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AULA 2 – DIREITO DAS SUCESSOES

1- Sucessão: é o ato jurídico pelo qual uma pessoa substitui outra em seus direitos e 
obrigações, podendo ser consequência tanto de uma relação entre pessoas vivas  quanto
da morte de alguém.  

Entre pessoas vivas (Ex: compra e venda de imóvel)  


No Direito das Sucessões, apenas trataremos da sucessão Causa Mortis. 

2- Conceito de Direito das Sucessões: é o ramo do Direito que disciplina a


transferência do patrimônio de alguém, depois da sua morte. O direito de herança é
garantido no art. 5º, XXX, CF/88. 

Obs1: atenção ao artigo 1792 do CC/02 – o herdeiro só responde pelas dívidas do  de
cujus, até as forças da herança. 

Obs 2: A pessoa jurídica pode herdar, mas não deixa herança.


Ex: mediante testamento, posso deixar a minha parte disponível (50% dos meus bens, se
eu  tiver herdeiros necessários ou 100% dos meus bens se eu não tiver herdeiros 
necessários) para o Flamengo.  

Obs 3: Não podemos confundir herança com meação. 


Meação é a parte que cabe a cada cônjuge sobre os bens que integram o patrimônio do
casal. 

3- Fontes do Direito das Sucessões: (art. 1786 CC/02) 

a) Lei – a lei traz quem são os herdeiros. 


b) Vontade da pessoa – mediante testamento, posso deixar a minha parte disponível
para quem quiser. 

4- Conceito de Herança: é um somatório, em que se incluem os bens e as dívidas, os 


créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e ações de que era  titular
o falecido e as que contra ele foram propostas desde que transmissíveis. Compreende o
ativo e o passivo e até o momento da partilha é indivisível. Ver  art. 1792 e 1997
CC/02. 

5- Conceito de Legado: é a disposição testamentária de última vontade que nomeia  o


legatário para um bem ou para um conjunto de bens certos e determinados dentro  da
herança. Legado não é sinônimo de unidade e sim de singularidade, é um bem  ou um
conjunto de bens individualizados.
Ex: João, solteiro e pai de uma filha,  possuía em vida um apartamento avaliado em R$
500.000,00 (quinhentos mil  reais) e um terreno avaliado em R$ 200.000,00 (duzentos
mil reais). Através de  testamento, deixou para o seu amigo de infância, o terreno acima
mencionado.  Esse amigo será legatário = recebeu um bem determinado.
6- Espólio: é o conjunto dos bens e obrigações do falecido, administrados pelo 
inventariante. 

7- Momento da abertura da sucessão: art. 1784 CC/02 

- No exato momento da morte = a herança será transmitida automaticamente. -


Princípio da Saisine = a posse é transmitida automaticamente aos herdeiros. - A
morte, a transmissão da herança e a abertura da sucessão ocorrem no mesmo 
momento, de forma automática.  

8- Pressupostos da Sucessão: 

a) A morte = prova-se através do atestado de óbito. 


b) A existência de herdeiros e/ou legatários (observar a ordem de vocação  hereditária). 

9- Aplicabilidade da lei no Direito das Sucessões: 

a) No Direito Civil (art. 1787 CC/02): lei do momento da morte. O direito dos 
herdeiros rege-se pela lei vigente à época em que ocorre a abertura da  sucessão. 
Ex: se o autor da herança faleceu em 1999 e os herdeiros somente deram 
entrada no inventário em 2005 = neste caso, o inventário seguirá as normas 
disciplinadas no Código Civil de 1916, vez que era o que estava em vigor na 
época da abertura da sucessão, ou seja, na época da morte. 
Cabe exceção no caso da sucessão testamentária: para capacidade  testamentária
(quem pode testar) e requisitos do testamento, valerá a lei do  momento em que
o testamento foi elaborado. 

b) No Direito Tributário: a mesma regra acima. Ex: as regras para pagamento do 
ITCMD, serão as regras em vigor na época da abertura da sucessão. 

c) No Direito Processual Civil: valerá a lei vigente, vez que norma processual  tem
aplicabilidade imediata – art. 14 NCPC/15. Ex: joão morreu em 2013, mas  o
inventário somente foi aberto em 2016 – as normas processuais do NCPC/15 que
irão reger todo o processo de inventário e partilha.  

10- Lugar da abertura da sucessão (art. 1785 CC/02 e art. 48 NCPC/15): 

A Regra: último domicílio do falecido = lugar que será aberto o Processo de 
Inventário e Partilha.  

É este o foro competente para o processamento do inventário, mesmo que o óbito 


tenha ocorrido em outro local ou, no exterior e ainda que outros sejam os locais  da
situação dos bens.
Exceções: 
- no caso de domicílio incerto (art. 48, I,II e III do NCPC) = local da  situação dos
bens e havendo bens em foros diferentes, qualquer um destes.  - pluralidade
domiciliar ( art. 71 CC/02) = qualquer um deles.

