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Análise Técnica

do clássico ao moderno
J u l i a n o C a r n e i r o
Análise Técnica
do clássico ao moderno
J u l i a n o C a r n e i r o
Dedico este livro aos meus lindos e queridos filhos, Juliano e Carolina,
que dividiram o pai com o trabalho e tiveram paciência
para esperar a conclusão de todo o projeto.
Se tento buscar o impossível é pela motivação de meus filhos e meus familiares.

Deixo um beijo muito especial e carinhoso


para minha querida esposa Andréia, que me ajudou, apoiou e incentivou.
Sem a ajuda dela, certamente não teria conquistado tudo o que conquistei até hoje.

Um abraço carinhoso aos meus pais, Laerte e Rosana,


aos meus irmãos, à minha sobrinha e afilhada.
Agradeço a Deus por proteger minha família e ter sempre iluminado meu caminho.
Agradeço também a todos os meus alunos, amigos e parceiros comerciais,
e a D. Iracema, que me ajudou muito.
Sumário
Introdução . ..................................................................................................................................................................................15

Análise Técnica X Análise Fundamentalista.................................................................................................................17

O Psicológico é o Fator de Sucesso................................................................................................................................. 18

Detecção de Problemas Psicológicos..............................................................................................................................19

Por que Abrir Capital?...........................................................................................................................................................20

Tipos de Ações............................................................................................................................................................................21

Classes de Ações.......................................................................................................................................................................21

Venda Alugada ou Venda Descoberta...........................................................................................................................22

Novo Mercado ..........................................................................................................................................................................24

As Ações para o Trader........................................................................................................................................................ 25

Blue Chips ou Ações de Primeira Linha.........................................................................................................................25


Small Caps ou 2a e 3a Linhas..............................................................................................................................................25
Spread do Livro.........................................................................................................................................................................26

Lote Padrão de Ações............................................................................................................................................................27

Mercado Fracionário..............................................................................................................................................................27

Requisitos para Iniciar suas Operações.......................................................................................................................28

Saber Ganhar e Saber Perder..............................................................................................................................................31

O Papel do Agente Autônomo na sua Vida.................................................................................................................32

O Papel da CVM em sua Vida............................................................................................................................................32

Tipos de Investidores.............................................................................................................................................................33

Como Funciona o Pregão.....................................................................................................................................................34

Termômetros de Abertura do Mercado.........................................................................................................................34

O Poder das Notícias.............................................................................................................................................................36

Envelope de Notícias...............................................................................................................................................................37

Como Funciona o Leilão........................................................................................................................................................37

Critério de formação do preço do Leilão (FIXING) ................................................................................................38

O Que é Backtesting (Trader Cego).................................................................................................................................39

Teorias de Dow.........................................................................................................................................................................40
10     Análise Técnica

O Mercado e seus 4 Preços................................................................................................................................................45

Tipos de Gráficos.....................................................................................................................................................................45

Padrões Formados por Candles. .................................................................................................................................... 49

Padrões de um Único Candle. ........................................................................................................................................... 49

Martelo.........................................................................................................................................................................................49

Backtesting do Martelo (Método Automatizado)....................................................................................................50


Enforcado......................................................................................................................................................................................51

Backtesting do Enforcado (Método Automatizado)..............................................................................................52


O Perigo das Operações Contra a Tendência.............................................................................................................53

Shooting Star............................................................................................................................................................................54
Backtesting do Shooting Star (Método Automatizado)......................................................................................55
Martelo Invertido......................................................................................................................................................................56

Backtesting do Martelo Invertido (Método Automatizado)................................................................................57


Estrela..........................................................................................................................................................................................58

Dojis..............................................................................................................................................................................................60
Marubozu....................................................................................................................................................................................62
Backtesting do Marubozu para Alta (Método Automatizado).........................................................................63
Backtesting do Marubozu para Baixa (Método Automatizado)..................................................................... 64
Padrões com 2 ou mais Candles...................................................................................................................................... 65

Engolfo de Alta..........................................................................................................................................................................65

Backtesting do Engolfo de Alta (Método Automatizado)....................................................................................66


Engolfo de Baixa......................................................................................................................................................................67

Backtesting do Engolfo de Baixa (Método Automatizado)............................................................................... 68


Haramis........................................................................................................................................................................................69
Backtesting do Harami na Baixa (Método Automatizado)...................................................................................71
Backtesting do Harami na Alta (Método Automatizado)......................................................................................71
Padrão Nuvem Negra (Dark Clouds)..............................................................................................................................73

Backtesting do Dark Clouds (Método Automatizado)..........................................................................................74


Piercing Pattern........................................................................................................................................................................75
Backtesting do Piercing Pattern (Método Automatizado)..................................................................................76
Bebê Abandonado...................................................................................................................................................................77

Downside Tasuki Gap............................................................................................................................................................79


Upside Tasuki Gap..................................................................................................................................................................80
Juliano Carneiro     11    

Falling Three Methods. .......................................................................................................................................................... 81


Rising Three Methods...........................................................................................................................................................82
Three White Soldiers (Três Soldados Brancos)........................................................................................................82
Three Black Crows.................................................................................................................................................................84
Definindo a Escala do Gráfico.......................................................................................................................................... 85

Marcando Topos e Fundos................................................................................................................................................. 86

Conceitos de Suporte e Resistência...............................................................................................................................88

A Mudança de Tendência........................................................................................................................................................91

Pivot de Alta.................................................................................................................................................................................91

Pivot de Baixa............................................................................................................................................................................92

Estratégias para Rompimento de Suportes e Resistências............................................................................... 94

Linhas de Tendências.............................................................................................................................................................95

Linha de Tendência de Alta..................................................................................................................................................95

Estratégia para Operar Rompimento de Linha de Tendência de Alta..............................................................97

Linha de Tendência de Baixa...............................................................................................................................................97

Estratégia para Operar Rompimento de Linha de Tendência de Baixa...........................................................99

Traçando Canais.....................................................................................................................................................................100

Canal de Alta............................................................................................................................................................................100

Estratégia para Operar um Canal de Alta....................................................................................................................101

Os Padrões dos Gráficos................................................................................................................................................... 102

Padrões de Continuação Triângulo Simétrico...........................................................................................................103

O Volume e o Triângulo .......................................................................................................................................................103

Rompimento do Triângulo e seus Objetivos..............................................................................................................104

Triângulos Ascendentes e Descendentes...................................................................................................................106

Operações com Triângulos................................................................................................................................................108

Pull-Back de Rompimento..................................................................................................................................................109
Operando Pull-Back de Rompimento..............................................................................................................................110

Opções de Recompra para o Pull-Back......................................................................................................................... 110

Retângulos.................................................................................................................................................................................... 111

Projetando o Rompimento do Retângulo......................................................................................................................112

Operações com Retângulos.................................................................................................................................................113

Cunhas...........................................................................................................................................................................................113

Operações com Cunhas........................................................................................................................................................114


12     Análise Técnica

Bandeiras.....................................................................................................................................................................................114

Operações com Bandeiras....................................................................................................................................................115

Flâmulas.......................................................................................................................................................................................116

Operações com Flâmulas..................................................................................................................................................... 116

Padrões de Reversão............................................................................................................................................................. 116

Ombro, Cabeça, Ombro..........................................................................................................................................................117

Traçando Objetivos para o Oco........................................................................................................................................118

Topos e Fundos Duplos e Triplos..................................................................................................................................... 119

Operações com Topos Duplos e Triplos.........................................................................................................................121

Formações de Alargamento...............................................................................................................................................122

Gaps..............................................................................................................................................................................................123
Indicadores Auxiliares..........................................................................................................................................................127

Rastreadores............................................................................................................................................................................127

Médias Móveis.........................................................................................................................................................................127

Médias Funcionando como Suporte............................................................................................................................. 128

Médias Funcionando como Resistência.......................................................................................................................129

Médias Funcionando como Rastreador de Tendência..........................................................................................130

Médias como Indicadores de Compra e Venda (Método de Cruzamento Duplo).....................................130

Backtesting do Método de Cruzamento Duplo (Método Automatizado)......................................................131


MACD (Moving Avarege Convergence – Divergence)...........................................................................................132

MACD Linha...............................................................................................................................................................................133

MACD Histograma.................................................................................................................................................................133

Backtesting do MACD (Método Automatizado)......................................................................................................134


Parabólico (SAR – Stop And Reverse)........................................................................................................................135

Backtesting do SAR (Método Automatizado)..........................................................................................................136


Osciladores . .............................................................................................................................................................................137

Divergências..............................................................................................................................................................................138

Estocástico................................................................................................................................................................................139

Backtesting do Estocástico (Método Automatizado).........................................................................................140


Índice de Força Relativa (IFR)........................................................................................................................................... 141

IFR e Divergências para Antecipar os Preços...........................................................................................................142

Backtesting do IFR (Método Automatizado)............................................................................................................142


Método Ju Kick – IFR Combinado com Média Móvel............................................................................................143
Juliano Carneiro     13    

CCI (Commodity Channel Index).....................................................................................................................................144

Backtesting do CCI (Método Automatizado)........................................................................................................... 145


Método JC PREDICTION.....................................................................................................................................................146

Indicadores de Volume..........................................................................................................................................................147

On Balance Volume (OBV).................................................................................................................................................147

Analisando o OBV com suportes e resistências...................................................................................................148

Backtesting do OBV (Método Automatizado)........................................................................................................ 149


Banda de Bollinger................................................................................................................................................................150

Estreitamento das Bandas..................................................................................................................................................151

Backtesting das Bandas de Bollinger (Método Automatizado)........................................................................151


Repainting e seu Efeito Negativo....................................................................................................................................152
Mercado de Lado e os Indicadores.................................................................................................................................153

Extensão e Retração de Fibonacci.................................................................................................................................153

Pá de Ventilador......................................................................................................................................................................155

Método Ju Punch (Operando a Pá de Ventilador)..................................................................................................155

Martingale................................................................................................................................................................................. 156
Alavanca e seu Poder de Quebrar Traders................................................................................................................ 158

Imposto de Renda..................................................................................................................................................................158

Operações Avançadas......................................................................................................................................................... 159

Trade Seguidor de Tendência............................................................................................................................................ 159


Como Operar Formação de Fundo.................................................................................................................................. 161

Como Operar Formação de Topo.....................................................................................................................................162

Analisando o Fluxo de Investimento..............................................................................................................................163

Manejo de Risco (Protegendo-se dos Tubarões)...................................................................................................164

O Mercado como um Negócio.......................................................................................................................................... 166

Conclusão...................................................................................................................................................................................167
Introdução
Ganhar dinheiro com a bolsa de valores é uma tarefa que exige extrema dedicação. Posso
afirmar isso devido à experiência que tenho, há tantos anos operando no mercado.
Além de estudo árduo, o mercado exige de você uma das coisas mais difíceis para o
ser humano: o controle psicológico.
Minhas palavras podem soar estranhas e desanimadoras para quem está tendo o
primeiro contato com a análise técnica, porém, costumo dizer que investir na bolsa de
valores é 10% razão e 90% emoção. Emoção essa que deve ser controlada, para que não
seja instaurado o caos em sua mente. Se você conseguir controlar os 90% da emoção,
será um vencedor.
Muitos entram no mercado imaginando que se tornarão ricos, que ganharão muito
dinheiro. Essa possibilidade até existe, mas depende do nível de trabalho que se está dis-
posto a oferecer. Conheço diversas pessoas que se deram muito bem, mas, infelizmente,
conheço mais pessoas que se deram mal.
Se controlar suas emoções e não tentar ganhar “tudo de uma só vez”, então será um
vencedor. O segredo está na regularidade.
Alguns alunos do curso presencial que ministro constantemente me dizem que al-
mejam rendimentos de 15, 20 e até 30% ao mês!!! Imaginem se eles conseguem! Vamos
fazer um cálculo rápido:
Se um aluno meu começa a investir R$ 50.000,00 e, em 10 anos, mantém a média de
30% ao mês, no final desses 10 anos ele terá a quantia de R$ 2.35598318. Ou seja, estaríamos
com um sério problema de liquidez, pois ele praticamente teria sugado todo o dinheiro do
mercado. Nesse momento não haveria ninguém do outro lado fazendo ofertas.
Isso reflete somente uma coisa: ter rendimento nesse nível é praticamente impos-
sível. Você pode ter 30% de rentabilidade ao mês e, às vezes, até mais; entretanto, certa-
mente não conseguirá manter a regularidade.
Há quem imagine que iniciará as operações e terá uma rentabilidade maior que
100% ao ano. Bons traders conseguem de 50% a 80% ao ano. Ótimos traders conseguem
uma rentabilidade maior que 80%.
Não existe, no mercado, o trader ruim e o trader médio. Essas duas categorias são
extintas em algumas semanas ou, com sorte, em alguns meses.
Pode-se dizer que você já está começando corretamente, pois está buscando o co-
nhecimento. E conhecimento é tudo nessa área.
Com certeza, após o curso, terá mais base que 90% dos investidores do mercado de
capitais.
16     Análise Técnica

Tanto estudar quanto treinar é preciso. Não pense que ler esse livro já basta. Você preci-
sa de mais conhecimento, mais leitura e mais treino para se tornar um bom trader.
Não se assuste com minhas palavras. Você é capaz de ganhar, só precisa de treino e
estudo. Entrar sem preparo no mercado é suicídio financeiro.
Agora que o alerta foi dado, vamos para a parte boa.
O mercado é lindo e rentável para quem o entende e se dedica a ele. Você poderá
ter ótimos resultados e aumentar seus rendimentos de forma consistente. Além disso,
poderá fazer suas operações de qualquer lugar do planeta, desde que tenha internet e
telefone. Esse, aliás, é o sonho de praticamente todos os investidores iniciantes da bolsa:
viver dela em qualquer lugar do mundo.
Se você decidir viver de bolsa, lembre-se desta frase extremamente importante:
VIVA DA BOLSA E NÃO PARA A BOLSA.
Grande parte dos operadores de bolsa é separado, não tem filhos e pensa 100%
do tempo em dinheiro. Eles vivem em uma redoma, cheia de mesquinharia e sem luxo
algum. Eu me policio bastante com relação a isso.
Quando estou pensando muito em dinheiro, desligo tudo e vou passear, vou ficar
com meus filhos, minha esposa. Chego me desligar totalmente por um mês. Levo minha
família para nossa casa de veraneio em Miami. Uma viagem dessas para quatro pessoas
é cara, mas tenho a certeza de que, se tivesse ficado diante da máquina, operando sem
estar bem psicologicamente, teria perdido muito mais do que o custo de uma dessas
viagens.
O mercado é engraçado, um jogo de você contra você mesmo. Imagine o seguinte:
ficar dentro de uma sala das 9h às 18h30min, olhando para um monitor operando sem
parar. Muita gente não percebe que está viciada em bolsa e que todo vício é ruim. Se-
gundo algumas pesquisas, a bolsa vicia muito mais que um cassino. Não é à toa que no
programa de bolsa há um ticker passando numa velocidade astronômica, piscando em
vermelho, verde e branco.
O bom trader escolhe os melhores momentos para entrar e sair do mercado; não
opera sempre, mas na melhor hora. Hora em que a probabilidade está a seu lado.
Dentro de um escritório, no entanto, quem não tem controle psicológico fica fazen-
do operações sem sentido, somente para matar o tédio de olhar para o monitor.
A bolsa é composta por muitos ativos (PAPÉIS), e sempre haverá uma operação
clara a ser feita. Assim, se o tédio bater, saia para passear, faça alguma atividade e tenha
a certeza de que, quando voltar, ela o estará esperando.
Existem traders tão viciados em bolsa que, mesmo com o mercado despencando,
soltam a frase: “Preciso comprar alguma coisinha...”. Existe também o trader extrema-
mente viciado, que é aquele que opera a Bolsa de Valores durante o dia e, depois que ela
fecha, parte para o mercado de FOREX (Mercado Internacional de Divisas), que funcio-
na 24 horas.
Assim como acontece com grande parte dos profissionais de outras áreas, os traders
que atuam durante muito tempo podem sofrer de um fenômeno chamado OVERTRADE.
Juliano Carneiro     17    

Operam tanto e sob tamanho cansaço que não prestam mais atenção nas operações e
começam a perder de forma consecutiva.
Para que aconteça o OVERTRADE, não é preciso necessariamente virar o dia e a
noite operando; bastam algumas horas de pregão. Por isso, é importante tomar alguns
cuidados e sempre parar por alguns instantes.
Se o mercado estiver de lado, chato de operar e com trades não tão claros, ficar para-
do, assistindo a tudo isso, no meu ponto de vista, não é inteligência; é burrice.
Nesse tempo em que o mercado está morto, levante-se da cadeira e vá fazer alguma
atividade prazerosa. Quando voltar, estará com a mente descansada, mais atento e, cer-
tamente, terá oportunidade de novas entradas.

Análise Técnica X Análise Fundamentalista


Existem duas grandes escolas de análises no mundo: a fundamentalista e a técnica.
A fundamentalista trabalha sobre uma ideia de investimento a longo prazo. O in-
vestidor toma uma posição mais longa, analisando o balanço patrimonial da empresa,
indicadores econômicos, fatos relevantes, análise setorial, valluation, entre outras téc-
nicas. Essa análise é fantástica para operações a longo prazo, entretanto, não se mostra
eficiente para operações a curto prazo. Imaginem comprar e vender ações diariamente,
como faz um trade, olhando balanços patrimoniais. Isso seria totalmente inviável. O
máximo que se pode fazer é pegar fatos relevantes (informações divulgadas pela BO-
VESPA, que devem chegar antes aos investidores do que à mídia) e efetuar um trade
rápido, tentando especular com notícias.
Conheço muita gente que faz isso: opera baseado em notícias. Esse operador, na
minha opinião, é o mais despreparado, pois está sempre “em cima do muro”. Não é bom
técnico nem bom fundamentalista. Muitas vezes, ao interpretar uma notícia, toma uma
posição baseado nela, enquanto o bom fundamentalista estuda a fundo e vê que não é
um bom negócio comprar ações naquele momento. O técnico aproveita a oportunidade
para vender muito descoberto, explorando o mercado e ganhando com a queda, por
meio da venda alugada (veremos “venda alugada” mais adiante neste livro).
Para ficar mais claro, cansei de ver anúncios sobre aquisição e as ações das empre-
sas caírem. O despreparado, achando que uma aquisição é uma notícia muito boa, toma
posição de compra. O bom fundamentalista já analisou e viu que o desembolso de capi-
tal para a aquisição será muito alto e reduzirá os dividendos. Dessa forma, entende que
a notícia não é tão boa assim e inicia a venda das ações.
Existe também outra classe de investidores despreparados que eu chamo de “Pega
Balanço”. Investidores que tomam posições de compra alguns dias antes da divulgação
do balanço patrimonial, pois viram, por notícias ou fóruns, que o balanço viria bom.
O bom fundamentalista já sabe do balanço, pois acompanha de perto a empresa e
já tomou posição muito antes, a um preço muito mais baixo. Nesse cenário, o investidor
18     Análise Técnica

Figura 1

que tomou posição fica espantado, pois, mesmo saindo um balanço com lucro recorde,
as ações caem.
Ele não consegue acreditar e não acha explicações para o acontecimento, mas é bem
simples: por não estar preparado, compra dos fundamentalistas ou técnicos qualifica-
dos, os quais estão vendendo suas posições porque as tomaram a preços mais baixos.
Estão realizando lucro em cima do investidor despreparado.
Este livro aborda somente a Análise Técnica, que se baseia no estudo dos gráficos
para tomar decisões de compra e venda. É muito válida para investimentos de curtíssi-
mo prazo (DAY-TRADE), ou médio prazo. Para longo prazo é mais interessante utilizar
a análise fundamentalista.
O analista técnico não quer pegar todo o movimento de alta ou de baixa, mas sim
acertar parte do movimento em vários ativos. Essa escola basicamente tenta descobrir
qual o lado do mercado e operar sempre no mesmo sentido, analisando praticamente o
comportamento psicológico dos investidores.

O Psicológico é o Fator de Sucesso


Atualmente, a popularidade dos robôs que operam o mercado de forma automáti-
ca está aumentando. Eu mesmo abri com mais dois sócios, Charles Adriano e Marcelo
Sampaio, uma das maiores empresas de programação de estratégias e automatização
para bolsa de valores, FOREX e derivativos.
A procura por robôs tem aumentado, pois eles são perfeitos para operar o mercado:
não têm medo, não perdem a concentração e não param para descansar. Infelizmen-
te, o ser humano possui algumas limitações naturais que atrapalham seus negócios.
Juliano Carneiro     19    

­ ogicamente, o robô, assim como o ser humano, opera baseado em uma estratégia e, se
L
essa não for vencedora, a rentabilidade será negativa.
O psicológico é um fator fundamental a ser considerado durante as operações. Ele
é, por exemplo, responsável pelas entradas atrasadas, aquelas em que o trader pensa
muito, ainda que o mercado esteja dando uma entrada clara, segundo suas estratégias.
Outro ponto fundamental a ser considerado é o sentimento de proteção do capital,
coisa que o robô não tem. O trader faz ligações psicológicas na hora da compra sobre o
montante investido e a possível perda. Relaciona com bens e serviços que poderiam ser
consumidos, e isso traz uma insegurança grande durante as operações.
Um exemplo clássico é quando o mercado dá uma entrada clara e o trader desiste
ou entra atrasado por saber que, se “estopado”, a perda financeira será a parcela do veículo,
a escola das crianças, a viagem de fim de ano, o celular novo ou qualquer outro produto
ou serviço.
Grande parte do problema psicológico diminuirá se o dinheiro usado para operar
a bolsa não fizer nenhuma falta, caso seja 100% perdido. Logicamente é difícil perder
100% do capital, porém, sem a necessidade desse dinheiro para a vida, as operações
serão mais tranquilas e certeiras.

Detecção de Problemas Psicológicos


Já passei por todas as situações psicológicas na bolsa e relaciono abaixo alguns in-
dicativos de que o trader está com algum problema psicológico para operar.
Quando alguns desses sintomas aparecerem, será hora de deixar a bolsa de lado e
avaliar quanto você realmente precisa dela. Relaxe até passarem os sintomas antes de
voltar a operar.
• Frio na barriga: muitas vezes ocorre por estar usando um dinheiro que, se perdido,
lhe fará falta, por insegurança nas operações em que não sabe utilizar o homebroker,
ou por entrar no mercado em momento de turbulência, por puro impulso.
• Aumento no número de operações: isso pode acontecer por tédio, ou seja, o merca-
do está estável e você está operando para simplesmente passar o tempo. Pode ser
um indício de vício no mercado. Um desespero, devido a uma perda muito grande
que você esteja tentando recuperar. Por medo de tomar uma posição mais longa no
mercado. Por sair e entrar constantemente, para se proteger das perdas. Por estar
operando sem saber a tendência do mercado ou sem estar certo de sua direção.
• Seguidos erros nas operações: pode estar sofrendo com o OVERTRADE, com pro-
blemas familiares ou financeiros, não está seguindo a estratégia, ou a estratégia é
fraca demais para dar lucro.
• Nervosismo: falta de descanso, envolvimento com outras atividades enquanto
opera (atender ao telefone, conversar com parentes, envolver-se com problemas
20     Análise Técnica

f­ amiliares), despreparo para enfrentar o mercado, operação contra a tendência ou


em tendência incerta.
• Falta de paciência: tentativa de ganhar muito em curto espaço de tempo, não deixa
o ativo fazer seu movimento natural. Não admite o erro; quer ficar milionário em
um curto prazo.
• “Estopa” antes de chegar ao ponto de stop: não está seguindo o planejamento. Está
nervoso, pois o mercado não se move. Incerto sobre a tendência ou operando con-
tra ela.
• Entra e sai rapidamente: provavelmente, o grande problema é o uso de dinheiro
importante para a vida. Excesso de proteção financeira. Insegurança com relação à
tendência ou operação contra a tendência.

