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Resumo
Atualmente, existem métodos que não danificam os elementos da construção ao serem aplicados, os
chamados métodos não destrutivos. Estes métodos não necessitam extração de testemunhos ou qualquer
outra danificação aos elementos construtivos e utilizam equipamentos com tecnologia para avaliar ca-
racterísticas das superfícies analisadas não visíveis ao olho humano. Dentre os métodos não destrutivos
pode-se citar a esclerometria, o ultrassom e a termografia como os ensaios mais utilizados na avaliação
da Patologia das Construções, sendo o último citado como o menos desenvolvido por pesquisadores
brasileiros. Silva (2012) classifica o método da termografia como uma técnica simples e rápida de análise
não destrutiva. Através da câmera termográfica é possível detectar diversos problemas como defeitos
em isolamentos térmicos, fugas de ar, condições de funcionamento de equipamento de difícil acesso
e umidade por infiltrações ou fugas de água. Neste trabalho fizeram-se simulações de condições reais
de umidade acidental. Foram elaborados protótipos de diferentes conformações, revestidos por reboco
argamassado e pintura com tinta à base d’água e inserida uma tubulação danificada em seu interior.
Para verificação do potencial da termografia foram capturadas imagens de luz visível e termogramas de
todos os protótipos sem água na canalização e, posterior ao procedimento, foi inserida água em todos os
canos a fim de monitorar o comportamento dos elementos. Considerando os resultados dos quatro tipos
de parede desenvolvidos, foi possível afirmar que o método da termografia apresenta grande potencial
Cortizo (2007) afirma que a identificação visual. Dentre as causas de manifestações patoló-
visual das manifestações patológicas restringe gicas destacam-se as umidades ocasionadas por
as alternativas de correção e de minimização do vazamentos de tubulações – chamadas umida-
problema, pois algumas anomalias estão presen- des acidentais. Estas umidades podem provocar
tes de forma latente na edificação. Logo, a neces- sérios danos às edificações, e geralmente só são
sidade de apoio através de métodos de pesquisa identificadas quando atingem o revestimento, ou
mais ágeis e completos faz-se imprescindível seja, já estão em estado avançado. Neste contexto,
para o aprofundamento e aumento da assertivi- prova-se a importância do desenvolvimento de
dade dos estudos da Patologia das Construções metodologias que possibilitem o monitoramen-
a fim de garantir o sucesso ou a minimização do to do comportamento das canalizações prediais,
insucesso no diagnóstico. para que as anomalias possam ser identificadas
No estudo da Patologia das Construções, antes mesmo de danificarem os revestimentos.
técnicas não destrutivas têm-se mostrado bastan- Levando em consideração as colocações fei-
te úteis na detecção e caracterização de problemas tas, é pertinente afirmar a importância de estudos
ocorridos nos materiais, elementos de construção mais aprofundados sobre o método da termografia,
e soluções estruturais, tornando-se importantes a fim de viabilizar os potenciais do mesmo. Para
para o estudo das manifestações patológicas que que isto fosse feito buscando a maior aproximação
as edificações apresentam nos dias de hoje. possível com as situações reais de surgimento de
Os ensaios categorizados por não destruti- manifestações patológicas, foram utilizados neste
vos são aqueles que não causam danos algum ao estudo, protótipos de alvenarias.
objeto analisado, ou deixam pequenos danos pos- A partir do exposto, o objetivo deste traba-
síveis de recuperação pós-ensaio, e não provocam lho é avaliar a potencialidade do uso da termo-
a perda na capacidade resistente do elemento. Não grafia na detecção das causas de manifestações
há restrição da idade da edificação para esta mo- patológicas associadas à umidade acidental em
dalidade de métodos. Eles podem ser empregados modelos de edificações que possuam paredes de
para levantamento e identificação das manifesta- alvenarias, com tijolos maciços e furados, e aca-
ções patológicas, monitoramento da sua evolução bamento argamassado e pintado.
e instrumento para qualificar o diagnóstico das
anomalias encontradas (EVANGELISTA, 2002).
