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BRASS - Brazilian Room Acoustic Simulator

Conference Paper · January 2018


DOI: 10.17648/sobrac-87152

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Julio Cesar Boscher Torres


Federal University of Rio de Janeiro
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XXVIII Encontro da Sociedade Brasileira de Acús ca
3 a 5 de outubro de 2018
Porto Alegre - RS

BRASS - BRAZILIAN ROOM ACOUSTIC SIMULATOR

Torres, Julio Cesar Boscher

Universidade Federal do Rio de Janeiro


Escola Politécnica, julio@poli.ufrj.br.

RESUMO
Neste trabalho são apresentadas as principais características do simulador acústico BRASS, recente-
mente desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro. O simulador permite calcular respostas
impulsivas mono e biauriculares, das quais podem se obtidos os principais parâmetros de qualidade acús-
tica de salas, além da audibilização (renderização sonora). O simulador utiliza o método do traçado de
raios para o cálculo das reflexões iniciais, juntamente com um algoritmo de aglomeração (’clustering’),
para aprimorar a determinação do instante de chegada, da energia e da direção das frentes que incidem
nos receptores. O algoritmo de aglomeração é descrito, sendo apresentada uma análise da sua influen-
cia no cálculo da distribuição de energia das primeiras reflexões. No artigo também são apresentados
os tipos de filtros implementados para operação do simulador com 9 bandas de oitavas, de 63 Hz a
16 kHz. Os resultados de simulações são comparados com os medidos para uma câmara reverberante e
demonstram a eficiência dos métodos e do programa desenvolvido, tanto com relação ao baixo erro dos
parâmetros quanto ao tempo necessário para processamento dos dados e sinais.
Palavras-chave: Simulação Acústica, Traçado de Raios, Audibilização.

ABSTRACT
This work presents the main characteristics of the acoustic simulator BRASS, recently developed at
Federal University of Rio de Janeiro. The simulator allows to calculate mono and binaural impulse
responses, from which the main quality acoustic parameters can be obtained, as well as auralization
(acoustic render). The simulator uses the ray-tracing method to calculate the energy at the receiver and
a clustering algorithm to improve the time of arrival, energy and direction of the first reflections. The
clustering algorithm is described and its influence over the first reflections energy distribution. It is also
described the filter strategies used to implement 9 octave bands from 62 Hz to 16 kHz are presented.
The results of simulations are compared to measurements conducted in a reverberant chamber in order
to demonstrate the efficiency of the methods and of the developed software, related to low parameter
errors and time required to do the processing.
Keywords: Acoustic Simulation. Ray-tracing. Auralization.

1. INTRODUÇÃO

Há uma gama considerável de simuladores acústicos em desenvolvimento, principalmente na


Europa. A maioria dos simuladores teve seu início através de projetos de pesquisa vinculados a
universidades e posteriormente foram desenvolvidos por empresas privadas. No Brasil, houve

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pouco desenvolvimento de programas, acadêmicos e comerciais, na área de simulação acústica.
O primeiro software comercial, cuja origem também se deu na academia, foi o RAIOS [1], que
evoluiu com a contribuição de alunos de graduação e pós-graduação durante o desenvolvimento
de suas pesquisas. Atualmente o software encontra-se em versão comercial [2]

Os programas em versões comerciais são apropriados para consultores e projetistas, usários


finais do software, que não têm por objetivo interferir, utilizar, desenvolver ou aprimorar rotinas
internas. Além disso, software comerciais possuem interface própria e integrada às funções de
programação que realizam de fato os cálculos e o processamento digital de sinais. Dessa forma,
a utilização das funções internas de programação fica restrita à uma interface proprietária e não
permite uma integração com outros programas, principalmente de modelagem geométrica (CAD
- Computer Aided Design). Os programas de CAD e BIM (Building Information Modeling)
possuem, hoje em dia, ferramentas muito avançadas para modelagem de ambientes, o que não
justifica replicar e incorporar um conjunto vasto de funções de modelagem geométrica em um
simulador acústico.

