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ESBOÇO DE INTERPRETAÇÃO 1
RESUMO: O artigo é estudo preliminar sobre questões da educação contemporânea sob o ponto de vista filosófico,
histórico e social. Evidencia que a História da Educação além de ter como objeto de estudo a análise da prática
pedagógica das escolas e professores deverá elaborar, também, sínteses compreensivas provisórias que, por meio da
reflexão, pensem o futuro da educação.
Palavras-chave: Filosofia e História da Educação; Formação do ser humano; Educação multilateral; Processo de
conscientização; Emancipação humana.
RÉSUMÉ: L’article est étude préliminaire sur sujets de l’éducation contemporaine sous le point de vue philosophique,
historique et social. Il évidences que l’Histoire de l’Éducation plutôt avoir comme étude l’analyse de la pratique
pédagogique d’écoles et professeurs devra, aussi, élaborer des synthèses compréhensives temporaires qui, par la
réflexion, pensez l’Éducation du futur.
Mots-clef: Philosophie et histoire de l’éducation; La formation de l’être humain; Éducation multilatérale; Processus
compréhensif; Émancipation humaine.
“A destruição do passado _ ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das
gerações passadas _ é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX.” (Hobsbawm,
Eric J., Era dos Extremos, 1995: 13).
O conceituado historiador Eric J. Hobsbawm, no início de a Era dos Extremos, lamenta o fato de os jovens
de hoje, em sua grande maioria, crescerem “numa espécie de presente contínuo sem qualquer relação orgânica com
o passado público da época em que vivem”. Daí, Hobsbawm afirmar a importância de o historiador ser alguém
encarregado de “lembrar o que os outros esquecem”. O historiador seria o intelectual da memória, encarregado de
registrar e resgatar os fatos importantes ocorridos em determinado espaço sócio-temporal e, assim, possibilitar a leitura
criteriosa dos acontecimentos e eventos livre de anacronismos e mistificações.
O historiador inglês evidencia, por exemplo, como no “breve século XX”, demarcado entre 1914 e 1991, isto é,
entre a eclosão da 1.ª Guerra Mundial e o fim da União Soviética, “apesar das megamortes” ocorridas nas duas grandes
guerras, que, na década de 1990, “a maioria das pessoas era mais alta e pesada que seus pais, mais bem alimentada e
muito mais longeva, embora, talvez, as catástrofes das décadas de 1980 e 1990 na África, na América Latina e na ex-
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) tornem difícil acreditar nisso”. Não fora assim, argumenta Hobsbawm,
não se teria conseguido alimentar uma população global muitas vezes maior que a existente no início do século
XX. Chegou-se a pensar, durante algumas décadas, nos meados do século XX, que aconteceria a distribuição mais
justa da riqueza produzida pelos trabalhadores nos países de capitalismo desenvolvido (como os Estados Unidos da
1 Este artigo publicado primeiramente no livro História da Educação, São Paulo: Avercamp, 2006, foi alterado para publicação em Ciência Geográfica,
Bauru (SP): AGB, Seção Bauru, em 2012.
2 Professor Assistente Doutor aposentado do Departamento de Educação da Faculdade de Ciências (FC) da UNESP, Câmpus de Bauru (SP). Ex-Di-
retor da FC/Bauru no período de 1997 a 2001 e Docente de seu Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência e do Curso de Pedagogia.
Docente aposentado da FFC do Câmpus de Marília (UNESP). Membro da Diretoria Executiva da Associação dos Geógrafos Brasileiros, Seção Bauru.
E-mail: jmisael.vale@terra.com.br.
anômica não sentiram o peso dos valores tradicionais a priorização de valores como mercado e lucro, a
vividos pelas pessoas de idade. O clima de “pós- emergência da economia de escala, altamente competitiva
modernidade” coloca por terra todas as “verdades” e tecnológica, centrada na lógica de circulação da
e todos “os valores arcaicos”. O passado perde o seu mercadoria, baseada na quantidade e qualidade da
espaço no presente. O presente basta-se a si mesmo. A produção, encorajou o individualismo econômico
insegurança permeia a trama de relações sociais e, mais despreocupado com as conseqüências sociais de sua
do que nunca, o “ser humano passa a desconfiar do ação racional, direcionada para fins estritamente de
ser humano”. Não há regras confiáveis. Nada é sólido, domínio econômico e político. Compreende-se porque
“tudo se desmancha no ar”. A burguesia age, agora, no a primeira ministra britânica Margareth Thatcher dizia
plano global e o capital se move em função de interesses alto e bom som: “Não há sociedade, só indivíduos”. E,
internacionais. A privatização torna-se a palavra de ordem ao indivíduo ou agente econômico, toda a liberdade
no processo de desmonte do Estado liberal tradicional. de ação. A liberdade dos agentes econômicos passa a
A par do processo de tornar o Estado liberal, um Estado ser “a medida de todas as coisas”. A iniciativa privada
mínimo, sem ligações diretas com iniciativas econômicas, é a única via para o desenvolvimento contínuo da
a iniciativa privada, após a queda do muro de Berlim, sociedade. Todos os valores se reduzem, pois, a um
acentuou o processo de adequação organizacional da único denominador comum, “a liberdade” dos agentes
empresa capitalista, ao mesmo tempo que aproveitava a econômicos individuais que não devem e não podem ser
ocasião, para dispensar grande número de trabalhadores, coagidos por regulamentações, normas e determinações
tornando frágeis as respectivas entidades representativas. de um Estado burocrático, coercitivo, considerado
A vitória política da chamada “direita”, com a derrocada perdulário, inchado e corrupto e que, mesmo assim,
interna da União Soviética, deu ao mundo ocidental mantém o poder político burguês, embora não favoreça,
capitalista a oportunidade de reforçar, ainda mais, a como deveria, a acumulação do capital. A reforma do
sua hegemonia e confirmar a sua supremacia. O Estado Estado é, portanto, crucial para os interesses do capital
neoliberal, militar, aliado ao capitalismo financeiro e ao internacional preocupado em derrubar as barreiras
grande empresariado industrial, será intervencionista, alfandegárias (dos Estados dependentes), esmaecer os
corporativista, “privatista”, reformista e cosmopolita. O limites territoriais (dos Estados subordinados), destruir
imperialismo econômico, financeiro e político divide o as regulamentações de proteção à produção nacional
mundo entre o norte rico e industrializado e o sul pobre (dos Estados em desenvolvimento), questionar, enfim,
e dependente, como alertara, em artigo esclarecedor, o toda e qualquer barreira à economia de mercado. Esta
pedagogo Mário A. Manacorda. política de liberação dos espaços sociais ao capital
Como sempre, os pobres serão as vítimas de um internacional acentua a desigualdade econômica, social
mundo que solapa constantemente as relações sociais e política porque no ponto de partida não há igualdade
estáveis e fundamentais. Contando apenas como a sua força de oportunidades em decorrência de níveis diferentes de
de trabalho e com reduzida capacidade de se aprimorar desenvolvimento econômico entre regiões e nações.
