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Iniciação
A iniciação no Catimbó se faz com rituais simples porém com muita significação. O primeiro
ritual que passa um discípulo é a jura no qual ele deve se confirmar como um discípulo da
Jurema. Com o passar do tempo e sua evolução ele irá receber o seu cachimbo que será
consagrado por um Mestre. Será através deste cachimbo que ele fará os seus trabalhos.
Finalmente após alguns anos ele deverá realizar o tombo onde se confirmará como um Mestre
em vida do Catimbó.
Tombo
O tombo de jurema constitui-se no processo pelo qual muitos dos Mestres que hoje estão no
mundo espiritual passaram para ganhar ciência. Tombam no pé da jurema e ao acordar estão
prontos para trabalhar. Foi o caso do Mestre Carlos, famoso por seu dom de cura nas mesas
de jurema de todo o Nordeste.
Contudo nos terreiros o rito foi tornado bem mais complexo que sua referência mística. O
tombamento consiste então no
oferecimento de alimentos e sacrifícios às correntes espirituais do iniciante. Nele comem o
caboclo, o Mestre, a mestra, o exu e
a pombagira do iniciante. Acontece ainda a juremação com a implantação da semente através
do corte na pele e a viagem espiritual. A viagem deve acontecer no período que se intercala
entre a oferta dos sacrifícios ao caboclo e a preparação das comidas oferecidas em banquete
ritual. Ainda durante o sacrifício o iniciante é levado durante o transe para correr as cidades
espirituais. O interessante e singular neste transe é que os adeptos acreditam que enquanto a
pessoa é levada para realizar a viagem espiritual, o caboclo permanece no corpo do iniciante.
Concluído o sacrifício passa-se à preparação das carnes dos animais e à partição das frutas e
alimentos oferecidos aos encantados. O caboclo é alimentado com uma pequena porção de
tudo que foi oferecido. Findo o banquete, o caboclo é então mandado de volta a sua cidade e o
filho deverá contar ao seu iniciador o que viu. Se a viagem for considerada válida.
seguem-se os sacrifícios às demais entidades: o ( Mestre, a mestra), o exu e a pombagira.
OBS: Vale salientar que no Catimbó não existe Exus nem Pombas giras nem tampouco
Sacrifício animal, quando se fala em SACRIFÍCIO para Exu e Pomba Gira é por causa que
geralmente os médiuns quando vão se consagrar já trabalham com estas entidades daí o
cuidado de propiciá-las com o sacrifício.
No dia posterior, em animada festa o caboclo vestido a caráter deverá como na iniciação do
candomblé gritar o seu nome e também cantar a sua toada (cantiga). O iniciante também
poderá vestir as demais entidades quem deu de comer. A riqueza deste ritual completa está
intrinsecamente ligada às condições financeiras do iniciante. Sem dúvida este ritual segue o
formato
do Candomblé.
Liturgias: Juremação
Juremação
Muitos juremeiros dizem que “um bom Mestre ja nasce feito”; contudo, alguns ritos são
utilizados para fortificar as correntes e dar mais conhecimento mágico-espiritual aos discípulos.
O ritual mais simples, porém de muita ciência, é o conhecido como juremação, implantação da
semente ou ciência da jurema. Este ritual consiste em plantar no corpo do discípulo, por baixo
de
sua pele, uma semente da arvore sagrada.
Mestres do Catimbó
Nesta generalização podemos entender muito bem o como e porque do culto do Catimbó. Em
uma região dominada pela pobreza e falta de assistência a população carece de assistência
médica sendo a doença um temor presente e terrível. Neste sentido os Mestres se apresentam
como enviados para socorrer e aliviar o sofrimento dos desasistidos oferecendo a tradição da
medicina fitoterápica, herdade dos índios para assistir a população. Por outro lado em regiões
de pessoas simples mas que são submetidas a poderosos, violentos e
jagunços onde falta a justiça do homem e a única proteção que todos podem contar é a
misericórdia divina, os Mestres são como anjos vingadores que, apesar de ainda fortemente
influenciados por suas manias e imperfeições humanas, se colocam assim mesmo como
protetores e defensores de gente desasistida.
Desta maneira podemos entender que os caminhos de Deus são inúmeros e que a
espiritualidade se manifesta da forma como é necessária para garantir uma vida justa e
decente aos habitantes desta terra fria. É neste contexto que o Catimbó se insere, absorvendo
a tradição religiosa de gente simples e
adicionando a esta base espiritual fortemente calçada em princípios de ética, bondade e
misericórdia do cristianismo a necessidade do dias a dia introduzindo os ritos mágicos de
trabalho e o trabalho dos espíritos acostados.
Seria muito mais difícil se o Catimbó trouxesse uma doutrina religiosa própria. Na realidade
seria até mesmo impróprio ou desnecessário. Trata-se de gente muito simples que aprendeu e
passou
a vida toda aprendendo so conceitos e ensinamentos católicos estando possivelmente muito
acostumados e doutrinados nesta verdadeira fé.
Mestre Carlos
Mestre Carlos
Rei dos mestres, conhecidíssimo em qualquer sessão de Catimbó. Era um rapaz que gostava
de beber e jogar "farrista", andava no meio de "mulheres perdidas e gente livre", Filho do Inácio
de Oliveira, conhecido feiticeiro. O pai tinha desgosto e não o queria iniciar na feitiçaria.
Contam, então, que Mestre Carlos "aprendeu sem se ensinar", quando de uma bebedeira caiu
num tronco de Jurema e morreu após 3 dias. Essa bebedeira seria o resultado de práticas
rituais do Catimbó exercidas solitariamente e sem iniciação. Um dia o pai saiu de casa e
Carlos, com 13 anos apenas, penetrou no "estado", tirou objetos imprescindíveis de invocação
e saiu com eles. Foi num mato de juremeiras e iluminado por uma presciência maravilhosa
conseguiu abrir uma sessão
sozinho e invocar um mestre. Logo como em geral sucede, quando o mestre se
desmaterializou outra vez caiu desacordado. O pai chegou em casa, Carlinhos nada de voltar.
No dia seguinte a inquietação principiou. Andaram campeando o menino por toda a parte e no
outro dia seguinte, Inácio de Oliveira, deseperado, reuniu gente e fez uma sessão. Quando caiu
em transe, que mestre entrara no corpo dele? Nada menos que Mestre Carlos o mestre
menino.
Mestre Carlosé caracterizado como um entidade algre, que gosta de brincar e rir durante as
sessões; gosta de bebida, bebe jurema e cachaça. Especialista em casamentos e descobridor
de segredos, estando sempre pronto para o bem e o mal. Considerado pelos juremeiros como
um mestre curador. Quando incorporado o medium transforma a fisionomia, fica meio
estrábico,
os lábios ficam em forma de bico; fala muito conversa com os presentes, gesticula, brinca, ri,
receita garrafadas e dá passes.
Rezas do Catimbó
Neste momento pede-se o que se deseja e reza-se uma ave maria, uma salve rainha e um
creio em deus pai.
Neste momento pede-se o que se deseja e reza-se uma ave maria, uma salve rainha e um
creio em deus pai.
Neste momento rezam-se 5 ave marias, cinco pai nossos e cinco glória ao pai.
Rezas do Catimbó
Logo ao término desta oração, rezam-se um pai nosso, uma ave maria e uma salve
rainha, até Nos mostrai.
Logo ao término desta oração, rezam-se um pai nosso, uma ave maria e uma salve
rainha, até Nos mostrai.
Ao término desta oração, reza-se uma salve rainha até “...nos mostrai.”
Mestre Melqui