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Discriminação de segundo grau: Neste caso, a empresa vai cobrar preços diferentes
para quatidades diferentes do mesmo bem ou serviço (Pindyck, Rubinfeld, 2013). Varian
(1989) cita um exemplo desse tipo de discriminação, que é o caso da cobrança de duplas
tarifas: é cobrada uma tarifa fixa para se ter o direito de consumo de determinado produto e,
em seguida, são cobradas tarifas adicionais para cada unidade extra consumida. Essa prática
permite que a empresa obtenha lucro com a cobrança da tarifa fixa, mantendo as tarifas
adicionais próximas do custo marginal. Outro exemplo, dado por Pindyck e Rubinfeld
(2013), é o consumo de energia elétrica. A utilidade marginal da energia elétrica se reduz
conforme o consumo aumenta, consequentemente, a disposição a pagar também se reduz. As
empresas de energia elétrica, cientes desse fato, oferecem preços marginais decrescentes
conforme o consumo aumenta, para garantir o consumo.
Apesar do comércio existir desde a época da descoberta do Brasil, o varejo não foi
sempre muito bem desenvolvido. O varejo começa a se desenvolver com maior intensidade
na época da corrida do ouro, decorrentes das descobertas pelos bandeirantes de jazidas de
ouro e de diamante no interior do Brasil. A busca pela riqueza levou a uma migração muito
grande para o interior, e por isso, surgem estabelecimentos voltados para o abastecimento
desses migrantes na região de Minas Gerais, levando ao surgimento de pequenas cidades e
vilarejos (Fausto, 1998). Nesse cenário, agricultores antes voltados para subsistência passam
a produzir para o comércio local. Levou ao surgimento de pequenos empresários, surge uma
classe média entre os grandes produtores latifundiários e os escravos (Prado, 2002). Assim,
surge um mercado interno de consumo no interior do Brasil (Varotto, 2018).
Nos períodos que se seguem, com o aumento da importância do café para a economia
e a riqueza que esse bem gerou, houve um aumento muito grande na industrialização e na
formação de cidades. Nessas cidades se desenvolvia um comércio, e o varejo começa a
ganhar maior importância no Brasil (Varotto, 2018). Durante e após a Segunda Guerra
Mundial o varejo no Brasil passou por grandes mudanças. Foi na década de 30 que se
instalou, em São Paulo, a primeira Lojas Americanas (Oliveira, 2006). Na década de 40,
surgem lojas de roupas, propagandas, e promoções em épocas festivas. Também se estruturou
pela primeira vez um sistema de crédito bem desenvolvido. Antes, as compras eram feitas à
vista (Varotto, 2006).
Tratando de tendências futuras, Varotto (2018) ressalta que o varejo é um setor que
constantemente passa por mudanças abruptas, devido a inovações tecnológicas com caráter
disruptivo que se espalham muito rapidamente. Pantano (2014) destaca que essas inovações
que têm surgido trata principalmente de mudanças que facilitam o processo de compra dos
consumidores e a obtenção de dados deles.
Tratando das mudanças causadas com a pandemia, Bernardes (2020) traz como de
suma importância o fato do varejo, a partir de agora, se voltar muito para o meio digital.
Segundo a autora, muitos consumidores intensificaram as compras online devido à pandemia,
e pensam em manter esse hábito. Silva Neto (2020) destaca que as empresas devem se atentar
à grande imprevisibilidade que surgirá com a pandemia. Isso se deve ao fato da crise sanitária
levar a mudanças drásticas nos hábitos dos consumidores. Ressalta que as empresas devem
ter um foco no consumidor nesse momento de pandemia, e usar tecnologia e ciência de dados
a seu favor.
Silva Neto (2020) também traz a importância que o delivery e o pick-up (somente a
retirada é feita na loja) ganham com a pandemia, devido à necessidade das medidas de
distanciamento social, que afetarão a forma do consumidor realizar suas compras mesmo
após a pandemia. As empresas devem repensar fortemente sua logística devido a essa
extensão do delivery para fora do setor de serviços alimentícios, mas para o varejo como um
todo.
Silva Neto (2020) também ressalta que deverão ser feitas mudanças inclusive nas
lojas físicas. As medidas restritivas decorrentes da pandemia também afetaram a forma com
que os consumidores interagem com os produtos nas lojas, muitos evitam ao máximo contato
com os produtos e outras pessoas. O autor destaca o surgimento de varejos touchless, em que
o consumidor tem mínimo contato físico com a loja. Na China, por exemplo, já estão
utilizando tecnologias para adequar o varejo a essas novas tendências: em algumas lojas,
plataformas digitais fazem ofertas em tempo real, e fornecem informações sobre os produtos,
sem a necessidade de se haver um vendedor para exercer essas funções.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Spann, M., Fischer, M., & Tellis, G. J. (2015). Skimming or Penetration? Strategic Dynamic
Pricing for New Products. Marketing Science, 34(2), 235–249.
ROCHA REIS, Carlos Roberto da. Discriminação de preços por algoritmo no varejo
online sob a Lei 12.529/2011. Monografia (Graduação em Direito), Universidade de Brasília:
UnB, 2019.
MCWILLIAMS, G. (2004). Analyzing customers, best buy decides not all are welcome. The
Wall Street Journal. Disponível em: https://www.wsj.com/articles/SB109986994931767086.
Prado, C., Jr. (2002). História econômica do Brasil. (45a. ed.). São Paulo: Editora Brasiliense.
Parente, J. (2014). Varejo no Brasil (2a. ed.). São Paulo: Atlas S.A.
Bernardes, V. S.; Guissoni, L. A. O varejo não será mais o mesmo. GVEXECUTIVO, v 19, N
4, 2020.