estava crescendo a cada dia. E
eu não conseguia nem falar mais com ele.
— O que será necessário para que você possa confiar em
mim? — perguntou Matteo com curiosidade.
— Um milagre. — eu virei de costas para ele e apaguei
meu abajur. O olhar em seus olhos tinha mexido com algo no
meu peito que me aterrorizava.
Matteo desligou as outras luzes, então se inclinou para
mim, beijando minha orelha. — Quem não gosta de um bom
milagre?

O braço de Matteo estava pesado ao redor da minha


cintura, sua respiração quente contra o meu pescoço, e a perna
que estava lançada sobre a minha estava cortando meu fluxo
sanguíneo, então por que eu me sentia estranhamente bem em
acordar ao lado dele?
Eu empurrei o braço dele, e rapidamente me levantei.
Matteo não acordou. Seu cabelo estava uma bagunça completa
e seu rosto parecia honesto e quase gentil dormindo. Eu
estendi a mão, mas parei antes que eu pudesse realmente
deslizar meus dedos sobre a testa. O que havia de errado
comigo?
Eu dei um passo para trás. Meus olhos pousaram no
monitor de tornozelo descartado na mesa de cabeceira e uma
ideia passou pela minha cabeça. Peguei o monitor e corri para
o banheiro com ele. A coisa não poderia ser destruída com
água. Afinal, você poderia ir para o chuveiro com ele, mas
talvez eu possa eliminá-lo no vaso sanitário. Não que Matteo
não pudesse pedir a Sandro para trazer um novo monitor, mas
o gesto enviaria uma mensagem simpática. Eu mergulhei o
monitor na privada e disparei a descarga. Infelizmente, ele
ficou preso.
— Será que você queria lavar seu monitor de tornozelo?
— Matteo perguntou numa voz rouca de sono.
Eu me virei. Ele estava encostado na porta, braços
cruzados sobre o peito nu e uma expressão divertida em seu
rosto arrogante. Calor correu para meu rosto. — Eu tentei, mas
ele ficou preso.
Rindo, Matteo avançou sobre mim e nós dois olhamos
para dentro da privada. — E quem vai para tirar para fora
agora?
— Você?
Matteo estendeu a mão, mas eu agarrei o braço dele.
— Você não vai colocar luvas ou algo assim?
— Está limpo e posso lavar as mãos depois. — disse ele
com diversão mal disfarçada. — Minhas mãos já estiveram
cobertas com coisa pior, acredite em mim.
Eu me soltei dele com um encolher de ombros. — Faça
o que quiser.
Ele recuperou o monitor tornozelo e o colocou na pia,
em seguida, empurrou para baixo sua cueca e caminhou em
direção ao chuveiro, mostrando sua bunda firme para mim. Ele
ligou a água e deu um passo sob o jato antes de ficar de frente
para mim novamente, com uma furiosa ereção. — Quer se
juntar a mim?
Peguei minha escova de dente. — Não, obrigada.
Tive que me conter para não assistir Matteo enquanto ele
tomava banho. Eu tinha a sensação de que ele estava
demorando de propósito. A água foi desligada e Matteo saiu,
secando-se com sua toalha. Ele balançou a cabeça em direção
ao monitor de tornozelo. — Você percebe que ele ainda está
funcionando, certo?
— Oh vamos lá. Eu não fugi na noite passada. Você não
precisa colocar essa coisa em mim novamente. Vou me
comportar.
— Sério? — perguntou Matteo, deixando cair a toalha e
espreitando para mim. — Isso não soa como sendo você.
Revirei os olhos. Nós dois podíamos jogar este jogo. Eu
puxei minha camisa sobre a minha cabeça, então deslizei
minha calcinha pelas minhas pernas antes de endireitar-me,
completamente nua. Vamos Matteo lide com isso.
Como esperado, os olhos de Matteo percorreram meu
corpo e seu pênis se contraiu em resposta.
Eu sorri presunçosamente. — Eu realmente odeio o
monitor. Eu não quero usá-lo novamente.
Matteo encostou-se ao lavatório, tão perto que nossos
corpos estavam quase se tocando e eu podia sentir seu gel de
banho de menta.
— Que tal uma aposta?
Eu tive um sentimento que eu não gostaria do que ele
sugeriria, mas eu sinalizei para ele continuar falando.
— Se eu conseguir dar a você um orgasmo hoje, então
vamos colocar o monitor de tornozelo novamente. Se você
conseguir resistir as minhas habilidades, jogamos aquela coisa
no lixo.
— Apenas um?
— Menina gulosa. — ele disse provocando, seus olhos
escuros brilhando de emoção. — Eu pensei que você não
estivesse atraída por mim? Você está preocupada que seu
corpo não será capaz de resistir a mim?
Eu queria que ele estivesse errado, mas meu corpo
realmente era um traidor horrível. Eu tinha perdido a conta das
vezes que tivemos relações sexuais no nosso curto casamento.
— Não, claro que não. Mas um orgasmo parece ser um
número muito baixo para você, você não acha?
— Oh, eu não sei. Nós dois sabemos o quanto você pode
ser teimosa, e eu prometi a Luca colocar esse monitor de
tornozelo em você. Eu não posso bobear com você, e você se
livrar dele novamente. — Seus olhos foram atraídos para os
meus seios, em seguida, para mais baixo. — Então o que você
diria? Resista a um orgasmo até meia-noite e você estará livre
do monitor.
Eu me afastei dele para estar segura. — Ok.
— Claro que você não pode simplesmente evitar ter um
orgasmo por não me deixar tocar em você. Você tem que me
dar uma chance de lutar justamente.
Eu bufei. — Chance justa? O que é justo sobre isso?
Matteo deu de ombros. — Combinado?
— Combinado. — eu disse a contragosto antes de sair
correndo para o chuveiro e fechar a porta. Ele não me parou,
mas ele não tentou me seguir.
Sorrindo, ele caminhou em direção ao quarto. — Eu
estarei esperando por você.
Ok, eu precisava me colocar em uma atitude de completa
calma, precisava descobrir uma maneira de aguentar a tudo o
que Matteo ia fazer. O problema era meu pulso que estava
batendo com entusiasmo quando pensei no que ele faria.
Droga. Fechei os olhos e liguei a água fria. Ofegante, eu
comecei a tremer e, lentamente, a minha excitação diminuiu.
Depois de mais alguns minutos, saí do chuveiro, congelada até
os ossos, e esperava me conter o suficiente para resistir a
Matteo, pelo menos pelo momento. Eu fui para o quarto.
Matteo estava deitado na cama em toda a sua glória nua com
os braços cruzados atrás da cabeça.
Eu estava realmente feliz por seu sorriso autoconfiante,
pois só fortaleceu minha determinação de resistir a ele.
Endireitei meus ombros, eu passei pela cama, determinado a ir
em direção ao closet. — Não deveríamos levantar?
O sorriso de Matteo se arregalou. — Temos algum
tempo. Ou você está com medo de perder a nossa aposta?
Eu andei em direção à cama sem outra palavra. Os olhos
de Matteo seguiram cada movimento que eu fazia. Eu deveria
ter feito uma aposta que ele não fosse autorizado a participar.
Aposta que eu teria vencido sem problemas a julgar pela fome
em seu olhar. Matteo me puxou para baixo em cima dele e me
beijou. Ele tomou seu tempo, suas mãos apenas acariciando
levemente minhas costas, e a pressão entre as minhas pernas já
estava perto de ser insuportável.
Eu tentei pensar em outra coisa. Nada realmente, e de
alguma forma Matteo pareceu sentir que eu estava me
afastando. Ele nos virou pairando sobre mim, e então minha
tortura começou. Sua boca se fechou ao redor do meu mamilo,
mordiscando e lambendo, antes de passar para o meu outro
seio e esbanjar com a mesma intensidade. Eu coloquei as
palmas das minhas mãos contra a cama, tentando acalmar
minha respiração e pulso acelerado.
Matteo segurou meu outro seio, e apertou mais forte do
que o esperado. Eu arqueei com a sensação intensa, em
seguida, rapidamente relaxei novamente. Eu não poderia
tornar muito fácil para ele. Ele seria ainda mais presunçoso se
ele conseguisse me despertar tão rápido. Olhando para o teto,
eu concentrei toda a minha atenção longe dos lábios
provocantes de Matteo. Ele riu contra meu esterno, depois
lambeu uma trilha até o meu umbigo. — Tão teimosa.
Eu sabia que no momento que Matteo separasse minhas
pernas, ele veria o quanto meu corpo ansiava seu toque. Não
havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Talvez houvesse
uma maneira que eu pudesse ter um orgasmo sem Matteo
realmente perceber? Até agora, era quase minha única
esperança, porque eu tinha quase certeza que meu corpo ia me
trair.
Com um sorriso malicioso, Matteo moveu-se entre as
minhas pernas e empurrou as mãos abaixo do meu bumbum e
então ele pressionou sua boca na minha carne aquecida. Eu
mordi de volta um gemido ao sentir sua língua. Seus olhos
estavam em mim, tão possessivos e com fome que ele me
excitou ainda mais.
Fechei meus olhos com força, tentando bloquear o que
Matteo estava fazendo, mas ele estava tornando difícil.
— Deliciosa. — ele murmurou, em seguida, deu outra
lambida. — Você tem um gosto tão bom, Gianna. Eu quero
comer você todos os dias. — ele mergulhou sua língua na
minha abertura antes de desenhar círculos mais suaves com a
ponta da língua, só para entrar em mim novamente. Pressionei
meus lábios para conter um gemido. Suas mãos empurraram
minhas pernas ainda mais distantes e, em seguida, abriu com
os dedos suavemente os lábios para dar a ele ainda melhor
acesso. Sua língua mal me esfregava, meus dedos curvavam
das sensações intensas. — Você pode fingir que isso não está
fazendo nada para você, Gianna, mas seu corpo te trai.
Maldição, como se eu não soubesse.
— Você vai ficar com os olhos fechados o tempo todo?
— ele perguntou em tom de zombaria.
Meus olhos se abriram e eu olhei para ele.
Ele levantou a cabeça com seu maldito sorriso tubarão, o
queixo brilhando com meus sucos. — Assim é melhor. — ele
murmurou antes dele baixar o olhar de volta para o meu centro
e esfregar seu polegar levemente sobre o meu clitóris. Sua
língua deslizou sobre minha coxa, me mordendo levemente.
Mais umidade reuniu entre as minhas pernas e o sorriso de
Matteo aumentou ainda mais. — Veja, como você está. — ele
deslizou seu polegar entre minhas dobras, em seguida, levou-o
aos lábios e lambeu meus sucos. — Humm. — eu sabia que
deveria fechar os olhos novamente, mas foi impossível. Em
vez disso eu me preparei em meus cotovelos para obter uma
visão melhor. Esta era uma batalha perdida de qualquer
maneira, eu poderia muito bem aproveitar plenamente.
Matteo ergueu as sobrancelhas. — Levantando a aposta?
— ele mergulhou de volta para baixo e eu joguei minha cabeça
para trás, nem mesmo me preocupando em manter o gemido.
Foda-se a aposta estúpida e o monitor tornozelo estúpido.
Meus berros começaram, espasmos e tremores se espalharam
por todo o meu corpo quando o prazer me encheu. Não havia
como esconder meu orgasmo. Sem chance no inferno.
Eu arqueei para fora da cama, deixando o prazer me
consumir. Gritos caíram de meus lábios e eu os deixei sair sem
restrição.
Eventualmente, eu contive a minha respiração. Matteo se
levantou nos cotovelos. O olhar em seu rosto me fez lamentar
a minha fraqueza. — Talvez um orgasmo fosse muito injusto.
— disse ele em uma voz rouca.
— Você acha? — eu sussurrei sem fôlego. — Que tal
uma aposta adicional? Tudo ou nada?
— Estou ouvindo.
— Se eu conseguir fazer você gozar, você perde e não
vou ter que usar o monitor de tornozelo novamente. Se você
resistir, eu vou colocar essa coisa de volta sem protesto.
Matteo sentou-se sobre as pernas, apresentando o seu
pênis duro como rocha. Eu me inclinei para a frente e enrolei
os dedos em torno de seu comprimento com um olhar
desafiador. — Então o que você diz?
— Por que eu deveria correr o risco de perder se eu
posso ganhar a mesma coisa de novo.
Lambi meus lábios e apertei seu pau uma vez. — Você
está com medo de perder? — eu repeti suas palavras
anteriores.
Ele riu. — Claro que não. Estou na aposta. Estou em
suas mãos.
— Deite-se. — eu pedi, sem perder tempo. Eu ganharia
esta aposta, não importava o que acontecesse.