Sahuinco (2011) afirma que os métodos de 2 Revisão de literatura
ensaios não destrutivos são utilizados para obter-
se informações que possam contribuir no proces- Segundo Silva (2012), a termografia trata-se
so de tomada de decisão relativa às manifestações de uma técnica simples que consiste no princípio
patológicas quando as mesmas não se apresentam da capacidade de todos os materiais emitirem
deterioradas a luz visível, ou ainda, quando se energia, sob a forma de calor, na zona de radiação
mostra externa ou não esteja desempenhando seu infravermelha do espectro eletromagnético. Os
papel estrutural satisfatoriamente. Sendo os mais detectores infravermelhos identificam a radiação
utilizados o método da esclerometria, o método e a transformam em um sinal elétrico. Este sinal,
do ultrassom e a termografia. por sua vez, é o responsável por gerar uma ima-
Segundo Silva (2012), trata-se de uma técni- gem térmica colorida que representa a distribui-
ca simples e consiste no princípio da capacidade ção das temperaturas superficiais do corpo, sen-
de todos os materiais emitirem energia, sob a for- do que cada cor corresponde a um determinado
ma de calor, na zona de radiação infravermelha intervalo de temperatura.
do espectro eletromagnético. Os detectores in- Quando se utiliza a técnica da termografia
fravermelhos identificam a radiação e a transfor- para a análise qualitativa de fachadas de edifica-
mam num sinal elétrico que é o responsável por ções, é feita uma leitura simples da imagem térmi-
gerar uma imagem térmica colorida que repre- ca, que leva em consideração apenas a diferença
senta a distribuição das temperaturas superficiais local da temperatura superficial, através da va-
do corpo, correspondendo a cada cor um deter- riação de cores registrada pelo aparelho, indican-
minado intervalo de temperatura. do assim a existência ou não de uma anomalia.
A termografia tem grande valia para a detec- Como ressaltado por Silva (2012), a análise quali-
ção de problemas ocultos, ou seja, problemas que tativa é dotada de uma relativa simplicidade, po-
não podem ser percebidos apenas com análise rém, salienta que é de “extrema importância que
quem efetua os ensaios e interpreta os resultados método tem precisão de variação de temperatura
tenha alguma experiência, para saber qual o tipo e a curto prazo. Ainda, aplicaram o método com
de imagem que seria de esperar caso não existisse valores distintos de emissividade. O objetivo do
qualquer anomalia”. Neste contexto, podem ser estudo foi verificar se este parâmetro seria capaz
citados os estudos de Cortizo (2007), Freitas et al. de alterar ou distorcer os resultados do imagea-
(2014) e Moresco et al. (2015) por terem caracte- mento. Como conclusão, os autores afirmaram
rística qualitativa. que há diferença de imagem quando alterados os
Já no caso da termografia quantitativa, é parâmetros de emissividade do aparelho, porém,
necessário registrar e introduzir uma série de as variações de temperatura da superfície anali-
parâmetros, tais como a temperatura ambiente, sada mantêm-se constantes. Por isso, concluem
umidade relativa do ar, distância à superfície e que a termografia pode ser um método eficaz
emissividade, para que então, a análise da ima- para análises qualitativas dos objetos.
gem possa quantificar as variações de tempera- Moresco et al. (2015) testaram o método
tura superficial. Este tipo de abordagem requer para detecção de manifestações patológicas em
um detalhamento mais específico das condições fachadas com revestimento argamassado e con-
de ensaio se tornando, portanto, mais demorado cluíram que o método possibilitou a detecção de
(SILVA, 2012). áreas com as seguintes manifestações patológi-
Por todo o mundo, já foram realizados en- cas: fissuras, biodeterioração e manchas causadas
saios comprovando a potencialidade do uso da por umidade. Dentre todos os fatores analisados,
termografia. Wild (2007), após breve revisão recomendam que se tenha cuidado com a inci-
sobre os conceitos de radiação infravermelha e dência solar nos locais analisados, pois este pode
emissividade, aplicou a termografia em edifícios alterar o comportamento das manifestações pa-
de diversas prefeituras de cidades da Alemanha tológicas, porém sem influência na detecção das
como forma de experimentar o método na detec- mesmas. Neste mesmo trabalho, os autores ex-
ção de manifestações patológicas nas edificações e cluíram preocupações relacionadas ao vento, ân-
tubulações de piso e parede. Após a aplicação do gulo da visada e distanciamento do aparelho em
método não destrutivo, concluiu através dos ter- relação às fachadas analisadas. Porém, deve-se
mogramas que a técnica aponta manifestações pa- ter cuidado com os parâmetros de emissividade
tológicas como manchas de umidade e sujidade, do aparelho, fazendo com que seja necessária re-
além de apontar a maior parte das canalizações de visão sobre o que é emissividade e o conceito de
calefação das edificações. radiação infravermelha.
