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(Artigo escrito pelos padrinhos da Casa da Mestra Paulina, Wiarlley Spears e Ryan
Peixoto e revisado pelo Juremeiro Marcelo Souza)
Ministrante: Juremeiro Marcelo de Júlia Galega, da Casa de Jurema Reino dos Mares de
Recife-PE, filho do Babálorixá Maciel t’Osòssí
INTRODUÇÃO
Desde o século XVI, documentos escritos pelo colonizador e narrativas deixadas por
cronistas e viajantes relatam rituais mágico-religiosos encontrados entre populações
indígenas do nordeste brasileiro, em que bebiam, fumavam, manipulavam ervas,
invocavam seus antepassados. Um desses escritos descreve a santidade do Jaguaripe
ocorrida no sertão baiano por volta de 1583, evidencia um processo de religiosidade
sincrética nascida no encontro entre missionários e índios e revela relações de
dominação-subordinação entre nativos e portugueses. O culto aos maracás da santidade
reproduz a crença de que os maracás abrigavam os espíritos, sendo adorados e
idolatrados através de cantos, danças e do uso do tabaco. Apresenta-se simbolicamente
como uma forma de resistência da população indígena contra a colonização portuguesa.
O culto tem por base um sistema mitológico no qual a jurema é considerada árvore
sagrada e, em torno dela, dispõe-se o “reino dos encantados”, formado por cidades, que
por sua vez são habitadas pelos “mestres”. Uma outra explicação mitológica apresenta
uma visão cristã quanto às origens do culto ao afirmar que, antes do nascimento de
Deus, a jurema era tida como uma árvore comum, mas, quando a virgem, fugindo de
Herodes, no seu êxodo para o Egito, escondeu o menino Jesus num pé de jurema, que
fez com que os soldados romanos não o vissem, imediatamente, a árvore encheu-se de
poderes sagrados, justificando, assim, que a força da jurema não é material, mas
espiritual, dos espíritos que passaram a habitá-la.
Conhecida nas décadas de 1930 a 1970 pelos antropólogos também como Catimbó, esta
prática religiosa se manteve viva, mesmo após todo o holocausto indígena que dizimou
quase por completo as diversas etnias/civilizações deste país. Contudo, sua presença e
força no mundo urbano das cidades do Nordeste, sobretudo, em Recife e Região
Metropolitana, é muito forte.
Embora existam diferentes pontos de vista acerca das religiões juremeiras, em quase
todas as pesquisas sobre o tema, os estudiosos concordam que a Jurema abrange um
universo mítico-ritual de origem indígena, frequentemente presenciado na região
Nordeste do Brasil desde o período colonial.
Em linhas gerais, a bebida, a fumaça expelida dos cachimbos, o maracá e os cânticos
são elementos comuns a quase todas as cerimônias realizadas, seja nas comunidades
indígenas seja naquelas que constituem as religiões de matriz africana.
Entre os indígenas, os ritos permitem que xamãs estabeleçam comunicações com o
mundo dos Encantados. Já no universo afro – mais recorrente em centros urbanos – , o
cerimonial possui algumas semelhanças com as chamadas “giras de Umbanda” e as
divindades que caracterizam o juremeiro são os mestres e as mestras.
Os cânticos sagrados dos terreiros são um dos elementos mais fortes de preservação do
“ser da matriz indígena”, na Religião da Jurema. Neles podemos ver a história desse
povo cantada sistematicamente, em linhas melódicas que revelam a sua filosofia e
imaginário.
A religiosidade da Jurema tem como tronco central juremológico uma árvore sagrada: a
Jurema Preta (mimosa hostiles ou mimosa tenuiflora). Esta árvore, que ao mesmo tempo
é elemento essencial para o preparo da bebida sagrada de feitos transcendentais
psicoativos de mesmo nome, também é elemento mitológico que compõe o centro do
mundo encantado das Cidades da Jurema.
Por fim, Ele, na atualidade, está presente na Religião da Jurema Sagrada como guardião
que toma conta dos caminhos e cabe a ele a nobre missão de destrancar as estradas para
que o filho de fé possa estabelecer a conexão com o mundo dos encantados.
4. ORGANIZAÇÃO DA JUREMA POR MARIA E ZEZINHO DO ACAIS
(RAMAS DA JUREMA)
Tudo teria começado com a índia Maria Gonçalves de Barros, conhecida por Maria
índia, que teria recebido do Imperador Dom Pedro II as terras do Acais, onde teria
assentado moradia. Maria Índia teria dado início, então, ao uso da Jurema para curar os
mais variados males. Como não teve filhos, a sua sobrinha, Maria Eugênia Gonçalves
Guimarães, recebeu a herança da tia, e logo ficaria famosa como sendo, a ‘mestra’
Maria do Acais. Depois de sua morte, Flósculo Gonçalves Guimarães, seu filho, foi seu
continuador, nos demonstrando os laços de parentesco que circundam.