Espécies de Sucessão e de Sucessores:  

1. Espécies de Sucessão (art. 1786 CC/02):  


a) Sucessão Legítima (art. 1788 CC/02 e 1829 CC/02) : decorre da lei. Quando o autor 
da herança falece sem deixar testamento, a herança transmite-se em sua totalidade para 
os herdeiros legítimos. O mesmo acontece quanto aos bens não inseridos no
testamento,  ou se este caducar ou for considerado nulo.  
b) Sucessão Testamentária (art. 1857 cc/02): dá-se através de testamento. Se o autor
da  herança for capaz, poderá dispor de seus bens através de ato de disposição de última 
vontade (testamento). Havendo herdeiros necessários (1845 e 1846 CC/02) = só poderá 
dispor de 50% dos seus bens. Não existindo herdeiros necessários, poderá dispor de
100% 
da herança. Princípio da Liberdade limitada de testar (art. 1789)  

2- Espécies de Sucessores:  
a) Herdeiros Legítimos (art. 1829 cc) : o direito de suceder decorre da lei. São os 
descendentes, os ascendentes, o cônjuge e os colaterais até o 4 º grau. Os mais
próximos  excluem os mais remotos.  
a.1- Herdeiros Legítimos Necessários (art 1845 e 1846 CC): são os ascendentes, 
os descendentes e o cônjuge. Tem direito ao mínimo de 50% do patrimônio do
morto,  sendo que esta parte não pode ser instituída por testamento. 
 a.2 – Herdeiros Legítimos Facultativos (1850 CC/02) : são os colaterais até o
4º  grau. Podem ser afastados da herança por testamento.  
b) Herdeiros Testamentários ( art. 1857): instituídos por testamento, de acordo com a 
vontade do testador. Se não houver herdeiros necessários, o testador pode-se dispor de 
100% do patrimônio. Se o testador individualizar o bem no testamento, há um
legatário.  
c)Herdeiro Universal: herdeiro único, herdará 100% do acervo. 

3- Da Vocação Hereditária (1829 CC/02): Ordem de vocação hereditária: é o


conjunto  de regras e princípios que regulamentam a transmissão do patrimônio do autor
da herança  aos seus sucessores. É o rol de pessoas que podem suceder (legitimidade
passiva ).  
A ordem de vocação hereditária se dará da seguinte forma:  
a) Primeiramente herdarão os descendentes – se o autor da herança for casado, os 
descendentes herdarão juntamente com o cônjuge (observadas as regras do art. 1829, I, 
CC/02);  
obs: no caso dos descendentes = o grau mais próximo exclui o mais remoto, salvo o
direito  de representação.  
b) Se o autor da herança não tiver descendentes, somente neste caso, os ascendentes 
serão chamados para suceder juntamente com o cônjuge. Se o autor da herança não for
casado, os ascendentes herdarão 100% do acervo. 
Obs: no caso dos ascendentes = o grau mais próximo exclui o mais remoto. Neste caso 
não cabe direito de representação.  
c) Na falta de descendentes e ascendentes, o cônjuge herdará sozinho (100% do
acervo); 
d) Na falta de descendentes, ascendentes ou cônjuge, é que os colaterais irão herdar. 
(Lembrar que os colaterais somente irão herdar, se o autor da herança não tiver deixado 
testamento, dispondo da totalidade de seus bens para outra pessoa, vez que colaterais
são  herdeiros legítimos, porém também são facultativos). 
O grau mais próximo irá excluir o mais remoto. Primeiro serão chamados os irmãos, 
depois os sobrinhos, depois os tios, depois os primos, depois os sobrinhos netos e, por 
último, os tios avós.  

4- Da Legitimação para suceder (arts. 1798 e 1799): em regra, vigora o princípio de