Já no Brasil, Cortizo et al. (2008) aplicaram
a termografia voltada ao diagnóstico de manifes-
tações patológicas das edificações, e o objeto de 3 Metodologia
estudo foi uma edificação do Patrimônio Histó-
rico Nacional: a Capela São Sebastião de Águas
Para o desenvolvimento deste trabalho, iden-
Claras. Após o diagnóstico das anomalias através
tificou-se inicialmente a necessidade de simular
dos resultados termográficos, os autores concluí-
condições reais de umidade acidental em um mo-
ram que o ensaio não destrutivo é uma realidade
delo de alvenaria. Andolfato (2002) descreve que
e representa um salto qualitativo na preservação
um modelo é qualquer representação física de uma
e conservação de bens imóveis, sejam elas com
estrutura ou porção dela. O modelo é usualmente
relevância cultural ou não.
construído em escala reduzida e frequentemente
Barreira et al. (2012) executaram diversos
representa uma parte de uma estrutura específica.
testes com o termovisor, desde a aplicação da
Foram elaborados protótipos de diferentes
metodologia no corpo humano até a utilização
conformações, revestidos por reboco argamas-
aplicada a modelos de concreto celular. Primei-
sado e pintura com tinta à base d’água. A esco-
ramente testaram a termografia na sola do pé
lha das características dos elementos deu-se em
humano após o contato com diversos materiais
função de serem os tipos mais comuns de pare-
(granito, cerâmica, concreto, dentre outros) por
des encontradas no Brasil, de acordo com Costa
um e dois minutos. Por fim, verificou-se que a
(2013). As características das mesmas encon-
termocâmera seria capaz de captar diferenças de
tram-se na Tabela 1.
temperatura instantânea e com precisão. Após a
submissão dos testes, os autores afirmaram que o
Para construção dos protótipos 1, 2, 3 e 4 Em cada uma das medições foi realizada
foram necessárias as etapas de assentamento dos uma fotografia de luz visível e uma imagem ter-
tijolos, chapisco, reboco e pintura. Os materiais mográfica para análise do comportamento das
utilizados para assentamento dos tijolos, chapis- temperaturas superficiais dos protótipos sujeitos
co e pintura foram os mesmos para todos os pro- à ação de umidade acidental.
tótipos, a fim de evitar distorção de resultados.
A coleta de dados foi realizada através de 12
medições, sendo que a primeira delas foi feia com 4 Resultados e discussões
os protótipos secos, antes da inserção da água no
cano para o início do processo de avaliação, que
A Figura 2 ilustra o protótipo 1 na primeira
está representada na Figura 1. Passados 10 minu-
medição realiza, ou seja, em seu estado seco. O
tos desta inserção, foi realizada a segunda medi-
protótipo apresenta temperatura uniforme, em
ção, e em seguida as próximas 5 leituras, man-
torno de 23,2°C, confirmando que está seco, sem
tendo o intervalo de 10 minutos entre cada uma
infiltração de água. Para o melhor entendimen-
delas, até completar a primeira hora de ensaio. A
to, em todas as figuras de fotografia a luz visível
partir daí, aumentou-se gradativamente o inter-
há um ponto vermelho indicando o local onde
valo entre as medições, tendo sido realizadas res-
está localizada a perfuração do cano. Em todos
pectivamente com 24 horas, 48 horas, 72 horas,
os protótipos foram realizados este procedimento
1 semana e 2 semanas após a aplicação da água.
inicial, antes da colocação da água e em todos a
temperatura se apresentou uniforme, confirman-
do o estado seco.