educacional e culturalmente num mundo altamente Analisar a Educação Contemporânea Ocidental
competitivo, as camadas populares se transformam em equivale a evidenciar a evolução da prática social no
presa fácil do capital agora aliado à inovação tecnológica interior de “uma civilização capitalista em termos de
geradora de “mais valia relativa”. Em tal circunstância economia; liberal na estrutura legal e constitucional;
fica fácil transformar a vítima em réu. O trabalhador se burguesa na imagem de sua classe hegemônica
torna responsável pelo seu desemprego. O não educado, característica; exultante com o avanço da ciência, do
não treinado, não “reciclado”, não instruído fica, agora, conhecimento e da educação e, também, com o progresso
a mercê do mundo industrializado especializado que o material...” (1995:16).
descarta como incapaz. A educação agora será acionada O “longo século XIX”, de 1789 a 1914, segundo o
como diferencial num mundo regido por leis econômicas historiador Hobsbawm, construira a hegemonia burguesa
impostas por uma classe dominante sem pruridos morais. com o advento da Revolução Francesa, amortecida,
O trabalhador será uma peça descartável no interior da historicamente, pela Revolução Industrial inglesa de
prática econômica capitalista. A insegurança se instala no caráter, também liberal, nitidamente imperial colonialista.
coração do trabalhador. Nesse período dilatado, a burguesia revolucionária em
Os laços familiares embora tensos durante todo sua origem, dominou econômica e politicamente o
o século XX serviam, pelo menos até a década de 1960, cenário mundial conquistando o poder, “o coração e as
para congregar os esforços da constelação familiar mentes” da Europa e do mundo até então conhecido,
para a sobrevivência econômica, uma vez que a rede ao expandir a ideologia liberal-burguesa. Na ilha
de parentesco, os laços comunitários, as relações de (Grã-Bretanha) o capitalismo industrial, contraponto
vizinhança se constituíam em oportunidade de apoio econômico da revolução política do continente, inaugura
material e espiritual diante de um mundo em constante a “era do capital” (1848-1875) criando as bases materiais
mudança, mas sem a velocidade própria dos tempos e militares para a expansão colonial inglesa, tão vasta
neoliberais atuais. A expansão do neoliberalismo, com que nela “o sol nunca se escondia” em decorrência de
sua extensão, ao abarcar, sob tutela do Reino Unido, o e aço do que a Inglaterra e a França juntas” (1971: 832). A
ocidente e o oriente. constatação “era de que os produtos alemães desalojavam
Com a Primeira Grande Guerra, em 1914, o mapa os congêneres ingleses de quase todos os mercados da
geopolítico do mundo começa a alterar. As pessoas do Europa continental bem como do Extremo Oriente e
século XIX que adentraram ao século XX sentiram forte da própria Inglaterra”. Talheres de origem alemã eram
impacto quando os valores e as instituições criadas pelo vendidos até em Sheffield, “o maior centro de cutelaria
liberalismo tradicional, tanto inglês como francês, foram inglesa, e lápis fabricados na Baviera eram encontrados
questionados e postos ao chão. Os valores longamente nas mesas da Câmara dos Comuns”, escreve Burns. E o
elaborados, como respeito a uma constituição, a pior, o império dos kaisers tinha começado a desafiar
desconfiança em relação aos governos ditatoriais ou a supremacia naval britânica com reflexos diretos no
absolutos, o domínio da lei, a observância dos direitos domínio estratégico dos mares.
individuais, a liberdade de expressão, publicação e A competição econômica com a França não era
associação, a prevalência da razão no debate político, menor. Os franceses estavam alarmados com a expansão
a educação pública, gratuita, laica e democrática, a industrial alemã. Em 1870, por ocasião da Guerra
organização e aplicação da justiça, a necessidade da franco-prussiana, a França perdera para a Alemanha as
saúde pública, etc. foram, de repente, contestados e províncias da Alsácia e da Lorena, ricas em depósitos
postos abaixo pela intransigência e incompreensão de de ferro e carvão. A derrota militar e a anexação das
Estados movidos por interesses políticos e econômicos províncias francesas contribuíram para o crescimento
nem sempre explícitos. A Primeira Grande Guerra pôs industrial da Alemanha fomentando, entre os franceses, o
fim à “gloriosa era da ciência, democracia e reforma nacionalismo e o movimento de revanche. O nacionalismo
social” afirma o historiador Edward McNall Burns, em a francês tomou um rumo perigoso após a derrota sofrida
História da Civilização Ocidental (1971:831). O período em 1870. Havia na França o desejo de vingar a derrota
compreendido entre 1830 e 1914, segundo Burns, ao sofrida na guerra franco-prussiana. Na imprensa e nos
mesmo tempo que significou progresso político, social bancos escolares era servida uma iguaria explosiva,
e intelectual foi, também, a época do imperialismo. Em a necessidade de revanche, idéia combatida pelos
outras palavras, a contradição estava presente na então socialistas e muitos líderes liberais, embora Raymond
prática social. Leiamos o texto abaixo. Poincaré, conhecido político da época, dissesse “não ver
razão para que a sua geração continuasse a viver, a não
“A despeito dos notáveis avanços no campo ser a de reaver as províncias perdidas da Alsácia e da
da ciência e da educação, superstições cruéis e Lorena” (1971:837).
