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Sumário
maria-andreia.lameira@ipea.gov.br
A análise dos fluxos de entrada e saída dos trabalhadores entre as diferentes posições
no mercado de trabalho – extraídos dos microdados da PNAD Contínua – revela
que a pandemia gerou mudanças importantes nessas dinâmicas de transição. No
caso da ocupação, observa-se que houve não só um forte aumento no fluxo de saí-
da, mas também uma queda expressiva no fluxo de entrada, de modo que a taxa de
saída da PO que costumava apresentar leves oscilações ao redor de 40% passou a
registrar 45,3% no segundo trimestre de 2020. Ou seja, o número de trabalhadores
que saiu da PO nesse trimestre corresponde a 45,3% do estoque no trimestre ante-
rior. Já a taxa de entrada, que também costumava oscilar em patamares próximos a
40% até o fim de 2019, registrou 27,9% no segundo trimestre de 2020. Nota-se,
1
no entanto, que, já a partir do terceiro trimestre de 2020, o fluxo de entrada de
trabalhadores na PO passa a superar o de saída, porém a taxas ainda modestas, de
modo que essa reversão não foi suficiente para que a PO recuperasse, no primeiro
trimestre de 2021, o patamar registrado no primeiro trimestre de 2020. Deve-se
ressaltar, entretanto, que grande parte dessa mudança nas transições da ocupação
é decorrente do fluxo de trabalhadores que entram na PO no mesmo trimestre em
que passam a integrar a amostra da PNAD Contínua. Ainda de acordo com os mi-
crodados de transição, observa-se que, enquanto os fluxos de entrada no emprego
formal apresentam movimentos similares aos do mercado como um todo, os fluxos
de saída do emprego formal crescem menos que os observados na ocupação total.
Isso significa que o comportamento do emprego formal durante a pandemia foi
mais afetado pela diminuição nas contratações que por um aumento nos desliga-
mentos.
Carta de Conjuntura
Por fim, registra-se que o aumento do desemprego se deve a uma queda mais
abrupta no fluxo de saída do desemprego que no fluxo de entrada, indicando que
os trabalhadores estão passando mais tempo na desocupação. Por certo, 69,8% dos
desempregados deixavam essa condição no primeiro trimestre de 2020, enquanto
apenas 55,2% faziam essa transição no primeiro trimestre de 2021. Nesse mesmo
período, o fluxo de entrada no desemprego passou de 77,5%, no primeiro trimes-
tre de 2020, para 64,1%, neste mesmo trimestre de 2021.
1 Aspectos gerais
pação ficou em 15,1%, 2,3 p.p. acima Fonte: PNAD Contínua/IBGE e Diretoria de Estudos e Políticas Sociais
da taxa registrada no mesmo período de (Disoc) do Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas
2020 (gráfico 1). Na comparação men- Macroeconômicas (Dimac) do Ipea.
Nota¹: As séries mensalizadas foram obtidas a partir da metodologia
sal, os dados dessazonalizados também desenvolvida por Hecksher (2020).
2
haviam saído do mercado de trabalho por conta da pandemia. Por certo, de janeiro
a março de 2021, a força de trabalho brasileira aumentou em 567 mil, enquanto a
expansão do contingente ocupado foi de apenas 17 mil. Nota-se, entretanto, que,
apesar desse aumento, no ano, os dados ainda mostram uma força de trabalho bem
baixo da observada nos períodos pré-pandemia. Segundo a PNAD Contínua, no
trimestre móvel encerrado em março de 2020, a força de trabalho no país era de
105,1 milhões de pessoas, já no mesmo período de 2021 esse grupo era formado
por 100,5 milhões, indicando um recuo de 4,4% (gráfico 2). No mesmo período,
a PO apontou retração de 7,1%, passando de 92,2 milhões para 85,7 milhões.
GRÁFICO 2
PNAD Contínua: Indicadores do mercado de trabalho
(Em %)
4 64
Força de trabalho e População ocupada - Variação internaual
Carta de Conjuntura
61,0
60
-2 59,0
Taxa de participação
-4 58
56,8 56,8 56,8 56,8 56,8
-6 56,0
56,6
56
55,3 55,1
-8 54,7 54,7
54
-10
-12 52
-14 50
mai-jul/19
jul-set/19
set-nov/19
out-dez/19
fev-abr/20
nov-jan/20
mai-jul/20
jul-set/20
set-nov/20
out-dez/20
nov-jan/21
mar-mai/19
jun-ago/19
abr-jun/19
ago-out/19
dez-fev/20
jan-mar/20
mar-mai/20
jun-ago/20
abr-jun/20
ago-out/20
dez-fev/21
jan-mar/21
Força de trabalho População Ocupada Taxa de Participação
1. Por definição, são considerados subocupados os indivíduos que trabalham menos de quarenta horas semanais, mas que teriam disponibili-
dade e gostariam de trabalhar mais horas.
