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Lição 16

BIOSSEGURANÇA

OBJETIVOS

Proporcionar aos participantes conhecimentos e habilidades que os capacitem a:


1. Definir o termo “doenças infecto-contagiosas”;
2. Indicar os principais meios de transmissão de uma doença infecto-contagiosa
na atividade de resgate;
3. Enumerar as precauções padrão de biossegurança no atendimento de uma
vítima;
4. Indicar as medidas a serem adotadas pós-exposição a uma doença infecto-
contagiosa;
5. Efetuar a desinfecção de materiais e equipamentos de uma Unidade de
Resgate;
6. Executar a descontaminação do interior de uma Unidade de Resgate.
DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS

São enfermidades causadas por microorganismos (bactérias, vírus ou parasitas)


que são transmitidas à outra pessoa através da água, alimentos, ar, sangue,
fezes, fluidos corporais (saliva, muco ou vômito) ou ainda, pela picada de insetos
transmissores de doenças.

DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS MAIS COMUNS:

1. Hepatite B; 6. Dengue;
2. Hepatite C; 7. Malária;
3. (SIDA), infecção por HIV; 8. Meningite;
4. Tuberculose; 9. Febre tifóide;
5. Cólera; 10. Sarampo.

PRINCIPAIS MEIOS DE CONTÁGIO DAS DOENÇAS INFECTO-


CONTAGIOSAS NA ATIVIDADE DE RESGATE:

1. Contaminação das mãos do socorrista no contato direto com rádio de


comunicação, maçanetas, alça de sacola de PS, puxadores de portas, macas
e pêra de esfigmomanômetro, contaminados;
2. Exposição direta dos olhos, boca e mãos do socorrista às secreções
eliminadas pela vítima;
3. Inalação de vírus e bactérias no ambiente onde a vítima se encontra;
4. Acidente com agulhas contaminadas no interior de viatura (USA – UR);
5. Inobservância de normas de biossegurança durante o próprio processo de
descontaminação dos materiais.
SINAIS E SINTOMAS:

Dependem do tipo de enfermidade. Algumas vítimas de doenças infecto-


contagiosas não apresentam sinais ou sintomas evidentes ou observáveis. De
qualquer forma, procure atendimento médico se um ou mais sinais e sintomas
abaixo relacionados, forem observados após atendimento de ocorrência de
resgate:
1. Febre;
2. Sudorese;
3. Vômitos, náuseas, diarréia;
4. Alteração de coloração na pele;
5. Cefaléia (dor de cabeça);
6. Tosse e dificuldade respiratória;
7. Mal estar geral.

PROGRAMA DE VACINAÇÃO INDICADO PARA OS INTEGRANTES


DAS GUARNIÇÕES DE RESGATE DO CB

1. Hepatite B – 3 doses com intervalos (0 – 30 dias e 180 dias); fazer teste de


antígenos a cada 5 anos;
2. SRC – (sarampo, rubéola e caxumba) – dose única;
3. Febre amarela – dose única – validade 10 anos;
4. Dupla tetânica – 3 doses;
5. Febre tifóide – dose única.

Informe-se ou procure diretamente o Posto de Saúde de seu município.


BIOSSEGURANÇA

Conjunto de medidas tomadas para evitar contaminação e transmissão de


infecções.

ARTIGOS

Compreendem instrumentos de natureza diversa (tesouras, cânulas orofaríngeas,


pranchas curtas, etc.). São classificados quanto ao potencial de transmissão de
infecção para o paciente, em: críticos, semicríticos e não críticos.

1. ARTIGOS CRÍTICOS:

São instrumentos ou objetos utilizados em intervenções invasivas, que irão


penetrar nos tecidos epiteliais, sistema vascular e em outros órgãos isentos de
flora microbiana própria. Estes materiais devem ser esterilizados.

2. ARTIGOS SEMICRÍTICOS:

São todos os artigos ou objetos que entram em contato com mucosa integra.
Estes materiais devem ser desinfetados.

3. ARTIGOS NÃO CRÍTICOS:

São todos os artigos ou objetos que entram em contato com a pele integra e os
que não entram em contato com o paciente. Estes artigos devem ser limpos.
Entretanto, se houver suspeita ou confirmação por agentes infecciosos
transmissíveis, deve ser submetida á desinfecção.
PROCESSAMENTO DE MATERIAIS

1. DESCONTAMINAÇÃO PRÉVIA:

Procedimento usado em artigos contaminados por matéria orgânica (sangue, pus,


secreções corpóreas) para a destruição de microorganismos patogênicos de
formas vegetativas (não esporuladas), antes de iniciar o processo de limpeza.
Tem o objetivo de proteger as pessoas que irão proceder à limpeza desses
artigos.
Processo químico: imersão do artigo em solução aquosa de hipoclorito de sódio
a 0,5 % por 10 minutos.
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2. LIMPEZA:

Consiste na lavagem, enxágüe e secagem do material.