MATTEO
Eu me deixei cair de costas ao lado Gianna e cruzei os
braços atrás da cabeça. Gianna parecia muito confiante. Meu
pau já estava duro antes dela começar a me chupar, e ela
provavelmente pensou que eu não duraria muito tempo. Ela
não me conhece muito bem.
Ajoelhou-se ao meu lado, então abaixou a cabeça muito
lentamente, com os olhos grudados em mim, desafiadora e
sexy pra caralho. Será que ela sabe o quanto seu olhar me
deixa excitado? Aquele olhar só fez meu pau se contorcer.
Gianna fechou os dedos ao redor da minha base e rodou sua
língua ao redor do meu pau antes dela tomar tudo de mim em
sua boca quente, porra. Eu adorava ver meu pau desaparecer
entre seus lábios rosados. Quando eu bati no fundo da sua
garganta, eu quase gemi.
Gianna sorriu ao redor da minha largura como se
soubesse exatamente o que estava fazendo para mim. E então
ela começou a cantarolar, e as vibrações foram direto para
minhas bolas.
— Porra. — rosnei, o que só parecia estimulá-la mais.
Ela balançou a cabeça para cima e para baixo, os olhos em
mim, e massageou minhas bolas da melhor maneira possível.
— Você é tão boa nisso. — eu disse.
Ela revirou os olhos para mim, e caramba, se isso a
deixava ainda mais sexy. Seu cabelo vermelho estava preso em
sua testa e bochechas quando ela me levou profundamente em
sua boca.
Eu não ia durar para sempre. Eu nunca realmente pensei
que poderia ganhar isso, nunca realmente quis ganhar. Tudo
que eu queria nesse momento era gozar na boca quente de
Gianna. Eu agarrei minhas mãos nos seus lindos cabelos. Os
músculos de minhas coxas apertaram, mas eu lutei contra a
sensação. Era incrivelmente cedo para eu ceder, conhecendo
Gianna. Eu poderia esperar um pouco antes dela me dar outro
boquete. Ela parecia uma deusa do sexo. Porra. Eu quis vê-la
assim por um longo tempo, eu sonhava com isso. Eu empurrei
meus quadris, e senti minhas bolas apertarem. Gianna sugou
ainda mais forte. Não que eu precisasse ser convencido. Tudo
que eu queria era gozar sobre ela. E então eu fodidamente
explodi. Gianna não puxou para trás. Foda-se, ela continuou
chupando quando eu atirei minha porra na sua garganta. Com
um gemido longo, eu deixei minha cabeça cair para trás e meu
corpo relaxou. Gianna levantou a cabeça e limpou a boca com
um sorriso largo. — Eu ganhei.
Eu ri baixinho. — Você ganhou. Parabéns.
— Então eu não vou ter que usar o monitor de tornozelo
nunca mais? — ela perguntou com uma pitada de
desconfiança.
— Essa era a aposta. — eu não disse a ela que eu me
sentia como o verdadeiro vencedor. Eu nunca gostei de vê-la
com o monitor do tornozelo, parecia um sacrilégio vê-la assim
presa em uma gaiola. Eu estava feliz que ela não iria usá-lo
mais, mesmo se isso significasse que eu tinha que manter um
olhar atento sobre ela, e que Luca provavelmente me daria um
soco.
Capítulo dezoito
GIANNA
Na manhã seguinte, depois que eu tinha tomado banho e
me vestido, eu gostei da minha nova liberdade, mesmo que
fosse pequena. Matteo manteve sua promessa e escondeu o
monitor de tornozelo em uma gaveta. Eu não tenho que usar
essa coisa estúpida, pelo menos por agora. Eu duvidava que
Matteo ainda manteria sua promessa se eu tentasse fugir
novamente.
Nós dois perdemos nossas apostas e ambos nos
sentíamos vencedores. A vida com Matteo era um enigma. Ele
já estava encostado no balcão da cozinha, tomando café
quando eu saí do quarto. Seu sorriso era tão presunçoso que eu
tive problemas para não torcer seu pescoço. Peguei um copo
para mim, então me inclinei em frente a ele. — Você já sentiu
remorso ou culpa?
As sobrancelhas de Matteo subiram na sua testa. —
Arrependimento?
— Sim, você sabe aquele sentimento que as pessoas
normais têm quando elas fazem algo errado? — eu tomei um
gole. Eu não estava certa porque eu estava perguntando,
exceto para tirar a expressão irritante do rosto de Matteo.
Por um longo tempo Matteo olhou para mim até que eu
não aguentava mais e fingi que meu café estava realmente
interessante. Por que de repente eu me sentia culpada por fazer
essa pergunta?
— Tenho pouco tempo para ter culpa e arrependimento
na minha vida. — disse Matteo. Sua voz era baixa e
desprovida de humor. Eu não pude deixar de olhar para cima,
tentando avaliar seu estado de espírito, mas como de costume,
isso era difícil.
— Então você não sente isso às vezes?
— Ocasionalmente. Mas eu aprendi há muito tempo que
não é inteligente viver no passado. Eu prefiro focar no futuro.
— com isso, seu charme habitual estava ligado novamente. Ele
caminhou na minha direção, colocou sua xícara no balcão, e
apoiou os braços ao meu lado. — Você se arrependeu de fugir?
Eu abri minha boca para dizer — Não. — mas por algum
motivo eu hesitei. Esse momento de hesitação foi a resposta
que Matteo precisava.
— Por que?
— Porque tem alguém morto. — eu disse calmamente.
Eu tinha conseguido esquecer Sid e seu fim horrível, mas
agora tudo voltou. Eu poderia ter chutado Matteo por trazer a
memória de volta. Especialmente porque eu vim a perceber
que a vida da qual eu tinha fugido não era tão horrível como
eu queria que fosse.
A expressão de Matteo dizia que não dava a mínima para
isso, e estava muito melhor do que eu esperava. — Eu posso
dizer, sem sombra de dúvida, que eu não sinto culpa sobre a
morte desse cara. — ele murmurou. Ele passou a mão pelo
meu lado. — Eu teria matado todo cara que você tocou. Mas
nós dois sabemos que eu não tenho porque, apesar de muitas
oportunidades você foi uma boa menina.
A maneira como ele disse – boa menina – fez meu
sangue ferver. Eu ainda estava tentando chegar a uma resposta
inteligente quando o elevador tocou anunciando um visitante.
Matteo beijou a ponta do meu nariz com uma expressão
superior, antes de sair cambaleando em direção ao elevador.
Eu não podia acreditar nele.
Eu ainda estava olhando para suas costas quando as
portas do elevador se abriram e Aria entrou no apartamento.
Ela estava falando no telefone. Para minha surpresa Matteo
entrou no elevador, deixando-nos sozinhas. Eu suspeitava que
ele poderia bloquear o elevador do lado de fora, então eu não
poderia sair a menos que eu desse um mergulho para fora da
janela e acabasse como respingos de sangue na calçada abaixo.
— Com quem você está falando? — eu perguntei
quando Aria dirigiu-se para mim.
Ela me deu um sorriso brilhante e segurou o telefone
para mim. — Lily e Fabi querem falar com você, mas papai os
proibiu de ligar, então… — ela parou. Claro, eu tinha
suspeitado de algo parecido. Papai deixou bem claro que ele
não me queria ao seu redor nunca mais.
— Obrigada. — eu murmurei para Aria antes de tomar o
telefone dela e pressionar contra meu ouvido. — Lily? —
minha voz estava trêmula e eu tive que limpar minha garganta.
— Oh, Gianna! Fiquei tão triste quando papai não me
deixou dizer adeus a você. Eu estive implorando para ele me
deixar falar com você, mas ele ficou muito bravo e agora eu
estou de castigo.
Ficar presa sempre pareceu como um termo estranho
para o nosso castigo. Nós nunca tínhamos sido autorizados a ir
a qualquer lugar sozinhas de qualquer maneira, de modo que
estar de castigo apenas significava que tínhamos que ficar
ainda mais em casa.
— Sinto muito. — eu disse, tentando conter a minha
raiva de nosso pai. Lily ainda tinha que viver sob seu domínio.
Ela não tinha necessidade de ficar em apuros por causa de
mim. Fui até a sala de estar e me sentei no sofá. Aria se sentou
na ponta do meu lado. — Como está a escola? — perguntei.
— Chato. Mas ficar em casa é ainda pior. Desde que
você e Aria se mudaram, nada divertido acontece. — Lily
murmurou. Meu coração doeu por ela. Sempre tive Lily, e por
um longo tempo Aria, mas Lily teria que sobreviver por anos
sem esse tipo de apoio. É claro que ela ainda tinha Fabi, mas
ele era um menino e logo enfrentaria desafios muito
diferentes. — E quanto a Fabi?
— Ele está sendo uma dor na bunda. — disse Lily. No
fundo eu podia ouvir meu irmão dizer alguma coisa. — Está!
— Lily replicou. — Oh, cale a boca. É a minha vez agora.
Você pode conversar com ela mais tarde. — Houve o som de
luta e, em seguida, a voz de Fabi no meu ouvido. — Gianna!
— Shhh, você fale baixo. — Lily sussurrou, obviamente,
pegando o telefone de volta. — Ninguém pode saber que
estamos falando com ela. — por um momento, houve silêncio,
como se ambos estivessem ouvindo sons, então Lily falou
novamente. — Romero está aí com você?
Eu ri. — É por isso que você está ligando? Eu pensei
que você queria ver como eu estava. — disse eu, com a voz
simulando mágoa.
— Claro que eu quero saber como você está.
— Eu estou bem. — houve uma pausa. Decidi parar de
torturá-la, acrescentando. — E Romero não está aqui. — Eu
olhei para Aria e ela sussurrou. — Lá em cima. — Ele está na
casa de Aria, discutindo negócios da máfia com os nossos
maridos. — o sarcasmo escorria das palavras. — Você quer
que eu vá lá em cima e peça para ele falar com você?
— Não! — Lily deixou escapar. — Ele vai pensar que eu
estou apaixonada por ele.
— E não está?
Silêncio. Pobre Lily, eu não tenho coração para dizer a
ela que não havia chance no inferno de papai permitir uma
aliança entre a minha irmã e um mero soldado, especialmente
um de Nova York. O amor simplesmente não era algo que
importava.
— Como eu sei se estou apaixonada? — Lily sussurrou
depois de um tempo.
Sim, como? Eu não estive apaixonada por Sid ou por
qualquer outra pessoa. Eu não estava apaixonada por Matteo.
Certo?
— Eu não sei. — eu admiti.
— Você não está apaixonada por Matteo?
— Por que você acha que eu estaria? Eu fugi, lembra?
— Mas você está casada agora.
— Casamento não é igual a amor.
— Para Aria foi. — disse Lily. Meus olhos dispararam
para Aria que estava franzindo a testa para mim.
— Você está certa. Talvez você devesse perguntar a ela,
então. — Antes que Lily pudesse dizer outra palavra, eu
entreguei o telefone para Aria. — Lily quer saber como se
sabe se está apaixonada.
Aria pegou o telefone de mim, seus olhos azuis cheios
de preocupação. Ela ouviu Lily por um momento antes de
dizer. — Isso é difícil de colocar em palavras. Amor é quando
você se sente segura nos braços de alguém, quando ele é a
primeira coisa que você quer ver na parte da manhã, o amor
pegou você. Você corre o risco de se machucar, mas você não
se importa. Você está disposto a dar a alguém o poder de
quebrar seu coração. Amor significa ver alguém no seu pior e
ainda ver o bem em si, o amor significa que alguém é perfeito
para você, apesar de suas imperfeições. — ela ficou em
silêncio, os olhos distantes.
Eu não tenho que perguntar. Eu sabia o que ela estava
pensando. Engoli em seco. Eu nunca poderia ter dito o que
Aria tinha acabado de dizer. Uma indesejável imagem do
sorriso arrogante de Matteo passou pela minha mente. Eu
definitivamente vi o seu pior no dia que ele tinha torturado os
russos.
— Mas como eu sei quando eu estou apaixonada? — eu
ouvi o gemido de Lily através do telefone.
— Sim, como?
— É um processo gradual. Eu realmente não sei
exatamente quando eu comecei a amar Luca. Por muito tempo
eu pensei que eu o odiava.
Eu de repente me levantei inquieta. Este não era um
tópico sobre o qual eu me sentia confortável. Isso deixava meu
peito apertado, me fez começar a entrar em pânico de uma
forma estranha. Corri para a cozinha e fiz outra xícara de café.
Depois de alguns goles, voltei para Aria que me deu um olhar
interrogativo. Eu levantei minha xícara como forma de
explicação. — Aqui. — ela disse, entregando o telefone de
volta para mim.
— Então o que mais há de novo? — perguntei
levemente.
Eu praticamente podia ouvir Lily revirar os olhos. —
Você vai vir para a nossa festa de Natal?
Eu abri minha boca para dizer que sim, porque eu
sempre estive lá, então eu percebi que provavelmente eu não
ia. — Eu não sei. As coisas estão difíceis no momento.
— Você quer dizer que o papai não quer que você venha.
— A única razão pela qual eu gostaria de ir é pra ver
você e Fabi. Eu não me importo com ninguém. E talvez você e
Fabi possam vir visitar Nova York no Ano Novo.
Lily ficou em silêncio. — Papai disse que nunca vai nos
permitir ir para Nova York novamente, depois do que você fez.
Isso não deveria ter me chocado tanto quanto fez, eu
suponho. É claro que ele não deixaria Lily fora de sua vista.
Ele não podia arriscar mais uma de suas filhas se
transformando em uma vagabunda. — Nós vamos descobrir
alguma coisa. Vou pedir para Matteo se nós podemos ir para
Chicago.
Enfrentar o papai novamente era a última coisa que eu
queria fazer. Por tudo que eu me importava eu nunca colocaria
os pés em Chicago novamente, mas a ideia de nunca mais ver
Fabi e Lily era ainda pior.
— Prometa?
— Eu prometo. — eu disse. — Agora chame Fabi antes
papai perceba que você está falando comigo e não com Aria.
— Oi. — veio a voz de Fabi.
— Eu aposto que você cresceu mais um pouco desde a
última vez que te vi.
— Quando eu crescer, eu vou ter pelo menos 1,80 m de
altura. — disse ele com orgulho.
— 1,90 m, pelo menos. Você provavelmente vai ser mais
alto do que Luca.
— Isso seria tão legal. Eu poderia chutar o traseiro de
todo mundo. Todo mundo teria que ser bom para mim e me
respeitar.
Eu sorri melancolicamente. Logo ele faria isso com as
pessoas de qualquer maneira. O menino bonito seria
substituído por um assassino implacável. — Isso seria legal.
— eu concordei. — Então você tem novas facas?
Fabi tinha uma enorme coleção de facas. Uma coleção
de facas maior que uma criança de dez anos deveria ter. Claro
papai sustentava esse fascínio do meu irmão com armas.
— Não. — disse Fabi emburrado. — Papai está com
raiva de mim.
— Por minha causa?
Fabi não disse nada no começo, mas eu sabia que ele
estava encolhendo os ombros da maneira bonita que ele fazia.
— Eu não gosto de como ele gritou com você.
— Eu não gosto disso, mas você tem que tentar não
deixar o papai irritado com muita frequência, Fabi. Eu não
quero que você seja punido. — Agora que eu não estava mais
disponível como saco de pancadas favorito de meu papai, eu
me preocupava que Fabi poderia ter que suportar o peso de sua
raiva.
— Tudo bem. — disse ele. — Eu sinto sua falta.
— Eu sinto sua falta também.
Nós desligamos e eu entreguei o telefone de volta para
Aria.
— Você está bem? — perguntou ela.
Eu concordei sem entusiasmo. — A festa é no próximo
fim de semana, certo?
— Sim.
— Eu acho que não estou convidada?
Aria fez uma careta. — Mesmo Luca e eu não temos
certeza se nós deveríamos ir.
— Por que?
— As coisas estão realmente ruins agora. Luca tem
problemas suficientes em Nova York. E além disso, ele não
quer lidar com Dante Cavallaro ou o papai.
— Fabi e Lily vão ficar muito tristes se você não for
visitar.
— Eu sei. — Aria disse com um suspiro, inclinando-se
contra o encosto. — Isso é o que eu venho dizendo a Luca. Até
sugeri que eu poderia voar a sós com Romero, de modo que
Luca poderia cuidar dos negócios aqui.
— Deixe-me adivinhar. Ele odiou a ideia.
Aria riu. — Sim. Ele não confia no Outfit e não vai me
deixar ir para lá sem ele.
— Eu meio que tenho que concordar com ele. Eu
gostaria que pudéssemos ir juntas.
— Talvez no próximo ano. Papai dificilmente pode ficar
com raiva de você para sempre.
— Papai ainda estará com raiva de mim quando ele
estiver assando no inferno.

Como esperado, não fui convidada para a festa de Natal


da minha família. Oficialmente, o papai não poderia ter
negado a minha entrada como a esposa de Matteo, mas não só
teria sido muito estranho, como também Matteo não queria
correr o risco de me levar de volta para Chicago tão cedo.
Naquela noite, depois que meu corpo tinha traído meu cérebro,
mais uma vez, sucumbindo ao charme de Matteo, eu estava
deitada nua em seus braços, o seu peito pressionado contra
minhas costas. Eu não tinha certeza por que eu sempre
adormecia com seus braços em volta de mim, e pior, porque eu
às vezes ansiava por sua proximidade durante o dia também.
Até agora eu consegui resistir a essa segunda vontade, pelo
menos.
— Será que eu vou ver Fabi e Lily de novo? — eu
sussurrei no silêncio.
Os braços de Matteo ao redor da minha cintura se
apertaram. — Se eles fossem parte da Cosa Nostra, Luca
poderia fazer alguma coisa, mas seu papai só tem que ouvir
Cavallaro.
— Eu sei. — eu disse quase com raiva. Eu sabia como as
coisas funcionavam em nosso mundo. — Mas não podemos
convidar a minha família para algum tipo de reunião? Papai
não rejeitaria um convite direto, certo?
Matteo apoiou-se e olhou para o meu rosto. — Seu papai
definitivamente aceitaria o convite, mas ele não tem que trazer
a sua irmã e irmão com ele. Muitos homens mantêm suas
famílias fora de circulação por motivos de segurança.
Eu balancei a cabeça.
Matteo ficou me olhando por um longo tempo e ele
estava começando a me fazer sentir nua de uma forma muito
diferente. Eu atirei-lhe um olhar. — O quê?
— Luca é muito convincente. Talvez ele possa perguntar
ao seu papai se ele permitiria que Liliana e Fabiano viessem
para uma visita depois do Natal. Seu papai poderia enviar seus
próprios guardas com eles, se ele não confia em nós.
— Por que Luca faria isso? Ele e Aria ainda são bem-
vindos em Chicago.
— Se eu pedir a Luca, ele vai fazer.
— E por que você deve perguntar a ele? Você não está
com problemas suficientes por causa de Bardoni e por se livrar
do meu monitor de tornozelo?
Matteo girou uma mecha do meu cabelo em torno de seu
dedo. — Eu faria isso por você. Você é minha esposa e eu
quero te fazer feliz. — Seu sorriso estava brincando e o que
ele disse tinha soado sincero.
Meu coração bateu perigosamente, e novo pânico se
levantou. O que aconteceu? O medo de minhas próprias
emoções levou o melhor de mim. — Se você realmente se
importa comigo e quer me ver feliz, me deixe ir. Tudo o que
eu sempre quis foi liberdade e uma vida normal.
No momento em que as palavras saíram da minha boca,
eu percebi que eu não tinha certeza se elas ainda eram
verdadeiras.
A expressão nos olhos de Matteo passou de desligada
para dura e fria. Ele deitou e apagou as luzes. Eu quase pedi
desculpas e estendi a mão para ele.
Seus lábios roçaram meu ouvido. — Eu acho que isso
significaria que eu não me importo o suficiente. Porque
deixaria você ir? Essa é a única coisa que eu nunca vou fazer.

