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CURSO: Psicologia

DISCIPLINA: Processos Psicológicos Básicos


PROFESSOR: Greicy dos Anjos
DATA: 07/04/2020
VALOR DA AVALIAÇÃO: 7
ACADÊMICO (A): Alexandre Casarin

Questão 1 (valor 1,5)


O texto Seleção pelas Consequências (Skinner, 2007) discute as três histórias que compõe o homem
a ser estudado pela Análise do Comportamento. Apresentando um sujeito composto por uma
história genética, história de vida e história da cultura. Com base no texto e nas discussões
realizadas em sala descreva quais são as três histórias trazidas pelo autor, qual o modelo de
explicação adotado pelo autor e o papel do comportamento operante para esse homem.

Podemos chamar a história genética de filogênese, a história de vida de ontogênese e a


terceira história de Cultura (informação verbal)1. A filogênese trata da história de milhões de anos
de evolução das espécies e é estudada pela biologia. A história narra a seleção de organismos e de
comportamentos respondentes, transmitidos pela reprodução através do DNA. Seu o limite é
genético. A ontogênese, por outro lado, trata da história do desenvolvimento de um indivíduo e, por
isso, tem conta histórias mais breves, de cerca de 80 a 100 anos. Estudada pela psicologia, esta
história narra a seleção de comportamentos operantes, transmitidos por experiência e reforço. Seu
limite é geográfico. Por fim, a cultura trata da história, de centenas de milhares de anos, do início da
organização do ser humano grupos até os dias de hoje e seleciona conhecimentos, hábitos e práticas
culturais, passados de geração a geração através do comportamento de interação social. Seu limite é
verbal (SKINNER, p. 131, 2007; informação verbal2).
Skinner utiliza de um modelo causal, que se utiliza de lógica e experiência empírica,
chamado de Seleção por Consequências, para sua explicação. Neste modelo, o autor descreve que o
comportamento operante é um segundo tipo de seleção por consequência (SKINNER, p.129, 2007).
É extremamente importante para o homem pois aumenta ou diminui a possibilidade de que um
comportamento volte ou não a ocorrer futuramente. O comportamento operante depende de um
reforço positivo, aumentando as chances de repetição do comportamento, ou negativo, diminuindo
as chances de repetição do comportamento. Em contrapartida, Frederick descreve o comportamento
respondente como “respostas previamente preparadas pela seleção natural poderiam ficar sob o
controle de novos estímulos” (SKINNER, p. 130, 2007)

1 Fala da Me. Professora Greicy de Assis Oliveira dos Anjos na disciplina de Processos Psicológicos Básicos, Centro
Universitário Integrado, em 01/03/2021.
2 Fala da Me. Professora Greicy de Assis Oliveira dos Anjos na disciplina de Processos Psicológicos Básicos, Centro

Universitário Integrado, em 01/03/2021.


Questão 2 (valor 2,5)
A Atenção é uma capacidade cognitiva da maioria dos organismos humanos. Isto é, os organismos
são preparados biologicamente para desenvolver atenção, no entanto para que essa habilidade se
torne um tipo de comportamento bem estabelecido no repertório de uma pessoa ela deve ser
treinada desde o início da vida de um indivíduo. Com base nas discussões feitas em sala, a partir da
leitura do texto explique o processo de treino da atenção para uma criança.

A atenção é a capacidade de um indivíduo de escolher se concentrar em um estímulo de um


ambiente. No processo de atenção, a experiência com o mundo se dá ao mesmo tempo em que o
mundo se relaciona com o sujeito, sendo dessa forma relacionado com a compreensão de um mundo
relacional (LIMA, 2005).
Os estímulos captados pela atenção são percebidos pelas suas interrelações e não somente de
forma isolada e sequencial. Um exemplo é ouvir uma música, em que não percebemos nota após
nota, mas um conjunto interrelacionado das mesmas. Outro exemplo claro é o da dicotomia da
Figura-Fundo, citado por Lima em que “há a relação intrínseca entre estímulos, mas um ocorre após
o outro, como se houvesse uma sobreposição das experiências” (2005, p. 115, apud Davidoff, 1983;
Kandell, 1977).
Como debatido em aula, caso de crianças, o processo de treino da atenção se dá por
estímulos filtrados pelo interesse e seguem três passos: a) 01) Estimulo ambiental, como por
exemplo uma criança acidentalmente tocar ou bater em um móbile, b) Resposta/ Ação, como a
criança movimentar seus braços, c) Consequência/ Reforço: como por exemplo o móbile girar
(informação verbal)3.