insensatas continuaram a medrar onde menos seria O nacionalismo foi fruto da Revolução Francesa
de se esperar. O nacionalismo agressivo e belicoso que atingiu força no final do século XIX e começo
alastrou-se como uma peste. Líderes intelectuais do século XX. O nacionalismo, no decorrer de sua
da França, inclusive o romancista Zola, instigaram história, passou a assumir formas perigosas. Na França,
um ódio apaixonado contra a Alemanha. Do outro o nacionalismo adquiriu “a cara da desforra” através
lado do Reno, poetas e professores divinizavam do “movimento de revanche”. Na Alemanha cresceu
o espírito alemão e cultivavam um arrogante o movimento “pangermânico”. O plano da Grande
desprezo pelos eslavos. Ensinava-se aos ingleses Sérvia se articulou como o movimento “pan-eslavo” na
que eles eram o povo mais civilizado da terra e Rússia. O assassinato do herdeiro do trono austríaco,
que o seu direito de estabelecer “o domínio sobre Arquiduque Francisco Fernando, em 28 de junho de
palmeiras e pinheiros” provinha de uma autoridade 1914, na cidade de Saravejo, foi apenas o estopim de
nada menos que divina. Diante disso, não parecerá interesses conflitantes. A guerra, então iniciada, tomou
talvez estranho que os Jovens Turcos, educados proporções gigantescas quando uma contenda local
nas universidades da Europa Ocidental, tivessem, entre a Áustria e a Sérvia adquiriu dimensões globais
de volta à sua pátria, massacrado o “gado cristão” por meio do sistema de alianças. A Rússia interveio a
do sultão na Macedônia.”(Burns, 1971,831) favor da Sérvia. Imediatamente a Alemanha se sentiu no
dever de ajudar a Áustria. Em seguida a França entra
A Primeira Guerra Mundial evidenciou como os no conflito contando com o apoio da Inglaterra contra
conflitos radicais entre as nações resultaram de causas a Alemanha. Rapidamente o conflito toma dimensão
econômicas, sociais, políticas e culturais (dentre as mundial. Com o desfecho da Primeira Guerra Mundial a
quais cumpre ressaltar o papel da educação). Assim, por Alemanha entrega a Alsácia-Lorena à França. O Tratado
volta de 1870, a rivalidade industrial e comercial entre de Versalhes penalizará fortemente a Alemanha e seus
a Alemanha e a Inglaterra era enorme, particularmente aliados, a Áustria, a Hungria, a Bulgária e a Turquia. No
após a fundação do império alemão em 1871, quando futuro a Alemanha tentará, a partir de 1937, a revanche
os alemães produziram um desenvolvimento econômico sob a égide do nacional-socialismo o qual, de certa
“pouco menos que milagroso”. Burns afirma, inclusive, forma, recuperará os alvos da Liga Pangermânica fundada
que em 1914 a Alemanha estava produzindo “mais ferro por volta de 1895 com a proposta de expansão alemã e
incorporação de todos os povos teutônicos da Europa expandiu por outros países da Europa. Contribuiu para
Central. Os limites do império alemão “seriam estendidos por fim à Renascença. Foi resultado do individualismo
até abranger a Dinamarca, a Holanda, o Luxemburgo, a religioso, do nacionalismo, da tecnologia (tipográfica), do
Suíça, a Áustria e a Polônia, até Varsóvia” (1971: 837). mercantilismo e da revolução comercial que subverteram
Embora a Liga Pangermânica fizesse muito ruído na a economia estática das corporações medievais gerando
época, dificilmente poderia alimentar a pretensão de um regime dinâmico de operações mercadológicas
representar a nação alemã. Segundo Burns, em 1912, dirigidas para fins lucrativos. Nesse período de
a Liga não contava com mais de 17.000 membros. A capitalismo incipiente surgiram governos absolutos e
radicalidade da Liga não era bem recebida. Contudo, estados nacionais em substituição ao regime feudal
o seu programa de ação refletia uma cultura latente no descentralizado da Idade Média. No âmbito estritamente
povo alemão expressa, por exemplo, na filosofia, sobre religioso, a Revolução Protestante ao privilegiar o “livre
a superioridade espiritual e cultural do povo alemão. Os exame” das escrituras sagradas, portanto, a leitura livre
conceitos de arianismo e supremacia do povo nórdico dos textos bíblicos, valorizou o ensino da leitura e da
marcaram a idéia de predestinação do povo alemão que, escrita pondo em marcha uma “cultura grafocêntrica”
na década de 1930, exigiria, através de líder carismático, centrada no domínio de um código lingüístico e da
“um lugar ao sol” para a nação alemã. Filósofos como mensagem. Não é sem razão que Lutero providenciou
Heinrich von Treitschke criaram uma cultura que a tradução da Bíblia para a língua alemã e a partir de
divinizava o Estado como expressão do poder necessário então surgiria a preocupação pedagógica com o processo
para fazer valer a política nacional-socialista dura, essencialmente escolar, sistemático de aprendizagem da
centrada na crença no direito de a Alemanha exercer o leitura e da escrita. A alfabetização, doravante, passa a
domínio de boa parte da Europa. O futuro viria mostrar fazer parte das preocupações dos educadores modernos
que o crescimento do estado alemão nacional-socialista, e contemporâneos interessados em identificar o melhor
após 1933, seria inseparável de uma visão autoritária de método para dotar o aluno dessa mediação simbólica
educação, política, economia e cultura. importante que permite às novas gerações entrarem
Verifica-se que a Europa é, no início do “breve em contato com a cultura erudita, chamada letrada,
século XX”, o coração do mundo, centro da cultura, produzida pelo ser humano ao longo de sua trajetória
da ciência, da educação, da economia, da arte, mas histórica e cujo exemplo mais notório seria a Bíblia. A
é, ao mesmo tempo, o espaço da guerra, o local das apropriação desse instrumento social, a leitura e a escrita,
“megamortes”, como dizia Hobsbawm, com mais de vem desde então sendo objeto de estudos e pesquisas a
20 milhões de vítimas na Primeira Guerra e mais de 50 começar pelas preocupações de Comenius voltadas para
milhões na Segunda (1939-1945). “ensinar tudo a todos”, através de uma Didática Magna.
Com o fim da Primeira Grande Guerra alterações Burns diz,
políticas, sociais, econômicas e culturais importantes
mudaram o panorama do mundo. Novas realidades “A Renascença, com seu interesse absorvente
tornam corpo e novos problemas se apresentam à pelos clássicos, tivera o infeliz resultado de
humanidade. Um novo mundo, mais complexo, exigirá perturbar o currículo das escolas, dando exagerada
a formação de um ser humano mais preparado, mais importância ao grego e ao latim e restringindo a
culto, mais crítico, mais sintonizado com os problemas educação à aristocracia. Os luteranos, os calvinistas
sociais, políticos, culturais e ambientais. A Educação será e os jesuítas mudaram tudo isso. Desejosos de
acionada como prática social capaz de criar as condições propagar as suas respectivas doutrinas, fundaram
materiais e espirituais necessárias para enfrentar o desafio escolas para as massas, nas quais até o filho do
contemporâneo de atender, com qualidade, enormes sapateiro ou do camponês podia aprender a ler a
contingentes das camadas populares em ambientes Bíblia e os opúsculos teológicos. Estudos práticos
escolares preocupados com o conhecimento humano em foram muitas vezes introduzidos em lugar do
suas diferentes manifestações. grego e do latim, e é significativo que algumas
dessas escolas tenham por fim aberto suas portas
A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA E SUAS RAÍZES à nova ciência.” (1971: 482)
HISTÓRICO-SOCIAIS
Vale lembrar, também, que a Companhia de Jesus
Para entender a educação contemporânea é foi, sem comparação, a mais batalhadora das ordens
preciso compreender o papel central da revolução religiosas católicas inspiradas pelo zelo espiritual do
política ocorrida na França no período de 1789 a 1799 e, século XVI que, dialeticamente, se opôs à Revolução
antes da Revolução Francesa, o impacto da Revolução Protestante.
