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LUZ, Roberta Jorge. FOGAÇA, Marcos Clóvis.

Interrupções: A formação de
professores e a busca pela ressignificação do ensino de arte no contexto de
pandemia. Diretoria de Ensino- Região de Sorocaba-SP. 1

Resumo: Com as interrupções causadas pela pandemia, o trabalho dos


profissionais da educação nessa quarentena foi transformado completamente,
elaborar roteiros de estudos, participar de chamadas de vídeo, responder
mensagens de estudantes com dúvidas, entrar em contato com os aqueles que não
desenvolvem as atividades enviadas, planejar ações,são algumas de suas tarefas
diárias. A escola adentra a casa do(a) professor(a) e se não estiver alerta, a rotina
de trabalho invade seus momentos de descanso e de almoço. Não está sendo fácil,
mas ao mesmo tempo, agradece-se pela situação privilegiada de poder trabalhar
em casa, ficar em casa e proteger-se.

Nesse caótico cenário, não pensar a educação pública de forma remota é aumentar
a lacuna social. É preciso buscar meios para esse tipo de ensino, não como uma
solução a longo prazo, mas como uma alternativa em tempos de crise. “Pomos as
mãos no arado e viramos para trás; começamos e paramos não porque a
experiência tenha atingido o fim em nome do qual foi iniciada, mas por causa de
interrupções externas ou da letargia interna”. (DEWEY, 2010, pg. 109).

A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEDUC-SP), desenvolveu no


período de quarentena, canais de comunicação para que os estudantes pudessem
continuar seus estudos em casa. Criando o Centro de Mídias de São Paulo (CMSP)
que é um canal de comunicação educativo em que os estudantes têm acesso à
aulas transmitidas pela SEDUC e podem interagir entre si via chat.

O restante da carga horária é organizado pelos docentes, com criação de materiais


de forma assíncrona com foco em aprofundamentos, revisão e contextualização das
aulas vinculadas no CMSP. Na na maioria das escolas esses materiais são
chamados de roteiros de estudos.

Pensando neste contexto e na formação continuada de professores surgiu o


seguinte questionamento: Como ensinar Arte de maneira remota, decolonial, tendo
a experiência2 como norteadora do fazer, contribuindo com a ideia da Arte enquanto
área de conhecimento e ainda considerando o contexto epidêmico?

O artigo apresenta então duas experiências que se conectam, se ramificam e voltam


a se conectar. Primeiramente é relatado sobre as reuniões remotas das Aulas de
Trabalho Pedagógico Coletivos (ATPC), do componente curricular Arte,
desenvolvidos pela PCNP da Diretoria de Ensino de Sorocaba-SP, buscando refletir
sobre os atravessamentos dessa ação na prática docente dos professores(as).

1 Roberta Jorge Luz é PCNP de Arte na Diretoria de Ensino de Sorocaba e estudante de Doutorado
em Arte pelo Programa de pós Graduação de Arte (Arte e educação) do Instituto de Artes da
UNESP-SP. Marcos Clóvis Fogaça é professor de Arte na Escola Estadual Professor Altamir
Gonçalves, na cidade de Sorocaba e estudante de Mestrado em Ensino de Teatro pelo Programa de
pós Graduação em Teatro da UNIRIO-RJ.
2 Entendemos aqui o conceito de Experiência conforme proposto por Larrosa “o que nos passa, o
que nos acontece, o que nos toca”.
Diante da necessidade de garantir que o ensino de Arte nas escolas estaduais de
Sorocaba, não fossem reduzidos a entrega de atividades para o registro de uma
carga horária curricular cumprida, uma das autoras deste texto, que é PCNP de
Arte, responsável pela orientação do trabalho docente de aproximadamente 150
professores de Arte que atuam em 80 escolas estaduais do município, se viu no
desafio de primeiramente aprender como trabalhar de maneira remota e depois
como mobilizar reflexões sobre a prática docente e o ensino de Arte.

Para iniciar este trabalho, foi conquistado por esta professora um espaço dentre as
reuniões de ATPC reunindo todos os professores de Arte da cidade, por meio de um
aplicativo online. As formações partiram primeiramente de entender as condições
em que cada escola estava dando continuidade ao trabalho e a partir daí, propor
uma reflexão da prática.

Durante as formações foram desenvolvidos estudos e propostas de trabalho,


partindo de uma abordagem pedagógica decolonial, em que os professores
buscassem planejar suas aulas privilegiando a escolha de artistas negros,
indígenas, artistas da cidade e da América Latina. Outra abordagem foi a de trazer o
compartilhamento de práticas dos próprios docentes para a formação, multiplicando
assim conhecimentos e ações pedagógicas que estavam dando certo.

Este artigo também apresenta, o relato de experiência de um professor desta rede


de ensino, que se sentindo provocado pelas vivências desenvolvidas nestas
reuniões formativas, iniciou com seus estudantes uma oficina de jogos teatrais on-
line, a partir de uma uma revisão do “Fichário de Viola Spolin” (2006), criando
adaptações possíveis para as aulas remotas, na busca de respostas para o
seguinte questionamento: como pensar e adaptar uma oficina de teatro para alunos
do ensino fundamental II de forma on-line? Como a experiência em grupo pode ser
fomentada por meio de tecnologia?

Os autores do artigo, fizeram também uma parceria para realizarem juntos durante
as reuniões formativas com os professores da diretoria de ensino, uma oficina
buscando refletir sobre o ensino de teatro de maneira remota e proporcionar
vivências práticas por meio dos jogos teatrais adaptados para o ensino online. O
trabalho em questão ainda está em desenvolvimento, mas tem como objetivo além
de trazer a reflexão sobre o ensino de Arte proporcionar experiências artísticas que
ressignifiquem o ensino de arte neste contexto de pandemia .

Palavras-chaves: Ensino de Arte, Jogos Teatrais, Formação de Professores,


ensino remoto.

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