Você está na página 1de 23
BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo da(coos VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan-Jun 2000/188N Le “Com ferro, fogo e argumentagio”: Cruzada, Conversaoe a Teoria dos Dois Ghidiosna filosofia de Ramon Llull “With iron, fire and argumentation”: Crusade, Conversion and the Doctrine of the Two Swords in the Ramon Llull's Philosophy Ricardo da COST arvana Nunes LEMOS Resumo: Anilise das propostas de cruzada, conversio © a Trorta dav Di Gliias na Sluafa de onersrao de Ramon Lull, com base nos poemas Desi, (1295) M 1311) © nas obras Litre da Co plusdo (c. 1271-1273), Lirm dP. frre sha Ciuc (1295-1296), 1 1305), Pit ein Ramon, 9 far ILL} © O Litvs dla Cidade els Meads 1B) ras-chave Filosofia medieval — Cruzada ~‘Tosria div Dats Glidion — Poesia = Ramon Mull Keywords Medieval Philosophy — Crisade — Teor, of Tae Swords — Poetry Ramon Lull Cristianismo ¢ Islamismo foram as duas religides ¢ ambientes culturais frente as quais se cristalou a filosofia de Ramon Lull (1232-1316). ilha de Maiorca era um local fronteinco entre a Cristandade © 0 Isli, com estreitas relagdes comerciais com 0 Magy, © em que o euér compartillava um espaco comum, Judeus © muculmanos foram o seu parudigma do “infiel”, mesmo com semelhangas em seus fundamentos bisicos, como a fé em um Deus 196, BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo daveoond ).Min VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan-Jun 2010/1S8N 1676-5818 criador © © uso da mesma linguagem para a expressto conceitual, a Filosofia grega! Lull propds uma forma de conversio através de uma disputa (digpnfatid) que se diferenciava das mas uthzadas até entio. Defendeu que a sua fo carolicismo romano, era o tinico credo verdadeiro ¢, portanto, a Unica format de se alcancar a salvacio eterna. Seu projeto missionirio-apologética seria realizado, principalmente, por meio da pregacio” As” disputas com representantes das outras religiGes bascavam-se na busca pela verdade eristi ¢ na refuracao ractonal dos erros dos outros, Para isso, Ramon buscava nagies nevessirias para demonstrar © provar os artigos larmente a Eneamacio ¢ a ‘Lrindade. A solucdo veio aprosimadamente em 1274, quando, aos quarenta ¢ dois anc ocorreu um dos acontecimentos mais cruciais de sua vida: a iluminacio de Randa, onde, segundo cle, Deus transmitiu Ihe um método apologético, chamado pelo filésofo de Arf, Ramon subiw_o monte Randa, localzado prosimo 4 sua casa, para contemplar a Deus. 1 Ha raaetanea 189, SLL nos relata que da f catilica aos inficis, partic Mediovalista da Universidade Federal do Espirito Santo (Utes). sad 910 da Real Acad de Bo Site www nicardacosta COLOMER, Fusebi, “a actitucl complyja y ambivalente de Ramon Hull ante el judaise cl islamismo”. fie DOMINGUEZ REBOIRAS, Fernando y DE SALAS, Jame sedis bias dip. 1994 Tubingen: Max Nie As eeqras ds ort soncntolatana, Actas del simpovio sobre Barron Lint ew Trail, (7-20 de septiembre never Verlag, 1996, p fesinclufam a missio como uma das obsig rege dos franciscanos se referia espressamente ans trades que rcdies dos frades, dedicaram i sclizaciiy dos sagsicenos ¢ demais infiéis. O peiprin Sin Prancisen (. 1181-122 dirigin tr@s vezes a0 nome da Minca, porém, so censeguin completar a ilsma (1219), quando ps missiondria estan senda em sua reget desde os primirdios da ordem, Sto Doming Guzman (c. 1170-1221) em duas viagens Dinamarca (1208 © 1205), conheceu o teabalho missionisio sas frontciras de norocste europea, Quando fandow a orem Comisican estabeleceu como odjeavo fundamental 2 pregacho entre vs banvados {part exitar © s ¢ eristios, CANTER MONTENEGRO. Lay NIM a XU- Madrid: Neco/Libeos, 1998, p. 71 auctoritates bablicas en Ramon Lull: etapa 1304-1311". J zou pata o sultio do Egito, sem aucesso. Entre os dominicanos, a acio surgimento de heresias) @ eatee pag, 6 relnsas en dt Isle ie PARDO PASTOR, Jord “1 Revisa Esato de Filosofia Nk 5p. 167 180. © dtucio © numeraci em parénteses se refere i oxdem cronobigiea das obras lular recentemente proposta. por DOMINGUEZ REBOIRAS, Femande “Works” FIDORA, Alexander and RUBIO, Josep E. RAIMUNDUS LULLUS, Ag letrodiction to Life, Works and Thought, Cospes Obvistianary, Contianatio Medi Publishers, 2008, p. 125-242 Turhout: Brepols 197 BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo dafeoond ). Mail VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan 2010/158% 1676-5818 Quan encara ne hi havia estar una setmana completa, succel un cert dia, mentre mmirava atenciment e} cel, que de sobte el Senger iste’ el seu ment, donat-lt forma i rmunera de fer el libre conte els errors dels infuels Quando ainda ado escava ali uma semana complera, aevareceu corto dia, enguanto nde a olhava arentamente 0 céu, que subitamente 6 Sabor dustrow sua mente forma ca maneira de fazer o livro conta os erros dos infitis, \ Teitura de sua narrativa autobiogritiea ¢ as referencias que Lull fa ao fa ccm suas obras nos sugere que ele associava a descoberta da. vfea uma acasito pontual, sitiada entre a intui¢in ¢ um momento de Graca de Deus, 0 que nie. © impede de ve dda de um processor reflesivo ¢ contemplative de longa duragio.Trata-se de uina divainavite intelectual no de contetido, pois este f& estava:basicany (12TH, mas de “forma e maneira’, isto é de como organizar © apseseatar esse contetido, sem recorrer as autoridades da f (a Biblia)” Agora Ramon poderia fazer “o melhor livro do mundo contra os eros dos inficis” como um ponte de chep ante expresso no Lene da Contemplagdia \ Ante 6, basicamente, um sistema de pensimento aplicavel a qualquer tema segundo 0 seu autor), ‘Lrata-se de uma tentativa de unificar todo 0 pensamento da culturt medieval, um instrument para a verdade das criaturas, tendo como pré-suposto a verdade crista de Deus. Hoi eniada com o objetivo de converter os iniéis © engloba uma série de obras produzidas por Ramon Lull ao longo de sua vida Para Lull, sé havia uma verdade © um caminho, © Deus eristin © a Lgrcia catilica, verdade © caminho que o homem podena ascender ¢ percorrer mediante © uso da rain, da imagmacio ¢ da fe. \ partir do pressuposto de que a razio nao existia no homem sem a linguagem, seu objetive era "RAMON LLULL, “1 ita encetan 1 sects de Rasen 6) Mallor Moll, 1989, vol TH, Lb iabre fa conquest de Ver SGAYA, Jord. “Innraducess”. fy RAMON LLULL, Dae 1 Sunta Gntrod. de Jordi Gay; tead, de Pere Llabeés). Barcelona: Classes del Cristiansme 91 Facultat de Veolia de Caralunya/Fundacio Enciclopedia Catalana, 2002, p. 16 Para 0 Lire da Conemplaaa ver COSTA, Rivardo da \ experiéneia reigioss ¢ mistiea de Ramon lull: a éapucdadee a eternidade dhvinas no atv aa contempt (c. 1274). Ber Sutil — Revit fia © Mitice Medieval Curitiba: Faculdade de Filosofia de Sio Boaventurt FSB), vol. 3.1 1, jaseies/junho 2006, p. IU 133 BONNER, Anthony. “Ambient histric «vida de Ramon Hull” J Ran Liled/(1232-1316), Maiorca: Moll, 1989, vol. 1p. 22. SPRINGMILL, REL iransnios fad, Palma de Mallorca Moll, 1962, p. 31-32 198, BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo da(coos VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan 2010/158% 1676-5818 encontrar as palavras