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5 - AVALIAÇÃO DE PAVIMENTOS
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O aumento das demandas impostas aos materiais através de condições de serviço cada vez
mais severas e as necessidades crescentes de qualidade e economia deram origem aos
ensaios não destrutivos. Por este nome são designados todos os métodos de ensaio que
permitem o teste ou a inspeção de um material ou componente sem que a sua utilidade
seja comprometida e com o objetivo de se avaliar se este material ou componente
desempenhará sua função de forma satisfatória. Determina-se, assim, o estado ou a
qualidade em que se encontra o material, seja para efeito de aceitação/rejeição ou para se
diminuir o grau de ignorância acerca do material, sem que se diminua o fator de segurança
do produto final. Como não existem materiais absolutamente perfeitos, os ensaios não
destrutivos podem informar apenas se a integridade relativa de um certo material ou
componente se encontram dentro de tolerâncias especificadas. Sua utilização consistente
pode ser um auxiliar eficaz na obtenção de produtos melhores a um menor custo.
Tendo em vista que a tecnologia dos ensaios não destrutivos é baseada na física
aplicada, a correta utilização desses ensaios requer uma compreensão clara dos princípios
físicos envolvidos no ensaio, bem como dos sistemas ou técnicas utilizados para as
medições.
Qualquer tipo de ensaio deve realizar medidas de parâmetros físicos que
interessam ao problema em questão. Em qualquer sistema de medição, utilizam-se
sensores e transdutores, definidos como:
Entrada Saída
Pré- Sensor / Pós-
processamento Transdutor processamento
147
A base física para a transmissão de informação por um transdutor é a transferência
de energia. Podem ser identificados seis domínios de sinais de energia para a transferência
de informação:
148
Na Radiografia é utilizada a radiação penetrante (raios X ou Gama). Variações de
espessura ou de densidade modificam a passagem da radiação através do componente.
Esta variação de intensidade da radiação transmitida pode ser detectada por meio de
filmes, semicondutores ou fotocondutores.
Nos Ensaios Magnéticos o componente é magnetizado e uma distorção do campo
magnético é produzida pelos defeitos. Esta distorção pode ser registrada por meio de
partículas magnéticas, como o óxido de ferro.
Os Métodos Elétricos dependem das diferenças de resistividade elétrica dos
materiais. No método eletrostático, variações no campo eletrostático são detectadas pelo
uso de partículas carregadas.
Quando se aplica a um circuito uma corrente alternada e este é colocado próximo a
um material condutor, correntes elétricas são induzidas no material. Há um campo
magnético associado às correntes induzidas. Defeitos ou variações físicas e químicas
dentro do material causam variações de resistividade e afetam as correntes induzidas e,
conseqüentemente, o campo magnético induzido. As variações no campo magnético
induzido podem ser detectadas pelo seu efeito nas correntes induzidas ou por um circuito
de busca colocado nas imediações do componente testado. Estas são as técnicas baseadas
em InduçãoEletromagnética
Em nível de projeto, quando se busca dar a melhor utilização possível aos recursos
que serão alocados a um determinado segmento, a avaliação tem por finalidade levantar
elementos que permitam diagnosticar-se os problemas apresentados pelo pavimento, a
ponto de se esclarecer os mecanismos que levaram à sua degradação, bem como
caracterizar a estrutura existente de forma suficientemente completa para que se possa
dimensionar o pavimento restaurado dentro de um nível de confiabilidade aceitável,
levando a que as medidas de restauração aplicadas sejam não somente efetivas para a
correção das deficiências funcionais detectadas, mas que sejam também eficazes do ponto
de vista econômico, o que equivale a dizer que o processo de se restaurar o pavimento
deve atuar contra os mecanismos com que a degradação do pavimento original se
processou.
Uma avaliação completa, em nível de projeto, deve ser composta pelos seguintes
componentes fundamentais:
149
Avaliação da Condição Funcional: indica até que ponto o pavimento está
cumprindo suas funções básicas (conforto ao rolamento e segurança, nas
velocidades operacionais da via). Relaciona-se, portanto, aos aspectos que afetam
diretamente o usuário e os custos do transporte (custos operacionais dos veículos,
custo do tempo de viagem e custo de acidentes). O item segurança é função da
resistência à derrapagem, do potencial para ocorrência de hidroplanagem, da
refletividade da superfície e da presença de panelas;
Estes três componentes apresentam uma relação estreita entre si, na medida em que
uma avaliação da condição estrutural permite que se preveja como evoluirá, ao longo do
tempo, a condição funcional, já que a redução do nível de serventia do pavimento ocorre
devido aos defeitos e às deformações exteriorizados na sua superfície e que decorrem de
uma complexa conjugação dos efeitos do tráfego e do clima sobre o pavimento. Parte
desses defeitos é de natureza estrutural, na medida em que são gerados pela repetição das
cargas do tráfego e são funções do número e magnitude dessas cargas, bem como das
respostas da estrutura do pavimento e essas cargas, na forma da distribuição de tensões e
deformações que se manifesta em suas camadas constituintes.
Uma condição estrutural inadequada ou uma capacidade estrutural insuficiente,
para o tráfego atuante, acelerará a geração de defeitos de superfície (trincas de fadiga nas
camadas asfálticas e cimentadas), bem como a queda do nível de serventia com o tempo
(em decorrência da geração de afundamentos plásticos em trilha de roda). Ao mesmo
tempo, a existência de trincas no revestimento asfáltico permite a entrada de águas
pluviais no pavimento, gerando bombeamento de finos e enfraquecimento do solo de
subleito, o que deteriora a condição estrutural do pavimento, acelerando, por sua vez, a
queda do nível de serventia e a própria degradação superficial.
150
5.3 - Avaliação Funcional
A Tabela 5.2 mostra uma classificação que foi padronizada dentro da OCDE
(Organisation de Coopération et de Développement Économiques, que reúne Alemanha,
Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, EUA, França, Grécia, Irlanda, Islândia,
Itália, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça,
Turquia, Japão, Finlândia, Austrália e Nova Zelândia) e que pode ser tomada como
referência para a definição de padrões aceitáveis de irregularidade, no que diz respeito ao
conforto ao rolamento. Por este critério, uma irregularidade admissível QI = 35 cont/km,
por exemplo, implica em manter as rodovias dentro de uma condição funcional excelente,
de modo a serem adequadas para tráfego a velocidades acima de 120 km/h. Este critério
concorda aproximadamente com o da Tabela 5.1. Exceto por estas indicações, não há
referências mais precisas, na prática rodoviária, relativas a um nível aceitável de
irregularidade, uma vez que o padrão de serventia que se tem por objetivo manter ou
atingir dentro de uma rede depende não somente do conforto ao rolamento percebido pelos
usuários, como também pelo que pode ser obtido levando em conta as restrições
orçamentárias para a manutenção dos pavimentos e os benefícios a serem obtidos em
termos de redução dos custos operacionais dos veículos. O modelo HDM do Banco
Mundial tem por objetivo justamente efetuar este equacionamento econômico, de modo
que o padrão de serventia ideal em que os pavimentos devem ser mantidos não é pré-
definido, sendo antes determinado em função da busca pela minimização do custo total do
151
transporte, o qual envolve: custos de construção e de manutenção dos pavimentos, custos
operacionais dos veículos, custo do tempo de viagem e custo de acidentes. Nos EUA, por
exemplo, o padrão de serventia aceitável acaba sendo um subproduto da otimização que é
efetuada pelos Sistemas de Gerência de Pavimentos, havendo nos DOT's estaduais apenas
referências quanto a valores aceitáveis para a irregularidade inicial de pavimentos recém
construídos ou restaurados.
152
Tabela 5.3 - Significado do Índice de Serventia
Conceito PSI QI (cont/km)
Excelente 5-4 0,0 - 16,0
Bom 4-3 16,0 - 36,5
Regular 3-2 36,5 - 65,5
Mau 2-1 65,5 - 115,1
Péssimo 1-0 > 115,1
Na Tabela 5.3, a associação entre o PSI e o QI foi feita através de uma correlação
oriunda de um estudo do Banco Mundial:
QI
PSI 5,0 exp
71,5
Esses valores mostram que a fronteira entre condições boas e condições regulares
se dá por volta de QI = 36,5 cont/km, de modo que o limite QI < 35 cont/km implica, na
prática, em que a condição geral do pavimento deve ser mantida entre boa e excelente.