Por que Abrir Capital?


Uma empresa abre capital por um motivo bem simples: para captar recursos finan-
ceiros. Fazer a captação na bolsa é um ótimo negócio para as empresas, pois o custo é
bem menor, se comparado a empréstimos bancários.
Boa parte das empresas que abrem capital já são grandes empresas, porém, con-
tam com um projeto de expansão dos negócios e abrem para entrada de novos sócios
(acionistas).
O processo de lançamento e abertura para emissão de ações é chamado de IPO
(Initial public offering). Nesse processo, os investidores fazem sua reserva, e todo o
capital é transferido para a empresa, ou seja, entra em caixa. É um negócio entre
EMPRESA e INVESTIDOR. Esse mercado, onde estão os IPOs, chama-se MERCA-
DO PRIMÁRIO. Ao lançar as ações, a empresa está fazendo a DISTRIBUIÇÃO PRI-
MÁRIA.
Após a abertura, os investidores podem comprar mais ações ou vendê-las.
Isso acontece no MERCADO SECUNDÁRIO, onde nada do que é negociado in-
fluencia na empresa, ou seja, esse dinheiro não pertence a ela. É um negócio entre
INVESTIDORES.
Os traders atuam basicamente no mercado secundário. Compram e vendem suas
participações num curto espaço de tempo.
O mercado secundário existe para dar liquidez ao mercado primário, ou seja, o in-
vestidor tem a garantia de que, ao se tornar sócio da empresa na emissão das ações
(IPO), poderá desfazer sua participação em qualquer momento que desejar, pelo preço
de mercado.
Se o mercado secundário não tivesse liquidez, não existiria mercado primário, pois
ninguém tomaria posição acionária em uma empresa sem ter garantia de que poderia
sair do negócio quando achasse necessário.
Juliano Carneiro     21    

Tipos de Ações
Basicamente existem dois tipos de ações: as Preferenciais (PN) e as Ordinárias
(ON).
Ações Ordinárias (ON)
Dão direito a voto nas assembléias dos acionistas das empresas.
Terminam com o número 3. Exemplo: Petrobras Ordinária (PETR3)
Ações Preferenciais (PN)
Os possuidores destas ações têm preferência em:
• Distribuições de dividendos (participação nos lucros distribuídos aos acionistas)
• Reembolso de capital
Se a empresa não distribui dividendos por três exercícios consecutivos, essas ações
adquirem direito a voto.
Terminam com o número 4. Exemplo: Petrobras Preferencial (PETR4).

Classes de Ações
As empresas podem distribuir diferentes classes de ações para as ON e PN. Es-
sas classes recebem alguma letra para representá-las e têm características diferenciadas
como, por exemplo, valores diferentes de dividendos. Para conhecer essas classes, o in-
teressado deverá ler o estatuto da companhia, que pode ser facilmente encontrado
na área de relação, com investidores das empresas ou mesmo no site da BM&FBovespa
(http://www.bmfbovespa.com.br).

Benefícios e proventos aos acionistas


As empresas podem beneficiar seus acionistas das seguintes maneiras:
• Dividendos: participação nos lucros, que a empresa paga a seus acionistas segundo
o número de ações que eles possuem. Por lei, a empresa deve distribuir, no mínimo,
25% do lucro líquido do exercício. O período em que acontece a distribuição varia
de empresa para empresa. Cabe ao interessado ler o estatuto de sua empresa. São
mais comuns distribuições trimestrais, semestrais e anuais.
• Bonificação: ações distribuídas gratuitamente aos acionistas, na proporção das já
possuídas. Essas ações são novas e surgem a partir do aumento do capital por in-
corporação de reservas.
• Direito de subscrição: privilégio que o acionista tem para adquirir novas ações, emi-
tidas pela empresa. É possível que o acionista transfira esse direito para terceiros,
por meio de sua venda.
22     Análise Técnica

Venda Alugada ou Venda Descoberta


O investidor (pessoa física), pela falta de informação, acha que somente operações
de compra e venda na bolsa de valores são autorizadas. A mentalidade do desinformado
é justamente aquela de comprar na baixa e vender na alta. Seria simples e eficiente, se
ele tivesse uma bola de cristal. Existe uma operação um pouco mais “cara” para se fazer,
que permite que o investidor ganhe na queda. Quanto mais cair a bolsa, mais ele ganha-
rá. E perderá, se ela subir.
VENDA ALUGADA: grandes fundos de investimentos têm, em sua carteira, ativos
dos quais não podem se desfazer. Mesmo com a queda da bolsa, eles têm que ficar com
aqueles ativos em carteira e engolir o prejuízo. Para aumentar um pouco a rentabilidade,
vários fundos colocam esses ativos para alugar e qualquer investidor pode fazê-lo. Com
isso, é possível realizar a operação de venda alugada. Paga-se aluguel (pró-rata) para o
fundo e fica-se com esses ativos em custódia.
Agora você deve estar se perguntando: “Que vantagem eu levo em pagar aluguel de
ativos?”. Simples; você vai alugar e vender esse ativo.
Quando achar que o preço já caiu suficientemente, vai recomprá-lo e devolver ao
fundo, encerrando o contrato de aluguel. Assim, ganhará a diferença entre a venda e a
recompra. Para entender melhor, veja o exemplo a seguir:

Figura 2

Entenda o cálculo da operação:


Aluguel e venda de VALE5: R$ 30,00 (entrou na conta)
Recompra de VALE5: R$ 25,00 (saiu da conta)
Lucro: R$ 30,00 – R$ 25,00 = R$ 5,00 (sobrou de lucro)
Juliano Carneiro     23    

Nessa operação, o investidor teve um lucro de R$ 5,00, mesmo com o mercado


caindo. É óbvio que nessa simulação não estão inclusos os custos de corretagem – que
normalmente funcionam sobre a tabela Bovespa, e não de corretagem fixa – e também
o custo do aluguel, que varia, dependendo do momento do mercado e do ativo em face.
Para se ter uma ideia de como o negócio é bom, uma média de mercado para aluguel é
de 4% ao ano.
Logicamente você não precisará ficar alugado o ano todo. No caso do exemplo ante-
rior, o investidor ficou alugado somente por 7 dias, pagando o proporcional do aluguel.
Essa operação, em grande parte das vezes, só poderá ser feita por telefone.
VENDA DESCOBERTA: funciona com o mesmo mecanismo da venda alugada,
porém essa operação é mais curta e precisa do aval de sua corretora. Nas operações
de venda descoberta, você terá que vender e recomprar no mesmo dia, operando no
DAY-TRADE.
Como a liquidação da bolsa é D+3, será possível fazer essa venda e recompra no
mesmo dia, sem precisar pagar o aluguel, pois, teoricamente, você não precisa alugar
nada, afinal, no mesmo dia foi feita uma venda e uma compra, zerando as posições pe-
rante a BM&FBovespa. Essa operação deverá ser autorizada por sua corretora e poderá
ser feita tanto por telefone quanto pela própria plataforma.
Até a publicação deste livro, não tenho conhecimento de operações de venda des-
coberta por homebroker. O importante é perguntar à sua corretora sobre os detalhes das
operações de venda descoberta e alugada, incluindo os custos.
Não se esqueça de que, graças à concorrência acirrada entre as corretoras, você po-
derá barganhar um melhor preço para todas as suas operações, especialmente se for pela
tabela Bovespa. Caso não tenha um bom desconto, consulte outras corretoras e mude;
afinal, o maior beneficiado pela concorrência é o próprio investidor.

Riscos das Vendas Alugada e Descoberta


As vendas alugada e descoberta precisam de cuidados, pois elas têm risco ili-
mitado e ganho limitado. Estatisticamente, a venda descoberta tem maior proba-
bilidade de dar errado do que uma compra, afinal, a tendência primária da bolsa é
de alta, e qualquer operação de venda descoberta vai contra a tendência. As corre-
toras colocam algumas restrições e permitem que essa operação seja feita apenas
em ativos que tenham boa liquidez, para que as operações possam ser encerradas
rapidamente. Elas não permitem essa operação em ações com valores pequenos e
muito voláteis.
Analisando com mais cuidado, se você vender descoberto uma ação de R$ 0,03 e
ela subir para R$ 0,09, você perderá 200%, ou seja, mais dinheiro do que investiu. Como
nenhuma ação pode ter valor inferior a R$ 0,01, neste exemplo você ganhará, no máxi-
mo, R$ 0,02 por ação.
24     Análise Técnica

Novo Mercado
Dando um passo importante para mostrar transparência aos mercados interno e
externo, a BM&FBovespa criou um novo segmento chamado NOVO MERCADO, em
que estão enquadradas empresas de capital aberto que se comprometem com os princí-
pios da boa governança corporativa. O novo mercado é dividido em nível 1 e nível 2.
Para se enquadrar nesse novo mercado, a empresa precisa respeitar os seguintes
requisitos:
• Extensão das mesmas condições obtidas pelos controladores para todos os acionis-
tas quando da venda do controle da companhia (tag along).
• Realização de uma oferta pública de aquisição de todas as ações em circulação, no
mínimo, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do capital ou cancela-
mento do registro de negociação no Novo Mercado.
• Conselho de Administração com mínimo de 5 (cinco) membros e mandato unifi-
cado de até 2 (dois) anos, sendo permitida a reeleição. Pelo menos 20% (vinte por
cento) dos membros deverão ser conselheiros independentes.
• Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Trimestrais
(ITRs) – documento enviado pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa, dis-
ponibilizado ao público e que contém demonstrações financeiras trimestrais –,
entre outras, demonstrações financeiras consolidadas e demonstração dos fluxos
de caixa.
• Melhoria nas informações relativas a cada exercício social, adicionando às De-
monstrações Financeiras Padronizadas (DFPs) – documento enviado pelas compa-
nhias listadas à CVM e à BM&FBovespa, disponibilizado ao público e que contém
demonstrações financeiras anuais –, entre outras, a demonstração dos fluxos de
caixa.
• Divulgação de demonstrações financeiras de acordo com padrões internacionais
IFRS ou US GAAP.
• Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Anuais (IANs) –
documento enviado pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa, disponibilizado
ao público e que contém informações corporativas –, entre outras, a quantidade
e características dos valores mobiliários de emissão da companhia, detidos pelos
grupos de acionistas controladores, membros do Conselho de Administração, dire-
tores e membros do Conselho Fiscal, bem como a evolução dessas posições.
• Realização de reuniões públicas com analistas e investidores ao menos uma vez
por ano.
• Apresentação de um calendário anual, no qual conste a programação dos eventos
corporativos, como assembleias, divulgação de resultados etc.
• Divulgação dos termos dos contratos firmados entre a companhia e partes
relacionadas.
Juliano Carneiro     25    

• Divulgação, em bases mensais, das negociações de valores mobiliários e derivativos


de emissão da companhia por parte dos acionistas controladores.
• Manutenção, em circulação, de uma parcela mínima de ações, representando 25%
(vinte e cinco por cento) do capital social da companhia.
• Quando da realização de distribuições públicas de ações, adoção de mecanismos
que favoreçam a dispersão do capital.
• Adesão à Câmara de Arbitragem do Mercado para resolução de conflitos societários.

As Ações para o Trader


O trader, na maioria das vezes, não pensa muito nas bonificações e distribuições
de dividendos que a empresa oferece, pois ele não é fiel à empresa. O trader muda de
ação e corre sempre atrás das que podem trazer maior rentabilidade no menor espaço
de tempo possível.
As pessoas que gozam das bonificações e proventos são investidores de longo pra-
zo, que pensam em ser sócios da empresa.
Resumindo, o trader quer comprar a ação por R$ 5,00 e vendê-la por R$ 10,00, no
menor espaço de tempo possível. Logicamente esse é um exemplo banal, mas a filosofia
é essa.

Blue Chips ou Ações de Primeira Linha


São ações de empresas de grande porte, que têm grande liquidez e volume de negó-
cio. São compostas, em sua maioria, por empresas do índice Bovespa (IBOVESPA).
Muito utilizadas pelos traders, elas possuem grande número de negócios, e a toma-
da e saída de posição é feita de forma instantânea. Se o trader desejar comprar, será fácil
encontrar vendedores e, se desejar vender, também será fácil encontrar compradores.

Small Caps ou 2a e 3a Linhas


São ações de liquidez e volume de negociação menores que os das blue chips. Na
maioria das vezes têm grande valorização, porém, por terem poucos negócios, devem
ser operadas por traders mais experientes. A procura por essas ações é pequena, portan-
to, algumas vezes fica difícil vendê-las.
Como o spreed (diferença entre compra e venda) do livro é grande, e a quantidade
de oferta no livro é pequena, os preços se movimentam para cima e para baixo, de forma
mais expressiva que as ações de 1a linha. Essas ações devem ser operadas com um capital
menor.
26     Análise Técnica

Para exemplificar, vamos pensar da seguinte forma: se uma ação de 2a linha


tem movimento financeiro diário de R$ 30.000,00 e você tem R$ 200.000,00, pode
facilmente deslocar o preço dessa ação se mandar uma ordem de compra de uma
única vez (isso se ela não entrar em leilão automático). Dessa forma, para se posi-
cionar sem alterar o preço, o trader tem que ir comprando lotes pequenos duran-
te alguns dias. Logicamente essa estratégia é para investimentos de médio prazo,
pois, se você comprar R$ 200.000,00 de ações num ativo que tem um movimento
diário de R$ 30.000,00, ficará inviável fazer trade, ou seja, comprar e vender no
mesmo dia.
Para ações de 2a linha, costumo usar a seguinte fórmula de minha autoria:
• Quantidade Diária Permitida = Média de volume em 21 dias/30.
• O resultado dessa fórmula seria a quantidade financeira permitida para compra
sem comprometer muito a saída do ativo.

Spread do Livro
Spread baixo: quando a diferença entre compra e venda é pequena. Mais comum em
ações de primeira linha. Excelente para operações de trades curtos.
Spread alto: quando a diferença entre compra e venda é grande. Mais comum em
ações de 2a linha ou ações com valor muito alto. Tem deslocamento de preço mais agres-
sivo. Exige mais experiência do trader e controle de risco eficiente.

Figura 3
Juliano Carneiro     27    

Lote Padrão de Ações


São as quantidades mínimas exigidas pela BM&FBovespa para negociação. O lote
padrão é geralmente um número redondo, múltiplo de 100, 1.000 etc. Ou seja, se você
quiser comprar um lote padrão de Petrobras, terá que desembolsar o valor mínimo para
compra de 100 ações. Se Petrobras estiver cotada em R$30,00, será necessário comprar,
de uma única vez, 100 ações, que representariam R$ 3.000,00.

Mercado Fracionário
Quando você desejar comprar apenas uma parte do lote, deverá recorrer ao merca-
do fracionado. Ele é exatamente igual ao mercado à vista, mas suas ações apresentam
um F no final de seu código. Exemplo: PETR4 (mercado à vista regular), PETR4F (mer-
cado fracionário).
É importante ressaltar que, no mercado fracionário, a liquidez é sempre menor que
no mercado à vista, pois a procura é menor.
Muita gente usa o mercado fracionário para comprar ações periodicamente, ou seja,
todos os meses reservam parte do que sobra do salário para comprar algumas ações.
Essa estratégia é extremamente válida para o longo prazo, pois o investidor, no final de
alguns anos, terá um grande e interessante número de ações.
Um dos problemas do mercado fracionário é justamente a corretagem. Um exem-
plo de corretagem fixa: comprando 10 ações ou comprando o lote com 100 ações, o
investidor pagará o mesmo valor à corretora. Dessa forma, como a corretagem é fixa,
quanto mais ação o investidor comprar, maior será a diluição da corretagem no mon-
tante total.
Segue uma simulação de diluição de corretagem:

Petr4: R$ 30,00 por ação


Valor da corretagem: R$ 10,00 fixa por ordem

Se comprar 1 ação, pagará: 30,00 (ação) + 10,00 (corretagem) = R$ 40,00. Para co-
brir as despesas de corretagem, a ação teria que subir 33,33%.
Se comprar 100 ações, pagará: 3.000,00 (lote) + 10,00 (corretagem) = R$ 3.010,00.
Para cobrir as despesas de corretagem, a ação teria que subir 0,33%.
Com essa fórmula, fica fácil entender que é mais negócio comprar no mercado regu-
lar que no fracionário. A corretagem pesa bastante, mas, para quem não está pensando
em fazer trade e sim acumular papéis no longo prazo, pode ser uma boa opção.
28     Análise Técnica

Outra forma interessante de acumular no longo prazo é guardar o dinheiro que


sobra em um fundo de investimento de renda fixa e comprar o lote completo ou uma
quantidade maior de ações, buscando diluir a corretagem. Além disso, o investidor pode
gozar de uma taxa de remuneração enquanto aguarda.
Outro ponto importante que devo ressaltar é que, se você for comprando ações no
mercado fracionário e conseguir juntar um lote completo de 100 ações, poderá vendê-lo
no mercado regular ou desmontar seu lote no regular e vender no fracionário.

Requisitos para Iniciar suas Operações


Escolhendo a corretora
Para começar a negociar na bolsa de valores, você precisará abrir conta em uma
corretora de valores. Antes isso, porém, para obter sucesso no mercado de capitais, será
necessário analisar alguns pontos importantes:
• Maior número possível de ativos: é importante que a corretora escolhida permita
operações na Bovespa e BM&F (contratos e minicontratos). Este livro é voltado ex-
clusivamente para ações, porém, quando estiver mais experiente e desejar negociar
contratos futuros, sua corretora deverá lhe oferecer essa possibilidade.
• Permitir operação de venda descoberta: com o tempo, você começará a operar na
venda descoberta. Essa operação permitirá que você ganhe com o mercado em que-
da e, para que não precise ficar trocando de corretora para trabalhar nessa modali-
dade, dê preferência àquelas que ofereçam tal possibilidade. Trataremos da venda
descoberta mais adiante.
• Pronto atendimento: é indispensável que a corretora escolhida tenha um pronto
atendimento telefônico para tirar dúvidas e enviar ordens, pois a internet pode-
rá cair, impossibilitando o envio de ordens. Nesse caso, o telefone ficará como
esquema de contingência.
• Sistema de homebroker: deverá ser estável, rápido e fácil de operar. Você não poderá
esperar a boa vontade do sistema para enviar ou cancelar suas ordens.
Hoje temos uma vasta gama de corretoras e a concorrência é pesada. A diferença
entre elas é pequena, pois praticamente todas usam o mesmo sistema de homebroker
(somente dois fornecedores no Brasil) e sofrem as mesmas regulamentações da CVM.
Assim, procure escolher uma corretora cuja corretagem seja fixa, para não pesar
nas operações, e que não cobre taxa de custódia.
A custódia é um valor cobrado mensalmente para “guardar” suas ações e varia de
corretora para corretora.
Uma diferença interessante a ser considerada são os serviços prestados. Algumas
oferecem análises, chat com analistas, fórum e outros serviços importantes para o inves-
tidor.
Juliano Carneiro     29    

Diversos alunos me perguntam em meus cursos se correm risco em deixar seu di-
nheiro na corretora.
Devido à grande regulamentação do Banco Central e CVM, há anos não vejo corre-
toras quebrarem aqui no Brasil. Todas têm boa saúde financeira e estão há muito tempo
no mercado. As novas são as antigas que foram compradas e mudaram de nome.
De qualquer forma, quando você compra uma ação, ela não fica na corretora, mas
sim custodiada na CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia). Nesse caso,
se a corretora fechar, basta fazer a transferência de custódia para outra corretora, sem
ter nenhuma dor de cabeça com isso.
Se a corretora quebrar e você não tiver ações, e sim dinheiro parado em conta, po-
derá ter problemas. Se for ficar algum tempo sem operar o mercado, ou com entradas
programadas, poderá fazer TED da corretora para o banco, e vice-versa, quantas vezes
forem necessárias.
Como a conta da corretora é caracterizada como uma conta-investimento, não há
incidência de CPMF nessa operação.

Corretagem fixa x Corretagem Tabela Bovespa


Existem diversas formas para se cobrar corretagem. As mais comuns são Tabela
Bovespa e corretagem fixa.
A fixa, como o próprio nome diz, tem um valor prefixado, não importando o núme-
ro de ações compradas. Já a Tabela Bovespa é cobrada por porcentagem sobre o capital
movimentado.
Se o valor for grande, a corretagem fixa é melhor negócio que a Tabela Bovespa.
Na briga comercial entre as corretoras, a Tabela Bovespa vem se extinguindo por
ser mais cara. De qualquer forma, o apelo para “vender” a corretagem mais cara vem
sempre vinculado à qualidade dos serviços.
Hoje, temos corretoras excelentes, com corretagem fixa e que fornecem, a preço
justo, serviços de grande utilidade. O investidor deverá considerar bastante a relação
custo-benefício.
Para exemplificar, a tabela Bovespa “cheia”, ou seja, sem desconto algum, é de 0,5%
sobre o volume movimentado. Vamos às contas:
Comparação entre as corretagens:
Número de operações: 10 (5 compras e 5 vendas)
Capital disponível para as compras: R$ 50.000,00
Taxa de corretagem Fixa: 20,00
Taxa de corretagem Tabela Bovespa: 0,5%

Na fixa, você pagaria de corretagem: R$ 200,00 (referentes a 10 operações, sendo


R$ 20,00 cada ordem)
30     Análise Técnica

Na Tabela Bovespa, você pagaria de corretagem: R$ 2.500,00 (referentes a 0,5% do


volume movimentado no dia; no exemplo movimentamos R$ 50.000,00 x 10)
Faça bem as contas e veja qual sistema é mais viável para sua realidade. Quanto me-
nor a corretagem, melhor será para sua rentabilidade. Se o trader faz muitas operações
e tem um valor pequeno disponível para operar na bolsa de valores, a Tabela Bovespa
pode ser uma opção melhor que a fixa.
Se você porventura já opera pela Tabela Bovespa, saiba que as corretoras dão des-
conto na corretagem, portanto, barganhe com elas. Algumas dão até 95% de abatimento
sobre os 0,5%, que é o valor de tabela.
O desconto vai aumentando de acordo com a movimentação financeira do investidor.