3
GRÁFICO 3 GRÁFICO 4
PNAD Contínua: proporção de subocupados em rela- PNAD Contínua: taxa combinada de desocupação e
ção à PO total subocupação
(Em %) (Em %)
8,5 22,0
8,2 21,5
8,0 7,9
21,0
7,8 7,8
7,8 20,5
7,5 7,5 7,5 7,5 20,0
7,4 7,3 7,4 7,4
19,5
7,1
7,0 7,0 7,0 7,0 7,0 19,0
6,8
6,7 18,5
6,5 18,0
17,5
6,0 17,0
fev-abr
mai-jul
nov-jan
jul-set
ago-out
out-dez
jan-mar
mar-mai
abr-jun
jun-ago
set-nov
dez-fev
mai-jul/18
jul-set/18
set-nov/18
nov-jan/19
mai-jul/19
jul-set/19
set-nov/19
nov-jan/20
mai-jul/20
jul-set/20
set-nov/20
nov-jan/21
jan-mar/18
mar-mai/18
jan-mar/19
mar-mai/19
jan-mar/20
mar-mai/20
jan-mar/21
Carta de Conjuntura
Não obstante a alta da desocupação e da subocupação, o crescimento do número
de desalentados corrobora a constatação de que o mercado de trabalho segue dete-
riorado. Nos últimos doze meses, o contingente de pessoas em idade de trabalhar
que estavam fora da força de trabalho por conta do desalento saltou de 4,8 milhões
para quase 6,0 milhões, o que representa uma alta de 25%. Em relação ao total da
população em idade ativa (PIA), a parcela de desalentados avançou de 2,8%, no
primeiro trimestre de 2020, apara 3,4%, no primeiro trimestre de 2021 (gráfico 5).
GRÁFICO 5 GRÁFICO 6
1,5
13,4
1,0 11,4
12,5
11,0 11,6 12,1 11,5
12,6
11,4
8,8 8,4
7,4 6,9
0,5 6,0 5,5 6,4
5,1 6,1
4,5
6,2
3,3 4,0
0,0
2016.I
2016.II
2016.III
2016.IV
2017.I
2017.II
2017.III
2017.IV
2018.I
2018.II
2018.III
2018.IV
2019.I
2019.II
2019.III
2019.IV
2020.I
2020.II
2020.III
2020.IV
2021.I
out-dez/15
nov-jan/13
mai-jul/16
jul-set/17
fev-abr/18
set-nov/18
jun-ago/13
nov-jan/20
abr-jun/12
jan-mar/14
ago-out/14
mar-mai/15
dez-fev/17
jun-ago/20
abr-jun/19
jan-mar/21
Nota-se ainda que, dentro do universo de pessoas em idade de trabalho, mas que
estavam fora da força de trabalho, a proporção dos desalentados não só aumen-
tou nos últimos trimestres como também se distanciou dos demais segmentos.
De acordo com o gráfico 6, enquanto, no primeiro trimestre de 2016, 40,9% dos
adultos que estavam da população economicamente ativa (PEA) se diziam desalen-
tados, em 2021, esse percentual saltou para 43,4%. Em contrapartida, a parcela
de pessoas que estavam fora da PEA por questões pessoais ou porque estudavam
recuou de 34,2% e 11,4% para 26,3% e 8,4%, respectivamente, na mesma base
de comparação.