4.2 Zezinho do Acais
Esse então Senhor Mestre teve um grande papel dentro da organização ao culto da
Jurema Sagrada e a agregação ao culto a Exu e Pombo Gira. Ao lado do seu mentor
espiritual Mestre Zé Pelintra trouxe para dentro do culto a Jurema Sagrada o culto ao
Exu Tranca Rua (Exu muito respeitado por seu Zé Pelintra). Como Senhor dos
caminhos Exu hoje é louvado dentro das casas de Jurema e ofertado com muita devoção
antes de algumas cerimonias dentro do culto a Jurema.
5.1 Espiritual:
Mestre
Mestra
Um não é maior do que o outro, porém existe uma hierarquia a ser cumprida dentro da
espiritualidade, estando o Caboclo (guia) acima de todos, ele é quem rege a Jurema do
juremeiro. Logo após o Mestre que é mentor, guardião, conselheiro ao lado da senhora
mestra que compõe a mesa do juremeiro.
Dentro dessa hierarquia também Malunguinho que faz parte das correntes de todo
aquele que cultua a Jurema Sagrada podendo ele como vimos em outrora vir na corrente
de Exu, Mestre ou Caboclo
5.2 Físico:
Era a bebida sagrada que os pajés indígenas faziam, servida em reuniões especiais.
Após a colonização e até o século XIX beber jurema era sinônimo de feitiçaria ou
prática de magia, sendo que muitos índios e caboclos foram presos acusados de
praticarem o "adjunto da jurema". A bebida ou o vinho da jurema, feita com a casca do
tronco da árvore, é bastante utilizada nos rituais religiosos do toré entre índios do
Nordeste. Mesmos os grupos indígenas que não usam a bebida, referem-se
à jurema como uma planta dotada de forças mágicas ou cósmicas.
A fabricação da bebida sagrada conta com uma mistura que é um segredo de cada casa
de Jurema pode levar cascas de jurema e uma espécie de vinho preparado com álcool,
mel, gengibre, hortelã, cravo e canela. Segundo alguns pesquisadores, a ingestão oral
desta mistura não provoca nenhum tipo de transformação em quem a ingere. Dessa
forma, tudo indica que os procedimentos ritualísticos que envolvem a ingestão, são
indispensáveis para que a fórmula preparada determine o estado de transe.
A princípio de tudo Exu e Pombo Gira não são entidades próprias do culto a Jurema.
São entidades cultuadas dentro da Kimbanda ou Quimbanda. Fundada em 1908 (mesmo
período de fundação da Umbanda por Zélio de Moraes) veio do povo de Malei sendo o
seu 3° Anjo Rei Astaroth ou Exu Rei das 7 Encruzilhadas Astaroth junto com ele veio 6
anjos ao total 7 anos banidos do Céu o principal anjo sendo Lúcifer. A Jurema Sagrada
segue o seu culto pelo Nordeste e Norte do País, sofrendo perseguições políticas e pelos
Jesuítas, tendo que sair do Natural como a Jurema de Caboclo, surgindo assim mais 11
Reinados.
O Caboclo, Caboco, e ou Mestre Guardiões não tem aparência e ou se veste de Exu, usa
roupas de sua época e come o que era de costume. Sendo a Jurema de Caboclo o
primeiro reinado após surgiu mais 11 reinados. Isso significa que quanto mais o homem
se evolui a necessidade social e política mudamos nossos hábitos e costumes, daí os 11
reinados da Jurema se agrega valores.
Dito isso o carisma de Exu e Pomba Gira, são realizados cultos na Quimbanda que
antecede todos os atos de Jurema. Isso não retira o brilho e a ciência da Jurema dos
outros Reinados que realiza o culto junto, mas mesmo assim o faz totalmente separados.
É por isso que a Jurema Sagrada Catimbó, cultua toda a natureza animal e/ou vegetal,
onde vamos buscar o encanto.
(Foto: Incorporação da Pombo Gira Maria Padilha na Madrinha/Juremeira Wiarlley Spears da Casa da
Mestra Paulina em Agosto de 2021)
(Fotos: Incorporação da Pombo Gira Maria Mulambo, do Juremeiro Juremeiro Marcelo de Júlia Galega,
da Casa de Jurema Reino dos Mares)
ATIVIDADES PRÁTICAS
OBSERVAÇÕES
- Os materiais NÃO podem e não devem ser substituídos por outros. As atividades
práticas propostas, precisam ser feitas com os itens citados em cada um deles
- Cada pessoa se responsabiliza por levar ou despachar os trabalhos que serão realizados
após a finalização do curso
- A atividade Nº 03 NÃO terá uma validação. Ou seja, NÃO será feita com o propósito
de adoçar ninguém. Será apenas uma representação de um dos muitos adoçamentos que
são feitos na Jurema Sagrada.
ATIVIDADE 01
Banho para...
1 Girassol
Erva Doce
Mel
1 Vela Amarela
Obs: Trazer uma Garrafa de 1 ou 2 litros para que possa levar o banho pra casa. O
banho não será tomado durante o curso.
ATIVIDADE 02
Dendê
1 Cebola Roxa
7 Moedas de bronze/Ouro
Cachaça
ATIVIDADE 03
Adoçamento
1 Melão
Mel
7 Pó de Amor