Com o objetivo de elaborar um programa de simulação acústica, cujas funções pudessem


ser utilizadas como uma biblioteca de vínculo dinâmico (DLL) em interfaces genéricas ou
integrável em interfaces de programas de CAD, tais como Autocad, Revit, SketchUp e outros,
em 2014 iniciou-se o desenvolvimento do BRASS (Brazilian Room Acoustic Simulator). Em um
primeiro momento, o software contou com a colaboração do grupo de pesquisa do Instituto de
Acústica Técnica de Aachen (ITA, RWTH-Aachen) que forneceu dados de medição para ajustes
e calibração das rotinas de simulação e processamento de sinais, cujos resultados preliminares
foram apresentados em congressos internacionais [3, 4]. Desde então o programa tem sido
aprimorado sob diversos aspectos, tais como interface, processamento de sinais para audibilização
e cálculo dos parâmetros de qualidade acústica.

2. DESCRIÇÃO DO PROGRAMA

2.1 Método de Propagação

O BRASS utiliza apenas o método de traçado de raios [5–7] para obter as respostas impulsivas
nos receptores. O traçado de raios pertence ao grupo dos métodos de acústica geométrica, onde
tem-se uma abordagem energética da propagação do som. Nesse caso, fenômenos ondulatórios
tais como interferência (coerência) não são considerados, pois apenas a energia é utilizada. Trata-
se de um método intrinsecamente estocástico, onde não há garantias de que um raio chegará
ao receptor, mesmo em campo livre. Há apenas uma probabilidade de o raio atingir o receptor.
Em campo livre, a energia captada pelo receptor depende do número de raios lançados pela
fonte, da distância entre fonte e receptor e do raio de influência do receptor. Em recintos, essa
energia também depende da geometria e das características acústicas das superfícies (absorção,
espalhamento e transmissão).

2.2 Fontes sonoras

No BRASS as fontes pontuais podem ter qualquer padrão de direcionalidade, definido através
de arquivos no formato OpenDAFF [8]. Esse formato permite utilizar fontes onidirecionais
ou direcionais, conforme as características das caixas acústicas e das faixas de frequência de
interesse. O simulador foi desenvolvido para ler dos arquivos OpenDAFF dados de magnitude
ou de respostas impulsivas de medições de caixas acústicas. Dependendo do tipo de dado o

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simulador utiliza diferentes abordagens para o computo das respostas impulsivas no receptor.

A potência de cada fonte (em Watts) é calculada indiretamente através da sensibilidade S a 1 m


de distância da fonte, na direção da orientação do eixo principal, caso tenha um padrão direcional.
Os raios são distribuídos no espaço, uniformemente, através de projeção de sucessivas divisões
das faces de um icosaedro [9]. A energia de cada raio (Es ) lançado pela fonte é dada pela 1
E
Es (φo , θo , ω) = D(φo , θo , ω), (1)
N
onde ω é a banda de oitava, φo e θo são os ângulos de azimute e de elevação, respectivamente,
em relação à fonte (“ângulos de saída”), E é a energia total da fonte sonora, N o número de raios
e D(φo , θo , ω) é o fator de direcionalidade (proveniente do arquivo DAFF).

2.3 Calculo das Respostas Impulsivas

Cada raio Es se propaga pelo ambiente, refletido (ou não) nas superfícies e perdendo energia de
acordo com o coeficiente de absorção do material associado à superfície. A resposta impulsiva
energética (IRS,R ) para um par fonte-receptor (S, R) é obtida acumulando as energias de cada
raio incidente no receptor.

A Fig. 1(a) apresenta uma sala hipotética 2D com uma fonte S e um receptor R, onde cada
superfície possui um coeficiente de absorção αw , com w = 1, ..,W , onde W é o número de
superfícies (nesse caso W = 4). Considerando um raio emitido pela fonte com energia Es e que
incida sobre as superfícies 2 e 4 antes de atingir o receptor (caminho A), a sua contribuição
energética E(t), no instante de tempo t = d/c, onde d é a distância total percorrida pelo raio e c
é a velocidade do som, será dada por:

E(tA ) = Es (1 − α2 )(1 − α4 ), (2)

onde tA = dA /c é o tempo de propagação para o caminho A.