Protestante e da Contra-Reforma no panorama cultural
e educacional da humanidade. “Não era uma simples sociedade monástica,
A Revolução Protestante, que muitos a chamam mas um regimento de soldados que havia jurado
de a Reforma, iniciou-se na Alemanha, em 1517, e se defender a fé. Como armas, não tinham balas nem
lanças, mas a eloqüência, a persuasão, a instrução Social de Rousseau e da onda revolucionária que invadia
nas verdadeiras doutrinas e, se necessário, a a sociedade civil francesa no sentido de operar uma
espionagem e a intriga. (...) Outra atividade “completa regeneração” do tecido social. Com o Termidor,
importante dos soldados de Loyola foi a educação. em 1794, o ímpeto revolucionário decai e começa uma
Fundaram, aos milhares, colégios e seminários na série de intervenções que brecam as mudanças radicais,
Europa e na América e insinuaram-se também em mas permanece a preocupação com a elaboração
instituições mais antigas. Durante séculos tiveram de programas de reforma escolar e de intervenções
o monopólio da educação na Espanha e quase legislativas acompanhadas da preocupação de por em
monopólio na França. O fato de haver a igreja ação um “trabalho educativo que devia desenvolver nos
católica recuperado muito de sua força a despeito indivíduos a consciência de pertencer a um Estado, de
da secessão protestante deveu-se, em grande parte, sentir-se cidadão de uma nação, ativamente partícipes dos
às atividades múltiplas e dinâmicas dos jesuítas.” seu ritos coletivos”. Surgiram os “Catecismos laicos” com
(Burns,1971: 480-1). o objetivo de difundir uma visão não-religiosa de mundo,
uma ética civil baseada nos princípios de tolerância e
A Revolução Francesa, revolução eminentemente compromisso social, em oposição aos catecismos católicos.
política, foi capaz de promover uma “viragem” histórica A Revolução “presa da tradição racionalista à maneira de
no campo da Educação contrapondo-se, com base Descartes e iluminista à maneira de Bayle, procurou criar
nos ideais da Ilustração, à Educação de base religiosa, uma“religiosidade civil” capaz de descristianizar o povo e
quer católica, quer protestante. Coube à Revolução alterar o seu imaginário” (Cambi,1999:367). Com Napoleão
Francesa a proposta revolucionária de uma educação Bonaparte os princípios da instrução pública, obrigatória
laica. Com a Revolução Francesa, a Educação Pública, e gratuita foram difundidos em toda a Europa. A escola
sistemática, obrigatória, não-discriminatória, comum pública mantida pelo Estado torna-se realidade social. E o
aos sexos, separada da religião, toma corpo como Brasil, com a República, não escapará ao ideário que via
dever do Estado e direito do cidadão. A burguesia na escola pública estatal uma maneira de vencer o atraso
revolucionária se contrapõe à religião, à visão católica, escolar legado da Colônia e do Império (Mariotto Haidar,
escolástica, tradicional de educação. O espírito laico da 1972). Basta dizer que por volta de 1889 a nação brasileira
educação francesa permanecerá como marca indelével contava com cerca de 13-14 milhões de habitantes dos quais
da Revolução até nossos dias. Recentemente o governo 80-85% eram analfabetos, gente escrava ou desvalidos de
Chirac contrapôs-se, como representante maior do toda ordem sem qualquer possibilidade educacional num
Estado francês, às alunas mulçumanas que insistiam em país comandado pela aristocracia rural conservadora.
freqüentar a aulas com o tradicional lenço cobrindo a A educação estatal financiada com recursos
cabeça, marca de sua opção religiosa no interior de um públicos será a bandeira dos republicanos autênticos
estado leigo. A “direita” francesa deu, nesse episódio, preocupados em manter a instrução pública para
exemplo de coerência ideológica com o ideário de 1789, todos, sem distinção de nascimento, raça e sexo. A
reafirmando o caráter laico da educação pública francesa. burguesia revolucionária francesa de 1789 quer ser
A Revolução Francesa, inspirada nos ideais do a classe social intérprete e representante do gênero
Iluminismo, define-se como materialista e laica e, como humano ao articular ideologia (princípios político-
tal, propõe a criação de Estados Nacionais que formem filosóficos) à ação prática (organização das instituições
o cidadão instruído capaz de senso crítico e agente do sociais). Sua prática social aspira à universalidade como
progresso mediante a aplicação da razão e da ciência toda classe hegemônica no poder. O sistema escolar
na solução dos problemas sociais. Os jacobinos serão os orgânico e uniforme, caracterizado pelos princípios de
grandes defensores da educação pública popular mantida laicidade e de engajamento civil, será difundido como
pelo Estado. Le Peletier (1760-1793), um representante a marca registrada de um novo mundo a criar um novo
jacobino, apresenta à Assembléia revolucionária um ser humano. A visão burguesa faz-se hegemônica e
projeto que “teoriza uma educação masculina (dos cinco através de “intelectuais orgânicos” dissemina os ideais
aos doze anos) e a feminina (dos cinco aos onze anos) da nova ordem sócio-econômica e sócio-política. Muitas
em colégios de Estado (“casas nacionais”), separando serão as conquistas teóricas e práticas da burguesia
as crianças das famílias e pondo-as numa comunidade revolucionária no campo da instrução: universalidade,
que deveria formá-las segundo modelos de virtude civil laicidade, estabilidade, renovação cultural, valorização
e de nítida oposição à “sociedade corrupta” da época. “ do trabalho, da literatura e dos aspectos considerados
(Cambi, 1999:366). Não há como não sentir na proposta fundamentais à boa educação, __ formação intelectual,
ecos da República de Platão no sentido de um projeto científica, física, moral e cívica A Educação é vista, agora,
político-social direcionado para a ação educativa coletiva. como prática social que poderá resgatar a humanidade
O projeto foi duramente criticado por ser “artificial através de uma nova consciência civil baseada nos
e complicado”, violar “as leis naturais e os “mais sagrados direitos do homem e do cidadão e numa concepção
direitos da família”, mas exprimia o radicalismo da científica do mundo. O novo homem educado será
pedagogia jacobina, herdeira da Luzes, do Contrato livre, crítico, fraterno e igualitário.
A História demonstraria que os ideais citar apenas um exemplo), veículos de propaganda das
revolucionários de 1789-1795 foram, até 1914, início classes trabalhadoras.
da Primeira Grande Guerra, o espaço do nacionalismo O movimento libertário (anarco-sindicalista) no
militante, do individualismo econômico, do aparecimento Brasil se enfraquece após a década de 20 quando as suas
das massas questionadoras, da democracia política e da lideranças serão literalmente cassadas pela igreja, pela
gradativa ascensão da classe média. Cumpre observar, polícia, pela política “café-com-leite” e pelos partidos
entretanto, que, no período de 1789-1914, a humanidade políticos que assomavam à vida social brasileira. Em
foi, por outro lado, radicalmente condicionada pela Educação os anarco-sindicalistas, centrados na radical
Revolução Industrial (iniciada por volta de 1760 idéia de liberdade, que recusava toda e qualquer forma de
na Inglaterra) a qual se prolonga até nossos dias com autoridade instituída (papal, eclesiástica, governamental,
resultados importantes para a vida moderna como: a) estatal, partidária, professoral, etc) propunham uma
urbanização da vida social, b) a emergência de novas educação mantida pelo próprio movimento, com
classes sociais, c) aparecimento de novas filosofias e professores próprios formados nos ideais anarquistas,
políticas sociais, d) o renascimento do imperialismo, e) educação de caráter comunitário, centrada na formação
melhoria geral dos padrões de vida e f) maior produção científica e moral que reforçaria os laços de fraternidade
cultural, científica e tecnológica. no interior das colônias, pensadas como células de
É inequívoco que a Revolução Industrial, produção comum.