que  todas as pessoas podem suceder, exceto as afastadas por lei.  
→ podem suceder tanto pessoas físicas, quanto pessoas jurídicas. Não podem suceder 
objetos inanimados ( ex: santos) e nem animais.  
→podem suceder as pessoas já nascidas ou já concebidas no momento da abertura da 
sucessão. Este dispositivo refere-se a proteção do nascituro, vez que este tem
resguardado  o seu direito de herança desde a sua concepção, porém para receber
efetivamente a  herança, ou seja a sua eficácia, dependerá do nascimento com vida.
Todavia, se nascer  morto, não haverá aquisição do direito de herança, é como se nunca
tivesse existido. A 
sua cota parte será devolvida aos demais herdeiros legítimos ou testamentários. O 
nascituro pode ser chamado para suceder tanto na herança legítima como na 
testamentária.  
→ de acordo com o princípio da coexistência caducam as disposições testamentárias
que  beneficiam pessoas já falecidas na época da abertura da sucessão. Ex: João faz um 
testamento deixando a sua parte disponível para um primo, porém este vem a falecer
antes  da abertura da sucessão de João = esta disposição não terá mais validade e o
acervo 
reservado para o primo será devolvido para os demais herdeiros.  
→ de acordo com o inciso I do artigo 1799, podem ainda ser chamados para suceder, os 
filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas
ao  abrir-se a sucessão. Verificamos que se trata de uma exceção à regra do art. 1798.
Neste  caso, será permitido, através de testamento, beneficiar a prole eventual. Ex: João,
deixa  através de testamento, uma parte dos seus bens disponíveis, para o filho que sua
irmã  Clara, venha a conceber. = essa disposição é válida, desde que indique de quem
será o  filho a ser beneficiado (somente poderá ser filho) e essa concepção poderá
acontecer em  um prazo de até dois anos, contados da morte do autor da herança. 
→Direitos sucessórios de quem foi concebido por inseminação artificial post mortem 
(após a morte do autor da herança): assunto não pacificado na jurisprudência e nem há 
corrente majoritária por parte da doutrina, quanto ao direito de herança neste caso. 
Existem os que defendem o direito sucessório, baseado na igualdade de direito entre os 
filhos e os que não defendem, baseado no princípio da segurança jurídica dos herdeiros 
já existentes. Há a urgente necessidade de resolução por parte dos tribunais superiores. 
Quanto ao filho concebido por inseminação artificial em vida, não há discussão = 
princípio da igualdade jurídica entre os filhos. Porém se esta concepção ocorre após a 
morte = surge o problema. Muitos homens possuem material genético armazenados em 
bancos de sêmen e em alguns casos, mediante cláusula testamentária, deixam a 
autorização para a cônjuge implantar esse material, ocorrendo a fecundação, após a sua 
morte.  
5- Pessoas que não podem ser nomeadas herdeiras testamentárias nem legatárias
(art.  1801 CC): incapacidade passiva. 
São pessoas consideradas suspeitas em relação ao autor da herança. Deve existir uma
liberdade no ato de testar, quanto aos bens os disponíveis. O testamento deve
representar a fiel vontade do testador. As pessoas indicadas nos incisos I,II e IV,
poderiam vir a  macular a vontade do testador, poderiam influenciá-lo a beneficiá-las ou
beneficiar seus  parentes próximos. No caso do(a) concubino(a) – inciso III, existe essa
vedação para proteger a família. A regra vale apenas para o concubinato adulterino, não
se aplicando nos casos em que a sociedade conjugal já se encontra dissolvida de fato, há
mais de 5  anos.

- No exato momento da morte = a herança será transmitida automaticamente. -


Princípio da Saisine = a posse é transmitida automaticamente aos herdeiros. - A
morte, a transmissão da herança e a abertura da sucessão ocorrem no mesmo 
momento, de forma automática.  

8- Pressupostos da Sucessão: 

a) A morte = prova-se através do atestado de óbito. 


b) A existência de herdeiros e/ou legatários (observar a ordem de vocação  hereditária). 

9- Aplicabilidade da lei no Direito das Sucessões: 

a) No Direito Civil (art. 1787 CC/02): lei do momento da morte. O direito dos 
herdeiros rege-se pela lei vigente à época em que ocorre a abertura da  sucessão. 
Ex: se o autor da herança faleceu em 1999 e os herdeiros somente deram 
entrada no inventário em 2005 = neste caso, o inventário seguirá as normas 
disciplinadas no Código Civil de 1916, vez que era o que estava em vigor na 
época da abertura da sucessão, ou seja, na época da morte. 
Cabe exceção no caso da sucessão testamentária: para capacidade  testamentária
(quem pode testar) e requisitos do testamento, valerá a lei do  momento em que o
testamento foi elaborado. 
b) No Direito Tributário: a mesma regra acima. Ex: as regras para pagamento do 
ITCMD, serão as regras em vigor na época da abertura da sucessão. 

c) No Direito Processual Civil: valerá a lei vigente, vez que norma processual 
tem aplicabilidade imediata – art. 14 NCPC/15. Ex: joão morreu em 2013, mas 
o inventário somente foi aberto em 2016 – as normas processuais do NCPC/15
que irão reger todo o processo de inventário e partilha.  

10- Lugar da abertura da sucessão (art. 1785 CC/02 e art. 48 NCPC/15): 

A Regra: último domicílio do falecido = lugar que será aberto o Processo de 
Inventário e Partilha.  

É este o foro competente para o processamento do inventário, mesmo que o óbito 


tenha ocorrido em outro local ou, no exterior e ainda que outros sejam os locais  da
situação dos bens.

Exceções: 
- no caso de domicílio incerto (art. 48, I,II e III do NCPC) = local da  situação dos
bens e havendo bens em foros diferentes, qualquer um destes.  – pluralidade
domiciliar ( art. 71 CC/02) = qualquer um deles.

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