Caso o raio continue sua propagação e atinja novamente o receptor após interceptar as mesmas
ou outras superfícies – como ilustrado no caminho B da Fig. 1(a), a contribuição de energia se
dará em um instante de tempo tB e será calculada pela 3:

E(tB ) = Es (1 − α1 )0 (1 − α2 )3 (1 − α3 )1 (1 − α4 )3 . (3)

Observa-se que as superfícies w2 e w4 são atingidas 3 vezes, a superfície w3 apenas uma vez e a
superfície w1 não tem influência nesse caminho de raio, até esse instante de tempo tB . A (3) pode
ser generalizada para
W
E(t p ) = Es ∏ (1 − αw )Nw,p , (4)
w=1
onde Nw,p é o número de vezes que a superfície w é atingida por um raio durante seu caminho de
propagação p e t p é o atraso para o esse caminho p.

Há uma possibilidade de que diferentes caminhos atinjam o receptor em um mesmo instante


(mesmo comprimento), como mostrado na Fig. 1(b). Isso é comum em casos de posições de
simetria em uma sala. Nesse caso a contribuição de energia também é descrita pela 4, porém

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(a) (b)

Figura 1: Exemplos de caminhos de propagação: (a) reflexões com diferentes tempo de chegada e (b) multiplas
reflexões com mesmo tempo de chegada.

para cada um dos caminhos C e D, com mesmo tempo de propagação tC .

Com essa abordagem, a construção da resposta impulsiva energética (ou reflectograma) para cada
banda de oitava, não depende diretamente do caminho executado pelo raio, mas sim do tempo de
propagação entre fonte e receptor no caminho e do número de vezes em que cada superfície foi
atingida. Pode-se observar na 5 que a contribuição de energia no instante t é dado pela soma da
energia de todos os raios que atingiram o receptor com mesmo tempo de propagação t p = t:

E(t) = ∑ E(t p ), para t p = t. (5)


p

A resposta impulsiva global, para qualquer instante de tempo t pode ser obtida pela 5,
considerando-se bandas de frequência e a conversão de energia para pressão. Durante o traçado
de raios, a contribuição de cada caminho pode ser organizada em uma matriz, como mostrado na
Tabela. 1. Cada linha da matriz representa a contribuição de um dado caminho, ou seja, quando
um raio intercepta o receptor. Um único raio pode gerar diversos caminhos, porém cada caminho
terá um tempo de propagação diferente. A primeira coluna da matriz representa o tempo de
propagação de cada caminho p = [A, B,C, D]. As demais colunas representam o número de vezes
em que a superfície w foi atingida, com os respectivos coeficientes de absorção αw .

A primeira linha da Tabela 1 representa um caminho da Fig. 1. Note que, na Fig. 1(b) há dois
caminhos diferentes com mesmo tempo de propagação tC = tD . Esse caso é representado pelas
linhas 3 e 4 da tabela. Calculando a contribuição de energia de cada linha, conforme a 4, constrói-
se um reflectograma que considera todos os caminhos possíveis entre fonte e receptor. Essa
matriz representa, portanto, o campo acústico entre fonte e receptor, enquanto as características
geométricas da sala, da fonte e do receptor não se alterarem.

A vantagem da utilização dessa tabela é que os coeficientes de absorção podem ser alterados e
uma nova resposta impulsiva pode ser construída sem a necessidade de refazer a etapa do traçado
de raios. Isso permite grande flexibilidade para avaliar materiais durante a etapa de projeto de
uma sala. Na prática, não são utilizados os próprios coeficientes de absorção na tabela, mas sim
índices para os materiais conforme a banda de oitava considerada.

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Tabela 1: Implementação da matriz de contribuição energética de cada caminho.

tempo α1 α2 α3 α4
tA 0 1 0 1
tB 0 3 1 3
tC 0 1 1 0
tD 0 1 0 1

2.4 Receptores

Os receptores são esferas onde o cálculo da contribuição de energia de um raio é realizado na


seção da esfera (disco) que passa pelo centro do receptor e é perpendicular ao vetor do raio
acústico. Dessa forma, a energia é calculada sempre em um disco perpendicular ao raio acústico
[1]. Na 1 a quantidade de energia coletada depende do raio do receptor: quanto maior o raio,
mais energia será coletada no mesmo ponto do espaço. Para evitar esse problema e tornar a
quantidade de energia coletada nos receptores independentes do raio, utiliza-se a intensidade
(W /m2 ) no receptor, normalizando-se a energia pela área da esfera:
1
E= Em , (6)
4πR2rec ∑
m

onde Em é a energia que o raio acústico m possui ao incidir no receptor, seja no caminho do som
direto ou após múltiplas reflexões, e Rrec é o raio do receptor. Dessa forma, a energia coletada
pelos receptores torna-se independente de seus raios.

