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PROCESSUAL PENAL. ART. 4º, ALÍNEA B, DA LEI Nº 1.521/51, ART.

1º DA

LEI Nº 9.613/98 E ART. 288 DO CÓDIGO PENAL. PRISÃO CAUTELAR. NULIDADE.


VIOLAÇÃO AO TEOR DA SÚMULA VINCULANTE Nº 14. NÃO OCORRÊNCIA.

INQUÉRITO POLICIAL. PROCEDIMENTO INQUISITÓRIO. CERCEAMENTO DE


ACESSO AOS AUTOS NÃO EVIDENCIADO. FUNDAMENTAÇÃO. CONVENIÊNCIA

DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. RESGUARDO DA ORDEM PÚBLICA. GARANTIA DE


APLICAÇÃO DA LEI PENAL. ELEMENTOS CONCRETOS. RÉ FORAGIDA. ORDEM

DENEGADA.1. A súmula vinculante nº 14 não possui o condão de alterar a

natureza do procedimento investigatório, expressando apenas o direito de acesso


pela defesa aos elementos de convicção já documentados pelo órgão com

competência de polícia e que digam respeito ao exercício legítimo do direito de


defesa.2. Considerando a natureza do inquérito, não prospera a pretensão

anulatória sob o argumento de que a paciente não teria sido instada a se


manifestar em sede policial quanto às diligências realizadas. Da mesma forma,

não tendo o impetrante demonstrado, por intermédio de prova pré-constituída,


suposta negativa de acesso aos autos do inquérito policial, não há se falar em

infringência ao teor da súmula vinculante nº 14.3. Ainda que assim não fosse,
"eventuais irregularidades ocorridas na fase investigatória, dada a natureza
inquisitiva do inquérito policial, não contaminam a ação penal" (HC 232.674/SP,
Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, Dje 10/4/2013).4. A prisão é medida extrema

sujeita à existência de elementos concretos de comprovação da necessidade de


proteção da ordem pública, garantia de aplicação da lei penal e conveniência da

instrução criminal.5. In casu, as instâncias de origem destacaram o modus


operandi delitivo, ressaltando a grande soma em dinheiro (cinquenta milhões de

reais) auferida pelos agentes em decorrência dos diversos crimes perpetrados


contra a economia popular, bem como a capilaridade da associação,

hierarquizada e com elaborada divisão de tarefas, que contava com panfletagem


e com agentes especializados em assediar vendedores e compradores de cartões
dos programas Rio-Card e VR-Vale. Para as instâncias de origem, tais
circunstâncias seriam capazes, inclusive, de por em risco a conveniência da

instrução criminal, haja vista a "grande capacidade de coação de testemunhas".6.


A custódia preventiva restou firmada, também, para o resguardo da ordem

pública, mais especificamente em virtude do risco concreto de reiteração delitiva,


destacando o magistrado a quo que "os acusados se dedicam de forma contumaz

à atividade criminosa, não sendo inibidos pelas investigações policiais". 7. Nesse


contexto, indevida a aplicação de medidas cautelares alternativas à prisão, porque

insuficientes para resguardar a ordem pública.8. Ordem denegada.(HC

398.527/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,


julgado em 13/06/2017, DJe 23/06/2017).

Súmula Vinculante 14

É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos

elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório


realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao

exercício do direito de defesa.

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