Como já comentado, contudo, o PSI, tal como definido na "AASHO Road Test", pondera
simultaneamente conforto ao rolamento e deterioração do pavimento. Um PSI da ordem
de 2,5 (QI = 49,6 cont/km) indica uma condição em que o pavimento deveria ser
restaurado, tanto em vista do conforto ao rolamento reduzido como por uma questão de
oportunidade econômica: deixar o pavimento sem intervenção a partir deste ponto tende a
equivaler a utilizar o pavimento por um período de tempo adicional curto em relação à
deterioração subseqüente, que tende a ser cada vez mais acelerada, encarecendo a solução
de restauração. Se o PSI atingir um valor tão baixo quanto 1,5 ou 1,0 o pavimento já
passaria a requerer reconstrução, mesmo que parcial. Assim, uma exigência de QI < 35
cont/km (equivalente a PSI > 3,06) corresponderia a impedir que os pavimentos pudessem
sofrer uma deterioração adicional dada por: PSI = 3,06 - 2,5 = 0,56. Quando se
dimensiona um pavimento pelo Guia da AASHTO, é usual utilizar-se uma queda de
serventia em torno de: PSI = PSI0 - PSIt = 4,2 - 2,5 = 1,7 de modo que se estaria
deixando de tomar partido de cerca de: 0,56/1,7 = 33 % da queda de serventia que define a
vida de serviço do pavimento. O próprio Guia da AASHTO aponta, contudo, que rodovias
de grande importância merecem que se adote PSIt = 3,0. Neste caso, em se tratando de
situações de tráfego intenso, os pavimentos deveriam ser construídos sob melhores
condições de qualidade, de modo a ser razoável considerar PSI0 4,5 de modo a trazer de
volta um PSI por volta de 1,7 para projeto. Dessa forma, adotar PSIt = 3,0 requer PSI0 =
4,7 (QI0 = 4,4 cont/km) para a obtenção de vidas de serviço comparáveis a PSI0 = 4,2 (QI0
= 12,5 cont/km) com PSIt = 2,5. Irregularidades iniciais da ordem de QI0 = 15 a 20
cont/km representam valores que podem ser obtidos sob um controle de qualidade da
construção excelente em obras rodoviárias (Tabela 5.1), desde que as condições para a
execução das obras sejam favoráveis, o que não é o caso, por exemplo, da adição de novas
faixas de tráfego a rodovias existentes, por exemplo. Já valores abaixo de 10 cont/km são
muito raros, podendo ser atingidos apenas em situações especiais, como no caso das pistas
de pouso e decolagem dos grandes aeroportos, onde as condições de construção podem ser
bastante favoráveis. Dessa forma, o critério QI < 35 cont/km equivaleria a encurtar os
intervalos de restauração, com a decorrente interrupção do tráfego, a menos que as obras
de construção de pavimentos novos ou de restauração de pavimentos existentes obtenham
níveis de irregularidade inicial muito baixos, compatíveis com uma boa qualidade de
execução e quando as condições para construção forem favoráveis. Neste sentido, a
imposição QIadm = 35 cont/km embute uma política de fomentar a busca pelo
153
aperfeiçoamento das práticas de construção e de restauração, o que é, sem dúvida,
benéfico para todo o processo. Sendo assim, o critério QIadm = 35 cont/km deve ser
apoiado como sendo uma exigência apropriada ao contexto.
No caso da irregularidade longitudinal, além dos aspectos relativos a segurança e a
conforto ao rolamento já apontados, uma consideração central poderia ser o controle dos
custos operacionais dos veículos. Em se tratando de rodovias sob tráfego intenso, este
aspecto tende a ser mais condicionante para a fixação de uma irregularidade admissível
que a questão da segurança e do conforto ao rolamento, na medida em que quanto mais
veículos passam por uma rodovia, mais custos operacionais são gerados e maior é a
eficácia econômica (em termos macroeconômicos) de se manter os pavimentos em boas
condições funcionais. Sendo assim, a minimização do custo total do transporte para a
sociedade como um todo requer a adoção de critérios de irregularidade admissível mais
exigentes para as rodovias com maiores volumes de tráfego.
Deixando de lado a discussão relativa aos níveis ideais de irregularidade em função
do tráfego e partindo de uma dada referência (ex: QIadm = 35 cont/km) que seja fixada,
resta investigar as formas apropriadas para sua verificação ao longo de uma rodovia, dado
que há variações ao longo da sua extensão. Tendo em vista o caráter fundamental
representado nesta discussão pelo custo operacional dos veículos, uma série de simulações
foram feitas com o programa HDM-III do Banco Mundial, a fim de verificar o seu
comportamento em face das variações naturais do QI ao longo de um segmento. Para
tanto, as seguintes condições foram adotadas:
Esta composição corresponde a uma média das situações existentes nas rodovias
sob concessão no Estado de São Paulo. A Figura 5.2 mostra os resultados obtidos a partir
da análise de diversas seções de pavimentos, em termos do custo operacional dos veículos
(em milhões de R$ por 1000 veículos por ano em um segmento com 10 km de extensão)
em função da irregularidade do pavimento. O resultado é uma função praticamente linear
do custo com a irregularidade. Apenas quando ocorrem níveis extremamente elevados de
irregularidade (QI > 80 cont/km por exemplo), valores inaceitáveis sob qualquer ótica
para estradas pavimentadas, é que há uma ligeira tendência de crescimento não linear dos
custos com a irregularidade. A Figura 5.3 mostra o modelo resultante para QI < 80
cont/km, onde fica evidente a adequação de uma função linear para descrever a variação
do custo operacional com a irregularidade.
Para os cálculos feitos com o HDM-III, a irregularidade longitudinal é constante ao
longo do trecho analisado. O resultado da Figura 5.3 pode ser escrito, portanto, na forma:
cL La0 b0 QI
para o custo operacional c(L) acumulado ao longo da extensão L de uma rodovia, sendo ,
a0 e b0 constantes que dependem da geometria da via e da composição do tráfego. Em uma
situação real, contudo, a irregularidade varia ao longo do trecho, de modo que a expressão
acima deve ser generalizada para:
154
L
cL a 0 b0 QI x dx
0
para o cálculo do custo operacional dentro de uma extensão L do trecho, sendo QI(x) a
função que descreve a variação da irregularidade ao longo do trecho.
1.5
y = 1E-05x 2 + 0.0031x + 1.0091
Custo Operacional
1.4 r2 = 0.9998
1.3
1.2
1.1
1.0
0 20 40 60 80 100 120
QI (cont/km)
1.5
Custo Operacional
y = 0.0044x + 0.9762
1.4 r2 = 0.9964
1.3
1.2
1.1
1.0
0 20 40 60 80 100 120
QI (cont/km)
1.4
Custo Operacional
y = 0.0041x + 0.989
1.3 r2 = 0.999
1.2
1.1
1
0 20 40 60 80
QI (cont/km)
dc
a b QI (x)
dx
155
onde: a = a0 e b = b0. Dentro de um trecho de comprimento L, o custo operacional
gerado será dado, portanto, por:
dx a b QI ( x)dx aL b QI ( x)dx
L dc L L
c
0 dx 0 0
1 L
L 0
QI c QI ( x)dx
de modo que o custo operacional gerado dentro desse trecho de irregularidade constante é
dado por:
L 1 L
c * aL b QI c dx aL bLQI c aL bL
L 0
QI ( x)dx
0
de onde se conclui que c = c*. Assim, o custo operacional que ocorre dentro de um trecho
onde há variações de irregularidade é exatamente igual ao custo operacional que existiria
dentro de um trecho idealizado onde não houvesse variações de QI e cuja irregularidade
tivesse valor igual ao valor médio da irregularidade do trecho real onde o QI varia ao
longo de sua extensão. O exemplo mostrado na Tabela 5.4 ilustra este resultado, onde foi
aplicado o modelo mostrado na Figura 5.2:
156
Tabela 5.4 - Custos operacionais dentro de um trecho
QI Custo em 10 km Extensão Custo
(cont/km) (R$/1000 veíc. / ano) (m) (R$/1000 veíc. / ano)
22 1,082 200 0,02165
36 1,134 200 0,02268
40 1,150 200 0,02299
50 1,190 200 0,02379
54 1,206 200 0,02413
26 1,097 200 0,02194
38 1,142 200 0,02284
42 1,157 200 0,02315
53 1,202 200 0,02404
25 1,093 200 0,02186
30 1,111 200 0,02223
29 1,108 200 0,02216
27 1,100 200 0,02201
25 1,093 200 0,02186
29 1,108 200 0,02216
34 1,126 200 0,02253
36 1,134 200 0,02268
45 1,169 200 0,02339
19 1,072 200 0,02144
Média = 34,74 Custo no trecho ==> 0,4295
Desvio = 10,44 Custo se QI = 35 cont/km ==> 0,4295
5.3.2 - Segurança
Diversos métodos para projeto de pavimentos em todo o mundo fazem referência a valores
críticos para os afundamentos em trilha de roda, indicativos de que o pavimento deve ser
restaurado. Croney et al (1998) indicam que a experiência inglesa aponta para valores na
faixa entre 12 e 18 mm como associados a uma condição em que o pavimento deve ser
restaurado, por estar esta ocorrência usualmente acompanhada de trincamento nas trilhas
de roda, fazendo com que o acúmulo de água nas trilhas penetre na estrutura e
comprometa a condição das camadas subjacentes ao revestimento. Diversos métodos para
avaliação de pavimentos (como o do PCI, o da Caltrans e o do WSDOT) consideram que
afundamentos em trilha de roda entre 6 e 13 mm são de severidade baixa, podendo não
requerer intervenção imediata. Haveria, portanto, algum grau de conservadorismo no que
diz respeito a este parâmetro para o valor crítico F = 7 mm, mas deve-se reconhecer que
aceitar valores mais próximos de 12 mm, por exemplo, seria razoável apenas no caso da
existência de medições regulares de resistência à derrapagem em pista molhada através de
-meters (devido ao risco de hidroplanagem em altas velocidades decorrente de uma
drenagem superficial prejudicada).
No que diz respeito às avaliações de resistência à derrapagem, podem ser feitos os
seguintes comentários:
157
graúdos, podendo variar de rugosa a polida. Como as condições de atrito que importam
para a segurança do tráfego devem se referir a velocidades mais elevadas, é compreensível
preocupações com relação à manutenção de uma macrotextura pelo menos média. Um
limite superior para a macrotextura deve ter sido imposto a fim de se evitar situações onde
o desgaste dos pneus seja excessivo, bem como uma condição de desgaste superficial
excessivo do pavimento, quando a exposição de agregados e o seu posterior arrancamento
pelo tráfego se torne provável. Com relação às medidas de textura superficial, deve-se
observar que há diversos outros métodos disponíveis além do Método da Mancha de
Areia, mas que nenhuma correlação pôde ser obtida até hoje entre os resultados desses
ensaios e a resistência à derrapagem (Shahin, 1994), o que pode ser observado na Figura
5.4 (fonte: rodovias da Concessionária ECOSUL S/A, 2006). Dessa forma, o valor real
dessas medições tem que ser inserido dentro de um contexto apropriado, evitando-se
atribuir a elas um "status" absoluto de indicador de atrito.
