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Em pensamento – (OFF)
“Quando eu olho para trás e vejo tudo o que eu me propus a fazer apenas para me sentir
amado,
É como se eu visse uma parte de mim sentado no chão da sala, chorando por não ter
aprovação,
E a outra metade, feita de plástico, tecidos caros e colônias baratas,
Exaltando as artificialidades, criadas justamente... para me subjugar...
Como se aquilo fosse natural e perfeito...
Só agora eu percebo...
Mas agora é tarde...
pra voltar atrás... “
Valentina - Invoco o quadrante leste para guiar a minha boca, e vingar tudo o que me foi dito.
Invoco o quadrante Norte para guiar a minha mão, e vingar tudo o que eu apanhei.
Invoco o quadrante Oeste para guiar a minha mente e vingar todo o meu
tormento.
Invoco o quadrante sul para guiar minha alma e vingar todos os meus ancestrais.
Louco está o próprio povo que cochicha a entrada fatídica de Poucos à minha fortaleza
Vinde a mim, ó esquisitos, cruéis, fatais, felinos...
Para que o fio do seu punhal não tenha olhos e eu não possa sentir a ferida que eu abrir...
Para que nenhuma convulsão possa abalar a minha gana a minha determinação,
E não possa os céus espiar lá de cima da amplidão e aos berros suplicar: “Não, pare! Mil vezes,
Não!”.
Onde está
Eu sinto...
E muito mais...
Não valeu
shiii...
(Break down)
Durante o break down, Valentina remexe sua bolsa à procura de algo, retira uma máquina
de choque, mostra ao público, dispensa o objeto e acha uma faca, faz sinal de aceitação e
senta no colo do homem)
(because pimps just don’t worry about stupid bitches) Screwed me in dog (bloody nights keeps
our perfect) style outside the door
(because pimps) Bloody nights keeps- our perfect… (because pimps…I where worried about
stupid pimps) chemistry…
Pa-ru-ba-rum-bã-pã
Pa-ra-pa
Pa-ra
Pa-ra
Pa-ra
Pimps don’t…
Ponte a la cama,
Let me take a sip of wine
"Com o tempo eu comecei meu processo de enegrecimento. Percebi que eu não precisava
buscar o corpo perfeito, porque na verdade, o meu corpo já era perfeito. Comecei a aceitar o
meu cabelo crespo também. Aprendi que não tinha nada de errado em mim, e sim nos
padrões e pessoas que me cercavam. Mas eu tenho um recado - que é também uma pontinha
de esperança e empoderamento - para vocês manas, bixas negas: não tem nada de errado
com nossos corpos, ok? Não tem nada de errado com a nossa cor. Somos lindos. Não
precisamos ficar noite e dia em uma academia para tentar conquistar o boy perfeito.
Precisamos enegrecer cada dia mais e não nos submeter a esses padrões. O corpo negro é
lindo. Não somos morenos, mulatos, criolos, escurinhos… SOMOS NEGROS."
(durante esse monólogo, Valentina recolhe seus objetos de cena, pega a carteira do homem,
deixa algumas notas de dinheiro no seu colo e leva o resto. Antes de sair, Valentina escreve
com batom no peito do homem “Chamem um táxi”, fecha a sua bolsa e sai)
FIM