suporte do capitalismo industrial, permitiu que os Flávio Luizetto demonstra, por exemplo, como era
países sustentassem uma população cada vez maior vivo o interesse do movimento anarquista em relação à
em decorrência do desenvolvimento da agricultura, do educação. Para o movimento libertário,
conhecimento agronômico, capaz de gerar alimentos
para o maior número de pessoas. Basta dizer que os “a educação não seria o único nem o principal
historiadores estimam que a população européia, em agente responsável pelo desencadeamento
1914, ultrapassava, em dobro, a de 1789. No futuro a da revolução; mas era evidente para eles que
produção de alimentos seria ampliada com o advento do sem, a ocorrência de mudanças profundas na
trator e da mecanização geral do trabalho rural, pondo mentalidade das pessoas, mudanças provocadas
por terra a teoria malthusiana. em grande parte por intermédio da educação, a
A Revolução Industrial, ao mesmo tempo que revolução poderia não alcançar o êxito desejado.
cria novo cenário político-social, amortece, na Grã- Tal posicionamento dos anarquistas em face da
Bretanha, os efeitos da Revolução Francesa; mas, cria, educação deriva de um princípio doutrinário
contraditoriamente, as bases do movimento operário básico, o princípio da liberdade tão evocado por
urbano que, aos poucos, organiza-se e passa a exigir seus adeptos.” (1987:45)
direitos sociais inalienáveis, como a sindicalização e a
educação que terão peso social real. O aparecimento do Bakunin é, sem dúvida, o grande crítico da
tear mecânico fez da indústria têxtil a ponta de lança do educação burguesa, educação dual, que sacramenta
capitalismo industrial e o espaço onde a exploração do dois tipos de educação, uma dedicada aos burgueses e
trabalho se manifestou de modo duro com mulheres e outra apoucada, aligeirada, destinada aos trabalhadores.
crianças em jornada de dez ou mais horas de trabalho Essa duplicidade jogava, segundo Bakunin, contra a
diário. O desenvolvimento social gerado pelo capitalismo emancipação das camadas populares porque estabelecia
industrial foi contemporâneo da exploração dos diferenças e sacramentava privilégios tornando as massas
operários, tensão entre contraditórios até hoje ainda não operárias menos preparadas e sem a retaguarda de uma
superada de todo. educação completa. Bakunin percebe claramente que a
No Brasil, por exemplo, no final do século posse do conhecimento é um fato político importante,
XIX e no início do XX, com a vinda dos imigrantes pois “a pessoa que sabe mais dominará naturalmente
europeus, principalmente italianos e espanhóis, mão- aquele que sabe menos”. Daí, a sua defesa intransigente
de-obra para as fazendas de café, criou-se, com o da educação integral (física, intelectual e moral)
abandono da zona rural pelos imigrantes insatisfeitos, proposta, inicialmente, por Paul Robin e ampliada por
uma camada urbana popular constituída de operários e Francisco Ferrer (republicano espanhol) que defendia
trabalhadores de pequenos ofícios e artífices (tipógrafos, a adoção da educação racionalista fundamentada na
alfaiates, sapateiros, tintureiros, jornaleiros, comerciários, razão e em conformidade com a ciência, mista, centrada
balconistas, maquinistas, ferreiros, etc) que, aos poucos, na co-educação sexual numa comunhão constante ,
foi sendo politizada pelo movimento anarco-sindicalista fraternal entre meninos e meninas (articulada à co-
responsável pelas primeiras reuniões gerais de educação social) e essencialmente libertária dirigida
trabalhadores (com a criação da Confederação Operária à formação de pessoas livres que respeitem e amem a
Brasileira-COB), as primeiras greves de trabalhadores liberdade alheia.” (1987:49).
urbanos em terras brasílicas (de 1903 a 1917) e a Proudhon falece em 1865 e Bakunin em 1876. O
publicação de inúmeros jornais operários (A Plebe para movimento continuará com Elisée Reclus, Kropotkin e
Malatesta ao longo das duas décadas iniciais do século favorece o “espírito do capitalismo”.
XX, no caso brasileiro. As “Escolas Modernas”, “Livres” Weber escreverá:
ou “Racionalistas” se desenvolveram em vários países da
Europa e na América Latina, inclusive no Brasil. Em suma, “Trabalhe com vigor em tua vocação” era a
o movimento anarquista procurou, segundo Malatesta, receita contra as dúvidas religiosas e o sentido
realizar a síntese de três forças: a educação, a propaganda de indignidade moral.”(...) “Mas a coisa mais
e a rebelião. Marca um dos momentos de contestação da importante era que, acima de tudo, o trabalho veio
educação burguesa e da educação religiosa dominantes a ser considerado em si, a própria finalidade da vida.
no século XIX e início do XX. As palavras do apóstolo Paulo, “quem não trabalha
não deve comer” valem incondicionalmente para
AS ORIENTAÇÕES POLÍTICO-FILOSÓFICAS E SOCIAIS todos. A falta de vontade de trabalhar é sintoma da
DA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA: UMA TENTATIVA falta de graça.” (2003:119)
DE CATEGORIZAÇÃO
Mas Weber vai além em sua análise e diz que neste
Tratar da Educação Contemporânea sob o ponto ponto o pensamento calvinista difere do ponto de vista
de vista histórico-crítico significa perceber que até a medieval e luterano. Embora Tomás de Aquino tenha dado
Revolução Francesa, a educação dominante, hegemônica, a mesma interpretação às palavras de Paulo, o trabalho
é a Educação Tradicional que se materializa sob a para ele (Tomás) era necessário só naturali ratione para
forma de: a manutenção do indivíduo e da comunidade. “Quando
a) a vertente religiosa (Educação Jesuítica gerada tal finalidade fosse atingida, o preceito deixaria de ter
pela Contra-Reforma e a Educação Protestante calvinista qualquer significado” (2003:120). Ao contrário de Lutero,
ou luterana que sobrepõe ao Renascimento, ambas para Calvino “a vocação que a Providência divina reservou
interessadas, por motivos religiosos, na educação escolar para cada um não é um destino ao qual se deva submeter
do povo) e e sair-se o melhor possível, mas um mandamento de Deus
b) a vertente aristocrática de cunho privado ao indivíduo para que trabalhe para a glória divina”. O
(Educação tutorial ou do preceptor contratado como que Deus requer não é o trabalho em si, mas um trabalho
pedagogo para atender individualmente os filhos da elite racional na vocação. Weber afirmará:
dominante).
“No conceito puritano de vocação, a ênfase recai
Com a Revolução Francesa a instrução pública sempre nesse caráter metódico do ascetismo
adquire fundamental importância e as preocupações laico, e não, como em Lutero, na aceitação do
com a educação popular tomam impulso com destino designado irremediavelmente por Deus.”
a formação dos Estados Nacionais. A Educação (2003:121-2).
Tradicional, na vertente jesuítica, sobrevive à tempestade
revolucionária, criando, gradativamente, sua própria O puritanismo, em suma, inaugura uma nova ética.
rede de escolas confessionais. Outras ordens religiosas
(maristas, salesianos, franciscanos, dominicanos, etc.) “A riqueza seria eticamente má apenas à medida
desenvolverão seus projetos pedagógicos ao lado da que viesse a ser uma tentação para um gozo da
frente jesuítica. Com o decorrer dos anos a Educação vida no ócio e no pecado, e sua aquisição seria
Tradicional de vertente religiosa, no Brasil, especializou- ruim só quando obtida com o propósito posterior
se no ensino médio formando quadros para a classe de uma vida folgada e despreocupada. Mas como
média alta dirigente. Muitos políticos que atuarão, por desempenho do próprio dever na vocação, não
exemplo, no período ditatorial brasileiro (tanto em 1937, só é permissível como realmente recomendada.”
quanto em 1964) tiveram formação média em colégios (2003: 122)
religiosos católicos.