60
50
BPN
40
30
0 0.5 1 1.5
HS (mm)
158
v02
d
AC D v02
2 g ( cos sen )
3m
onde:
v0 = velocidade inicial do veículo, no momento em que os freios são
acionados;
= coeficiente de atrito pneu-pavimento;
g = aceleração da gravidade (9,81 m/s2 ao nível do mar);
= ângulo que a superfície faz com a horizontal (positivo no caso de rampa
descendente);
A = área de seção transversal frontal do veículo (m2);
m = massa do veículo (kg);
CD = coeficiente de arraste aerodinâmico do veículo:
= 0,45 para automóveis
= 0,65 para ônibus
= 0,85 para caminhões
= densidade do ar, dada em kg/m3 por:
onde h é a altitude (m) em relação ao nível do mar. Esta fórmula, deduzida para o modelo
simples mostrado na Figura 5.4, mostra que a capacidade de frear o veículo é quase
inversamente proporcional ao coeficiente de atrito, o que mostra a importância desse
parâmetro. Por outro lado, a fórmula mostra também que o parâmetro central para uma
frenagem segura é a velocidade inicial do veículo, pois a distância de frenagem é quase
que diretamente proporcional ao quadrado dessa velocidade (o arraste aerodinâmico reduz
um pouco este efeito, pois beneficia a frenagem). Até mesmo a geometria da via tem
influência, no caso através da declividade longitudinal, de modo que a distância de
frenagem aumenta se o veículo se encontra em uma rampa descendente.
v0
Fat
Far
mg
Ao mesmo tempo, o coeficiente da fórmula acima não é o que pode ser medido
diretamente através dos diversos aparelhos existentes, uma vez que depende, além dos
fatores sazonais já apontados, de parâmetros inerentes ao veículo, tais como:
159
- Velocidade ( não é uma constante, mas diminui com o aumento da velocidade, de
modo que a fórmula acima é apenas aproximada). pode ser considerado
aproximadamente independente da velocidade apenas em superfícies limpas e secas,
ou seja, em situações onde raramente há condições críticas de atrito;
- Pressão do pneu. Para uma determinada carga por roda, o aumento da pressão causa
uma redução de , pois há uma redução da área de contato pneu-pavimento, fazendo
com que o calor gerado pela derrapagem se distribua em uma área menor, elevando
mais a temperatura do pneu;
- Carga por roda. O seu aumento pode levar a menores valores para , devido à
tendência de as maiores cargas por roda apresentarem menores áreas de contato, uma
vez que as maiores cargas de eixo podem implicar em aumentos mais que
proporcionais da pressão de inflação dos pneus, especialmente no caso de eixos
tandem-triplo (a um aumento de carga por eixo de 20 para 40 tf corresponde, em
média, um aumento usual da pressão de inflação dos pneus de 50 para 118 psi);
- Projeto do pneu. A presença de canais no pneu permite a retirada eficiente da água,
elevando bastante a eficiência da frenagem.
Estes fatos implicam em que o coeficiente de atrito que atua no contato pneu-
pavimento depende não somente das condições de superfície, mas também das condições
climáticas, do veículo e da sua velocidade. Não é possível, portanto, o estabelecimento de
um critério relativo às condições de resistência à derrapagem que garanta a segurança dos
veículos, na medida em que excesso de velocidade e condições de conservação ruins dos
pneus são capazes de, por si sós, propiciar um quadro onde a probabilidade de ocorrência
de um acidente seja elevada. O melhor que se pode fazer é garantir que o coeficiente de
atrito esteja sempre acima de um valor crítico requerido para as condições operacionais da
via.
Com o passar do tempo e com a abrasão produzida pelo tráfego, principalmente
pelos caminhões, o atrito sofre redução gradual. Esta redução é usualmente mais intensa
durante os dois primeiros anos da abertura ao tráfego, após o que o coeficiente de atrito
tende a se estabilizar por um certo tempo (exceto pelas variações sazonais). Em seguida,
as reduções prosseguem, em velocidades tão maiores quanto mais intenso for o tráfego.
Dessa forma, a finalidade de se efetuar medições de atrito deve ser a de identificar locais
onde existam valores muito baixos ou onde a velocidade de perda de atrito tenha se
mostrado elevada, de modo que intervenções apropriadas possam ser aplicadas
oportunamente. O intervalo aceitável para as medições não poderia, portanto, ser fixado
em um período de tempo tão longo e independente do tráfego atuante.
O polimento da microtextura dos agregados ocorre tanto em tratamentos
superficiais como em concretos asfálticos. Rauhut et al (1984) desenvolveram um modelo
para previsão da redução da resistência à derrapagem em função das passagens dos
veículos para duas classes de agregados:
Agregado Calcáreo:
g N 0,582 N 0,574
g N 0,354 N 0,383
onde:
160
g(N) = função de deterioração da resistência à derrapagem, definida a partir do
“skid number” (SK) e para uma condição terminal (ou seja, g(N) = 1) de
SK = 35:
SK inicial SK N
g N
SK inicial 35
65
60
SK
55
50
45
9 12 15 18
Ano
Como apontado por Croney et al (1998), diversos tipos de aparelhos estão disponíveis
para medida da resistência à derrapagem em pista molhada. Basicamente, dois processos
alternativos são adotados: a medida do coeficiente de atrito lateral (Sideway friction
coefficient, SFC) ou a medida do coeficiente de atrito longitudinal (Braking friction
coefficient, BFC). No primeiro caso, a roda teste é inclinada em relação à direção do
deslocamento, de modo a simular a mobilização de atrito quando o veículo faz uma curva,
enquanto que no outro caso a roda não está inclinada e mede-se a força mobilizada entre a
roda e o pavimento em uma situação de frenagem com travamento da roda. Os
coeficientes de atrito obtidos por esses processos correlacionam-se fortemente (BFC = 0,8
SFC), de modo que qualquer um dos dois pode ser adotado na prática. O mesmo não
acontece com o Pêndulo Britânico (Portable Skid-Resistance Tester), cujo parâmetro SRV
(Skid-Resistance Value) não tem correlação com o SFC ou com o BFC quando a
superfície é de macrotextura muito rugosa, fato que se deve à pequena área de contato do
pêndulo. Por outro lado, quando a superfície tem macrotextura lisa ou moderadamente
rugosa, a correlação entre o SRV e o SFC medido a 48 km/h é forte (Figura 5.6).
Na prática, as medições com o Pêndulo Britânico se aplicam mais à investigação
de locais potencialmente problemáticos em termos de acidentes associados à derrapagem,
devendo ser tomadas medidas em vários pontos (espaçados entre 5 e 10 m) para se obter
uma média digna de confiança.
161
Ainda segundo Croney et al (1998), a velocidades abaixo de 50 km/h (situação
típica de áreas urbanas ou com tráfego congestionado, onde os acidentes associados à
derrapagem são muito mais freqüentes) a microtextura domina o valor de , especialmente
as características superficiais dos agregados graúdos. Sob velocidades maiores (quando as
conseqüências dos acidentes são mais sérias), a macrotextura (associada ao tamanho e à
forma das asperezas visíveis) se torna igualmente importante na definição de . Valores
excessivos de profundidade da macrotextura devem ser evitados, contudo, a fim de
controlar o ruído e o desgaste dos pneus. Dessa forma, limites devem ser impostos para a
profundidade da macrotextura, tal como é medida por ensaios como o da Mancha de
Areia.
0.7
0.6 y = 0.0096x
2
0.5 r = 0.9992
0.4
SFC
0.3
0.2
0.1
0
0 10 20 30 40 50 60 70
SRV
162
Tabela 5.5 - Critério inglês para o coeficiente de atrito (Croney et al, 1998)
Categoria Situação Local Velocidade do SFC
Ensaio (km/h)
A Retornos, curvas com raio < 150 m, gradientes 50 0,55
maiores que 5 %, proximidade de sinais de tráfego.
B Vias com velocidade > 95 km/h. 50 0,50
80 0,45
C Vias arteriais ou principais, ou com mais de 100 50 0,50
veículos por dia por sentido em áreas urbanas.
D Rodovias retas, com pequenos gradientes e curvas 50 0,40
suaves, sem intersecções capazes de criar
condições de emergência.
Os defeitos de superfície, para sua completa caracterização, devem ser descritos por meio
dos seguintes parâmetros:
163
A aplicação mais imediata de uma avaliação de defeitos de superfície ocorre dentro
de projetos de restauração de pavimentos deteriorados, quando os registros efetuados
serão utilizados:
O Quadro 5.1 mostra um exemplo de planilha que pode ser utilizada para a
avaliação visual expedita do estado de superfície de pavimentos de vias urbanas, para fins
de gerência em nível de rede. Para cada tipo de defeito existente, registra-se a extensão
com que cada nível de severidade do defeito está presente dentro de uma unidade de
análise (definida, em geral, pelo segmento delimitado pelo cruzamento com duas ruas
transversais consecutivas). A extensão é avaliada de forma semi-quantitativa, de acordo
com:
1 ==> aceitável
2 ==> tolerável
3 ==> inaceitável
164
Estado de Superfície de Pavimentos Asfálticos
________________________________________________ Data: ___/___/___
RUA / AVENIDA
_____________________________________________________________________
DE A
Avaliador:
Observações:
165
BR-472/RS
100
90
80
70
60
TR (%)
50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100
FC23 (%)
Se for desejada uma previsão de TR a partir de FC23, terá que ser adotado um
procedimento conservativo, por meio da aplicação da relação definida pela envoltória
superior dos pontos da Figura 5.6, a qual é mostrada na Figura 5.7 e que pode ser expressa
por:
Para FC23 52 %:
TR 100%
A relação proposta pode ser adotada na prática, tendo-se em vista que, para
TR=20% já se teria uma condição correspondente à de um pavimento que necessita ser
restaurado, uma vez que as duas trilhas de roda se encontrariam completamente trincadas.