que transminssem essa verdade, por defnicio, acessivel a todos. \ Afehititna ¢a busca por essas palaveas em diferentes idiomas: No poema Descnsald (63, 1295), Ramon descreve poeticamente tanto a ongem quanto os usos de sua Arte Eneara us dic que port un ast general jue novament és dada per do espinal per qui bom por saber tora res narasal segons que enteniment ateny lo senswa A dret ¢ medicina ¢ a tot saber val, ea teologia, la qual m’és mais coral souse qiiestions ulla art tint no val, -s desteair per raénarumal [| Anda vos digo que tage uma Arie Genel «que me foi dick, rccenremente, por dos espiitual para que « homem passa saber toda coisa natural, conforme o eatendimento atinge 0 sensi Vale para © Direito, para a Mediina todo 0 saber, e para Teologia, a qual aacnhuma arte vale ranto paca resolver quuestes E mais cars ce para destnuie os ertos através da raza natueal [.]" II, A Relacio entre Fé ¢ Raza \ apologeética luliana era distinta da defesa da fé praticada pelos pregadores ¢ clérigos de sua época. O método até entio utihvado consistia em atacar af dos judeus ¢ dos sareacenos com as verdades da £6 cristd, considerada a tinica via salvitica existente|! Para os pregadores tradicionalstas, como 0. ° FIERRO, Manbel. Vpunts sobre Ta,1ad, Henguatge i conversié en el segle NIM a La Peninsula Ibésica”. fr ROQUE, Maria Angels (org) Raver Le Limes del didleg Barcelona: La Mageama, 2008, p. 95 RAMON LLULL. “Lo Desconhort”, fiz Posies (test, intenduccit, notes i glossari de Ramon d/Alds-Moner). Barcelona Barcino, 1928, p. 0-105, RAMON LEULL. “Lo: Desconhort”, faz Obes Esensias (OB). Barcelona: Selecta, 1957, vol. p. 1308-13: RAMON LLULL, “El desconsuelo” Iie VEGA, Amador Ravror 12 reto di Barcelona: Siruela, 2002, p, 221-242; RAMON LLULL, La Desuattort, Cant a cuna de Josep Butala). Barcelona: Obradlor Edtndlum, 2004, p. 61-129; COST \, Ricard da, LEMOS, Vatyana Nunes. Poovar de Rawor lal. Desomsale (1295) — Canto db Ra (1209) —O Cone 1311), Rin de Jaseieo/Sio Paulos Angeliewm/CEMO:0C, 2009, esteofe Vil CARRERAS ¥ ARTAU, Toms ¢ Joaquin. Historia de ta PRoane Espartote fafa Wi vy NIH af NV Barcelonar Facsimil/ Institue Est 21401, vol I, p. 339-342 is Catalans: Dopuacns de Gitona, 199 BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo da(coos VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan 2010/158% 1676-5818 dommicano Ramon Marti (c. 1230-1281), a ‘Veologia er 4 Filosofia. Por isso, etn mevecuirio rer antes de entender os dogmas da Fé cristi, pois estes, segundo eles, nao podiam ser comprovados racionalmente superic Em contrapartda, para Ramon Llull, que opunha a Filosofia ds aioridades, 0 debate com o infiel deveria ser realizado com 0 uso das reyes mreswirias — argumentos Iégicos que deveriam exphear de forma mcional as. virtudes divinas!® — © aceitos pelas tres pelgies da Livre. Segundo Llull, com essa forma is chegariam ao conhecimento de seus ertos ¢ fe erst de debate, os in voluntariamente aceitariam 0 Cristianismo, pois compreenderiam para depors crer ais egies necessirias seriam explicadas com o- uso da Arte Ramon acreditava que os dogmas do Catolicismo poderiam ser provados, o que fica evidente na seguinte passagem do Descanso: jeuds provar, cenculpar Nvermit’ sila fe hom no p loes Deus als crestians no poy sia los infeels no la vélon moste ven de Déu per dret clama cna sinteels se pe car major veritat no lets a Pos gui Penteniment ajur a nostee amar mm mais am Ponitar ede Deu Pin ceatla falserat mais puset conteistar Dom eremnita, sea fo homem allo pudesse prowar, entin Deus no podria tos enstdos eulpar se aos inficis nie a desejassem mostrar, 0s infiis podetiam, por dreito, de Deus se queisar, pois a maior verdade nio se deixa argumentae ninsult mén Marti foi o grande difusor do tomismo na F =O donvnieano ¢ catalio B Ibérica, Ramin “consciente do perigo que amecava destruirw integricace da & no do povo, apresentava-se como seu defensor, © se fixer na intencio de sua acio por Djetivos convergentes: atucar as confissdes imimigas ¢ arrair part a religilo crista as populacdes deabes e judaicas.” CARRERAS Y ARTAU,E dh is Filosofia Espo op op W170. L irtad ou atisbuto era © terme urilizado no perfodo escolisticn pura indicar os nomes de Deus. COSTA, Ricardo da. “A Fternidade e Deus nia flosofia de Ramon Lull 1232. emia ‘Tempo Idak Médi vemuniiti Bom Pastor, Fraseiseo 1316)”. Conferdneia profenida na Semana Aci bt evento organizado pelo Institute Sapientia Burnin, PR) nia Be de 2010,” Taverns, lunps/ fAwww-sicarclocosta.com, pub/ A" 20erernidade” ODevs,pat bre sobre kt emnguesta de Te GAYA, Jordi, “Intwoduccis”. fe RAMON LLULL 4 toad. ce Pere Llabrés). Barcelona’ Classies de} Cristianisme 91 Sarda (anerod. de Jonds Ga Faculeat de Teologia de Catalanva/ Funcieids Baciclopédia Catalana, 2002 BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo daveoond ).Min VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan-Jun 2010/1S8N 167 Porque o earendimento ajuda 0 nosso amar juanto mais ama a Trindade ¢ de Deus o Fnearar © falsidade mais pode conteastas Contudo, sso nao significa que Ramon tenha sido um tacionalista 47 vies Fle apenas abandonou a distingao ferta por Tomas de Aquino (1225 1274) fio da razio © as que 86 poderiam ser conhecidas com a fé. Porém, mesmo concebenda que era possivel que os centre as verdades $6 aleang veis por intern homens entendessem a undade de Deus ¢ a “Trindade, Hull nao conside esse entendimento serente A wa S pesos. Para cle, a tinica forma possivel para conhecer a Deus era por meio do catendimento clevado pela Graca ¢ pela liz soberana da sabedoria divina.“ 1é crazao sio dois momentos solidéeios de um tnico proceso de conhecimento, que parte da fé, passa pela raza0_¢ retorna enriquecide para a fé, Trata se, portanto, de um chun fermenenticn, cuyo ponto de partida & sempre a fe, condlicao previa para o entendimento. Ramon procurawa uma dimensio da intchgéneia no interior da fe. A fe ajudar a entender: para entender verdadeiamente era necessiri crer, ¢ part erer ern neces entender. Porém, af era maior que 6 entendimento, pois © homem, acreditava mais do que enteadia. A rvaio lukiana nfo & uma razao auronoma (caracteristica do pensamento modemno), mas comprometida com a fé crista, que a ajuda ¢ € por ela ajudada HII. A Passagem No contesto histérieo da expansio dmbe, os muculmanos conquistaram ¢ © entendimento a crer, enquanto este a ajudhr Arie mantiveram o dominio sobre a cidade sagrada de Jerusalém. Aki se alternaram dommmadores de diferentes dinastias (oniiadas, abissidas) e, no século XT, vs turcos sehjicidas. Diante dessa situacao, em 1095, no Conciho de lermont, 0 Papa Urbano II (1042-1099) exortou a multidao a libertar a ‘Terra Santa ¢ a colocar navamente Jerusalém sob soberania cristi! >RAMON LLULL, “Lo Desconhort”. 