4
Dentro desse contexto, a melhora nas GRÁFICO 7
PNAD Contínua: PO mensalizada – dados dessazona-
condições do mercado de trabalho só lizados
deve ocorrer a partir de uma expansão (Em milhões de pessoas)
jul/13
nov/13
jul/14
nov/14
jul/15
nov/15
jul/16
nov/16
jul/17
nov/17
jul/18
nov/18
jul/19
nov/19
jul/20
nov/20
mar/13
mar/14
mar/15
mar/16
mar/17
mar/18
mar/19
mar/20
mar/21
cuperação da atividade econômica que
resultará na melhora do mercado de Fonte: PNAD Contínua/IBGE.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
trabalho. Em março, os dados dessazo-
Carta de Conjuntura
nalizados mostram que, embora tenha
GRÁFICO 8
ocorrido um leve recuo da PO (de 86,3 PNAD Contínua: PO por vínculo empregatício – taxa
milhões em fevereiro deste ano para de variação interanual
(Em %)
86,1 milhões em março), esta vem se
10
mantendo em patamar bem superior ao 5
registrado no ápice da crise, em julho 0
-5
1,4
-1,3
mai-jul/19
jul-set/19
set-nov/19
out-dez/19
fev-abr/20
set-nov/20
out-dez/20
nov-jan/20
mai-jul/20
jul-set/20
nov-jan/21
jan-mar/19
mar-mai/19
jun-ago/19
abr-jun/19
ago-out/19
dez-fev/20
jan-mar/20
mar-mai/20
jun-ago/20
abr-jun/20
ago-out/20
dez-fev/21
jan-mar/21
5
damente 960 mil novos postos de trabalho formal nos quatro primeiros meses do
ano. Já no acumulado em doze meses, o saldo de novas vagas com carteira ultra-
passa o montante de 1,93 milhão. Após a incorporação desses resultados, o estoque
de trabalhadores formais medido pelo Caged chegou a 40,3 milhões, em abril de
2021, avançando 5,0% na comparação com o mesmo mês do ano anterior (gráfico
9).
GRÁFICO 9
Caged – estoque de empregos formais, em valor absoluto e variação interanual
(Valor absoluto, em milhões de pessoas e variação interanual, em %)
40,5 6,0
5,0 5,0
40,0
4,0
39,5 3,0
2,4 2,5
1,9
2,2
2,0
39,0 1,3 1,3 1,3 1,5 1,4 1,4 1,5 1,5 1,6 1,7
0,8 0,7
1,0 1,0
0,3
38,5 0,0
Carta de Conjuntura
-0,5
-0,9 -1,0
38,0 -1,7
-1,3
-2,0
-2,2
-2,0 -2,0
37,5 -3,0
mar/19
jun/19
jul/19
mai/19
ago/19
set/19
nov/19
jul/20
nov/20
abr/19
out/19
dez/19
jan/20
fev/20
mar/20
jun/20
mai/20
ago/20
set/20
abr/20
out/20
dez/20
jan/21
fev/21
mar/21
abr/21
Valor absoluto Variação interanual
mar/14
mar/15
mar/16
mar/17
mar/18
mar/19
mar/20
mar/21
2. A nota 22 da Carta de Conjuntura no 50 discute os possíveis impactos das mudanças amostrais da PNAD Contínua sobre a falta de aderência
em relação aos dados de ocupações formais do Caged no período da pandemia. Disponível em: <https://bit.ly/2QmiLkY>.
6
mum ao longo do tempo, indicando que, mesmo na constatação de que o saldo
de empregos formais gerados nos últimos doze meses seja efetivamente menor que
o apurado pelo Caged, é pouco provável que esse saldo seja negativo ao ponto de
aproximar as pesquisas da Secretaria de Trabalho e do IBGE. Logo, o aumento da
discrepância nos últimos meses poderia refletir efeitos heterogêneos da pandemia
nas diferentes metodologias utilizadas pelas duas fontes, de modo que, à medida
que a economia volte à normalidade, as séries podem vir a convergir para trajetórias
similares.
GRÁFICO 11
Caged – demissões versus SD – quantidade de requerentes
(Em 1 mil pessoas)
2.000.000 900.000
1.800.000 800.000
1.600.000 700.000
1.400.000 600.000
Carta de Conjuntura
1.200.000
500.000
1.000.000
400.000
800.000
600.000 300.000
400.000 200.000
200.000 100.000
0 0
mar/12
jun/12
set/12
set/13
set/14
jun/16
set/16
jun/17
set/17
dez/12
mar/13
jun/13
dez/13
mar/14
jun/14
dez/14
mar/15
jun/15
set/15
dez/15
mar/16
dez/16
mar/17
dez/17
mar/18
jun/18
set/18
jun/20
set/20
dez/18
mar/19
jun/19
set/19
dez/19
mar/20
dez/20
mar/21
Caged (t-1) Novo Caged (t-1) Seguro Desemprego (t)
7
queda. A taxa de saída da PO que costumava apresentar leves oscilações ao redor de
40% passou a registrar 45,3% no segundo trimestre de 2020. Ou seja, o número de
trabalhadores que saíram da PO nesse trimestre corresponde a 45,3% do estoque
no trimestre anterior. Já a taxa de entrada, que também costumava oscilar em pa-
tamares próximos a 40% até o fim de 2019, registrou 27,9% no segundo trimestre
de 2020. Como consequência, no segundo trimestre de 2020, a taxa de saída da
ocupação supera a taxa de entrada em mais de 15 p.p., justificando a significativa
queda da PO nesse ponto do tempo.