Os pontos da Figura 5.6 mostram que TR é maior que 30% para FC23 > 52%.
Uma outra correlação, obtida com os dados da gerência do DER-SC, é:
TR % 0,5917 FC 2 FC 3
com r2 = 0,6207 para 199 segmentos homogêneos, que apóia o uso da relação da Figura
5.7 como uma envoltória superior na estimativa de TR.
166
TR (%)
100
0
52 FC23 (%)
A Figura 5.8 mostra a relação obtida entre o IGG de cada Subtrecho Homogêneo e
o percentual da área da pista onde foi indicada, por inspeção no campo, a necessidade ou
conveniência de se executar reparos em áreas localizadas antes da restauração. Um
subtrecho situou-se completamente fora da tendência geral dos pontos, estando associado
um percentual de remoções de 100 % para um IGG = 150. A razão para esta discrepância
está no fato deste subtrecho, situado entre o km 429+300 e o km 432+300, necessitar ser
subdividido em dois: um subtrecho entre o km 429+300 e o km 430+490, que apresenta
ainda o revestimento em TSD, e um subtrecho entre o km 430+490 e o km 432+300, onde
o revestimento não existe mais.
Daquela relação, pode-se concluir que a necessidade de remoções passa a se tornar
acentuada para valores de IGG > 70.
100
90
80
70
REMOCOES (%)
60
50
40
30
20
10
0
0 50 100 150 200 250 300
IGG
167
Registros detalhados, com medida de afundamentos em trilha de roda, como são feitos
no método DNER PRO-08/78, têm por objetivo efetuar uma descrição da condição de
superfície completa o suficiente para que um projeto de restauração consistente possa ser
feito (o mesmo pode ser dito do método DNER-PRO 128/83 e do método do ICP). Não se
tratam estes, portanto, de processos úteis para monitoramento em nível de rede, a menos
que sejam aplicados apenas em pequenas Unidades de Amostragem, selecionadas de
modo a representar a condição de segmentos mais extensos, os quais tenham sido
avaliados através de um levantamento visual contínuo mais expedito. O levantamento
detalhado das condições de superfície que é propiciado pelos métodos referidos, se
executado em toda a rede uma vez por ano, resultará em uma massa de dados cuja
utilidade pode ser duvidosa. Como apontado por Monismith et al (1987), em um estudo
abrangente dos Sistemas de Gerência de Pavimentos utilizados em algumas cidades dos
EUA e do Canadá, foi observada a tendência de se coletar mais informações do que as
efetivamente necessárias. O resultado foi a lentidão dos levantamentos, a redução da
confiabilidade das informações, o incremento das necessidades de armazenagem e de
processamento computacionais, levando a um processo global ineficiente. Concluem os
autores pela importância de se coletar apenas as informações realmente necessárias. De
fato, diversos procedimentos foram desenvolvidos para o registro das condições de
superfície dos pavimentos rodoviários que são bastante expeditos quanto a sua aplicação
mas que fornecem todas as informações necessárias a um correto julgamento acerca da
natureza, severidade e extensão dos principais defeitos existentes (o exemplo mais notável
é, talvez, o Método VIZIR do LCPC).
Com relação ao critério estabelecido para o Índice de Gravidade Global (IGG da
norma DNER-PRO 08/78), deve-se observar que seus valores estão associados à condição
geral do pavimento de acordo com a Tabela 5.6.
Os conceitos da Tabela 5.6 mostram que se estaria exigindo, com um critério como IGG <
30, que os pavimentos permanecessem sempre em boas condições ou na fronteira entre as
condições Boa e Regular. A definição da Tabela 5.6 é, contudo, um pouco grosseira, uma
vez que não apresenta os conceitos Excelente ou Ótimo, presentes em todos os demais
processos para avaliação de superfície. Como apontado pelo próprio autor do método
(Pereira, 1979), um conceito Ótimo poderia ser associado a IGG < 10, ficando o conceito
Bom associado a 10 < IGG < 30 (Tabela 5.7), de modo que o critério IGG < 30 implica
em que se deve evitar que os pavimentos entrem na condição regular. Esta exigência leva
à impossibilidade de que os pavimentos sejam utilizados até uma condição em que a
restauração se torne necessária ou mesmo oportuna, acarretando em intervenções
freqüentes de caráter não estrutural que visem recompor as condições de superfície de
forma a mantê-las dentro dos conceitos Ótimo ou Bom. A eficiência econômica de tal
prática é questionável, uma vez que impede a concessionária de trabalhar com estratégias
de manutenção que podem ser mais eficazes. Além disso, as interrupções de tráfego,
associadas a intervenções de manutenção freqüentes em troca de um beneficio apenas
marginal decorrente de se reduzir o IGG de 30 para zero, devem também ser questionadas.
168
Tabela 5.7 - Índice de Gravidade Global (Pereira, 1979)
IGG Conceito
0 - 10 Ótimo
10 - 30 Bom
30 - 80 Regular
80 - 150 Mau
150 - 500 Péssimo
Por outro lado, a metodologia do ICP aponta a associação entre seus valores e a
condição geral do pavimento de acordo com a Tabela 5.8. Desta forma, o critério ICP > 60
equivale a permitir que os pavimentos possam atingir uma condição regular, associada ao
momento em que a sua restauração possa ser necessária (devido a aspectos funcionais) ou
que pelo menos seria oportuna (a fim de evitar uma deterioração mais acelerada dentro de
pouco tempo, encarecendo a restauração). As fórmulas para o cálculo do IGG e do ICP
não são, contudo, de igual sensibilidade, sendo o ICP um instrumento muito mais
adequado para detectar as diferentes condições de superfície, por ser baseado em fatores
de ponderação que variam bastante com a extensão e com a severidade dos defeitos
existentes. O IGG é bastante simplificado e grosseiro, a ponto de facilitar a ocorrência de
situações onde dois pavimentos possam apresentar o mesmo IGG e mostrarem condições
de superfície radicalmente distintas.
Uma faixa de valores para o IGG que pode ser associada ao momento em que um
pavimento deve ser restaurado situa-se por volta de 50 < IGG < 80. No caso do ICP,
estudos mostram que esta faixa depende da estrutura do pavimento, podendo-se apontar
valores em torno de 45 < ICP < 65. Existiria, portanto, um descompasso entre os critérios
baseados no IGG e no ICP, com o critério dado por IGG = 30 podendo representar
pavimentos cuja condição ainda não seria aquela que ensejaria uma intervenção. De fato,
observando-se o processo através da qual o IGG é calculado:
IGG f i pi
onde fi é a freqüência com que o defeito "i" ocorre dentro do segmento avaliado e pi é o
seu fator de ponderação, nota-se uma grande diferença com o cálculo do ICP, o qual
discrimina os pesos em função do grau de severidade de cada defeito. No IGG, apenas as
trincas têm níveis distintos de severidade. Com relação à ocorrência de desgaste
superficial, por exemplo, a definição em DNER-TER 01/78 é a de arrancamento de
agregados, com peso pi = 0,3 implicando em IGG = 30 caso o problema se verifique em
toda extensão (fi = 100) do trecho avaliado. Na metodologia do ICP, por outro lado, há
três níveis de severidade para o desgaste, com definições precisas para cada nível, além de
um defeito adicional referente a agregado polido. O desgaste da DNER-TER 01/78
169
corresponde ao nível de severidade alto do desgaste no ICP. Assim, uma superfície onde
existam agregados expostos e uma textura rugosa, mas sem arrancamento de agregados,
poderia ser erroneamente avaliada como desgastada e receber IGG = 30, sem que o
pavimento tenha qualquer outro defeito. Esta condição de desgaste superficial, por sua
vez, não implica em um baixo coeficiente de atrito (que só pode ser avaliado utilizando
equipamentos apropriados, como o Mu-meter), nem na existência de desagregação
superficial, com risco de que agregados graúdos possam se soltar e provocar quebra de
pára-brisas de veículos. Em síntese, o Método PCI do USACE (Pavement Condition
Index) descreve em detalhe cada nível de severidade com que cada tipo de defeito pode se
manifestar, associando pesos a cada nível, o que o torna um indicador mais acurado para
distinguir as diferentes condições em que um pavimento pode se encontrar.
A correlação entre o IGG e o PCI é dada por:
"Uma incursão ao campo da literatura técnica especializada mostra que diversas tentativas
têm sido levadas a efeito com a finalidade de expressar a intensidade de deterioração
assumida por um pavimento, ou a serventia por ele proporcionada, através de um
parâmetro numérico, cujo conhecimento, por si só, facultaria a qualificação do estado da
estrutura em observação, e, ao mesmo tempo, o seu relacionamento comparativo com o de
outras estruturas."
E, mais adiante,
"Em nosso país, durante a avaliação rotineira de pavimentos existentes, não se tem contato
com instrumentos que facultem a medida direta das condições de irregularidade
longitudinal nas trilhas de roda (perfilômetros e perfilógrafos). Esse fato, associado às
peculiaridades que caracterizam a sistemática adotada na condução do inventário do
estado da superfície do pavimento, tornaria impraticável a mobilização in totum dos
procedimentos destinados à avaliação do parâmetro representativo das condições de
superfície, já consagrados pelo uso por entidades rodoviárias estrangeiras.
Objetivando contornar o impasse apontado, procurou-se conceber uma
metodologia que fosse especificamente compatível com os insumos propiciados pela
modalidade de inventário utilizada."