Após terem sido feitas as fotografias do pro-
tótipo seco, o cano perfurado instalado foi cheio
d’água para que, a partir de então, o local fosse
monitorado de acordo com o processo de medi-
ção definido e já exposto.
(a) Protótipo 1 - 24cm de espessura – tijolo ma-
ciço 5x9x19cm
Analisando primeiro protótipo, dez minu-
tos após a inserção de água, a primeira imagem
termográfica feita não apresentou sinais de infil-
Figura 1 - Inserção de água no protótipo de parede.
Tempo de Protótipo 1
leitura Luz visível Termografia
10 min
20 min
30 min
40 min
50 min
60 min
24 h
48 h
72 h
1 semana
2 semanas
Na leitura das 24h de experimento já se pode (b) Protótipo 2 - 14cm de espessura – tijolo ma-
identificar um bulbo que delimita a diferença de ciço 5x9x19cm
temperatura e de localização do furo no cano, en- A Tabela 3 apresenta todas as medições des-
quanto que uma semana após o início, a variação te protótipo. Analisando primeiramente as seis
de temperatura já está distribuída de forma mais primeiras medições, realizadas na primeira hora
uniforme. Após duas semanas do início do pro- de infiltração, pode-se observar que diferente-
cesso de medição, observou-se que o método da mente do protótipo 1, o protótipo 2 marcou uma
termografia foi capaz de identificar vazamentos elevação de temperatura já na primeira leitura de
ocultos em parede com esse tipo de conforma- 10 min, onde marca um trecho do cano. Segun-
ção e composição. Desde o início da infiltração do Holst (2000), este fato ocorre, pois, a parede
até o final do processo, nada pode-se observar está em processo de aquecimento, fazendo com
na parede fotografada a luz visível, pois a pintu- que áreas úmidas gerem imagens quentes e áreas
ra permaneceu da mesma forma, diferentemente secas com imagem de áreas frias. Isto acontece
das imagens termográficas que apresentaram os quando há um processo de aquecimento das pa-
locais onde a umidade agiu no protótipo de for- redes, porque a região com água se aquece mais
ma oculta. rapidamente que a alvenaria seca.
10 min
20 min
30 min
40 min
50 min
60 min
24 h
48 h
72 h
1 semana
2 semanas
Ressalta-se que no protótipo 1 o bulbo que se acusou infiltração através da imagem termográ-
forma surgiu após 24h, enquanto que no protóti- fica passados 40 minutos, o protótipo 2 mostrou
po 2 já é possível identificá-lo na leitura de 40min. a ação da umidade na medição, aos 30 minutos.
Ainda na Tabela 3, pode-se observar anali- Enquanto o resultado da termografia não apre-
sando a imagem termográfica da medição feita sentou uniformidade para os dois protótipos, não
transcorridas 24 horas da injeção de água, que se pode afirmar o mesmo ao se analisar as foto-
a infiltração começa a evoluir, pois a imagem já grafias de luz visível. Nenhuma das duas paredes
registra um maior contraste de temperatura, em sofreu alteração em sua superfície em momento
uma maior área do protótipo, se comparada com algum do processo de medição.
a medição de 1h. No entanto, esta evolução per- (c) Protótipo 3 - 19cm de espessura – tijolo 6 fu-
manece oculta, sem que a parede apresente qual- ros 9x14x19cm
quer sinal de manifestação patológica. Observa- Na Tabela 4, a primeira medição, fica bas-
se que a mancha colorida se expandiu de forma tante clara a ação da infiltração sobre o protótipo
uniforme pelo protótipo 2 e ao redor do local 3, na imagem termográfica. No caso desta confor-
em que o cano foi danificado, já na medição de mação de parede, com tijolo furado, o resultado
48 horas, com aumento da área de temperaturas aparece imediatamente. Com apenas 10 minutos
mais baixas. Nas leituras de 1 e 2 semanas o com- de infiltração o registro termográfico já aponta
portamento foi muito semelhante ao protótipo 1, claramente o local onde o cano foi perfurado e o
sendo que em uma semana se generaliza a dife- caminho da água espalhando-se pela alvenaria.