9. av COSTA, LEMOS, gp. estrofe NNIV COLOMER T POUS. Bl pensaitent als pai catalans drat iu semen Barcelona: Abadia de Montserrat, 1997, p. 145. \ Primcin Cruzada (1096-1099) foi precedida pelos primeiros da histaria eotopéla. Ver COSTA, Ricardo da, “Entlo os envzades comecaram a profanar em nome do pendrado? Mb math 08 perperridos em 1096 pelo conde Emiely HL von Leiningen (Fe. 1138) conte os judeus renanos, segundo as Cainiaas Hebnaivas © LAUAND, Jean (ong). Filia ¢ Edneaste — Etude 8. Eadinto Especial VT s Internaional CEMOrOs: Pilastia ¢ Heat Paulos: Editora SEMOrOe (Contre de test BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo daveoond ).Min VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan-Jun 2010/1S8N 167 Durante os séculos XIE € NIV, periodo em que ocorreu © movimento de expansio da cristandade para Ultramar, as expressécs utikizadas par designar aquilo que hoje denominamos cruzade © cruzada cram peregrimrs (cruzado) ¢ (percurso}, vie (rota), pasugmn (caminho por mat), sata swagens santa raven, todas empregadas para definir © que hoje chamamos como “.\s Cruzadas”. peregvination Her Or peragrinatia sacra, visita aos lugares sageados, principa Compostela © Jerusalém, idéia rer Go” tinha © sentido de iv waerg OU Imente Roma, Santiago de jnalmente, a palavra “peregrina nescente do periodo romano, mas com welt que esti fora dy sna pdiria O) eristamsmo, um sentido profano de estraneerra, deu uma dimensio nova ¢ espiritual ao termo: todo ficl era um peregrine, um estkado (vara riaior} que estava provisoriamente em terra estrangeira, am sua vida terrena, € que SO encontrara a sua verdadesa patna na outra vida, como cidadio do céu" \ crumada era entendidh como uma peregrinacioe armas, promotora da operacao mihtar de reconguista dos higares santos prescrita aos guerreitos. (rnesignaf) em troca da remissio. de seus pecados, algo bem distinto. © muito mais complexo ¢ transcendental que o de um simples exéreto organizado para uma guerra?’ A peregrinacao, uma experiencia penitencial pacifica, converteu-se em uma ep rmada No sculo XML, passou também a sigmificar aiovilion © sieeve, Com a nogdo implicita de defender © manter « Reino de Jerusalém sob a posse dos eristios. Fim sua ongem, o termo passayionr auan designava a ago conjunta dos comerciantes de uma cidade para melhor se proteger da pirataria. Eram frotas de barcos de carga organizadas periodicamente pelas cidades maritimas de Medisvais Oriente &* Osidente da Faculdade de Educacio da USP) Factash Editora, 2008, p. 35.62, furore hreps/ /swwwsicardocostt.cony/ pub /emich, hem. * DOMINGUEZ REBOIRAS, Fernando, “Ramin Lully le cauzada, Consider prclimicares a un tems controverrihy”. fez Libor de M. Monie Pesto MCCONC. Corpus lnisianones, Continwatio Mediavaite. CLXXNH Tuenbout: Brep Publishers, 2003, . 1 COSTA, Ricardo da “A pieditatio montisna Léiro do Homer (1300) de Ramon Mull” Fr Renita da Baculdade de Letras ba Universidade — Sitie de Filia, MW Séree, volume NNIIL/NNIV, Porte, 2006/2107, p. 237-260 "FERNANDEZ, Emilio Mitee. Hioria def Critianiono, Lf indo Medial Madsid: Tron 214, p. 317-324, ZUMTHOR, Paul, Le snide, Madrid: Citedra, 1994, vol TL, p 179-193, BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo dafeoond ). Mail VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan 2010/158% 1676-5818 larmente se dinigam av Mediterrineo ¢ protegudas por barcos de guerra" Medhterraineo Ocidental que reg Oriental, quase sempre acompanhacs Com © passar do tempo, seu significado for enngquecido pelos predicadares com contetidos biblicos, tais como epapéietsrosaiva ¢ escatologico-apocalipticos, ou seja a passagem para a outra vida © a oferenda martina. Posteriormente, © temo; generate também for usado para definir as expedicoes miltares alizadas por una bula papal que conferia a cexpeciais, tais como: 1) a indulgeneia, 2) a libera sega Ws seuts participantes privilégios ico do vineulo entre servo e », 3) 0 estabelecimento de trég entre cristios, 4) propriedades dos nobres que se aused ilgados por cortes cclestisticas © 6) v sas gue protecio episcopal sem, privilégios aos cruzados de serem isengdes de impostos ¢ de morardrias” chamamos de Crryadas Lint suma, é isso 0 que modern \ motivagao para a realizacao destas empresas guerreias em directa ao Oriente pode ser entendida tanto pela politica de reforma do papado, amiciada na metade do século XL, quanto pelt aneaca islimica no Oriente.” Como ess passer generale vido foi, a partir do. século XI, exclusivamente dirigida i Ferra Santa, jt que foi também direcionada para qualquer grupo considerado inimigo da ciiria romana, houve a necessidade de uma nova distinedo entre enn fransaring— para o Oriente — © es eispnarina — contra pay paises nao obedientes as ordens papais.* fos, hereges ou DOMINGUEZ REBOIRAS, Ferninds, “Rasvin Llull y la cava Consideraciones preliminares 4 un tema conerovertide”, op. if, p. 1 LEHMANN, Johannes. Lav erugadas Lar arentiems de Dine Barcelona: Martinez Roca, 1989, p. 32-34 TYERMAN, Cheistopher. Las Gemas de Diag, Ura ria de fas Crazadas Barcelona Critica, 2007, 9, 56-63, HDOMINGUEZ REBOIR AS, “Ramin Lull y la cruzada, Consideraciones prelinonares a lus tem 2. controvertida”, op. ait, p. 2. No entanto, até Inocéneio IIL © 6 IV Conetlio pula Antes disso, 0 que existin era uma ambigitidade teminoligica, $6 no final de século NIL a palaven amecraigrat hllun sacrion, pasar generale, expeditin crac poregrinatia, evam expresses utilizadas nas bulas papais de cruzada do século NIL Assim, até o IV Concilia de Lattio encantramos le cruzada_s6 ganharia uma maive sistemarizagio com Lareio (1215), quando se dew a formacio de um dino « smecow a ser utlizada pelos ceonistas contemporineos um imbricamento entre a iia de cruzada © a de pewgrinagte. filo cardeal © canonist século NIL Henrique de Sus ~ conhecado come Hostients divi as ¢ nedicdes eeuzadas geogeaficamente: da Europa (we alvnaring) ¢ do Oseente (rn. ahrananinds ‘Se isto parece comers que avs devemos promover a cnuvads ulteamanna [awe fracumanind a qual € prgids em ordem para consegusr on recuperar a Term Santa, enti nés devemos usir 0 ator vigor na pregagio da crzada neste lado do mar fore. sfomaringl, contra eismiticas, a qual € intenelo para a preservagio dt unio celesiistica, Q filho de Deus mio veio a este BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo daveoond ).Min VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan-Jun 2010/1S8N 1676-5818 O conceito de passagem (pasvayiin) evolu ao longo dos dois séculos em que os castios tentaram reconguistar a Terra Santa, Quando foi utilizado por Lull, tinha 0 significado de expedicin armada que se ditigia ao Oriente Proximo. O. filésofo se vale da palavra. “passe exemplo, no poema Desvasoi) como sinonimo xii gem” (como se veri, por tho corporal em oposigio a0 ida espiviteal — mas sem nunca deixar de lado a amplitude da transcendéncia da peregrinacao espiritual, sempre com vistas 4 elevacao da alma em divecao a Jerusalém Celeste, Enc uma viagem de peregrinacio stnta — ¢ armada — para o cumprimento de una obrigacio religiosa (salvar o Santo Sepulero das nos dos infiéis © proteger os pereprios indefesos) ¢ unm purgagio espiritual buscando a salvacio. No caso da Peninsula Ibérica, desde 0 século VIII gi ecorria uma guerra contra os invasores muculmanos. Porém, até 0 século XT estas empresas guerreiras nao eram estimulidas por uma mentalidade religiosa: tratav se de empreendimentas auténomos onde os interesses financeiros © politicos prevaleciam sobre qualquer outro. Apds a