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Aula 110324

Origem da Notação Musical

O epitáfio de Seikilos é um exemplo da notação musical praticada durante a Grécia


Antiga.

Os primeiros neumas, apenas como marcas junto das palavras. Fragmento de Laon,
Metz, meados do século X
Transcrição de tablatura para órgão, século XVI. Abaixo, o equivalente em notação
moderna

Os sistemas de notação musical existem há milhares de anos. Foram encontradas


evidências arqueológicas de escrita musical praticada no Egito e Mesopotâmia por volta
do terceiro milênio a.C.. Outros povos também desenvolveram sistemas de notação
musical em épocas mais recentes. Os gregos utilizavam um sistema que consistia de
símbolos e letras que representavam as notas, sobre o texto de uma canção. Um dos
exemplos mais antigos deste tipo é o epitáfio de Seikilos, encontrado em uma tumba na
Turquia. Os Gregos tinham pelo menos quatro sistemas derivados das letras do alfabeto;

O conhecimento deste tipo de notação foi perdido juntamente com grande parte da
cultura grega após a invasão romana.
O sistema moderno teve suas origens nas neumas (do latim: sinal ou curvado), símbolos
que representavam as notas musicais em peças vocais do canto gregoriano, por volta do
século VIII. Inicialmente, as neumas , pontos e traços que representavam intervalos e
regras de expressão, eram posicionadas sobre as sílabas do texto e serviam como um
lembrete da forma de execução para os que já conheciam a música. No entanto este
sistema não permitia que pessoas que nunca a tivessem ouvido pudessem cantá-la, pois
não era possível representar com precisão as alturas e durações das notas.

Para resolver este problema as notas passaram a ser representadas com distâncias
variáveis em relação a uma linha horizontal. Isto permitia representar as alturas. Este
sistema evoluiu até uma pauta de quatro linhas, com a utilização de claves que
permitiam alterar a extensão das alturas representadas. Inicialmente o sistema não
continha símbolos de durações das notas pois elas eram facilmente inferidas pelo texto a
ser cantado. Por volta do século X, quatro figuras diferentes foram introduzidas para
representar durações relativas entre as notas.

Grande parte do que desenvolvimento da notação musical deriva do trabalho do monge


beneditino Guido d'Arezzo (aprox. 992 - aprox. 1050). Entre suas contribuições estão o
desenvolvimento da notação absoluta das alturas (onde cada nota ocupa uma posição na
pauta de acordo com a nota desejada). Além disso foi o idealizador do solfejo, sistema
de ensino musical que permite ao estudante cantar os nomes das notas. Com essa
finalidade criou os nomes pelos quais as notas são conhecidas atualmente (Dó, Ré, Mi,
Fá, Sol, Lá e Si) em substituição ao sistema de letras de A a G que eram usadas
anteriormente. Os nomes foram retirados das sílabas iniciais de um Hino a São João
Batista, chamado Ut queant laxis. Como Guido d'Arezzo utilizou a italiano em seu
tratado, seus termos se popularizaram e é essa a principal razão para que a notação
moderna utilize termos em italiano.

Nesta época o sistema tonal já estava desenvolvido e o sistema de notação com pautas
de cinco linhas tornou-se o padrão para toda a música ocidental, mantendo-se assim até
os dias de hoje. O sistema padrão pode ser utilizado para representar música vocal ou
instrumental, desde que seja utilizada a escala cromática de 12 semitons ou qualquer de
seus subconjuntos, como as escalas diatônicas e pentatônicas. Com a utilização de
alguns acidentes adicionais, notas em afinações microtonais também podem ser
utilizadas.

Notação padrão
A notação musical padrão é escrita sobre uma pauta de cinco linhas. Por isso também é
chamada de pentagrama. O conjunto da pauta e dos demais símbolos musicais,
representando uma peça musical é chamado de partitura. Seguem-se alguns dos
elementos que podemos encontrar numa partitura.