Carta de Conjuntura
trimestre de 2020.
Por fim, cabe observar que a taxa de saída da PO volta a oscilar levemente nos
últimos trimestres em patamares próximos aos registrados até 2019, fechando o
primeiro trimestre de 2021 em 40%. Já a taxa de entrada passa a oscilar em torno
de 43% nos últimos trimestres e, portanto, em patamares superiores àqueles apre-
sentados antes da pandemia. Esse fato motiva uma investigação mais detalhada dos
fluxos de entrada na PO.
GRÁFICO 13
Transição para dentro da ocupação após um trimestre
(Em%)
20 38,59 38,69 40
18 38
16 36
14 34
12 32
10 30
8 28
6 25,09
26
4 2,52 24
1,66
2 22
1,15 1,59
0 20
2015.I
2015.II
2015.III
2015.IV
2016.I
2016.II
2016.III
2016.IV
2017.I
2017.II
2017.III
2017.IV
2018.I
2018.II
2018.III
2018.IV
2019.I
2019.II
2019.III
2019.IV
2020.I
2020.II
2020.III
2020.IV
2021.I
8
Os fluxos de entrada na PO de trabalhadores provenientes do desemprego e da
inatividade até contribuem para reforçar a queda no segundo trimestre de 2020,
porém registram uma recuperação mais tímida no trimestre seguinte, de forma que
alcançam, no primeiro trimestre de 2021, patamares ainda inferiores ao registrado
no primeiro trimestre de 2020.
Carta de Conjuntura
cai com menos intensidade, de modo a permanecer em patamares ainda superiores
ao que foi registrado antes da pandemia.
GRÁFICO 14
Transição para fora da ocupação após um trimestre
(Em%)
20 40
18 37,16 38
16 35,13 36
14 34
12 32,98 32
10 30
2015.II
2015.III
2015.IV
2016.I
2016.II
2016.III
2016.IV
2017.I
2017.II
2017.III
2017.IV
2018.I
2018.II
2018.III
2018.IV
2019.I
2019.II
2019.III
2019.IV
2020.I
2020.II
2020.III
2020.IV
2021.I
40,0
mestre de 2015 e o primeiro trimestre 37,5
35,0
de 2021. Podemos notar que, embora 32,5
30,0
a evolução recente de ambos os fluxos 27,5
guarde muita semelhança com o padrão 25,0
2015.I
2015.II
2015.III
2015.IV
2016.I
2016.II
2016.III
2016.IV
2017.I
2017.II
2017.III
2017.IV
2018.I
2018.II
2018.III
2018.IV
2019.I
2019.II
2019.III
2019.IV
2020.I
2020.II
2020.III
2020.IV
2021.I
9
os fluxos de entrada apresentam movimentos similares, os fluxos de saída crescem
menos que os observados na ocupação total.
Em segundo lugar, verifica-se que, apesar de ambos os fluxos revertem essa movi-
mentação atípica já no terceiro trimestre de 2020, ou seja, o fluxo de entrada passa
a registrar patamares superiores ao de saída, a magnitude dessa diferença favorável
ao fluxo de entrada nos últimos trimestres não é suficiente para compensar a mas-
siva perda no emprego formal registrada no segundo trimestre de 2020. Assim,
constata-se que o comportamento do emprego formal durante a pandemia foi mais
afetado pela diminuição nas contratações que por um aumento nos desligamentos.
Carta de Conjuntura
que, conforme já mencionado, o pa- 2
1,62
1,38
2021:1
2021:2
2021:3
2021:4
mestre de 2020 e passam a apresentar
uma tendência de aumento a partir do Saldo Admitidos Desligados
GRÁFICO 17
Transições trimestrais para fora da formalidade1
(Em %)
10 40
9 38
8 35,43 36
7 34
6 32
5 30
4 28
3 26
2 1,46 24
1 1,14
0,70 22
0 0,50
20
2015.I
2015.II
2015.III
2015.IV
2016.I
2016.II
2016.III
2016.IV
2017.I
2017.II
2017.III
2017.IV
2018.I
2018.II
2018.III
2018.IV
2019.I
2019.II
2019.III
2019.IV
2020.I
2020.II
2020.III
2020.IV
2021.I
10
O gráfico 17 atesta que, de modo similar ao registrado na ocupação total, o fluxo
de trabalhadores que saem da amostra é o maior responsável pelo aumento do
fluxo de saída do emprego formal no segundo trimestre de 2020 e, portanto, pela
diferença registrada nesse ponto do tempo e nessa margem de ajuste entre os dados
da PNAD Contínua e do Caged.