Depois dessa conversa, nossas interações nos próximos


dias, por uma vez, foram reduzidas a sexo.
Para minha surpresa, eu perdi a nossa brincadeira. Eu
perdi a arrogância estúpida de Matteo e seu irritante sorriso de
tubarão, mas acima de tudo eu perdi de adormecer com seus
dedos traçando a pele macia do meu antebraço.
A época de Natal foi definitivamente se transformando
em meu próprio pesadelo pessoal. Matteo e eu fomos
convidados para mais três festas, todas elas com mafiosos de
alto escalão, ou homens de negócios com estreitas ligações
com a máfia. Todos eles muito importantes para ofender por
não participar. Eu realmente esperava que Matteo não matasse
mais ninguém. O acidente de Bardoni até agora tinha sido sem
consequências, mas eu ainda não estava totalmente certa de
que ficaria desse jeito. Em algum momento as pessoas, sem
dúvida, ficariam desconfiadas.
Agora que eu não estava mais usando o monitor
tornozelo, Sandro era a minha sombra, e quando Aria e eu
íamos em qualquer lugar juntas, Romero estava sempre lá
também. Era ridículo. Mesmo sem um dispositivo técnico
todos os aspectos da minha vida estavam fora do meu controle.
Casamento feliz, minha bunda.
Fixei uma mecha, que tinha caído para fora do meu
penteado e deslizei minhas mãos sobre o meu vestido novo.
Com todos os eventos sociais aparecendo no meu futuro, Aria
e eu tínhamos ido a mais uma grande viagem de compras. Eu
estava começando a me sentir como uma daquelas mulheres
troféu da máfia que eu desprezei toda a minha vida. Compras,
eventos sociais e aquecer a cama de seu marido eram o seu
mundo inteiro, e também o meu. Eu olhei para o meu reflexo.
Eu até parecia como uma esposa troféu com o meu cabelo
nesse elegante penteado e o lindo vestido escuro de cocktail
verde que abraçava minhas curvas. Até o meu anel de
casamento enorme e o colar de diamantes gritava esposa
troféu. Levou todo o meu autocontrole para não rasgar o
vestido fora de meu corpo e cortar meu cabelo. Como eu
poderia ter me tornado o que eu odiei por tanto tempo? E
como eu poderia ficar bem com isso?
— Aria e Luca estão aqui. — gritou Matteo. — Nós
precisamos ir. — Este foi mais do que ele tinha dito para mim
fora do quarto desde aquela noite. Com um suspiro, eu me
afastei do espelho e me dirigi para a sala de estar onde Aria,
Luca e Matteo estavam à minha espera. Matteo parecia
maravilhoso em um terno preto, camisa branca e gravata preta.
Era um mafioso tão clichê, mas ele parecia à vontade. Esse
homem sempre parecia bem. Seus olhos fizeram uma
varredura rápida da minha roupa e meu corpo respondeu com
um arrepio familiar. Eu tinha lido sobre looks que eram como
sexo, mas eu sempre os considerei lenda urbana. Mas Matteo
me olhou de cima a baixo.
Eu mantive meu rosto não afetado enquanto eu
caminhava em direção a eles. Aria estava elegante em seu
vestido vermelho escuro e com seus cachos dourados. No
passado eu muitas vezes me senti como se eu nunca pudesse
competir com ela, mas eu vim a perceber que eu não
precisava. Luca se elevou sobre a minha irmã em um terno
semelhante, ao de Matteo, mas ele não fez nada para mim. Eu
parei ao lado de Matteo e sua mão imediatamente foi para o
meu quadril. Será que ele percebia o quão possessivo esses
pequenos gestos eram? No passado, a minha primeira reação a
eles teria sido aborrecimento, seguido por uma rejeição, mas
agora parecia quase natural. Eu não tinha certeza por que este
era o caso, por que tão facilmente fui moldada para a vida que
tinha sido destinada para mim mesmo antes de meu
nascimento. Algumas pessoas provavelmente procurariam
uma explicação no destino ou na fé. Eu nunca tinha
considerado que uma ou outra opção eram válidas. Eu não
gostava da ideia de que alguma grande coisa exterior
controlava quem eu era e como minha vida poderia se
desenvolver.
— Ei, onde está você? — perguntou Matteo, apertando
meu quadril levemente. Pisquei, focando. Eu nem tinha
percebido que tínhamos entrado no elevador.
Eu balancei minha cabeça. — Pensando em todas as
maneiras que esta noite poderia acabar mal. — eu menti.
— Enquanto Matteo mantiver a faca no coldre e você
manter sua boca calada, as coisas devem ir bem. — murmurou
Luca, enviando seu recado a Matteo e a mim. — Hoje à noite é
importante. Vários dos homens de negócios presentes estão
sob pressão dos russos. Eu quero mostrar nossa força e fazer
uma boa impressão. Seria ainda melhor se você pudesse se
controlar para não ofender as mulheres.
— Por que eu? E Aria?
— Aria sabe como se comportar. Ela é a mulher perfeita
enquanto você não é nada.
Aria tocou o peito de Luca. — Seja legal com a minha
irmã.
— Eu não sou rude com todo mundo. Somente com as
pessoas que eu não gosto. — eu disse incisivamente.
— Que serão todos da festa. — Matteo interrompeu. —
Eles são insuportáveis, acredite em mim. — nós trocamos um
sorriso, eu podia ver Luca dar a Aria um daqueles olhares
secretos que sempre compartilhavam.
— Só se comportem. — disse Luca. — Ambos. É como
um enviado de Deus que vocês dois existam para testar a
minha paciência.
Aria riu e bateu no ombro de Luca levemente, mas seus
olhos estavam brilhando em adoração. Será que eu olharia
para alguém assim? Eu não tinha certeza se eu queria. Parecia
que ela estava desnudando sua alma para que todos pudessem
ver.
Juntos, saímos do elevador para a garagem num frio
congelante. Eu tremi. Eu não tinha levado um casaco comigo
porque eu ia sair direto do elevador para o carro e, em seguida,
do carro para onde a festa estava acontecendo, mas agora eu
me arrependi. Eram meados de dezembro apesar de tudo. Um
mês desde que Matteo tinha me encontrado. Às vezes era
difícil acreditar que tanto tempo tinha se passado.
Matteo me soltou, tirou o paletó e colocou sobre meus
ombros. Seu calor e perfume me envolveram, e eu me peguei
puxando uma respiração profunda.
— Obrigada. — eu disse, meio envergonhada.
Luca tinha feito o mesmo para Aria, apesar do curto
caminho para o carro. Aria e eu nos sentamos na parte de trás
do Porsche Cayenne de Matteo, enquanto Luca e Matteo
sentaram na frente. Parecia que os homens não estavam mais
preocupados que eu fosse tentar saltar para fora do carro para
escapar. Talvez eles também tivessem notado quão facilmente
eu poderia fazer isso.
Aria se inclinou para sussurrar no meu ouvido. — Eu sei
que você não quer enxergar, mas você e Matteo foram feitos
um para o outro.
Eu atirei a ela um olhar, ignorando a forma como o meu
pulso acelerou com uma emoção que eu não queria nem
pensar. — Nem mesmo comece.
Aria deu de ombros. — É a verdade. E ele está
realmente tentando. Eles não são perfeitos, mas eles estão
tentando serem bons para nós. Você não parece infeliz.
Eu não estava exatamente infeliz, mas eu tentei atribuir a
presença constante de Aria em minha nova vida. Foi uma
explicação conveniente. Eu não disse nada, não poderia vir
com uma resposta espirituosa que não soaria totalmente falsa.
Ficamos em silêncio depois disso e ainda assim eu senti
como se meu silêncio fosse mais uma resposta do que eu
gostava. Eu estava realmente aliviada quando finalmente
paramos na frente de um prédio de apartamentos de luxo não
diferente daquele que Matteo e eu vivíamos. Um porteiro
correu em direção ao nosso carro e abriu a minha porta. Ainda
bem que ele não viu tanto Luca e Matteo chegarem em suas
armas, sempre prontos para um ataque.
Agradeci ao cara que parecia que tinha a minha idade, e
sai. Aria seguiu rapidamente. Nós entregamos os paletós de
volta para os nossos maridos antes de entrar no átrio
iluminado. Outro porteiro esperou ao lado do elevador e clicou
o botão correto para nós.
Enquanto seguíamos em direção ao piso superior,
Matteo inclinou-se e murmurou: — Não se esqueça de se
comportar. — Ele piscou para mim quando ele se afastou e eu
sabia que estaria em apuros. A expressão de Matteo prometia
que ele não tinha absolutamente nenhuma intenção de ser bom
hoje à noite.
A festa acontecia em uma cobertura enorme com vista
para a cidade. Não era tão grande como a de Luca, mas
definitivamente vistosa. As paredes estavam cobertas com
desenhos de Picasso, Warhol e Miró, todas elas originais, e eu
tinha a sensação de que o mobiliário era pretensioso, mas tudo
tinha sido removido para caber duas longas mesas para oitenta
convidados, bem como uma dúzia de mesas de bar onde os
hóspedes poderiam se misturar antes do jantar.
O nível de ruído era esmagador, apesar do tamanho da
cobertura não havia nada natalino na decoração, com exceção
de uma pintura abstrata em um vidro e uma árvore de Natal
ainda mais abstrata de vidro em um canto. Aria e eu olhamos
uma para a outra e quase caímos na gargalhada.
O meu estado de espírito caiu no momento em que o
anfitrião e a anfitriã, um casal de meia-idade que parecia ainda
mais falso do que a sua árvore se aproximaram de nós. Eu me
preparei para o nojo avaliador, mas a mulher sorriu para Aria e
para mim da mesma maneira.
A anfitriã, que se apresentou como Miriam praticamente
sorriu para mim, embora ele parecesse quase assustadora,
porque seu rosto estava congelado de tanto Botox. — Você
deve ser a bela noiva. — disse ela, e me beijou em ambas as
bochechas.
— Sim, obrigada. — eu disse assustada.
Eu lancei um olhar confuso a Matteo. Ele deve ter lido
isso direito, porque ele se inclinou para mim, enquanto o
anfitrião e a anfitriã falavam com Luca e Aria. — Eles não
fazem parte da nossa cultura. Eles não dão a mínima para as
nossas regras e costumes. — Matteo sussurrou.
A anfitriã voltou-se para nós. — O jantar começa em
trinta minutos. Mas por favor, sirvam-se de nossos deliciosos
canapés e champanhe. — Ela pronunciou champanhe com um
sotaque francês estranho, que quase me fez rir de novo, mas eu
me recompus e sorri educadamente. A mulher tinha sido boa
para mim, então eu tive que agir em conformidade, mesmo
que Luca pensasse que eu era incapaz de ser agradável.
Olhei em volta, somente a mancha de um casal
conhecido, que assumi que deveriam ser parte da máfia ou eu
não teria os reconhecido. Além disso, fomos alegremente
cercados por estranhos, que não me chamavam de vagabunda
sob suas respirações, ou olhavam de cima em baixo com seus
narizes altos para mim. Este foi um evento social honesto de
pessoas normais. Eu relaxei. Talvez isso não fosse muito ruim.
— Venha. Vamos encher nossas taças de champanhe.
Vamos precisar do zumbido para levar-nos através do tédio. —
disse Matteo. Luca fez uma carranca, mas Matteo apenas
sorriu e me levou em direção a uma mesa de bar desocupada.
Peguei um copo e tomei um gole profundo. Essa foi à única
coisa boa sobre a vida em nosso mundo. Ninguém deu a
mínima se eu tinha idade legal para beber. As bolhas
arrepiaram deliciosamente a minha língua. Tinha sido um
longo tempo desde que eu bebi um bom champanhe. A última
vez foi no casamento de Aria.
Matteo sorriu.
— O quê? — perguntei, verificando o meu vestido.
— Você parece uma senhora sofisticada.
— Eu não sou uma senhora sofisticada. — eu disse
rapidamente e estava prestes a tomar outro gole de
champanhe, mas parei com a borda contra os meus lábios.
Com um olhar, eu coloquei para baixo. — Eu não sou.
— Eu não disse que você era. Eu só apontei o que você
procurava.
Ele estava certo. Eu me encaixo nisso, o que me trouxe
de volta para o meu problema de mais cedo. Por que eu estava
me tornando mais como uma esposa troféu? Engoli o resto da
minha champanhe em um grande gole, não como uma dama,
fazendo Matteo rir, e eu não pude me conter, mas ri com ele
também. Era bom rir com ele, e era ainda melhor ver a alegria
banir alguma escuridão em seus olhos.
Miriam chamou para que todos pudessem se sentar em
torno das mesas, e nos pediu para que nos sentássemos ao lado
dela com outros convidados importantes. Infelizmente Aria
teve que se sentar em frente a mim, então eu não podia nem
falar com ela no caso de eu ficar entediada. Eu estava
encravada entre Matteo e uma mulher que eu não conhecia.
Felizmente, o primeiro prato foi servido quase imediatamente,
então eu tinha algo para fazer. Miriam, bem como as outras
mulheres em torno de nós, estavam mais interessados em Aria
de qualquer maneira, provavelmente porque ela era a esposa
de Luca e sabia como conduzir uma conversa.
De repente, senti a mão de Matteo no meu joelho. Eu
atirei a ele um olhar, mas ele estava imerso em uma conversa
com Luca e o anfitrião. Eu dei outra mordida no meu
Carpaccio, mas parei no meio da mastigação quando sua mão
começou a subir, em direção à borda rendada do meu vestido.
Eu tive que reprimir um pequeno estremecimento, pela
sensação que seu toque enviava direto para o meu centro. Eu
apertei minhas pernas juntas e tentei me concentrar na
conversa que Aria estava tendo com as outras mulheres. Os
cantos dos lábios de Matteo se contraíram em reação. Claro
que não era o fim de tudo. Quando foi?
Os dedos de Matteo deslizaram entre as minhas pernas,
apesar de minhas tentativas, e, em seguida, as pontas dos
dedos deslizaram sob a borda da minha calcinha e ele
levemente acariciou a fenda entre a minha perna e vulva.
Estendi a mão para o copo e bebi um grande gole do vinho.
— O que você acha, Gianna? Você estaria interessada?
— Perguntou a anfitriã Miriam. Suas sobrancelhas estavam
levantadas, mas devido ao Botox, o resto do seu rosto
permaneceu estático, e sua expressão se assemelhava com
alguém com tédio.
Meus olhos dispararam para Aria, esperando que ela me
ajudasse. Eu não tinha ideia do que Miriam estava falando. Os
dedos de Matteo tinha me distraído completamente.
— Eu sei que você gosta de arte moderna, e não é fácil
de conseguir um tour privado através do Guggenheim. Tenho
certeza de Matteo pode poupá-la por algumas horas. — disse
Aria com um olhar significativo.
Eu poderia tê-la beijado. Ela sempre salvava o dia. —
Sim, eu adoraria —— Os dedos de Matteo escorregaram entre
meus lábios inferiores, gentilmente cutucando-os,
encontrando-me molhada e dolorida, bastardo estúpido. Ele
ainda estava falando com Luca e os outros homens como se
nada de interessante estava acontecendo debaixo da mesa.
Aria e as outras mulheres estavam me olhando com
expectativa. Limpei a garganta e chutei a perna de Matteo
forte, antes que eu dissesse. — Eu aceitaria a oferta. — eu
poderia soar mais sofisticada? Esposa troféu sempre a postos.
O dedo de Matteo viajou até minha fenda, até que
chegou o meu clitóris, onde ele começou a desenhar pequenos
círculos. Pressionei meus lábios para sufocar um gemido.
Felizmente, Miriam começou outro monólogo sobre uma
viagem para o Caribe e eu estava de volta a fingir ouvir.
Apenas Aria deu-me um olhar estranho ocasional, como se ela
pensasse que eu poderia não estar me sentindo bem.
Se ela soubesse. Os garçons entraram na sala com o
prato principal, mas eu quase não me importei.
Sem sequer querer, eu separei minhas pernas um pouco
mais, dando a Matteo mais espaço para explorar minhas
dobras molhadas. Seus dedos deslizaram para cima e para
baixo, provocando minha abertura, antes de retornarem para o
meu palpitante clitóris. Agarrei minha taça de vinho. Não teria
me surpreendido se eu tivesse quebrado em duas, com meu
aperto. Minha respiração era superficial. Matteo manteve o
ritmo lento, me deixando cada vez mais perto em direção ao
orgasmo. Eu deveria ter empurrado a mão dele, deveria ter
parado esta loucura antes que isso se transformasse na noite
mais embaraçosa da minha vida, mas a necessidade havia
assumido e bani qualquer indício da razão. Depois de algumas
mordidas na carne de vitela, eu coloquei o meu garfo para
baixo. Eu estava com fome de apenas uma coisa.
Matteo deslizou um dedo em mim e eu mal conseguia
conter meu gemido. Eu estava tão perto. Eu poderia ficar em
silêncio?
Mas eu estava longe demais para me importar. Matteo
ainda não estava olhando para mim. Em vez disso, ele estava
completamente focado na conversa, ou, pelo menos, fingia
estar. Eu o odiava por seu talento de ator. Ele estava me
deixando cada vez mais perto, tomando seu tempo. Deus, esta
era a mais deliciosa tortura.
Seus dedos estavam no centro do meu ser até que de
repente, sem aviso, ele puxou fora. Chocada, eu olhei para ele,
apenas para perceber que os garçons tinham voltado com a
nossa sobremesa, mousse de chocolate. Matteo me deu um
sorriso.
Eu queria rasgar suas roupas e fazer o meu caminho com
ele, trazê-lo até o limite, e negar seu orgasmo. Matteo
mergulhou um dedo no mousse, o dedo que ele usou em mim,
e deslizou em sua boca, lambendo. — Hum. Delicioso.
Meu corpo estava zumbindo com desejo, mas naquele
momento eu queria empurrar o rosto de Matteo para dentro do
estúpido mousse. Ele pegou a colher e calmamente começou a
comer. Aria me deu um olhar interrogativo quando eu não me
mexi.
Peguei minha colher com muita força e provei o mousse.
Estava delicioso, cremoso e muito achocolatado, mas agora
tudo o que eu conseguia, era lembrar do que os dedos de
Matteo tinham feito há meros momentos antes. Duas pessoas
podiam jogar este jogo. Uma vez que terminei a minha
sobremesa, eu escorreguei minha mão debaixo da mesa e
cheguei entre as pernas de Matteo. Já o encontrei duro e saber
disso me fez doer ainda mais. Eu considerava acariciá-lo em
vez de provocar Matteo, mas bani essa ideia. Se eu quisesse
ganhar este jogo, eu precisava jogar. Meus dedos se fecharam
ao redor da ereção de Matteo. Ele chupou uma respiração
tranquila e seus olhos encontraram os meus, um canto de sua
boca se elevou. Eu massageei ele através do tecido da calça,
sentindo-o crescer ainda mais. Infelizmente meu corpo
respondeu também.
Matteo virou a cabeça para um cara mais velho em
frente a ele, que tinha feito uma pergunta e eu usei o momento
para e começar a esfregá-lo. Para Matteo foi mais fácil. Ele
não tinha tantas barreiras entre os dedos e seu objetivo, mas
enquanto eu trabalhei na cabeça de seu pênis, eu podia ver a
partir da flexão de sua mandíbula que Matteo ficou
completamente afetado. E além de mim, ele teria dificuldade
em esconder sua excitação se ele se levantasse, e teria ainda
mais dificuldade se ele gozasse em suas calças. O pensamento
me fez sorrir.
Aria se inclinou sobre a mesa em minha direção. Eu
realmente esperava que ela não percebesse nada. — Qual o
problema com você? Você está agindo de forma estranha. —
ela sussurrou.
Eu balancei a cabeça e boca — Mais tarde. — mas
minha mão nunca parou seu trabalho debaixo da mesa. Eu
esperava que Matteo estivesse chegando perto. Era difícil
dizer. Ele inclinou o rosto para longe de mim e realmente
estava em uma conversa coerente com o velho. Eu apertei um
pouco mais, ficando irritada, e finalmente outra reação, ainda
que pequena. Matteo ficou tenso brevemente, mas, em
seguida, visivelmente forçou-se a relaxar. Eu poderia ter
gritado de frustração.
Eu estava prestes a espremer de novo, ainda mais forte
quando sua mão encontrou a minha debaixo da mesa e puxou
para longe. Eu teria agarrado a sua ereção se eu não tivesse me
preocupado em machucá-lo. Mesmo que eu nunca admitisse a
ninguém, eu amava o pênis de Matteo, e particularmente as
coisas que ele podia fazer com ele. Arrisquei uma olhada em
Matteo e encontrei seu olhar. Havia fome lá, mas também algo
mais, algo que me fez querer ir correndo para as montanhas,
porque eu tive um sentimento que eu sabia, que eu tinha
certeza, que eu estava começando a sentir o mesmo. Puxei
minha mão do seu poder, empurrei a cadeira para trás e me
endireitei.
Com um pequeno sorriso para os outros convidados, eu
disse. — Desculpe-me. — sem outro olhar para Matteo, eu fui
direto para onde eu esperava encontrar os banheiros.
Levou todo o meu autocontrole para não correr pelo
longo corredor a partir da área principal do apartamento.
Quando entrei no banheiro, eu soltei uma respiração dura.
Minhas bochechas estavam coradas, mas não tanto que alguém
suspeitaria. Isso era o que eu esperava, pelo menos. Eu agarrei
a borda do lavatório e fechei os olhos. Meu coração estava
batendo contra meu peito. De repente, alguém agarrou meus
quadris. Meus olhos se abriram e eu olhei para o espelho.
Matteo se elevou sobre mim, seu olhar praticamente
queimando de desejo. Ele pressionou seus quadris contra
minha bunda. — Você saiu muito cedo. — sua mão escorregou
debaixo do meu vestido enquanto a outra mão puxou para
baixo o zíper.
— O que você está fazendo? — eu assobiei com um
olhar para a porta. — E se alguém entrar?
— Quem se importa? Deixe-os ver o show de suas vidas.
Provavelmente faz anos desde que essas cadelas viram um
pau. — Ele empurrou minha calcinha de lado e enfiou dois
dedos dentro de mim. Eu projetei minha bunda para fora,
dando a ele um melhor acesso. Meu corpo parecia estar agindo
por sua própria vontade, mesmo quando meu cérebro estava
gritando para eu empurrar Matteo para longe.
— Matteo. — eu engasguei. — Tranque a porta.
Ele moveu os dedos dentro e fora em um ritmo
deliciosamente lento. Meus quadris se moveram contra ele,
forçando os dedos mais fundo em mim.
— Você realmente quer que eu pare para que eu possa
trancar a maldita porta? — ele lambeu minha coluna a partir
da borda do meu vestido até o meu couro cabeludo, em
seguida, encontrou meu olhar no espelho. Eu tremi. Ele bateu
os dedos em mim novamente, bateu em um ponto doce dentro
de mim. Seus olhos pareciam me perfurar, tentando revelar os
meus mais profundos sombrios segredos. Meu coração
balançou, e eu sabia que ia ser condenada se eu não parasse
com essa loucura em breve. Com o sexo eu poderia lidar, mas
esses momentos de compreensão silenciosa, tinha muito
significado, eles estavam começando a derrubar as paredes que
eu tinha levado anos para construir.
Matteo segurou meus seios através do meu vestido,
amassando e beliscando meus mamilos de forma quase
dolorosa, o que me fez ficar ainda mais molhada. Fechei os
olhos para evitar seus olhos e desfrutar das sensações. Matteo
enfiou os dedos dentro de mim uma e outra vez. Mordi o lábio
para manter os sons. Os lábios de Matteo apertaram no meu
ponto de pulso, sugando a pele em sua boca. Eu arqueei,
empurrando minha bunda contra sua mão com toda a minha
força quando um orgasmo sacudiu através de mim.
— Olhe para mim. — Matteo ordenou, e meus olhos se
abriram, encontrando os seus. — Sim, assim. Foda-se você
está tão fodidamente quente e molhada.
Eu cai para seus braços com um suspiro trêmulo,
apreciando as últimas ondas de prazer, enquanto Matteo
desacelerou os dedos. Ele levantou minha saia ainda mais. Eu
o ouvi desabotoar suas calças e, em seguida, ele passou os
braços firmemente em torno do meu peito, me puxou contra
ele e esfregou a ponta do seu pênis sobre a minha abertura.
Então, ele escorregou polegada por polegada. Tentei projetar
minha bunda para fora, precisando sentir seu pênis fazer todo
o caminho em mim, mas ele não me deixou. Se possível, ele
diminuiu ainda mais, batendo em mim.
— Foda-me — eu sussurrei asperamente.
Ele estendeu a mão e me inclinou para o lado antes de
reivindicar-me com a boca, sua língua tomando posse de mim.
Ele tinha finalmente se enterrado completamente em mim e,
em seguida, após um momento de silêncio, ele começou a
bater em mim. Minhas mãos seguraram na borda do lavatório.
Matteo levou meu corpo contra a pedra fria enquanto seu pau
empurrava em mim, profundo e duro.
— Porra, você é deliciosa. — Matteo disse asperamente.
Eu gemia em resposta. Ele parecia melhor do que em qualquer
outro dia. Deus, o que estava acontecendo?
Eu tentei desligar meu cérebro e me concentrar apenas
na maneira que o pênis de Matteo me enchia, quando ele
retirou quase completamente para me deixar louca, e voltou a
bater de volta em mim. Eu me agarrei ainda mais na borda do
lavatório. As mãos de Matteo moveram para baixo, segurando
meus quadris. Eu joguei minha cabeça para trás, ofegando e
choramingando quando eu cai sobre a borda novamente com
Matteo logo atrás. Os sons de seus gemidos me incentivaram
ainda mais. Um momento antes de ambos cairmos para frente,
nossos olhares se encontraram no espelho. E então eu sabia
por que eu dificilmente considerei fugir no último par de
semanas, e isso me apavorou demais.
Eu rapidamente olhei para baixo, tentando recuperar o
fôlego, e acalmar meu coração que batia forte.
Matteo beijou meu ombro. — Estou contente que você
seja minha.
Eu fiquei rígida e teria me afastado se eu não estivesse
presa entre o lavabo e o corpo de Matteo.
Quando Matteo, eventualmente, saiu de mim e
endireitamos as nossas roupas e nos limpamos, eu não poderia
encontrar seu olhar. Eu não estava envergonhada por aquilo
que tinha feito. Esse navio já estava navegando. Eu estava
confusa e aterrorizada com o que eu tinha visto em meus
próprios olhos.