A Educação Tradicional, na vertente protestante O protestantismo, na sua vertente puritana,
puritana, com seu individualismo religioso e valorização calvinista, viria, como percebera Gramsci, a exercer
da riqueza não terá dificuldade em se articular ao o papel ideológico de amortecimento do ímpeto
individualismo econômico e à liberdade de iniciativa renascentista, constituindo-se na força transformadora
do sujeito econômico, próprios do “espírito capitalista”. do século XVI.
O calvinismo, no plano religioso, como percebera Max A Educação Tradicional, em sua vertente protestante,
Weber (2003), terá profunda vinculação ideológica nos séculos seguintes, conviverá, cada vez mais, com a
ao capitalismo. A doutrina da predestinação e o estrutura política da nova formação sócio-econômica que
consequente sucesso do êxito material como garantia se estrutura na Europa mercantilista. Prática econômica
da graça divina, fez do protestantismo a linha avançada e prática religiosa se reforçam mutuamente, tanto na
do capitalismo. Como dirá Max Weber, há algo no estilo Europa quanto nos Estados Unidos da América do Norte,
de vida daqueles que professam o protestantismo que formando um “bloco histórico” (estrutura econômica
a ordem social vigente. elevaria a classe operária acima das classes superiores
A Educação é, nesta perspectiva, fator de e médias. Assumindo a realidade irreversível da
produção. É preciso contar, para serviços industriais industrialização, o marxismo admitirá a incorporação de
mais especializados, com trabalhadores que tenham crianças e adolescentes de ambos os sexos na força de
um mínimo de escolaridade em termos de cultura geral produção, desde que isso acontecesse de modo adequado
(matemática, língua materna, língua estrangeira em países às forças infantis. Marx admitirá que a criança, a partir dos
dependentes, ciências e tecnologia, etc) que permita nove anos, deverá participar do trabalho produtivo como
“treinamento em serviço” para atender a especificidade maneira de articular efetivamente o trabalho cerebral ao
da indústria empregadora. trabalho manual. Citando Robert Owen, Marx dirá, em
Nos países socialistas, após a Revolução de O Capital, que do sistema da fábrica nascerá o germe da
Outubro de 1917, surge aquilo que se poderia chamar instrução do futuro,
de a Pedagogia Social do Trabalho. Lênin tem plena
consciência de que o novo Estado Socialista necessita “que unirá para todas as crianças além de uma
de profissionais qualificados que só a Educação pode certa idade o trabalho produtivo com a instrução
formar. Uma sociedade socialista não poderá prescindir e a ginástica, não somente como método para
de engenheiros, médicos, cientistas, professores, aumentar a produção social, mas também como
tecnólogos além de trabalhadores em todos os setores único método para formar homens plenamente
da vida social. Ele conhece a importância da formação desenvolvidos.” (O Capital, I, XIII, 451)
superior profissionalizante ocidental, que deverá ser
orientada, porém, em função de nova axiologia. A Desenvolver o intelecto e as mãos, a união da
racionalidade “taylorista” não será descartada, mas posta instrução intelectual com o trabalho industrial, com o
em função de um projeto político, com sinal trocado, objetivo de formar o homem omnilateral ou multilateral,
para criar uma base industrial que permita tirar a Rússia coloca Marx em oposição a Rousseau, porque o mundo
e seus aliados do atraso secular e socializar os benefícios moderno exige uma pedagogia severa oposta a “toda
advindos da produção coletiva. Os meios devem estar reminiscência romântica anti-industrial” e a recusa
subordinados ao fim maior, a criação de uma sociedade determinada de toda Didática baseada no jogo e em
igualitária que jamais poderia dispensar a indústria, a atividades centradas exclusivamente no interesse da
ciência e a tecnologia, o conhecimento, os profissionais criança. Assim, a Pedagogia Social do Trabalho, em
qualificados e a escola, todos direcionados no sentido oposição à Educação negativa de Rousseau, exigirá,
da construção de uma sociedade voltada para a justiça desde cedo uma educação austera como forma de
social e o trabalho não-alienado. Infelizmente para enfrentar as graves tarefas que esperam os homens na
muitos e felizmente para outros, a morte prematura de luta solidária para o domínio comum da natureza. Como
Lênin abortou a oportunidade de se levar a cabo uma se vê a Educação socialista estará calcada no esforço,
experiência social inovadora dentro de uma perspectiva no empenho e no rigor da ação. Rejeitará, neste ponto,
verdadeiramente socialista. os métodos pedagógicos fundamentados na Psicologia
No terreno da Educação a construção de uma Infantil propostos pela Escola Nova que reforçam a visão
sociedade socialista exigia uma Pedagogia Socialista individual do processo de aprendizagem. Daí, a orientação
diretiva, centrada no saber científico e tecnológico e posterior da Educação soviética em evidenciar que
no trabalho como princípio educativo. Krupskaya, toda aprendizagem é antes de tudo uma aprendizagem
Makarenko, Pistrak, dentre outros, eram pedagogos social mediada pela linguagem, resultado, portanto, de
interessados na organização de um sistema escolar que “relações sociais” que não poderão ser esquecidas ou
deveria ter como objetivo a formação integral de relegadas a plano subordinado. Leontiev, Luria e Vigotski
jovens, centrada: serão psicólogos que darão fundamento psicossocial à
ação pedagógica evidenciando o caráter social de todo e
a) no trabalho, considerado a realidade ontológica do qualquer saber humano.
ser social e
A Escola Nova que surgiria, na Europa, em
b) na instrução científica, instrumento para a criação meados do século XIX, como reação ao pensamento
de uma nova sociedade. e prática da Escola Tradicional, centrou atenção no
processo de aprendizagem e na pesquisa de métodos
É interessante observar que os novos pedagogos ativos que enfatizavam a construção do conhecimento
do leste europeu não desprezaram, de início, a tradição pelo sujeito. Centrada numa visão “pedocêntrica”, isto
pedagógica ocidental, “escolanovista”, tanto européia é, num entendimento que a verdadeira Educação deve
como norte-americana, no plano dos métodos escolares. colocar a criança no centro da ação pedagógica, elegeu a
Não abandonaram, entretanto, a orientação básica de Marx Psicologia como base da prática educativa, como ciência
de “união entre trabalho produtivo remunerado, instrução que permitiria conhecer a criança na sua especificidade
intelectual, exercício físico e treinamento politécnico” que e no seu desenvolvimento. A Escola Nova é, como já
se disse, caudatária da idéias de Rousseau em relação à necessários à formação contemporânea. Com isso, corre-
importância que confere à infância. É preciso conhecer se o risco de se “fazer uma escola pobre para o pobre”,
e compreender a criança na sua especificidade natural enquanto a elite investe numa educação voltada para
para melhor educá-la em oposição consciente à teoria do o conteúdo, sistematizada, avançada, centrada na idéia
homúnculo. Kant, leitor de Rousseau, dirá que o filósofo de apropriação particular dos diferentes instrumentos
genebrino realizara a “revolução copernicana”, passando simbólicos criados pela inteligência humana.