O próprio autor do método sentencia, portanto, que a motivação básica de sua
implementação, na forma como foi feita, se deveu à indisponibilidade de equipamentos no
país para medida da irregularidade longitudinal. Isto deixou de ser verdade a partir de
meados da década de 80, quando diversos aparelhos (mays-meters importados, integrador
IPR-USP) passaram a ser utilizados. Estas observações feita por Pereira (1979) significam
que o objetivo do cálculo do IGG era, desde o início, dispor de um parâmetro numérico
único que pudesse ser utilizado para descrever o estado geral da superfície do pavimento.
Como não havia equipamentos no país para medida da irregularidade longitudinal, de
modo que uma correlação do tipo (fonte: Banco Mundial):
170
QI
PSI 5,0 exp
71,5
pudesse ser utilizada, optou-se por calcular um parâmetro cuja aplicação fosse viável à
época. Tendo em vista a disponibilidade atual de equipamentos para medição da
irregularidade, levando em conta a confiabilidade da correlação acima entre o PSI e o QI e
considerando o papel central e sintetizador representado pelo QI, tanto em termos de
possibilitar uma avaliação global da condição do pavimento (PSI) como em termos
funcionais, parece não haver motivo para manter um controle simultâneo dentro do
monitoramento dos parâmetros IGG e QI. De fato, a correlação acima indica que a um
valor QI = 35 cont/km corresponde PSI = 3,06 o qual pode ser associado (pela fórmula
apresentada por Pereira, 1979) a IGG = 33, de modo que estaria havendo certa
redundância entre os critérios.
Aplicando a correlação proposta por Pereira (1979):
onde se pode notar que uma condição dada por IGG = 30 tende a implicar em uma grande
distância com relação àquela em que o pavimento atingiria o momento ideal para ser
restaurado. Na prática, exigir que IGG < 30 implica em forçar a aplicação de pelo menos
uma camada de desgaste, tal como Lama Asfáltica ou Micro-concreto Asfáltico, em um
momento intermediário da vida de serviço do pavimento (novo ou restaurado), antes que
novas aplicações dessas camadas sejam inviáveis e o pavimento deva ser de fato
restaurado. Esta pode ser uma estratégia válida em certos casos, mas seria mais correto
que a decisão de aplicar camadas de desgaste na forma de uma Conserva Pesada deste tipo
fosse tomada em função de fatores como:
Um outro aspecto diz respeito à questão dos reparos em áreas localizadas e seu peso
dentro do IGG. Por se tratar de uma metodologia bastante antiga (apesar da edição da
norma DNER-PRO 08/78 ser de 1978 o método em si é baseado em conclusões da
AASHO Road Test, 1958-1962, e em um método canadense mais antigo, tendo sido
apresentado pela primeira vez em 1972), a definição do IGG não diferencia uma trinca
comum de uma trinca selada, nem avalia as diferentes categorias de remendos que possam
171
existir. O método do PCI do USACE, por exemplo, que é um processo de
desenvolvimento bem mais recente e bem mais sofisticado, faz referência a diferentes
níveis de severidade do remendo, tendo em conta sua condição (dentro da área
remendada) e o desnível entre o remendo e a área que o circunda. Assim, um reparo
localizado deveria receber uma consideração mais apropriada, tendo em conta a técnica
utilizada, sua condição e como o reparo afeta o conforto ao rolamento da rodovia.
No caso de trincas severas que sejam seladas de forma apropriada, ou seja, serrando-se
em largura e profundidade adequadas, com limpeza por jato de ar comprimido do
reservatório assim formado, seguida de preenchimento por ligante asfáltico de
consistência e resistência que atendam aos requisitos necessários, o seu peso no IGG não
poderia ser o mesmo do de uma trinca que não recebeu qualquer intervenção. A trinca em
si deixou de existir, surgindo em seu lugar um reparo localizado, capaz de manter a
estanqueidade da superfície e de evitar a continuidade da progressão da trinca. Ao mesmo
tempo, o revestimento teve sua integridade estrutural parcialmente restabelecida,
melhorando sua capacidade de aliviar as tensões aplicadas pelas cargas de roda para as
camadas subjacentes. Mesmo que as trincas seladas introduzam algum acréscimo na
irregularidade do pavimento, isto não seria motivo para que elas devam ter um peso no
IGG idêntico ao de uma trinca aberta, uma vez que a avaliação de irregularidade é um
outro item, medido através de equipamentos apropriados. No Método PCI de avaliação, as
trincas seladas onde o material de enchimento se encontre em condições satisfatórias são
consideradas como trincas de baixa severidade, qualquer que seja a sua abertura, desde
que a trinca selada não se encontre circundada por trincas não seladas.
No que diz respeito aos remendos, pode-se distinguir as seguintes categorias:
5.5.1 - Conceitos
174
elevadas ou no estudo dos efeitos dinâmicos de diferentes tipos de sistemas de
suspensão.
Avaliação Destrutiva:
Consiste da abertura de furos de sondagem para identificação da natureza e
das espessuras das camadas do pavimento, bem como da abertura de poços
de sondagem para coleta de amostras dos materiais que serão ensaiados em
laboratório. Alguns ensaios “in situ” nas camadas de solos e de materiais
granulares podem ser realizados, como CBR “in situ” e determinações de
umidade e densidade. Os ensaios de laboratório abrangem desde aqueles
convencionais para caracterização geotécnica até ensaios especiais, como
os que permitem a medida do módulo de deformação resiliente. Este último
parâmetro traduz o comportamento tensão-deformação dos materiais
quando submetidos às cargas transientes do tráfego.
176
Os ensaios não destrutivos, realizados por meio de provas de carga, ganharam
relevância com base no fato de que a execução de ensaios de laboratório em algumas
amostras sempre gera dúvidas acerca da representatividade das condições in situ das
camadas. Originalmente, utilizavam-se provas de carga estáticas, tanto para a medida do
módulo de reação do subleito para o projeto de pavimentos rígidos como para medidas
indiretas do CBR, tendo sido abandonadas pelos seguintes aspectos:
Deflectômetros Quase-Estáticos:
Utilizam cargas de eixos de caminhões em verdadeira grandeza, movendo-se a
velocidades muito baixas (da ordem de 3 km/h). Como as solicitações aplicadas,
em termos de magnitude das cargas e da área de contato, correspondem às
solicitações de serviço em rodovias, as deflexões medidas com estes aparelhos
correlacionam-se bem com o desempenho dos pavimentos flexíveis e semi-rígidos.
Não servem, contudo, para pavimentos rígidos, por falta de acurácia na leitura de
deflexões menores que 10 x 10-2 mm, além de não permitirem a avaliação de
juntas. Alguns equipamentos desta categoria incluem:
Viga Benkelman
Deflectógrafo Lacroix
California Traveling Deflectometer
A Viga Benkelman foi utilizada pela primeira vez nas pistas experimentais da
WASHO, em 1953, difundindo-se por todo o mundo desde então. Atualmente, só é
utilizada nos países do terceiro mundo, em vista de seus baixos custos de
aquisição, operação e manutenção. O equipamento se compõe de uma parte fixa e
de uma viga móvel. A parte fixa é apoiada no pavimento por meio de três pés
reguláveis. A viga móvel é acoplada à parte fixa por meio de uma articulação,
ficando uma das extremidades (ponta de prova) em contato com o pavimento, no
local onde se deseja medir a deflexão, enquanto que a outra extremidade fica em
contato com um extensômetro que acusa qualquer movimento vertical da ponta de
prova. A parte fixa é provida de um vibrador, cuja função é reduzir ao mínimo o
atrito entre todas as peças móveis durante a operação de medida.
Deflectômetros Dinâmicos:
São aqueles que aplicam cargas que variam de forma senoidal, a uma certa
freqüência, e medem as correspondentes deflexões dinâmicas em diversos pontos
da superfície do pavimento, por meio de sensores sísmicos (geofones). Permitem,
portanto, a determinação dos módulos de elasticidade dinâmicos dos materiais das
camadas, por retroanálise das bacias de deflexões medidas. Apresentam a
desvantagem de ser necessária a aplicação de uma pré-carga estática da ordem de
três vezes a carga dinâmica (pico-a-pico) aplicada, o que altera todo o estado de
177
tensões no pavimento. Esta pré-carga se destina a evitar o repique da placa de
carga no topo do pavimento. Fazem parte desta categoria o Dynaflect e o Road
Rater. O Dynaflect foi retirado de uso, uma vez que aplicava cargas muito baixas
ao pavimento, não chegando a mobilizar os níveis de deformações que as cargas
dos veículos comerciais produzem. O resultado disto foi a descoberta de que as
deflexões medidas por meio desse equipamento não se correlacionava com o
desempenho apresentado pelos pavimentos.
Deflectômetros de Impacto:
Também denominados “Falling Weight Deflectometers” (FWD’s), aplicam cargas
impulsivas por meio da queda de um conjunto de pesos sobre um sistema que
amortece e transfere as cargas aplicadas a uma placa circular, apoiada no
pavimento. A duração do pulso de carga resulante (30 ms) é tal que simula os
efeitos, no pavimento, de cargas de roda a velocidades da ordem de 70 km/h. Não
requerem aplicação de uma pré-carga estática e permitem cargas cuja magnitude e
área de contato simulam os eixos dos caminhões ou os trens-de-pouso das
aeronaves. Aplicam-se a quaisquer tipos de pavimentos, inclusive para a avaliação
de juntas e detecção de solapamentos em placas de concreto de cimento Portland.
Conjunto de Pesos
(massa principal) Conjunto
de Pesos
massa Buffers
intermediária
Placa de Carga
não Segmentada
Placa de Carga
Segmentada
O fato de a carga aplicada no FWD ser dinâmica leva a amplificações nas deflexões, em
relação a uma carga estática, quando a profundidade até a rocha é inferior a 6,1m. Assim,
os procedimentos estáticos usuais de retroanálise, quando se conhece a profundidade da
rocha, levam a se subestimar a rigidez do subleito.