2.5 Algoritmo de Agrupamento de Raios

No traçado de raios, principalmente nas primeiras reflexões, diversos raios que correspondem
a uma mesma frente de onda e chegam com intervalos de tempo diferentes, porém muito
próximos. Isso ocorre devido à divergência dos raios que produzem caminhos com quase o
mesmo comprimento. A Figura 2 ilustra essa característica do método, onde uma mesma frente
onda é representada por diversos raios com um pecentual de energia da fonte. A energia de
cada raio é Es /N e caso os raios possuam tempos de chegada diferentes (como na Figura 2(a))
e distribuição de energia no reflectograma ficaria como mostrado na Figura 2(b). Nesse caso a
energia estaria distribuída em torno do tempo real de propagação da frente de onda, ao invés de
concentrada num único instante, como idealizado na Figura 2(c). O algoritmo de agrupamento
(clustering) tem, portanto, o objetivo de ajustar o tempo e o valor da energia de cada frente de
onda.

Uma forma simplificada de fazer o agrupamento dos raios seria diminuir a discretização temporal,
para 1 ms, por exemplo, ao invés de 22 µs (período de amostragem referente a 44.1 kHz), para
os raios cujas reflexões fossem até determinada ordem. Contudo, essa abordagem não garante
que todos os raios de uma frente de onda fiquem agrupados no mesmo instante discreto de tempo.
Para isso, desenvolveu-se um algoritmo de agrupamento que considera a ordem da reflexão do
raio, o tempo de propagação e a direção de incidência no receptor. Durante o processo de traçado
de raios, essas informações são armazenadas para utilização no algoritmo de agrupamento. Após
agrupados, os raios da matriz do campo acústico são substituídos pelo novos raios cuja direção e
energia correspondem à da frente de onda.

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(a)

1 1
energia

energia
0.5 0.5

0 0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
tempo discreto tempo discreto

(b) (c)

Figura 2: Exemplo de diferentes tempos de chegada para raios da mesma frente de onda (a) e o correspondente
acúmulo de energia no tempo (b). Em (c) tem-se o acúmulo ideal de energia para a frente de onda.

O algoritmo de agrupamento pode ser aplicado até uma ordem arbitrária, porém, na prática, é
feito para raios de até 4a ou 5a ordens, pois após esse valor (dependendo das características
geométricas e de absorção do espaço) não há mais possibilidade de agrupamento, pois em uma
janela temporal o numero de grupos (clusters) é igual ao número de raios.

O algoritmo é descrito de forma geral através das seguintes etapas:

1. os raios até determinada ordem de reflexão são organizados por instante de chegada de
forma crescente;
2. calcula-se a derivada dessa lista de instantes de tempo, gerando picos;
3. a cada diferença de tempo igual ou superior a 10 amostras (226 µs a 44.1 kHz) é criada
uma nova janela de observação dos raios, formando grupos;
4. dentro de cada grupo, a direção dos raios é mapeada em um plano azimute × elevação.
O raio cuja distância ao centro do receptor for menor é eleito como centro da primeira
classe. São calculadas todas as distâncias entre os pontos no plano para determinar quantos
clusters (frentes de onda) existem na janela de observação. O numero de clusters é dado
pelo numero de modas do histograma das distâncias entre os pontos.
5. os centros dos clusters dentro de cada janela de observação passam a representar a direção
da onda incidente no receptor, com o tempo de chegada desse raios e cuja energia é a soma
de todos os raios do cluster.

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Através do algoritmo de agrupamento de raios, duas ou mais frentes de onda (conjunto de
raios) que chegam os mesmo tempo do receptor serão interpretadas como independentes. Isso é
fundamental para o processo de audibilização, onde cada frente de onda precisa ser convoluída
com a resposta impulsiva da cabeça para a mesma direção.

