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2. Modelos da Administração pública
A administração pública difere em vários aspectos. A presença de modelos reflecte a
existência das diferenças, cujas raízes remontam ao momento da criação – o estado-nação e a
sociedade industrial – remetendo para o Europeu Continental e o Anglo-saxónico.
Para compreender a administração pública espanhola, moçambicana ou portuguesa é
indispensável enquadrá-la historicamente entre modelos distintos:
2.1 O modelo Europeu Continental acentua-lhe a dimensão de instrumento de acção do
Estado e nessa medida a Administração Pública reflecte o próprio Estado, pois resulta de um
processo histórico de centralização, enquanto o Anglo-saxónico salienta-lhe a dimensão
gestionária para optimizar os resultados destinados, a satisfazer o interesse público, dado que
resulta da perda do carácter centralizado e absoluto da monarquia inglesa.
O modelo Europeu Continental caracteriza-se pelo centralismo e submissão da
administração à lei, resultante do período do absolutismo e assenta na submissão da actividade
administrativa à lei e no facto de o recurso às decisões da administração serem feitas ao Tribunal
administrativo;
A existência de normas e regras (direito administrativo), em que as normas são aplicadas
na resolução de conflitos que ocorrem entre os diversos órgãos administrativos ou entre estas e
os cidadãos;
A realização da administração por órgãos próprios em conformidade com a divisão do
poder, ou seja a delimitação de competências de cada órgão (forte hierarquização); a hierarquia
dos órgãos e agentes da administração e o controlo de competência dos órgãos.
A segurança e a estabilidade do emprego- na administração pública a admissão dos
funcionários é feita com base do mérito, por concursos públicos. Uma vez admitidos e
ingressados para o quadro administrativo a sua relação com a administração passa a ser regulada
pelos Estatutos. A situação de emprego passa a ser segura e estável, podendo ser perturbada,
apenas, em caso de infracção que tenha sido objecto de processo disciplinar;
Privilégio de execução prévia- carácter obrigatório das decisões da administração pública,
em impor as ordens dos administradores, aos administrados, sem necessitarem de recorrer aos
tribunais para obterem a autorização judicial, pois as decisões dos agentes são por si válidas e a
faculdade de recurso sobre as decisões administrativas.
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No modelo Europeu Continental usa-se mais a expressão “Science administrative” e
verifica-se que os modelos andam associados à criação e ao desenvolvimento do Estado-Nação,
saído do tratado de Vestefália (assinatura de acordos) todo o Estado possui um território e
nenhum pode interferir nos assuntos internos do outro – são os seus princípios básicos.
Nos meados do século XIX, os fundadores da administração pública americana
conheciam outros modelos, mas não quiseram imitá-los. Os americanos desconfiavam do
organicismo social, do colectivismo que militava abertamente contra o individualismo.
Reconheciam as duas diferentes tradições intelectuais – individualismo americano e o
organicismo europeu continenta.
Os americanos encaram a liberdade individual como a razão principal da organização
política. A ideia dos autores norte-americanos é que os EUA, em matéria de ciência política, são
mais fazedores que teorizadores do Estado.
2.2 O modelo Anglo-saxónico caracteriza-se pela inexistência do privilégio de execução
prévia. Os agentes não podem impor as suas decisões aos cidadãos, sem prévia autorização
judicial;
O vínculo contratual é regido pela lei geral dos contratos e portanto permanecem em
funções, apenas, enquanto demonstrar mérito e competência, significando que os funcionários
não têm nenhuma estabilidade nem segurança e pela inexistência de tribunais administrativos.
O Estado é a força central O Estado possui um papel menos dominante com menor dimensão.
integradora de toda a Usa-se menos o termo “state” e mais “government”.
O que é o sociedade. A
Estado? Administração Pública O Estado reflecte a Administração.
reflecte e é instrumento da
acção do Estado.
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Visão Preparação, promulgação A lei é um elemento importante do “governo” mas os seus
(publicação) e aplicação da procedimentos e perspetivas são menos dominantes do que no Europeu.
lei.
Valores Hierarquia, obediência, Ao “governo” compete obter o consenso ou a aceitação geral das
respeito pelas leis como medidas destinadas ao serviço e ao interesse público ou geral,
força socialmente nacional. A justiça, o pragmatismo e a flexibilidade são os valores
necessária e integradora, cruciais, acima da capacidade legal.
equidade, no limite
igualdade perante a lei.
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mudança tecnológica, ameaças ambientais. O papel da democracia representativa ao nível,
central, regional e local como elementos que legitimam o aparelho do Estado. O direito
administrativo devidamente modernizado para assegurar a relação justa entre o Estado e os
cidadãos e o escrutínio das acções do Estado e dos seus agentes pela sociedade.
Actividade:
1. Lido o texto acima, certamente percebeu o valor de cada um dos modelos. Num
quadro apresenta os aspectos convergentes e divergentes dos referidos modelos.
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Houve necessidade de empreender transformações nos métodos de trabalho e de
estruturação do aparelho do estado, por forma a criar novos esquemas mentais e regras de
funcionamento.
A administração pública devia ser um instrumento para a destruição dos vestígios do
colonialismo e do imperialismo, para a eliminação do sistema de exploração do homem pelo
homem e para a edificação da base política, material, ideológica, cultural e social da nova
sociedade.
Para tal foi aprovado o primeiro dispositivo para organizar Administração Pública, o
decreto 1/75 de 27 de Julho, que define as principais funções e tarefas do Aparelho de Estado
Central.
Com base no centralismo democrático, os órgãos Centrais do Aparelho do Estado
deveriam aplicar os princípios de:
⮚ Unidade e concentração da direcção política, económica, técnica e administrativa;
⮚ Desenvolvimento, protecção e plena utilização da propriedade estatal;
⮚ Observância permanente da legalidade;
⮚ Participação nas tarefas de defesa, segurança e vigilância popular;
⮚ Participação organizada das massas, nas tarefas estatais.
Com a proclamação da independência nacional em Moçambique a Administração Pública
associou-se ao modelo socialista, para suprir a necessidade da máquina administrativa. Com a
escassez de mão-de-obra qualificada foram recrutados muitos moçambicanos para integrarem o
Aparelho do Estado, outros para gerirem empresas que haviam sido abandonadas pelos
respectivos proprietários.
A constituição de 1990 trouxe modificações na Administração pública, porque foi nesse
período em que o sistema de economia centralmente planificada conheceu novos cenários,
marcados por pluralismo político e da economia do mercado, em Moçambique.
Depois das primeiras eleições em 1994, o Governo vencedor iniciou o processo de
reconstrução nacional, face as consequências trazidas pela guerra civil que durou dezasseis anos.
Há uma mudança política significativa na democratização em Moçambique, originando a
implantação de um Estado de Direito.
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Nos termos da constituição de 2004, a administração pública estrutura-se com base no
princípio da descentralização e desconcentração, promovendo a modernização e a eficiência dos
serviços.
A administração pública promove a simplificação dos procedimentos administrativos e a
aproximação dos serviços públicos aos cidadãos, artigo 250 da Constituição da República de
Moçambique, conjugado com o decreto 30/2001 de 15 de Outubro, que aprova as normas de
funcionamento dos serviços da administração Pública, estabelecendo os princípios de actuação
da administração pública: princípio da legalidade, da prossecução do interesse público e
protecção dos direitos e interesses dos cidadãos.
Actividade:
1. Descreva as fases da evolução da administração pública moçambicana.
2. Em função da abordagem, sobre os modelos da administração pública, descreva o
modelo da administração pública moçamicana, exemplificando.
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