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O ritual

Duração: “9:00 (nove minutos)


Cena de dois personagens (Valentina e homem branco cis, reacionário).
Descrição: no cenário estão Valentina e um homem, ela está tombada no chão e ele está
amarrado em uma cadeira. O homem, além de amarrado, tem os olhos vendados e as calças
arriadas. Valentina está prostrada em frente a uma bacia, onde coloca os ingredientes para o
que parece ser um ritual de magia.

Em pensamento – (OFF)

“Quando eu olho para trás e vejo tudo o que eu me propus a fazer apenas para me sentir
amado,
É como se eu visse uma parte de mim sentado no chão da sala, chorando por não ter
aprovação,
E a outra metade, feita de plástico, tecidos caros e colônias baratas,
Exaltando as artificialidades, criadas justamente... para me subjugar...
Como se aquilo fosse natural e perfeito...

Só agora eu percebo...
Mas agora é tarde...
pra voltar atrás... “

(Valentina se levanta e ergue a bacia nas direções invocadas)

Valentina - Invoco o quadrante leste para guiar a minha boca, e vingar tudo o que me foi dito.
Invoco o quadrante Norte para guiar a minha mão, e vingar tudo o que eu apanhei.
Invoco o quadrante Oeste para guiar a minha mente e vingar todo o meu
tormento.
Invoco o quadrante sul para guiar minha alma e vingar todos os meus ancestrais.

Louco está o próprio povo que cochicha a entrada fatídica de Poucos à minha fortaleza
Vinde a mim, ó esquisitos, cruéis, fatais, felinos...

Que servis aos bons talentos naturais e criativos.


Critiquem, falem, expressem-se, e que ninguém fique perplexo com a minha ferocidade,

Uma cachoeira jorrando num borbotão de verdade.

Venham ministros da arte, que estão em toda parte e giram,


No submundo da vaidade e da sujeira, e ouçam o grito profundo da tendência que rodeia...
Vem, noite glamurosa, noite intensa...

Envolvida na fumaça dos mistérios, trazendo a cegueira dos remédios,

Para que o fio do seu punhal não tenha olhos e eu não possa sentir a ferida que eu abrir...

Que nossos sócios não se zanguem, nem congelem nosso sangue,

Para que nenhuma convulsão possa abalar a minha gana a minha determinação,

De ser a mais deslumbrante no momento da ação...

E não possa os céus espiar lá de cima da amplidão e aos berros suplicar: “Não, pare! Mil vezes,
Não!”.

(sai do transe e se dirige para trás)

(Música: “Muito mais do que além...”)

Quando o sol não sai,

Eu precinto o que vem,

Muito mais do que além

Do que está na intensão

De um alguém que não sabe...

Onde está

Eu sinto...

Mas... se você quiser,

Eu posso te indicar uns livros,

Te ensinar o que eu digo,

E muito mais...

Eu te liguei pra te explicar mas você não quis saber,


Até mandei te avisar você não quis entender,

Te convidei para dançar você só quis me foder,

Mas agora chega!

Quando você chegar me avise, que é pra eu poder sair,

Deixei suas malas no sofá não te esperava aqui,

Tua mãe ligou pra criticar eu quase... morri de rir...

Não valeu a pena

Não valeu a pena (a...a...)

Não valeu a pena

Não valeu

Nunca fui muito desses caras que não sabem perder,

Mas ser trocado por trabalho, você tem que entender,

A minha vida é um dilema,

E você é mais um dos “problemax”

shiii...

Because pimps don’t worry about stupid bitches

My drunk ex-boyfriend scared a hell out of me

Screwed me in dog style outside the doors

Bloody nights keeps our perfect chemistry

(Break down)

Durante o break down, Valentina remexe sua bolsa à procura de algo, retira uma máquina
de choque, mostra ao público, dispensa o objeto e acha uma faca, faz sinal de aceitação e
senta no colo do homem)

Because pimps don’t worry about stupid bitches

My drunk ex-boyfriend scared a hell out of me

Screwed me in dog style outside the doors


Bloody nights keeps our perfect chemistry

(Valentina arranca o pênis do homem que estava sentado na cadeira)

Pimps don’t worry about stupid bitches…

My drunk (because pimps) ex-boyfriend (because pimps) scared a hell out of me

(because pimps just don’t worry about stupid bitches) Screwed me in dog (bloody nights keeps
our perfect) style outside the door

(because pimps) Bloody nights keeps- our perfect… (because pimps…I where worried about
stupid pimps) chemistry…

Pimps don’t worry about stupid bitches

Pa-ru-ba-rum-bã-pã

Pa-ra-pa

Pa-ra

Pa-ra

Pa-ra

Pimps don’t about…

Pimps don’t… hummm!

Pimps don’t…

Pimps don’t… about it’s too

I wanna slit myself when I’m walkin’ Ipanema

Spread to everybody all of my bloody dilemma

Don’t you think we can stop with this fucking drama,

Let me treat with my best client in Copacabana

I hate a lot of guys that’s thinks I’m just a bitch

Ass miss lady gaga I made my sandwich

Barking dogs seldom bite,

Ponte a la cama,
Let me take a sip of wine

And I’m your fliperama

"Com o tempo eu comecei meu processo de enegrecimento. Percebi que eu não precisava
buscar o corpo perfeito, porque na verdade, o meu corpo já era perfeito. Comecei a aceitar o
meu cabelo crespo também. Aprendi que não tinha nada de errado em mim, e sim nos
padrões e pessoas que me cercavam. Mas eu tenho um recado - que é também uma pontinha
de esperança e empoderamento - para vocês manas, bixas negas: não tem nada de errado
com nossos corpos, ok? Não tem nada de errado com a nossa cor. Somos lindos. Não
precisamos ficar noite e dia em uma academia para tentar conquistar o boy perfeito.
Precisamos enegrecer cada dia mais e não nos submeter a esses padrões. O corpo negro é
lindo. Não somos morenos, mulatos, criolos, escurinhos… SOMOS NEGROS."

(durante esse monólogo, Valentina recolhe seus objetos de cena, pega a carteira do homem,
deixa algumas notas de dinheiro no seu colo e leva o resto. Antes de sair, Valentina escreve
com batom no peito do homem “Chamem um táxi”, fecha a sua bolsa e sai)

FIM

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