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Introdução a Aerodinâmica Estacionaria

Aeronaves voas porque aproveitam a sustentação gerada pelo escoamento sobre asas
e empenagem horizontais.
Atmosfera Padrão
Forças aerodinâmicas dependem em parte da densidade e pressão do ar.

Uma atmosfera padrão foi definida (ISA) [ International Standard Atmosphere ]

Vamos considerar altitudes do nível do mar até 11000 m ( 33528 ft ) [ troposfera ]

A equação da temperatura em função da altitude:


T  288,15  0,0065h  T0   h (1)

T em graus Kelvin, h em (m).

C   K  273.15
dT  T  T0    h (2)

Assumindo que a atmosfera se comporta como um gás perfeito:

P   RT (3)

A equação hidrostática que relaciona a variação da pressão à variação da altitude:


(4)
dP  P  P0    gh
Eliminando a altitude das equações (2) e (4) resulta:
dT
dP   g (5)

Combinando (3) e (5) resulta:

g/R
P T 
P T
dP g dT
P P   R T T  P0   T0  (6)
0 0

De modo semelhante podemos determinar a variação da densidade com a


temperatura:
g/R g /   R  1
P T  T     T 
      (7)
P0 0T0  T0   0   T0 

Usando equações (1) (6) e (7) é possível determinar a temperatura, a pressão e a


densidade do ar para qualquer altitude dentro da troposfera.
Por exemplo, a 11000 m: a temperatura, pressão e densidade são reduzidas aos
75,19%, 22,3% e 29,7% respectivamente dos valores ao nível do mar.

Uma outra propriedade importante da atmosfera é a velocidade do som a, definida


como:

P T
a   RT  a0 (8)
 T0

O movimento do ar e a distribuição da pressão resultante em torno de um aerofólio


dependem da velocidade do ar e da altitude.

A razão entre a velocidade local do ar V e a velocidade do som é o numero do Mach


(M):

V
M (9)
a
Numero Reynolds (Re):
Vc
Re 

c - corda do aerofólio
μ - viscosidade do ar
O modelo aerodinâmico mais simples considera o escoamento não viscoso (inviscid).
A viscosidade é importante, especialmente na camada limite.
Outra simplificação, é considerar a densidade constante ( sem efeitos de
compressibilidade), M < 0.3.

1
A pressão dinâmica q é definida: q V 2
2

A velocidade do ar equivalente (equivalent air speed), EAS:

1 1 
V 2  0VEAS
2
 VEAS  V  V
2 2 0

EAS é a velocidade do ar no nível do mar, em ISA (International Standard Atmosphere ),


que gera a mesma pressão dinâmica da TAS, na altitude de voo da aeronave.

A rigor temos que usar o VTAS (true air speed) in lugar de V


Aerofólio
Um aerofólio é uma forma bidimensional, cortada de uma superfície tridimensional
(asa, empenagem, etc.)
O escoamento em torno de um aerofólio que se movimenta dentro de um fluido
estático é estacionário (steady) quando a velocidade em qualquer ponto fixo é
constante em tempo.
Na figura podemos ver as linhas de corrente (streamlines).
Nesse caso o escoamento gera sustentação.
Ponto S é um ponto de estagnação ( velocidade zero).
Para densidade constante, a equação do Bernoulli é:

1
P  V 2  constant
2

P  V2  P  V 2  P  P   V2  V 2 
1 1 1
2 2 2
1
Ps  P  V2 No ponto de estagnação
2
O coeficiente de pressão adimensional, Cp é definido :
2
P  P V 
Cp   1  
1  V 
V2
2
A distribuição da pressão gera uma força resultante, a sustentação (lift).
A posição ao longo da corda dessa sustentação é denominada centro de pressão.
Este centro varia com o ângulo de incidência.

