Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. Bibliografia de Gonçalvez Dias:
foi um poeta, professor, jornalista e teatrólogo brasileiro, é lembrado como o
grande poeta indianista da Primeira Geração Romântica. Deu romantismo ao tema índio e uma feição nacional à sua literatura, um dos melhores poetas líricos da literatura brasileira, é Patrono da cadeira nº15 da Academia Brasileira de Letras. Antônio Gonçalves Dias nasceu em Caxias, Maranhão, no dia 10 de agosto de 1823. Filho de um comerciante português e uma mestiça viveu em um meio social conturbado. Durante os anos da infância, ajudou seu pai no comércio, ao mesmo tempo, que recebeu educação de um professor particular. Em 1838, viajou para Coimbra e ingressou no Colégio das Artes, onde concluiu o curso secundário. Em 1840 matriculou-se na Universidade de Direito de Coimbra, onde teve contato com escritores do romantismo português, entre eles, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Feliciano de Castilho. Sua obra mais famosa é a “Canção do Exílio” (1843).
Narrativa em Prosa:
Quando eu e meu irmão estamos longe de nossa terra, de nosso país,
sentimos falta de tudo aquilo que nos fazia feliz. Lembramos da natureza, dos caminhos por onde passamos, das coisas que vivemos, com amigos, das coisas que gostamos de fazer e sentimos uma imensa saudades. Passamos a valorizar as pequenas coisas que ficaram em nossa memória. Coisas que só encontramos na nossa terra, que pra nós é a mais bela, a mais aconchegante, um sentimento de orgulho das maravilhas que temos ao nosso alcance como praias lindas ,de norte ao sul, comidas de todos os lugares do mundo, uma mistura de culturas. Lembramos das festas da Semana Farroupilha, onde o cheirinho do churrasco se espalha por toda parte, dos rodeios, das músicas gauchescas e do chimarrão amargo que aquece a alma, das carnes na brasa e as pessoas em seus cavalos. Das planícies verdes a perder de vista, das cachoeiras na subida da serra, das hortências florindo pelo caminho. São tantas lembranças… Sempre, em qualquer lugar que estivermos, a terra em que nascemos será sempre a nossa mãe, o nosso lugar, nossa casa, sempre ficará na nossa lembrança e é para ela que sempre iremos querer retornar.