O procedimento corrente para se interpretar as leituras do FWD falha em utilizar o
verdadeiro potencial do ensaio, uma vez que não se considera a natureza dinâmica da
resposta do pavimento. Registrar-se uma história de tempo maior da resposta dinâmica do
pavimento levaria a uma estimativa mais simples e rápida da rigidez do subleito. A
profundidade da rocha também poderia ser estimada a partir do período das vibrações
179
livres do pavimento, que se seguem após a passagem do pulso do FWD. Esta informação e
a história da força são necessárias se um procedimento de retroanálise dinâmico deve ser
aplicado.
Amortecedor
viscoso Invólucro
Elemento
de atrito
Mola B
Mola A
Mola A
Peso de
referência
Superfície do pavimento
Na Ref. [11] foi feito um estudo experimental a fim de se investigar a confiabilidade das
leituras obtidas através da viga Benkelman. Alguns dos resultados obtidos em um
pavimento flexível rodoviário são mostrados na Tabela 5.9, de onde se conclui que:
As Figuras 5.11 e 5.12, extraídas da Ref. [11], ilustram a repetibilidade das leituras
da bacia de deflexões com a viga Benkelman em comparação com a que é obtida através
do FWD, para ensaios realizados sobre o mesmo pavimento. O coeficiente de variação das
leituras com o FWD situou-se na faixa entre 0,4 e 1,5% naqueles ensaios.
180
Tabela 5.9 - Bacias da viga Benkelman medidas sobre um mesmo ponto em pavimento
flexível (Ref. [11])
Deflexões da Viga Benkelman ( 10-2 mm)
Bacias / Dist.(cm) D0 D12.5 D25 D45 D65 D85 D105 D125 D145
Bacia VBk 1 68 52 48 36 20 8 16 4 16
Bacia VBk 2 72 56 40 24 12 4 0 0 0
Bacia VBk 3 72 60 40 24 16 12 8 8 4
Bacia VBk 4 76 60 36 24 16 8 4 4 4
Bacia VBk 5 72 56 32 20 16 12 8 8 4
Bacia VBk 6 64 52 36 24 16 12 8 4 4
Bacia VBk 7 76 56 44 28 16 16 12 4 4
Bacia VBk 8 68 56 36 24 16 12 8 4 4
Bacia VBk 9 68 56 40 20 16 8 4 4 4
Bacia VBk 10 36 16 4 -4 -8 0 -12 -4 0
Bacia média VBk * 71 56,5 38 23,5 15,5 10,5 6,5 4,5 3,5
* 4,140 2,563 3,7 2,563 1,414 3,665 3,66 2,56 1,41
C. V. (%)* 5,832 4,537 9,75 10,9 9,12 34,9 56,4 57 40
* Cálculos excluindo as bacias VBk 1 e VBk 10.
-10
-20
Deflexões (0.01mm)
-30
3135
RC
D0 D25
Bacias do FWD
0
-10
-20
Deflexões (0.01mm)
-30
T = 25,5 oC 12:05 h
-40
Figura 5.12 - Análise da repetibilidade das bacias do FWD obtidas em um mesmo ponto
em pavimento flexível rodoviário (Ref. [11])
182
Ensaios triaxiais de cargas repetidas deverão ser realizados na umidade e
densidade de campo em amostras dos materiais granulares das camadas de base e sub-
base, bem como nos solos das camadas de reforço e subleito. Em vista da grande
contribuição nas deflexões do pavimento que se deve ao subleito e às dificuldades de se
retirar amostras indeformadas no campo, será aproveitado para as análises apenas o
expoente “n” da relação: MR = k dn, no caso de solos finos coesivos, ou o K2 da relação:
MR = k1 K2, no caso de solos cujo comportamento é granular (cascalhos e areias).
Para as camadas asfálticas tipo CBUQ, no caso de não se dispor de ensaios de MR
em compressão diametral, pode-se adotar os valores típicos da Tabela 5.10, desde que a
espessura total das camadas asfálticas seja pequena o suficiente para influir pouco nas
deflexões do pavimento (ou seja, menores que 10 cm).
183
razão entre o módulo efetivo do revestimento (ou base cimentada) e o módulo da mistura
(Eef/E0).
Do = 0,62 DVBK
onde DVBK é a deflexão medida com a Viga Benkelman. Esta correlação foi estabelecida
na “AASHO Road Test”.
Para as camadas granulares que formam a base e a sub-base, pode-se adotar a
seguinte relação entre os parâmetros K1 e K2 (Ref. [8]):
K1 0 D0 1 RC 2
K 0 D0 1 RC 2
obtidos após análise de uma série de casos pela teoria de camadas elásticas. Neste caso,
contudo, RC deveria ser lido, preferencialmente, em todas as estacas, juntamente com Do.
Os valores calculados para K1 e K devem ser comparados aos que foram medidos em
laboratório. Se grandes discrepâncias forem observadas, sua causa deveria ser investigada
(por exemplo, revendo-se o E1 que foi adotado).
Uma avaliação estrutural efetuada com a viga Benkelman, para que possa se
aproximar do grau de confiabilidade que é propiciado por uma avaliação com o FWD,
deve ser complementada por determinações do módulo de resiliência dos materiais das
camadas, a partir de ensaios triaxiais de cargas repetidas realizados em amostras dos
materiais extraídas do pavimento a ser avaliado. Embora o módulo de resiliência descreva
o comportamento dos materiais sob as cargas transientes dos veículos, este ensaio
destrutivo deve ser complementado pelos levantamentos deflectométricos, na medida em
que:
184
Não é prático e nem há condições operacionais e econômicas de se executar
ensaios em número suficiente para que seja obtida uma representatividade
estatística dentro de cada subtrecho homogêneo;
As condições de umidade, densidade e compactação em que os materiais se
encontram in situ são de difícil reprodução em laboratório, sem se falar nas
condições de solicitação (estado de tensões e tempos de aplicação de cargas) a que
os materiais das camadas estão sujeitos.
D0
h1 E1 = MR E1med = E1
185
E 2 med
h2 E2med K 24
E 2 A1 A2
d
A3
E 4 med
E3med E 3med
h3
E 3 B1 B2
d
B3
K 34
E 4 med
‘
E4med
E 4 C1 dC2
D0
DC
E4
E4ef
DFWD 1,0
, para a > 0 e b > 0
DVBK a h1b 1
Para os dados disponíveis, a aplicação deste modelo resultou nos dados da Tabela
5.12, que levam à relação mostrada na Figura 5.13. As deflexões medidas com o FWD se
referem a uma carga de 40 kN aplicada sobre uma placa de 30 cm de diâmetro. Uma placa
com esta dimensão gera bulbos de tensões de forma e magnitude semelhante ao eixo
padrão de rodas duplas, na medida em que as rodas se encontram separadas em 30 cm
centro a centro e as pressões médias de contato nos dois sistemas são praticamente
idênticas (em torno de 5,6 kgf/cm2).
186
Tabela 5.12 - Correlação entre viga Benkelman e FWD (Ref. [11])
h1 (cm) Parâmetros obtidos
5,0 0,91 a = 6,13610-3
7,5 0,84 b = 1,756
10,0 0,68 R2 = 0,94
15,0 0,62 = 0,248
1.1
0.9
Dfwd / Dvbk
0.8
0.7
0.6
0.5
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Espessura da Cam ada Asfáltica (cm )
Revestimento
h1 Asfáltico E1 = fixo
A avaliação estrutural de um pavimento pode ser efetuada, neste caso, através da seguinte
seqüência:
187
2. Estimativa do CBR in situ da camada granular e dos solos de reforço/subleito, por
meio da relação:
Ei
CBR
Ki
onde os valores de Ki são calculados com base nos valores de CBR e de módulo de
resiliência medidos em laboratório. Valores entre 60 e 200 têm sido encontrados para Ki
(unidades em kgf/cm2) pela aplicação deste procedimento, para o caso de solos de
subleito.
No caso de seções onde se tenha uma espessura significativa de camadas asfálticas
(h1 > 7 cm) a única retroanálise possível é aquela onde se determinará o módulo efetivo E1
das camadas asfálticas e o módulo equivalente E2 de todo o sistema situado abaixo das
camadas asfálticas (base, sub-base, reforço e subleito).
Um exemplo de como a correta interpretação dos ensaios realizados com a viga
Benkelman pode ser útil no diagnóstico de um pavimento é o caso apresentado a seguir,
referente a um trecho da rodovia BR-285/RS, segmento Lagoa Vermelha - Passo Fundo.
1 – Histórico do Pavimento
A restauração foi terminada há 4 anos e o Lote 1 apresenta trincamento significativo.
Trata-se de projeto com fortes limitações em espessuras (somente CBUQ) definidas pelo
DNER, tal como vem sucedendo há bastante tempo (emprego do PRO-159, no caso).
O trecho tem 94,17 km e foi subdividido em dois lotes para a restauração:
. Lote 1: Km 0+000 ao Km 52+500;
. Lote 2: Km 52+500 ao Km 94+172,66.
