O SARS-CoV-2, também conhecido como novo Coronavírus, ou Coronavírus
2019, causa uma infecção muito diversificada em apresentações clínicas,
chamada de COVID-19. O Coronavírus 2019 apresenta várias estruturas importantes para a sua replicação viral. Várias proteínas estão sendo mapeadas e sugeridas como possíveis alvos para o desenvolvimento de drogas antivirais e/ou para a produção de vacinas. Dentre essas proteínas temos a categoria das proteínas estruturais, como a proteína S (Spike) e proteína N, bem como a de algumas proteínas não-estruturais, como a proteína 9, proteína 15 e proteína MPRO. Dentre as proteínas de superfície como a proteína S e a proteína N, esta última é a mais promissora, tanto como possível alvo para a produção de drogas antivirais, quanto para o desenvolvimento de vacinas, uma vez que é uma proteína mais conservada. Isto significa que é traduzida a partir de uma região gênica que sofre pouca ou nenhuma variação (portanto, com menor risco para mutações), permitindo, portanto, a produção de fármacos mais específicos e com menos efeitos colaterais. Além disso, a proteína N é extremamente imunogênica levando, portanto, a uma excelente ativação do sistema imune. Já as proteínas não estruturais como a proteínas 9, 15 e MPRO estão envolvidas com a replicação e/ou amadurecimento da partícula viral, sendo seus sítios catalíticos alvos para drogas antivirais contra o Coronavírus 2019.
O conhecimento sobre a estrutura do Coronavírus 2019 é relevante, e especificamente
suas proteínas e suas funções são cruciais para as pesquisas de novas drogas antivirais capazes de inibir a replicação do vírus e, desta maneira, reduzir o tempo e a intensidade dos sinais e sintomas da COVID-19. Além disso, permite também o desenvolvimento de vacinas eficazes e sem perda de eficiência devido às várias mutações pelas quais o Coronavírus 2019 pode passar. É importante lembrar que os alvos devem ser precisos, para evitar e/ou reduzir a toxicidade dos antivirais para as células humanas, e, portanto, possam ter menos efeitos colaterais sobre a saúde.
A resposta imune contra qualquer vírus depende da capacidade individual de
estimulações dos diferentes leucócitos. Na COVID-19 (infecção causada pelo Coronavírus 2019 – SARS-CoV-2) não é diferente das demais viroses. Por este motivo, o conhecimento acerca das diferentes respostas imunológicas para as estruturas virais se faz imprescindível para a compreensão das ações na prevenção, no controle da infecção e/ou na possível patogênese. A resposta imunológica adquirida (ou adaptativa) é responsável pela geração de memória imunológica, que nos protege em infecções futuras. A resposta imune antiviral se baseia primeiramente em uma resposta com células T auxiliares (TCD4+), que segue principalmente dois caminhos: Th1 (que leva à ativação de TCD8+) e Th2 (que leva à ativação de célula B e produção de anticorpos). A resposta antiviral mais efetiva se baseia primeiramente no caminho Th1 com controle da replicação viral, seguida do caminho Th2 com produção de anticorpos neutralizantes e proteção contra encontros futuros com o mesmo vírus. Tudo isso se aplica à COVID-19, porém muitos aspectos desses caminhos continuam obscuros frente à pandemia atual. Na COVID-19 as formas graves estão principalmente associadas a um perfil Th2 somado a uma resposta Th1 reduzida, o que levaria a uma maior carga viral, uma vez que os anticorpos não seriam em sua maioria neutralizantes do vírus. Por outro lado, alguns autores discutem que, se o paciente montar uma resposta baseada em TCD8 mais intensa, esse processo poderia ser o responsável por uma maior lesão tecidual, a qual cursaria com maior gravidade clínica. Há autores, ainda, que discutem que, nas formas graves de COVID-19, as subpopulações de linfócitos Th2 são diferentes das encontradas nas formas mais leves da doença. Todos esses estudos têm que ser vistos com muita cautela, pois utilizam-se de amostras pequenas e tempos de infecção desconhecidos. Porém, todos os pesquisadores discutem se as células T são: úteis, prejudiciais ou ambos, para a CPVID-19. A produção de memória imune para o SARS-CoV-2 parece envolver tanto o caminho Th1 quanto o caminho Th2 com produção de anticorpos, tanto IgM quanto IgG e IgA. Esses distintos tipos de anticorpos parecem ser diferentes entre si, sendo produzidos para vários epítopos do vírus, e podendo ser neutralizantes ou não. Parece existir uma resposta cruzada entre anticorpos contra outros vírus, como vírus influenza ou coronavírus comum (do resfriado). Só não se sabe se esta resposta é benéfica ou não. Alguns estudos mostraram que os perfis de anticorpos produzidos por crianças e adultos são diferentes, parecendo que em crianças eles são mais protetores para evitar infecções. Os anticorpos mais neutralizantes parecem ser os produzidos contra a proteína S, que evitam a ligação do SARS-CoV-2 à ECA2. Enfim, a memória imune na COVID-19 está totalmente vinculada aos dois braços da resposta adquirida: Th1 e Th2; e resta saber até onde essa resposta é protetora, e a partir de que condição ela se torna prejudicial.