rença de temperatura mais baixa e em 2 semanas A diferença de temperatura entre a superfície da
a temperatura sobe. alvenaria e o local onde a água está agindo é de
Para esta conformação de parede, a termo- aproximadamente 2°C. Diferentemente do protó-
grafia foi capaz de identificar elementos causa- tipo 2, que apresentou alteração na primeira lei-
dores de manifestações patológicas oriundas de tura, na parte superior do cano, onde não foram
umidade acidental antes das mesmas manifesta- realizadas perfurações que pudessem justificar a
rem-se causando danos nos elementos construti- diferença na temperatura.
vos atingidos por vazamentos. É possível observar que a leitura de 20 min
É importante ressaltar que os dois protóti- manteve o comportamento da leitura de 10 min.,
pos já analisados foram executados com o mes- porém aos 30 min há uma redução de temperatu-
mo tijolo (maciço), no mesmo dia e as leituras ra, e aos 40 min uma uniformização desta redução
nos mesmos horários e, enquanto o protótipo 1 e uma baixa ainda maior na região onde foi perfu-
rado o cano. O padrão da leitura de 40 min man- bulbo ao redor do furo do cano. Esta mudança está
teve-se nas duas próximas leituras que ocorreram associada, provavelmente, ao fato de tratar-se ago-
aos 50 e 60 minutos respectivamente, mas chama- ra de uma parede de tijolos furados.
se atenção que não houve a formação da figura tipo Tabela 4 - Leituras do protótipo 3
Tempo de Protótipo 3
leitura Luz visível Termografia
10 min
20 min
30 min
40 min
50 min
60 min
24 h
48 h
72 h
1 semana
2 semanas
Passadas 24, 48 e 72 horas de exposição ao cano. Na fotografia com a câmera tradicional não
cano danificado, e com água, a mancha de umida- há indícios de manifestações patológicas, a pare-
de nas imagens termográficas seguiu apontando a de permanece idêntica ao seu estado original. Po-
presença de infiltração no mesmo local. Também rém, na imagem termográfica a presença de água
é possível notar um aumento na temperatura do no cano já pode ser identificada. Tal identificação
protótipo. Novamente na leitura de uma semana dá-se pelo cano com água apresentar variação de
houve um espalhamento da mancha com tempe- temperatura significativa para a escala de cores do
ratura mais baixa e em duas semanas o início do aparelho – aproximadamente 1°C.
aumento da temperatura. Nos primeiros 30 minutos de medições, os
Da mesma forma que ocorreu com os outros termogramas apresentam variação de tempera-
protótipos, o método da termografia apresen- tura entre o cano de PVC e a alvenaria cerâmi-
tou-se eficaz na detecção das causas de umidade ca após a inserção de água na canalização. Já nas
acidental nas edificações e consequentemente o leituras de 40, 50 e 60 min, o comportamento do
surgimento de manifestações patológicas. Du- protótipo 4 foi bastante semelhante aos primeiros,
rante todo o intervalo de tempo dos ensaios em mostrando uma redução significativa da tempera-
nenhum momento a estética do tronco de pare- tura em praticamente todo o protótipo, mas sem a
de sofreu alteração, seja de tonalidade de sua cor marcação do local do vazamento.
original (branca), surgimento de bolor ou des-
colamento da pintura. Enquanto que as imagens
termográficas apontaram significativa diferença
de temperatura.