metade do xculo XI, alg acontecimentos, como a pritica dda guerra como remissio dos pecados ¢ a ls invasio dos almorividas, fizeram com que ocortesse una transformagin nessa guerra até entao dessacralizada \ partir de enti se estabeleceria o que conhecemos modernamente como Recoagnista ou Crnsadas Lsparholas Nessa ocasio, a huta contra os inimigos da Cristandade estava. sa ramentada, uma ver que ocorria um process de expansio territorial estabelecido por uma motivacio religiosa Iv. Em Ramon Llull era constante ideal de missto. | idéia de missio pregada por cle é fundamental para entender suas relacdes politicas com reis ¢ papas, seus projetos de cristianzacio dos cisnuiticos © a conversa dos infidis, \ wiwsiw sigmficava pregacao ou diilogo com os imfitis, cujo intuit era converté-los ao Cristianisino, Hsse conceito tem como sindnimo a Pasay ou © ghidio espiitual, \ missio Tuliana fundamentava-se na contenplacio © na ride virhiosa, condigoes que possibiktariam a realvacio do diilogo do cnstao com o outro, fosse ele mundo past sofier na cruz ow adquitir ters, mas para redenedo dos eativos ¢ para chamar de volta 6 peeador para ar dimento”. COSTA, Ricardo da. 1 geen Head Média. Une est me de de cries Pen I Rio de Janeiro: Paratodos, 1998, p. 73-74. PTYERMAN, Chiistopher. Las Guerra de Dion op. ap. 66-68, 349-85. BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo daveoond ).Min VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan 2010/158% 1676-5818 inficl, cismético ou pagio. \ contemplaaio, a vida dedicada exelusivamente ao conhecimento da divino, para as culturas antigas, esa um estado. mental sumamente bom (savanna bon), poxs olhava a forma do bene ao buscar Deus com sua mente, o mistico deveria refletir sobre as virtuudes ¢, assim, sc afastar dos vicios. Por exemplo, Aristiteles disse que a atividade da rida anteoplatins — a vid gue olha a verdade ~ era o que melhor esistia em_ nds, pois era a atividade virtuosa, a tinica estimada por st mesma, isto é a propria Felicidade. O cristianssmo nada mais fez que incorporar esse modo supremo de vida c integ, lo em suit concepeio, em seu conccito de beat \pds a perda definitwa da ‘Terra Santa, © papada © certos: saberanos continuaram a arquitetar projetos de Cruzada. A queda de Sao Joo de Acre cm 1291 no foi vista como © fim da idéia ou da realidade da Cruzada, mas como um qriste episédio que fez despertar essa dé e tudo 0 que cla carregava politica ¢ religiosamente consign? Entremnto, 0 entusiasmo desapareceu © poucos foram para o Oriente, Lm contapartida, quando os cavaleiros abandonaram 0 caminho para Jerusalém, © tema da Cruzada cacontrava eco inesperado ¢ tardio entre as camadas populares, como em. 1250) 1320, quando populires percorreram parte do atual territérie da Franca para protstar contra a inaavidade do clero ¢ convidar os leigos para irem para Jerusalém, [sso comprova o fascinio que a perspectiva do combate por Deus ain * gerava, mesmo que nio atingisse mais os nobres Entre 12746 1320 houve um florescimento das publicagoes sobre a eruzada ¢ os problemas relativos 4 Terra Santa, Os escritos comecarim com 0 Concilie II de Lyon (1274)" terminaram uns anos apis o Conciko de Vienne (1311) Nos primeiros escritos, quando amda existiam redutes cristios no Oriente com graves problenas de administracdo civico-militares (Lripoli e Sao Joio de Acre), os problemas no se referiam tanto a organizacio de uma empresa mihtar para reconquistar Jerusalém, mas sobre medidhs para proteger os locas ameacados pelo sultanate mameluco do Egito. As propostas giravam em tomo do envio de cavaleios, sob soldo real, para que protegessem permanentemente os locais, alm de criticas A auséneia de perspectivas * COSTA, Ricardo da, “A experiéneia celigiosa e mistca de Ramon Lull: a crernidade cicinas 0 Liiva da cntensplasto (¢. LITA)”. tar Sct: Revita de Pi Medi, op. cit, 122. * DOMINGLES REBOIR AS, “Ramin Lull y ka crwzada, Consiceraciones prelimisares a us tema controvertida”, op. at, p. 6 SVAUCHEZ, Andee AE ypitituatidad’ ma Eade Média Ockdentat (stealer VIL a XT), Rio de Janeizo: Jorge Zaluar, 1995, p. LHL © Convacaco pelo. papa Gregério NX, empreendeu uma tentanva dhe unit da Ipreja Ocidental com a Oriental 205 BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo daveoond ).Min VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan-Jun 2010/1S8N 167 missioneiras nas ages mikitares.”” Apés 1291, 0 problema mudou: nao havia imais redutos cristios. A ‘Terra Santa teria que ser reconquistada, como nos tempos da Primeisa Cruzada V. A_base do discurso _cruzadistico luliano (“com ferro, fogo_¢ argumentacdo”): a teoria dos dois glidios \ fundamentaca ch de Ramon Hull esti baseada brevemente o tema, devemos insistir: no penstmento kuliano nv hi oposicio entre o que cle chama de crusade material (a guerra) © crazed espinitual (a conversio através do debate): ambas sio complementares. O tema da cruzada sempre esteve presente nos escritos lukianos — hi tempos, Jordi Rubio assinalou essa caracteristica de sew pensamento." Criar uma duutlidade nesse lull anacronicamente, como bem afirmou Fernando » filosdfica propostas de cruzada no discurso apologétice tia eorta dos dois ghidiox. Mas antes de expormos assunto é entender Dominguez Reboiras Nos podemos dar um pequesto exemplo para provar nosst tese, Ja no 1 dere da Contennplaci 2, ¢. 1271-1273) ha uma passagem em que Llull compara as duas ceuzadas (a svaterial © a espirituds © faz ama distineao que nos parece muito interessante 10. Glorids Senyor, piadis, humil, doue, simple ¢ stmau, molts cavallers veig. que vant ext Ja saneta terra Poutsamar ¢ cuidea aguella conquerre per forca Parmes On, com ve ala fi tots shi consumen sens que no when a fi de co ques widen. On, par-me Sényer, que lo conguerment daquella sancta terra nos deja conguerit siné per la manera on la cong) 8s eds vostces apostols, qui conqueris ab amor eab oracions e ab escampament de liggemes ee san 21. Com lo sant re, Stayer, cla sancta terra d'outramar par ques deja inguerre per predicacsd mills que per fora Carmes, sfter-se a avant, Senyer Jos sants cavallers religioses © guarnesquen-se del senyal de la crew, ¢ umplense de la gricia del sanr Espirit, ¢ vagen peciear verinat de la vostza passid als infeels e escampen per la vosta amor rores les aigiies de huts ulls ¢ tora la sang de hurs cots, aixt ¢ is fees per amor dell 10. Glorioso Senhor, piedoso, humilde, doce, simples e suave, vejo que muitos eataleitos vio a Terra Santa de Ulieamar e pensim qe podem conguisct-la " DOMINGUES REBOIRAS, “Ramin Lull y lac tus tema controvernide” =p 15 RUBIO, Jordi. “Lexpressid lireriria en Fobra lulliana” er Olres F (ol Bascelong: Selecta, 1957, vol. Lp. 97 © DOMINGUEZ REBOIRAS, Fernand. “Ramin Lull y le eavada, Consider preliminares 4 wn tema cones zacla. Consiceraciones prelimisares a mes cetide”, oP. BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo dafeoond ). Mail VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan 2010/158% 1676-5818 pela forca das armas. Mas quando chegam ao fim, rodos se consomem sem que cheguem ao fim que pensavam chegar, Assim, parece-me, Senhor, que a conquista daguela santa