Tendo por objetivo remover totalmente a matéria orgânica dos artigos, com
utilização de soluções como detergentes enzimáticos, detergentes químicos ou
desincrostantes.
É o processo final no caso de itens não críticos.
Para este procedimento são utilizadas água, detergente enzimático, detergente
químicos ou desincrostante.
Manual: utilizando escovas, estiletes, arames, etc.
Mecânica: com auxílio de equipamentos tais como lavador ultra-som de baixa
freqüência, lavadora de luvas e outros.
3. DESINFECÇÃO:

É o processo de destruição de microorganismos patogênicos ou não, na forma


vegetativa (não esporulada), de artigos considerados semicríticos, com o objetivo
de evitar que a próxima pessoa ao utilizar o material seja contaminada,
oferecendo segurança ao usuário.
O artigo deve estar totalmente seco.
Para este procedimento são utilizadas soluções de hipoclorito de sódio a 0,5%,
glutaraldeido a 2 % ou álcool etílico a 70%.
Processo químico: Deixar o material imerso em um balde escuro e com tampa
com hipoclorito a 0,5% por 30 minutos (para cada um litro de água coloque um
litro de hipoclorito de sódio 1%);
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4. ESTERILIZAÇÃO:

É o procedimento utilizado para a destruição de todas as formas de vida


microbiana, isto é, bactérias, fungos, vírus e esporos, e artigos classificados como
crítico, com o objetivo de evitar que os usuários sejam contaminados quando
submetidos a tratamentos que exijam o uso desses artigos.
Processo físico: vapor saturado sob pressão com utilização de autoclave.
Processo químico: imersão total do artigo em produto químico do grupo dos
aldeídos (glutaraldeido ou formaldeído) por 10 horas.
Processo físico-químico: óxido de etileno.
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ARTIGOS QUE PODEM SER SUBMETIDOS A DETERMINADOS
PRODUTOS

PRODUTOS INDICADO CONTRA-INDICADO


- Vidros; - Acrílico;
- Superfícies externas de - Borrachas;
ÁLCOOL ETÍLICO equipamentos metálicos; - Tubos plásticos;
A 70% - Macas e colchões. - Pintura da prancha
longa.

- Frasco de aspiração;
- Ressuscitador manual;
- Cânula orofaríngea; - Não é indicado para
GLUTARALDEÍDO - Luva de borracha; desinfecção de superfícies
- Tesoura.

- Colar cervical;
- Sistema de aspiração;
- Sistema de oxigenação;
- Máscara de bolso (Pocket
Mask);
- Cânula orofaríngea; - Em mármore e metais,
HIPOCLORITO - Tala inflável; devido à ação
- Prancha longa; corrosiva.
- Prancha curta;
- Colete imobilizador dorsal;
- Tala aramada moldável.
PRECAUÇÕES PADRÃO DE BIOSSEGURANÇA

CUIDADOS AO ABORDAR A VÍTIMA

1. SEGURANÇA DO SOCORRISTA

Procedimentos operacionais:
1.1. Lavar as mãos antes e após qualquer contato com a vítima;
1.2. Utilizar sempre equipamento de proteção individual:
1.2.1. Óculos de proteção;
1.2.2. Luvas de procedimento;
1.2.3. Máscara descartável;
1.2.4. Evitar contato direto com fluidos corpóreos e secreções (sangue
urina, fezes, vômito, esperma, secreções vaginais, saliva).

UTILIZAR SEMPRE QUE NECESSÁRIO AVENTAL DESCARTÁVEL.

2. SEGURANÇA DA VÍTIMA

Procedimentos operacionais:
2.1. Lavar as mãos antes e após qualquer contato com a vítima;
2.2. Trocar as luvas de procedimentos antes de examinar outra vítima;
2.3. Descontaminar todo material antes de utilizar na próxima vítima;
2.4. Utilizar preferencialmente material estéril para curativo (compressas
ou plásticos estéreis) em casos de feridas abertas.
ATENÇÃO

 É de responsabilidade de todos os socorristas limitar a possibilidade de


infecção cruzada entre as vítimas.
 No local da ocorrência recolher todo o material utilizado para o atendimento
à vítima.
 Considerar toda vítima como provável fonte de transmissão de doença
infecto-contagiosa.
 Trocar o uniforme, quando houver exposição direta com secreções da
vítima.

NÃO EXISTE RAZÃO QUE JUSTIFIQUE O ESQUECIMENTO DAS


PRECAUÇÕES PADRÃO DE BIOSSEGURANÇA.