Outras observações:
- A mesma empreiteira ganhou os dois lotes e executou-os com as
mesmas equipes, mesma usina, mesma pedreira, etc;
- Aparentemente, o tráfego é o mesmo ao longo do dois lotes (está
sendo verificada uma corrente de tráfego que ingressa no Lote 1,
que afetaria parte desse lote. Até agora, não se tem dados a
respeito);
- Outras possíveis causas dos defeitos e do predomínio destes no Lote
1:
. A qualidade questionável do agregado. A pedreira de basalto
apresenta-se heterogênea, inclusive com frações amigdalóides;
. Nessas condições, o Lote 1 poderia ter sido recapeado com brita de
pior qualidade. É hipótese ainda a ser verificada;
. Maiores dados do recapeamento no Lote 1 (os serviços
cronologicamente avançaram do início do Lote 1 para o término do
Lote 2);
. Melhor ajustagem do traço de mistura e do trabalho das equipes, à
medida em que avançavam os serviços. Assim, o Lote 2, executado
por último, seria por certo beneficiado;
- O pavimento antigo, severamente trincado, possuía a seguinte
estrutura básica:
. Revestimento em CBUQ (~ 6 cm);
188
. Base de macadame hidráulico (~ 35 cm);
. Subleito variegado, de solos oriundos de rochas basálticas;
- Idade aproximada do pavimento original, desde a entrega ao tráfego à
restauração: 26 anos;
- A base de macadame parece ter beneficiado o desempenho, relativo
a deformações permanentes e à fadiga;
- Número N de projeto de restauração (AASHTO - 10 anos): 2,4 x 106
(USACE - 10 anos: 7,8 x106);
- Não se constatou correlação simples entre FC (2,3) antes e após
recapeamento. Pelo contrário, uma tentativa fracassou totalmente
(r2 = 0,0128);
- Há variantes de traçado em alguns segmentos homogêneos; nestes
locais, o pavimento obviamente é novo e apresenta igualmente
fissurações. Esta constatação, associada à do parágrafo anterior,
parece reforçar a hipótese de que a causa principal de determinação
é alheia à fissuração do revestimento antigo;
- Será feita uma tentativa de pesagem das cargas-de-eixos, por
amostragem, dependendo de se obter por empréstimo uma balança
móvel.
- Anexo, os seguintes elementos dos lotes 1 e 2:
Quadro 1 - Fissuras (do Projeto de Restauração e atuais estudos -
1999);
Quadro 2 - Deflexões (do Projeto de Restauração e atuais estudos -
1999);
Quadro 3 - Raios de Curvatura (do Projeto de Restauração e atuais
estudos - 1999);
Quadro 4 - Índice de Gravidade Global (do Projeto de Restauração e
atuais estudos - 1999);
Quadro 5 - Número N, ISC, SNC e espessuras (do Projeto de
Restauração);
Quadro 6 - Temperaturas ( dos atuais estudos - 1999).
2 – Análise Preliminar
DC
e H R
DP
onde se obteve para valores em torno de 0,60 (DC é a deflexão de campo atual e DP é
a deflexão de projeto, do pavimento antigo, medida à época do projeto de restauração).
Já no que diz respeito ao parâmetro , o resultado foi:
Lote 1: = 1,716
Lote 2: = 1,187
189
O valor do produto DP pode ser considerado como uma estimativa da deflexão
do pavimento imediatamente antes da execução da camada asfáltica de recapeamento.
Sendo assim, verifica-se que o aumento das deflexões do pavimento no Lote 1 no
período de 7 anos decorrido entre o projeto de restauração e a época em que a
restauração foi efetivamente executada foi bastante pronunciado, da ordem de 72 %,
enquanto que no Lote 2 teria ocorrido apenas um pequeno aumento (da ordem de 19 %).
O resultado foi que as deflexões no Lote 2 se encontram hoje abaixo dos valores de
projeto, enquanto que as deflexões atuais no Lote 1 tendem a superar os valores de
projeto.
Com relação ao Raio de Curvatura da deformada de superfície, o recapeamento
sempre levou a um aumento de RC no Lote 2, em relação ao valor de projeto, sendo que
o aumento da espessura do recapeamento incrementou esse efeito.
Já no Lote 1 observam-se os mesmos efeitos, exceto pelo fato de que, em alguns
subtrechos, o valor de RC diminuiu em relação ao valor de projeto. Todos os subtrechos
do Lote 1 onde o valor de RC diminuiu em relação ao valor de projeto situam-se entre os
subtrechos 1 e 14. A entrada de água pelas trincas e a degradação do pavimento
durante os 7 anos que decorreram entre o projeto de restauração e a execução das
obras explicariam esse efeito.
Em termos médios, têm-se os seguintes parâmetros para os pavimentos
recapeados dos dois Lotes:
- Lote 1:
FC2+FC3 = 37,4 %
D0 = 56,9 10-2 mm
HR = 6,1 cm
RC = 138,8 m
- Lote 2:
FC2+FC3 = 1,7 %
D0 = 41,6 10-2 mm
HR = 5,8 cm
RC = 200,3 m
FC2+FC3 = 25,5 %
D0 = 67,3 10-2 mm
h1 = 6,0 cm (CBUQ novo)
RC = 116,6 m
revelando uma condição estrutural mais desfavorável até que a dos pavimentos
recapeados do Lote 1.
As figuras abaixo mostram a existência de uma forte correlação entre o
trincamento observado e as deflexões média (D0) e característica (DC) do pavimento,
apesar da elevada dispersão. Para que apenas um trincamento incipiente ocorresse
neste momento (4 anos após a abertura ao tráfego), seria necessário o atendimento a
uma deflexão média admissível da ordem de 45 10-2 mm e uma deflexão característica
admissível da ordem de 55 10-2 mm.
190
A existência dessas correlações indica que o mecanismo através do qual o
trincamento se processou foi a fadiga da camada asfáltica de recapeamento sob a ação
repetida das cargas do tráfego.
y = 2.2682x - 92.107
100.0
FC2+FC3 (%) r2 = 0.5429
80.0
60.0
40.0
20.0
0.0
30.0 40.0 50.0 60.0 70.0
D0 (0,01 mm)
Deflexão Média
y = 1.8044x - 91.619
100.0
r2 = 0.5068
Fc2+FC3 (%)
80.0
60.0
40.0
20.0
0.0
40.0 50.0 60.0 70.0 80.0 90.0
Dc (0,01 mm)
Deflexão Característica
191
200.0
Rc (m) atual
150.0
100.0
50.0
50.0 100.0 150.0
Rc (m) de projeto
Lote 1
250.0
Rc (m) atual
200.0
150.0
50.0 70.0 90.0 110.0
Rc (m) de projeto
Lote 2
Raios de Curvatura
192
Lote 1
y = 0.4302x 0.6959
2.50
Rc(atual) / Rc(proj)
r2 = 0.2688
2.00
1.50
1.00
0.50
3.0 6.0 9.0
HR (cm)
y = 1.3764x 0.3488
4.0
Rc(atual) / Rc(proj)
3.5 r2 = 0.2975
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
3.0 5.0 7.0 9.0 11.0
HR (cm)
Lote 2
193
y = 2.2327x -0.3399
D0(atual) / D0(proj.)
2.00
r2 = 0.3228
1.50
1.00
0.50
3.0 6.0 9.0
HR (cm)
Lo te 1
y = 1.6639x -0.4035
D0(atual) / D0(proj.)
1.2
r2 = 0.4815
1.0
0.8
0.6
0.4
3.0 5.0 7.0 9.0 11.0
HR (cm)
Lote 2
194
y = 1.716e-0.0556x
D0(atual) / D0(proj.)
2.00
r2 = 0.2948
1.50
1.00
0.50
3.0 6.0 9.0
HR (cm)
Lote 1
y = 1.1867e-0.0608x
D0(atual) / D0(proj.)
1.2
r2 = 0.4375
1.0
0.8
0.6
0.4
3.0 5.0 7.0 9.0 11.0
HR (cm)
Lote 2
A seção de pavimento da Figura 6 pode ser utilizada como referência para efeito de se
analisar o desempenho quanto ao trincamento por fadiga dos pavimentos do trecho em
questão, em vista das conclusões do item anterior. O módulo de elasticidade da camada
asfáltica de recapeamento será fixado em E1 = 15.000kgf/cm2, a fim de se simular a
condição de carregamento quase-estático vigente nos levantamentos deflectométricos
com a viga Benkelman. Os módulos de elasticidade da camada de base (E2), composta
195
pelo revestimento antigo trincado e pela camada granular de Macadame Hidráulico, e do
solo de subleito (E3) foram variados de acordo com as combinações mostradas na
Tabela 1, onde aparecem também a deflexão máxima entre rodas (D0), o raio de
curvatura (RC) e a deformação específica máxima de tração (t) sob a camada asfáltica,
calculados pela teoria de camadas elásticas (programa FLAPS) para cada situação
estrutural considerada.
Revest. antigo
+ E2
37 cm Base granular
Subleito E3
196
- Lote 1: t = 3,92775 10-4
- Lote 2: t = 2,73113 10-4
Tendo em vista que a vida de fadiga de um revestimento asfáltico pode ser dada
por um modelo da forma:
n
1
N f FC h1
t
onde:
2
n 2.5905 1011VB0.2629 e 1.576910 VV
PNT 0.2502Tabs
4.0976
onde:
VB = percentual em volume de asfalto na mistura;
VV = volume de vazios de ar da mistura (%);
PNT = penetração do asfalto a 25oC;
Tabs = temperatura absoluta da mistura asfáltica = T(oC) + 275,15
197
Tendo em vista que o revestimento se encontra sob uma certa condição de
temperatura apenas durante um percentual da vida de serviço, pode-se concluir, dos
resultados da Tabela 2, que é de se esperar uma vida de fadiga para o Lote 1 entre 2,7 e
5 vezes menor que a vida de fadiga do Lote 2. Assim, admitindo-se que a camada
asfáltica de recapeamento aplicada no Lote 2 seja capaz de apresentar uma vida de
fadiga da ordem de 12 anos, pode-se prever para a camada asfáltica de recapeamento
aplicada no Lote 1 uma vida de fadiga entre 2,5 e 4,5 anos, valores consistentes com o
desempenho observado no trecho.
No FWD, um pulso de carga é gerado pela queda de uma massa sobre amortecedores,
apoiados em uma placa de carga circular. O valor de pico da carga aplicada e a forma da
superfície deformada do pavimento são medidos. As deflexões resultam de uma
integração eletrônica das medidas de velocidade feitas por geofones, sendo que estes estão
dispostos até uma distância de 2 m do centro da placa de carga.