MATTEO
Durante o sexo houve momentos em que eu estava certo
de que Gianna estava apaixonada por mim, mas, em seguida,
tinha certeza que eu tinha imaginado. No passado eu tive
garotas morrendo por mim mesmo quando eu nunca desse
razão, mas Gianna era uma noz difícil de quebrar, e às vezes
eu me pegava pensando se talvez ela nunca fosse se apaixonar
por mim e só ia me foder para chegar a mim. Gianna era
inteligente, talvez ela estivesse tentando me envolver em torno
de seu dedo com o sexo, e assim que eu desse a ela mais
liberdade ela iria se aproveitar e fugir novamente.
Gianna colocou alguns fios de cabelo que tinham se
soltado durante a nossa rapidinha de volta em seu penteado.
Ela estava franzindo a testa para seu próprio reflexo e fingindo
que eu não estava lá.
Quando saímos do banheiro, ela ainda me ignorou.
Então ela parou de repente. — Não podemos entrar juntos.
Todo mundo vai saber o que nós fizemos.
Eu dei de ombros. Eu não dou à mínima. Gianna era
minha esposa e eu transaria com ela sempre que eu tivesse
vontade. — Estivemos fora por um tempo. Eles provavelmente
já suspeitam.
— Ótimo. — Gianna murmurou, endireitou os ombros e
voltou para a mesa com os outros convidados sem olhar em
minha direção. Então, voltamos a jogar?