80
metade de 2020. O gráfico 18 mostra 75
Carta de Conjuntura
70
que 69,8% dos desempregados deixa- 65
vam essa condição no primeiro trimes- 60
55
tre de 2020, enquanto apenas 55,2% 50
2015.I
2015.II
2015.III
2015.IV
2016.I
2016.II
2016.III
2016.IV
2017.I
2017.II
2017.III
2017.IV
2018.I
2018.II
2018.III
2018.IV
2019.I
2019.II
2019.III
2019.IV
2020.I
2020.II
2020.III
2020.IV
2021.I
faziam essa transição no primeiro tri-
mestre de 2021. Nesse mesmo período, Trimestre (t)
Entrada desemprego Saída desemprego
o fluxo de entrada no desemprego pas- Fonte: PNAD Contínua/IBGE
sou de 77,5%, no primeiro trimestre de Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
5 7,13 6,73
de saída do desemprego, no segundo tri- 0
mestre de 2020, está concentrada apenas
2019.III
2019.IV
2020.I
2020.II
2020.III
2020.IV
2021.I
2015.I
2015.II
2015.III
2015.IV
2016.I
2016.II
2016.III
2016.IV
2017.I
2017.II
2017.III
2017.IV
2018.I
2018.II
2018.III
2018.IV
2019.I
2019.II
11
TABELA 1
Taxa de desemprego
(Em %)
2018 2019 2020 2021
1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º
Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim. Trim.
Brasil 13,1 12,4 11,9 11,6 12,7 12,0 11,8 11,0 12,2 13,3 14,6 13,9 14,7
Centro Oeste 10,5 9,5 8,9 8,5 10,8 10,3 10,2 9,3 10,6 12,5 12,7 11,8 12,5
Nordeste 15,9 14,8 14,4 14,4 15,3 14,6 14,4 13,6 15,6 16,1 17,9 17,2 18,6
Norte 12,7 12,1 11,5 11,7 13,1 11,8 11,7 10,6 11,9 11,8 13,1 12,4 14,8
Sudeste 13,8 13,2 12,5 12,1 13,2 12,4 11,9 11,4 12,4 13,9 15,4 14,8 15,2
Sul 8,4 8,2 7,9 7,3 8,1 8,0 8,1 6,8 7,5 8,9 9,4 8,2 8,5
Masculino 11,6 11,0 10,5 10,1 10,9 10,3 10,0 9,2 10,4 12,0 12,8 11,9 12,2
Feminino 15,0 14,2 13,6 13,5 14,9 14,1 13,9 13,1 14,5 14,9 16,8 16,4 17,9
18 a 24 anos 28,1 26,6 25,8 25,2 27,3 25,8 25,7 23,8 27,1 29,7 31,4 29,8 31,0
25 a 39 anos 11,9 11,5 11,0 10,7 11,9 11,1 10,8 10,3 11,2 12,9 14,2 13,9 14,7
40 a 59 anos 7,8 7,5 6,9 6,9 7,5 7,2 7,1 6,6 7,5 8,7 9,9 9,0 9,7
Mais de 60 anos 4,6 4,4 4,5 4,0 4,5 4,8 4,6 4,2 4,4 4,8 5,1 5,0 5,7
Carta de Conjuntura
Não de Chefe Família 17,2 16,3 15,6 15,3 16,6 15,5 15,1 14,0 15,4 16,5 18,0 17,4 18,5
Chefe de Família 8,1 7,8 7,3 7,1 7,9 7,7 7,6 7,2 8,2 9,4 10,3 9,5 10,1
Fundamental Incompleto 12,0 11,4 11,0 11,0 11,3 10,9 11,1 10,4 11,1 12,9 14,0 13,0 13,4
Fundamental Completo 14,8 13,8 13,5 13,5 13,9 13,9 13,8 12,3 13,8 15,8 16,9 16,0 15,4
Médio Incompleto 22,0 21,1 20,9 19,7 22,1 20,5 20,6 18,5 20,4 22,4 24,3 23,7 24,4
Médio Completo 14,9 14,0 13,2 12,8 14,6 13,6 12,9 12,2 14,1 15,3 17,0 16,1 17,2
Superior 8,7 8,4 7,8 7,5 8,6 8,1 7,7 7,3 8,2 8,6 9,3 9,2 10,4
Região Metropolitana 14,7 14,4 13,8 13,3 14,3 13,8 13,4 12,5 13,8 15,7 17,4 16,8 17,0
Não Região Metropolitana 11,9 10,9 10,4 10,3 11,5 10,6 10,5 9,7 11,0 11,5 12,4 11,7 13,0
A desagregação por gênero indica que o desemprego continua crescendo mais en-
tre as mulheres (3,4 p.p.) comparativamente aos homens (1,8 p.p.). No primeiro
trimestre de 2021, a taxa de desocupação feminina ficou em 17,9%, mantendo-se
bem acima da masculina (12,2%). Já o critério de posição familiar revela que a
taxa de desemprego entre os não chefes de família (18,5%) mantém-se bem acima
da registrada entre os chefes de família (10,1%).