(d) Protótipo 4 - 14cm de espessura – tijolo 6
furos 9x14x19cm
A primeira medição com o cano cheio deu-
se após 10 minutos da inserção de água e pode-
se notar alterações na temperatura superficial do
protótipo 4, conforme tabela 5. Nesta primeira lei-
tura houve um leve aumento de temperatura (in-
ferior ao que ocorreu no protótipo 2) porém mar-
cou a região do cano. Nas leituras de 20 e 30 min
iniciou-se um aumento da temperatura interna no
10 min
20 min
30 min
40 min
50 min
60 min
24 h
48 h
72 h
1 semana
2 semanas
A sétima medição do protótipo 4, 24 horas tamento da parede fotografada a luz visível, pois
depois do início do processo de medição, come- a pintura permaneceu intacta. Diferentemente
çou a apresentar alterações de comportamento do comportamento das imagens capturadas pela
devido à infiltração. Pode-se observar o local câmera termográfica, onde identificou-se pri-
aproximado do vazamento de água através da meiramente alteração de temperatura superficial
imagem termográfica.Com uma e duas semanas com presença de água no encanamento e poste-
o protótipo 4 submetido à infiltração constante riormente o local onde a infiltração estava agindo
apresentou mais alterações. Decorridas duas se- juntamente da sua evolução constante.
manas de infiltração, foi possível observar que a Conforme os dados obtidos e as análises
mancha do local onde o cano foi perfurado co- realizadas, pode-se concluir preliminarmente,
meça a espalhar-se pelo modelo, porém sempre para os protótipos verticais (Tabela 6):
ficando claramente marcado o local da mesma.
Desde o início da infiltração até o final do Tabela 6 - Resultados preliminares dos protótipos
processo (2 semanas), nada alterou no compor- verticais
Tempo que ter- Tempo que Possível locali-
Protótipo Tamanho do tijolo mografia acusou fotografia acusou zar furos pela
infiltração infiltração termografia
1 Tijolo maciço 5x9x19cm 40 min Sim
2 Tijolo maciço 5x9x19cm 40 min Sim
Não acusou
3 Tijolo furado 6 furos 9x14x19cm 10 min Sim
4 Tijolo furado 6 furos 9x14x19cm 10 min Sim
medições indicadas, fez-se necessário o levanta- pois dividida pela área total de cada protótipo. Os
mento das áreas afetadas pelas manchas de umi- resultados apresentados abaixo tornam-se bas-
dade com o intuito de se verificar relação entre a tante conclusivos acerca da evolução da umidade
dimensão das mesmas em relação ao tempo de- acidental na experiência proposta, como mostra-
corrido de infiltração. do na Figura 3.
Para a elaboração do gráfico, foi medida a
área (m²) da mancha de cada termograma e de- Figura 3 - Índice de manchas de umidade
0,18
Índice de manchas de umidade (m²/m²)
0,16
0,14
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
10min 20min 30min 40min 50min 60min 24h 48h 72h 1sem 2sem
P1 P2 P3 P4
Figura 3 -de
Índice de manchas
Além de já ter-se registrado que a termogra-
de umidade. 5 Conclusões
fia é capaz identificar manifestações patológi-
cas ocultas oriundas de umidade acidental, pode-
Considerando os resultados dos protótipos
se concluir que as manchas tendem a aumentar
Além de dojá tempo,
ter-se comportamento,
registrado queeste, a termografia desenvolvidos,
é capaz foi depossível afirmar
identificar que o método
manifestações
ao passar facil-
da termografia apresenta grande potencial para a
mente compreensível
patológicas ocultase esperado
oriundasdevidode à nature-
umidade acidental, pode-se
análise de elementos ocultos econcluir
causadoresque as
de ma-
za porosa dos materiais utilizados nos protótipos.
nifestações patológicas.
manchasPode-se tendem
observaratambém
aumentar ao passar
que entre os pro- do tempo, comportamento, este, facilmente
Durante as duas semanas do processo de
tótipos, o que apresentou o maior índice de umi-
compreensível e esperado devido à natureza porosa
medição em que dos materiaisforam
os protótipos utilizados nos
submetidos
dade é o P4, que foi construído de tijolos furados e
à ação de umidade acidental através da infiltração
protótipos.
assentados a cutelo. O valor deste índice justifica-
projetada pelo furo na canalização inserida, não foi
se pelo fato deste tipo de tijolo apresentar maior
Pode-se observaremtambém que entre registrada nenhuma
os protótipos, alteração visível
o que apresentou o nas fotografias
maior índice
índice de absorção relação ao tijolo maciço.