Naquela noite, eu acordei com uma cama vazia. Eu pulei


para os meus pés, e procurei no quarto por um sinal de Gianna,
mas ela não estava lá. Como ela podia ter fugido? Eu não me
incomodei em colocar as calças. Agarrando o meu coldre saí
do quarto até sala de estar.
Eu teria que chamar Luca e dizer a ele. Ele ficaria
furioso. Ele não tinha ficado feliz quando eu removi o monitor
de tornozelo de Gianna. Meus olhos focaram uma figura
esbelta em uma poltrona perto da janela. Gianna.
Eu relaxei e deixei meu coldre com a arma sobre um
aparador antes de eu atravessar a sala em direção a ela. Ela
deve ter empurrado a poltrona mais perto da janela para que
ela pudesse olhar para fora. Suas pernas estavam pressionadas
contra o peito e o rosto descansado sobre os joelhos. Ela
estava dormindo. Mas mesmo durante o sono as sobrancelhas
se juntaram. Eu não tinha certeza, mas parecia como se ela
tivesse chorado. Eu parei ao lado dela, olhando-a fixamente,
adormecida. Ela deve ter se levantado muito calmamente para
eu não ouvi-la. Eu tinha um sono leve. Ela até conseguiu
colocar o pijama. Meu olhar se lançou para o console do
elevador. Tinha ela tentado decifrar o código para escapar? O
alarme teria me alertado para as tentativas, e a suspeita ainda
permanecia. Eu odiava não confiar nela. Eu não estava
acostumado a confiar nas pessoas, com exceção de Luca, mas
eu queria confiar na minha esposa. Claro que era difícil criar
uma confiança quando Gianna nem sequer teve a chance de
provar a si mesma.
Se eu desse a ela mais liberdade, e ela não tentasse fugir,
então eu poderia começar a confiar nela, mas eu tive um
sentimento que nunca mais a veria se eu fizesse isso. Eu era
muito egoísta e possessivo. Eu não queria perdê-la, mesmo se
isso fosse melhor para ela. Meus olhos voltaram para o rosto
dela e na tristeza que parecia ter em sua expressão.
Eu deslizei minhas mãos sob seu corpo e a levantei em
meus braços. Ela não acordou enquanto eu a levava de volta
para o nosso quarto, de volta onde eu a queria e onde ela
pertencia, mas onde ela não queria estar.
Eu a coloquei sobre a cama, mas eu não me deitei ao
lado dela. Eu estava muito irritado comigo mesmo por meus
pensamentos ridículos. Que importava se Gianna queria ser
minha esposa? Que importava se ela preferia voltar para
Munique e encontrar algum outro idiota como Sid? Ela era
minha e eu não era um bom rapaz. Eu não dou a mínima para
os sentimentos das outras pessoas. Eu estava no limite, como
se eu precisasse bater em alguma coisa para aliviar. Com um
grunhido, eu peguei minhas roupas de treino, as coloquei,
peguei as chaves do carro e sai do apartamento.
Eu soquei o código no painel do elevador e fui para a
garagem. Montei em minha moto, fui para fora da garagem e
corri pela cidade em direção a nossa academia. Além de um
guarda, estava deserta, o que era uma pena, porque eu teria
adorado realmente treinar com alguém, em vez de uma porra
de um manequim.
Eu não me incomodei em colocar luvas de boxe. Eu
queria sentir cada batida. De frente para o manequim, eu
comecei a esmurrá-lo, alternando entre chutes e socos.
Eu ainda estava com ele quando o ginásio começou a
encher com rostos familiares. Ninguém me perturbou. Nada
além de um aceno curto, eles ficaram longe de mim. Todos
eles sabiam o que era bom para eles.
— Tentando matar um pobre boneco? — Veio o sotaque
de Luca.
Eu dei outro chute com força contra a cabeça antes de eu
me virar para meu irmão. Ele não estava usando roupas de
treino. — O que você está fazendo aqui?
— Olhando para você.
— Por que?
— Porque você não estava lá quando eu fui buscá-lo em
seu apartamento esta manhã.
— Você entrou em meu apartamento, enquanto eu não
estava lá?
Luca revirou os olhos. — Eu não toquei em sua esposa,
mas eu deixei Aria e Romero com ela.
Eu balancei a cabeça, tentando me acalmar porra. Eu
ainda estava no limite. Eu não tinha certeza do por que.
— Tome um banho e se vista. Parece que você precisa
de uma bebida. — disse Luca em sua voz de Capo.
Eu não protestei. Eu senti como se um caminhão tivesse
me atropelado. Eu devo ter ficado na academia por horas. Já
estava claro lá fora. Luca e eu fomos a um dos nossos clubes
de dança. Exceto as senhoras da limpeza, ele ainda estava
deserto. Peguei uma garrafa de uísque da prateleira, e Luca e
eu nos acomodamos no bar. Na maioria dos círculos sociais
provavelmente era considerado cedo demais para tomar
qualquer bebida alcoólica. Felizmente, não tínhamos que
obedecer a essas regras estúpidas.
Luca e eu esvaziamos nossos copos, então ele me
encarou com seu olhar de irmão mais velho. — Então o que
está acontecendo? Você já está ficando cansado de sua esposa
detestável?
Eu traguei outro copo de uísque, esperando que a
queimação familiar se transformasse em calor que se espalhou
no meu peito. — Por que você pergunta?
Luca ergueu uma sobrancelha. — Talvez porque você
prefira passar a noite em uma academia suando do que na
cama com sua jovem esposa.
— Eu não conseguia dormir.
— E você não poderia chegar a algo mais divertido para
fazer do que kickboxing com um boneco?
— Você está começando a me irritar. — eu disse.
Luca ignorou o meu tom de aviso. — Para ser honesto,
eu estou surpreso que tenha durado tanto tempo com ela. Se eu
gastasse mais do que 10 minutos em uma sala com Gianna, eu
quereria selar meus ouvidos com cera quente.
— Eu não estou cansado dela. Na verdade, eu gosto da
personalidade desagradável de Gianna. A vida seria muito
chata se ela fosse como as outras esposas troféu.
Luca estreitou os olhos. — Aria não é apenas uma
esposa troféu.
Claro que ele podia ficar com raiva quando eu
remotamente insultei Aria, mas ele não poderia falar merda
sobre Gianna o tempo todo. — Eu não disse nada sobre Aria.
Mas eu prefiro minha mulher…
— Irritante e boca suja. — Luca terminou para mim,
antes que ele pegasse a garrafa de uísque da minha mão. —
Então qual é o problema? Por que você está de mau humor
como uma cadela chorosa?
Eu estava esperando por um dos meus habituais
comentários inteligentes surgirem na minha mente, mas me
deu um branco. Isso era fodidamente sério. — Eu estou
começando a pensar que Gianna pode me odiar pra sempre. Eu
pensei que sua maneira de ser, interessante e desafiadora, era
uma espécie de jogo, que no final ela recobraria seus malditos
sentidos e se apaixonaria por mim como todas as garotas que
eu tive antes dela, mas tenho muita certeza que Gianna é um
desafio que eu estou perdendo. Ela não é fácil. Eu acho que ela
odeia essa vida um pouco mais a cada dia de merda.
Luca digitalizou meu rosto. — Isso está realmente o
incomodando.
Ele disse, como se isso fosse a maior surpresa da porra
da sua vida, como se eu fosse a porra de um robô que não
fosse capaz de ter emoções. — Isso veio de você. — eu disse
com um sorriso. — Antes de Aria, eu não tinha certeza se eu
era capaz de gostar de alguém, muito menos de uma mulher.
— Você me faz parecer uma bicha. Não é que eu não
goste de mulheres. Elas não eram algo que eu considerava
úteis fora do quarto.
Eu balancei minha cabeça. — Como diabos você
conseguiu que Aria te amasse? É como a oitava maravilha do
caralho do mundo. Existem novas drogas que você não me
apresentou?
— Você está perdido, Matteo.
— Eu não. Se você parasse de monopolizar a porra do
uísque, eu poderia ter a oportunidade de estar em um par de
horas. — Eu arranquei a garrafa de sua mão e tomei um gole.
— Gianna é como um tigre na porra do jardim zoológico,
enjaulada. É deprimente vê-la procurar uma maneira de
escapar do cativeiro.
— Será que ela está tentando fugir de novo?
— Como poderia? Eu estou mantendo-a em um nó
apertado.
— Você não está pensando em deixá-la ir, não é?
Eu não acho que eu poderia, e eu não queria. Eu era
egoísta e eu não mudaria de uma hora pra outra. Eu ainda
queria Gianna. Eu queria seu corpo lindo na minha cama todas
as noites, e meu pênis em sua vagina apertada. Eu queria tudo
dela, a maioria de todas as coisas que ela estava se recusando a
me dar. — Você me deixaria?
— Não. A Família já está descontente como ela é. Você
ficaria ainda mais fraco se você a deixasse fugir novamente.
Eu realmente não preciso de mais um problema. Para não
mencionar que a porra do Outfit provavelmente declararia
guerra sobre nós. O papai dela é uma verdadeira dor na bunda.
— Ele me deu seu olhar de Capo, que destinava a intimidar o
resto do mundo, mas era inútil em mim como ele bem sabia.
— Você não vai deixá-la ir embora. Você está preso com ela
até seu amargo fim, e ela com você. Eu não me importo se ela
está fodidamente infeliz e se ela odeia você, ela vai ter que
lidar com isso.
— Uau, você está todo engraçadinho, não é? — eu sabia
que ele estava certo, e realmente eu não diria a Gianna que ela
podia ir, mas de alguma forma suas palavras conseguiram me
irritar de qualquer maneira. — Você sabe que a única coisa que
impede Gianna de cortar minha garganta à noite, é que ela não
pode ver sangue. Você sabe como é reconfortante adormecer
ao lado de alguém que provavelmente está fantasiando em vê-
lo morto para que ela possa ser livre. — Ela nunca disse isso
com tantas palavras, mas às vezes eu achei que via nos olhos
dela. Ou talvez eu estava tão fodidamente confuso que eu
sempre pensava o pior dos outros.
— Eu espero que você esteja brincando. — disse Luca
secamente.
— Quem sabe? — eu esvaziei a garrafa de uísque. Eu
podia sentir os primeiros sinais de um bom zumbido. Eu sorri.
— Às vezes ela definitivamente tenta me matar com os olhos.
— Talvez então você não deva dormir no quarto com
ela. Ela pode superar seu medo de sangue em algum momento.
— Nah. Não tão cedo. E ela não é do tipo violenta, não
realmente.
— Eu não contaria com isso. Ela pode ser muito
desequilibrada.
— Você não estava preocupado em dormir ao lado de
Aria quando ela ainda desprezava você então por que eu
deveria?
— Você não pode comparar Aria com Gianna. Elas são
como duas espécies diferentes. E eu confio totalmente em
Aria. Ela levou uma porra de uma bala por mim.
— Deve ser bom. — eu murmurei. — Gianna
provavelmente aplaudiria o atirador.
Capítulo dezenove
GIANNA
Matteo estava com um humor estranho, tinha ficado
assim desde que ele me encontrou na sala de estar há duas
noites. Ele não tinha falado muito, o que era incomum para
ele. Eu não tinha certeza se ele estava com raiva de algo que
eu tinha feito, e eu realmente não me importava. Naquela
noite, eu prometi a mim mesma que eu teria que evitar o que
estava acontecendo entre nós. Eu tinha jurado a mim mesma
que eu nunca iria me tornar uma daquelas mulheres, que eu
nunca me casaria com um homem daqueles, e muito menos
desenvolveria sentimentos por ele.
O natal era daqui há cinco dias, mas nós dois
definitivamente não estávamos no espírito do feriado ainda.
Não havia uma única peça de decoração de Natal no nosso
apartamento. Eu tinha considerado pedir a Matteo para
comprar uma árvore para decorarmos juntos, mas, em seguida,
o pânico se instalou de novo e eu não falei nada. Em vez disso
eu tinha aceitado o estranho estado de espírito entre nós quase
com alívio.
Matteo estava segurando o volante em um aperto de aço
quando nós fomos para a última festa de Natal da temporada.
Os anfitriões tinham alugado um armazém abandonado e
transformaram em uma das maravilhas do inverno com neve
falsa e um verdadeiro bar de gelo. Aria e Luca ainda estavam
lá, mas Luca pediu para irmos embora devido ao mau humor
de Matteo. Ele provavelmente estava preocupado que Matteo
mataria alguém novamente. Eu não poderia culpá-lo.
A estrada estava coberta com uma fina camada de gelo
que brilhavam sob a luz dos nossos focos.
— Você sabe o que é engraçado? — perguntou Matteo
com a voz tensa.
Olhei para ele, seu corpo tenso e expressão sombria.
— Sempre que você acha que eu não estou vendo,
parece que você pode ser feliz e então no momento em que
nossos olhos se encontram, é como ‘puf’ e a felicidade se foi.
Eu não tinha certeza do que dizer a ele.
— Por que você insiste em ser infeliz?
Antes que eu pudesse formular uma resposta, Matteo de
repente pisou fundo. Eu fui pressionada para o encosto do
assento. — O que você está fazendo? Você não precisa nos
matar porque você está chateado.
Matteo olhou para o espelho lateral. — Eu não estou
tentando nos matar. Eu estou tentando salvar nossas vidas.
Algo colidiu em nosso carro. Olhei por cima do meu
ombro. Lanternas de outro SUV encheram o vidro traseiro.
— Quem são eles? — perguntei.
— Os russos seriam o meu palpite. Notei tarde demais.
Porra. Isso acontece quando eu fico distraído por outra merda.
Éramos os únicos carros nesta parte da área industrial.
Matteo girou o volante e nós entramos em uma rua estreita
entre dois armazéns altos.
— Abaixe a cabeça. — Matteo latiu.
Eu obedeci na mesma hora. Lutando contra o cinto de
segurança, eu me inclinei para frente. Um segundo depois,
nossos perseguidores atiraram em nós. A janela traseira
explodiu e estilhaços caíram sobre nós. Matteo não reagiu, ele
continuou dirigindo como um louco. Ele, de alguma forma,
ainda conseguiu puxar sua própria arma.
Agarrei o assento, a cabeça pressionada contra as minhas
pernas enquanto eu chacoalhava a cada curva que o carro
fazia. Os pneus estavam gritando, tiros assobiando pelo ar,
arrebentando o vidro. Uma nova chuva de estilhaços caiu
sobre mim quando a janela lateral na parte de trás explodiu
também.
— Foda-se. — Matteo rosnou enquanto ele tentava fazer
uma ligação de seu telefone, provavelmente para chamar Luca.
O medo estava obstruindo minha garganta com força. O medo
por minha própria vida era apenas uma pequena parte dela. Ver
Matteo claramente na linha de fogo me aterrorizou ainda mais.
Ele não podia abaixar a cabeça. Uma bala poderia acertá-lo a
qualquer momento.
Nós viramos outra esquina e eu bati contra a porta. Eu
apertei meus olhos fechados, e lutei pra não passar mal.
Mais tiros foram disparados e Matteo soltou um silvo.
Olhei para o lado. Matteo ainda estava dirigindo e atirando em
nossos perseguidores, mas ele estava sangrando, havia um
ferimento em seu braço e ombro. Nesse momento outra bala
atingiu de raspão a sua cabeça, o sangue jorrava em todos os
lugares, até mesmo no meu rosto. Matteo nem sequer pareceu
se importar, ele disparou mais uma rodada de tiros. De
repente, estávamos girando com o carro fora de controle. Eu
passei meus braços em volta do meu peito enquanto eu estava
sendo jogada no meu assento. Com os olhos meio fechados eu
vi nosso carro indo em direção a uma parede maciça e, em
seguida, houve um estrondo ensurdecedor quando nós nos
chocamos contra ela. Meu corpo estremeceu, o ar correu para
fora de mim quando eu fui arremessada contra o cinto de
segurança. Minha clavícula parecia ter sido dividida ao meio, e
minha visão ficou escurecida. Então, algo macio explodiu na
minha cara, amortecendo o impacto.
Eu não sei quanto tempo eu demorei pra sair do cinto de
segurança, meu rosto estava enterrado no airbag enquanto eu
tentava recuperar o fôlego. Meus ouvidos zumbiam, mas
acabou que desapareceu e silêncio me cumprimentou. Com um
gemido me sentei, ignorando a minha dor de cabeça latejante.
Uma fumaça subia do nosso capô esmagado, entrando
lentamente no carro através das janelas quebradas. Eu pisquei
para me livrar dos pontos que dançavam, dentro e fora da
minha visão. Meu corpo inteiro estava dolorido, mas nada
parecia estar quebrado. Pelo menos eu podia me mover.
Virei para o lado do motorista e me acalmei. Estava
escuro no carro. Nossas luzes estavam quebradas, mas de
algum lugar um brilho distante iluminava meu redor. Matteo
estava caído sobre o volante. Como muitos carros da máfia, o
condutor não tinha um airbag porque era um incômodo
durante perseguições de carro. Sangue estava seu cabelo
escuro na testa, sua camisa estava encharcada e escorria em
suas calças. Muito sangue. Ele deve ter batido a cabeça contra
o volante ou talvez no painel do carro quando tínhamos
colidido com a parede.
Ele estava morto?
Ele não se movia, e eu não poderia ver se ele estava
respirando. Prendi a respiração, para ouvir um som. Não havia
nada. Pisquei, em seguida, olhei por cima do meu ombro para
ver onde nossos perseguidores estavam. O carro deles tinha
batido um outro edifício e já tinha pegado fogo. Eles estavam
definitivamente mortos. Nosso carro ia começar a queimar
também? Eu precisava sair.
Não era essa oportunidade que eu estava esperando?
Matteo e eu estávamos sozinhos. Ninguém estava aqui para
me impedir de fugir. Eu poderia sair e ser livre. Eu me soltei, e
então olhei para Matteo novamente. Eu precisava verificar se
ele estava morto, mas de alguma forma eu não podia. E se ele
realmente não estivesse? E se ele estava morto? Minha
garganta estava apertada e seca. Meus pulmões se recusavam a
fazer seu trabalho enquanto o pânico se estabeleceu em meu
corpo. Deus, e se ele estivesse morto? O que havia de errado
comigo? Eu não queria ele fora da minha vida há seis meses?
Esta era a minha chance, provavelmente a única chance. O
cheiro de gasolina caiu em meu nariz, e a fumaça dentro do
carro estava começando a queimar nos meus olhos. Matteo era
um assassino. Ele não era um homem bom. Se você
perguntasse a maioria das pessoas, eles diriam que ele merecia
a morte.
Com dedos trêmulos eu estendi a mão e toquei o ombro
de Matteo. Ele ainda estava quente, mas isso não significava
que ele estava vivo. Lentamente eu avancei minha mão até que
eu esfreguei sua garganta manchada de sangue. Meus dedos
pressionaram sobre sua pele, não encontrando nada,
pressionando e buscando, até que, finalmente, senti uma
pulsação suave contra meus dedos.
Eu exalei e o alívio bateu em mim como um martelo.
Ainda vivo. Ele ainda estava vivo. Graças a Deus. Com um
chiado, um fogo disparou para fora do capô do carro. Segurei a
maçaneta da porta e empurrei, mas ela não se mexeu, estava
batida do acidente. O pânico se espalhou no meu peito quando
a fumaça e o calor enchiam o carro, e eu comecei a arranhar a
porta. Eu me mexi, puxei minha manga para baixo da minha
mão e limpei a janela dos restos do vidro quebrado antes de eu
tirar a cabeça do carro em primeiro lugar. Quando eu
finalmente senti o chão sólido sob meus pés, eu quase caí de
joelhos, porque minhas pernas estavam tremendo como loucas.
Todo o capô estava queimando agora e Matteo ainda estava no
banco do motorista. Corri ao redor do carro, em direção à sua
porta, rezando para que ele não estivesse preso. Eu não acho
que eu poderia arrastar Matteo através de uma janela estreita,
sem a sua ajuda. Segurei a porta do carro e puxei tão forte
quanto eu podia. Com um grito ela se abriu e eu caí de bunda.
Prendi a respiração, então tropecei em meus pés e agarrei o
braço de Matteo. Ele não estava usando um cinto de segurança
então pude puxá-lo para fora do carro sem problemas. Ele se
sentou no asfalto um pouco e eu estremeci, em seguida,
rapidamente passei minha mão sob as suas axilas e o puxei
para longe do carro que estava pegando fogo muito
rapidamente.
Matteo era pesado e arrastá-lo para longe do carro com o
meu corpo dolorido doeu como o inferno, mas eu não parei até
que eu tivesse certeza que ele estava a uma distância segura
em caso de uma explosão. Eu o soltei antes de me endireitar e
limpar o sangue de minhas mãos em minhas calças. Os olhos
de Matteo estavam fechados, o rosto virado para o lado,
mostrando seu perfil marcante. Fios de cabelo estavam preso à
sua testa ensanguentada e uma poça vermelha foi rapidamente
se espalhando ao redor de sua cabeça, escorrendo de seu
ferimento. Eu podia ver seu peito subindo e descendo. Meus
olhos procuravam no entorno de nós. O carro dos russos já
estava uma bagunça ardente, soltando uma escura fumaça que
subia para o céu. Estávamos no meio do nada, uma área
industrial abandonada que ninguém punha os pés sem razão.
Mas a fumaça certamente atrairia a atenção. Alguém
encontraria Matteo antes que fosse tarde demais.
Certo?
Eu deveria correr. Eu deveria desejar fugir. Comecei a
me afastar de um Matteo imóvel no chão, ignorando o nó na
minha garganta. Ele me forçou a um casamento que eu nunca
quis. Ele sabia que eu usaria a primeira chance que eu tivesse
para escapar. Dei mais um passo para trás. Matteo tinha
escolhido um caminho de perigo e morte. Mesmo que ele
morresse hoje, foi o que ele escolheu para si.
Esta não era a vida que eu queria.
Me virei, em seguida, fiz uma pausa. Fechei os olhos. As
chamas estalavam à distância. Alguém encontraria Matteo a
tempo. E mesmo que não encontrasse, eu não deveria me
importar.
Eu não me importava com ele. Não. E eu
definitivamente não deveria.
Eu deveria odiá-lo. Eu deveria odiar o que ele era e o
que significava para mim. Ele deveria desistir de mim, não
importa quantas vezes eu o empurrasse. Por que ele não podia
desistir?
Eu comecei a andar pra longe, um pequeno passo após o
outro. Uma vez que eu estava fora da cidade, eu chamaria Aria
e perguntaria a ela sobre Matteo.
Seria tarde demais.
Talvez.
Ou não.
Matteo era forte. Um ferimento na cabeça não iria matá-
lo.
Eu arrisquei um olhar por cima do ombro, meus olhos
encontraram o corpo imóvel de Matteo, esparramado no
asfalto. Atrás dele, os carros estavam queimando, tingindo o
céu de negro com a fumaça e iluminando a cidade.
Preto funeral.
A poça de sangue ao redor da cabeça de Matteo parecia
preta do meu ponto de vista, e tinha crescido ainda mais. —
Eu não quero amar você. — eu sussurrei enquanto eu parei
com um solavanco, cerrando os olhos fechados. Mas eu
amava. Eu amo Matteo.
Meus olhos se abriram, eu virei e comecei a andar para
trás, e em seguida, comecei a correr, cada vez mais rápido, até
que eu estava correndo. Eu caí de joelhos ao lado de Matteo,
mexendo nos bolsos para pegar meu telefone, mas não
encontrei. Estava na minha bolsa. O meu olhar foi para o carro
em chamas onde eu tinha deixado minhas coisas. Gianna
estúpida.
Enfiei a mão no bolso de Matteo e exalei um suspiro
trêmulo quando eu peguei o telefone. Sem perder tempo
percorri seus contatos eu bati na discagem rápida.
— Eu não estou com vontade de falar com você, Matteo.
Você agiu como um babaca essa noite. — a voz aguda de Luca
tocou no meu ouvido.
Deixei escapar um soluço.
— Gianna? — eu podia ouvir Aria no fundo, mas não
conseguia ouvir o que ela estava dizendo.
— Ele está morrendo. — eu disse depois de um
momento, o som plano e sem voz.
— O que você está falando? Passe para Matteo.
— Eu não posso. Os Russos nos atacaram. Há muito
sangue, Luca, muito sangue.
— Matteo está vivo? — pela primeira vez desde que
Aria quase morreu, Luca parecia preocupado.
Meus olhos dispararam para o corpo ao meu lado. Para
meu marido.
Era minha imaginação ou o peito de Matteo parou de se
mover? Eu pressionei minha palma contra sua camisa
encharcada de sangue. Não havia nada. — Ele não está
respirando. Ele estava um momento atrás, mas ele não está
mais. — minha voz estava histérica.
— Gianna, você tem que fazer massagem cardíaca. Eu
estarei aí em breve. Eu tenho as coordenadas do GPS. Mas
você vai ter que ajudá-lo a respirar ou vai ser tarde demais.
Eu não disse nada, apenas olhei para o homem que eu
amava. Eu queria odiá-lo, eu tinha dado tudo de mim, e no
início não havia tanto ódio dele, mas nem todo ele tinha sido
dirigido contra Matteo, e agora quase não parecia, e me sentia
ridícula por agarrar o pouco que ainda sobrava.
— Gianna? — a voz de Luca cortou através de mim. Eu
podia ouvir barulho no fundo, o som de um carro saltando para
a vida. Eu coloquei Luca no viva voz e segurei o rosto de
Matteo, então pressionei meus lábios contra os dele e soltei o
ar em seus pulmões. Tentei me lembrar de quantas vezes eu
descansei minhas mãos contra a sua caixa torácica. Eu não
sabia fazer massagem cardíaca, exceto o que eu tinha visto na
TV. Por que eu nunca prestei mais atenção? E se Matteo
morresse porque eu estava fazendo algo errado?
As próximas palavras de Luca rasgaram através de meus
pensamentos. Eu tinha esquecido que ele estava no telefone.
— Eu sei que você sente como se Matteo tivesse mantido você
presa, que ele arruinou sua vida, mas não importa o que você
pensa, tudo o que ele fez, não foi para deixá-la infeliz. Por
alguma razão inexplicável Matteo te ama. Você não tem que
acreditar em mim. Você pode continuar a odiá-lo, mas não o
deixe sozinho, não agora. Se você me ajudar a salvar a sua
vida, eu vou conceder a você liberdade. Juro por minha honra
e por minha vida. Aria está aqui. Ela é testemunha. Você vai
ter dinheiro, uma nova identidade e até mesmo a proteção da
máfia, se quiser. É tudo seu, se você salvar a sua vida.
— Ok. — eu disse enquanto pressionava para baixo no
peito de Matteo novamente. Eu não tinha certeza por que eu
disse isso.
— Você tem que fazer compressões torácicas. Fortes e
rápidas. Não se preocupe se quebrar suas costelas, 30 pressões
rápidas, e respire em sua boca.
Eu acelerava as compressões, então debrucei sobre
Matteo para respirar em sua boca duas vezes. — Ele não está
reagindo! — eu engasguei quando eu comecei tudo desde o
início.
— Persista.
E eu fiz, mesmo quando meus dedos doíam. Eles
estavam vermelhos e pegajosos com sangue. Eu não podia
sequer ver através dos meus olhos mais. Eles estavam
borrados com lágrimas. Por que eu não conseguia parar de
chorar? Eu chorava por um homem como Matteo, mas
dificilmente havia derramado uma lágrima por Sid.
— Nós estaremos aí em dez minutos. — disse Luca. —
Como está Matteo?
Eu não respondi. Empurrei com mais força contra o
peito de Matteo e então ele respirou levemente. Eu congelei
quase com medo que eu tinha imaginado. Eu rapidamente me
inclinei sobre seu rosto e senti a brisa suave de sua respiração
contra minha bochecha. Eu pressionei meus dedos trêmulos
sobre sua garganta, encontrando seu pulso. Não estava tão
rápido e forte como de costume, mas estava lá. Fechei os olhos
por um instante, apertei os olhos pra afastar as lágrimas e
então abri novamente. Eu me afundei na minha bunda e
estiquei as pernas. Eu queria embalar a cabeça de Matteo no
meu colo, mas preocupada com seu pescoço, eu apenas
descansei a palma da minha mão contra seu peito para me
tranquilizar com seu batimento cardíaco estável. Seu sangue
estava começando a encharcar minhas calças, mas eu não
estava preocupada com isso.
— Gianna? Você ainda está aí?
— Sim. Matteo está respirando de novo.
Houve uma pausa. — Bom. — Luca disse em voz baixa.
— Fique onde está.
— Não se preocupe. — eu inclinei minha cabeça para
trás e olhei para o céu cheio de estrelas e para a nuvem de
fumaça. A ascensão e queda suave do peito de Matteo eram
quase como uma canção de ninar e meus olhos começaram a
se fechar. Minha dor de cabeça tinha ficado ainda pior. Eu
provavelmente tive uma concussão.
O rugido de um motor me fez virar a cabeça. Dois carros
estavam correndo em nossa direção. Um na frente de Luca era
Aston Martin e um na parte de trás pertencia a seu comparsa
Romero. Eu rapidamente puxei minha mão do peito de Matteo
e me levantei.
O Aston parou com pneus fumegantes e Luca saltou para
fora. Ele veio em direção a Matteo, mal me poupando um
olhar quando ele se ajoelhou ao lado de seu irmão e sentiu a
sua garganta. Ele fez uma análise rápida dos ferimentos de
Matteo e, em seguida, Romero e Sandro já estavam ao lado
dele.
Alguém tocou meu ombro e, em seguida, Aria apareceu
em meu campo de visão. Ela colocou os braços em volta de
mim e eu caí contra ela. — Você está machucada?
— Talvez. Provavelmente. Eu não sei.
— Leve-a para longe. — disse Luca. — Pegue meu
carro e leve-a para o nosso apartamento.
Eu me afastei para olhar para ele. — Aonde você vai
levar Matteo?
— Ao hospital. Isso é muito sério para o nosso médico
dar conta em casa. — disse ele, depois sorriu friamente. —
Não se preocupe. Eu vou honrar minha promessa. Quando eu
voltar para o apartamento, nós vamos tomar as medidas
necessárias para garantir a sua liberdade. — Seus olhos eram
duros. Eu tinha uma sensação de que ele não teria se
importado muito se eu tivesse morrido no acidente.
— Talvez Gianna queira ir para o hospital com Matteo.
— Aria sugeriu baixinho enquanto Luca e Sandro levantaram
Matteo cuidadosamente e o levaram para o jipe. Romero
estava conversando com soldados no telefone, fazendo os
arranjos para manter a polícia fora disso.
— Ela não vai. — disse Luca firmeza. — Ajude-a a
recolher suas coisas no apartamento de Matteo, para que
possamos levá-la, para ela começar sua nova vida antes de
meu irmão voltar para casa.
Por que eu não protestei? Por que eu não podia admitir
meus sentimentos, agora?
Aria me deu um olhar penetrante, mas eu dei de ombros,
ignorando o calor atrás dos meus globos oculares e a sensação
de aperto no meu peito enquanto eu assistia eles levarem
Matteo. — Nós podemos segui-los em nosso carro. — ela
sussurrou.
Engoli em seco, depois balancei a cabeça. — Não. Luca
está certo. Eu preciso arrumar minhas coisas.
Franzindo a testa, mas sem protestar, Aria me levou para
o Aston Martin.