LIMPEZA E DESINFECÇÃO DA VIATURA

Procedimentos Operacionais:
1. Manter na viatura os materiais necessários à limpeza e desinfecção conforme
relação padrão.
2. Utilizar EPI sempre, especialmente, calçar luvas de borracha antes de iniciar o
procedimento.
3. Remover todos os materiais permanentes, inclusive maca e cilindro portátil de
oxigênio, utilizados de dentro da viatura para limpeza no hospital ou, caso não
seja possível, em área apropriada do quartel.
4. Desprezar gazes, ataduras úmidas e contaminadas com sangue e/ou outros
líquidos em saco plástico branco, descartando-o no lixo do hospital.
5. Desprezar as secreções do frasco de aspiração no expurgo do hospital
6. Procurar com cuidado material pérfuro-cortantes (agulhas, bisturis)
eventualmente utilizado pela equipe do suporte avançado e desprezar em
recipiente apropriado (caixa de material perfuro-cortante).
7. Aplicar por 10 minutos organoclorado em pó ou hipoclorito de sódio a 1% sobre
sangue e outros fluidos corpóreos (vômito, urina) e após retirar com papel
toalha.
8. Limpar todas as superfícies com água e sabão, removendo com água limpa.
9. Realizar desinfecção com hipoclorito de sódio a 0,5% ou álcool a 70% para
descontaminação final.

ATENÇÃO

 Manter a ventilação do compartimento o maior tempo possível.


 Lavar interna e externamente os umidificadores de oxigênio pelo menos 1 vez
ao dia, preferencialmente após cada utilização ou atendimento.
 Não passar álcool nas superfícies de acrílico.
 Não utilizar hipoclorito em superfícies metálicas
 Semanalmente deve-se realizar uma limpeza e descontaminação mais ampla
(limpeza terminal), isto é, retirar todo o material da viatura e realizar a limpeza
do teto, paredes, armários (interior e exterior), chão, enfim de todas as
superfícies.
 Não descartar material contaminado em lixo comum.
 Em caso de vítimas com doenças infecto-contagiosas (ex. tuberculose e
meningite), deve-se realizar imediatamente após o atendimento, a limpeza
terminal.
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DESCONTAMINAÇÃO DE MATERIAIS

Procedimentos operacionais:
1. Descontaminar prancha longa, prancha curta, colete imobilizador, maca,
colchonete da maca, cobertor térmico, tala aramada moldável, tala e prancha a
vácuo:
1.1. Passar hipoclorito de sódio 1% nos locais onde existir sangue e
secreções, deixar por dez minutos;
1.2. Lavar o material com água e sabão;
1.3. Deixar o material secar;
1.4. Recolocar todo o material na viatura.
2. Descontaminar colar cervical, sistema de aspiração, ambu, máscara, chicote
de oxigênio, tecido do manguito do esfigmomanômetro, tala inflável:
2.1. Deixar o material imerso em um balde escuro e com tampa com
hipoclorito a 0,5% por 30 minutos (para cada um litro de água coloque um
litro de hipoclorito de sódio 1%);
2.2. Após esse tempo, lavar o material com sabão e água corrente;
2.3. Deixar o material secar;
2.4. Recolocar material na viatura.

ATENÇÃO

 Manter fechado o balde com diluição de hipoclorito.


 Trocar a solução de hipoclorito a 0,5% a cada 24 horas.
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CONDUTA PÓS-EXPOSIÇÃO À DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS
1. CUIDADOS LOCAIS IMEDIATOS

Procedimentos operacionais:
1.1. Lavar prontamente a lesão com água corrente e sabão;
1.2. Aplicar solução anti-séptica (álcool 70%, PVPI ou biguanida).
2. NOTIFICAÇÃO

Procedimentos operacionais:
2.1. Notificar imediatamente ao Comandante de Posto de Bombeiros e à
Seção de Resgate do Departamento de Operações;
2.2. Obter informações complementares sobre a fonte de contaminação;
2.3. O Comandante de Posto de Bombeiros deverá investigar o ocorrido e
providenciar o Procedimento Técnico de Análise de Conduta Operacional
(PROTACO).

3. APRESENTAÇÃO À UNIDADE INTEGRADA DE SAÚDE DO CORPO


DE BOMBEIROS (UIS/CB)

Procedimentos operacionais:
3.1. Apresentar o bombeiro a UIS/CB imediatamente ou, na impossibilidade,
ao hospital de maior referência da região;
3.2. Proceder à orientação, coleta de material e profilaxia, se necessária.

4. ESTUDO DE CASO

Discutir o caso em reunião da Comissão de Resgate.


EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS E BIOSSEGURANÇA

1. O que é uma doença infecto-contagiosa?


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2. Cite os principais meios de transmissão de uma doença infecto-contagiosa na


atividade de resgate:
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3. Enumere as precauções universais no atendimento de uma vítima.


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4. Indique quatro itens a serem observados na desinfecção da viatura de resgate.
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5. Cite os métodos utilizados no processamento de materiais e equipamentos da


viatura de resgate.
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6. Descreva a conduta do socorrista ao ser exposto em ocorrência a doenças


infecto-contagiosa através de material perfuro-cortante:
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