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O romance segundo Zola é transformado para ser um laboratório onde o escritor não apenas
observe o ser humano agindo na sociedade, mas constrói ambientes sociais e historias de
famílias que permitem ele entender características particulares do ser humano como o
alcoolismo, a avarice, a pobreza e a criminalidade. Les Rougon-Macquart do Zola
incorpora os atributos científicos da literatura naturalista quando o autor examina o
comportamento humano entre uma família de classe social baixa (Macquart) e uma família
de classe social alta (Rougon) que ocorre durante cinco gerações na França do século XIX.
Os romances dele tem a meta de estudar o "corpo do homem" através da examinação de
"seu fenômeno sensorial e cerebral" igual ao um medico que examina o corpo e seus órgãos
em sua "condição normal e patológica" (Zola 32).
Os escritos do Zola influenciaram diretamente os romances do Aluísio Azevedo
porque este escritor brasileiro desejava entender de uma perspectiva objetiva as mudanças
na sociedade brasileira. O Brasil passou por varias mudanças sociais importantes durante o
fim do século XIX incluindo a abolição da escravatura, o fim da monarquia e um enfoque
na modernização e urbanização da nação. Azevedo como Zola desejava documentar a vida
do proletário. Ele contribuiu varias obras literárias importantes ao naturalismo brasileiro: O
mulato (1881), Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890). O mulato, considerado o
primeiro romance naturalista, examinou os preconceitos raciais e a corrupção política no
nordeste brasileiro. A casa de pensão seguiu a vida de um estudante de medicina que
morava no Rio de Janeiro e analisou a degradação moral do ser humano em relação com o
ambiente. O cortiço analisou a vida dentro de um cortiço no Rio de Janeiro, relatando as
rotinas e os comportamentos dos habitantes. Originalmente Azevedo tinha a meta de criar
uma serie literária parecida com Les Rougon-Macquart que iniciava com o romance Casa
de pensão (1884). A historia começaria na época da independência do Brasil e concluiria
no fim dos anos 1880 abrangendo varias gerações (Loos 3). Ele nunca realizou este maior
projeto literário mas as obras que conseguiu escrever oferecem uma compreensão
importante do naturalismo brasileiro. Igual a Zola, Azevedo passou tempo nos lugares que
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ele descreve em seus romances para providenciar o analise mais cientifico e objetivo das
classes sociais sendo examinadas. Os personagens em seus romances representam segundo
a opinião dele, sujeitos humanos que contribuíam à ou eram afetados pela degradação
moral e ambiental encontrada na sociedade brasileira: Raimundo o mulato no romance O
mulato, Conêgo Diogo como o clero ou político corrupto no romance O mulato, João
Romão como o empresário disposto a explorar a classe trabalhadora no romance O cortiço
e Rita Baiana, como a mulata sedutora no romance O cortiço. Azevedo e Zola argumentam
que seus personagens eram representações autênticas da vida humana em áreas urbanas
como o Rio de Janeiro e Paris.
A influência do Zola nas obras do Azevedo torna-se mais evidente através da serie
literária Les Rougon-Macquart. Les Rougon-Macquart é composto de vinte romances, mas
enfocarei em um para este estudo comparado: L'Assommoir (1877). Os paralelos entre
L'Assommoir e O cortiço são óbvios nas descrições de ambientes e praticas sociais.
L'Assommoir descreve a atmosfera das comunidades da classe trabalhadora em Paris,
especificamente lugares como bares e lavanderias. O livro também descreve festividades
como uma cena caótica de um casamento no Louvre e uma festa grande na lavanderia de
um dos personagens principais do romance, Gervaise Macquart. Capítulo dois no romance
O Cortiço descreve o ambiente físico da lavanderia do cortiço usando uma linguagem que
imita o estilo literário de Zola:
E aquilo se foi constituindo numa grande lavanderia, agitada e barulhenta, com as
suas cercas de varas, as suas hortaliças verdejantes e os seus jardinzinhos de três e
quatro palmos, que apareciam como manchas alegres por entre a negrura das
limosas tinas transbordantes e o revérbero das claras barracas de algodão cru,
armadas sobre os lustrosos bancos de lavar. E os gotejantes jiraus, cobertos de roupa
molhada, cintilavam ao sol, que nem lagos de metal branco.
Azevedo descreve com muito detalhe o ambiente físico e social do cortiço utilizando uma
terminologia que examina fenômeno biológico. O romance parece a L'Assommoir que
oferece observações da vida urbana em Paris. Ele faz observações igual a um cientista que
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Bibliografia