Representação das durações

Tempo e compasso - regulam quantas unidades de tempo devem existir em cada


compasso. Os compassos são delimitados na partitura por linhas verticais e determinam
a estrutura rítmica da música. O compasso escolhido está diretamente associado ao
estilo da música. Uma valsa por exemplo tem o compasso 3/4 e um rock tipicamente
usa o compasso 4/4.
Em uma fórmula de compasso, o denominador indica em quantas partes uma semibreve
deve ser dividida para obtermos uma unidade de tempo (na notação atual a semibreve é
a maior duração possível e por isso todas as durações são tomadas em referência a ela).
O numerador define quantas unidades de tempo o compasso contém. No exemplo
abaixo estamos perante um tempo de "quatro por quatro", ou seja, a unidade de tempo
tem duração de 1/4 da semibreve e o compasso tem 4 unidades de tempo. Neste caso,
uma semibreve iria ocupar todo o compasso.

Figuras musicais - Valores ou figuras musicais são símbolos que representam o tempo
de duração das notas musicais. São também chamados de valores positivos.

Os símbolos das figuras são usados para representar a duração do som a ser executado.
As notas são mostradas na figura abaixo, por ordem decrescente de duração. Elas são:
semibreve, mínima, semínima, colcheia, semicolcheia, fusa e semifusa.

Antigamente existia ainda a breve, com o dobro da duração da semibreve, a longa, com
o dobro da duração da breve e a máxima, com o dobro da duração da longa, mas essas
notas não são mais usadas na notação atual. Cada nota tem metade da duração da
anterior. Se pretendermos representar uma nota de um tempo e meio (por exemplo, o
tempo de uma mínima acrescentado ao de uma colcheia) usa-se um ponto a seguir à
nota.

A duração real (medida em segundos) de uma nota depende da fórmula de compasso e


do andamento utilizado. Isso significa que a mesma nota pode ser executada com
duração diferente em peças diferentes ou mesmo dentro da mesma música, caso haja
uma mudança de andamento.

Nota pontuada é uma nota musical que é seguida com um ponto logo a sua frente. Este
ponto adiciona metade do valor da nota que o precede.

Pausas - representam o silêncio, isto é, o tempo em que o instrumento não produz som
nenhum, sendo chamados valores negativos. As pausas se subdividem também como as
notas em termos de duração. Cada pausa dura o mesmo tempo relativo que sua nota
correspondente, ou seja, a pausa mais longa corresponde exatamente à duração de uma
semibreve. A correspondência é feita na seguinte ordem:
Representação das alturas

Clave - clave de Sol, clave de Fá, clave de Dó. Propõe toda a representação musical a
uma que mais se adeque ao instrumento que a irá reproduzir. Por exemplo, as vozes
graves usam geralmente a clave de Fá, enquanto que as mais agudas usam a clave de
Sol. Costuma dizer-se que a clave de Fá começa onde acaba a clave de Sol. De um
modo geral, é a clave que define qual a nota que ocupará cada linha ou espaço na pauta.

Alturas - a altura de cada nota é representada pela sua posição na pauta em referência à
nota definida pela clave utilizada, como mostrado abaixo:

Deslocações de tom ou acidentes: o sustenido, o bemol, o dobrado sustenido e o


dobrado bemol. São representados sempre antes do símbolo da nota cuja altura será
modificada e depois do nome das notas, cifras e tonalidades. Um sustenido desloca a
nota meio-tom acima (na escala), um dobrado sustenido desloca o som um tom acima,
um bemol desloca a nota meio-tom abaixo e o dobrado bemol desloca o som um tom
abaixo. Por exemplo, pode-se dizer que um "Fá sustenido" (Fá#) é a mesma nota que
um "Sol bemol" (Sol♭), porém, devido às características de cada instrumento (e à sua
própria disposição da escala), o timbre pode variar. Considere, como exemplo, o caso da
guitarra, em que um Dó tocado na segunda corda (Si), primeira posição, é equivalente a
um Dó tocado na terceira corda (Sol) na quinta posição, embora o timbre seja diferente.

Uma vez que um sustenido ou bemol tenha sido aplicado a uma nota, todas as notas de
mesma altura manterão a alteração até o fim do compasso. No compasso seguinte, todos
os acidentes perdem o efeito e, se necessário, deverão ser aplicados novamente. Se
desejarmos anular o efeito de um acidente aplicado imediatamente antes ou na chave de
tonalidade, devemos usar um bequadro, que faz a nota retornar à sua condição natural.
No exemplo visto acima podemos notar que a terceira nota do primeiro compasso
também é sustenida, pois o acidente aplicado à nota anterior permanece válido e só é
anulado pelo bequadro que faz a quarta nota voltar a ser um Lá natural. O segundo
compasso é semelhante a não ser pelo acidente aplicado que é um bemol. No terceiro
compasso, uma nota Sol, um Lá dobrado bemol e um Fá dobrado sustenido. Embora
tenham nome diferente e ocupem posições diferentes na clave, os acidentes aplicados
fazem com que as três notas soem exatamente iguais.