convencionais. Não houve mancha de umidade,
Além
de disso, o fato
umidade éo de P4,
estarem
queassentados a cutelo ede tijolos furados e assentados a cutelo. O
foi construído criação de bolor, descolamento da tinta ou do rebo-
apresentarem maior área de cerâmica em relação
valor
ao P3 –deste índicetambém
constituído justifica-se
de tijolopelo fato
furado destecotipo
– re-
e nenhum sinal apresentar
de tijolo sequer de início de manifestação
maior índice de
patológica oriunda da infiltração nos protótipos.
força e justifica
absorção emosrelação
resultadosaoobtidos.
tijolo maciço. Além disso, o fato osderesultados
estaremregistrados
assentados
No entanto, pelaa
Considerando o traçado das retas e suas va-
cutelo termocâmeraem mostraram com P3clareza a ação da
riações, oe gráfico
apresentarem
mostra que asmaior
manchas área de cerâmica
tendem relação ao – constituído
água nos protótipos desde as primeiras medições
a aumentar com maior significância nos primei-
também de tijolo furado – reforça e justifica até os oresultados obtidos.
final do processo. Como pôde-se observar
ros dez minutos de infiltração.Ao longo do pro-
no gráfico dos índices de manchas de umidade,
Considerando
cesso de medição,oa traçado
evolução foidas retas para
contínua e suas variações, o gráfico mostra que as
estas – de forma geral – aumentam com o passar
todos os casos, ocorrendo algumas pequenas va-
manchas tendem a aumentar com maior do tempo, fazendo com que seja possível concluir
riações. Porém, considerando a curva final, ob- significância nos primeiros dez minutos de
que ao aplicar o método em situações reais, o ta-
serva-se que as manchas
infiltração.Ao longo do deprocesso
umidade resultantes
de medição, a evolução
manho da manchafoi decontínua para todos
umidade captada os
pode ser
da infiltração simulada tendem a crescer com o
casos, relacionado comconsiderando
o tempo em queaa curvamesmafinal,
está
passar doocorrendo
tempo. algumas pequenas variações. Porém,
agindo no elemento.
observa-se que as manchas de umidade resultantes da infiltração simulada tendem
a crescerRevista
com odepassar
Arquitetura IMED, 5(1): 28-47, jan./jun. 2016 - ISSN 2318-1109
do tempo. 45
5 CONCLUSÕES
F. W. Al Alam, F. P. Pinz, A. S. Torres, C. M. Paliga
Abstract
Currently, there are methods that do not damage the construction elements to be applied, the so-called
non-destructive methods. These methods do not require extraction of testimonies or any other dama-
ge to the constructive elements and use equipment to evaluate characteristics of the analyzed areas
not visible to the human eye. Among the non-destructive methods exists concrete testing hammer,
the ultrasound and thermography as the most used in the assessment of the condition of buildings,
being the last cited as the least developed by Brazilian researchers. Silva (2012) classifies the method of
thermography as a simple and fast technique of non-destructive analysis. Through the thermographic
camera is possible to detect different problems such as thermal insulation defects, air leaks, equip-
ment operating conditions that are difficult to access and humidity. Simulations of real conditions of
accidental moisture were made in this work. Different prototypes were made: plaster with mortar and
painted with ink water base and inserted a pipe damaged. To check the potential of thermography
were captured visible light imagesandthermogramsofallprototypes without water in the conduit and,
subsequent to the procedure; water was included in all the pipes in order to monitor the behavior of
the elements. Considering the results of the four types of wall developed, it was possible to say that the
method of thermography shows great potential for the causing hidden elements of pathological mani-
festations analysis. Analyzing the masonry prototype plastered and painted ceramic bricks - are solid
or stuck - it was concluded that thermography is a capable and effective method for the detection of
infiltrations in buildings still in its hidden state without changing the plastered surfaces and painted.
Keywords: Non-destructive methods. Thermography. Accidental moisture.