Podemos definir coeficientes para sustentação (Lift), arrasto (Drag), momento de


arfagem (pitching Moment) para uma unidade de envergadura:

L D M
CL  CD  CM 
1 1 1
V 2c V 2c V 2c 2
2 2 2
Aerofólios, geralmente tem seção não simétrica (com arqueamento) para melhorar a
sustentação.
No intervalo linear:

CL  a1   0   CL  a0  a1

dCL
a1  Inclinação da curva de sustentação, com valor teórico de 2π/rad. valor
d pratico entre 5,5 e 6. Se usa 5,73 equivalente a 0,1 por grau.

CM LE  CM 0  bCL
Para praticamente todos os aerofólios a seguinte relação é valida:

dCM LE
b  0, 25
dCL

CM LE  CM0  0, 25CL

 LxCP  M LE  M x  Lx
1
Dividindo por V 2c 2 , resulta
2
x x
CL CP  CM LE  CM x  CL
c c
Quando x = 0,25c, CM x  CM0  constant

Este ponto localizado no quarto da corda é denominado de centro aerodinâmico.


A posição dele é independente de ângulo de ataque e da forma da seção. Evidente que
qualquer aumento da sustentação devido ao aumento do ângulo da incidência age em
mesmo.

EXEMPLO

O centro aerodinâmico dum aerofólio está localizado as 27% da corda e o


coeficiente do momento de arfagem na sustentação zero CM0 é -0,05. Qual é o
coeficiente do momento de arfagem em torno do ponto na metade da corda
quando CL = 1,5, assumindo que CL e CM variam de modo linear com ângulo de
ataque ?

Resposta: 0,295
Sustentação de asa tridimensional

Dimensões de uma asa afilada, mas sem enflechamento.


s – metade de envergadura
CR – corda de raiz da asa
CT – corda de ponta da asa
c – corda media
SW = 2sc – área da asa
AR = 2s/c = (2s)2 / SW – alongamento ou razão do aspecto (aspect ratio)
Para uma asa tridimensional, a inclinação da curva de sustentação, assumindo uma
distribuição elíptica é:

a1
aW 
1  a1 / ( AR)

Para asa tridimensional

L M
CL  CM 
1 1
V 2 SW V 2 SW c
2 2
Teoria das faixas para asa continua

A asa é modelada por faixas em direção da corda e o coeficiente de sustentação da


cada faixa é proporcional ao ângulo de ataque local. Se assume, também que não ha
interação entre os coeficientes de diferentes faixas. Na prática, estas suposições
significam, baixa velocidade do ar ( M< 0,3 ) e alongamento grande ( AR ≥ 6 ).

1
dL  V 2  cdy  a1  y 
2
s s
1
LTOTAL   dL  V 2ca1    y  dy
0
2 0
Para asas afiladas podemos usar o valor do aW mostrado acima ou uma das seguintes
expressões:
  y 2    y 
2
 y 
aW  y   a1 1     aW  y   a1 1     aW  y   a1 cos  
   
s   s  2 s 

Temos sempre a opção de usar resultados de testes.


Teoria das faixas para asa discreta

1
Lk  V 2  ck y  aW   yk 
2
N
LTOTAL   Lk
k 1
Formulação matricial
A sustentação expressa por uma matriz diagonal:

 c1y11 0 
1  
 
L  V 2
aW  
2  0
 cn yn n 
Superfícies de comando
As superfícies de comando são usados para manobrar a aeronave modificando a
distribuição de pressão sobre o aerofólio.
O efeito da superfície de comando sobre o coeficiente de sustentação e momento de
arfagem se pode modelar da seguinte maneira:

CL  a0  a1  a2  CM  b0  b1  b2 
a2 e a inclinação da curva de sustentação da superfície do comando
b2 e a inclinação da curva de momento de arfagem da superfície do comando
O coeficiente de sustentação aumenta com β mas a inclinação fica a mesma. Podemos
dizer que a deflexão ( positiva ) aumenta o arqueamento e em consequencia a
velocidade de estalo diminui e o momento de arfagem se torna mais negativo.

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