MATTEO
Cada polegada do meu corpo estava quebrado e minha
cabeça parecia estar cheia com algodão. Gemendo, eu tentei
abrir meus malditos olhos, que pareciam estar colados.
Resistindo à vontade de abrir com minhas unhas, eu
lentamente abri um pouquinho, até finalmente conseguir abrir
tudo. Luca estava sentado em uma cadeira ao lado da minha
cama. Uma cama de hospital do caralho. — Não me diga que
você me trouxe para a porra de um hospital? — Eu disse
asperamente, então tossi. Porra. Eu senti a morte requentada.
Luca se inclinou para frente, um sorriso irônico no rosto.
Será que ele tem que parecer tão malditamente preocupado?
Eu não era uma criança que precisava de sua proteção mais. —
Agora que você está se recuperando novamente, eu vou
considerar levar você ao meu apartamento. Romero já está
ansioso para ter uma enfermeira.
Eu estava chegando até a agulha na parte de trás da
minha mão para puxá-la para fora, mas parei quando suas
palavras me atingiram. — Sua cobertura?
— Você vai precisar descansar alguns dias. E eu te
conheço, por isso é necessário que haja alguém para ficar de
olho em você.
Ele estava me observando atentamente. Como se ele
estivesse tentando avaliar se eu poderia receber a má notícia.
— Aconteceu alguma coisa com Gianna?
— Não. Ela está bem. — ele fez uma pausa.
— Desembucha. Caralho!
— Eu fiz um acordo com ela.
— Pare de brincadeira. Diga-me a porra da verdade.
— Quando ela me ligou, você não estava respirando. Eu
estava preocupado que ela usaria essa chance pra fugir.
— Minha vida pela sua liberdade. — eu disse com uma
risada sombria.
— Ela concordou. Agora ela está em casa com Aria,
fazendo as malas.
— Nós precisamos protegê-la da máfia. Seu papai não
vai aceitar.
— Você quer protegê-la? — perguntou Luca incrédulo.
— Ela ainda é minha esposa. E eu vou protegê-la
quando ela me deixar.
— Ela vai sair assim que eu definir tudo. É melhor
esquecê-la mais cedo do que mais tarde.
Eu olhei. — Você simplesmente esqueceria Aria porque
alguém disse para você?
— Aria não precisaria de suborno para salvar a porra da
minha vida.
Eu empurrei a agulha da minha mão e chupei o sangue
que brotou. Girei minhas pernas para fora da cama, apesar da
minha dor de cabeça. Meus olhos percorreram a mesa ao lado
da minha cama para minhas facas e meu coldre. Eles não
estavam lá. Droga. Eu me sentia fodidamente nu sem eles.
— Porra. — Luca murmurou. O bastardo agarrou meus
ombros para me impedir de ficar em pé. — Eu não quis dizer
para que você ficasse irritado. Você deveria ficar na cama.
— Eu não dou a mínima. Eu não sou uma porra de uma
criança. Pare de ser paternalista. Eu lidei com merda pior do
que uma dor de cabeça. — eu dei de ombros, e com as mãos e
deslizei para fora da borda da cama. Grande erro. No momento
em que meus pés descalços bateram no chão, eu tive uma
tontura. Luca me amparou. Com um gemido, eu afundei na
cama. — O que eles me deram? Eu sinto como se alguém
tivesse colocado sedativos na minha bebida.
Luca me deu a sua expressão mais condescendente. —
Eu disse para você ficar na cama.
— Cale a boca. — eu pisquei algumas vezes. Ele não fez
nada para banir os pontos da minha visão. — Eu quero dar o
fora daqui. Eu estou bem.
— Você está bem quando eu lhe disser. Eu sou seu Capo.
Abri a gaveta da mesa de cabeceira, mas as minhas
armas não estavam em lá também. — Onde estão as minhas
facas?
— No carro. Eu não podia trazer você para o hospital
armado até os dentes.
Eu apertei minha mandíbula, em seguida, levantei
novamente. Desta vez eu quase não oscilei tanto.
Luca me encarou. — Maldição, Matteo. Por que você
não pode me ouvir uma única vez?
— Não me venha com essa besteira. Se você estivesse
no meu lugar, você já estaria fora da porra do hospital. — Ele
não se incomodou em negar. Eu sabia. — Vamos lá.
Luca trouxe uma mala para mim. — Sandro pegou
algumas roupas para você. As que você estava usando durante
o acidente tiveram que ser queimadas.
Eu saí da roupa constrangedora do hospital e coloquei
calças jeans limpas. — E quanto a cueca? Talvez Sandro goste
de ficar livre em suas calças, mas eu prefiro outra barreira
entre as minhas bolas e o zíper.
Luca bufou. — Eu me pergunto se vai demorar para
calar sua boca grande. Quase morrer e ter sua esposa deixando
sua bunda gorda, obviamente, não é o suficiente.
Eu parei de abotoar minha camisa. Eu sabia que ele
estava brincando. E ele estava certo. Nada, nunca ninguém me
deixou. Não quando nossa mãe morreu, quando o papai me
bateu, não quando eu estava sangrando como um porco. Então
por que diabos mencionar Gianna me fazia sentir como uma
merda de um soco no estômago? Droga. Eu fui pego por uma
buceta. Enviei um sorriso forçado Luca, mas ele já estava me
examinando com uma careta.
— Não me diga que você está tão ansioso para sair do
hospital porque você espera chegar até Gianna e convencê-la a
ficar com você. Ela não vai. A cadela egoísta quer liberdade.
Andei em direção a ele, indo direto em seu rosto. — Não
a chame de cadela. — então eu oscilei e tive que agarrar o
ombro de Luca para me impedir de cair de cara no chão. Tanta
coisa para ser ameaçador. Droga.
Luca só olhou.
— Eu juro que se você não parar de me dar esse olhar de
pena eu vou bater em você até sangrar. — eu murmurei.
— Eu não tenho pena de você. Pena é para pessoas que
tem em uma situação ruim, sem culpa própria, mas você
escolheu Gianna. Você viu o quão volátil e chata do caralho
ela é, e você ainda a quer. Você está ligado na sua buceta. Você
se meteu nesta confusão. Agora você tem que lidar com isso.
— Bastardo de coração frio. — eu disse, feliz que ele
não tentou me consolar.
Luca sorriu. — Sempre.
Enfiei minha camisa no meu jeans e deslizei para os
meus sapatos. — Sandro é um babaca. Sem meias também?
Ele acha que sou adepto ao nudismo ou o quê?
— Ele provavelmente pensa que você é.
Fui para a porta, tentando andar tão firme quanto
possível, apesar das minhas pernas bambas. Luca andou muito
perto. Ele provavelmente pensou que poderia precisar me
apoiar se eu desmaiasse. — Pare de me pajear. As pessoas vão
3
pensar que você é meu sugar-daddy .
Luca ignorou o meu comentário. — Do que você lembra
antes de apagar?
De volta aos negócios, graças a Deus. — Um grupo de
chupadores de pau russos perseguiam Gianna e eu. Eu me
livrei do primeiro carro muito rápido. Meti uma bala entre as
sobrancelhas do motorista que resultou no acidente matando
os outros filhos da puta. O segundo carro foi um problema
maior. Eu não me lembro o que aconteceu com eles.
— Eles queimaram em seu carro. Viraram carvão.
— E o meu carro?
— Carvão.
— Ótimo.
— Poderia ter sido pior. Você não parecia bem quando
eu o vi pela primeira vez.
Estendi a mão para o ponto sensível em cima da minha
cabeça. Alguns enfermeiros nos olharam quando passamos por
eles, mas eles não nos impediram. Luca provavelmente já
tinha resolvido tudo com antecedência.
— Você tem sorte que eles não rasparam sua cabeça
inteira. Sabendo quão chato você é você não teria parado de
reclamar sobre isso.
— Você sabe como me animar. — eu disse.
Luca estava ocupado com mensagens de texto a alguém.
Ele mal olhou para cima.
— Você está alertando Aria que estamos chegando, não
é? — Eu não podia me conter, mas me perguntei se Gianna
ainda estava com Aria, se eles estavam fazendo planos para o
futuro da Gianna sem mim. Luca tinha oferecido a liberdade a
Gianna em uma bandeja dourada. Ela seria estúpida se não
aceitasse. A vida longe da máfia era algo que ela sempre quis.
Longe de mim. Ela finalmente teria seu desejo realizado.
Luca me poupou o olhar mais desencapado. — É o
melhor, acredite em mim.
Fiquei aborrecido. Luca sempre tentou ditar minha vida
– zelar por mim como ele dizia – e só tinha piorado desde que
ele também era meu Capo. — Eu posso lidar com Gianna. Eu
não sou um marica, Luca. Eu não vou quebrar e chorar, porque
minha esposa quer fugir o mais longe possível de mim.
— Eu sei. — ele enfiou o telefone de volta em sua
jaqueta. É claro que eu sabia que ele já havia dito a Aria tudo o
que ela precisava saber.
Nós chegamos ao carro de Luca. Ele abriu a porta para
mim. — Não pense que eu vou me abrir apenas porque você
está sendo um cavalheiro. — Eu disse a ele quando eu quase
caí no assento. Eu esperava que Luca pensasse que eu tinha
feito de propósito e não porque minhas pernas tinham
paralisado.
— Não se preocupe. Você está seguro. — Luca fechou a
porta na minha cara antes que ele desse a volta no carro e
deslizasse atrás do volante. Ele ligou o carro e saiu do
estacionamento. — Você quer que eu ache alguém para distraí-
lo? Talvez não hoje por causa de sua cabeça. Mas no próximo
par de dias.
Eu bufei uma risada. — Você quer dizer uma prostituta?
Luca deu um encolher de ombros, sem tirar os olhos da
rua. Ele fez sua cara de paisagem que me irritou pra caralho,
porque eu não tinha certeza se isso era um teste ou se ele
estava falando sério. Alguns anos atrás, eu teria dito que ele
estava falando sério. Luca nunca tinha tido problemas para
conseguir uma mulher, antes de Aria.
— Primeiro de tudo, eu posso ter tido uma concussão,
mas eu não estou morto, e isso significa que eu não preciso de
uma foda de pena. Se eu quiser uma mulher, eu posso
encontrar uma para mim e não preciso pagar ninguém.
— Você ainda não se viu no espelho.
Eu chequei meu reflexo no espelho retrovisor. — Ok.
Talvez eu tivesse mais problemas do que de costume. — Eu
tinha dois olhos negros, ambos inchados e vermelhos, e havia
um nódulo azulado abaixo do meu couro cabeludo. Sem
mencionar que meu cabelo estava uma bagunça.
— Você vai assustar pra caralho cada mulher que você
se aproximar.
— E daí?
Luca riu. — Isso é um não?
— Um grande e gordo. Eu não quero foder ninguém,
só… — Percebendo a porra da armadilha que eu acabei de
entrar Eu mantive minha boca fechada. Droga.
— Você não vai desistir dela, não é? — Disse Luca em
tom resignado.
— Não.
— Eu jurei por minha honra conceder a ela liberdade,
mas eu posso quebrar a minha promessa se é isso que você
quer. Não é como se eu não tivesse feito pior antes.
— Não. Eu não quero que você quebre seu juramento. E
isso só iria fazê-la me odiar mais. Você não pode forçar
Gianna a fazer qualquer coisa. Ela precisa voltar para mim por
vontade própria. Essa é a única maneira.
Luca balançou a cabeça. — Matteo, você tem que
perceber o quão inútil é ter esperança. Ela vai correr e nunca
mais voltar. Você está disposto a correr esse risco?
— Sim.
— Então você é um homem melhor do que eu. Eu nunca
deixaria Aria ir.
Eu olhei para fora da janela. Parecia fácil deixá-la ir,
dando a oportunidade de encontrar o caminho de volta para
mim, mas eu não tinha certeza se poderia viver com isso. Eu
não era melhor do que Luca. Mas eu era um caçador e às vezes
uma perseguição era inútil, às vezes você tinha que esperar a
presa chegar até você. Eu não era um caçador paciente, mas
desta vez eu tentaria.
Capítulo vinte
GIANNA
Aria manteve os olhos me observando, as sobrancelhas
juntas demonstrando preocupação. — Tem certeza de que você
não precisa ver um médico?
— Eu estou bem. — eu rebati, então me senti mal por
isso. Aria estava sempre do meu lado. Ela tinha feito tanto por
mim no ano passado, até mesmo ficado contra Luca. —
Desculpe. Estou exausta. — O cheiro de fumaça e sangue
permanecia no meu nariz, ecoando os eventos anteriores.
— Está tudo bem. Você já passou por muita coisa. —
Aria disse gentilmente.
Meus pensamentos se voltaram para Matteo. Eu
esperava que ele estivesse bem. Ele era forte, mas ele tinha
perdido muito sangue. Talvez eu devesse ter deixado Aria me
levar para o hospital para me certificar de que ele estava bem.
Eu queria estar com ele, queria estar lá quando ele acordasse e
segurar sua mão enquanto ele estava inconsciente. Eu queria
dizer a ele que eu estava cansada dos jogos, cansada de fingir
que eu não me importava com ele, que eu perdi meu coração
para ele. Foi inútil tentar mentir para mim mesma. Eu sabia
que eu viria a amar Matteo, até a sua arrogância e seu sorriso
de tubarão. Ele ainda era um homem mau, um assassino e
criminoso, mas eu sabia que eu não era muito melhor. Eu não
tinha dúvida de que eu teria sido como Matteo se eu tivesse
sido criada como ele e não protegida da vida como todas as
mulheres em nosso mundo. Era uma verdade feia, que eu
prefiro negar, mas era a verdade, e era hora de admitir e
encarar a vida que eu estava, obviamente, destinada a viver. As
palavras estavam na ponta da minha língua.
— Você pode tomar um banho rápido, e então eu vou
ajudá-la a arrumar tudo.
— Ah, claro. — eu disse distraidamente. Orgulho
sempre tinha sido o meu problema, mesmo agora quando eu
sabia que só estava machucando a mim e a Matteo.
Aria olhou na minha direção. — Luca vai manter sua
palavra. Você não tem que se preocupar. Ele nunca quebrou
sua promessa. E ele sabe que eu nunca o perdoaria se ele
tivesse mentido. Você será livre.
Livre? Qual o sentido da liberdade, se isso significava
ignorar o que meu coração queria? — Eu sei.
— Você não parece feliz.
Eu não estava feliz. Mas por que? Por meses eu desejava
nada mais do que descobrir uma maneira de sair deste
casamento, fora desta vida, fora deste mundo, e agora que eu
finalmente realizei meu desejo, eu não sentia nada. Como eu
pude mentir para mim mesma por tanto tempo? E por que eu
não podia admitir, especialmente não para o mundo exterior?
Por que admitir que eu amava Matteo, parecia uma derrota no
final? — Eu ainda estou me recuperando do acidente. Isso é
tudo. — eu disse no piloto automático. Eu me perguntava por
quanto tempo essa mentira funcionaria.
Aria não parecia convencida, mas ela não insistiu no
assunto. Eu inclinei minha cabeça contra a janela e fechei os
olhos, não estava no clima para conversar. Eu precisava me
resolver através de minhas emoções, logo que possível, mas a
dor de cabeça definitivamente não tornava uma tarefa fácil.
Devo ter cochilado, porque de repente Aria estava me
cutucando e estávamos estacionados na garagem subterrânea.
Ela me deu um sorriso encorajador, e por algum motivo me fez
sentir horrível. Eu rapidamente saí do carro, incapaz de
encontrar o olhar compassivo de Aria. Corri em direção ao
elevador, algumas vezes quase tropeçando em meus pés. Aria
apanhou-me e chamou o elevador para baixo com um toque no
botão. — Qual é a pressa? Você não precisa se preocupar que
Matteo vai voltar para casa enquanto ainda estiver fazendo as
malas. Eles provavelmente vão mantê-lo no hospital durante a
noite. Ele parecia muito mal.
Debrucei-me contra a parede fria do elevador. Será que
Aria realmente acha que iria me animar? Eu era uma cadela
tão horrível que as pessoas achavam que eu ficaria feliz
sabendo que alguém estava gravemente ferido?
É claro que sim. Luca tinha pensado que ele tinha me
oferecido um bilhete para a liberdade para que eu não deixasse
seu irmão morrer. Eu não era nada, além uma cadela sem
coração e egoísta em sua cabeça. E, a julgar pelas palavras de
Aria, ela concordava com ele.
Minha garganta estava apertada. Talvez eles estivessem
certos. — Eu não estou preocupada. — eu disse calmamente.
Era mais fácil fazer o papel que eles esperavam.
Aria balançou a cabeça, mas ela não parou de me
observar. Nós estávamos uma diante da outra e eu podia ver
meu reflexo atrás dela no espelho. Nós não poderíamos ser
mais diferentes. Aria com sua expressão amável, cabelo de
anjo, pele de porcelana e os olhos azuis bebê, o epítome da
pureza. E parecia que eu tinha subido do inferno com o meu
cabelo bagunçado vermelho, e roupas cobertas de sangue, e
sombras escuras sob os olhos. Quando entrei no apartamento
que eu tinha compartilhado com Matteo desde o nosso
casamento, eu rapidamente corri para o quarto principal, e de
lá para o banheiro. Talvez um banho rápido fosse me ajudar a
começar a aliviar o aperto em meu coração. A oferta de Luca
era minha última chance, eu sabia disso. Se eu seguisse meu
coração eu ficaria com Matteo. Eu tinha que deixar meu
cérebro tomar essa decisão.
Depois do banho, eu ainda não me sentia melhor, mas,
pelo menos, eu comecei a raciocinar. Aria estava sentada na
cama, digitando em seu telefone, quando entrei no quarto.
— Será que Luca te informou sobre Matteo? —
perguntei imediatamente, minha garganta já apertando e o
pânico me inundando. Eu deveria ter ido com Matteo. De
repente, eu não conseguia respirar.
— Ele está muito bem. Aparentemente é apenas uma
concussão e algumas costelas quebradas. — ela finalmente
olhou para cima e rapidamente se aproximou de mim. — Você
está pálida.
Engoli em seco. Matteo estava ótimo. Lentamente meu
pânico se estabeleceu.
— Você está realmente preocupada com ele, não é? Por
que você não admite? Pode confiar em mim, Gianna, você
sabe disso.
— É claro que eu me preocupo. Eu não sou feita de
pedra. Eu não quero que nada aconteça a ele. Eu me preocupo
com ele, acredite ou não.
— Mas não o suficiente para ficar? — perguntou Aria.
Eu não tinha certeza do que dizer. Todos os meus planos
que estavam bem definidos no chuveiro pareciam desmoronar
diante de mim novamente. — Eu preciso me deitar por um
tempo, eu acho. Ou temos que sair logo?
Aria balançou a cabeça. — Não, Luca trará Matteo pra
nossa cobertura, quando você acordar, você não vai cruzar seu
caminho se você ficar aqui. E é tarde de qualquer maneira.
Durma um pouco.
Peguei roupas limpas e coloquei antes de eu me deitar
em cima das cobertas. Eu pude ouvir Aria fechar a porta e, em
seguida, o silêncio reinava em torno de mim.
Já estava claro quando eu acordei. Eu estava sozinha no
quarto. Eu rapidamente saí da cama e fui pra sala, meio que
esperando encontrar Matteo na cozinha. Ele não estava.
Aria estava lá. Ela abaixou seu telefone antes de me
entregar uma xícara de café. — Como você se sente?
— Onde está Matteo? Ele está bem? Ele ainda está no
hospital?
— Ele está bem. Ele está na cobertura.
— Ah, certo. Ele está no seu apartamento. Isso faz
sentido.
— Gianna, você não tem que sair, você percebe, certo?
Não há problema em ficar com Matteo.
Olhei para ela. Isso estava ok, não estava? Ok amar um
homem como ele, ok em aceitar a vida na máfia.
O elevador parou com um brilho e Luca saiu, seu olhar
frio pousou em mim. Eu tive que reprimir um arrepio. Isso era
ódio, e eu supunha que ele tinha todas as razões para me odiar.
Sandro estava um par de passos atrás dele como um bom
cachorrinho.
— Espero que suas malas estejam prontas. Quero você
fora do apartamento o mais rapidamente possível.
— Luca. — Aria assobiou. — Isso não é justo.
Pela primeira vez ela não poderia aquecer o seu coração
frio. — Não. Essa cadela precisa ficar tão longe de meu irmão
quanto possível. Eu quero que ela vá embora. Ela está
arruinando sua vida por muito tempo.
Eu olhei, mas, no fundo, eu me perguntei se ele estava
certo. Claro, eu nunca ia admitir. — Eu sei que você pensa que
Matteo merece uma mulher melhor do que eu. Mas deixe-me
dizer uma coisa. Aria merece alguém muito melhor também.
Ela é muito boa, pura e gentil para você. Você nem sequer vale
a sujeira sob seus sapatos. Ela é muito amorosa e boa pra ver
isso, mas eu vejo. Você acha que eu destruí a vida de Matteo,
mas eu nunca tive uma escolha. Eu não queria me casar com
ele. Você, por outro lado, escolheu Aria pra se casar. Você
optou por destruir sua vida com sua escuridão. Então desça de
seu cavalo alto, seu bastardo. Você não a merece e nunca vai
merecer.
Os nós dos dedos de Aria ficaram brancos de apertar o
pulso de Luca. Ele poderia ter se soltado com facilidade, mas
ele não se mexeu. — Eu sei. — ele disse em uma voz de aço.
— Mas a diferença entre você e eu é que eu estou tentando ser
um homem melhor para ela. Mas você nunca tentou. Você
sempre esteve contente em ser uma cadela.
Aria engasgou. — Luca, por favor.
— Não. Ele está certo. Eu sou uma cadela e eu estou
saindo agora. Diga adeus a Matteo por mim. — Uau, falei
como uma verdadeira cadela. Era tarde demais para tomar as
palavras de volta, e eu sabia que seria muito orgulhosa para
fazer de qualquer maneira. Eu levei duas das minhas malas
que Aria deve ter levado para baixo antes que eu tivesse
acordado, e me dirigi para Sandro que pegou minhas outras
malas e me seguiu para o elevador. Entrei e encarei Aria e
Luca, com a minha cabeça erguida. O olhar de Luca era de
ódio desenfreado, mas Aria estava chorando. Ela estava me
implorando com os olhos e, eventualmente, eu não aguentei
mais e baixei o olhar para o chão. As portas se fecharam e o
elevador começou a se mover. Sandro não tentou conversar.
Cada olhar que ele me deu gritava sua desaprovação. Gostaria
de saber se Luca teria me matado se não fosse por Aria.

