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Takeuchi e Nonaka (2008) expõem que as empresas bem-sucedidas entendem


que, compreendendo os paradoxos, o mundo parece diferente e menos ameaçador.
Os autores citam Joseph Schumpeter, economista austríaco, como exemplo de
alguém que conseguiu manter duas ideias opostas ao mesmo tempo, ao desenvolver
os postulados do “desequilíbrio dinâmico”, como a estabilidade da economia, e da
“destruição criativa”, por parte dos inovadores, como a força propulsora da economia
no mundo capitalista. Essas teorias são a antítese da teoria econômica, que se baseia
na compreensão do equilíbrio como regra de uma economia saudável e nas políticas
monetária e fiscal como impulsionadoras da economia moderna. Somente uma
mente diferenciada consegue manter duas visões opostas em busca de uma melhor
resposta. Essa é a forma pela qual os autores defendem como devem pensar e agir nas
organizações que querem ser bem-sucedidas.

As empresas fracassam devido à tendência de tentarem eliminar os paradoxos.


Hoje, diferentemente das organizações da Sociedade Industrial, as da Sociedade do
Conhecimento acreditam que o paradoxo é algo que deve ser aceito e cultivado,
como observam Takeuchi e Nonaka (2008, p. 19) na seguinte citação:

As contradições, as inconsistências, os dilemas, as dualidades,


as polaridades, as dicotomias e as oposições não são alheios
ao conhecimento, pois o conhecimento em si é formado por
dois componentes dicotômicos e aparentemente opostos –
isto é, o conhecimento explícito e o conhecimento tácito.

Mas, afinal, o que é um paradoxo? Vasconcelos, Mota e Pinochet (2003) citam a


definição de paradoxo proposta por Eisenhardt (2000): trata-se da existência simultânea
de duas realidades opostas e aparentemente irreconciliáveis, assim como acontece
com novo e velho, liberdade e vigilância, autonomia e conformidade. Os mesmos
autores atribuem a Merton (1950) o argumento de que as ações sociais produzem
paradoxo básico, com consequências contraditórias; para cada consequência desejada
de uma ação, ocorrem consequências secundárias não desejadas ou previstas, que se
contrapõem às consequências encontradas pelas pessoas ao agir.

Reflita
Faça uma relação entre os argumentos de Merton e o paradoxo entre
o discurso e a prática nas organizações. Todas as normas prescritas
em manuais de procedimentos são aplicadas? Cumpri-las trazem
consequências contraditórias não desejadas ou previstas?

A produção de normas de procedimentos é baseada na racionalidade e


a ação envolve o componente da emoção. Isso quer dizer que razão e

Fundamentos sobre o conhecimento 33

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