terra mio deva ser feita aniio ser pela maanciza que Vos eos Vossos apistolos a conguistaram, isto €, com amor, oragses ¢ dercimimento de ligsimas e de sangue AL, Senhor, camo parece que o Sinto Sepulers ¢ a Terra Samra de Ulreamar dleisar-se-io melhor conguistar pela pregacio que pbs forga das armas, que svancem os santos cavaleisos religiosos, Senior, ¢ se protejam com o sinal da sw ¢ se encham com a geiga do Espirito Sante parairem pregar a verdade de Vossa Paixio aos infitis ¢ derramem, pelo Vosso amos, todas as dguas de seus s, ¢ todo o sangue de seus comeses, assim como Vis fizestes por ame \ primeita vista, de fato, parece que o fldsofe defende que a eruzada deva dar lugar & pregacio. Contudo, a chave interpretativa se encontra na palavea melhor (yf!) a0 artigo Ll: para reconguistar a ‘Terra Santa & selon a pregacio, 0 diflogo, © martirie, que a forca das armas — sempre seguindo, claro, o exemplo de Cristo. Mas ser mefharnvio exclu a segunda apgio, isto & a ceuzada material, a cruzada armada \ opeao de Lull pela primazia da cruzada espiritual se deve a dois fatores, em. nossa consideragao: sua énfase na verdadeira conversio, a interior, em. primeira lugir. Pista s6 ocorre pelo assentimento livre © espontineo, ¢ isso nao ocorre pela forca das armas, € sim pela f@, pek> exemplo virtuoso, Em. segundo lugar, como Sio Bernardo de Claraval (1190-1153), no. Laere da Contenplacao Vu] faz. uma vieulenta critica so faz com cavalaria profana.* que ele pnonze a cruvada intelectual. Poss como se pode converter alguém com os cavaleiros A frente? Eles sic falsos, malévolos ¢_ interesseiros, assassinos, orgulhasos, vaidosos, inquriosos ¢ destuidores. Sio- mensigeitos do Diabo!* SRAMON LLULL. “Libre de contemplacis”. fir Obves Fsvonale(OR). Barcelona: Selecta, 1957, vol Hyp. 340 (cap. CNL, 10-11 ais de uma oportunichude nis ji mansfestamos as sinulinudes eatse o pensasente Juliano ¢ @ de Bemardo de Claraval, Veja, por exemplo, COSTA, Ricardo da, “Duas imprecagdes medievais contra os advogados: as diatibes de Sio Bemardo de Clarsval ¢ Ramon Llull sas absas Ba Cansiderasio ©. 1149-1153) ¢ O Létro das Mararths(1288 1289)" Ie: Bihlos Rio Grande, 21, 2007: p, 77-90 ¢ também em PONTES, Roberta, ¢ MARTINS, Eirabeth Dias (orgs). “Utaie do VIL EIEM — Exconty Internacional de Fsstudys Medisrai - Lad Média siyaitn, reidadddnde Porealeza/ Rio de Janciso: UFC / ABREM, 2009, p. 624-630 *RAMON LLULL, “Lhibre de 0 nremplaci’”, op. oi, ps 340 (eap. CNT os Ba I) BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Ricanlo dafcoond ). Mirabilis VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan-Jun 2010/1S8N 1676-5818 Lull chega a perguntar diretamente a Deus porque He dew aos cavaleiros uma posicio tao destacada na sociedade.” Por isso, parece clara a sun opcio pelo martirio: a Term Santa s6 pode see rerdadhinmente conquastacs prosseguirem no cammho de Cristo ¢ dos apistolos, isto é& se mudarem a forma da conquista. Em outras palavras: as aiznas materiais esto a servico das aimas espiritnats — os poderes civis estio subordinados ao poder espiritual, sto 6a [yceja Catdlica! se os cruzados O maiorquino reitera no Tiere da Contemplagio a clissica seeria dos dois ghidins, exposta dontrinariamente pelt primeira vex pelo papa Gckisio 1 492-496) em uma carta ao mpera 40 T (c. 430-518) lor An Esistem, Augusto imperador, dois podleres peincipais que govemam o sund: tins cis dos 2 sagtada autoridade dos bispos ¢o poder teal. Dente dles, 0 poder saccrd € muito mais importante, pois lit de prestar contas dos. pz homens perante 9 julgamento de Deus. Ves sabers, dileto fill, que, embora eupess @ Inpar de maior digniclade sobre a raga humana, deveis sujeitaryos 3 os que foram encarzegados das coisas divinas © neles wer o meio fe salvaci Gelisio T deu o tom das relagdes entre os poderes nos séculos seguintes.* Os papas modievais aprofundaram o assunto, desde Gregsnio VII (c. 1020-108. até Bonificio VII (1235-1303), ou melhor, até Pio XT (1857-1939)"" Contudlo, basta nos aferir a manutencao dessa teona na Epoca de Ramon Lull para vermos 6 quanto © maiorguino nesse tema scguia a ortodoxia par’ pase Bernardo de Chiraval, uma gesacio antes do maiarquino, ja reiterara a teorin dos dois glidios em sua epistola De Cansiderateane (1149-115 Pugémo TL (1145-1153): a0 papa Vu disis que eu re mando apascentar drapes ¢ escompides, nde ovelhas. Mais usu razo para que rentes, mas com tus persuasto, mio com as armas. Para RAMON LLULL “Llibse de contemplacid”, gp. ot, p. 341 feap. CNI, 26 \ carta esti publicada em EHLERS. Z, ¢ MORALL, J.B. Chiov aid Stare slrongh the Contnnes. London, 1954, p. HL. Citamos de DUFFY, Eamon. Santas & Pevadores, Hist d Papas Sto Paulo: Cosac & Nail, 1998, p. 38-40 . As duas obras elissicas sobre © tema slo, em oxdem de imporsincia, ARQUILLIER, Henei-Navier, EY agvatnina pathic. Media Granade I 4 € ULLMANN, Walter. Hania if Media Barcelona: Avil, 1999. Flas nomtearam a-nossa ‘onal Universidad de Gran pensamieata politio on la E investigaciio sobe 0 tema "Nao se neguem, pois, 2 rvemantes das aagdes a dar por si mesmos e pelo pove paibbeas prctondlem conserva i nas de veneracio © de ebedigncia ao impéno ce Cristo, se porventura sme a saa autoridade”, Pro NT, Qa Pras, 16, 11/12/1925, 208 BLASCD VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo da(eaord Mir VTdile Meda © as Crzadas La Balad Medi yas Cruzsdas ~The Mille Apes andthe Crusades Jan-Jun 2910 /18SN 1676-5818 qque seis brundiy novamente a espada se ii te mandasim_ embainhica? Contudo, se alguém nega que a, & npreendew bem a palavsa do Senhor: “Lambainha a twa espada”" rein que mio Bu repro que cla é consentimento, embora aio por th mesmo, Sc mio fosse tua de maneira nenhuma, quando os apést 1o Senhor “Bis aqui duas espadas”, Ele no teria respondide “L. suficiente”™ ¢ sim “Slo demais”. Portanto, a Terejz pode possuir as luas espadas, a espititual ea maredal, Esta € para que a 1 ¢ que pode ser desembainhads talvez com o teu plos disserar defendam, e a outta para ela usar, uma s6 a esgtimeo sacerdote, ea segunda, 0 military com o conscntimente do 7 dlisso cu tratarei em outro lugar Fmpunhe agora a que recebestes pasa fesi fira para salvelos, se mio a todos ou a muitos, pl menos lgueles que tn ntifice © por ordem do imperador. Mas possis, Na época de Lull, o papa Bonskicio VITT voltow ao tema, em sun bula Uave Sancta (13002) Bste poder composta duas espadas, e todas as duas esto em poder da Iyeeja a cespada espintual ea espada temporal. Esta tilima deve ser usacla para a Iprefa, enguanto a primeiet deve sev usida pela Ty munuseado pelos sacerdotes: « temporal, por teis ecxvaleiros de tcondo com 6 consenso ¢ a vontade dos sacerdotes, Uma espada deve estar subordinada 4 pisirusl cia. O poder espiritual deve ser ‘ourta espada, ¢ a autoridade temporal deve ser submissa 4 auroridade () A verdade aresta: o poder espiritual pode estabelecer © poder rerrestee © iulgi-lo, se nie for bom"! O que Bonificio VIL afirma é na pior das hipdteses, “um amontoado de acdes de papas anteriores ¢ de grandes teGlogos como Bernarda. de is de Aquino” Mas ¢ Ramon Lull? © Chairvauy ¢ Tom Nosso filésofo endossou, em varias obras, a