No primeiro trimestre de 2021, a abertura por faixa etária mostra que a taxa de
desocupação segue bem mais elevada entre os mais jovens (31,0%), embora, na
comparação interanual, os maiores avanços no desemprego tenham ocorrido no
conjunto de trabalhadores com idade entre 25 e 39 anos (11,2% ante 14,7%). Na
outra ponta, o desemprego dos mais idosos continua sendo o menor (5,7%). En-
tre os determinantes do comportamento da desocupação, observa-se que, de uma
maneira geral, o aumento do desemprego em todas as faixas etárias se deu mais por
12
uma pressão vinda da força de trabalho do que pelo recuo da ocupação. Após regis-
trar sucessivas quedas ao longo de 2020, no primeiro trimestre deste ano, a força
de trabalho das faixas etárias mais altas já apresentam leve expansão (gráfico 20).
Em contrapartida, embora a ocupação venha reagindo em todos os segmentos, esta
ainda segue apresentando taxas de variação negativas (gráfico 21).
GRÁFICO 20 GRÁFICO 21
População Ocupada - por faixa etária População Economicamente Ativa - por faixa etária
(Variação interanual, em %) (Variação interanual, em %)
10 15
5 10
0 5
-5 0
-10 -5
-15 -10
-15
Carta de Conjuntura
-20
-25 -20
2016.I
2016.II
2016.III
2016.IV
2017.I
2020.IV
2017.II
2017.III
2017.IV
2018.I
2018.II
2018.III
2018.IV
2019.I
2019.II
2019.III
2020.I
2020.II
2020.III
2016.I
2016.II
2016.III
2016.IV
2017.I
2017.II
2017.III
2017.IV
2018.I
2018.II
2018.III
2018.IV
2019.I
2019.II
2019.III
2020.I
2020.II
2020.III
2020.IV
18 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 59 anos Mais de 60 anos 18 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 59 anos Mais de 60 anos
GRÁFICO 22 GRÁFICO 23
População Ocupada - por grau de instrução População Economicamente Ativa - por grau de instrução
(Variação interanual, em %) (Variação interanual, em %)
10 10
5 5
0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
-20 -20
-25 -25
2016.I
2016.II
2016.III
2016.IV
2017.I
2017.II
2017.III
2017.IV
2018.I
2018.II
2018.III
2018.IV
2019.I
2019.II
2019.III
2019.IV
2020.I
2020.II
2020.III
2020.IV
2016.I
2016.II
2016.III
2016.IV
2017.I
2017.II
2017.III
2017.IV
2018.I
2018.II
2018.III
2018.IV
2019.I
2019.II
2019.III
2019.IV
2020.I
2020.II
2020.III
2020.IV
13
4 Emprego setorial
A tabela 2 traz uma análise da variação interanual nos primeiros trimestres de 2019
a 2021 da PO por setor de atividade, por meio da PNAD Contínua, de forma a
auxiliar na compreensão do agregado desse indicador. Chama a atenção o fato de
que todos apresentaram taxas de variação interanuais negativas para o primeiro
trimestre de 2021. A exceção fica por conta das categorias agricultura e saúde e
educação, com expansão de 4,0% e 0,7%, que têm em comum ainda uma trajetó-
ria de crescimento mais marcante nos últimos dois trimestres.