Chave ou tonalidade, que não é mais que a associação de sustenidos ou bemóis


representados junto à clave, indicando a escala em que a música será expressa. Por
exemplo, uma representação sem sustenidos ou bemóis, será a escala de Dó Maior. Ao
contrário dos acidentes aplicados ao longo da partitura, os sustenidos ou bemóis
aplicados na chave duram por toda a peça ou até que uma nova chave seja definida
(modulação). Na figura vemos a chave de tonalidade de uma escala de Lá maior. Nesta
escala todas as notas Fá, Dó e Sol devem ser sustenidas, por isso os acidentes são
aplicados junto à clave.

Expressão

Certos símbolos e textos indicam ao intérprete a forma de executar a partitura, incluindo


as variações de volume (dinâmica) e tempo (cinética), assim como a maneira correta de
articular as notas e separá-las em frases (articulação e acentuação).

Dinâmica musical

A intensidade das notas pode variar ao longo de uma música. Isso é chamado de
dinâmica. A intensidade é indicada em forma de siglas que indicam expressões em
italiano sob a pauta.
 pp - pianissimo. a intensidade é mais baixa que no piano
 p - piano. o som é executado com intensidade baixa
 mp - mezzo piano. a intensidade é moderada, não tão fraca quanto o piano.
 mf - mezzo forte. a intensidade é moderadamente forte
 f - forte. A intensidade é forte.
 ff - fortissimo. A intensidade é muito forte.

Símbolos de variação de volume ou intensidade: crescendo e diminuindo, em forma


de sinais de maior (>) e menor (<) para sugerir o aumento ou diminuição de volume,
respectivamente. Estes devem começar onde se deverá iniciar a alteração e esticar-se
até à zona onde a alteração deverá ser interrompida. O volume deve permanecer no
novo nível até que uma nova indicação seja dada. A variação também pode ser brusca,
bastando que uma nova indicação (p, ff, etc) seja dada.

A figura abaixo mostra um solo de trompa da Sinfonia número 5 de Tchaikovsky. Esta


partitura apresenta várias marcas de dinâmica.

Cinética musical

Cinética Musical (do grego kine = movimento) ou agógica define a velocidade de


execução de uma composição. Esta velocidade é chamada de andamento e indica a
duração da unidade de tempo. O andamento é indicado no início da música ou de um
movimento e é indicada por expressões de velocidade em italiano, como Allegro -
rápido ou addagio - lento. Junto ao andamento, pode ser indicada a expressão com que a
peça deve ser interpretada, como: com afeto, intensamente, melancólico, etc.

Os andamentos são os seguintes:


 Grave - É o andamento mais lento de todos
 Largo - Muito lento, mas não tanto quanto o Grave
 Larghetto - Um pouco menos lento que o Largo
 Adagio - Moderadamente lento

 Andante - Moderado, nem rápido nem lento


 Andantino - Semelhante ao andante, mas um pouco mais acelerado
 Allegretto - Moderadamente rápido

 Allegro - Andamento veloz e ligeiro


 Vivace - Um pouco mais acelerado que o Allegro
 Presto - Andamento muito rápido
 Prestissimo - É o andamento mais rápido de todos

Alguns exemplos de combinações de andamento com expressões:

 Allegro moderato - Moderadamente rápido.


 Presto con fuoco - Extremamente rápido e com expressão intensa.
 Andante Cantabile - Velocidade moderada e entoando as notas como em uma
canção.
 Adagio Melancolico - Lento e melancólico

Notações de variação de tempo:

 rallentando - Indica que a execução deve se tornar gradativamente mais lenta


 accelerando - Indica que a execução deve se tornar mais rápida.
 A tempo ou Tempo primo - Retorna ao andamento original.
 Tempo rubato - Indica que o músico pode executar com pequenas variações de
andamento ao seu critério.

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