Homebroker ou plataforma
Há corretoras que fornecem duas ferramentas para que o investidor faça suas ope-
rações. Uma delas, muito comum e conhecida, é o homebroker, que funciona como um
site na internet. O investidor digita o endereço no navegador, coloca login e senha e
acessa o sistema para enviar ordens de compra e venda, bem como para consultar seu
BACKOFFICE.
Para quem deseja se tornar um trader e operar no intradia (day-trade), será ne-
cessária, para melhorar o desempenho, uma plataforma.
Plataforma nada mais é que um programa que o investidor instala no computador e
executa como um aplicativo. Ela dá maior velocidade às operações pelo fato de ser mais
simples e rápida do que o homebroker.
A maior parte das plataformas oferecidas pelas corretoras é paga, no entanto, se o
cliente faz muitas operações, a corretora costuma oferecê-las de graça e abater da corre-
tagem.
Consulte sua corretora sobre as plataformas disponíveis.

Escolhendo o software de análise gráfica


Como este livro é direcionado para Análise de Gráficos, você necessitará de um
programa para exibir esses gráficos e fazer suas análises.
Existem muitos softwares no mercado destinados a esse fim. A escolha é pessoal.
Se você já opera ou vai começar a operar, procure saber da corretora se ela dispõe de
um programa desses que o possa auxiliar. Prefira um que contenha todas as ferramentas
de que você goste, que seja bem programado, estável e simples para trabalhar.
Caso venha a usar um sistema em tempo real, procure um produto com as cotações
sem atraso e que tenha uma base de dados confiável.
Outro ponto importante a ser analisado na hora de escolher o programa é a quanti-
dade de ativos em Bovespa e BMF. Quanto maior essa quantidade, melhor.
Muitos investidores baixam as bases de dados das cotações de sites da internet, de for-
ma gratuita. Cuidado com a fonte que você vai escolher, pois muitas delas fornecem bases
de dados inconsistentes, ou com problemas de cotação, e sem ajuste de dividendos e split.
Juliano Carneiro     31    

Reservando uma parte do seu dia


Isso também é um requisito. Para ganhar dinheiro no mercado, você precisa acom-
panhá-lo. Se não acompanhar, certamente se perderá.
Eu sempre digo o seguinte: “Se ficou sem acompanhar o mercado durante uma
semana, precisará de uma semana para se informar e estudar, antes de voltar a entrar.
Se ficar um mês fora, precisará de um mês de estudos, antes de entrar novamente no
mercado.” Isso é fundamental, pois o mercado se transforma a cada dia, e você precisa
ficar sempre de olho nas mudanças.
Se não for viver do mercado, ou seja, se não pretende deixar sua profissão para se
dedicar 100% do tempo a essa nova atividade, reserve uma hora todos os dias para ana-
lisar os papéis, acompanhar o mercado e estudar a análise técnica.
Caso não tenha esse tempo para se dedicar, pare agora, ligue para o gerente do seu
banco e pergunte qual a melhor aplicação para investir seu dinheiro.

Saber Ganhar e Saber Perder


“Saber perder” é uma expressão muito comum. Agora, “saber ganhar”... Isso soa
meio estranho, não? Pois é, o mercado é cruel com quem não sabe ganhar, muito mais
do que com quem não sabe perder. Saber ganhar é saber parar na hora certa. Saber ga-
nhar é deixar a ganância de lado. Saber ganhar é controlar o emocional e usar a razão.
Se o novato entrar no mercado em tendência de alta, ele vai ganhar, ganhar, ganhar.
Quando o mercado mudar de tendência, ele irá PERDER, PERDER, PERDER... Então,
devolverá tudo o que ganhou e mais um pouco para o mercado.
Isso acontecerá principalmente com as pessoas que acreditam que ficarão milioná-
rias, que ganharão muito dinheiro e mudarão de vida. Essa atitude é totalmente ama-
dora, e estamos aqui para nos tornar profissionais. Tal visão deve desaparecer antes que
seja tarde demais.
Para nós, entretanto, que estamos procurando nos aperfeiçoar para nos tornarmos
bons traders, é importante não desprezar pessoas como as descritas acima, pois elas
garantem grande parte de nossa rentabilidade. 90% dos que entram no mercado estão
totalmente despreparados.
Estamos trabalhando para fazer parte dos 10%. A matemática do mercado é bem
simples: um tem que perder para o outro ganhar. Se alguém tem que perder, que não
sejamos nós!
Agora é a hora do saber perder. Sim! Temos que ter na cabeça que as perdas acon-
tecem e é um grande treino psicológico lidar com elas. Ninguém vai ganhar em todas as
operações.
Comece a treinar o seu psicológico, pois ele é um dos pontos principais para você
se tornar um bom trader.
32     Análise Técnica

Claro que, quando falo em perder, não quero dizer que você ficará sem dinheiro algum.
Sempre que montamos uma operação, temos que ter em mente quantos por cento
podemos perder, e não podemos perder mais de 2% por operação. Nunca, jamais. Se
você perder 2% na operação, não fique triste; o importante é perder 2% e ganhar mais do
que a perda para que, no final do mês, você tenha uma rentabilidade positiva. Portanto,
você perderá 2, ganhará 12 e ficará com 10 no final do mês! Perfeito!
Existe uma regra muito interessante que sempre utilizo e que extraí do livro do
famoso Dr. Alexander Elder, Come Into My Trade Room, cuja leitura recomendo a todos.
Ela diz que “se você perdeu 6%, ou seja, 3 operações consecutivas no mesmo mês, terá
que ficar um mês de castigo, sem operar nada, só estudando o mercado e procurando
saber onde errou”.
Nossa mente é muito engraçada; ela se adapta a algumas situações erradas no mer-
cado e acaba nos viciando. Pior ainda, ela nos mostra que aquilo está certo, mesmo que
esteja desrespeitando todas as regras aprendidas durante nossos estudos. É fácil de-
tectar quando isso acontece, pois você começará a perder com maior frequência. Nesse
momento, será fundamental parar, refletir e corrigir a mente.

O Papel do Agente Autônomo na sua Vida


Muitas corretoras cobram corretagem “cheia” (Tabela Bovespa) e sempre justificam
a cobrança dessa alta corretagem baseando-se na qualidade dos serviços.
Colocam um agente autônomo, mais conhecido como assessor, para auxiliá-lo em
suas operações. Seu apelo comercial é sempre ter alguém para atendê-lo, recomendar e
monitorar suas operações.
A grande verdade é que o agente autônomo não pode fazer isso. Ele não pode su-
gerir operações, especialmente para você. Teoricamente, tal prática é ilegal e, para que
fosse possível, seria necessária a autorização de um administrador de carteira. O agente
também não pode recomendar compra ou venda, pois, para isso, precisaria de certifica-
do e autorização de um analista de investimentos.
Conclui-se, portanto, que o papel do agente autônomo na sua vida é somente digi-
tar suas ordens, que são passadas por telefone, e nada mais.
Logicamente ele estará à disposição para tirar algumas dúvidas, como vencimento
de opções e aluguel de ações, entre outras.

O Papel da CVM em sua Vida


A CVM tem um papel importante na vida do investidor, pois é ela quem fiscaliza as
corretoras e os agentes autônomos, bem como impõe regras, caso a atividade desvirtue.
Trata-se de um órgão extremamente competente, que realiza seu trabalho de forma im-
pecável e tem sido exemplo em todo o mundo.
Juliano Carneiro     33    

Graças a ela, nosso mercado financeiro ganhou a confiança dos mercados de pri-
meira linha, como os dos EUA e da Europa. Se a CVM não tivesse a competência que
tem, é bem provável que o número de estrangeiros na bolsa fosse bem pequeno.
Ela sempre estará à sua disposição para qualquer tipo de reclamação, dúvida ou
elogio.
Caso tenha algum problema com qualquer participante do mercado, envie uma
mensagem para a ouvidoria, pois ela certamente será respondida. O endereço do site da
CVM é http://www.cvm.gov.br/.

Tipos de Investidores
Existem diversos tipos de investidores e o que os diferencia são os períodos em que
atuam.
Scalper: opera num curtíssimo prazo (1 minuto, 5 minutos) e ganha centavos.
Compra e vende o dia inteiro, pegando movimentos pequenos. Tem parceria com a cor-
retora, para diminuir a corretagem. Como gira muito dinheiro, muitas vezes tem lugar
na mesa de operação da corretora, com direito a todo tipo de luxo, como assessor exclu-
sivo, ajudantes, softwares subsidiados e todas as regalias que desejar. Dizemos que esse
tipo de operador almoça na frente da tela e substitui a cadeira por um vaso sanitário.
Brincadeiras à parte, realmente esse sistema exige muito do profissional. Entra no mer-
cado para ganhar menos do que 10 centavos por operação.
Day-trader: opera em um espaço curto de tempo – um dia, para ser mais exato.
Ele compra um ativo na segunda e vende na segunda, ou seja, no mesmo dia. Esse tipo
de operador é extremamente especializado e vive do mercado. Observa os gráficos aten-
tamente, durante todo o dia.
Swing Trader: opera de 2 a 5 dias. Compra na segunda e vende na sexta. Esse tipo
de operação exige um pouco menos de dedicação ao mercado, podendo o trader fazer
seus planos de compra e venda durante a noite, ou no final de semana. Essa dedicação
menor não significa menos preparo.
Shot-Term: de 2 a 4 semanas. Opera pensando em médio prazo.
Investidor: não tem a filosofia de trader. Ele se torna sócio da empresa, recebe
dividendos, participa das assembleias etc.
Para definir que tipo de trader quer ser, será necessário testar todos eles, ver a qual
se adaptou melhor, qual lhe foi mais rentável, qual se encaixou melhor no seu tempo e,
claro, qual foi mais divertido.
Não será preciso seguir à risca a escolha. A combinação entre os tipos é possível. Por
exemplo, você é um swing trader, mas percebe uma boa oportunidade em um day-trade. Ou
melhor, você vai viajar e quer se desligar um pouco do mercado, então escolhe um ativo
menos turbulento, com uma rentabilidade menor, uma grande liquidez e que opere em
um prazo maior.
34     Análise Técnica

Como Funciona o Pregão


Quando o mercado está aberto é que compradores e vendedores se enfrentam. E o
mercado só anda quando os dois estão sincronizados, ou seja, alguém precisa comprar
quando alguém quiser vender e vice-versa.
Entenda que, no pregão, sempre um terá que perder para o outro ganhar.
No mercado existem dois tipos de dinheiro: o dinheiro esperto e o dinheiro burro.
Estamos estudando para fazer parte do grupo que representa o dinheiro esperto. Para
isso, não basta sermos bons; temos que operar junto com essa turma, fazer o que eles
fazem, pois são eles que realmente ganham dinheiro no mercado.
Devemos aprender a rastrear os grandes players e ficar do seu lado, não contra eles.
Não se prenda a livro de ofertas. Qual corretora está vendendo tantos quilos? Qual
corretora está comprando? Isso não é rastrear dinheiro esperto.
Não é porque a Morgan-Stanley ou a Geração Futuro estão comprando 100 mil
ações de Petr4 que você vai sair correndo para comprar. Esqueça isso. O que mostra
onde está o dinheiro esperto são os fluxos de investimentos da Bovespa e os contratos
em aberto na BM&F. É preciso saber se o investimento estrangeiro está aumentando ou
diminuindo. Saber quem está do lado comprado e quem está do lado vendido.
Outro ponto importante é saber ler o mercado. É saber se a maior probabilidade do
Índice Bovespa é de cair ou subir, se está prestes a mudar de tendência, se irá corrigir, se
está repicando etc. Isso nós iremos aprender mais para a frente.

Termômetros de Abertura do Mercado


Índice Bovespa
O Índice Bovespa é o mais importante indicador do desempenho das cotações do mer-
cado de ações brasileiro. Sua importância advém do fato de retratar o comportamento dos
principais ativos negociados na Bolsa de Valores Brasileira e também de sua tradição. O
índice manteve a mesma metodologia de cálculo desde a sua criação, em 1968.
É o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações que iniciou em
2/1/1968, a partir de uma aplicação hipotética. Supõe-se não ter sido efetuado nenhum
investimento adicional, considerando-se somente os ajustes efetuados em decorrência
da distribuição de proventos pelas empresas emissoras.
Dessa forma, o índice reflete as variações dos preços das ações e também o impac-
to da distribuição dos proventos, sendo considerado um indicador que avalia o retorno
total das ações que o compõem.
Basicamente, ele é um indicador de desempenho médio do mercado acionário bra-
sileiro. Se algum investidor, de qualquer lugar do mundo, deseja saber como anda nosso
mercado de ações, certamente irá recorrer ao índice Bovespa.
Juliano Carneiro     35    

Bovespa Futuro
O Bovespa futuro é uma aposta feita sobre o índice Bovespa, vendido na forma
de contratos de compra e venda. O índice nasce e morre de 2 em 2 meses e é calcula-
do e ajustado para que você possa vê-lo com facilidade em seu software gráfico.
O Bovespa Futuro nos diz muitas coisas, dentre as quais a principal é apontar o
palpite que estão dando para o IBOV no dia, dizer o que os investidores acham que vai
acontecer.
É importante saber que o Índice Futuro começa a ser negociado antes de abrir o
pregão e que, por isso, é possível ter um termômetro de como o mercado abrirá no dia.
Se observarmos com atenção o Índice Futuro, teremos uma ferramenta a mais ao nosso
lado para tentar antecipar o mercado.

DJI Futuro (Dow Jones Futuro)


É comprovado que nosso mercado, assim como o mercado mundial, segue a ten-
dência do mais importante índice de ações americano: o Dow Jones Index (DJI).
O índice Dow Jones, que abre após o início do nosso pregão, pode afetar a tendên-
cia do nosso mercado de ações.
É possível que consigamos antecipar a abertura do mercado americano usando a
mesma técnica que usamos no Índice Futuro do Ibovespa. O DJI também tem um futu-
ro que abre antes, por isso podemos prever a força do movimento e deduzir para onde
ele vai.
Acompanhando o DJI Futuro, teremos mais um termômetro para o mercado.

Bolsas europeias
Outros índices para os quais precisamos sempre olhar são os das bolsas europeias,
pois elas também abrem antes da nossa.
Se as bolsas europeias estiverem em forte baixa, poderemos ter uma abertura de
mercado ruim.
É importante ressaltar que o mercado asiático não tem tanta influência, devido ao
horário de negociação. Ele reflete o passado, mas dificilmente o futuro.

Montando seu termômetro


Para operadores de curto prazo, um termômetro de como será o dia é extrema-
mente importante. Ele dirá que direção o mercado seguirá. Assim, o operador nunca
entrará contra a tendência do dia, já que a probabilidade de dar errado será muito
grande.
Chamo a essa coleção de termômetros de FILTRO DO DIA. Esse filtro deverá
ser feito 30 minutos antes de ser iniciado o pregão. Para entender melhor, segue
explicação.
36     Análise Técnica

FILTRO DO DIA (COMPRADOR)


DJI FUTURO: FORTE ALTA
IBOVESPA FUTURO: FORTE ALTA
BOLSAS EUROPEIAS: FORTE ALTA
Só operações de compra são autorizadas
FILTRO DO DIA (VENDEDOR)
DJI FUTURO: FORTE BAIXA
IBOVESPA FUTURO: FORTE BAIXA
BOLSAS EUROPEIAS: FORTE BAIXA
Só operações de venda são autorizadas

Caso os termômetros estejam divergindo com pequena alta ou pequena baixa, o


mercado não estará com uma tendência tão definida para o dia. Dessa forma, ficará difí-
cil operar, pois talvez o mercado não se movimente com tanta intensidade.
Em momentos como esse, o trader mais atuante diminui bastante seus objetivos e
tenta pegar movimentos minúsculos.
Nesses dias, prefiro ficar com meus filhos ou jogar golfe. Melhor ter um momento
prazeroso do que correr um forte risco de abastecer o mercado com dinheiro advindo de
trades incertos.

O Poder das Notícias


Muitos analistas técnicos têm uma cega ideia de que os gráficos dizem tudo e de
que as notícias não são importantes. Eu não penso dessa maneira, mesmo porque minha
especialidade são operações de day-trade bem curtas. Tudo que influencie a volatilidade e
tendência para o dia não deve ser desprezado. Nosso mercado, além de ter notícias inter-
nas importantes, é influenciado pelas externas, principalmente as divulgadas nos EUA.
Dessa forma, nosso mercado pode começar em forte alta e, no momento da divul-
gação da notícia, perder força e virar, pegando alguns traders de “calça curta”.
Todo trader profissional deve ter um calendário com todos os indicadores econômi-
cos (Brasil e EUA) e seus respectivos horários de divulgação.
Informações Relevantes (Brasil): Divulgação da prévia do PIB, Divulgação do
PIB, Saldo da Balança comercial, Índice de Desemprego, Decisões do Copom referentes
à taxa de juros.
Informações Relevantes (EUA): Trade Balance, Core CPI, Unemployment Claims,
Core Retail Sales, Retail Sales, Housing Starts, Unemployment Claims, Non-Farm Em-
ployment Change, discurso do Charmain do Federal Reserve (FED), Livro Bege, Pending
Home Sales, ISM Manufacturing PMI, ADP Non-Farm Employment Change, Building
Permits, TIC Long-Term Purchases.
Juliano Carneiro     37    

Envelope de Notícias
Digamos que no dia teremos a divulgação sobre a decisão do FED para corte da
taxa de juros. Como sabemos o horário, pouco antes do anúncio teremos um aumento
de volatilidade e, após o anúncio, quando o número for divulgado, o mercado definirá
para onde vai.
Nesse momento, o trader começa a tomar as decisões, utilizando mais o visual do
que a técnica em si. Entra no mercado, jogando-se no meio do movimento, tentando
pegar parte da precificação da notícia.
Essa é uma operação mais especulativa, porém, muito utilizada por diversos
operadores.

Como Funciona o Leilão


O leilão é uma ferramenta que permite controlar os preços do mercado e não dei-
xa que eles disparem de forma tão agressiva, a ponto de trazerem problemas para os
investidores.
Durante o leilão, o mercado fica aberto para receber as ofertas de compra e venda,
bem como as respectivas quantidades. A bolsa faz um cálculo utilizando preços e quan-
tidades e calcula o preço teórico.
As ofertas de compra acima do preço teórico ou as ofertas de venda abaixo do preço
teórico serão automaticamente executadas na reabertura. Quando o investidor enviar
uma ordem, ele não poderá alterá-la ou retirá-la. Ela ficará presa no sistema da bolsa até
a reabertura, podendo ser executada ou não, sempre seguindo o comentário acima sobre
o preço teórico.
Leilão de abertura (CALL DE ABERTURA): inicia em todos os ativos da bolsa
de valores, 15 minutos antes da abertura do mercado. É durante o leilão que o preço
de abertura é estabelecido e, no final dele, a bolsa abre com o preço formado durante o
leilão de abertura.
Muita gente acha que o preço abre seguindo o fechamento do dia anterior, porém,
isso não acontece; a abertura tem um preço novo e demonstra a oferta e a procura para
o ativo.
Leilão de fechamento (CALL DE FECHAMENTO): acontece 15 minutos antes
do fechamento da bolsa. Nesse leilão será determinado o preço de fechamento do dia.
Leilão em relação à quantidade: acontece quando os lotes ultrapassam a média
negociada em 30 pregões.
Leilão em relação à variação de preço, com oscilação positiva ou negativa de
3% a 9,99% sobre o último preço, para os papéis que fazem parte de carteira de
índices da Bovespa: leilão com prazo de 5 minutos. 
38     Análise Técnica

Com oscilação positiva ou negativa, a partir de 10% sobre o último preço,


para os papéis que fazem parte de carteira de índices da Bovespa: leilão com
prazo de 15 minutos.
Demais papéis, com oscilação positiva ou negativa de 10% a 19,99% sobre o
último preço: leilão com prazo de 5 minutos.
Demais papéis, com oscilação positiva ou negativa de 20% a 49,99% sobre o
último preço: leilão com prazo de 15 minutos.
Demais papéis, com oscilação positiva de 50% a 99,99% sobre o último preço:
leilão com prazo de 30 minutos.
Demais papéis, com oscilação superior a 100% sobre o último preço: leilão
com prazo de 1 hora.
Demais papéis, com oscilação negativa superior a 50% sobre o último preço:
leilão com prazo de 1 hora. 
Casos especiais de leilão:
a) Quando ocorrer a divulgação de fato relevante, ou notícia sobre algum
provento para um Ativo negociado, a Bovespa poderá colocar a respectiva
negociação do Ativo em leilão, pelo prazo a ser determinado pelo Diretor de
Pregão, a fim de preservar a boa continuidade dos preços; 
b) Negócios fechados, por encerramento de um leilão em que uma ou mais So­ciedades
Corretoras tenham sido prejudicadas por problemas técnicos, devidamente com-
provados por área especifica da Bovespa; 
c) Nos casos em que uma ou mais Sociedades Corretoras comunicarem problemas
técnicos antes do encerramento de um leilão, o horário de encerramento será reti-
rado e, após resolvido o problema, caso o horário de encerramento original tenha
sido ultrapassado, será marcado novo horário, com prazo de 5 minutos. 

Critério de formação do preço do Leilão (FIXING)


Critérios de Formação de Preço 
Primeiro critério 
O preço atribuído ao leilão será aquele em que a maior quantidade de ações for
negociada. 

Segundo critério 
Havendo empate na quantidade negociada entre dois ou mais preços, selecionam-se
dois preços, o de menor desequilíbrio na venda e o de menor desequilíbrio na compra.
O preço atribuído ao leilão poderá ser igual ou estar entre um desses preços, sendo
escolhido o mais próximo do último negócio ou, caso o papel não tenha sido negociado
no dia, o mais próximo do preço de fechamento. 
Juliano Carneiro     39    

Terceiro critério 
Havendo empate nos dois critérios anterior, o preço selecionado na abertura do
leilão fará parte de uma escala de preços, incluindo ou não os preços limites,
conforme a quantidade em desequilíbrio. 

