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I - Vietor Alvim ltahim GaTei&
(Lobisomem)
A Peleja de
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MANGANGA
. PROJETO
Victor Alvim ltahim Garcia
LITERATURA DE CORDEL (Lobisomem)
! Na época dos povos conquistadores greco-romanos, fenícios,
cartagineses, saxões e outros, a literatura de,cordel já existia, tendo A Peleja de
chegado a Penlnsula Ibérica (Portugal e Espanha) por volta do século
XVI. Na Penlnsulaa literatura de cordel recebeu os nomes "pliegos
LAMPIAo
sueltos" (Espanha) e "folhas soltas" ou "volantes" (Portugal), O ver- com
bete cordel se refere ao cordão ou barbante em que eram pendurados BESOURO
os folhetos para a venda. MANGANGA
, LITERATURA DE CORDEL NO BRASIL
Oriunda de eortugal, a literatura de cordel éhegouno balalo e no Vou narrar para vocês
coração de nossos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais Uma história arrepiante
precisamente em Salvador, primeira capital do Brasil. Dali se irradi- Poucos ficaram sabendo
ou para os demais estados do Nordeste. Os primeiros livretos im-
Deste encontro importante
pressos no Brasil datam do final do século XIX como "A PELEJA DE
MANOEL RIACHÃO COM O DIABO" escrito por Leandro Gomes de Entre dois cabras da peste
Uma coisa impressionante
Barros.
Bastante difundidos e vendidos nas feiras nordestinas, os livretos
de cordel apresentam um gênero literário popular em forma de po- Dois cabras muito arretados
esia. Valentes como ninguém
Hoje em dia como eles
CAPOEIRA E LITERATURA DE CORDEL
A literatura de cordel exerce grande fascínio e influência sobre os Duvido que encontrem alguém
capoeiristas.Trechos de folhetos famosos como "A Peleja de Riachão Eram bravos, destemidos
com o Diabo", "A Vida de Pedro Cem", "O Valente Vilela", "A Donzela E bons de briga também
Teodora" entre outros são cantados desde, pelo menos o início do
século passado pelos velhos mestres baianos como Bimba, Pastin- Os dois eram naturais
ha, Traíra, Cobrinha Verde, Waldemar da Paixão e outros.
Do nordeste brasileiro
XILOGRAVt;JRA Um era capoeirista
, A xilogravura é a arte de qravar em relevo na madeira. Depois de O outro era cangaceiro
gravada a matriz recebe uma camada de tinta que possibilita a im- Mas os dois fizeram fama
, pressão sobre papel. São muito usadas para ilustras as capas dos No Brasil 'e no estrangeiro
folhetos de cordel brasileiros.
Besouro olhou aquilo
I Um vivia no recôncavo
Perguntou pra Lampião:
E o outro no sertão
- Cangaceiro onde é que está
Um era Besouro Preto Sua boa educação?
O outro era Lampião Sua mãe não lhe ensinou
Os dois cabras mais valentes Onde é que se cospe não?
Feito a imagem do cão
Lampião lhe respondeu:
Lampião era o apelido - Eu cuspo onde' eu quiser
De Virgulino Ferreira E não se meta comigo
Besouro foi batizado Pois nada do que eu fizer
,Manoe1 Henrique Pereira Não devo satisfação
Os dois homens mais valentes A homem e nem a mulher
Da história da Terra inteira
(Lampião)
- E vou logo lhe avisando:
Um dia se encontraram
É melhor ficar na sua
Dentro de um armazém
Pois senão eu lhe expulso
Um encostou-se ao balcão Desse armazém pra rua
O outro encostou também E lhe deixarei sangrando
O povo à volta com medo Muito mais que carne crua
Fugiu, não sobrou ninguém
(Lampião)
O dono do armazém - Pois acho que tu não sabes
Escondeu-se no porão Com quem é que estás falando
Lampião olhou Besouro Se não sabe quem eu sou
Besouro olhou Lampião Eu vou logo lhe avisando
Ficaram se encarando Sou Capitão Virgulino ,
Lampião se apresentando!