TABELA 2
PO por setores – variação interanual (1º trim./2019-1º trim./2021)
(Em %)
2019.I 2019.II 2019.III 2019.IV 2020.I 2020.II 2020.III 2020.IV 2021.I
Agricultura 0,1 2,8 -2,0 -0,7 -1,9 -7,9 -2,7 2,7 4,0
Carta de Conjuntura
Indústria Transformação 0,9 0,8 1,3 3,0 1,1 -11,1 -11,9 -8,8 -6,6
Indústria Extrativa 4,6 2,2 -0,3 9,3 9,3 7,7 -6,9 -11,9 -12,7
SIUP -2,8 3,1 9,8 4,5 3,4 -12,1 -18,8 -27,1 -18,4
Construção Civil -0,3 1,0 1,3 0,2 -2,1 -19,4 -16,6 -11,8 -5,7
Comércio 0,7 1,1 0,9 1,5 -0,9 -13,0 -13,5 -10,9 -9,4
Informática, Financeira, Serviços a empresas 4,1 6,2 3,9 2,2 1,5 -4,2 -6,5 -1,2 -0,5
Transporte 4,4 4,8 6,1 3,1 1,7 -10,7 -15,5 -12,8 -11,1
Serviços Pessoais 3,9 5,7 1,8 4,5 2,1 -17,5 -20,8 -18,4 -18,5
Administração Pública 0,8 -0,3 -1,3 0,4 0,5 4,2 2,2 3,1 -2,8
Saúde e Educação 4,4 3,6 2,6 1,7 4,7 1,1 -3,7 -0,4 0,7
Alojamento e Alimentação 3,1 4,4 2,2 5,2 -1,3 -26,1 -29,9 -27,7 -26,1
Serviços Domésticos -1,3 1,3 1,4 2,1 -2,2 -24,7 -26,5 -22,3 -17,3
3. Disponível em <https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/201208_cc_49_nota_27_evolucao_do_emprego.pdf>.
14
lados do Novo Caged no período.4 Observa-se que o emprego informal foi o mais
afetado no período, com todos os setores apresentando taxas de variação interanu-
ais negativas para os vínculos sem carteira – especialmente no âmbito dos segmen-
tos de alojamento e alimentação (-21,2%), serviços pessoais (-20,9%), transporte
(-21,3%) e saúde e educação (-19,7%).
TABELA 3
PO por setores e posição na ocupação: variação interanual (1º trim./2021)
(Em %)
Caged Com Carteira Sem Carteira Conta-Própria
Carta de Conjuntura
Construção Civil 12,5 -7,3 -5,7 -4,3
Comércio 2,7 -11,7 -8,5 -6,0
Informática, Financeira, Serviços a empresas 5,2 -4,1 -3,6 12,5
Transporte -1,7 -12,4 -21,3 -7,5
Serviços Pessoais -4,6 -25,6 -20,9 -13,8
Adm. Pública -0,2 0,5 -15,2 -
Saúde e Educação 0,6 3,0 -19,7 26,9
Alojamento e Alimentação -12,5 -33,3 -21,2 -19,0
Serviços Domésticos 0,0 -18,0 -17,1 -
Fonte: PNAD Contínua/IBGE; Novo Caged/Ministério da Economia.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Notas:
¹ A variação percentual foi obtida utilizando a população de empregados com carteira, militares e estatutários estimada pela PNAD Contínua para normalização.
² Empregados com carteira, militares e estatutários.
Cumpre destacar que, nos dois primeiros recortes supracitados, além de a retração
ter sido constatada para todas as formas de inserção no mercado, ela ocorreu de
forma mais expressiva para os trabalhadores com carteira: -33,3% em alojamento
e alimentação e -25,6% para serviços pessoais. O mesmo comportamento, em me-
nor escala, é observado para serviços domésticos, com queda de 20,9% nos víncu-
los formais e 18,0% no assalariamento sem carteira. Para além dessas categorias, os
segmentos de SIUP (-18,7%), transporte (-12,4%), indústria extrativa (-12,2%)
e comércio (-11,7%) também registraram quedas expressivas para o vínculo com
carteira.
Outro ponto que chama a atenção na tabela 3 é o panorama bem mais favorável
para o emprego formal retratado pelo Novo Caged do que pela PNAD Contínua.
Segundo aqueles registros administrativos, a maioria dos setores apresentou expan-
4. Para possibilitar uma comparação entre os valores da PNAD Contínua e do Novo Caged, os saldos deste último foram, como de costume,
normalizados pela população estimada de trabalhadores com carteira de trabalho do primeiro trimestre de 2020.