O Que é Backtesting (Trader Cego)


Backtesting nada mais é do que pegar uma estratégia e retorná-la ao passado, ope-
rando virtualmente, com o intuito de saber seu desempenho durante um período his-
tórico.
Imagine que menos de 0,1% dos traders fizeram simulações históricas em suas
estratégias. A grande maioria começa a operar no escuro, como um cego. Não sabem se
a estratégia será vencedora ou perdedora no longo prazo e, infelizmente, descobrirão da
pior forma, pois estarão colocando dinheiro real no mercado.
Não seria mais inteligente fazer simulações e aplicar a estratégia desde 1994 no
ativo alvo para saber como seria seu desempenho? Isso se chama backtesting.
Em todos os fundos, na demonstração de desempenho há uma mensagem dizendo
que resultados passados não significam muita coisa, e que não podemos projetar o futu-
ro utilizando esses dados. Isso não é verdade. As estatísticas nos dizem outra coisa.
Se você programar uma estratégia e testá-la desde 1994 até o dia de hoje e ela for
vencedora, quer dizer que ela ganhou durante todos esses anos e que seria muita falta
de sorte se ela começasse a perder justamente agora que você começará a utilizá-la. Isso
até pode acontecer, mas a probabilidade é bastante pequena.
Eu e meus sócios, Charles Adriano e Marcelo Sampaio, abrimos uma empresa de
backtesting e automação de trades, a pioneira no país nesse segmento, e atendemos clien-
tes em todo o mundo.
Automatizamos uma média de seis estratégias por semana, com diferentes me-
todologias, para diferentes mercados. Fizemos alguns estudos e, somente 7% dessas
estratégias conseguem ganhar dinheiro. Isso demonstra que não é tão simples montar
uma estratégia vencedora, principalmente no longo prazo, o que torna o backtesting a
ferramenta mais importante da bolsa de valores.
Há diversos instrutores de bolsa e professores ministrando aulas sobre o mercado
sem nenhuma experiência ou especialização em backtesting. Fico com pena dos alunos.
Se você fez um curso de análise técnica, pergunte ao seu professor sobre o backtes-
ting. Caso ele não saiba lhe informar – e muitos nem sabem do que se trata –, esqueça
tudo, que aprendeu porque você, infelizmente, caiu em falcatruas.
Análise técnica é probabilidade e estatística. Vejamos a seguir o que um relatório de
backtesting pode nos fornecer:
Curva de Capital: quanto mais ascendente e menos oscilações, melhor.
40     Análise Técnica

Figura 4

Algumas informações detalhadas que o backtesting nos fornece:


Número de negócios, número de negócios de compra, número de negócios de ven-
da descoberta, índice de acerto em operações de compra, índice de acerto em operações
de venda descoberta, quantidade de trades vencedores, quantidade de trades perdedo-
res, número de erros consecutivos, número de acertos consecutivos, perda máxima,
entre outras informações cruciais para desenvolver uma estratégia moderna profissio-
nal.
Com todas essas informações e com a estratégia já automatizada, você pode mudar
os parâmetros, tentando sempre melhorar o índice de acerto e a proteção de capital. É
possível fazer isso milhares de vezes, até encontrar o melhor “setup”, sem utilizar di-
nheiro real.

Teorias de Dow
Charles Henry Dow foi fundador da Dow Jones & Company e proprietário do Wall
Street Jornal. Em suas colunas no jornal, Dow formulou algumas teorias que serviram
como base para a análise técnica como a conhecemos hoje. O interessante é que Charles
Dow não formulou as teorias formalmente em livros etc. Os leitores foram pegando as
informações e observações sobre o mercado, começaram a estudá-las e assim formula-
ram as teorias.
Devido aos pensamentos desse homem, o principal índice americano foi batizado
de Dow Jones Index. Uma homenagem a Charles Dow & Edward Jones.
Vamos conhecer os princípios, segundo os comentários de Dow:

1o Princípio: Os índices descontam tudo, menos os atos divinos


Os índices representam a ação dos investidores com diferentes pensamentos e co-
nhecimentos sobre o mercado. Eles são uma junção da psicologia de todos os parti-
cipantes. Dessa forma, todo fator capaz de afetar a relação de oferta e procura estará
representado no preço do mercado.
Tudo o que puder acontecer no mercado estará expresso no gráfico, com exceção
dos eventos de caráter natural, imprevisível, como os terremotos, atentados etc. São os
chamados “atos divinos”.
Juliano Carneiro     41    

Figura 5

Tais fenômenos, quando acontecem, geram fortes oscilações, mas são rapidamente
absorvidos pelo mercado. Veja, na Figura 5, um exemplo.

2o Princípio: As três tendências do mercado


Tendência Primária: é a tendência longa que acontece geralmente num período
maior que 2 anos. Nessa tendência ocorrerão grandes variações nos preços do ativo,
para cima ou para baixo.
Tendência Secundária: é a tendência de médio prazo (de 3 a 6 meses), que ocorre
dentro da tendência primária e serve como correção, ou seja, se na tendência primária
subiu muito, ou, como dizem no jargão do mercado, “esticou”, a secundária irá corrigi-la.
Tendência Terciária: é a tendência de curto prazo (até 3 semanas), que ocorre
dentro da tendência secundária.
Veja, nas Figuras 6, 7 e 8, os gráficos que ilustram as tendências.
A grande utilidade em identificar as tendências está diretamente relacionada ao
tipo de investidor e ao prazo de investimento. Observe que, se optar por operar no curto
prazo, fazendo day-trade, você deverá dar mais atenção para a tendência terciária (alguns
dias) e para a secundária (alguns meses). Nesse caso específico, a tendência primária não
importa tanto.
Quando o investidor não sabe ver a tendência, ele pode cometer um grande erro,
que é justamente operar contra ela. Pode comprar para longo prazo, observando apenas
uma tendência terciária de alta (poucos dias), porém, a primária, que nesse caso é mais
importante para ele, estará em forte baixa.
Se não identificamos a tendência, é como se déssemos um “tiro no escuro”. Quando
o investidor sabe a tendência e opera em favor dela, a probabilidade de acerto está ao seu
lado. Afinal, ninguém quer comprar um ativo que só cai.
42     Análise Técnica

Figura 6

Figura 7
Juliano Carneiro     43    

Figura 8

O investidor (pessoa física) tem um problema muito interessante: ele vê o ativo


caindo há mais de 5 anos e sai comprando, pois acha que vai parar de cair só porque ele
comprou. Infelizmente, ninguém tem esse poder de inverter um ativo. Se ele está caindo
há 5 anos, é bem provável que continue caindo após a compra. E é nesse momento que
o investidor está contagiado pelo vírus “TÁ BARATO”.
O que temos que colocar na cabeça é que nenhum ativo está barato demais a ponto
de não cair mais, nem tão alto a ponto de não subir mais.

3o Princípio: As três fases do mercado


Segundo Dow, o mercado funciona seguindo ciclos, ou seja, tem sempre um padrão
de movimento. A seguir descrevo detalhadamente esses ciclos:

Fases do Mercado de Alta


Fase 1
No início da alta, o mercado é impulsionado por investidores qualificados, que veem
nas desvalorizações dos preços um bom negócio. Como têm um poder financeiro muito
grande (estrangeiros), partem às compras, estancando a queda acentuada.

Fase 2
Investidores de pequeno e médio portes mais qualificados percebem que a queda
está acabando e começam a tomar posições de compra, aumentando ainda mais a força
compradora e impulsionando uma recuperação do mercado.

Fase 3
É marcada por grandes altas. Investidores menos qualificados começam a entrar,
pois observam em jornais e revistas boas notícias sobre a bolsa de valores. Nessa fase, os
investidores que compraram na fase 1 começam a vender para os investidores da fase 3.
44     Análise Técnica

Fases do Mercado de Baixa


Fase 1
Nessa fase, os investidores mais qualificados de grande porte (estrangeiros) come-
çam a vender suas posições, fazendo com que o movimento de alta diminua.

Fase 2
É uma etapa marcada por nervosismo, pois os investidores menos qualificados per-
cebem o erro e começam a desfazer suas posições, aumentando a força vendedora. Nes-
sa fase, a tendência de baixa começa com força.

Fase 3
Com perdas enormes e grande desvalorização dos ativos, investidores mais qualifi-
cados começam a comprar e a fase 1 do mercado de alta começa novamente.

4o Princípio: Da confirmação
Dow dizia que um índice que tem comportamento parecido deve confirmar outro.
Um exemplo claro que costumo dar em meus cursos é justamente a relação entre a ação
que o investidor deseja comprar e o índice Bovespa.
Se o Índice Bovespa estiver em tendência de queda, ficará difícil efetuar compra de
ações, pois o IBOV reflete o comportamento do mercado de ações e, dessa forma, não
estará “autorizando” operações de compra.
Tentar acertar uma compra com o índice caindo é uma loteria. É tentar acertar uma
ação dentre as muitas que estão em queda.
Concluindo, se o índice estiver caindo, a probabilidade de acertar em operações de
compra será pequena.

5o Princípio: O volume deve confirmar a tendência


Mercado de alta: é esperado que o volume financeiro aumente, conforme a valori-
zação dos ativos, e diminua com a desvalorização.
Mercado de Baixa: é esperado que o volume financeiro aumente, conforme a desva-
lorização dos ativos, e diminua com a valorização.
Desse modo, se o mercado estiver subindo há muitos dias, com volume crescente,
e você começar a notar uma diminuição do volume e, mesmo assim, ele continuar su-
bindo, isso poderá ser um indicativo de que a tendência de alta está enfraquecendo. O
mesmo vale para a tendência de baixa.

6o Princípio: A tendência continua até surgir um sinal definitivo de que houve


reversão
Esse é sempre desprezado pelo trader amador, pois ele acha que, se o preço subiu
muito, não poderá subir mais e, se caiu muito, não poderá cair mais. Isso não existe. O
Juliano Carneiro     45    

mercado estará na tendência, até que algum sinal muito forte aconteça. No nosso caso,
o sinal forte será a formação gráfica que chamamos de PIVOT, a qual veremos mais
adiante.
Acontece também, muitas vezes, de o investidor tentar achar um fundo nos
ativos. Ele acha que está “barato” demais e que daquela região o preço não pas-
sará. Quando perde, leva as mãos à cabeça e tenta arrumar uma explicação para o
ocorrido.
Vamos nos conscientizar de que o mercado é forte o suficiente para romper qual-
quer fundo existente, e que o preço poderá cair muito mais do que já caiu.

O Mercado e seus 4 Preços

Passei alguns momentos de minha vida em uma feira, pois tive parentes que tra-
balharam no Ceasa, em São Paulo, como feirantes. Devido a essa experiência, costumo
comparar o mercado de ações com uma feira gigantesca. Tanto em um como no outro,
com o passar do dia, há uma mudança de preço.
O mercado nos deixa quatro valores importantes para nos ajudar em nossas aná-
lises: o preço de abertura (quando o mercado abre), fechamento (quando o mercado
fecha), máxima (patamar máximo alcançado no dia) e mínima (patamar mínimo alcan-
çado no dia). Esses quatro preços já nos dizem muitas coisas. Veremos mais adiante
como estudá-los, por meio dos tipos de gráficos.

Tipos de Gráficos

Existem diversos tipos de gráficos para representar os preços do mercado. Vou


expor sucintamente cada um, conferindo maior ênfase ao de Candle, o qual escolhi
como padrão para minhas operações, pois, apesar de mais simples, ele traz muitas
informações sobre o mercado. Conheço diversos day-traders e scalpers de sucesso que
operam somente lendo Candle e volumes justamente por isso.

Gráfico de barras (TICKS)


No gráfico de barras, o corpo lembra um palito com pequenas barrinhas na late-
ral, representando abertura e fechamento de preço. Acima e abaixo das barrinhas são
computadas as máximas e as mínimas. Se a barra lateral de fechamento estiver abaixo a
de abertura, quer dizer que houve uma queda no preço; se ela estiver acima da barra de
abertura, houve um aumento nos preços do ativo (veja a Figura 9).
A Figura 10 apresenta o gráfico do IBOV em barras.
46     Análise Técnica

Aumento nos preços Queda nos preços


Figura 9 Máxima Máxima

Fechamento Abertura

Abertura Fechamento

Mínima Mínima

Figura 10

Gráfico de linha
Esse gráfico é formado por uma linha. O problema dele é que leva em consideração
apenas um preço. Por exemplo, gráfico de linhas com preço de fechamento, gráfico de
linhas com preço médio etc.

Figura 11
Juliano Carneiro     47    

Esse tipo de gráfico é mais fácil para visualização, porém não oferece nenhum tipo
de informação complementar, como o gráfico de barras e o Candle.
Veja, na Figura 11, um exemplo do gráfico de linha com os preços de fechamento
do IBOV.

Gráfico Candle (candelabro japonês)


Esse é o padrão que utilizaremos em nosso livro e que utilizo em minhas análises.
O Candle é fantástico, pois é de fácil leitura e por si só já nos diz muitas coisas sobre o
mercado. As combinações de Candles formam padrões fortes, que sinalizam alguns mo-
vimentos futuros do mercado.
O gráfico de Candle foi criado por Munehisa Honma, um trader japonês que ne-
gociava arroz no século XVII. Ele identificou sabiamente a importância dos 4 preços:
Abertura, Fechamento, Máxima e Mínima.
Atualmente, seu gráfico é o mais utilizado em todo o mundo, principalmente aqui
no Brasil.
Neste livro abordaremos os conceitos dos principais Candles.
Em todos os cursos que ministrei, sempre foquei meus esforços para que o aluno
aprendesse a lógica, e não que decorasse as características. Assim, apresento a seguir um
esquema para que fique fácil o entendimento dos padrões.
Vamos ver como o Candle funciona:
Se o preço de fechamento for maior que o de abertura, pintaremos o Candle de
verde. Isso significará que houve um aumento nos preços daquele período. Se o preço de
fechamento for menor que o de abertura, pintaremos o Candle de vermelho, significan-
do queda nos preços daquele período.
As partes verdes e vermelhas são chamadas de CORPO DO CANDLE.

Figura 12
48     Análise Técnica

Figura 13

Figura 14

Você deve ter notado que nos Candles também existem 2 barras verticais. Chama-
mos essas barras de SOMBRA. A sombra superior determina o preço máximo que o
ativo teve no período e a sombra inferior, o preço mínimo.
Detalhe importante sobre os Candles: quando estão vermelhos, é porque estão com
o preço de abertura em cima e o preço de fechamento embaixo. Quando estão verdes,
Juliano Carneiro     49    

Figura 15

é porque estão com o preço de abertura embaixo e o de fechamento em cima, ou seja,


ficam invertidos. As sombras, no entanto, não se invertem; tanto faz se vermelhos ou
verdes, a sombra superior sempre será de preço máximo e a inferior sempre será de
preço mínimo.
Veja, na Figura 15, o IBOV formado por Candles.

Padrões Formados por Candles


Lembra-se de que, no começo do livro, falei que utilizava os Candles porque eles
sozinhos já nos diziam muitas coisas? Pois é, agora vamos ver o que eles nos dizem. E
como são fortes esses padrões.

Padrões de um Único Candle


São padrões formados por apenas um Candle. Existem algumas situações que refor-
çam a probabilidade de uma reversão nesses padrões:
1a Aparecer em cima de um suporte ou resistência.
2a Quando aparecer o Candle e o volume for acima da média.
3a Quando aparecer combinado com a reversão de um indicador, como, por exemplo,
sobre as bandas de bollinger.

Martelo
É um padrão altista, que aparece durante um período de baixa nítido e sinaliza
reversão do mercado para alta ou para o lado. Leva esse nome pelo fato de seu desenho
parecer com o de um martelo.
50     Análise Técnica

O martelo sinaliza uma diminuição da força vendedora. Se for verde, seu poder de
reversão aumentará mais.
Características:

Não importa se é verde ou vermelho.


Corpo pequeno.
Sombra inferior comprida.
Sem sombra superior.
Aparece após um movimento nítido de
baixa.
Quanto maior a sombra, maior o seu
poder de reversão.

Figura 16 Metodologia de operação

Obs.: Na teoria, seria sem sombra superior, mas, se uma sombrinha aparecer, cos-
tumo considerar um martelo. Quando digo sombrinha, me refiro a, aproximada-
mente, 1/5 da sombra inferior ou menos.

Backtesting do Martelo (Método Automatizado)


Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que
o martelo teve na Petrobras. Compramos na abertura do Candle, após a formação do
martelo, com stop 3 reais abaixo do preço de compra e objetivo 3 reais acima do preço
de compra.
Juliano Carneiro     51    

Ativo: Petr4 Figura 17

Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 37
Operações com ganho: 21 (56,76%)
Operações com perda: 16 (43,24%)
Ganho por ação desde o início: 130%
Máximo de ganhos consecutivos: 6 operações
Média de ganhos consecutivos: 3 operações
Máximo de perdas consecutivas: 9 operações
Média de perdas consecutivas: 3 operações

Enforcado
Tem as mesmas características do martelo, porém, acontece no momento em que o
mercado está apresentando diversas altas. Quando aparece, sinaliza reversão para baixa
ou para o lado, portanto é um padrão baixista.
O enforcado sinaliza uma diminuição da força compradora. Se ele for vermelho, sua
potência de reversão aumentará mais.
Características:

Não importa se é verde ou vermelho.


Corpo pequeno.
Sombra inferior comprida.
Sem sombra superior.
Aparece após um movimento nítido de
alta.
Quanto maior a sombra, maior o seu
poder de reversão.

Veja, na Figura 19, o martelo e o enforcado funcionando em um gráfico real.


52     Análise Técnica

Figura 18
Metodologia de operação

Obs.: Na teoria, seria sem sombra superior, mas, se uma sombrinha aparecer, costumo
considerar um enforcado. Quando digo sombrinha, me refiro a, aproximadamente, 1/5
da sombra inferior ou menos.

Figura 19

Backtesting do Enforcado (Método Automatizado)


Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que
o enforcado teve na Petrobras. Alugamos e vendemos na abertura do Candle, após a for-
mação do martelo, com stop 3 reais acima do preço de compra e objetivo 3 reais abaixo do
preço de compra. Como o enforcado funciona como operação de venda alugada, esbarra-
mos em operar contra a tendência primária, que é de alta. Dessa forma, a probabilidade
de erros nos trades é maior. Faremos uma análise mais minuciosa posteriormente.
Juliano Carneiro     53    

Figura 20
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 20
Operações com ganho: 5 (25%)
Operações com perda: 15 (75%)
Prejuízo por ação desde o início: –38,90%
Máximo de ganhos consecutivos: 3 operações
Média de ganhos consecutivos: 2 operações
Máximo de perdas consecutivas: 5 operações
Média de perdas consecutivas: 4 operações

O Perigo das Operações Contra a Tendência


Todas as figuras de reversão de alta para baixa que necessitam de vendas desco-
bertas são perigosas, principalmente pelo fato de estarem operando contra a tendência
principal (primária), a qual, até a elaboração do curso, era de alta para o IBOV e alta para
a petrobras.
Para ilustrar o poder da tendência, fizemos o backtesting do enforcado, que, teo-
ricamente, é um padrão de reversão utilizado por muitos traders e professores de bol-
sa como uma verdade absoluta. Os resultados nessa estratégia, no entanto, não foram
nada satisfatórios.
A seguir fizemos um backtesting um pouco diferente para o enforcado. Deixamos as
mesmas configurações do exemplo anterior, porém, em vez de fazer vendas alugadas,
fizemos compras, com stop 3 reais abaixo do preço de compra e objetivo 3 reais acima do
preço de compra. Veja só o resultado:
54     Análise Técnica

Figura 21
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 20
Operações com ganho: 15 (75%)
Operações com perda: 5 (25%)
Lucro por ação desde o início: 28,01%
Máximo de ganhos consecutivos: 5 operações
Média de ganhos consecutivos: 4 operações
Máximo de perdas consecutivas: 3 operações
Média de perdas consecutivas: 2 operação

Shooting Star
Aparece após um movimento de alta. E sinaliza reversão, portanto, é um padrão
baixista. Ele retrata a perda do controle dos compradores para os vendedores.
Características:

Corpo pequeno.
Abre em Gap de alta em relação ao
Candle anterior.
Sombra superior longa.
Não há sombra inferior.
Juliano Carneiro     55    

Metodologia de operação Figura 22

Backtesting do Shooting Star (Método Automatizado)


Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que
o Shooting Star teve na Petrobras. Alugamos e vendemos na abertura do Candle, após

Ativo: Petr4 Figura 23

Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 14
Operações com ganho: 2 (14,29%)
Operações com perda: 12 (85,71%)
Prejuízo por ação desde o início: –30%
Máximo de ganhos consecutivos: 1 operações
Média de ganhos consecutivos: 1 operações
Máximo de perdas consecutivas: 9 operações
Média de perdas consecutivas: 6 operações
56     Análise Técnica

Figura 24

a formação do martelo, com stop 3 reais acima do preço de compra e objetivo 3 reais
abaixo do preço de compra. Como o Shooting Star funciona como operação de venda
alugada, esbarramos em operar contra a tendência primária, que é de alta. Dessa forma,
a probabilidade de erros nos trades é maior.
Veja, na Figura 24, o Shooting Star, em um gráfico real.

Martelo Invertido
O martelo invertido sinaliza uma mudança de tendência para alta, portanto, é um
padrão altista. Reflete a entrada de compradores. Suas características são iguais às do
Shooting Star, porém, ele aparece depois de uma sequência de baixas.
Características:

Corpo pequeno.
Abre em Gap de baixa em relação ao
Candle anterior.
Sombra superior longa.
Não há sombra inferior.

Veja, na Figura 26, o martelo invertido em um gráfico real.


Juliano Carneiro     57    

Metodologia de operação Figura 25

Figura 26

Backtesting do Martelo Invertido


(Método Automatizado)
Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que
o martelo invertido teve na Petrobras. Compramos na abertura do Candle, após a for-
mação do martelo, com stop 3 reais abaixo do preço de compra e objetivo 3 reais acima
do preço de compra.
58     Análise Técnica

Figura 27
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 32
Operações com ganho: 22 (68,75%)
Operações com perda: 10 (31,25%)
Lucro por ação desde o início: 380%
Máximo de ganhos consecutivos: 6 operações
Média de ganhos consecutivos: 4 operações
Máximo de perdas consecutivas: 5 operações
Média de perdas consecutivas: 2 operações

Estrela
Esse padrão mostra indecisão no mercado e uma possível reversão. Ele pode ser
tanto baixista como altista. Tudo dependerá da posição que ocupa no gráfico.
A estrela significa uma forte batalha entre compradores e vendedores. É padrão
comum nos gráficos.
Características:
• Possui sombras superiores e inferiores.
• Corpo pequeno.
Se a estrela aparece depois de alguns dias de alta, chamar-se-á estrela da tarde e, se
aparecer após dias de baixa, estrela da manhã.
Veja, na Figura 30, as estrelas em um gráfico real.
Se a estrela abrir em Gap com relação ao Candle anterior, seu poder de reversão será
potencializado.
Juliano Carneiro     59    

Figura 28

Metodologia de operação Figura 29


60     Análise Técnica

Figura 30

Dojis
Os Dojis são estrelas de maior força. Elas não têm corpo. Acontecem quando existe
uma alta indecisão no mercado e os preços de abertura e fechamento estão no mesmo
nível. Sinalizam uma briga forte entre compradores e vendedores.
Existem 3 tipos de Dojis:

Figura 31
Metodologia de operação
Juliano Carneiro     61    

Figura 32

Doji Clássico:
• Não tem corpo.
• Tem sombra inferior e superior.
Doji Dragonfly:
• É um padrão altista.
• Não tem corpo.
62     Análise Técnica

• Tem apenas a sombra inferior.


Doji Túmulo:
• É um padrão baixista.
• Não tem corpo.
• Tem apenas a sombra superior.