Sandro me levou para um hotel onde eu ficaria até que


eu tivesse encontrado um apartamento. Eu não tinha certeza se
eu ficaria em Nova York. Retornar a Chicago estava
definitivamente fora de questão. Eu estaria morta dentro de
uma semana.
— Aqui. Isso são cinco mil dólares. Luca entrará em
contato com você para mais detalhes em breve. — disse
Sandro, enquanto estacionava em frente ao hotel. Um porteiro
abriu a minha porta. Sandro não me seguiu quando saí do
carro, só deu a informação para o porteiro sobre a reserva. No
momento em que o porteiro tinha levado a minha bagagem do
porta-malas, Sandro foi embora, deixando-me sozinha. Olhei
em torno do carro. Ninguém estava me observando. Eu estava
livre.
Então por que a liberdade me fazia sentir como se eu
estivesse em uma nova prisão?
MATTEO
— Eu não acho que isso é uma boa ideia, — Luca
murmurou enquanto ele me seguiu até meu apartamento.
— Esta é a minha casa. Eu não sou um inválido. Eu não
vou ter outra festa do pijama em seu apartamento. — eu disse.
Eu ainda estava me sentindo tonto, mas eu não admitiria isso
para Luca. Eu entrei no meu quarto, Luca logo atrás de mim.
Se ele não parar logo, eu vou chutar a bunda dele.
Parei no meio do quarto. As gavetas estavam abertas. Eu
não tive que olhar para elas para saber que elas estavam
vazias.
— Ela saiu esta manhã. — disse Luca.
— Eu sei.
Eu podia sentir os olhos de Luca em mim. — Você deve
ficar com Aria e comigo. É quase Natal. Você quer passar as
festas de mau humor?
— Eu não me importo com o Natal. E eu não estou de
mau humor. Eu deveria descansar, lembra? — Eu apontei para
a minha cabeça, em seguida, caminhei até a cama e me deitei.
— E eu não quero que você fique aqui enquanto eu durmo.
— Você vai jantar com Aria e comigo esta noite. Eu não
me importo se eu tiver que arrastá-lo até meu apartamento,
mas você estará lá.
Eu balancei a cabeça. — Deixe-me dormir.
Ele finalmente saiu. É claro que eu não dormiria. Meus
olhos dispararam para o armário com suas prateleiras vazias.
Gianna realmente não estava lá, e desta vez eu não ia caçá-la.
Capítulo vinte e um
GIANNA
Eu olhei para fora da janela do meu quarto de hotel. Era
hora do jantar, mas eu não estava com fome. Eu não tinha
deixado o quarto desde que eu tinha entrado nele esta manhã.
Será que a liberdade sempre seria tão solitária?
Meu telefone soou com uma mensagem. Era Aria.
Matteo passou mal novamente. Ele está inconsciente.
Liguei para ela imediatamente, meu coração batendo
forte no meu peito. Ela atendeu após o primeiro toque. —
Onde ele está? — perguntei.
— No nosso apartamento. Ele está no quarto de
hóspedes. O médico diz que ele precisa ficar na cama. Ele se
excedeu muito cedo após o acidente.
— Eu estou chegando.
— Você está? — Aria perguntou em voz esperançosa.
— Sim. Diga a Luca que ele deve se acostumar com a
minha presença de novo.
Eu praticamente podia ouvir Aria sorrindo. — Eu sabia.
— ela fez uma pausa. — Vou mandar Sandro até o hotel.
— Não, eu vou pegar um táxi. Eu estarei aí em breve.
Quando eu cheguei no apartamento, Luca barrou meu
caminho. — O que ela está fazendo aqui?
— Eu quero ver Matteo. — eu disse. E eu não me
importava se eu tivesse que empurrar Luca para vê-lo.
Luca encarou. — Saia daqui.
— Luca, por favor. — sussurrou Aria.
Eu tentei passar por Luca mas ele não me deixou. —
Deixe-me ver o meu marido.
— Matteo não pode passar por um estresse emocional
agora. Você vai embora e depois volte, isso não vai ajudar em
sua recuperação. — Luca rosnou. Eu tinha a sensação de suas
palavras teriam sido muito piores se Aria não estivesse de pé
ao lado dele. — Se você ficar agora, você vai ficar para
sempre. Eu estou cansado de seus jogos.
— Eu não vou sair de novo.
Luca me enviou um olhar duvidoso, mas ele recuou. Eu
não hesitei. Corri em direção ao quarto de hóspedes e entrei.
Matteo estava dormindo. Deitei ao lado dele, determinada a
ficar até que ele abrisse os olhos.

MATTEO
Uma mão macia segurava a minha. Abri os olhos,
pisquei algumas vezes para limpar a minha visão. Senti-me
como um covarde total por ter desmaiado. Porra. Eu tinha sido
baleado e esfaqueado e até mesmo queimado antes, e uma
batida estúpida na cabeça me trouxe até meus joelhos. Foi uma
desgraça. Virei a cabeça. Gianna estava enrolada ao meu lado,
com a mão emaranhada na minha. Suas roupas estavam
amassadas e seu cabelo uma bagunça completa, como se
tivesse estado ao meu lado por um tempo.
Seu rosto estava coberto na maior parte por seu cabelo
rebelde. Eu senti a vontade irresistível de ver sua expressão.
Devagar, com cuidado sentei e escovei alguns fios com a mão
livre. Gianna parecia como um maldito anjo no sono. Lindo
demais para ser real. Seus cílios grossos descansavam em sua
pele pálida. Eu parei a ponta dos dedos sobre sua bochecha,
apreciando a suavidade de sua pele. Seus olhos se repousavam
sob as pálpebras, em seguida, eles se abriram. Ela piscou
sonolenta até que seu olhar finalmente se concentrou em mim.
Eu esperava que ela soltasse a minha mão e saltasse para
fora da cama como se tivesse pegando fogo. Pelo menos eu
esperava alguma desculpa ridícula por ela estar ali, segurando
a minha mão. Eu duvidava que Luca a tinha trazido de volta.
Ele sabia que eu não queria que ele fizesse isso.
Ela não fez nenhuma dessas coisas, no entanto. Em vez
disso, se sentou lentamente, piscando e esfregando os olhos
com a mão que não estava segurando a minha. Ela procurou
alguma coisa. — Que horas são?
Eu não fazia ideia. Eu não tinha certeza de que dia era.
— Você está me perguntando?
Ela riu, em seguida, sua expressão se fechou. — Você
me assustou.
— Eu? Acho que eu sou um cara assustador.
Gianna não sorriu. Ela estava olhando para mim com
uma expressão que eu nunca tinha visto em seu rosto,
vulnerável e aberta. — Eu nunca deveria ter concordado com a
oferta de Luca. Eu fui teimosa. Eu não queria admitir meus
sentimentos para mim mesma. Mas quando Aria me ligou para
dizer que você tinha passado mal outra vez, eu fiquei com
medo de perder você. — Ela fez uma pausa, seus dedos
apertaram a minha mão. Eu não disse nada, não sabia o que
dizer. Minha solução geral em situações emocionais era fazer
piada, mas parecia errado fazer uma piada e eu não queria
cortar Gianna de dizer qualquer outra coisa que ela queria
falar.
Ela olhou em direção à janela, a culpa estragou seu belo
rosto. — Tudo o que eu conseguia pensar quando eu não
estava ao seu lado depois que você saiu do hospital, era, ‘e se
você morresse e tudo que eu fiz foi te tratar mal e me esquivar
dessa relação’. Eu tenho agido como uma grande cadela. Sinto
muito.
Toquei o seu rosto e me aproximei. — Você não precisa
se desculpar por nada, Gianna. Eu realmente gostei da maioria
dos nossos desentendimentos. Eles acrescentaram diversão aos
meus dias. — Eu sorri e desta vez eu ganhei um sorriso em
troca.
— Você deve estar chateado, Matteo. Você sabe o que
Luca me ofereceu em troca de salvar sua vida e que eu
concordei. Por que você não está me mandando embora? Eu
mereço isso.
Eu dei de ombros. Eu não gostava da ideia de que
Gianna tinha aceitado ansiosamente a oferta de Luca, mas ela
estava aqui agora. Levou um tempo, mas eventualmente eu
percebi que Gianna teve que vir a mim por conta própria.
Gianna nunca deixou ninguém forçá-la a admitir seus
sentimentos. Eu toquei a parte de trás de sua cabeça e a puxei
para mim. Ela não resistiu e quando sua boca tocou a minha,
ela colocou os braços ao redor do meu pescoço e aprofundou o
nosso beijo. Minha mão encontrou o seu caminho sob sua
camisa, sentindo a pele macia de seu estômago e movi mais
alto.
Gianna parou a minha mão. — Você precisa descansar.
Você desmaiou ontem. Eu não vou deixar você se cansar
novamente.
Eu ri. — Venha. Se você me montar, eu não vou ter que
me esforçar tanto. Você vai fazer todo o trabalho.
— Sim, claro. — disse ela. — De jeito nenhum eu vou
arriscar sua recuperação. Luca ficaria muito chateado se eu
fizesse algo estúpido. Ele me odeia de qualquer maneira. Eu
não quero dar a ele mais um motivo para me manter longe de
você.
— Luca não iria impedi-la de me ver.
Ela ergueu as sobrancelhas. — Ele tentou me impedir de
vir aqui ontem.
— Por que diabos ele fez isso? — eu me aborreci. Luca
sempre tinha que jogar como Capo e condenar as pessoas ao
redor dele.
— Eu suponho que ele estava preocupado com você. —
Gianna admitiu a contragosto. Não havia nenhum amor
perdido entre meu irmão e ela, então eu estava surpreso com
sua admissão. — Ele não queria que eu brincasse com você.
Ele pensou que era melhor se houvesse um acordo entre nós e
eu te deixasse para o seu bem.
— Então, o que o fez mudar de ideia? — perguntei.
— Aria, eu suponho.
— Claro. — eu disse, embora eu esperava que fosse por
outra razão. Eu me inclinei para trás contra a cabeceira da
cama, ignorando a leve pontada na minha cabeça. Cruzei os
braços sobre o peito, tentando parecer fodidamente relaxado
quando eu não estava. — Estou bem agora. Eu não vou
morrer. Você poderia sair agora sem se sentir culpada.
Gianna olhou para mim por um longo tempo sem dizer
nada. — Eu não quero ir embora.
— Você concordou com a oferta de Luca, você mesma
disse isso.
— Eu concordei, porque Luca me pegou de surpresa
com isso. Você estava morrendo bem na minha frente. Nós
mal tínhamos sobrevivido a um acidente e aos russos loucos, e
de repente me ofereceram algo que eu pensava que eu queria.
Eu nem sequer realmente pensei antes de dizer sim.
Eu balancei a cabeça, mas não disse nada. Eu estava
cansado de fazer o primeiro movimento, sempre em busca de
Gianna. Desta vez eu queria ouvir algo dela.
Ela suspirou, seus olhos azuis estavam cansados. —
Você acha que eu teria deixado você morrer se Luca não
tivesse me oferecido um bilhete para a liberdade, não é? Isso é
o que todo mundo pensa, provavelmente Aria também.
Eu mantive minha expressão neutra. — Não é a
verdade?
Ela olhou. — Não, não é a verdade. Quando Luca
mencionou sua oferta estúpida, eu já tinha começado as
compressões torácicas. Eu não sabia o que estava fazendo e,
provavelmente, fiz errado, mas eu não ia deixar você morrer.
Eu estava fazendo tudo que podia, mesmo antes de Luca me
oferecer a liberdade em troca de sua vida. Eu nunca teria
deixado você morrer, nunca. Eu sei que você não tem que
acreditar em mim. Não há nenhuma razão pra isso. Eu poderia
estar mentindo para todos que você conhece.
Mas eu acredito nela. Eu sabia ler as pessoas e Gianna
não estava mentindo. Eu poderia dizer como ela estava
chateada, mais chateada do que eu tinha visto em muito
tempo. — Eu não acho que você esteja mentindo.
Gianna nem sequer me pareceu ouvir. Ela estava
carrancuda na direção da janela, as faces coradas com as
emoções. — Eu sabia, no momento que eu vi você deitado em
seu próprio sangue, que eu não queria perder você. Eu sabia
disso, mas eu ainda não queria admitir para ninguém. Eu era
tão estúpida e teimosa. Eu estava sendo a Gianna mal-
intencionada como de costume. E uma vez que eu concordei
com a oferta de Luca, eu estava orgulhosa demais para dizer a
ele que eu não queria sua liberdade estúpida. Eu não queria
deixá-lo, não queria outra vida. Eu provavelmente teria sido
miserável sozinha, mas orgulhosa demais para admitir se você
não tivesse mal. Parecia que eu estava desistindo, como se eu
estivesse admitindo a derrota, o que é idiota. Como o amor
poderia ser uma derrota? — Ela ficou em silêncio, os olhos
arregalados.
Eu tinha ficado quieto, como um caçador que não queria
assustar sua presa.
Ela lambeu os lábios nervosamente. Eu desejei saber o
que ela estava pensando, mas eu tinha a sensação de que eu
sabia. Ela provavelmente estava lamentando nunca dizer o a
da palavra amor e tudo mais que estava borbulhando dela. Isso
era quem ela era. Talvez ela estivesse esperando por mim para
dizer algo antes, para dizer a ela que a amava, mas eu não
abriria a porra meu coração a ela e arriscaria sua animação. Eu
sabia o que eu estava sentindo, sabia por um longo tempo, mas
eu nunca disse isso a ela. Eu nunca disse a ninguém. Admitir
algo que deixa você vulnerável e até agora Gianna tinha me
dado pouca razão para correr esse risco. Eu tinha caçado ela
por tempo suficiente. Agora era a vez dela. Eu não iria
empurrá-la em qualquer direção. Tudo a partir deste ponto em
diante teria de vir com ela.
— A oferta de Luca continua de pé. Você é uma mulher
livre. Você pode sair deste prédio e ninguém irá pará-la.
— Não. — ela disse com firmeza. — Já corri de minhas
emoções por muito tempo. — ela se apoiou nas mãos e se
inclinou para frente. — Eu quero estar com você, Matteo. Por
Deus, eu sei que não deveria querer isso, mas não importa
mais. Estou farta de ignorar meu coração. Eu amo você.
Ela me beijou quase desesperadamente, suas mãos
encontrando seu caminho em meu cabelo. Minha cabeça ainda
estava dolorida, mas eu teria que cortar minha própria garganta
antes do que dizer a Gianna para ter cuidado. Eu queria sentir
seus lábios, seus dedos, seu corpo. Eu queria tudo dela. —
Você tem certeza que quis dizer isso? — eu perguntei em voz
provocação quando ela se afastou.
Ela assentiu com a cabeça. — Sim. Não há nenhuma
porra de dúvida em minha mente. Eu amo você, Matteo. Eu
não me importo com o que isso me faz. Eu não ligo para o que
as outras pessoas pensam sobre mim, sobre nós. Eu não me
importo com o que Aria e Luca pensam. Tudo que me importa
somos nós.
Beijei-a novamente. Eu nunca me canso de saboreá-la.
— Eu te amo, Gianna. Eu tenho te amado por um longo
tempo.