a criança, doravante, a ser o alvo da boa Educação. A Pedagogia Social do Trabalho irá, em
Com a Escola Nova, a Pedagogia perde, em grande contraposição à Escola Nova, valorizar o conteúdo
parte a sua qualidade de ciência social com especificidade como elemento de luta, mas jamais cairá na perspectiva
própria. A Didática passa a ter uma fundamentação da Escola Tradicional de tomar “o conhecimento pelo
psicológica empirista e naturalista. Claparède e Piaget conhecimento”, “o conteúdo pelo conteúdo”, separado
tornam-se referências e outros profissionais não ligados do contexto, um saber separado da teleologia, isto é, da
diretamente à Educação, como Montessori e Decroly, finalidade (social) dos conteúdos.
propõem métodos pedagógicos baseados numa visão A Educação soviética, no seu início, não desprezou
psicológica do aluno como se a aprendizagem não fosse a pedagogia burguesa. Decroly e Dewey foram estudados
um dado ontológico ao ser social humano, fruto de e aplicados, assim como Taylor foi utilizado, de início, no
“relações sociais”, fato este que os psicólogos soviéticos processo de industrialização soviético. Mas uns e outros
jamais deixaram de considerar no plano da relação não foram analisados e implementados numa perspectiva
ensino e aprendizagem. Vale observar, entretanto, que do individualismo burguês. Serviram com ponto de
grandes educadores, precursores da Escola Nova, embora partida para a elaboração posterior de uma pedagogia
colocassem a Psicologia no centro do processo educativo, que foi tomando forma com o estudo dos textos de Marx
como é o caso de Pestalozzi, que elege a intuição como e Engels sobre Educação. Aos estudos voltados para o
método de aprendizagem, têm o cuidado de considerar trabalho didático em sala de aula, a Pedagogia Social
a Educação como prática social, isto é, como formação do Trabalho iniciou, também, uma reflexão crítica sobre
do cidadão, como estratégia social para reabilitar os os condicionamentos da Educação. Neste sentido os
deserdados ou acolher os pobres expropriados dos estudos, por exemplo, de Snyders diferem dos estudos de
direitos e dos bens sociais. A Educação tem um fim Manacorda. Snyders (1989) procura refletir criticamente
eminentemente social e as aprendizagens de conteúdos sobre uma possível pedagogia progressista que tenha
são meios para integrar as pessoas a uma cultura mínima como pressuposto a importância política dos conteúdos
que lhes permita compreender a vida em sociedade. historicamente elaborados e dê guarida a uma pedagogia
Com Decroly começa, no interior da Escola Nova, centrada no conhecimento científico-tecnológico. Ao
a secundarização do conteúdo em relação à forma analisar a educação como prática social Snyders utiliza-
(método). A técnica do “centro de interesse” marca o se de categorias como quantidade e qualidade,
viés psicológico que rompe com o currículo tradicional continuidade e ruptura, conteúdo e forma para
linear por disciplinas autônomas. Não interessa a evidenciar a importância de se pensar por contradição e
profundidade do conhecimento, mas o relacionamento não apenas a contradição. Por outro lado, Snyders mostra
de múltiplos saberes, numa perspectiva globalizadora. como o domínio do conhecimento, do saber acumulado,
Perde-se, portanto, a idéia de conhecimento sistemático, é importante para entender a relação dominador-
estruturado, organizado e logicamente articulado. Paulo dominado. O saber dominado pelo dominador precisa
Freire e Freinet, o primeiro com adultos analfabetos e ser apropriado pelo dominado para que subalternos
o segundo com crianças pobres, proporão, no caso do entendam a cultura do dominador e a revolucionem.
primeiro, uma Pedagogia Libertadora e uma Didática Desta forma, o conteúdo adquire dimensão política além
Dialógica que permita ao adulto a “aprender e apreender de seu valor gnosiológico e pedagógico.
o conhecimento” e, o segundo, a fazer da “tentativa Manacorda analisa a prática pedagógica numa
experimental” a base do método natural que permitiria perspectiva interna ao processo de escolarização que
a criança, com o mestre orientador, escolher livremente acontece num determinado espaço específico, o ambiente
os conteúdos que deveria aprender. Nos dois casos, a escolar. Evidencia como as práticas pedagógicas se
idéia de currículo previamente estabelecido em função alteraram em função do desenvolvimento histórico do
de conteúdos essenciais, perde sentido. Ambos propõem trabalho humano tomado como princípio educativo.
uma Pedagogia Transformadora, mas não defendem a São abordagens diferentes que abordam o fenômeno
necessidade de sistematização do conhecimento relevante educativo: a) numa perspectiva dialética da realidade
e apropriação da “cultura historicamente acumulada” interna à prática educativa (é o caso de Manacorda) e
como elementos essenciais à libertação política. Ambos, b) numa perspectiva dialética que privilegia a reflexão
ancorados no princípio de liberdade e autonomia do pedagógica numa dimensão externa, política, do
sujeito que aprende, fazem, como diz Saviani (1992) fenômeno educativo ao comparar a orientação diretiva de
uma “escola nova popular” sujeita, na prática, à não- educação (de cunho socialista) à orientação não-diretiva
sistematização dos conteúdos científicos, estes tão de educação, de cunho liberal, “escolanovista”(é o caso
qualquer pessoa da sociedade possa freqüentá-la. Mas da desigualdade social. Uma educação científica e
atender a toda sociedade, inclusive as camadas populares, tecnológica ( que não exclui, jamais, a subjetividade
com qualidade, diz respeito, diretamente, à qualidade de humana) será importante para levar o esclarecimento, a
formação do professor. Sem formação inicial de qualidade racionalidade e a objetividade indispensáveis à resolução
para o professor não acontecerá a educação popular de dos problemas humanos;
qualidade no âmbito da escola pública estatal. Investir na
qualidade da formação do professor significa, no limite, 4) valorização do meio ambiente, em termos
investir na formação intelectual e moral dos alunos. Em planetários, a começar pela educação ambiental e pelo
relação aos pontos acima indicados não poderá haver envolvimento das universidades, institutos de pesquisa e
complacência ou acomodação. A radicalidade na a sociedade na questão da sustentabilidade em relação
exigência de qualidade na formação docente significará à natureza que se degrada com a ação impensada do ser
tornar possível uma Educação voltada para o futuro que humano, afoito para produzir, a qualquer preço, segundo
resgate a possibilidade de criar um coletivo instruído e a lógica capitalista de desenvolvimento. Será preciso
educado capaz de dar um salto qualitativo na História; educar as novas gerações na direção de estabelecer
relações adequadas com a natureza com a preocupação
2) valorização do processo de leitura e escrita ética de deixar um mundo tão bom ou melhor do que
como ponto inicial indispensável, numa sociedade aquele que encontramos ao nascer. É preciso ter em
“grafocêntrica”, para a apropriação da cultura mente que não se trata de transformar a natureza em
historicamente elaborada pela humanidade ao longo da santuário, uma vez que a existência humana é inseparável
temporalidade. Não será possível mudar um mundo com da relação dialética com a natureza. Não há como o ser