Marubozu
É basicamente um Candle que não tem máxima nem mínima. Indica um movimen-
to forte de baixa ou alta.

Figura 33 Metodologia de operação


Juliano Carneiro     63    

Figura 34

Reversão para alta

Reversão para baixa

Backtesting do Marubozu para Alta


(Método Automatizado)
Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que
o Marubozu teve na Petrobras. Compramos na abertura do Candle, após a formação do
Marubozu com stop 1 real abaixo do preço de compra e objetivo 1 real acima do preço de
compra.

Ativo: Petr4 Figura 35

Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 22
Operações com ganho: 14 (63,64%)
Operações com perda: 8 (36,36%)
Lucro por ação desde o início: 60%
Máximo de ganhos consecutivos: 6 operações
Média de ganhos consecutivos: 3 operações
Máximo de perdas consecutivas: 3 operações
Média de perdas consecutivas: 1 operação
64     Análise Técnica

Backtesting do Marubozu para Baixa


(Método Automatizado)
Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que
o Marubozu teve na Petrobras. Alugamos e vendemos na abertura do Candle, após a for-
mação do martelo com stop 1 real acima do preço de compra e objetivo 1 real abaixo do
preço de compra. Como o Marubozu funciona como operação de venda alugada, esbarra-
mos em operar contra a tendência primária, que é de alta. Dessa forma, a probabilidade
de erros nos trades é maior.

Figura 36
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 15
Operações com ganho: 3 (20%)
Operações com perda: 12 (80%)
Prejuízo por ação desde o início: –90%
Máximo de ganhos consecutivos: 1 operação
Média de ganhos consecutivos: 1 operação
Máximo de perdas consecutivas: 9 operações
Média de perdas consecutivas: 5 operações
Juliano Carneiro     65    

Padrões com 2 ou mais Candles


Como o nome já diz, para formar esse tipo de padrão é necessário a combinação de
2 ou mais Candles. Você deverá aguardar a formação dos Candles para tomar as iniciati-
vas de compra e venda. Vamos ver detalhadamente como funcionam esses padrões.

Engolfo de Alta
É um padrão forte que acontece depois de uma sequência de baixas.
O engolfo de alta acontece da seguinte maneira: no primeiro Candle aparece uma
estrela que por si só já representa indecisão; logo depois, aparece um Candle maior, co-
brindo totalmente a estrela.
Características:
• O primeiro Candle tem a cor vermelha, e o segundo tem a cor verde.
• O segundo Candle cobre totalmente o corpo do primeiro.

Figura 37
66     Análise Técnica

Figura 38
Metodologia de operação

Figura 39

Veja, na Figura 39, o engolfo de alta em um gráfico real.

Backtesting do Engolfo de Alta


(Método Automatizado)
Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que
o engolfo de alta teve na Petrobras. Compramos na abertura do Candle, após a formação
do engolfo, com stop 3 reais abaixo do preço de compra e objetivo 3 reais acima do preço
de compra.
Juliano Carneiro     67    

Ativo: Petr4 Figura 40

Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 21
Operações com ganho: 16 (76,19%)
Operações com perda: 5 (23,81%)
Lucro por ação desde o início: 330%
Máximo de ganhos consecutivos: 5 operações
Média de ganhos consecutivos: 3 operações
Máximo de perdas consecutivas: 1 operação
Média de perdas consecutivas: 1 operação

Engolfo de Baixa
É um padrão baixista que tem as características do engolfo de alta. Ocorre após
movimentos de alta. O primeiro Candle tem a cor verde e o segundo, vermelha.
Características:
• O primeiro Candle tem a cor verde e o segundo tem a cor vermelha.
• O segundo Candle cobre totalmente o corpo do primeiro.
Veja, na Figura 43, o engolfo de baixa em um gráfico real.

Figura 41
68     Análise Técnica

Figura 42
Metodologia de operação

Figura 43

Backtesting do Engolfo de Baixa


(Método Automatizado)
Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que
o engolfo de baixa teve na Petrobras. Alugamos e vendemos na abertura do Candle, após
a formação do engolfo, com stop 3 reais acima do preço de compra e objetivo 3 reais abaixo
do preço de compra. Como o engolfo de baixa funciona como operação de venda alugada,
esbarramos em operar contra a tendência primária, que é de alta. Dessa forma, a probabi-
lidade de erros nos trades é maior.
Juliano Carneiro     69    

Ativo: Petr4 Figura 44

Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 27
Operações com ganho: 10 (37,04%)
Operações com perda: 17 (62,96%)
Prejuízo por ação desde o início: –184%
Máximo de ganhos consecutivos: 5 operações
Média de ganhos consecutivos: 3 operações
Máximo de perdas consecutivas: 5 operações
Média de perdas consecutivas: 3 operações

Haramis
Em japonês significa gravidez. Esse padrão ocorre na alta e na baixa. É formado da
seguinte maneira: o primeiro Candle é grande, com a cor da tendência, e o segundo Can-
dle é pequeno, usualmente uma estrela. O primeiro chama-se mãe e o segundo, filho.

Figura 45
70     Análise Técnica

Figura 46
Metodologia de operação

O segundo deve estar totalmente coberto pelo corpo do Candle mãe. É importante
ressaltar que, quanto menor for o corpo do segundo Candle, maior a força do Harami. Se
porventura acontecer um evento raro, que é o segundo Candle ser Doji, chamaremos a
essa combinação de HARAMI CROSS. Ela é extremamente potente e deve ser respeita-
da como um sinal fortíssimo de reversão.
Características:
• No primeiro dia, forma um Candle grande, com a cor da tendência vigente.
• No segundo dia, forma um Candle menor, totalmente coberto pelo primeiro Candle
com a cor oposta.
Juliano Carneiro     71    

Backtesting do Harami na Baixa


(Método Automatizado)
Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que o
Harami teve na Petrobras. Compramos na abertura do Candle, após a formação do Harami,
com stop 3 reais abaixo do preço de compra, e objetivo 3 reais acima do preço de compra.

Ativo: Petr4 Figura 47

Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 18
Operações com ganho: 12 (66,67%)
Operações com perda: 6 (33,33%)
Lucro por ação desde o início: 180%
Máximo de ganhos consecutivos: 5 operações
Média de ganhos consecutivos: 2 operações
Máximo de perdas consecutivas: 2 operações
Média de perdas consecutivas: 2 operações

Backtesting do Harami na Alta


(Método Automatizado)
Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que
o Harami na alta teve na Petrobras. Alugamos e vendemos na abertura do Candle, após a
formação do Harami, com stop 3 reais acima do preço de compra e objetivo 3 reais abaixo
do preço de compra. Como o Harami na alta funciona como operação de venda alugada,
esbarramos em operar contra a tendência primária, que é de alta. Desta forma, a proba-
bilidade de erros nos trades é maior.
Veja, na Figura 49, os Haramis em gráficos reais.
72     Análise Técnica

Figura 48
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 18
Operações com ganho: 6 (33,33%)
Operações com perda: 12 (66,67%)
Prejuízo por ação desde o início: –180%
Máximo de ganhos consecutivos: 2 operações
Média de ganhos consecutivos: 2 operações
Máximo de perdas consecutivas: 5 operações
Média de perdas consecutivas: 2 operações

Figura 49
Juliano Carneiro     73    

Padrão Nuvem Negra (Dark Clouds)


É um padrão baixista; ocorre sempre após movimentos de alta.
Características:
• Primeiro Candle na cor verde e segundo na cor vermelha.
• Segundo Candle tem seu fechamento acima da abertura do primeiro.
• Fica dentro da zona de preço do primeiro Candle.
• Segundo Candle tem uma penetração mínima de 50% do primeiro Candle.
Vamos ver, na Figura 52, a nuvem negra em um gráfico real.

Figura 50

Figura 51
Metodologia de operação
74     Análise Técnica

Figura 52

Backtesting do Dark Clouds


(Método Automatizado)
Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que
o Dark Clouds teve na Petrobras. Alugamos e vendemos na abertura do Candle, após a
formação do padrão, com stop 1 real acima do preço de compra e objetivo 1 real abaixo
do preço de compra. Como o Dark Clouds funciona como operação de venda alugada,
esbarramos em operar contra a tendência primária, que é de alta. Dessa forma, a proba-
bilidade de erros nos trades é maior.

Figura 53
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 11
Operações com ganho: 4 (36,36%)
Operações com perda: 7 (63,64%)
Prejuízo por ação desde o início: –30%
Máximo de ganhos consecutivos: 1 operação
Média de ganhos consecutivos: 1 operação
Máximo de perdas consecutivas: 2 operações
Média de perdas consecutivas: 2 operações
Juliano Carneiro     75    

Piercing Pattern
Tem as mesmas características do Dark Clouds, mas, acontece depois de um movi-
mento de baixa.

Figura 54

Metodologia de operação Figura 55


76     Análise Técnica

Figura 56

Características:
• Primeiro Candle na cor vermelha e segundo na cor verde.
• Segundo Candle tem sua abertura abaixo do fechamento do primeiro Candle.
• Fica dentro da zona de preço do primeiro Candle.
• Segundo Candle tem uma penetração mínima de 50% do primeiro Candle.
Veja, na Figura 56, o padrão Piercing Pattern em um gráfico real.

Backtesting do Piercing Pattern


(Método Automatizado)
Metodologia: analisamos a base histórica para saber qual o poder de reversão que
o Piercing Pattern teve na Petrobras. Compramos na abertura do Candle, após a formação
do padrão com stop, 1 real abaixo do preço de compra e objetivo 1 real acima do preço
de compra.
Juliano Carneiro     77    

Ativo: Petr4 Figura 57

Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009

Número de operações: 11
Operações com ganho: 7 (63,64%)
Operações com perda: 4 (36,36%)
Lucro por ação desde o início: 30%
Máximo de ganhos consecutivos: 2 operações
Média de ganhos consecutivos: 2 operações
Máximo de perdas consecutivas: 1 operação
Média de perdas consecutivas: 1 operação

Bebê Abandonado
Figura de reversão, tanto de alta quanto de baixa. Difícil de ser encontrada no dia a
dia, mas tem um forte poder e não deve ser desprezada.

Figura 58
78     Análise Técnica

Figura 59 Metodologia de operação

Características:
• Gap seguido de um Doji.
• Outro gap na direção oposta.
• Fica a sensação de um Candle totalmente deslocado e abandonado no gráfico.
• Doji deve ficar abaixo das mínimas.
Nesse padrão, por teoria, no fundo deve ser deixado um Doji, porém, é comum
também vermos uma estrela. O importante é a sequência de gap, não o Candle que foi
deixado no fundo, no caso de bebê abandonado, durante a baixa, ou no topo, durante a
formação, na alta.
Juliano Carneiro     79    

Figura 60

Veja, na Figura 60, o bebê abandonado em um gráfico real.

Downside Tasuki Gap


Figura de continuação, ou seja, o movimento continuará. No caso do exemplo mos-
trado no gráfico a seguir, a baixa continuará.
Características:

• Primeiro Candle grande e vermelho.


• Segundo Candle vermelho, com Gap
em relação ao primeiro.
• Terceiro Candle verde, iniciando den-
tro do corpo do primeiro e não fe-
chando o Gap totalmente.
80     Análise Técnica

Figura 61 Metodologia de operação

Upside Tasuki Gap


Figura de continuação, ou seja, o movimento continuará. No caso do exemplo mos-
trado no gráfico a seguir, a alta continuará.
Características:

• Primeiro Candle grande e verde.


• Segundo Candle verde, com Gap em
relação ao primeiro.
• Terceiro Candle vermelho, iniciando
dentro do corpo do primeiro e não
fechando o Gap totalmente.
Juliano Carneiro     81    

Metodologia de operação Figura 62

Falling Three Methods


Padrão de continuação de baixa.

• Primeiro Candle grande.


• Alguns Candles intermediários, com
corpos pequenos como uma estrela
(mais comum 3), dentro da zona de
preço do primeiro.
• Por último, um Candle vermelho, fe-
chando abaixo da mínima do primei-
ro Candle.
• Não importam as cores dos Candles
intermediários.
82     Análise Técnica

Figura 63
Metodologia de Operação:

Rising Three Methods


Padrão de continuação de alta.

• Primeiro Candle grande.


• Alguns Candles intermediários
com corpos pequenos como uma
estrela (mais comum 3), dentro da
zona de preço do primeiro.
• Por último um Candle verde fe-
chando acima da máxima do pri-
meiro Candle.
• Não importam as cores dos
Candles intermediários.

Three White Soldiers (Três Soldados Brancos)


Muitos autores colocam esse padrão como reversão. Eu prefiro colocá-lo como pa-
drão de correção, que vem depois de uma forte sequência de alta, esfriando um pouco
os ânimos.
Juliano Carneiro     83    

• Acontecem 3 dias consecutivos de alta.


• As aberturas desses dias se dão den-
tro do Candle anterior, e os fecha-
mentos, acima das máximas.
• Após o terceiro dia, pelo seguido movi-
mento de alta, podemos ter uma peque-
na realização, derrubando um pouco o
mercado, ou lateralizando-o.

Metodologia de operação Figura 64

Metodologia de operação Figura 65

Obs.: Por ser uma formação de lateralização, não é recomendável fazer operações nesse tipo
de formação, pois a volatilidade não costuma ser tão atraente.
84     Análise Técnica

Three Black Crows


Padrão muito parecido com o Three White Soldiers, mas acontece depois de um mo-
vimento seguido de baixa.

• Acontecem 3 dias consecutivos de


baixa.
• As aberturas desses dias aconte-
cem dentro do Candle anterior, e os
fechamentos, abaixo das mínimas.
• Após o terceiro dia, pelo seguido
movimento de baixa, podemos ter
uma pequena pressão comprado-
ra, estancando um pouco a queda
e, possivelmente, iniciando uma
lateralização.

Figura 66 Metodologia de operação

Obs.: Por ser uma formação de lateralização, não é recomendável fazer operações nesse tipo
de formação, pois a volatilidade não costuma ser tão atraente.
Juliano Carneiro     85    

Definindo a Escala do Gráfico


Existem dois tipos de escala: a aritmética e a logarítmica.
• Aritmética: mede os preços em termos unitários.
• Logarítmica: mede os preços em termos percentuais.
O gráfico da Figura 67 ilustra diferentes escalas para o mesmo ativo. Na aritmética,
a distância entre 50 e 100 é a mesma que entre 100 e 200. No entanto, na logarítmica, a
distância entre 50 e 100 é significativamente maior do que a distância entre 100 e 150.
Isso se explica porque, na logarítmica, a variação entre 50 e 100 é de 100% e de 100
a 150 é de 50%. Na escala aritmética, as distâncias são as mesmas.
As vantagens de ambas as escalas são:
• As aritméticas são úteis, quando o preço varia pouco.
• As aritméticas podem ser úteis para gráficos de curto prazo.
• As logarítmicas são úteis quando o preço se movimenta significativamente.
• As linhas de tendência inclinam-se a ser mais confiáveis na escala logarítmica.
• As escalas logarítmicas são úteis numa análise de longo prazo.
Eu, particularmente, utilizo a escala logarítmica como padrão e não tenho o
costume de mudar a escala para adaptar a alguns ativos. Deixo como padrão no
software de análise gráfica. Existem alguns teóricos que dizem ser interessante usar
a escala que mais testou suportes e resistências para o ativo, pois assim você terá
maior segurança.

Figura 67
86     Análise Técnica

Realmente, adaptar a escala e utilizar a que mais testou suporte e resistência seria
o ideal, porém, infelizmente, nem todos dispõem de tempo para fazê-lo. Caso você dis-
ponha, faça isso, pois será muito importante.
Cada ativo tem sua particularidade, assim, haverá ativos que ficarão melhores na
escala logarítmica e outros, na escala aritmética.
Perceba, no gráfico anterior, que a escala logarítmica foi melhor, pois testou mais
vezes a linha de tendência de alta do que a aritmética.

Marcando Topos e Fundos


Esses conceitos são básicos e seu entendimento é realmente muito importante
para o aprendizado da análise técnica. Sem saber como identificar os topos e fundos,
você não poderá entrar no mercado, pois estará dando um “tiro no escuro”.

Figura 68

Figura 69
Mercado em Alta (Tendência de Alta)
Juliano Carneiro     87    

Mercado de Baixa (Tendência de Baixa) Figura 70

Existem apenas 3 movimentos (TENDÊNCIAS) que o mercado pode fazer: subir,


descer e andar de lado. Marcar os topos e fundos é identificar essas tendências e saber
se você está comprando na alta ou na baixa. Além disso, identificando os topos e fundos,
você poderá desenhar os suportes e as resistências para aquele ativo.
O mercado vai fazendo um zigue-zague (sobe e desce), e a cada vez que os pre-
ços sobem e depois recuam damos o nome de TOPO. Quando os preços caem e depois
­começam a subir, denominamos FUNDO.

Mercado de Lado (Tendência Latetal) Figura 71


88     Análise Técnica

Figura 72

Em uma tendência de alta, o gráfico deixa topos e fundos ascendentes, ou seja,


os topos e fundos atuais têm que ficar mais altos que os topos e fundos anteriores. Na
tendência de baixa, os topos e fundos atuais têm que ficar abaixo dos topos e fundos
anteriores. No mercado de lado, os topos e fundos ficam na mesma altura.
Veja, nas Figuras 69, 70 e 71, todas as possibilidades para que você possa entender
melhor.
Repare que, no mercado de alta, os topos vão ficando um mais alto do que o outro. Mes-
mo em um mercado de alta, existem os fundos que surgem durante uma correção curta.
Para facilitar o entendimento, sempre que houver topos e fundos ascendentes, o
mercado estará em alta.
No mercado de baixa, os topos e fundos devem ser descendentes, ou seja, eles de-
vem ficar um abaixo do outro.
No mercado de lado, os topos e fundos estão no mesmo patamar.
Agora veja, na Figura 72, os topos e fundos em ativos verdadeiros.
Entenda o seguinte: marquei os topos e fundos com uma seta e escrevi somente para
ilustrar. Não é necessário que você marque nos ativos; o que é preciso marcar são os suportes
e as resistências. E só poderemos traçá-los se soubermos o que são os topos e os fundos.

Conceitos de Suporte e Resistência


Esses conceitos são fundamentais para o aprendizado da análise técnica e se tradu-
zem da seguinte forma: uma resistência é uma área com uma concentração de vendedo-
res e um suporte é uma área com uma concentração de compradores.
Juliano Carneiro     89    

Quando o preço atinge um suporte, geralmente as pessoas acham que o ativo está
com preço muito baixo e começam a comprar, levantando assim sua cotação.
A resistência é uma área em que as pessoas acham que o ativo está caro demais.
Surge, então, um pânico psicológico, um medo de que o mercado caia. As pessoas ini-
ciam suas vendas e, assim, derrubam, de fato, o mercado.
Por que aprendemos sobre os topos e fundos antes dos suportes e resistências?
Simples! Todo topo é uma resistência e todo fundo é um suporte.
Cabe lembrar que, quando uma resistência é ultrapassada, ela automaticamente
vira um suporte.
Para marcarmos os suportes e resistências, traçamos uma linha horizontal no topo
ou fundo (veja a Figura 73).
Marcamos os suportes e resistências porque eles são áreas de preços muito fortes,
psicologicamente falando. Por isso, você deve ficar atento para a seguinte questão: quan-
do um ativo está a caminho de encontrar uma resistência, ele tem grande possibilidade
de bater na resistência e recuar. Já no caso do suporte, ele tende a bater e subir.
Para quebrar um suporte ou uma resistência, é necessária grande força do ativo
e do mercado. Isso não quer dizer que você precise vender quando ele bater em uma
resistência. Mantenha a calma e, se ele bater e começar a cair, venda. Digo isso porque,
quando o ativo rompe uma resistência, na maioria das vezes ele tem força suficiente
para subir muito e, se você se afobar, perderá esse movimento. A mesma coisa vale para
o suporte. Se o ativo perder o suporte, ele terá força para cair bastante.
Existem muitos traders de sucesso que compram ativos somente nos rompimentos,
utilizando isoladamente os suportes e as resistências, ou seja, se o ativo fechar acima da
linha da resistência, eles compram.
Eu realmente me guio por meio dos suportes e das resistências, porém, não os uti-
lizo isoladamente. Acredito que eles sejam fundamentais, mas sempre os combino com
alguns indicadores.
Vamos ver, nas Figuras 74 e 75, alguns exemplos de suporte e resistência em grá-
ficos reais.

Figura 73
90     Análise Técnica

Figura 74

Figura 75

Umas das coisas mais importantes que devemos observar quando o ativo chega pró-
ximo do suporte ou da resistência, é o volume. Se o ativo estiver com um volume muito
acima da média, é bem provável que ocorra um rompimento. Fique atento a esse fato.
Algumas coisas interessantes que devemos saber sobre suportes e resistências:
1. Quanto mais vezes o ativo bater no suporte ou resistência e respeitá-la, mais força
ela terá.
2. Uma resistência de 5 anos é mais forte que uma resistência de 1 mês. Ou seja,
quanto mais tempo ela durar, maior é sua força.
3. Quanto maior a distância entre os suportes e as resistências, mais poderosa ela será.
4. Assim que uma resistência é perdida, ela automaticamente se transforma em
­suporte, e, quando um suporte é perdido, ele automaticamente se transforma em
resistência.
Juliano Carneiro     91    

5. Se um suporte ou resistência estiver em um número redondo, por exem-


plo: R$ 55,00 – R$ 49,00 – R$ 61,00 – R$ 50,00, sua força também será
potencializada.
Não se esqueça de que as pessoas tendem a pensar em números redondos; desse
modo, operam muitas ordens de compra e venda sobre esses números. Dificilmen-
te alguém mandará uma ordem de R$ 23,97.
6. Quando a resistência é um Topo Histórico, seu poder aumenta. Topo histórico é o
máximo de preço a que um ativo chegou em toda a sua história.
7. Quando o suporte é um Fundo Histórico, seu poder aumenta. Fundo histórico é o
mínimo de preço a que um ativo chegou em toda a sua história.

A Mudança de Tendência
A mudança de tendência ocorre justamente quando aparece o que chamamos de
Pivot. Existem dois tipos de Pivot, os de Alta e os de Baixa.

Pivot de Alta
Acontece após um movimento de baixa. O Pivot é um Candle que aparece, quando a
resistência é quebrada. Nesse caso, dizemos que houve uma mudança de tendência, pois
os topos e fundos não são mais descendentes.
Veja, na Figura 76, como funciona.
É importante ressaltar que o Pivot de Alta só ocorrerá quando o fechamento do
Candle ficar acima da resistência. Muitas pessoas consideram somente a sombra Pivot.
Chamo isso de Pivot agressivo.

Figura 76
92     Análise Técnica

Figura 77

Para o Pivot clássico, temos que aguardar o fechamento dos preços acima da resis-
tência. O agressivo tem mais chance de os trades darem errado, pois pode acontecer de
furar a resistência e retornar abaixo dela.
Veja, na Figura 77, o Pivot de alta em um gráfico real.