-
Lampião cuspiu no chão
(Besouro)
I Besouro deu um sorriso - Lampião escute bem
Do lugar não se moveu Vou lhe dar esse recado
Olhou para Lampião Não adianta mostrar
E assim lhe respondeu: O teu punhal afiado
- Você já se apresentou , Meu couro ele não fura
Vou te contar quem sou eu Pois tenho o corpo fechado
(Besouro) (Lampião)
- Se você é Lampião - Se seu corpo é fechado
Agorinha eu vou abrir
Prazer em lhe conhecer
Besouro cabra da peste
Se não sabe quem sou eu
Tu não vai me escapulir
Agora tu vai saber.
Minha faca no teu bucho
Vou lhe dizer quem eu sou
Agora tu vai sentir
Mas não precisa correr
(Besouro)
(Besouro) - Lampião tu não me assusta
- Sou Besouro Mangangá Com essa sua faquinha
Capoeira mandingueiro De descáscar macaxeira
Temido e respeitado Pra modo de fazer farinha
Por esse Brasil inteiro E já estou me aborrecendo
E aviso: não tenho medo Com toda essa ladainha
Nem mesmo de cangaceiro!
(Lampião)
Lampião muito zangado - Besouro voe daqui
Puxou logo seu punhal Ou então desapareça
.Senão eu vou lhe rasgar
Besouro numa das mãos
Dos P€S até a cabeça
Segurava um berimbau .
É tua última chance
Mas não se intimidou
Antes que isso aconteça
Eachou aquilo normal
"L
(Lampião)
- Besouro largue o punhal
( (Besouro)
Senão eu vou atirar
_Lampião vou lhe dizer
Vou lhe mandar para o inferno
Ouça aqui meu bom rapaz
Pois lá é que é seu lugar
Você é muito atrevido
Mas acho que nem por lá
E já foi longe demais
Vou lhe mandar para o inferno Vão querer lhe aceitar!
Pra visitar satanás
Besouro na mesma hora
Largou no chão a peixeira
'E Lampião avançou
Com o seu punhal na mão Lampião foi apanhá-Ia
E marcou uma bobeira
Querendo furar Besouro
Que desarmou Lampião Besouro lhe aplicou
N o queixo uma ca1canheira
Tomando o seu punhal
No meio da confusão
Ca1canheira é um golpe
Besouro na mão esquerda Batido com o ca:lcanhar
Lampião cambaleou
Segurava o berimbau
Mas não chegou a tombar
Encostou o seu querido
Besouro então iria
Instrumento musical
Ficou com uma mão livre O serviço completar
E na outra o punhal .
Um veloz rabo-de-arraia
Lampião tinha nas costas Besouro lhe aplicou
Pendurado o seu fuzil Na orelha de Lampião
.Puxou a arma e apontou O seu golpe acertou
Pra Besouro que .sorriu E a pancada foi tão forte
O cangaceiro com o dedo Que o cangaceiro tombou
••••
No gatilho advertiu:
"'
(Lampião)
( (Besouro)
- Levante Besouro Preto
Parabelo, fuzil, garrucha
Pare com esse gemido
Nunca hão de me acertar
Fique em pé, pois eu não bato
Navalha, faca, espada
Em homem no chão caído,
Jamais irão me cortar
A briga mal começou
Se você é macho mesmo
Você nem está ferido!