um povo analfabeto e inculto. No processo de formação humano sobreviver sem recorrer à natureza para gerar
humana é necessário que todos tomem conhecimento da meios de subsistência para si e para os outros. A questão
experiência humana acumulada em livros, documentos é identificar as formas de relação entre o ser humano e a
e registros que resistiram ao tempo e que constituem natureza que privatizam os recursos e os bens naturais e
avanços culturais notáveis. A juventude não precisará contabilizam os danos e perdas ambientais para a maioria
refazer o caminho trilhado pela humanidade na construção desprotegida;
dos saberes, mas a escola poderá dotar os alunos de
ferramentas simbólicas importantes que permitam o 5) valorização do comportamento ético necessário
desenvolvimento intelectual, moral, social e humano das a uma vida quotidiana coletiva que conduza à
pessoas, elevando-as a patamares cada vez mais altos solidariedade. A educação moral, tão combatida pelos
de desenvolvimento, entendimento e compreensão da crápulas, se revela importante porque diz respeito à
sociedade e do mundo. Sem o domínio e apropriação vida coletiva concreta. A educação moral é uma prática
dos instrumentos simbólicos a humanidade não atingirá social ligada diretamente ao ser humano que pensa e
a maioridade cultural necessária ao salto qualitativo na sente, que vive e avalia responsavelmente a conduta
História; própria e do semelhante. Sem um mínimo de moralidade
não será possível organizar a ação coletiva e fazer opções
3) valorização da instrução politécnica, difíceis diante de situações e circunstâncias inéditas da
essencialmente científica e tecnológica, que faz do vida social. A educação voltada para o futuro terá que
conhecimento e seu ensino e da pesquisa básica e aplicada realizar algo no sentido de desenvolver na juventude a
a maneira contemporânea de decifrar racionalmente a capacidade de julgar a conduta moral numa perspectiva
realidade natural, social e humana. A instrução politécnica social com base na razão e no sentimento. A educação
não se reduz à profissionalização embora possa pressupô- moral, que desde tenra idade precisa ser exercitada,
la. A instrução politécnica visa a formar um ser humano terá que evidenciar a indignidade de muitas condutas
com visão ampla, global, das possibilidades da ciência e que têm curso no meio social. Positivamente, muitos
da tecnologia na solução dos problemas humanos. Nesse comportamentos sociais que a permissiva sociedade
sentido, a instrução politécnica deverá ser inseparável de burguesa admite por interesse, complacência ou mesmo
uma formação social e política que dê ao conhecimento covardia, são profundamente deseducativos porque não
científico e tecnológico um endereço social e uma levam em conta os danos sociais e pessoais de atitudes
finalidade especificamente humana. A socialização do que acirram ainda mais a contradição entre a existência
conhecimento e sua democratização, conhecimento hoje social do ser humano com a sua essência voltada para
na mão de cientistas e do empreendimento privado, serão a produção e reprodução da própria existência através
o grande desafio futuro no sentido da plena realização do trabalho e da procriação. Não há cultura que se
humana. Sem o domínio da ciência e da tecnologia pelo sustente sem um mínimo de consciência moral coletiva
todo da sociedade não haverá possibilidade de solucionar e individual;
muitos dos problemas que afetam a humanidade
porque o conhecimento e a ciência na mão de grupos 6) valorização da luta política no sentido de a
restritos gera poder particular, interessado na mantença construção de uma sociedade justa e humana. Luta
que pressupõe suplantar as condições de miserabilidade – católicos e liberais. São Paulo: Cortez:Morais, 1978.
do povo, melhoria de seu poder aquisitivo mediante DELEUZE, Gilles. Empirisme et subjectivité. Paris:
inserção das camadas populares excluídas na produção PUF, 1953.
social material e não-material da nação e acesso à cultura DEWEY, John. Vida e Educação. São Paulo:
através da escolarização plena em patamares cada vez Melhoramentos, 1978.
mais altos de todos os brasileiros. Sem as condições EBY, Frederick. História da educação moderna. Porto
infraestruturais mencionadas será difícil, impossível Alegre: Globo, 1962.
mesmo, realizar a travessia que supere a indigência HAIDAR, Maria de Lourdes Mariotto. O ensino
material e espiritual das populações historicamente primário na colônia. In: BREJON, Moisés, Estrutura e
relegadas à inferioridade. funcionamento do ensino de 1.º e 2.º graus. São
Paulo: Pioneira, 1972.
Muito mais se poderia dizer sobre a Educação HERBART, J.F. Pedagogia general derivada del fin de
Contemporânea. Muitos aspectos relevantes não foram la educación. Madrid: Ediciones de La Lectura, s/d.
sequer mencionados. Exemplos ficaram de fora em GRAMSCI, Antonio. Americanismo e fordismo. In:
decorrência da necessidade de ser breve. Não se fez a Maquiavel, a política e o estado moderno. Rio de
análise imanente das diferentes vertentes pedagógicas Janeiro: Civilização Brasileira, 1976
mencionadas O texto permite inúmeros desdobramentos GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da história.
teórico-praticos além dos realizados com a intenção Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978..
de caracterizar o espírito educacional do tempo GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da
histórico que vivemos. Não nos foi possível pensar a cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982.
Educação neoliberal e suas conseqüências em tempos HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos: o breve século
de globalização. Cabe apenas, para finalizar, pedir, ao XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
possível leitor deste texto, a tarefa de retificar e ampliar, KLEIN, Fernando. Atualidade da pedagogia jesuítica.
por conta própria, a lista de sugestões práticas voltadas São Paulo: Loyola, 1997.
para a educação direcionada para o futuro. Fica, LASKI, Harold J. El liberalismo europeo. México:
entretanto, uma observação importante: _ os estudos de Fondo de Cultura Econômica, 1961.
Filosofia e História da Educação serão importantes na LUIZETTO, Flávio. O tema da Educação na história do
formação dos professores quando articularem, num todo pensamento e do movimento anarquista. In: Educação
orgânico, a prática escolar aos estudos que evidenciem e Realidade. Porto Alegre, 12 (1): 45-52, jan./jun.,1978.
uma possível visão futura de mundo. Ação sem MANACORDA, Mario Alighiero. História da Educação:
narrativa torna a educação uma prática inconsequente, da antiguidade aos nossos dias São Paulo: Cortez: Autores
sem finalidade social. Teoria e prática formam um par Associados, 1989.
dialético fundamental para a análise e compreensão das MANACORDA, Mario Alighiero. Marx e a pedagogia
práticas sociais. moderna. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1991.
Por último, vai um lembrete: a Educação é um MANACORDA, Mario Alighiero. Depoimento. In Revista
concreto, isto é, “síntese de múltiplas determinações”. Ela da Associação Nacional de Educação (ANDE), Ano 5,
é, como prática social, ao mesmo tempo, formação da N.º 10, 1986.
pessoa humana, fonte para aquisição de conhecimento e MARX, K. e ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo:
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