Pivot de Baixa
Tem as mesmas características do Pivot de Alta, mas, aparece em movimentos de
alta. O Pivot de baixa se forma quando o suporte é quebrado.

Figura 78
Juliano Carneiro     93    

É importante ressaltar que o Pivot de Baixa só ocorre quando o fechamento do


Candle ficou abaixo do suporte.
Vejamos, na Figura 79, o Pivot de Baixa em um gráfico real.
É importante sabermos bem como funciona o Pivot, pois é ele que nos indica se
o mercado irá mudar de tendência. Sem saber o que é um Pivot, você corre o risco de
comprar no mercado em queda e vender no mercado em alta. Com certeza isso não será
nada agradável.
O Pivot lhe dá uma oportunidade muito interessante na operação, pois você come-
çará a comprar nos rompimentos. Ou seja, a partir do momento que ocorrer um Pivot
de alta, você entrará comprando e, quando aparecer um Pivot de baixa, você entrará
vendendo.

Figura 79
94     Análise Técnica

Estratégias para Rompimento


de Suportes e Resistências

Figura 80

Figura 81
Juliano Carneiro     95    

Linhas de Tendências
É fato que os suportes e resistências são linhas guias fortes nos gráficos, porém, se
repararmos bem, os ativos respeitam outras linhas além dessas. É possível notar tam-
bém que existem suportes e resistências inclinados. As linhas inclinadas, que dão supor-
tes e resistências aos ativos, são chamadas de linhas de tendências.
Existem duas linhas de tendências: as de alta e as de baixa.

Linha de Tendência de Alta


Essa linha é desenhada ao ligar dois ou mais fundos do ativo. (Veja a Figura 82.)
A linha de tendência deve ser usada em mercado em tendência de alta ou de baixa.
Não se deve usá-la em um mercado de lado; afinal, esse tipo de mercado tem como ca-
racterística os topos e fundos na mesma altura. Para ele, usaremos somente os suportes
e as resistências.
Você irá perceber, quando começar a traçar a linha de tendência, que os ativos,
quando chegam próximos a essa linha, tendem a tocá-la e subir novamente, continuan-
do o zigue-zague.
Vamos ver, na Figura 83, a linha de tendência de alta em um gráfico real.

Figura 82
96     Análise Técnica

Quando os preços perdem essa linha, costumam fazer movimentos baixistas de


muita intensidade, pois, para quebrar essa barreira da linha de tendência, é necessária
muita força. A linha de tendência tem a mesma propriedade dos suportes: quanto mais
antiga e testada, mais forte ela será.
Vejamos, na Figura 84, uma ruptura dessa linha.
Você deverá ter muita cautela quando o ativo estiver bem próximo à linha de ten-
dência, pois, se ele romper a linha, a queda poderá ser muito forte.
Outro aspecto importante da linha de tendência é que, quanto mais inclinada para
cima ela for, menor será sua sustentação, ou seja, mais fraca ela será. Uma linha de
tendência de 20 graus é extremamente mais forte que uma linha de 80 graus de incli-
nação.

Figura 83

Figura 84
Juliano Carneiro     97    

Estratégia para Operar Rompimento


de Linha de Tendência de Alta
Figura 85

Linha de Tendência de Baixa


Figura 86
98     Análise Técnica

Figura 87

Figura 88
Juliano Carneiro     99    

A linha de tendência de baixa tem as mesmas características e propriedades da li-


nha de tendência de alta, porém você deverá desenhar essa linha unindo dois topos ou
mais, pois ela acontece em um cenário no qual o movimento é de baixa.
Veja a Figura 86 para melhor entendimento.
Quando for traçar uma linha de tendência de alta ou de baixa, pode ser que fiquem
alguns Candles fora da linha. Isso é comum acontecer. Você deverá traçar a linha pegan-
do o maior número de pontos possível. Se algum topo ou fundo ficar em desnível, você
terá que passar a linha por cima dele, exatamente como mostra a Figura 87.
Veja, na Figura 88, a linha de tendência de baixa em um gráfico de verdade.

Estratégia para Operar Rompimento


de Linha de Tendência de Baixa

Figura 89
100     Análise Técnica

Traçando Canais
Quando traça um canal, você está delimitando uma área em que os preços irão
oscilar.
Os canais devem ser desenhados em tendência de alta (CANAL DE ALTA) ou ten-
dência de baixa (CANAL DE BAIXA).
Vamos notar que alguns ativos costumam respeitar bem esse delimitador, ou seja,
seus preços flutuam dentro deles.

Canal de Alta
Desenhar o canal de alta é bem simples. Basta traçar a linha de tendência de alta e,
em seguida, traçar uma paralela a ela, ligando os topos.
Veja a Figura 90 para facilitar o entendimento.
Veja, na Figura 91, a linha de tendência em um gráfico real.

Figura 90
Juliano Carneiro     101    

Figura 91

Estratégia para Operar um Canal de Alta


Devemos comprar o ativo quando ele bater na linha de tendência de alta e começar
a subir. E devemos vendê-lo quando ele atingir a linha superior do canal.
É importante saber que, quanto maior a distância entre a linha superior e inferior,
mais lucrativo e seguro será o canal. Portanto, quando for operar esse tipo de formação,
escolha alguma cuja variação entre as linhas seja maior ou igual a 10%.

Figura 92
102     Análise Técnica

Figura 93

Operar um canal menor do que isso é um risco, pois a margem de lucro fica muito
pequena.
A Figura 92 mostra na teoria como devemos operar um canal.
Eu recomendo que a compra seja feita no dia posterior ao toque na linha do canal,
pois isso dará maior segurança ao seu trade, afinal, o canal poderá ser rompido e, se isso
acontecer, você estará comprando em uma situação muito delicada, podendo fazer um
trade ruim.
Veja, na Figura 93, a situação mais segura para você operar um canal.
Dessa forma, sua rentabilidade será um pouco menor, no entanto, haverá maior
segurança em sua compra.
Não podemos esquecer que o ativo pode perder essa linha e que, se isso acontecer,
a queda tenderá a ser muito forte. Portanto, espere a confirmação de que realmente o
ativo está respeitando a linha e está buscando a linha superior; então, compre.
É dessa forma que se deve operar um canal na prática.

Os Padrões dos Gráficos


Existem alguns padrões que um gráfico pode formar, que são extremamente poten-
tes e que contêm uma margem de erro muito pequena. São os padrões de continuação e
os padrões de reversão.
Existem também alguns padrões de continuação que podem sinalizar uma reversão
e alguns de reversão que podem sinalizar continuação. Confuso, não é? Vamos ver mais
detalhadamente.
Juliano Carneiro     103    

Padrões de Continuação
Triângulo Simétrico
Esse padrão, na maior parte das vezes, funciona como padrão de continuação.
Para traçarmos esse padrão, são necessários, no mínimo, dois fundos e dois topos.

Figura 94

Se a base do triângulo for grande, isso poderá ser um indicativo de que essa figura
será de reversão.

O Volume e o Triângulo
Se o triângulo for de continuação, o volume deverá se comportar da seguinte for-
ma: crescer quando os preços caminharem em direção à tendência, e diminuir quando
caminharem em direção contrária.
Perceba que o volume vai subindo conforme os preços vão chegando à linha supe-
rior do triângulo, e vão caindo conforme vão chegando à linha inferior. Isso caracteriza
um triângulo de continuação.
104     Análise Técnica

Figura 95

Rompimento do Triângulo e seus Objetivos


Quando um triângulo romper para cima ou para baixo, você poderá projetar seu
objetivo mínimo, utilizando duas técnicas. São elas:

Utilizando a Base
Você irá projetar o tamanho da base exatamente no ponto em que houve o rompi-
mento.

Figura 96
Juliano Carneiro     105    

Figura 97

Utilizando o Comprimento
Você irá traçar uma paralela do comprimento para o lado que foi rompido. Veja a
Figura 97 para entender melhor.
Os mais fortes rompimentos acontecem entre ¾ e a metade do comprimento. Além
disso, o rompimento deve ser seguido por um volume forte.
Nós estudamos os rompimentos do triângulo para cima, mas, é possível que ele
rompa para baixo também. Nesse caso, agiremos da mesma forma para encontrar os
objetivos, porém faremos o inverso.
106     Análise Técnica

Figura 98

Triângulos Ascendentes e Descendentes


Esse tipo de formação triangular é diferente do triângulo simétrico, pois nos indica
para onde os preços irão.
Para melhor memorização, os triângulos descendentes e ascendentes tendem a “fu-
rar” para o lado que está na horizontal.

Figura 99
Juliano Carneiro     107    

Figura 100

Figura 101
108     Análise Técnica

Figura 102

Operações com Triângulos


Operar triângulos é bem simples. O exemplo da Figura 103 serve tanto para triân-
gulos simétricos como para ascendentes e descendentes. Basta comprar no momento do
rompimento e colocar o Stop abaixo da mínima do Candle anterior.
Muita gente espera para comprar após o fechamento acima da linha rompida do
triângulo.

Figura 103
Juliano Carneiro     109    

Traders mais agressivos não esperam fechar; compram já no rompimento. No caso


de o triângulo romper para baixo, acionam uma venda descoberta com Stop posicionado
pouco acima da máxima do Candle anterior.

Pull-Back de Rompimento

Figura 104

Figura 105
110     Análise Técnica

Quando os preços rompem o triângulo, pode acontecer de distanciarem um pouco,


perderem força e retornarem até próximo ao suporte do rompimento. Eles tocam esse
suporte e voltam a subir.
Em tal situação, o trader deverá ficar tranquilo.
Esse acontecimento chama-se PULL-BACK de rompimento.

Operando Pull-Back de Rompimento

Figura 106

Opções de Recompra para o Pull-Back


No exemplo anterior, houve uma compra e uma venda na formação de um topo.
Agora, o trader poderá utilizar duas estratégias para “recompra”. São elas:
Juliano Carneiro     111    

Figura 107
Agressiva:

Figura 108
Conservadora:

Retângulos
São figuras bem comuns, encontradas em nosso dia a dia. Os retângulos são con-
gestões que se formam, fazendo com que o ativo fique andando de lado. O preço fica
oscilando entre as duas linhas.
112     Análise Técnica

Figura 109

Para se formar um retângulo, são necessários 3 pontos, sendo 1 topo e 2 fundos,


ou 2 topos e 1 fundo.
Veja, na Figura 110, um retângulo em um gráfico real.

Figura 110

Projetando o Rompimento do Retângulo


Figura 111
Juliano Carneiro     113    

Operações com Retângulos


O pull-back de rompimento nos retângulos também é comum e deverá ser tratado
da mesma forma como acontece no rompimento dos triângulos.

Figura 112

Cunhas
São figuras muito parecidas com os triângulos simétricos. A única diferença são
suas inclinações, que podem ser para cima ou para baixo, formando, respectivamente,
Cunhas Ascendentes e Cunhas Descendentes.

Figura 113
Cunhas Descendentes (Altistas)
114     Análise Técnica

Figura 114
Cunhas Ascendentes (Baixistas)

Operações com Cunhas


As cunhas são operadas exatamente como os triângulos.

Bandeiras

Figura 115
Juliano Carneiro     115    

Figura 116

São padrões que têm como conceito um movimento muito forte do mercado. Ou
seja, eles surgem após uma forte alta ou forte baixa e funcionam, na maioria das vezes,
como padrão de continuação.
A bandeira se constrói com um movimento forte para cima ou para baixo, com forte
volume, formando um MASTRO. Em seguida, forma-se uma pequena congestão, em
formato de retângulo. O padrão se completa com um rompimento com volume forte.
Quanto mais horizontal for o mastro, mais forte será o padrão.

Operações com Bandeiras

Figura 117
116     Análise Técnica

O posicionamento de Stop mais conservador para rompimento das bandeiras é


abaixo da linha inferior do pequeno canal, se for operação de compra, ou pouco acima
da linha superior do canal, se for operação de venda. O problema é que, utilizando o Stop
dessa forma, ele costuma ficar longo demais.

Flâmulas
São formações parecidas com as das bandeiras. A única coisa que as diferencia é que,
em vez de formar um retângulo durante a congestão, as flâmulas formam triângulos.
Quanto mais horizontal for o mastro, mais forte será o padrão.

Figura 118

Operações com Flâmulas


As flâmulas, como são formações triangulares, devem ser operadas com a mesma
metodologia dos rompimentos de triângulos.

Padrões de Reversão
São formações gráficas que têm grande força e sinalizam uma mudança de tendência.
Juliano Carneiro     117    

Ombro, Cabeça, Ombro


Esse padrão tem como característica um movimento forte do mercado para cima e
para baixo, formando o primeiro ombro. Em seguida, outro movimento mais forte que o
primeiro, levando o mercado novamente para cima, atingindo seu máximo e recuando,
formando a cabeça. O terceiro movimento se dá quando o mercado dá mais uma subida
e depois cai, formando o outro ombro.
A perda do suporte, que nesse caso ganha o nome de Linha de Pescoço, faz com que
uma mudança de tendência violenta ocorra.

Figura 119

Figura 120
118     Análise Técnica

Traçando Objetivos para o Oco


O objetivo de queda para um OCO é a distância entre a linha de pescoço e o topo da
cabeça, projetada para baixo do rompimento da linha de pescoço.
Veja, na Figura 122, um exemplo de um OCO em um gráfico real e famoso.
Existe também o ombro, cabeça e ombro invertidos (OCOI). Tem as mesmas carac-
terísticas do OCO convencional, porém com padrões altistas.

Figura 121

Figura 122
Juliano Carneiro     119    

Figura 123
Metodologia de operação do OCO

Figura 124
Metodologia de operação do OCO (Invertido)

Topos e Fundos Duplos e Triplos


São formações raríssimas de acontecer. Sempre, sem exceção, ocorrerão durante
uma alta ou uma baixa bem definida, rompendo uma LTA ou LTB. Se elas não tiverem
essa configuração, não serão formações de topos e fundos duplos e triplos. Além disso,
são sempre confundidas com triângulos, pois os topos e fundos podem estar no mesmo
nível, um pouco menor ou um pouco maior.
Os volumes devem ser decrescentes do primeiro topo para o segundo topo.
120     Análise Técnica

Figura 125

Figura 126
Juliano Carneiro     121    

Figura 127

Operações com Topos Duplos e Triplos


Devem utilizar a mesma metodologia de operação dos rompimentos de linha de
tendência de alta e de baixa.

Topos e Fundos Arredondados


São formações que sinalizam uma mudança lenta e gradual de tendência.
Nos fundos arredondados, o volume acompanha os preços.
Nos topos arredondados, o volume não acompanha os preços.
122     Análise Técnica

Figura 128

Figura 129

Formações de Alargamento
São formações, na maioria das vezes, baixistas ou de continuação de baixa. São
raras e difíceis de serem operadas.
Juliano Carneiro     123    

Figura 130

Gaps
São espaços em branco, que ficam no meio do gráfico, indicando que não houve ne-
gociação naquele momento. Ou seja, a menor cotação negociada é maior que a máxima
de preço do período anterior.
Os Gaps ocorrem, em sua grande maioria, nos gráficos diários e de menor periodi-
cidade, sendo difícil aparecerem em periodicidades maiores.

Figura 131
124     Análise Técnica

São divididos em 4 grupos:


Gaps de Área: ocorrem dentro de áreas de congestões e são fechados em alguns dias.
Gaps de Fuga: ocorrem quando acontece um rompimento de algum padrão, como
triângulos, retângulos, suportes e resistências. Têm esse nome, pois o movimento que
gera esse tipo de Gap tende a ser forte e faz com o que o preço “fuja” da faixa de preço
que está operando atualmente.
Quando ocorre um rompimento com um Gap, há, geralmente, um movimento for-
te e verdadeiro.
Gaps de Medida: ocorrem durante um movimento de alta ou de baixa bem defini-
do. Esses Gaps costumam marcar os 50% da alta ou da baixa. Ou seja, quando aparecem,
podem estar sinalizando que o movimento irá continuar. Temos que tomar cuidado com
esses Gaps para não confundi-los com os Gaps de Exaustão.
Gaps de Exaustão: caracterizam o fim da tendência. Só serão confirmados quando
os preços os fecharem.
Estatísticas dos Gaps:
Área: 90% são fechados em uma semana. Média de 6 dias para fechamento.
Fuga: 1% é fechado em uma semana. Média de 83 dias para fechamento.
Medida: 11% são fechados em uma semana. Média de 70 dias para fechamento.
Exaustão: 58% são fechados em uma semana. Média de 23 dias para fechamento.

Figura 132
Juliano Carneiro     125    

Figura 133
Metodologia de operação (GAP DE ÁREA)

Figura 134
Metodologia de operação (GAP DE FUGA)
126     Análise Técnica

Figura 135
Metodologia de operação (GAP DE MEDIDA/CONTINUAÇÃO)

Figura 136

Metodologia de operação (GAP DE EXAUSTÃO)


Juliano Carneiro     127    

Indicadores Auxiliares
Os indicadores são ferramentas auxiliares utilizadas para ajudar na tomada de de-
cisão. Fazem com que o gráfico em si seja confirmado ou, então, que um movimento do
mercado seja previsto, tendo como ideia o fato de que alguns indicadores predizem o
que irá acontecer.
O problema é que, com essa grande quantidade de indicadores existente no merca-
do hoje, eles acabam se contradizendo. Um fala para comprar, e o outro fala para vender.
E tal problema só será resolvido quando você tiver testado todos eles e encontrado o
conjunto que possa lhe trazer maior segurança em sua forma de operação. Não adianta
você operar com um “Setup” que alguém lhe passou. Pode ser que para você ele não dê
certo, afinal, cada pessoa pensa de uma forma, e a forma como você pensa pode ser que
não esteja correta dentro desse modo de operação.
Os indicadores foram feitos para ser utilizados simultaneamente, confirmando,
dessa forma, uns aos outros. A grande dificuldade é achar qual combina com qual e saber
se essa combinação será bem-sucedida.
Alguns traders iniciantes, por desconhecerem o funcionamento de todos os indi-
cadores, e para não ficarem em dúvida diante deles, olham para apenas um. Nesse mo-
mento, eles não se dão conta de que, com mercados em tendência, um rastreador trará
os melhores resultados e, em mercados sem tendência, “andando de lado”, o oscilador
funcionará melhor. Portanto, definir o que usar e quando usar é fundamental para ter
sucesso nas operações.
Além dessas duas classes de indicadores, costumo separar uma nova classe, chama-
da de Indicadores de Volume, que tem como premissa básica a utilização e contabiliza-
ção do volume, para definir se o mercado está acumulando ou distribuindo, ou seja, se
está entrando ou saindo dinheiro. Os analistas colocam esses indicadores na classe dos
rastreadores. Eu prefiro colocá-los em uma terceira classe.

Rastreadores
São, de modo geral, utilizados para detectar o início e acompanhamento de uma
tendência.

Médias Móveis
Mostram qual foi o preço médio de um ativo em determinado período de tempo.
Constituem uma ferramenta muito poderosa e muito utilizada por analistas técnicos,
em todos os mercados. Além disso, são a base de grande parte dos indicadores.
128     Análise Técnica

As médias móveis podem ser de três tipos: aritmética (simples), geométrica


(ponderada) e exponencial. Para efeito de estudo, vamos utilizar a aritmética e a
exponencial.

Média Móvel Aritmética

P = preço de fechamento do período de 1 a n


N = número de períodos da média móvel

Média Móvel Exponencial


M.M.E. = Phoje x K + M.M.E.ontem x (1 – K)

Onde

N = número de dias da M.M.E.


Phoje = preço de hoje
M.M.E.ontem = M.M.E. de ontem
As médias podem ser utilizadas como suportes, resistências, rastreadores de ten-
dências e indicadores de compra e venda. Vamos conhecer como a média funciona em
cada uma dessas situações.

Médias Funcionando como Suporte


Não há um consenso quanto ao preço, no conceito de suporte e resistência, de
que quando o ativo atinge aquele valor de “memória” as pessoas começam a comprar
ou vender? Sim. Portanto, as médias retratarão o preço de memória do ativo no prazo
especificado por você.
Vejamos, na Figura 137, um exemplo.
Juliano Carneiro     129    

Figura 137

Médias Funcionando como Resistência

Figura 138
130     Análise Técnica

Médias Funcionando como


Rastreador de Tendência
Para usarmos a média como rastreador de tendência, observaremos somente as
inclinações. Para isso, vamos usar três médias, uma para cada tendência.
Primária (azul): Média Móvel de 200 períodos
Secundária (verde): Média Móvel de 50 períodos
Terciária (azul): Média Móvel de 21 períodos
Quando falamos de inclinação, devemos analisar para onde a média está apontado.
Se para cima, para baixo ou para o lado. Avaliaremos sempre o final da linha.
As médias tendem a demarcar um limite de preço.

Figura 139

Repare no gráfico acima que os preços não se afastam muito tempo da média de
21. Por esse fato, acionar compra, quando os preços estiverem muito acima dessa média,
ou vender descoberto, quando os preços estiverem muito abaixo da média móvel de 21,
tornar-se-á bastante arriscado.

Médias como Indicadores de Compra e Venda


(Método de Cruzamento Duplo)
As médias devem ser utilizadas de maneira combinada, para que constituam in-
dicadores de entrada e saída. Há diversas formas e combinações para utilização dessas
médias. As mais comuns são: 5 – 20, 4 – 18, 5 – 21.
Juliano Carneiro     131    

Eu costumo usar a de 5 – 21, mas faço teste em vários ativos, pois pode ser que uma
combinação funcione melhor em um ativo que em outro.
Com o tempo, você saberá qual cruzamento usar, com maior segurança, em cada
ativo.
Para testar os ativos, basta plotar as duas médias desejadas e utilizar os dados his-
tóricos para fazer os testes. As médias que derem melhores sinais de compra e venda
devem ser anotadas e utilizadas quando for feita a análise do ativo.

Regras de cruzamento
As médias apresentam sinais de compra e venda quando fazem cruzamentos.
Sinal de compra: quando a média mais rápida cruza a mais lenta, de baixo para
cima.
Exemplo: quando a média de 5 períodos cruza a de 21.
Sinal de venda: quando a média mais rápida cruza a mais lenta, de cima para
baixo.
Exemplo: quando a média de 21 cruza a média de 5.

Figura 140

Backtesting do Método de Cruzamento Duplo


(Método Automatizado)
Metodologia: utilizamos o indicador somente em compra e encerramento de
operação de compra, no gráfico diário. Não fizemos estatística com relação à venda
descoberta por utilizarmos um período longo e a tendência primária da bolsa ser de
132     Análise Técnica

alta. ­Estatisticamente, não seria interessante, pois aumentaria o número de erros.


Lembre-se de que sempre devemos operar a favor da tendência. Como as operações
eram de Position Trader, só acionamos compra, utilizando como base a tendência
primária.
Efetuamos as compras todas as vezes que a média móvel de 5 cruzou a de 21 de
baixo para cima e finalizamos a compra quando a média de 5 cruzou a de 21 de cima para
baixo. Utilizamos stop de 1 real abaixo do preço de compra.