Largue as armas pra brigar
Besouro deu um aú
Lampião muito invocado
E caiu em pé gingando
Largou as armas no chão
Pulou de um lado pro outro
Aceitou o desafio
De enfrentar o valentão' Lampião parado olhando
Parecia que Besouro
Ia mostrar pra Besouro
Ia lhe hipnotizando
Quem mandava no sertão
Lampião se distraiu
Virgulino avançou
Com a ginga de Besouro
E acertou-lhe um murro
Que lhe deu uma cabeçada:
Na orelha de Besouro
Como chifrada de touro
Que na hora deu um urro
Fazendo até voar longe
Pois o socó foi mais forte
Seu velho chapéu de couro
Que o coice de um burro
,
Besouro e Lampião
Lampião de todos eles
Brigaram mais uma hora -
Era o mais procurado
Nenhum deles se entregava
Quem conseguisse O prender
Nem pensava em ir embora
Seria recompensado
Mas de repente escutaram
E como um animal
Algum barulho lá fora
Lampião era caçado
Em volta do armazém
Neste tempo a capoeira
Cento e cinquenta soldados
Era mesmo perseguida
Da volante da polícia
Pelo código penal
Fortemente bem armados
Tinha sido proibida
Besouro e Lampião
E Besouro assim não tinha
Agora estavam cercados
Sossego em sua vida
A volante que cercava
( Mangangá e Virgulino Um olhou para o outro
Estava sendo chefiada Sem nada pronunciar
Pelo tenente Firmino Os dois já se entenderam
Homem muito violento, Simplesmente no olhar
Nada tinha de mofino Teriam que se unir
Se quisessem escapar
o Tenente Zé Firmino
Berrou então outra vez: Com o cerco da volante
- É melhor vocês saírem Teve trégua o duelo
Ou atiro em vocês Lampião pegou o seu
Já estou lhes procurando Rifle de papo amarelo
Há muito mais de um mês! Pra Besouro ofereceu
Seu querido parabelo
Lá dentro os dois valentes
Bufavam muito cansados E mais uma vez ouviram
Brigaram a tarde inteira Lá de fora o tenente
Estavam bem.machucados Gritando e ameaçando:
E parece que agora - Vou mandar lhes chumbo quente
Estariam arruinados Vocês vão virar peneiras
Se entreguem logo pra gente!
Em volta do armazém
A volante traiçoeira Besouro e Lampião
Descansada e bem armada Deram uma gargalhada
Havia uma tropa inteira Lampião gritou: - Firmino
Sedentos para prender Eu não me entrego por nada!
Lampião e 0 capoeira Besouro disse: - O Tenente
É mesmo bom de piada!
Lampião pela janela
As paredes do armazém
I Botou o fuzil pra f~ra '
Estavam igual peneira
Disse: - Tenente Firmino
Lampião numa j anela
Pode começar agora!
E na outra o capoeira
Dez soldados já correram
Riam como se estivéssem
, Com medo foram embora
Numa grande brincadeira
O Tenente Zé Firmino
Todo tiro que eles davam
Não queria recuar
Mais um macaco caía
Cabra macho e valente
Era outro que deitava
Não ia se intimidar
E de morto se fingia
Deu a ordem pra volante
Cada vez que eles gritavam
Fazer fogo, atirar
Algum soldado fugia
Começou a barulheira
Vários soldados tombaram
Naquele exato instante
Feridos, ensangüentados
Para cima do armazém
Dezenas deles correram
Atirou toda a volante
Fugiram apavorados
Foi uma chuva de balas
E daqueles cento e cinqüenta
Um tiroteio constante . ,
Restaram trinta soldados .
Os valentes no armazém
(
Não tinham nem arranhão Naquele fogo cruzado
Só que agora acabara Saíram os dois valentes
Toda a sua munição Vocês podem até pensar
E a polícia lá fora Que foram inconseqüentes
Persistia na missão Mas Lampião e Besouro
Eram muito inteligentes
A volante ainda tinha
Munição até de sobra Quando saíram pra fora
. O tenente era tinhoso Toda a volante tremeu
Como peçonha de cobra Largaram as suas armas
Mas Lampião e Besouro Soldado algum entendeu
Eram pau pra toda obra Como naquele ataque
Nenhum deles dóis morreu
Com suas armas de fogo
Não podiam mais contar Besouro e Lampião
A volante lá de fora -Começaram a bater
Não parava de atirar Nos soldados da volante
Deitaram-se os dois no chão Que estavam a tremer
Começaram a rezar E um por um deles todos
Desandaram' a correr
Todo homem quando reza
Quase sempre obtém Era macaco correndo
Uma inspiração divina· Para tudo quanto é lado
E a ajuda do além E o tenente Firmino
E a idéia que tiveram Totalmente assombrado
Foi sair:do armazém . Com. sua arma na mão
Estava paralisado
f{
O tenente balançou
A cabeça e disse: - Sim!
Saiu correndo gritando:
- Misericórdia de mim! FIM
E agora a nossa história Outubro/2006
Está quase chegando ao fim . ,
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