doutrina papal dos dois gkidios. Je em sua fron de Cidncia (68, Arbor scentiag, 1295-1296), no livro referente ao papa (ne gpasiolial,o filésofo define o poder do pontitice "Jo 181 "Jo 18 "1c 22,38 P SAN BERNARDO DE CLARAVAL, Obras comphtar de San Bernards TE Madd Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), MCMNCIY, Livro IV, 7, p_ 160-163. Este trecho, também foi pubkicado em SOUZA, José Antdnio de C. R de, e BARBOSA, Joao Morais, padres ef apart Batra Lak pee: Fdipuc 2p 2 www Fordham edu /hulsall/soueve/b8 O reino dh Deas 9 rena dos homens, As mlyoer Misia fda Reformer Gresariana a Joris Quidon), Posto AI " Bonificio VIN, Unae Suntan Inromes, het: unam hem * DUPEY, Eamon. Santas €> Peet 99 Hissdria 209 ne Papas op. tp. 121 BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo dafeoond ). Mail VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan 2010/158% 1676-5818 Lo papa coavé que haja aquella fe gue hac sent Pere, pus que és son vieati per ach fo ordenament de Déu que fo donac al papa Pempeni de Roma, per oo jue a lar fos lo papa forts a eatrastar als eneaies de le Convém ao papa que teaha aqucla £8 gue reve Sio Pedro, 74 que 6 seu viii por isso, foi ordem de Deus que fosse dado ao papa 6 impéio de Romst, patra que, com o brace secular, » papa Fosse forte para se apar aos inimigos da Fem relagio aos “sarracenos, tirtaros ¢ judeus?, seus “erros” devem set destruidos Amb la sua fe lo papa dew ésser conta les causes qui sin contsa la fe, per 146 dle la qual conteanieat se dew esforgar de destoovi les errors qui sn sembra con los sarrisins, tartres ¢ juseus, qui sn conrea la fe erestiana, © encara deu a prades en los crestians deswiats a la fe crestiana, rove les cismes se Com a set f6,0 papa deve ser contra as causas que sio contra a fé, & por iss, dove se esforcar para destmair os errs que slo semeados entre os sarracenos, tistaros e judeus, que sip contra a fé ceist), F-mais eve também destiny os cismas semeados entre os cristios destaados da é enisti \ seguir, ma mesa obra, Tull afirma que o imperador 86 pode ter pay no mundo caso esteja a servieo do. papa, pors s6 assim conser “destruir os rebeldes infitis” sob as ordens do pontifice.* O papa é mais amade por sta caridade do que por queimar hereges: ele € abvigudo.a pregar o Exangelho, ¢0 porque © papa € 0 homem ma s honrado do mundo, terra’ Assim, cle deve ser o senhor do prinespe Império foi dado a Igre 4 que representa Deus pana que The ineuta 6 payor, ¢ assim o principe “proteja bem a sua viaha 6,0 seu reino}. Por sua vez, 0 principe deve berjar os pés do papa porque “na limparina esti o dleo sobre a agua para que concorde com a chama”.”" Nessa simples metifora ripicamente lukana, o papa Go (santo) dleo © 0 principe a Ayu; por estar acima do principe, o papa tlumina o mundo! sto. Em © Earn dernudeim (122, Liber de fine, 1303), por sua vez, Lull 6 ainda mais incisive. Ele kimenta que tenha muitas. vezes procumde. os poderes constitudos (0 papa, os eardeas ¢ psinespes) para a Crstandade lutar contra os infidis, que “blasfemam © negam vilmente a Santisima Trindade © a “RAMON LLULL. “Arbre de ciéncia”. Ie Obner Levenciats (OF). Barcelona: Selecta, 1957, ol Lap. O74 "RAMON LULL “Arbre de cides”. gp. p. 673 “RAMON LLULL. “Arbre de citnesa”, vl RAMON LULL “Arbre de eitnesa” am ot, p. 848, “RAMON LLULL. “Arbwe de eidnesa”s ao, p BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo dafeoond ). Mail VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan 2010/158% 1676-5818 Enearnacao de Nosso Senhor Jesus Cristo, para escirnio da corte celestial, 0 bem puiblico nao tem amigos”, afirma ter decidido escrever esse dermadesto livro para, apos posstindo a Term Santa”, mas como nada consegui, porque a morte, se escusar diante de Deus, de Jesus, do Espirito Santo, da Virgem Mana ¢ de toda a Corte Celestal. O livro, segundo ele, mostra a manera de conduzir 6 mundo lo na umdade de um so rebanho catdhico”, ¢ € enfitico: caso desejem sso, muito bem; caso contrisio, no Dia do Juizo Final, acusa 1 faze-lo’! 1 bom estado ¢ congress qucles que se recusarany Mais adiante, © flésafo mesela (como no Libre da Contenspliai) a pregacio © a cruvada, ¢ diz que Cristo fez entender que tinhamos que guerrear com pregacio © com as armas contra os homens iaficis (a respeito da passagem biblica de Lucas 22, 38 — aguela mesina que embasa shidios, como vimos anteriormente), ¢ enfatiza: “Nao sabers o que Cristo disse: “Quem nfo esti comign, esti contra mim?” a teorta dos dais Na Dighata entre Pedro, o slivigo. © Rann, 0 fantastico (190, Dispidtatio Pest elercé ot Kaionnidi phavtastiri, 1311), Liull mantém sua verve clara ¢ objetiva: 117] Nam univers eatholicomm Reclesia duos gadis, habet, ut in Fxangelio dictum est, scilicet gheium comporiem, ensem videlicer, et spiritialem, scilicet sciestiam et devotionem, Cum istis autem ducbus glidis sufficerer Feclesia omnes infideles ad viam reducer’ veritatis. Primo, st papa jentes oF discretos, mortem sustinere paratos, apudl saracenos, turens et tartatos mitteret, qui infidelibus sus etrores ostenderent er sanctae Fidei catholicae verisarem aperirest, ur ipsi anfideles al scum regencratioais hiwvacrum venient: deinde s resisterent, tune papa contea ipsos procurare deberet gladhum saecularem. Licitum et debstum est talem esse ordinationem, of qi in aliguo comtes ordinationem est, phantasticus est ot culpabilis,atguc per consequiens inordnatus Porque a Ipzeja universal dos catélicos tem duas espadas, ral como diz. « Exangeho: a espada e poral, isto é a propriamente dita, © & espisitual, isto € » saber ¢ a devogin, Estas duas espadis sesiam suficientes. para a Egseja conduvir todos os infiéss 0 eaminho di vercale. Em primeito lugar, se 0 pa Da enviasse homens sihies © discretos, ispostas a monter, até os sarrace turcos e tirraros, para mostrar aos infiis os scus extos eas verdades da santa smo sigrado banho da catohca, de maneina que toxlos os infiéis reeeb: regenerigio, Somente se se recusassem a fué-lo, o papa deveria enviar a espada seculas, [Elicit © aecessirio que baja uma onlenagio como essa, ¢ * RAIMUNDO LULIO © As Crizadas, Liber db Prsagia, Dower 1 or Santa. Viber de Acquisitions Terrace Sanctae (read. de Waldemiro Altoé, Eliane Ventorim ¢ Ricardo da Costa). Ri mero: Sétime Selo, 200, 9. 