Figura 141
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2005 até 30/07/2009
Configuração do Indicador: Média Móvel Exponencial de 5 períodos com preço de aber-
tura – Média Móvel Exponencial de 21 períodos com preço de abertura.

Número de operações: 48
Operações com ganho: 21 (43,75%)
Operações com perda: 27 (56,25%)
Ganho por ação desde o início: 308%
Máximo de ganhos consecutivos: 4 operações
Média de ganhos consecutivos: 2 operações
Máximo de perdas consecutivas: 7 operações
Média de perdas consecutivas: 2 operações

MACD (Moving Avarege


Convergence – Divergence)
É um rastreador baseado na análise de três médias móveis exponenciais pondera-
das, embora só apareçam duas linhas que, ao se cruzarem, gerarão os sinais de compra
e venda.
O MACD pode ser apresentado de duas formas: em linhas e em histograma.
Juliano Carneiro     133    

MACD Linha
É formado por duas linhas: uma chamada de linha do MACD (em marrom) e outra
chamada de linha de sinal (em vermelho). A linha do MACD é formada por duas médias
móveis exponenciais, que são mais sensíveis a mudanças rápidas de preço, e a linha de sinal
é uma média móvel exponencial, que responde mais lentamente às mudanças de preço.
Os cruzamentos das linhas mostram sinais de mudança no equilíbrio das forças
entre compradores e vendedores. A linha do MACD mais rápida reflete um período de
tempo mais curto e a linha de sinal, um período mais longo.
Sinais de compra: quando a linha do MACD cruza de baixo para cima a linha de
sinal. Demonstra aumento da força compradora. Stop deverá ser posicionado abaixo da
mínima do dia anterior ao da compra.
Sinais de venda: quando a linha do MACD cruza de cima para baixo a linha de sinal.
Demonstra aumento da força vendedora. Stop deverá ser posicionado acima da máxima
do dia anterior ao da compra.

Figura 142

MACD Histograma
É dessa forma que utilizo o MACD. No meu modo de operação, os sinais de compra
e venda são mais claros.
O histograma mede a diferença entre a linha do MACD e o sinal. Se a linha do
MACD está abaixo da linha de sinal, o histograma é negativo. Se a linha do MACD está
acima da linha de sinal, o histograma é positivo.
134     Análise Técnica

Figura 143

Figura 144

Sinal de compra: compre quando o histograma tiver parado de cair e entrar no po-
sitivo.
Sinal de venda: venda quando o histograma parar de subir e entrar no negativo.

Backtesting do MACD (Método Automatizado)


Metodologia: utilizamos o indicador somente em compra e encerramento de
operação de compra, no gráfico diário. Não fizemos estatística com relação à venda
descoberta, pois, como utilizamos um período longo, e a tendência primária da bol-
sa é de alta, estatisticamente não seria interessante, já que aumentaria o número
de erros. Lembre-se de que sempre devemos operar a favor da tendência. Como as
operações eram de Position Trader, só acionamos compra, utilizando como base a
tendência primária.
Juliano Carneiro     135    

Figura 145
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2005 até 30/07/2009
Configuração do Indicador: Média Longa: 26 – Média Curta: 12 – Sinal: 9

Número de operações: 15
Operações com ganho: 10 (66,67%)
Operações com perda: 5 (33,33%)
Ganho por ação desde o início: 316%
Máximo de ganhos consecutivos: 3 operações
Média de ganhos consecutivos: 2 operações
Máximo de perdas consecutivas: 1 operação
Média de perdas consecutivas: 1 operação

Efetuamos as compras todas as vezes que o MACD saiu do negativo e foi para o
campo positivo, e encerramos a operação de compra toda vez que ele saiu do positivo e
foi para o negativo. Nesse backtesting não utilizamos stop e objetivo fixo.

Parabólico (SAR – Stop And Reverse)


Quando foi desenvolvido, esse sistema tinha o intuito de demonstrar possíveis re-
versões, mas se mostrou mais eficiente como rastreador de tendência e uma ferramenta
muito poderosa para definir stops.

Definindo stop com o parabólico


O parabólico, por ser um sistema que alia tempo a preço, funciona perfeitamente
para a colocação de stop, pois ele sempre se move a favor da tendência, levando em con-
sideração o tempo e a variação de preço. Se você estiver comprando em uma tendência
de alta, ele sempre irá se mover para cima.
Ao fazer uma compra, para definir o stop no parabólico, você deverá configurar o
valor do stop no local onde a bolinha do parabólico se encontrar naquele dia.
Um dos problemas de definir stop no parabólico é que, às vezes, o stop fica muito alto.
136     Análise Técnica

Figura 146

Parabólico como estratégia de compra e venda


A regra para utilização do parabólico é bem simples.
Sinal de compra: quando os preços estão acima do parabólico.
Sinal de venda: quando os preços estão abaixo do parabólico.

Figura 147

Backtesting do SAR (Método Automatizado)


Metodologia: utilizamos o indicador somente em compra e encerramento de
operação de compra, no gráfico diário. Não fizemos estatística com relação à venda­
­descoberta, pois, como utilizamos um período longo e a tendência primária da bol-
Juliano Carneiro     137    

sa é de alta, estatisticamente não seria interessante, já que aumentaria o número


de erros. Lembre-se de que sempre devemos operar a favor da tendência. Como as
operações eram de Position Trader, só acionamos compra, utilizando como base a
tendência primária.
Efetuamos as compras todas as vezes que o SAR saiu de cima do preço e mudou
para baixo dos preços. Realizamos o lucro quando os preços estavam 1 real acima do
preço de compra e stop 1 real abaixo do preço de compra.

Figura 148
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009
Configuração do Indicador: Fator de aceleração: 0,02 – Limite de aceleração: 0,20

Número de operações: 57
Operações com ganho: 37 (64,91%)
Operações com perda: 20 (35,09%)
Ganho por ação desde o início: 170%
Máximo de ganhos consecutivos: 5 operações
Média de ganhos consecutivos: 3 operações
Máximo de perdas consecutivas: 3 operações
Média de perdas consecutivas: 1 operação

Osciladores
São utilizados para momentos em que o mercado está sem tendência definida,
identificando bem os pontos de retorno.
Os osciladores variam entre posições sobrecompradas (quando alcançam um nível
muito alto em relação à linha de balanço do indicador) e sobrevendidas (quando alcan-
çam um nível muito baixo em relação à linha de balanço do indicador). Além disso, eles
sempre se valerão das divergências para ser analisados.
138     Análise Técnica

Quando são desenvolvidos, os osciladores trazem consigo uma marcação, que são
as zonas de sobrecomprado e sobrevendido padronizadas pelo autor. Não leve essas
considerações do autor a ferro e fogo. Nós é que definiremos qual a zona de sobrecom-
prado e sobrevendido do oscilador para cada ativo, observando os pontos de retorno no
histórico. Isso será muito importante, pois estaremos “personalizando” o indicador para
cada ativo analisado.
É importante ressaltar que os osciladores podem passar semanas sobrecomprados
ou sobrevendidos, se o mercado estiver com uma tendência forte.

Divergências
A teoria sobre as divergências servirá para qualquer oscilador contido neste livro.
Será de grande importância que você entenda como elas funcionam.
Divergência nada mais é do que o indicador sinalizar que o mercado vai para um
lado, quando, na verdade, ele está caminhando para o lado contrário. Ou seja, o indica-
dor está dizendo que o mercado vai cair, mas ele está subindo.
Para efeito de entendimento, o mercado sempre tende a corrigir para o lado que
o oscilador está mandando. Dessa forma, no exemplo anterior, é bem provável que o
movimento de alta esteja acabando, e que uma queda esteja por vir.
Existem dois tipos de divergências: as de altas e as de baixas.
Altistas: são divididas por ordem de grandeza em Classes A, B e C.
Baixistas: são divididas por ordem de grandeza em Classes A, B e C.

Figura 149
Divergências Altistas
Juliano Carneiro     139    

Divergências Baixistas Figura 150

Estocástico
Possui duas linhas, a chamada de %K e a de %D. Uma serve de sinal para a outra.
Ele possui como padrão uma zona de sobrecomprado acima de 80 e sobrevendido
abaixo de 20. Assim, preços acima da zona de 80 indicam que o mercado já subiu o
suficiente e está a ponto de reverter para baixo. E preços abaixo de 20 mostram que o
mercado já caiu o suficiente e está a ponto de reverter para cima.

Figura 151
140     Análise Técnica

Estratégias operacionais
Compra: Quando ambas as linhas estiverem abaixo de 20, e a linha de sinal romper
para cima a outra linha.
Venda: Quando ambas as linhas estiverem acima de 80, e a linha de sinal romper
de cima para baixo a outra linha.
Confirmando a tendência: quando as duas linhas estiverem paralelas, confirmam
que a tendência está tranquila.

Backtesting do Estocástico
(Método Automatizado)
Metodologia: utilizamos o indicador somente em compra e encerramento de ope-
ração de compra, no gráfico diário. Não fizemos estatística com relação à venda desco-
berta, pois, como utilizamos um período longo e a tendência primária da bolsa é de alta,
estatisticamente não seria interessante, já que aumentaria o número de erros. Lembre-
se de que sempre devemos operar a favor da tendência. Como as operações eram de
Position Trader, só acionamos compra, utilizando como base a tendência primária.
Efetuamos as compras todas as vezes que o estocástico ficou abaixo de 20 com ob-
jetivo 3 reais acima do preço de compra e stop 3 reais abaixo do preço de compra.

Figura 152
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009
Configuração do Indicador: %K: 14 – %D: 3 – Lento: 3 – Média Móvel Aritmética

Número de operações: 29
Operações com ganho: 18 (62,07%)
Operações com perda: 11 (37,93%)
Ganho por ação desde o início: 210%
Máximo de ganhos consecutivos: 6 operações
Média de ganhos consecutivos: 2 operações
Máximo de perdas consecutivas: 5 operações
Média de perdas consecutivas: 2 operações
Juliano Carneiro     141    

Índice de Força Relativa (IFR)


O IFR é atualmente o preferido para identificar as zonas de sobrecomprado e sobre-
vendido e para demonstrar claramente as divergências. Em minha opinião, a ferramenta
mais bem elaborada de todos os tempos.
O IFR sempre acompanhará o mercado ou o antecipará. Ele nunca chegará atrasa-
do. Enfim, se com o IFR você consegue “VER O FUTURO”, não preciso mais fazer pro-
paganda e dizer que é um ótimo indicador. Mas é claro que você precisa fazer a leitura
correta.
J. Welles Wilder, idealizador do IFR, definiu como padrão: 70 para sobrecompra-
do e 30 para sobrevendido. Logicamente não utilizaremos a ferro e fogo essas regiões.
Analisaremos os ativos com esse indicador e marcaremos em qual região houve maior
quantidade de retornos, para ajustá-lo.
De acordo com o IFR, um movimento de preço não consegue se afastar por muito
tempo para uma direção sem voltar para uma zona de estabilidade.
Perceba que o preço não costuma ficar muito tempo na região de sobrecomprado
(linha vermelha superior), nem na região de sobrevendido (linha vermelha inferior).
Utilizando o mesmo gráfico, vou explicar como traçar divergências no IFR.

Figura 153
142     Análise Técnica

IFR e Divergências para Antecipar os Preços


As divergências são os mais fortes indícios de que algum movimento importante
irá começar. Tudo dependerá do tipo de divergência. Acima, vimos que existem as altis-
tas e as baixistas, além da classe de cada uma.
Vejamos, na Figura 154, algumas divergências entre o preço e o IFR.

Figura 154

Sempre que houve uma divergência no IFR, os preços fizeram movimentos impor-
tantes. Na primeira divergência eles caíram e na segunda também. Continuando com o
mesmo gráfico, vamos mostrar o IFR trabalhando, antecipando a queda futura.

Backtesting do IFR (Método Automatizado)


Metodologia: utilizamos o indicador somente em compra e encerramento de ope-
ração de compra, no gráfico diário. Não fizemos estatística com relação à venda desco-
berta, pois, como utilizamos um período longo e a tendência primária da bolsa é de alta,
estatisticamente não seria interessante, já que aumentaria o número de erros. Lembre-
se de que sempre devemos operar a favor da tendência. Como as operações eram de
Position Trader, só acionamos compra, utilizando como base a tendência primária.
Efetuamos as compras todas as vezes que o IFR alcançou o nível de 30 com objeti-
vo para realização de lucro 3 reais acima do preço de compra e stop loss 3 reais abaixo do
preço de compra.
Juliano Carneiro     143    

Figura 155
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009
Configuração do Indicador: Período 9 e Preços de Abertura

Número de operações: 18
Operações com ganho: 13 (72,22%)
Operações com perda: 5 (27,78%)
Ganho por ação desde o início: 212%
Máximo de ganhos consecutivos: 7 operações
Média de ganhos consecutivos: 4 operações
Máximo de perdas consecutivas: 4 operações
Média de perdas consecutivas: 3 operações

Método Ju Kick – IFR Combinado


com Média Móvel
É possível plotar o IFR combinado com a média móvel. Tal configuração possibilita
a criação de uma linha de sinal, viabilizando o aumento dos sinais de compra e venda.
Desenvolvi essa combinação e recorro muito a ela em minhas análises.
Costumo utilizar a média móvel exponencial de 40 períodos no IFR.
Além dos sinais de compra e venda, o método Ju Kick pode ser utilizado como con-
firmação para o método de cruzamento duplo de média.
O método de cruzamento duplo tem uma falha muito grande, que ocorre devido à
sua lentidão no momento da compra. Ou seja, quando as médias se cruzam e geram um
sinal de compra, parte do movimento é perdida pelo trader.
Utilizando o Ju Kick, antes de cruzar as médias no gráfico de preço, o IFR cruza a
média, antecipando a compra pelo método de cruzamento duplo.
144     Análise Técnica

Figura 156

Figura 157

CCI (Commodity Channel Index)


Oscilador muito bom e rápido. Quando fica acima de 100, está sobrecomprado e
abaixo de −100, sobrevendido.
Compra: quando os preços estiverem abaixo de −100.
Venda: quando os preços estiverem acima de +100.
Juliano Carneiro     145    

Figura 158

Backtesting do CCI (Método Automatizado)


Metodologia: utilizamos o indicador somente em compra e encerramento de ope-
ração de compra, no gráfico diário. Não fizemos estatística com relação à venda desco-
berta, pois, como utilizamos um período longo e a tendência primária da bolsa é de alta,
estatisticamente não seria interessante, já que aumentaria o número de erros. Lembre-
se de que sempre devemos operar a favor da tendência. Como as operações eram de
Position Trader, só acionamos compra, utilizando como base a tendência primária.
Efetuamos as compras todas as vezes que o CCI alcançou o nível de −100 com ob-
jetivo para realização de lucro 3 reais acima do preço de compra e stop loss 3 reais abaixo
do preço de compra.
146     Análise Técnica

Figura 159
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009
Configuração do Indicador: Período 14 e Preços de Abertura

Número de operações: 31
Operações com ganho: 17 (54,84%)
Operações com perda: 14 (45,16%)
Ganho por ação desde o início: 115%
Máximo de ganhos consecutivos: 5 operações
Média de ganhos consecutivos: 3 operações
Máximo de perdas consecutivas: 8 operações
Média de perdas consecutivas: 2 operações

Método JC PREDICTION
Montei essa estratégia, que basicamente consiste em colocar uma média móvel
de 40 períodos exponencial no CCI, para criar uma linha de sinal. Logicamente, esse
método não deve ser utilizado isoladamente. As compras deverão posicionar-se no cru-
zamento das linhas.
Compra: quando a linha do CCI (marrom) cruzar a média móvel (vermelha) de
baixo para cima.
Venda: quando a linha do CCI alcançar o nível 100.
Juliano Carneiro     147    

Figura 160

Indicadores de Volume
Indicam se o ativo está sendo acumulado ou distribuído, ou seja, se estão compran-
do mais ou vendendo mais o ativo.

On Balance Volume (OBV)


É um indicador fantástico. Seu inventor, pessoa fantástica também. Pai da análise
técnica pura. Quem lê o livro Timing do Granville começa a analisar o mercado de outra
forma. Em minha opinião, seu autor é o melhor analista técnico de todos os tempos.
Granville disse uma coisa muito importante em sua obra: “o volume antecede o
preço”. E ele tinha razão. Isso é fato. Sem volume, é difícil ver o preço se movimentar
verdadeiramente.
Analisaremos o OBV utilizando sempre a regra de divergência, pois é ela que nos
informa sobre os grandes movimentos.
Observando o gráfico do OBV subindo (Figura 161), percebe-se que está havendo
uma Acumulação e, descendo, percebe-se que está ocorrendo uma Distribuição.
148     Análise Técnica

Figura 161

Analisando o OBV com suportes e resistências


Outra forma muito comum de se utilizar o OBV é tentando antecipar o rompimen-
to de algum suporte ou resistência. Para isso, basta marcar o suporte ou resistência no

Figura 162
Juliano Carneiro     149    

gráfico e traçar o correspondente no OBV. Se o OBV romper antes, será um forte sinal
de que o movimento futuro poderá seguir o indicador.
Essa é uma ferramenta que utilizo sempre. Sem exceção. É importante, entretanto, dei-
xar claro que o OBV foi inicialmente desenvolvido para ser utilizado no gráfico diário. Não
que seja inapropriado para outras periodicidades, mas vale consultar o desenvolvedor de seu
software gráfico para ver como ele calcula o OBV, já que existem alguns programas que utili-
zam somente o preço de fechamento de sexta-feira para calcular o OBV no período semanal.
Acredito que a maioria já esteja funcionando de forma correta.

Backtesting do OBV (Método Automatizado)


Metodologia: utilizamos o indicador somente em compra e encerramento de ope-
ração de compra, no gráfico diário. Não fizemos estatística com relação à venda desco-
berta, pois, como utilizamos um período longo e a tendência primária da bolsa é de alta,
estatisticamente não seria interessante, já que aumentaria o número de erros. Lembre-
se de que sempre devemos operar a favor da tendência. Como as operações eram de
Position Trader, só acionamos compra, utilizando como base a tendência primária.
Efetuamos as compras todas as vezes que o OBV demonstrou uma acumulação inte-
ressante, ou seja, 3 dias subindo consecutivamente. No 3o dia, efetuamos as compras com
objetivo 3 reais acima do preço de compra e stop 3 reais abaixo do preço de compra.

Figura 163
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009
Configuração do Indicador: Preços de Abertura

Número de operações: 51
Operações com ganho: 31 (60,78%)
Operações com perda: 20 (39,22%)
Ganho por ação desde o início: 302%
Máximo de ganhos consecutivos: 6 operações
Média de ganhos consecutivos: 3 operações
Máximo de perdas consecutivas: 6 operações
Média de perdas consecutivas: 2 operações
150     Análise Técnica

Banda de Bollinger
Ferramenta altamente criativa e funcional, criada por John Bollinger. Tem como con-
ceito a probabilidade de afastamento máxima da média de 21 ou de 14. A partir dessa média,
o sistema gera dois desvios padrão para cima e dois desvios padrão para baixo. Com isso, ela
engloba mais de 95% dos preços e pode ser usada como suporte e como resistência.
Quando os preços estão próximos da banda superior, servem como resistência,
tendo em vista que os preços não conseguem permanecer muito tempo acima dessa
banda, e, quando os preços estão próximos da banda inferior, servem como suporte.
A banda de Bollinger é mais bem utilizada quando trabalhada em conjunto com os
Candles. Ou seja, quando ocorrer algum Candle de reversão sobre os suportes e resistên-
cias das bandas, a confiabilidade desses Candles aumentará.
Vejamos alguns exemplos de utilização:

Figura 164

Figura 165
Juliano Carneiro     151    

Estreitamento das Bandas


Pode acontecer de as bandas de Bollinger iniciarem um estreitamento. Quando
isso acontecer, significará que o mercado irá se movimentar fortemente para cima ou
para baixo.
É preciso ficar de olho nesse estreitamento, pois é nesse tipo de situação que costu-
mamos ter maiores rentabilidades.

Figura 166

Backtesting das Bandas de Bollinger


(Método Automatizado)
Metodologia: utilizamos o indicador somente em compra e encerramento de
operação de compra, no gráfico diário. Não fizemos estatística com relação à venda
descoberta, pois, como utilizamos um período longo e a tendência primária da bol-
sa é de alta, estatisticamente não seria interessante, já que aumentaria o número
de erros. Lembre-se de que sempre devemos operar a favor da tendência. Como as
operações eram de Position Trader, só acionamos compra, utilizando como base a
tendência primária.
Efetuamos as compras todas as vezes que os preços ficaram abaixo da banda
inferior, objetivo 1 real acima do preço de compra e stop 1 real abaixo do preço de
compra.
152     Análise Técnica

Figura 167
Ativo: Petr4
Período de testes: 01/01/2002 até 30/07/2009
Configuração do Indicador: Desvio: 2 – Período: 20 – Aritmética – Preços de Abertura

Número de operações: 70
Operações com ganho: 48 (68,57%)
Operações com perda: 22 (31,43%)
Ganho por ação desde o início: 260%
Máximo de ganhos consecutivos: 14 operações
Média de ganhos consecutivos: 3 operações
Máximo de perdas consecutivas: 3 operações
Média de perdas consecutivas: 2 operações

Repainting e seu Efeito Negativo


Um dos efeitos mais devastadores que um indicador pode trazer, e que é desco-
nhecido pela maioria dos operadores e professores de análise técnica, é o REPAINTING
(“REPINTAR”). Olhando para a base histórica, temos um “visual” do indicador já mon-
tado, ou seja, olhando para o gráfico e para o indicador, tudo fica perfeito, quase sem
erros. O grande problema é que, conforme o mercado vai se movimentando, o indicador
vai oscilando. Elucidando melhor: o indicador diz para comprar e o trader faz a compra.
Nesse mesmo momento, o indicador recua e a compra é cancelada. Falsos sinais são
emitidos, acarretando prejuízo ao trader. Chamamos esse efeito de REPAINTING.
Esse fenômeno acontece centenas de vezes durante o pregão e acaba pegan-
do os operadores de surpresa. O problema irá acontecer em todos os indicadores
cujas fórmulas apresentem preços que possam variar no decorrer do Candle. São
eles:
• Preço de fechamento
• Preço máximo
• Preço mínimo
Juliano Carneiro     153    

Para diminuir o efeito de repaiting, você pode optar por configurar seus indicadores
para fazer os cálculos sobre o preço de abertura – se seu software permitir esse setup,
pois esse preço não varia durante a formação do Candle – ou esperar fechar o Candle do
momento e entrar no próximo. É importante frisar que o repaiting acontece com mais
frequência em gráficos de períodos menores, ou seja, é mais fácil sentir os efeitos da
“repintura” no gráfico de 5 minutos do que no gráfico de 60 minutos.