GIANNA
Ouvir Matteo dizer que ele me amava, deixou o meu
coração em chamas. Eu não conseguia me lembrar da última
vez que eu me senti tão feliz. Eu pensei que admitir meus
sentimentos a alguém daria a essa pessoa mais poder sobre
mim, mas ao invés disso eu me senti mais livre do que eu
estive em muito tempo. Eu tinha lutado contra minhas
emoções por tanto tempo, tinha me segurado por nenhuma boa
razão. Agora que eu tinha dito tudo o que precisava ser dito eu
me sentia aliviada. Talvez tudo isso tivesse começado como
algo forçado, mas hoje, essa vida, Matteo, meu casamento,
eram as minhas escolhas, e eu disse sim para todos eles.
O beijo de Matteo era exigente. Não havia nenhuma
restrição, nenhum sinal de que há pouco tempo ele tinha
estado inconsciente. Eu sabia que era estúpido, mas eu queria
senti-lo, queria mostrar-lhe com mais do que apenas palavras
que eu o amava. Eu me afastei e deixei meus olhos vaguearem
para baixo do corpo de Matteo. Ele estava vestido com apenas
uma camisa branca apertada e boxers que fazia pouco para
ocultar sua ereção. Quando olhei para trás, para o seu rosto,
seu olhar era transparente com a luxúria. Eu nunca tinha
escutado o conselho de outras pessoas, então por que eu
deveria começar agora?
Matteo não podia se esforçar. Eu cuidaria dele. Ajoelhei-
me na cama, e agarrei sua cintura. Matteo sorriu com seu
sorriso de tubarão. — Eu pensei que você não queria arriscar
minha saúde.
— Oh, cale a boca. — eu disse calmamente. — Ou você
quer que eu pare?
— Não. Não pare. — Ele se acomodou contra o conjunto
de almofadas.
Eu sorri enquanto puxei para baixo sua cueca, revelando
seu comprimento duro. Mudei-me para entre suas pernas para
que eu pudesse vê-lo, enquanto eu chupava seu pau. Eu toquei
o saco dele, massageando suavemente, mas eu não toquei seu
pênis ainda. Em vez disso, eu assistir se contorcer e crescer
ainda mais duro sob minhas mãos.
— Você provoca. — Matteo rosnou. — Eu pensei que
você não ia me torturar hoje.
Ele estava certo. Isto não era sobre mim. Inclinei-me e
corri minha língua por todo o caminho de suas bolas até a
parte superior, em seguida, rodei ao redor de seu pau antes de
chupar em minha boca. Eu levei centímetro após centímetro
dele até que ele bateu no fundo da minha garganta, antes de eu
deixá-lo deslizar para fora novamente. Matteo ficou me
olhando com os olhos semicerrados. Ele gentilmente puxou
meu cabelo para trás, e acariciou meu rosto enquanto eu
lambia e chupava sua ponta, sabendo que era onde ele estava
mais sensível. Eu tracei a ponta da minha língua ao longo do
cume de seu pau lentamente. A respiração de Matteo estava
ofegante, seu abdômen apertado, mas ele não tirou os olhos de
mim ou parou de tocar meu rosto. Parecia que ele estava me
reverenciando enquanto eu estava reverenciando a ele.
Eu chupei um pouco mais forte, sentindo-o cada vez
mais perto. Seus dedos apertaram contra o meu couro
cabeludo e, ocasionalmente, ele lançou uma respiração dura
toda vez que meus dentes raspavam nele. Ele começou a
bombear seu quadril, empurrando seu comprimento mais
profundo em minha boca e eu deixei. Eu estava ficando
molhada e a pressão entre as minhas pernas tinham aumentado
em proporções quase insuportáveis, mas eu estava
determinada a ignorar minhas próprias necessidades hoje.
Os movimentos de Matteo ficaram frenéticos. Eu apertei
meus lábios firmemente em torno de seu pênis enquanto ele
empurrou para dentro de mim uma e outra vez. — Vou gozar.
— ele murmurou. Eu não puxei para trás. Em vez disso eu
apertei as bolas com força e encontrei seu olhar. Os músculos
de seus ombros flexionaram e seu corpo paralisou com seu
orgasmo. Eventualmente, ele se acalmou. Eu me afastei e
limpei a boca com um sorriso de autossatisfação.
Matteo riu, um som baixo do fundo do peito. Ele
estendeu a mão para meus ombros e me puxou para cima dele,
alegando minha boca em um beijo firme. Suas mãos
deslizaram pelas minhas costas para o topo de minha bunda e a
apertou. Meu núcleo apertou com excitação. Antes que eu
pudesse pensar, se eu deveria permitir a Matteo se esforçar
ainda mais, uma batida soou. Eu fiquei tensa, os olhos
correndo em direção à porta, que já estava abrindo.
Luca estava na porta, seu olhar levando tudo sem
nenhuma expressão. Não era difícil adivinhar o que tinha
acontecido. Afinal, eu estava deitada em cima de Matteo sem
cueca que estava tateando minha bunda.
Meu rosto ruborizou de vergonha.
— Você realmente não deveria entrar assim no quarto de
outras pessoas. — disse Matteo em diversão. No entanto, ele
não parecia constrangido, mas depois de tudo o que eu sabia
sobre ele, não me surpreendeu mais.
Eu fiquei exatamente do jeito que eu estava, apesar que
Matteo não teria se importado se eu tivesse me afastado e
mostrasse seu pênis para seu irmão.
— Você deveria estar descansando. — disse Luca
secamente, seus olhos cinzentos me perfurando com um olhar
ilegível. Ele estava com raiva? Era difícil dizer. Recentemente,
ele tinha ficado sempre chateado comigo. Não que sua
presença me deixasse muito mais feliz.
Matteo deu um tapinha na minha bunda firme, com seu
sorriso irritantemente presunçoso. — Eu me sinto muito bem
descansado.
Luca balançou a cabeça. — Eu desisto. — disse ele. —
Vocês dois façam o que quiserem. Eu não quero nem saber o
que está acontecendo ou não está acontecendo. — ele se virou
e fechou a porta atrás de si.
Eu me afastei de Matteo e deslizei para fora da cama,
tentando o meu melhor para endireitar as minhas roupas
amassadas, mas agora haviam também manchas. Elas eram
uma confusão absoluta.
— Ei, eu pensei que não estivéssemos acabado ainda. Eu
nem sequer cheguei a tocar a sua buceta.
— E você não vai. Luca estava certo. Você deveria
descansar. Você teve emoção suficiente para o dia. — eu disse
com firmeza. Matteo já estava ficando duro novamente e ele
não se preocupou em esconder.
Eu bufei. — Eu vou me trocar e me limpar, e depois
voltar com algo para você comer. Enquanto isso, por favor, tire
isso da sua cabeça.
Matteo piscou. Eu reprimi um sorriso e saí do quarto.
Aria e Luca estavam na sala de jantar, conversando em voz
baixa. Claro, eu sabia exatamente o que eles estavam
discutindo.
Aria me notou primeiro e ficou em silêncio. Depois de
alguns segundos de total silêncio, ela abriu um grande sorriso
para mim. Embora Luca não compartilhasse seu entusiasmo.
Eu o ignorei. — Você poderia me dar algumas de suas roupas?
Eu realmente preciso tomar banho e me trocar.
Luca ergueu as sobrancelhas. — Você precisa ficar
apresentável para ir embora?
Encontrei seu olhar. — Eu não vou sair. Nunca mais.
Aria estava praticamente pulando quando ela se
aproximou de mim e ligou nossos braços.
— Vamos ver. — disse Luca simplesmente. Aria lançou
a ele um olhar antes que ela me levasse lá em cima em direção
a seu closet.
— Não dê ouvidos a ele. Ele é protetor de Matteo. —
Aria murmurou. Ela puxou um jeans e uma camisa de mangas
compridas de suas gavetas e entregou para mim.
O protecionismo de Luca sobre Aria e Matteo era uma
das poucas coisas que eu gostava sobre ele. — Eu sei. Eu não
dei a ele qualquer razão para confiar em mim com seu irmão.
Aria me olhou com curiosidade, enquanto eu me despia.
— Então você vai voltar para o apartamento de Matteo?
Eu parei no meu caminho para o banheiro. Não era como
se eu já tivesse resolvido. Eu não tinha sequer começado
considerar onde viver depois de eu ter saído. — Sim. Eu vou
voltar a morar e ser sua esposa. Provavelmente não uma boa
esposa, mas Matteo sabia quando ele se casou comigo.
— Matteo não espera que você seja uma esposa perfeita.
Ele gosta de você por quem você é, com falhas e tudo.
Era a verdade, mesmo eu estando cega a ele por tanto
tempo. Eu entrei no chuveiro, mas não desliguei
imediatamente a água.
Aria afundou-se na borda da banheira. — Tem certeza
que você pode fazer o mesmo? Aceitar tudo dele, mesmo o seu
lado mau?
Havia um lado mau em Matteo, em cada homem feito,
mas eu vim a perceber que havia em mim também. Talvez não
tanto, mas estava lá. Em todos nós. Eu tinha tentado me tornar
outra pessoa, algum tipo de ideal que eu pensei que eu
precisava ser, mas eu nunca tinha sido assim e nunca o faria.
Matteo tinha colocado um espelho no meu rosto e me mostrou
quem eu realmente era e aonde eu pertencia. Eu odiei, eu tinha
lutado com unhas e dentes, mas era hora de ser corajosa.
— Sim. Eu amo, o seu lado mau e seu lado bom. — eu
disse com firmeza. Aria sorriu como se eu tivesse dado a ela
um enorme presente. Sorrindo de volta, eu mexi na água, e
realmente deixar as palavras afundarem, com sua veracidade.
Eu nunca ficaria bem com tudo como Matteo, nunca
faria nem a metade das coisas que ele tinha feito e eu
construiria um futuro. Mas eu percebi que eu não tinha que
estar feliz com todos os aspectos de sua vida. Enquanto Matteo
me tratasse com cuidado e respeito, desde que ele me amasse
eu o amasse, as coisas dariam certo.
Eu iria apoiá-lo e apoiá-lo da melhor maneira possível,
porque ele era meu e eu era dele.
Epílogo
GIANNA
Era final de abril e hoje era o primeiro dia quente do
ano. A temperatura finalmente subiu acima de 21°C. O mar
ainda estava frio demais para nadar, mas eu não me importei.
Eu não tinha certeza se era a praia e a brisa do mar que
me fizeram sentir livre. Eu andei para baixo do grande
gramado da mansão Vitiello em direção à praia. Matteo estava
logo atrás de mim, e se aproximou a julgar pelos seus passos.
Eu acelerei ainda mais, sem me atrever a lançar um olhar por
cima do meu ombro para verificar.
Meus pés bateram na areia. Não estava exatamente
quente, a água estava pior, mas eu não diminuí. Eu entrei em
direção as ondas suaves. No momento em que minhas
panturrilhas atingiram a água a minha respiração ficou presa
na minha garganta e eu tropecei em uma parada. Estava
definitivamente ainda demasiado frio para nadar. Eu quase caí
para a frente por causa do meu impulso. Com os dentes
batendo, eu estava prestes a sair novamente quando mãos
quentes agarraram minha cintura e me levantaram.
— Não! Não se atreva! — eu gritei.
Matteo riu e, em seguida, fui atirada pelo ar e aterrissei
em um mergulho na água gelada. Meus músculos se
contraíram por um momento, então eu avancei até a superfície
e ofeguei para respirar. Fiz uma careta para Matteo, que estava
sorrindo para mim. Ele estava com a água até seu estômago e
parecia não se importar com o frio. — Seu filho da puta. — eu
disse com meus dentes tremendo.
Meu corpo inteiro começou a tremer. Eu passei meus
braços em volta do meu peito tentando não congelar. As
sobrancelhas de Matteo se juntaram e ele veio em minha
direção, na verdade, parecendo preocupado. No momento em
que ele estava pra me alcançar, eu o ataquei. Corri para ele,
agarrando os ombros e tentando enterrá-lo sob a água.
Eu deveria ter considerado o quão Matteo era bom em
brigas físicas. Ele usou o meu impulso para me pegar e me
jogar por cima do ombro. — Ei! — eu gritei em protesto, mas
ele só bateu na minha bunda e começou a me levar para fora
do mar. — Onde você está me levando?
— Precisamos aquecê-la. — disse ele maliciosamente.
Excitação sacudiu através de mim, mas eu dei um show
chutando minhas pernas e martelando meus punhos contra
suas costas. Ele me levou para fora em direção a um canto do
gramado que estava protegido por arbustos. Um cobertor tinha
sido colocado lá. Ele tinha planejado isso!
Ele me deitou no cobertor e pairou sobre mim. Meu
corpo estava coberto de arrepios, e não apenas por causa do
frio.
— Que tal eu lamber cada gota de água fora de sua pele?
— Matteo murmurou, enquanto ele se inclinou e lambeu um
rastro quente acima do meu umbigo para minha clavícula.
— E se Aria ou Luca vierem até aqui? — eu sussurrei
enquanto ele empurrou meu biquíni para baixo, expondo meus
seios ao frio. Meus mamilos endureceram ainda mais e, em
seguida a boca quente de Matteo fechou em torno de um. Eu
me importava cada vez menos se alguém nos pegasse.
— Eles não vão sair tão cedo. — ele sussurrou contra a
minha pele. E essa foi à última vez que falamos por um longo
tempo. Seus lábios e mãos encontraram todos os lugares no
meu corpo, tirando o frio e deixando apenas calor em mim.
Quando ele finalmente entrou em mim, nossos corpos
pressionados juntos, parecia que tudo estava se encaixando.
Mesmo sem a brisa e o céu azul, eu me sentia livre.
Levou muito tempo, mas eu percebi que eu podia me sentir
livre, ser livre, mesmo quando eu estava com Matteo.
À noite, Matteo e Luca fizeram um churrasco na
varanda. O tempo estava firme e poderíamos comer lá fora.
Aria entrou para pegar a salada que ela tinha preparado
enquanto Matteo dirigiu-se para a adega para pegar algo para
beber. Isso me deixou sozinha com Luca que foi arrumar a
churrasqueira. Eu estava colocando a mesa, fingindo que ele
não estava lá. As coisas entre Luca e eu estavam tensas, nunca
tinham sido boas, mas pioraram desde que eu tinha aceitado
sua oferta meses atrás.
Eu tomei uma respiração profunda. Isso tinha que parar.
Luca não era apenas o irmão de Matteo, ele também era o
marido de Aria. Tínhamos que dar uma trégua em algum
momento. Larguei o último prato, limpei as mãos e, em
seguida, caminhei até Luca que estava virando as costeletas de
cordeiro marinado na grelha. Como se ele pudesse sentir a
minha atenção, ele olhou para cima. Foi inútil tentar ler sua
expressão. Eu fechei a distância restante entre nós. A maioria
de nossas interações não tinha sido exatamente civilizada.
Minha resposta para ele era geralmente irritante, mas eu estava
fazendo o meu melhor para manter minha expressão mais
aberta e amigável possível.
Luca levantou uma sobrancelha escura quando eu parei
ao lado dele.
De repente, me senti ridiculamente nervosa. — Eu sei
que você não gosta de mim. — eu comecei. — Mas eu acho
que nós deveríamos tentar nos dar bem por Aria e Matteo.
Consegui não me contorcer quando ele me examinou. O
que ele estava pensando?
— Eu não gosto de você porque eu odiei como você
tratou Matteo.
— Ok. — eu disse lentamente, não tenho certeza para
onde ir a partir daí.
— Mas eu estou começando a mudar de ideia.
— Você está?
Ele virou outra costeleta de cordeiro. — Estou
começando a pensar que talvez Matteo estivesse certo e vocês
dois juntos não é o pior que pode acontecer.
— Como? — Eu disse, sem saber se ele disse isso de
uma forma positiva. — Você é muito ruim com elogios.
— Eu não tenho o hábito de elogiar ninguém. E não diga
ao meu irmão, que eu disse que ele estava certo. Ele é
arrogante o suficiente. — Seus olhos foram para algo atrás de
mim e eu me virei e vi Matteo vindo à nossa direção, com os
braços carregados com várias garrafas de vinho.
— Ele é. — eu concordei com um sorriso. Luca me deu
o que poderia ser considerado a sua versão de um sorriso, e
algum tipo de entendimento silencioso passou entre nós.
Matteo colocou as garrafas de vinho sobre a mesa antes
de se juntar a nós, envolvendo o braço em volta da minha
cintura. — O que vocês estão fofocando?
— De você. — disse Luca e eu ao mesmo tempo.
— É mesmo? — Matteo levantou uma sobrancelha.
Aria voltou da cozinha, os olhos correndo entre nós. Ela
apertou-se contra Luca com um olhar confuso. — O que está
acontecendo?
— Seu marido e minha esposa estão discutindo meus
muitos traços maravilhosos. — disse Matteo.
Eu cutuquei seu lado. — Você é muito arrogante.
Matteo beijou minha orelha. — Admita você ama a
minha arrogância.
— Admito.
— Suas declarações de amor ainda deixam meus joelhos
fracos. — brincou.
Fiquei na ponta dos pés. — Sua arrogância não é a única
coisa que eu amo em você. — eu deixei meus olhos vagarem
pelo seu comprimento.
— Eu preciso de um cordeiro sangrento para anular esta
exibição repugnante de doçura. — Luca murmurou, mas eu
não perdi o olhar terno que ele tinha dado a Aria quando
pensava que ninguém estava prestando atenção.
Matteo me pegou em seus braços e me beijou. Luca
resmungou alguma coisa, mas eu não ouvi. Tudo o que
importava era Matteo.
Notas
[←1]
NRA, é uma organização norte-americana sem fins lucrativos que lista,
como seus objetivos, a proteção da segunda emenda da Constituição dos
Estados Unidos da América e a promoção dos direitos dos proprietários de
armas de fogo, a proteção da caça e da autodefesa nos Estados Unidos.

[←2]
(em português: descompensação horária; em medicina, dissincronose) é uma
fadiga de viagem.

[←3]
Homens mais velhos que namoram meninas mais novas e as sustentam.

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