15
são no período. Apenas transporte, serviços pessoais e alojamento e alimentação
sofreram quedas e ainda assim em níveis menores que o estimado pela pesquisa
domiciliar. Essas diferenças são contrastantes para o caso da construção civil, que
tem uma expansão para os vínculos com carteira de 12,5% no Novo Caged e uma
contração de 7,3% conforma a PNAD Contínua. Esse desempenho mais favorável
do emprego formal no Novo Caged foi estudado com mais detalhes em Corseuil e
Russo,5 que o atribuem em boa medida à mudança nas entrevistas da PNAD, que
por força da pandemia passaram a ser feitas por telefone e não mais por visitas aos
domicílios.
Carta de Conjuntura
mia elas pertencem.
GRÁFICO 24
PNAD Contínua: taxa de crescimento da ocupação por setores e atividades desses setores (1º trim./2021-1º trim./2020)
(Em %)
1,00
0,75
0,50
0,25
0,00
-0,25
-0,6
O gráfico 25 informa que a incidência
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
de quedas na ocupação prevalece sobre Nota¹: Cada barra do gráfico refere-se a uma atividade econômica (de acordo
com a CNAE).
os crescimentos ao logo dos segmentos
de atividade econômica dentro do setor de serviços. Examinando os grupos que
apresentaram as variações mais extremadas do emprego, na tabela 4, constata-se:
16
i) a presença de uma gama de atividades beneficiadas pelo distanciamento social e
trabalho remoto – como serviços de entrega, financeiros e de tecnologia da infor-
mação – entre aqueles que mais cresceram; e ii) de forma não tão clara, o apareci-
mento de alguns ramos afetados negativamente pela pandemia, como atividades
artísticas e transporte aquaviário, entre os que experimentaram maiores contrações.
TABELA 4
PNAD Contínua: maiores variações do emprego formal nas atividades do setor de serviços
Carta de Conjuntura
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
GRÁFICO 26
PNAD Contínua: taxa de crescimento do emprego formal1 por setores e atividades desses setores (1º trim./2021-1º
trim./2020)
(Em %)
1,00
0,75
0,50
0,25
0,00
17
tísticas; e agências de viagem apresentaram quedas superiores a 40% no nível do
emprego com carteira, reflexo direto das medidas de enfrentamento da pandemia.
Entre as que mais cresceram, a exemplo do ocorrido para o total do emprego, en-
contram-se atividades estimuladas por essas medidas, como aquelas ligadas aos ser-
viços de tecnologia da informação e serviços financeiros. As diferenças em relação
ao verificado para o emprego ficam por conta da ausência de serviços de entrega
entre os segmentos com maior taxa de crescimento, o que reforça a percepção da
precariedade dos postos de trabalho aí gerados, e a associação mais clara entre as
restrições impostas pela pandemia e os segmentos mais negativamente afetados.
TABELA 5
PNAC Contínua: maiores variações do emprego formal nas atividades do setor de serviços
Atividades de serviços de tecnologia da informação 36,3% Atividades artísticas, criativas e de espetáculos -41,6%
Carta de Conjuntura
Atividades auxiliares dos serviços financeiros, seguros, Agências de viagens, operadores
35,4% -41,6%
previdência complementar e planos de saúde turísticos e serviços de reserva
Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 20,5% Atividades esportivas e de recreação e lazer -44,7%
Serviços de assistência social sem alojamento 15,5% Transporte aquaviário -45,5%
GRÁFICO 28
Taxa de crescimento dos vínculos formais por setores e atividade desses setores: saldo do Novo Caged e população
empregada estimada da PNAD Contínua (1º trim./2021-1º trim./2020)
(Em %)
0,6
0,4
0,2
0,0
-0,2
-0,4
-0,6
18
O gráfico 29 mostra um comportamento GRÁFICO 29
Novo Caged: crescimento do emprego nas atividades do
do crescimento do emprego segundo os setor de serviços
grupos de atividade no setor de serviços 0,6
bastante distinto daquele retratado pela
0,4
PNAD Contínua, no sentido em que
se observa praticamente uma igualdade 0,2
Carta de Conjuntura
quantitativas entre as duas bases não se traduzem em disparidades na captação de
mudanças na estrutura do emprego no setor.
TABELA 6
Novo Caged: maiores variações do emprego nas atividades do setor de serviços
Maiores crescimentos taxa Menores crescimentos taxa
19
Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac):
Carta de Conjuntura
Pesquisadores Visitantes:
Equipe de Assistentes:
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exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou
do Ministério da Economia.
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