3 RAEMUNDO LULIO ¢ As Crnmadas of. ait, p. AI-AB. ou BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo dafeoond ). Mail VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan 2010/158% 1676-5818 quem, por algum motivo, esti contra esta ondemacio, é fintistico e culpade ¢, conseqiientemente, esti fora da ordem* Por fim, na obra O Linrs cer Cidade alo Mundo (250, Liber de vinitate numdi, (314) boca da Justia dirinsa seguinte a firmacio: © filésofe coloea 1 De quo damnum est quia imperium est proprer hoe ut rencat justitiam et cum gludko defendat romanam Feclesiam contea infideles et contra schismatic Ctiam contea sniustos christians et contra anfideks qui possident Terram sanclam, Fi quis est qui curet de hoe’ S50 causa um clan enorme, porue um império existe para manter a justica € dlefender com a espacht & Tgreja Romana contra os inligis, os cismiticos ¢ também contea os cristias injustos € contra os inigls que possuem a Terra Santa, Mas quem se peeocupa eos ssa?” Ressakamos que, nesse aspecto do pensamento lun, isto é, sua estreta relac gliding, nOs mio estamos sendo inovadores. Lola Bacha yi chamou a atencio para o mesmo fato: Lull % eatende o poder politico em fungao da protecao © difusao da f catélica” > com a feorig dos dais VI. Dialogo e Cruzada, disputa e guerra Ramon Hull, portanto, desde os defendeu amb cram contraditérias para o flésofo. No entanto, talvez devide aos interesses politicos tanto eclesristicos quanto das casas reais da Franca ¢ de Aragio no final do século XIII, ele tenha passado a ser um pouco mars enfitico. nos projetos de Cruzadas em sua fisofia de conversin® Vull endossou 0. tema provavelmente por saber que a defesa do dellator px, ret cuja funcao sera unificar os estorcos da Cristandade em prol da Crwada ¢ terminar com a divisio do dizimo arrecadado em prol da eruzada e utilizado para outsos fis estava em voga em seu conteyto. Por exemplo, cle reforgou o seu pedido de unio das ordens militares sob um tinico comandanteno poema Desaniale cus primeiros eseritos até o fim de sua vida disput: as posicies, diflogo ¢ cruzad © guerra. Plas 1 RAMON LLULL, Lilie de fa digpnts de clomyre Pere & de Ras ol fantastic — Lire de ba cit abl eda Geo, texducci i notes a east de Lola Badia). Tuenholt/ Santa Coloma de Querale Obrador Edéndum, 2008, p. 17 RAMON LLULL. Lire de a dita del clue Bere de Renton ol fanttio— le de ba cit 26 ® BADIA, Lola. “lntroduceié™. fiz RAMON LLULL. Lie « pata del clorgte Per Ramon, ef fantastic — Lalbrede La chutat ded min Gnesod,, traduceid i notes a cuca de Lola Badal Turnholr/ Santa Coloma de Queralt: Obridar Fdéndum, 204 “HILLGARTHL JON. Razion Ld Montseerar, 1998, p. 49 Barcelona’ Abadia cle BLASCD VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo da coord Mi VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Crucis The Malle Apes md the Cross Jan 2010/158% 1676-5818 [us] edel Temple ¢ Espital Fos fair um uniment, que lve major fos tei del Sant Muniment per qué-a honsar Deus no sai tal rractamest [..] E que do Templo e do Hospital fosse feita uma undo, e-que seu maior Fosse sei do Santo Monumest _ pois, para honear a Deus, nip existe mais elevade tmtamente Ereiterow o pedido em um poema posterior, o Conia (1311) Senyores cardenals, ordenats que cavalles sia teats, religiosos, ¢ silos dats co del Temple e les porestars altres mais dle les altzes relighs eavallers bos. Tal eavallee vaja estar pper tot temps mai es Ultramar, Ix d@eima h fats eomar per lo Sepulere a cobra Jp gran poder «qui haus qui lo por shes? Vullats-ho fer! Seshores curdeais, ordenais que cavaleicos sejam escalhides, dass ck ontras casas de ourras relipides bons eavaleiros, Fal carro deve saps ome Ultraman (0 diame the favais dar patra o Sepuleen recupesas. O grande poder ite tei § Deseqais fave lo © RAMON LLULL. “Lo Deseoshor”, yp. ats COSTA, LEMOS, op ot, estrafe LV “RAMON LLULL, “Del Coneili” Lee Poses test, tntenducess, notes i glossant de Rasion ef Mis-Moner) Barcelona Barcina, 1928, p. 106-134: RAMON LLULL. “Del Coneil”. fe Obes F (OF), Barcelona: Selecta, 1957, vol. 1, p. 1328-13: COST A, LEMOS, 99. ait, wersos 162-175. Os gritos sd0 nossos. BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo dafeoond ). Mail VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan 2010/158% 1676-5818 \o longo do século XTIT, 0 termo Passagen€ as agoes dhirecionadas contra. os sarracenos no Oriente derwaram de ser smOnimos. O termo pa toda a_acio miktar dirigida pelo papa, sem qualquer condicionamento cogrifico. Llull nha conseiénem dessa mudanga ¢ defendew © exo inicial centre as cruzadas © 0 mugulmanos, mas dirgiu os estorgos para a conversio destes, aliando pregacio ¢ 0 uso da forca sou a englobar \ cnrgada tulians cra distinta das demais propostas de cntio. A guema, financiada com recursos destinados para esse fim, cst um meio para recuperar ess terra que ele acreditava ser erst por direito ou servia para abrir novos im inacessiveis de outro made, Ramon no prescinde das armas espirituais em nenhum momento. A agio militar apenas fa Je cristi ao garantir uma auditneta cativa pari os missiondrios.” Como Llull narra ne Descanvalie caminhos que permanecer ’t possivel o ensinamento da verda Can paisa consisar del son son estament, sm paucs san eristians ¢ malt by desereent, adones en mon eoratge ac tal coneebiment {que anas a prelat < eximent, ea religinses, per tal ondenament que que ab fe se donas de nostra fe tan gean exalsament. js infecls venguessen 2 convertiment en seguis passanze e tal prescament, © fast eab ver argument s a-eonsiderar do: mundo a seu es ss Lhe dleseréem, Quand uit p ent 11 coraeio tive tal coneepcio prelados ea rei, jgualment ue fos ca eeligiosos, com ral ordenamento, para que ocorresse at Passage, ¢ com ral pregacio se desse 4 nossa f€ to grande esaltactc VIL. Conclusio Ramon defendeu a cruzada ¢ também o cammho de propagagio da fé como tires, Aproximou-se das criticas feitas mnivams que, além de consideracem 0 uso da forca conteirio os apdstolos, como Cristo ¢ 0s pelos eppirituais * COLOMER | POUS, f als paions catalans dhrant Tedat mia ef ronaiseaens, op. sp. 77 "RAMON LLULL, “Lo Deseonhort”, @. of, COSTA, LEMOS, gp. af, estrofe HL Os gaifos so nossos. au BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo daveoond ).Min VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Cruzsos The Mille Apes md the Cros Jan 2010/158% 1676-5818 aos ensinamentos do Evangelho, denunciavam os interesses miteriais que moviam a Passage exiyindo a propayacio do Cristianismo lating, mas nunca deisowa proposta cruzadistica de lado. Para Llull, © papado era o legitimo promotor ¢ defensor dessa ideia, Lull calatizou o discurso fivorivel 4 eruzada também porque era vilido na corte papal para abordar © problema das relacées entre cristias ¢ muculmanos Ramon enfatizow o lado eruzadistico em seu discurso part esse interlocutor, sem abdicar do sew ideal de missio® Até o pontiticado de Nicolau TV, Llull no via a necessidade de apresentar um avant o rei de Aragio como intermediirio, Sua atividade se reduzia a despertar 0 interesse dos reis ¢ das ordens mendicantes, a cujos capitulos gerais cle assistia com freqiiéncn texto diretamente ao papa — suas obras anteriores Valvez.a inspiragao para escrever diretamente para o papa tenha derivado das caracteristicas desse pontifice. Ramon confiava que seria escutado, pois 0 papa conhecia bem a situacio do Onente eristio (residia em Acre quando foi cleito) cera feanciscano, ordem com a gual Lull nha muita aprosimagio intelectual Contudo, 0 maiorquino s6 abteve algum éxito sob 0 papado de Clemente V, mais precisamente no Conciho de Vienne, no final de sua vida. female, v Sut proposta niio ert puifita Ow 4 fundamentada exclusivamente na miisio. Ramon desejava a conversio da humanidade ao Cristianismo ¢, para isso, mio se eximi de propor a coacio. Ao detinder a existéncia de uma expedicio mitar que garantisse uma audiéneia cativa pasa que os missionsrios propagassem o Crstianismo latino, Ramon apenas trecou a privaciio imposta aos muculmanos: ao