Mercado de Lado e os Indicadores


O problema de grande parte dos indicadores, se não de todos, é justamente o mer-
cado de lado. Oscilando em um range (faixa) pequeno, eles enviam diversos sinais falsos
de compra e venda e se perdem, levando o trader a erros consecutivos.
Quando o mercado está de lado, fica realmente muito difícil operar, utilizando in-
dicadores. Sugiro, nesse caso, a utilização das figuras, suportes, resistências e volumes
para guiar suas operações. Em mercado de lado, os rastreadores de tendências perdem
totalmente sua função, e os osciladores ficam em nível de estabilidade, não oferecendo
grandes informações.
Especialmente em períodos curtos, o efeito de “repintura” é mais frequente no mer-
cado de lado, e essa sequência de sinais falsos leva o trader rapidamente ao fracasso.

Extensão e Retração de Fibonacci


As projeções de Fibonacci são muito utilizadas na análise técnica; porém, muitos
traders não conseguem marcar de forma correta os objetivos no gráfico. Um Fibonacci
traçado de maneira incorreta atrapalha, e muito, as análises.
Eu gosto de utilizar o software da Nelogica, pois é um dos únicos que permite es-
tender a extensão e retração. Ou seja, medir em 3 pontos.
O Fibonacci é traçado para tentar descobrir até onde um movimento de alta ou
de baixa vai. Ele nada mais é que a divisão percentual da perna anterior e a projeção da
nova possível perna. Serve basicamente para medir o zigue-zague, tanto de alta, quanto
de baixa.
Os analistas técnicos antigos diziam que o movimento de zigue-zague era previsto ao
projetar a primeira perna de alta e corrigir 61% dela. Veja um exemplo na Figura 168.
Sabiamente e na base da experimentação, os analistas técnicos clássicos chegaram
ao consenso de que 61% da perna seria um bom objetivo. A utilização do Fibonacci em
si foi uma adaptação feita por operadores da teoria de Elliott. A maioria dos operadores
marca Fibonacci em qualquer perna, de alta ou de baixa, mas ele foi desenvolvido para
ser utilizado junto com as ondas de Elliott, pois só essa teoria mostra as pernas de forma
correta.
154     Análise Técnica

A utilização do Fibonacci em gráficos de períodos curtos, além de ser subjetiva,


pois ele traça muitas linhas e o trader sempre “acerta”, não demonstra uma realidade.
Ele prevê que o movimento chegará a 61,8%, mas este alcança somente a marca dos
50%. De qualquer maneira, o trader sairá feliz, pois encostou em uma extensão de
Fibonacci.
O Fibonacci nada mais é que o exemplo anterior dividido em termos percentuais.
Ou seja, deve-se pegar o tamanho da primeira perna e dividir percentualmente, utili-
zando a razão de Fibonacci. O resultado será o seguinte: 0%, 38,2%, 50%, 61,8%, 100%,
161,8%.
Veja a Figura 169. Deixei em vermelho a extensão de 61,8%, pois ela é a mais con-
fiável de todas.

Figura 168

Figura 169
Juliano Carneiro     155    

Pá de Ventilador
A pá de ventilador é uma simples correção das linhas de tendência, mas com a
marcante característica de ter o mesmo ponto de origem para o traçado dessas linhas.
Para se configurar a formação da pá de ventilador de baixa, é necessário que os preços
estejam em uma tendência de alta. É a perda de força desse movimento altista que vai
permitindo o traçado de novas retas de suporte, sendo o corte da 3a e última o sinal de
mudança de tendência de alta para baixa.
A formação da pá de ventilador de alta segue os mesmos princípios, porém, os
preços devem estar em tendência de baixa, e no lugar dos suportes devem ser traçadas
resistências.

Figura 170

Método Ju Punch (Operando a Pá de Ventilador)


Esse método, desenvolvido por mim, permite operar a pá de ventilador de forma
muito lucrativa e com uma alta probabilidade de sucesso. Esse método é marcado por
efetuar trades muito rápidos e poderosos. É bem simples: quando uma pá de ventilador
de alta for furada, será acionada uma compra com target, na resistência mais próxima
do movimento.
156     Análise Técnica

Figura 171

Martingale
Quanto mais tempo eu fico na bolsa, mais me deparo com agentes autônomos e
investidores totalmente despreparados, que acham que alavancar após a perda ou com-
prar mais conforme o preço cai vai resolver todos os seus problemas.
Recebi um investidor em meu escritório, gente muito boa por sinal, que me disse
que um agente autônomo tinha um segredo que não passava para ninguém e que, por
isso, não poderia fechar a conta com ele.
Pagava corretagem pela tabela Bovespa cheia, 0,5% sobre o volume movimentado.
Descrevendo a estratégia, por cima, ele me disse que era algo parecido com comprar
mais se a operação fosse errada. Ou seja, ele ia comprando mais, conforme o preço ia
caindo. Comecei a rir quando ele me falou. Que grande segredo! Esse operador deveria
ser preso; primeiro, porque ele não poderia girar conta de cliente e, segundo, porque ele
está expondo o cliente a um risco absurdo. Tudo isso aconteceu em plena crise de 2008.
Durante a crise, tivemos desvalorizações de mais de 50%, desde a formação do
topo. Com uma desvalorização como essa, usar o Martingale, defendendo posição, equi-
vale a zerar facilmente a conta. Essa estratégia só deve ser utilizada no mercado de lado,
pois a variação de preço é pequena e diminui o risco de quebra da conta, ou no mercado
em tendência NÍTIDA de alta.
Esse método diz, basicamente, para dobrar a aposta, caso o mercado vá contra sua
operação, pois, se houver uma pequena recuperação após a aposta dobrada, o trader estará
no lucro. Quando me refiro a dobrar, não estou dizendo para comprar a mesma quantidade,
e sim dobrar mesmo. Ou seja, se comprou 10k, terá que comprar 20k na próxima ordem.
Dobrando a quantidade, você poderá tornar o trade perdedor em vencedor; porém, para
Juliano Carneiro     157    

utilizar tal metodologia, será preciso que o trader, além de entender bem como funciona o
método, também possua uma conta grande e faça as primeiras compras pequenas.
Comprar pouco é difícil para o trader, pois ele quer operar 100% do capital em uma
única ordem, e não 20% ou, às vezes, até 10% do capital total. Utilizando o Martingale
de forma indiscriminada, certamente terá como resultado a perda de praticamente todo
o capital. Estou dizendo praticamente, pois sei que, ao chegar próximo do zero, faltando
cerca de 20% para zerar a conta, a corretora provavelmente encerrará a operação, na
margem de segurança.
O Martingale nada mais é do que uma estratégia para baixar o preço médio.
Todo Martingale deverá ter as seguintes configurações:
Step: com quantos centavos ou reais será feita a próxima compra ou venda, caso o
mercado caia ou suba mais.
Fator multiplicador: define o fator da próxima compra. Ou seja, para um fator 2,
teríamos que comprar, após a primeira compra, dobrado, quadriplicado na seguinte, e
assim sucessivamente. Seguem alguns exemplos:

Fator Multiplicador 2 – Step R$ 3,00


Número da ordem Quantidade Preço Preço médio
1 ordem
a
10K de PETR4 R$ 30,00 30,00
2 ordem
a
20K de PETR4 R$ 27,00 28,00
3 ordem
a
40K de PETR4 R$ 24,00 25,71
4a ordem 80K de PETR4 R$ 21,00 23,20

Fator Multiplicador 1,5 – Step R$ 3,00


Número da ordem Quantidade Preço Preço médio
1a ordem 10K de PETR4 R$ 30,00 30,00
2 ordem
a
15K de PETR4 R$ 27,00 28,20
3 ordem
a
22,5K de PETR4 R$ 24,00 26,21
4a ordem 33,75K de PETR4 R$ 21,00 24,04

Perceba o seguinte: conforme o mercado vai caindo, o trader vai comprando mais, usan-
do o fator multiplicador. Quanto maior o fator multiplicador, menor será a alta necessária
para deixar todas as operações no zero a zero, e mais dinheiro será necessário para segurar
a operação, caso a queda seja acentuada. Se o fator multiplicador for 1,5, o mercado deverá
subir com mais intensidade, para ficar no lucro em relação ao fator 2, e assim por diante.
Agora, caso o mercado não se recupere dentro dos padrões estabelecidos, o trader terá
que colocar mais dinheiro. Com isso, caso a queda seja muito grande, é bem provável que
não tenha capital suficiente para continuar bancando o preço médio e “estope” com um
prejuízo absurdo. Essa estratégia é arriscada, mas, se usada com parcimônia, poderá ser
bem lucrativa.
158     Análise Técnica

Alavanca e seu Poder de Quebrar Traders


Diversos traders partem para negociar contratos na BM&F e opções, pois percebem
que nesses mercados é possível alavancar bastante. Algumas corretoras também dão
margem para alavancagem em ações, pois elas viabilizam uma compra muito maior que
a capacidade financeira do trader. Nesse caso, os lucros são bem maiores, mas aumenta
bastante a exposição do trader ao risco. Se houver um erro, ele perderá bastante dinhei-
ro. Não costumo utilizar alavancagem, pois sei dos perigos que isso pode trazer.
Uso a alavanca em apenas 3 situações:
• Divulgação de notícias que claramente levarão o mercado para a alta.
• Mercado extremamente forte e em grande alta.
• Após um trade errado. A probabilidade de um erro consecutivo de meu trade system
é realmente muito pequena, porém, caso você não tenha a estatística de sua estra-
tégia, não faça isso, pois, se você errar alavancado, o prejuízo será grande demais.
Contrate uma empresa de backtesting para fazer o teste de sua estratégia e levantar
todas as estatísticas sobre ela. Cito a minha empresa para seu conhecimento: www.
profitfactor.com.br.

Imposto de Renda
Uma informação importante que deve ser levada em consideração em todas as ope-
rações é justamente o Imposto de Renda. Esse assunto é extremamente delicado, e nosso
objetivo aqui é falar um pouco sobre como funciona. Até na própria Receita Federal, fa-
zendo consultas, não há nada claro com relação ao IR. O que devemos ter em mente é que
operações DAY-TRADE e operações “NÃO DAY-TRADE” têm tributações diferentes.
Para operações DAY-TRADE, a alíquota de IR sobre o LUCRO da operação é de
20%, sendo 1% recolhido diretamente na fonte, pelo imposto rastreador. Esse imposto
informa automaticamente o software da Receita que você teve lucro e espera os outros
19% serem recolhidos. É importante ressaltar que o IR só é pago quando existe o LU-
CRO e é calculado sobre o LUCRO.
Para operações NÃO DAY-TRADE, a alíquota é de 15%, e o imposto rastreador tam-
bém incide sobre essa modalidade, sendo 0,005%. Portanto, em qualquer operação na
qual você durma comprado sempre será 15%.
Exemplo:
Compra 100.000 PETR4 a R$ 10,00
Vende 100.000 PETR4 a R$ 12,00
Lucro bruto: R$ 1.200.000 – 1.000.000 = R$ 200.000
IR a pagar DAY-TRADE: R$ 40.000,00 (20% sobre o lucro)
IR a pagar NÃO DAY-TRADE: R$ 30.000,00 (15% sobre o lucro)
Juliano Carneiro     159    

É possível também abater prejuízo de lucros futuros. Ou seja, caso você tenha tido
uma perda, ela poderá ser descontada de um lucro. É importante informar, no entanto,
que, como as duas operações são diferentes perante o Fisco, você só poderá abater
DAY-TRADE de DAY-TRADE, e NÃO DAY-TRADE de NÃO DAY-TRADE. Se você fez
uma operação de DAY-TRADE e teve prejuízo, não poderá abater utilizando lucro de
uma operação NÃO DAY-TRADE.
Para vendas iguais ou inferiores a R$ 20.000,00 no mês, existe uma isenção no
pagamento do IR.
Calcular o Imposto de Renda de forma correta, como o Fisco pede, é uma tarefa
muito complexa, principalmente para quem opera muitas vezes o mercado. Assim, jun-
tamente com o nosso curso, você receberá um teste de 30 dias do programa IREASY.
Esse software contabiliza todas as operações, podendo trabalhar em conjunto com mais
de uma corretora, e informa, no final do mês, o valor com que deve ser preenchido o
DARF e seu respectivo código. É imprescindível que um trader atuante utilize uma fer-
ramenta de IR em seu backoffice.
Para fazer o teste, acesse o site <www.easybolsa.com.br>. Para desfrutar dos 30 dias gra-
tuitos, no momento da instalação, basta citar que foi indicado pelo Curso Juliano Carneiro.

Operações Avançadas
A ideia de colocar, além do básico, o avançado em meu curso vem da necessidade
de suprir uma carência do mercado. Grande parte dos professores brasileiros trabalha
somente com a análise técnica clássica e apenas com alguns indicadores.
Essa parte do curso tem por objetivo mostrar operações avançadas, utilizando a
análise técnica. Tais operações, em grande parte das vezes, são mais agressivas e mais ar-
riscadas, porém o trader avançado consegue gerenciar bem o risco e cavar muitas opor-
tunidades no meio do caos.

Trade Seguidor de Tendência


Utilizado por muitos traders no mundo, esse estilo de operação é extremamente
agressivo e seu grande problema é o posicionamento do stop. Essa estratégia é direciona-
da para entrada em movimentos fortes que já estejam ocorrendo, por isso, a colocação
do stop fica muito longa e, tecnicamente, não teríamos um local ideal para posicioná-lo,
como abaixo de suporte ou abaixo da mínima do Candle anterior.
Como o movimento já teve início, e a entrada se deu tarde, fica difícil configurar o
stop, pois se fosse colocado abaixo da mínima, como é correto nessa operação, seria um
stop de 15%. Para diminuir o stop e tentar colocá-lo em um lugar “seguro”, é usual deixar
abaixo de um suporte, olhando para o gráfico de menor periodicidade.
160     Análise Técnica

Figura 172

Figura 173

Porque o exemplo anterior é diário, o stop pode ser colocado no gráfico de 60 minu-
tos, abaixo de um suporte importante.
Juliano Carneiro     161    

Como Operar Formação de Fundo


Essa operação é extremamente agressiva. Busca pegar um pequeno movimento
contra a tendência. Todas as operações contra a tendência são arriscadas, pois a proba-
bilidade de acerto é reduzida. A única vantagem desse trade é que o risco compensa, pois
o stop nesta operação é realmente muito curto.
Veja, na Figura 174, como essa operação funciona (as cores dos Candles são só um
exemplo).

Figura 174
162     Análise Técnica

Figura 175

Como Operar Formação de Topo


Utiliza a mesma metodologia da formação de fundo. Continua sendo uma estraté-
gia arriscada, pois vai contra a tendência, mas muitos gostam da relação lucro/stop. Veja,
na Figura 176, como funciona essa operação (as cores dos Candles são só um exemplo).

Figura 176
Juliano Carneiro     163    

Analisando o Fluxo de Investimento


Rastrear qual é a “mão forte” do mercado é um dever do trader profissional. Deve-
mos saber quem está operando na compra e quem está operando na venda. Diariamen-
te, eu aguardo a publicação do BDI (Boletim Diário) e contabilizo o que chamo de fluxo
de investimento. Esse trabalho consiste em colocar na planilha todos os dados dos 4
maiores grupos de investidores (Estrangeiros, Institucionais, Inst. Financeiras e Pessoas
Físicas). Essa planilha me dá condições de saber quem está atuando na ponta de compra
e quem está na ponta de venda. Tal ferramenta, no meu modo de ver, é a mais valiosa na
análise do mercado em geral. Poucos traders a conhecem e a utilizam. Trata-se de uma
ferramenta utilizada, na maioria das vezes, pela “velha guarda” da análise técnica. Eu,
apesar de jovem, sigo a linha da velha análise técnica, observando o mercado de forma
simples e direta, sem indicadores e ferramentas mirabolantes e ultratecnológicas.
Escolhi esse modo de análise, pois costumo fazer somente o que posso medir. Os mé-
todos utilizados pelos “mais experientes”, que venceram o mercado, podem ser medidos por
nós. Eles mesmos estão aí para falar. Conheço muitos e vejo como foram bem-sucedidos.

Figura 177

Infelizmente, os novos métodos e o “espírito” de novos traders só poderão ser medi-


dos quando ficarem maduros. É com o tempo que veremos se essas novas ideias mirabo-
lantes e indicadores de mercado ultratecnológicos serão bem-sucedidos. Eu realmente
não quero pagar para ver. Estou indo bem utilizando a velha escola.
Como nosso curso é curto demais para ver como se contabiliza e como se monta
a planilha do fluxo de investimento, vamos nos ater apenas à leitura dos gráficos que
estão disponíveis em meu website, na área de gráficos.
164     Análise Técnica

Figura 178

A leitura do gráfico é bem simples: quando a linha estiver virada para cima, sinali-
zará que o grupo está comprando, e, para baixo, que o grupo está vendendo. Se a linha
estiver de lado, significará um equilíbrio entre compra e venda.
Agora, você deve estar se perguntando: “Para que ter essas informações?”. Simples.
Os grupos mais fortes dos quatro são os estrangeiros e os institucionais. Saber o que os
dois estão fazendo significará uma grande vantagem para não entrar contra eles. Dou
maior peso aos investidores estrangeiros, pela quantidade de recursos disponíveis. Cos-
tumo seguir os passos deles.

Manejo de Risco (Protegendo-se dos Tubarões)


Nesse tempo que passei como trader, conheci e presenciei muitas histórias, como
gente que perdeu família, casa, carro, apartamento, gente que se suicidou etc. Todas es-
sas pessoas tinham uma coisa em comum: elas não controlavam suas perdas. Um trader
que não sabe proteger seu capital tem seus dias contados no mercado. E isso é um fato.
Às vezes, recebo clientes interessados em uma consultoria, pois não sabem por que
perdem tanto dinheiro, outras vezes, recebo pessoas desesperadas, pois o ativo que compra-
ram desvalorizou mais de 20%. Usando o manejo de risco, tais problemas reduzirão muito.
Juliano Carneiro     165    

O manejo de risco é bem simples. Descreverei as regras a seguir:


1a) Nunca entre em uma operação sem saber onde deixará o seu stop.
2a) Nunca mova seu stop na direção contrária à tendência de operação.
3a) Nunca exponha mais de 2% do seu capital em uma operação.
4a) Se perdeu 6% de seu capital no mês, fique de castigo durante 1 mês, só estudando.
5a) Compre somente o que a fórmula do manejo de risco lhe permitir.
6a) Mantenha-se controlado, pois, se você fez tudo isso que foi descrito acima, seu di-
nheiro estará bem resguardado e não há motivo para preocupação. Pode deitar no
travesseiro tranquilamente e dormir.
Você deve estar pensando: “Eu não posso setar meu stop mais que 2% na operação?
Esse cara é um louco; vou ser “estopado” a toda hora”.
Errado! Você não será “estopado” a toda hora por dois motivos. A saber: você já
conhece as técnicas de posicionamento de stops, portanto irá escolher uma operação na
qual seu stop seja barato e, o mais importante de tudo, vai utilizar a fórmula do manejo
de risco.
A fórmula do manejo de risco é bem simples; ela lhe indica quantas ações comprar,
com o stop que desejar, sem expor mais de 2% de seu capital total.
Qa = Pmax/(Pe − Ps)

Qa = Quantidade de ações permitidas para compra


Pmax = Sua perda máxima
Pe = Preço de entrada
Ps = Preço de saída

Se eu tenho um capital equivalente a R$ 100.000,00 disponível para investir na


bolsa de valores e meu stop não pode ser maior que 2%, eu poderei perder, em uma ope-
ração, o valor de R$ 2.000,00.
Pmax = R$ 2.000,00

O preço da ação nesse momento está em R$ 10,00 e o stop mais próximo, em R$


5,00. Agora você está pensando: “Essa operação pode me trazer um ótimo retorno, mas
o stop está muito longe; 50% é muita coisa”.
Não tem problema. Coloque na fórmula o seguinte:
Pe = 10,00
Ps = 5,00

Agora vamos calcular:


Qa = 2000/(10 – 5)
Qa = 400 ações
166     Análise Técnica

Isso quer dizer que você poderá entrar nessa operação utilizando um stop de 50%,
porém, só poderá comprar 400 ações. Assim, você estará usando o stop longo e expondo
somente 2% do seu capital.
Então, você se pergunta: “E o resto do meu dinheiro? Vai ficar parado?”.
A resposta para essa pergunta é bem simples. Sim! Ele ficará parado até que o stop
dessa operação seja movido, de forma que você não tenha mais prejuízo, somente lucro
na operação. Quando isso acontecer, você entrará com o resto de seu capital, utilizando
novamente a fórmula em outro trade.
Não fique assustado; o exemplo que utilizamos é de um stop de 50%! Você procura-
rá operações com stop de 4%, 6%, 3%, 2%. Dessa maneira, a fórmula do manejo de risco
irá permitir a compra de uma maior quantidade de lotes.
Utilizando o que você aprendeu, especialmente a regra do manejo de risco, tenha
certeza de que sua rentabilidade no mercado irá aumentar. Do meu ponto de vista, de
tudo que abordamos neste curso, a lição mais importante foi o manejo de risco. Sem
ele, realmente o trader não dura no mercado. Eu, pelo menos, não conheci nenhum
até hoje que conseguisse ganhar dinheiro sem posicionar bem seus stops.

O Mercado como um Negócio


Algumas pessoas, depois deste curso, irão estudar muito e se dedicar integralmente
ao mercado, largando suas profissões.
O mercado pode ser bastante lucrativo, mas, para ganhar com ele, você precisa es-
tudar muito, se dedicar, usar manejo de risco e, uma coisa muito desprezada pelas pes-
soas: administrar o custo do seu escritório.
Se você deseja operar o mercado, deve reduzir os custos do seu escritório de trades,
nunca deixando que seu custo operacional mensal seja maior que 1,5% de seu capital
disponível para investir. Afinal, você deverá fazer mais de 1,5% ao mês só para pagar as
despesas. Aí sim, o que vier será lucro.
Além disso, você precisará pagar as despesas de casa, não só as do escritório.
Portanto, leve isso em consideração quando for fazer do mercado sua profissão. Por-
que, caso contrário, em vez de o mercado trabalhar para você, você trabalhará para o
mercado.
Juliano Carneiro     167    

Conclusão
“Batendo ferro é que se fica ferreiro.”
Provérbio Brasileiro
“A quem sabe esperar o tempo abre as portas.”
Provérbio Chinês

Espero que este curso lhe traga muitas coisas boas, bem como para sua família.
Você está bem preparado para entrar no mercado, mas não se esqueça de que só isso
não basta. Estude e treine bastante. Controle seu emocional. O emocional é tudo no
mercado. Mantenha suas estratégias, aconteça o que acontecer. Nunca mova o seu stop
na direção contrária da operação.
Espero que tenha gostado do curso.
Estarei sempre à disposição, por meio de meu site, para tirar dúvidas e responder
à suas perguntas.
Desejo-lhe, de coração, ótimos trades.

Um forte abraço,
Juliano Carneiro.
www.julianocarneiro.com.br
eu@julianocarneiro.com.br

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