3Fala da Me. Professora Greicy de Assis Oliveira dos Anjos na disciplina de Processos Psicológicos Básicos, Centro
Universitário Integrado, em 25/03/2021.
Questão 3 (valor 3,0)
O poema de Carlos Drummond Andrade trata sobre o medo, ora como uma percepção, ora como
um sentimento presente. O autor tem um objetivo em tratar o medo como uma percepção e como
discutido em sala a percepção é um processo psicológico básico construído a partir das nossas
histórias de vida, interações com o mundo e relações com outras pessoas. Apresente a definição de
percepção a partir dos textos trabalhos em sala e com a leitura do poema contextualize a sensação e
percepção do autor sobre o medo.

O medo susto na noite, receio


Em verdade temos medo. de águas poluídas. Muletas
Nascemos escuro.
As existências são poucas: do homem só. Ajudai-nos,
Carteiro, ditador, soldado. lentos poderes do láudano.
Nosso destino, incompleto. Até a canção medrosa
se parte, se transe e cala-se.
E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo. Faremos casas de medo,
Vestimos panos de medo. duros tijolos de medo,
De medo, vermelhos rios medrosos caules, repuxos,
vadeamos. ruas só de medo e calma.

Somos apenas uns homens E com asas de prudência,


e a natureza traiu-nos. com resplendores covardes,
Há as árvores, as fábricas, atingiremos o cimo
Doenças galopantes, fomes. de nossa cauta subida.

Refugiamo-nos no amor, O medo, com sua física,


este célebre sentimento, tanto produz: carcereiros,
e o amor faltou: chovia, edifícios, escritores,
ventava, fazia frio em São Paulo. este poema; outras vidas.

Fazia frio em São Paulo... Tenhamos o maior pavor,


Nevava. Os mais velhos compreendem.
O medo, com sua capa, O medo cristalizou-os.
nos dissimula e nos berça. Estátuas sábias, adeus.

Fiquei com medo de ti, Adeus: vamos para a frente,


meu companheiro moreno, recuando de olhos acesos.
De nós, de vós: e de tudo. Nossos filhos tão felizes...
Estou com medo da honra. Fiéis herdeiros do medo,

Assim nos criam burgueses, eles povoam a cidade.


Nosso caminho: traçado. Depois da cidade, o mundo.
Por que morrer em conjunto? Depois do mundo, as estrelas,
E se todos nós vivêssemos? dançando o baile do medo.

Vem, harmonia do medo, Carlos Drummond Andrade In: A Rosa do Povo, José
vem, ó terror das estradas, Olympio, 1945.
Pode-se definir sensação, percepção e estímulo como:

Sensação: Ativação dos órgãos dos sentidos por uma fonte de energia física.
Percepção: Classificação, interpretação, análise e integração de estímulos pelos órgãos dos
sentidos e pelo cérebro.
Estímulo: Energia que produz uma resposta em um órgão sensorial.
(FELDMAN, p. 89, 2015)

O eu lírico do poema diz o que sente e o que percebe:

Refugiamo-nos no amor,
este célebre sentimento,
e o amor faltou: chovia,
ventava, fazia frio em São Paulo.

Fazia frio em São Paulo...


Nevava.
O medo, com sua capa,
nos dissimula e nos berça.

Fiquei com medo de ti,


meu companheiro moreno,
De nós, de vós: e de tudo.
Estou com medo da honra.

(Carlos Drummond Andrade In: A Rosa do Povo, José Olympio, 1945)

Quando o eu lírico cita a chuva, o vento e o frio, que são estímulos, ou seja, energias que
produzem uma reação aos órgãos sensoriais, ativando sentidos como visão, audição e tato, desta
forma despertando a sensação na personagem. Este conjunto de estímulos, por sua vez, quando
interpretados, classificamos e analisados, são percebidos, causando o medo (FELDMAN, p. 89,
2015).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FELDMAN, R. S. Introdução à psicologia. 10a. ed. Porto Alegre: AMGH Editora Ltda, 2015. v.
53

LIMA, R. F. DE. Compreendendo os mecanismos atencionais. Ciências e Cognição, v. 06, p. 113–


122, 2005.

SKINNER, B. F. Seleção por conseqüências. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e


Cognitiva, v. IX, n. 1, p. 129–137, 2007.

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