A fim de apresentar os resultados do agrupamento, foram realizadas simulações de um modelo


correspondente à câmara reverberante do Instituto de Acústica Técnica da RWTH-Aachen, onde
foram realizadas medições de respostas impulsivas e dos coeficientes de absorção [3, 10]. Na
Figura 3 tem-se uma planta da câmara com as posições de fonte e receptor.

Figura 3: Vista superior da câmara reverberante do ITA-Aachen e posições de fonte e receptor.

Na Figura 4 são comparadas as primeiras reflexões das respostas impulsivas simuladas e medidas,
para os casos onde não houve agrupamento e para agrupamento de reflexões de ordens 1 até
5. Pode-se observar que, à medida em que é realizado o agrupamento dos raios, a energia
é distribuída de forma mais próxima a da medição. Nesses gráficos, as respostas impulsivas
simuladas foram convoluídas com a resposta da caixa acústica na direção do seu eixo.

2.6 Filtros de Oitava

No BRASS foram projetados dois bancos de filtro: um banco FIR para filtragem das primeiras
reflexões e outro IIR para filtragem das reflexões tardias (cauda reverberante). Os filtros FIR
projetados possuem ordem elevada (4096 coeficientes) a fim de se obter boa seletividade em
baixa frequência e baixo ripple. Optou-se por aplicar os filtros FIR apenas nas primeiras reflexões
pois, além de reduzir o custo computacional na filtragem das nove bandas de oitava, os filtros
mantêm a energia concentrada no instante de pico, alterando a fase de forma linear. Os filtros
IIR utilizados foram to tipo Linkwitz-Riley de 4a ordem (cascata de duas seções Butterworth
de 2a ordem), cuja magnitude das respostas em frequência e o ripple para toda a faixa de áudio
são mostrados na Fig. 5. A vantagem do uso de filtros IIR é o baixo custo computacional, que
permite um rápido processamento da cauda reverberante, que pode ser longa, acima de 8 a 10
seg. em alguns casos.

2.7 Aubilização

A audibilização no BRASS é realizada automaticamente caso sejam definidos arquivos em


formato “wav” para as fontes. Os receptores podem estar associados a arquivos DAFF de funções
de transferência relativas à cabeça (HRTFs) (do ingles, Head-Related Transfer Functions) e
nesse caso serão gerados, além do áudio correspondente a um microfone (mono), os sinais

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Amplitude (Pa) Sem Agrupamento Agrupamento até ordem 1

0.1 0.1

0 0

-0.1 -0.1

0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1

Agrupamento até ordem 2 Agrupamento até ordem 3


Amplitude (Pa)

0.1 0.1

0 0

-0.1 -0.1

0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1

Agrupamento até ordem 4 Agrupamento até ordem 5


Amplitude (Pa)

0.1 0.1

0 0
Medição
-0.1 -0.1 Brass

0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1
Tempo (seg) Tempo (seg)

Figura 4: Comparação de respostas impulsivas medidas e simuladas sem e com agrupamento dos raios das
primeiras reflexões.

para reprodução com fones de ouvido (biauriculares). A geração das respostas biauriculares é
feita durante o processamento da matriz de campo acústico, onde o raio incidente no receptor é
utilizado para modificar o espectro da HRTF da respectiva direção, conforme desenvolvido em
[1, 11].

3. Resultados

Nesta seção são apresentados alguns resultados de comparações entre medições e simulações
realizadas na câmara reverberante do Instituto de Acústica Técnica (ITA/RWTH-Aachen). Por
razões de espaço, são apresentados apenas os resultados para uma das combinações fonte-
receptores. Os gráficos apresentados foram gerados com o ITAToolbox [12] para calcular os
parâmetros e as curvas de decaimento, evitando assim diferentes critérios de cálculo.