No caso dos equipamentos que permitem uma leitura confiável das bacias de
deflexões (deslocamentos de superfície) geradas pelas cargas aplicadas, caso dos
deflectômetros dinâmicos e dos deflectômetros de impacto, pode-se calcular o “módulo de
elasticidade efetivo in situ” de cada camada do pavimento. A razão desta denominação
está em que este módulo reflete as condições in situ dos materiais, em termos de umidade,
densidade e compactação, além de levar em conta o estado de tensões a que a camada está
submetida. Este não é, portanto, idêntico ao módulo de resiliência de laboratório, que é
medido em condições artificiais em relação às de campo. Tem sido observada, contudo,
uma correspondência muito boa entre ambos os módulos, indicando que podem ser
utilizados os dois conceitos de forma intercambiável, ao menos em termos práticos.
No caso de se utilizar apenas a deflexão máxima, medida no centro da placa de
carga, para se avaliar a rigidez de uma fundação, pode-se calcular um módulo de
elasticidade efetivo da fundação por:
Eef
2 pa 1 2
d0
198
pode-se efetuar uma retroanálise não linear, onde os parâmetros de modelos resilientes
não lineares de solos e de materiais granulares são calculados a partir da bacia de campo.
Apesar das simplificações, inerentes tanto ao modelo estrutural como aos modelos de
resiliência não lineares simplificados utilizados, este processo de se associar a teoria com
medições experimentais de campo leva a um método consistente para se efetuar análises
do comportamento mecânico dos pavimentos.
Apesar deste processo de ajuste iterativo, a combinação de módulos mais adequada
ou correta é única. O que garante essa univocidade é a forma como as tensões se
distribuem em uma estrutura de pavimento. Como ilustrado na Figura 5.13, o bulbo de
tensões produzido pela carga aplicada na placa circular tem forma cônica, onde o ângulo
médio com que as tensões se espraiam varia em função da espessura e rigidez das
camadas. A deflexão lida em um determinado geofone pode ser dada por:
D (z)dz
i vi
0
onde vi(z) representa o campo de deformações verticais ao longo da vertical que passa
pelo geofone “i”. Como a região que está fora do bulbo de tensões tem deformações quase
nulas, a equação acima pode ser escrita como:
D (z)dz
i vi
z
i
Existe um erro experimental. A precisão dos geofones é de 2 micra (0,2 x 10-2 mm);
Existe uma certa distância entre o modelo teórico e o pavimento real, e sempre
haverá, por mais bem elaborado e complexo que seja o modelo. Aspectos não
considerados pelo modelo, como viscoelasticidade, anisotropia e não linearidade
podem ser importantes em certos casos.
199
Q
geofone
h1
Zi
h2
Uma regra prática deve ser imposta, portanto, para se indicar o momento de
interromper as iterações. A experiência tem mostrado que o erro médio (S) entre as
deflexões medida (DMi) e calculada (Dci) de uma bacia, erro este definido por:
DM i DCi
100 m
S (%)
m i 1 DM i
200
2. Os resultados obtidos são transformados em fórmulas que relacionam os módulos
de elasticidade das camadas à deflexão de cada geofone, por meio de regressão
linear múltipla (mínimos quadrados);
3. As fórmulas obtidas são utilizadas para se calcular a Função Erro (S) já definida,
para cada combinação possível dos módulos de elasticidade das camadas e para
cada bacia de campo que foi medida. A solução do problema será a combinação
que levar ao menor valor para S. As combinações possíveis consideradas neste
cálculo são geradas tomando-se todas as combinações dos valores determinados
por discretização em 50 passos de cada faixa admissível para o módulo de cada
camada. Assim em um sistema de três camadas elásticas, ter-se-á um total de 513
combinações possíveis;
4. Os resultados obtidos são, em seguida, analisados pelo projetista por meio de um
programa que apresenta na tela do computador a comparação entre as bacias
medida e calculada, onde são mostrados os erros percentuais do ajuste para cada
um dos sete geofones. Se o projetista julgar necessário, ele pode efetuar ajustes nos
módulos das camadas e o programa apresentará a comparação para o conjunto de
módulos fornecido, após rodar o programa FLAPS. Quando o ajuste for
considerado satisfatório, o programa apresenta os resultados para a próxima bacia
de campo.
ln DC j a 0 j a1 j ln E1 a 2 j ln E 2 a 3 j ln E 3 a 4 j ln E1 a5 j ln E 2
2 2
a 6 j ln E1 a 7 j ln E 2 a8 j ln E 3
3 3 3
201
O programa FLAPSFT gera um banco de dados de bacias de deflexões teóricas,
que cobrem a faixa de combinações possíveis para os parâmetros elásticos das camadas.
As faixas de valores para os módulos das camadas situadas acima do subleito são lidas do
arquivo FAIXAS.DAT, enquanto que as faixas referentes aos parâmetros de não
linearidade (se for o caso) do subleito são lidas de MODOFAT.OUT. Em seguida, o
programa REGRESS determina por regressão os coeficientes do modelo de interpolação
para as deflexões a serem calculadas para um certo conjunto de parâmetros. Esses
modelos são utilizados para se encontrar a combinação de parâmetros referentes às
camadas acima do subleito que leve ao menor erro para a comparação entre as bacias
medida e calculada (considerando apenas os sensores que são afetados por mais de uma
camada, além do subleito), o que é feito pelo programa LAYMOD para cada bacia lida no
campo. Para tanto, esse programa lê o módulo do subleito ou o modelo de comportamento
não linear determinado para cada estação de ensaio no arquivo CASO1.MSL Os
resultados obtidos são a entrada para o programa AJUSTE, que determina o modelo de
comportamento não linear para a camada de base granular, a partir da análise da variação
dos módulos retroanalisados para a base sob diferentes níveis de carga e relacionando-os
com o estado de tensões no meio da camada sob a vertical que passa pelo centro da área
carregada (modelo MR ).
No caso de retroanálises não lineares, os modelos de regressão utilizados para se
relacionar a deflexão de cada geofone aos parâmetros elásticos dos materiais das camadas
são da forma:
S
7 nSL
ln i ln D 2 ln i ln D 2 ln i ln D 2
i Q1 i Q2
i Q3
i 1
E SL
0,904 pa 2 1 2
rd r
Uma vez dispondo do módulo de elasticidade efetivo, o CBR in situ pode ser
estimado se a relação módulo-CBR (K = ESL/CBR) é conhecida. Esta relação pode ser
obtida a partir de ensaios amostrais com o DCP, aplicando-se a correlação do USACE:
292
CBR
DPI 1,12
202
assim, a origem das deflexões encontradas sob um FWD. Esta regra está fundamentada no
fato de que aproximadamente 95% da deflexão medida na superfície de um pavimento tem
origem abaixo de uma linha a 34o com a horizontal. Com base nesta simplificação, pode-
se admitir que a deflexão de superfície medida a uma distância de 1,5 vezes a espessura do
pavimento tem origem inteiramente no subleito. Rohde definiu, assim, o seguinte índice:
SIP = D0 - D1,5Hp
onde:
SIP = ‘structural index of the pavement’;
Do = deflexão sob uma carga de 40 kN no FWD;
Hp = espessura total do pavimento.
SN K1SIP K 2 H PK 3
Tendo em vista que os ensaios com o FWD são realizados sob condições variáveis
de temperatura, torna-se necessário efetuar a conversão dos módulos de elasticidade
determinados para o revestimento asfáltico para uma temperatura de referência, a fim de
que a seção possa ser objeto de análises estruturais subseqüentes. Para tanto, as seguintes
fórmulas vêm sendo utilizadas:
203
PAVEDAT2
SUBLEITO CASO1.BAC
MODELONL
ANALISE
MODOFAT.OUT CASO1.MSL
FLAPSFT
CASO1.FAT
REGRESS
CASO1.COF
LAYMOD
CASO1.MOD AJUSTE
CASO1.SOL
204
Re vestimento E
1 0,30
1
k
Base Granular E = K 2 0,35
2 1 2
Subleito E K n 0,40
3 d 3
4350
y = -2.5027x + 4307.1
4300 2
r = 0.3766
4250
Q (kgf)
4200
4150
4100
4050
4000
20 40 60 80 100
D0 (0,01 mm)
205
a P
h1 3
-30
2
-20
1
0
4
80
5
120
6
160
7
200 cm
CCP
h2 SB
SL
Figura 5.17 - Ensaios com o FWD em pavimentos rígidos
d d d
x AREA 61 2 30 2 61 91
d0 d0 d0
P a a
2
K ef 2
1 0,217 0,367 log
8d 0 l k l k l k
ECCP h13
lK 4
12 1 2 K ef
Para fins de se avaliar até que ponto o fissuramento por fadiga da placa de concreto
pode ter afetado sua condição estrutural, pode-se comparar o módulo calculado ao
seguinte valor, dado pela correlação do ACI:
E CCP 15110
. RCS
206
onde RCS é a resistência à compressão simples (unidades em kgf/cm2). Em termos da
resistência à tração na flexão, tem-se (fonte: ABCP):
1, 67
R
RCS TF
0,56
para unidades em MPa.
No caso de uma sub-base em Concreto Rolado, pode-se aplicar:
D30junta
JDR
D30placa
que utiliza as deflexões a 30 cm do centro da placa de carga do FWD, sendo uma do lado
da placa de CCP onde a carga é aplicada e a outra na placa que está do outro lado da junta
avaliada. A Tabela 5.14 mostra o resultado da observação de rodovias no Texas, no que
diz respeito à interpretação que se pode dar para JDR.
207
D30placa D152
Q arctg
24
6
M arctg placa
D0 D30
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