invés dle screm privados de suas vidas, seria cerceada a sua lbberdade até que se comvertessem, Mais do que uma filevafia de acdoe sua fitosofia de conrersad* Aefendia a conversio do mundo ao catolicismo, como ele proprio afirma, “com ferro, fogo © argumentacio DOMINGUEZ REBOIRAS, “Raméin Lull y la ceuzada, Consideraciones pecliesinares a us tema controvernido” p lll id. pW . “Tese defendida por Armand LLINARES. Ruveos Lull Barcelona: Edicions 62, 1987. “COSTA, Ricardo da,“ fatemdad che Deus na tilasofia de Ramon Lull 1232-1316)", 9 BLASCD VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo da(eaord Mir VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Crucis The Malle Apes md the Cross Jan 2008 S 1765818 Fontes COSTA, Ricasdo da, LEMOS, Tatyana N. Poeras de Ramon (1300) — O Conctto (1311), Riv de J 2009 RAMON LLULL. “Lo Desconhort™. far Posies (test, introduceid, nates i glossari de Ramon el Alds-Mones), Barcelona, Burcina, 1928, p. (0-105, RAMON LLULL “Del Concili®. far Pansies (Fest, itroduces}, notes ¢ plassirt de Ramon d'Mlds-Moner), Barvelona, Bareno, 1928, p. 106-134 RAMON LULL“ \ibre ce ciencin®. fiz Obrer Roervialy (OL). Barcelona: Selecta, 1957, vol. Lp. 355-1040 RAMON LLULL. “Del Coneili® fie Ober Bawciath (OF). Barcelona: Selecta, 1957, vol. 1, p. 28.134 RAMON LLULL, “Lo Desconhort” fer Ob vol. Lp. 1308-1528. RAMON LLULL. “Libre de contemplacis”. Ia, Obes 1957, vol I, p. 97-1258, RAMON LLULL. “Vida coetines”. In: Obes slvtes de Ramon Tal imores de Antoni Boner. Mallorca: Moll, 1989, vol Tp. 130) RAMON LULL. “EI desconsuelo”. fe VEGA, Amador. Rust Lely of seetn de de vida Barcelona: Sieucla, 2002, p. 221 212 RAMON LULL, La Desiovdor Obrador Faléndum, 20044 RAMON LLULL, Lie dé da diputa def ole Pore i de Reamon, of faststio ~ Line de fa del mix (unread, teaducei’s ¢ notes a cura de Lola Badia). Turnholt/Santa Coloma de Queralr Obrador Fdndum, 2008, BUNDO LULIO ¢ Ac Crrgadas. Liber de Posagin, Damer Lilbre sabre La conguesta de Tema ata, | ber Sanctae (rad. de Waldemiro Altoé, Eliane Venrorim © Ricardo da Costa), Rie de Janestor Sétimo Selo, 2000) SAN BERNARDO DE CLARAV AL, Obras cungphtas db San Bemards I Madne Bibhoteca le Notores Cristianos (BAC), MCMNCTY Ravton Lui. Dessansobe (1295) — Canta cino/Sto Panlo: Angelicvm/CRMOWOC, ai (OF). Barcelona: Selecta, 1957, venaiah (OF). Barcelona: Selecta, 516) Ba intro Cant de Raveon (edivid a cura de Josep Batalla). Barcelona wistione Ter Bibliografia BADIAY Lola, “Iotroducci RAMON LLULL. Libre oe lz dpa def ckree Pere & ab Ravion, of fantios ~ Libre de la civtar if dv (intxod., teaduceid i notes a cura de Lola Badia). Tursholr/Santa Coloma de Quesalt: Obsador Fabssduss, 2008, p. 13.89 BONNER, Anthony. Ambient historic i vida de Ramon Hull, In: Obs Selivtes de Ramon Lind?(1232-1316). Maiarca: Moll, 1989, vol. 1 CANTER MONTENEGRO, Lan Onsbnes reigns exe dr elie medieval sglos XT a XV Madrid: Anca,/Libros, 1998 CARRERAS Y ARTAU, Tomis ¢ Joaquin. Hisar di Barcelona Facsiml/Instirut oLstudis Catalans: Dspuracé de Girona, dk hs Piles Espa, floss ovist viglh NIU al X 2001, vol | COLOMER, Fusebi, La actitud compleja y ambivalentede Ramon Hull ante el judafsme clislimismo, I: DOMINGUEZ REBOIRAS, Femando y DE SALAS, Jaime (edits) septiembre 1994. Tibingen: Mas Niemeyer Verlag, 1996, p. 77-910 COLOMER T POUS. El pensanent als parsos catalany dant Pedat mlgana Barcelona: Abadia de Montserrat, 199 Aitas del sinpasio sabre Ramon Lid? ew 216 BLASCO VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo dafeoond ). Mail VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Crucis The Malle Apes md the Cross Jan 2010/158% 1676-5818 COSTA, Ricardo da. A gems na Made Média Um estado Thiriaa Rio de Janeiro: Pararodos, 1998. COSTA, Ricardo da, \ espesines cligiosa e mistica de Ramon Hull a fapiaidade © a cternidane divinas no Lira ds ewtteneplacas (c. L274), In: Sint Revtita db Faloafia ¢ M Medina! Custiba: Faculdade de Filosofia de Sto Boaventus’ (FESB), vol. 3, janeiro, juno 2006, p. 107-133. COSTA, Ricardo da. A piditatio mortisno Léero do Homen (1300) de Ramon Lull. tn: Revise wentatidade de enezaca na Penfasula dha Faculdade de Letras da Universidade do Ponto ~ Sine de Fiajia, W Sétie, volume NNILLNNIY, Porto, 2006/2007, p. 6) COSTA, Ricardo da, “Entio os cravados comegaram a profinar em nome do perdiado’ Mato sangrenta, os vag mas perpeteados em 1096 pelo conde 1 18 contra os judeus renanos, segundo as Chintar Hobraicase eristis”. Tie LAU AND, Jean {org). Pubsofir ¢ Edu 8, Edisto Expeoial VN Semindrio Internacional CEMOrOe: Puofia ¢ Eaecasin. Sho Paulo: Editara SEMOrOe (Centro de Estudos Medivuts Orieaie & Ovidenieda Faculdade de Puccio da USP) Factash Fditora, 2008, p. 35-62, Taiernet, hep. {eww icardacosta comy pub femich him COSTA, Ricardo da. “A Eremidade de Deus sia flosofia de Ramon Llull (1232.1316)" Confestncia proferida na Semana Aeadémica Terps ¢ Fiornidade na Kdak Média, evento omanvaado pelo lasitaia Sapte de Piao (Seminiio Bom Pastor, Francisco Beltran, PRono dia 13 demo. de 2010, Disponivel em “chitips/ /aeww.sicardlvcosta.com/pub/ A" 2Gereraidad! 2thk 20Deus pal DOMINGUEZ REBOIRAS, Fernando. “Ramén Lull y la enwada. Consideraciones preliminares a un tema controvertide”. fir Li Mania i Monie Pesowieno aro MCCXC: Carpe claitianorim, Continaatio Mediarala CLXXXIL Tumour: Brepols Publishers, 2003, DUFFY, Eamon. Santos & Pecadones, Histiria dos Papas Sio Paulo: Cosae & Naif, 1998, FERNANDEZ, Emilio Mateo, [storie ded Crisionroro, F mando Medieval. Madeak Teor, 2004 FIERRO, Masel Apunts sobre La et6, lesguarge i conversié en el seele NIL a La Peninsula Ibérica, Ie ROQUE, Maris Angels (ong) Ravrow Lil # "sto diileg, Barcelona: Lt Mageama, 2008, p, 79-6 GAYA, Jordi, Intraduccié. In: RAMON LLULL, Darter Libre wbre da omguesta de Tema Santa introd. de Jorali Gays tad. de Pere Habrés). Barcelona: Clissics del Cristianisme 91, Facultar de Teologia de Catalunya, Pundacis Enciclopédia Catalana, 2002, p. 7-65. HILLGARTHL J. N. Rayon Lael! ef naisiveent de fed.vne (a cura d! Albeet Soles), Barcelona Abadia de Montserrat, 1998 LEHMANN, Johannes. Las omgdas. Lov atexturams de Dios. Barcelona: Martinez, Roca, 1989 PARDO PASTOR, Jordi Las auctorisates biblicas en Ramon Lull etapa 1304-1311 Tn Revita Exhale dé Fivapia Medienad, V1, 2005, p. 167-180, PRING-MILL, R. Ef isisnns ft Palma de Mallorca: Moll, 1962, RUBIO, Jord: “Lespressié Titeriria en Pobea Iulkana’” ir Obve Barcelbina: Selecta, 1957, vol. 1p. 83-110. SOUZA, José Antonie de C. R. de, © BARBOSA, Joo Mortis. 0 reina de Deas «0 reno dv owen: As relies ene ov fades epirinal © toipanal aa Babva Kladke Média (da Reforna Gregorian a Jos Guidi). Porto. Segre: Fdipuces, 1997 TYERMAN, Christopher. Las Gremas de Dios Una reer hitaria de bas Critica, 207, ch I yon Leimngen (fe Linict del senaiah (O1 des. Barcelona BLASCD VALLES, Almudena, e COSTA, Rieanlo da(eaord Mir VTdile Meda © as Crzadas La Edel Media Tos Crucis The Malle Apes md the Cross Jan 2008 S 1765818 VAUCHIEZ, Andee A Erie Janeiro: Jorge Zaha, 1995. ZUMTHOR, Paul. Lar eda ce? unc, Mads: Caredra, 194, vol. IL nie ma Ida Méia Osidenta (nies VIE a XID. Rio. de 218

Você também pode gostar