Na Figura 6 são apesentados os principais parâmetros de qualidade acústica, com as respectivas


faixas de “diferenças pouco notáveis” JND (Just Noticeable Difference), onde verifica-se que

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Banco de Filtros Linkwitz-Riley - $4^a$ ordem
0
-10
Modulo em dB

-20
-30 62 Hz
125 Hz
-40 250 Hz
500 Hz
-50 1 kHz
2 kHz
-60 4 kHz
-70 8 kHz
16 kHz
-80
20 40 60 100 200 400 1k 2k 4k 6k 10k 20k
Frequencia em Hz

Figura 5: Resposta em frequência dos bancos de filtros: (a) FIR 4096 coeficientes e (b) Linkwitz-Riley (IIR - 4a
ordem)

Curva de Decaimento Global Tempo de Reverberação


0 12

Medição Medição
Brass
-5 Brass
JND
10

-10
Amplitude (dB)

-15
T20 (s)

6
-20

4
-25

-30 2

-35 0
0 1 2 3 4 5 250 500 1000 2000 4000 8000
Tempo (seg) Frequência (Hz)
Decaimento Inicial Fator de Clareza
10 4
Medição Medição
9 Brass 2 Brass
JND JND
8
0
7
-2
6
C80 (dB)
EDT (s)

-4
5
-6
4
-8
3
-10
2

1 -12

0 -14
250 500 1000 2000 4000 8000 250 500 1000 2000 4000 8000
Frequência (Hz) Frequência (Hz)

Figura 6: Câmara Reverberante de Aachen. Resultados comparativos entre medição e simulação: (a) Curva de
decaimento, (b) Tempo de Reverberação, (c) Decaimento Inicial, (d) Fator de Clareza

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os respostas impulsivas simuladas possuem caraterísticas muito próximas às medidas. A maior
variação ocorreu para o fator de clareza C80 que avalia a relação entre a energia das primeiras
reflexões e o restante da energia.

4. Conclusões

O artigo apresentou as técnicas utilizadas para implementar um simulador acústico baseado em


traçado de raios. Foi mostrado que o agrupamento dos raios que compõem as primeiras reflexões
melhora a qualidade das respostas impulsivas, pois realiza um ajuste mais preciso do tempo
e da energia das frentes de onda. O simulador participou da intercomparação de software de
simulação acústica (Round Robin 4), cujos resultados ainda não foram publicados. As próximas
etapas de avaliação da qualidade do simulador BRASS incluem comparações com respostas
impulsivas biauriculares e audibilização com testes subjetivos.

REFERÊNCIAS
[1] Tenenbaum R. A. , Camilo T. S., Torres J. C. B., and Gerges S. N. Y. Hybrid method for numerical simulation
of room acoustics with auralization: part 1 - theoretical and numerical aspects. Journal of the Brazilian Society
of Mechanical Sciences and Engineering 2007; 29:211–221.

[2] RAIOS Room Acoustics Integrated and Optimized Software. http://www.grom.com.br/marcas/detalhes/raios


data de acesso: 20 de maio de 2018.

[3] Torres, J.C.B. and Pelzer, S. and Vorlander, M and Tenenbaum, R.A. Comparative study of two models for
binaural acoustic simulation 7th Forum Acusticum, Cravóvia, Polônia, 2014.

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[6] Krokstad A., Strøm S. and Sørsdal S. Fifteen years éxperience with computerized ray tracing. Applied
Acoustics 1983; 16(4):291–312.

[7] Savioja L. and Svensson U. P. Overview of geometrical room acoustic modeling techniques. J. Acoust. Soc.
Am. 2015;138:708.

[8] OpenDaff. Directional Audio File Format. www.opendaff.org. data de acesso: 18 de maio de 2018.

[9] Lewers T. A combined beam tracing and radiant exchange computer model of room acoustics. Applied
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[10] Pelzer S., Aretz M. and Vorländer M. Quality assessment of room acoustic simulation tools by comparing
binaural measurements and simulations in an optimized test scenario. Forum Acusticum 2011: 27 June - 01
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[11] Torres, J.C.B and Petraglia, M.R. and Tenenbaum, R.A. An efficient wavelet-based HRTF model for auraliza-
tion. Acta Acustica united with Acustica 90 (1), 108-120, 2004.

[12] ITAToolbox. A MATLAB Toolbox for Acoustics. http://www.ita-toolbox.org/ data de acesso: 18 de maio de
2018.

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