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Nome: José Roberto Linhares de Mattos Junior

Mat: 201911167
Data: 21/01/2020
Turma: CPIII B 1 2020
Tema: 01 (Empresarial)

1ª - Questão:

De acordo com o artigo 887 do Código Civil, título de crédito é ¿documento necessário ao
exercício do direito literal e autônomo nele contido¿ e ¿somente produz efeito quando
preencha os requisitos da lei. Consequentemente, para a transferência do crédito, é necessário
a transferência do documento, pois não há que se falar em exigibilidade do crédito, sem a
apresentação do título original. Ocorre que esse princípio tem sido mitigado, frente à
desmaterialização dos títulos de crédito, em virtude dos títulos eletrônicos, os quais são
admitidos pelo Código Civil, conforme artigo 889, §3º. Diante desse contexto, tem-se que o
Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial nº 1.024.691, do Paraná,
entendeu pela desnecessidade da exibição judicial do título de crédito original para o
ajuizamento da execução judicial, tendo em visto que fora juntada ao processo a duplicata
virtual, o protesto por indicação e o comprovante de transporte, conforme informativo 467 do
STJ.

2ª - Questão:

a) Por Inoponibilidade das Exceções entende-se que não é permitido àquele que se obriga em
uma letra a recusar o pagamento ao portador alegando suas relações pessoais com o sacador
ou outros obrigados anteriores do título. O Código Civil Brasileiro em vigor consagra, em seu
artigo 1.507, a inoponibilidade das exceções ao regular os títulos ao portador: "ao portador de
boa-fé, o subscritor, ou emissor, não poderá opor outra defesa além da que assente em
nulidade interna ou externado título, ou em direito pessoal ao emissor, ou subscritor, contra o
portador". Por outro lado, este critério também está consagrado no art. 17 da Lei Uniforme, de
Genebra.

b) Não. Mesmo mantendo o critério da inoponibilidade como regra, o legislador se conteve


nos estritos termos do direito cambiário, não incluindo - mas, tampouco excluindo -, no seu
texto exceções de natureza processual comum. Não obstante, há mais amplamente referência
à matéria no Decreto nº 2.044, de 31 de dezembro de 1908, dispondo-se no art. 51 que: "Na
ação cambial somente é admissível defesa fundada no direito pessoal do réu contra o autor,
em defeito de forma do título e na falta de requisito necessário ao exercício da ação".
Podemos, então, nos ater ao fato de que, neste texto, o legislador incluiu as hipóteses em que
é permitida a oponibilidade, ainda que elas tratem de assuntos que não sejam estritamente de
natureza cambiária. De acordo com a lei, são apenas três os casos em que poderão ocorrer,
com validade, as oponibilidades ao pagamento na ação cambiária: a) direito pessoal do réu
contra o autor; b) defeito de forma de título; c) falta de requisito ao exercício da ação.
Nome: José Roberto Linhares de Mattos Junior
Mat: 201911167
Data: 21/01/2020
Turma: CPIII B 1 2020
Tema: 02 (Empresarial)

1ª - Questão:

A letra de câmbio consiste na ordem de pagamento pura e simples emitida pelo sacador
contra o sacado, em favor do tomador, no valor e nos termos dela constantes. Por outro lado,
o aval consiste na garantia pessoal do crédito que pode ser tida pela simples assinatura no
anverso. O caso concreto versa sobre a possibilidade de aval parcial. Observa-se que o art.
897, § único do CC traz uma vedação quanto a sua possibilidade, excepcionando-a no caso de
disposição diversa em lei especial. O art. 30 do Dec. 57.663/66 traz a possibilidade de o aval se
dar pelo total ou parte do crédito, não devendo ser aplicada a vedação do Código Civil. Art.
897 do CC: ¿O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma
determinada, pode ser garantido por aval. Parágrafo único. É vedado o aval parcial. Art. 30 do
Decreto 57663: O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval.
Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra. Com base nos
argumentos acima deve ser acolhida a alegação do embargante, limitando a sua
responsabilidade a 50% do crédito.

2ª – Questão:

Entre os requisitos para a letra de câmbio destacam-se: (i) data do saque e (ii) local de sua
emissão. A data do saque é considerado requisito essencial da LC uma vez que indispensável
para se fixar a capacidade do sacador. Por sua vez, o requisito de indicação do local da
emissão é tido como um requisito não essencial, ou seja, suprível. Assim, se não houver
indicação do local, considerar-se-á o indicado ao lado do nome do sacador, que também será
seu domicílio. Não havendo nenhuma indicação, a letra é nula, não gozando de eficácia
cambial. No caso concreto, observa-se que tanto o local quanto a data estão ausentes no título
e, por isso, esse deve ser considerado nulo ante a ausência de elemento essencial de validade.
A LC não gozará, portanto, de eficácia cambial.
Nome: José Roberto Linhares de Mattos Junior
Mat: 201911167
Data: 22/01/2020
Turma: CPIII B 1 2020
Tema: 03 (Empresarial)

1ª - Questão:

O art. 9º da LUG determina que o emitente é: (i) o garantidor da aceitação; e (ii) garantidor do
pagamento da LC. Em relação à garantia da aceitação, é possível que o emitente se exonere da
garantia da aceitação mediante previsão expressa no título. Nesta hipótese o sacador só
poderá ser cobrado na data do vencimento do título. Em relação à garantia do pagamento da
LC, o emitente não pode se exonerar do pagamento, devendo ser considerada não escrita a
cláusula de exoneração da garantia do pagamento pelo sacador, diferentemente do que
ocorre com os endossantes que podem, por sua vez, não garantir pagamento às pessoas a
quem a letra for posteriormente endossada, na forma do art. 15 da LUG.

2ª - Questão:

Não procedem os embargos, pois em havendo recusa do aceite pelo sacado, o prazo de
vencimento é contado a partir do protesto comprobatório da recusa, não sendo o aceite
requisito essencial para a execução dos coobrigados de letra de câmbio. O juiz deveria
extinguir o feito, sob fundamento da inobservância de condição especial da ação, pois as letras
de câmbio com vencimento a certo termo de vista, devem ser apresentadas ao sacado para
aceite, dentro do prazo de um ano a contar de sua emissão, sob pena da perda dos direitos
cambiais em relação aos coobrigados (art. 23 e 53, LUG).
Nome: José Roberto Linhares de Mattos Junior
Mat: 201911167
Data: 22/01/2020
Turma: CPIII B 1 2020
Tema: 04 (Empresarial)

1ª - Questão:

Carol somente teria ação contra José, Eduardo e Vera. Geraldo também não pode ser cobrado
porque não deu o aceite. Vera é sacador e coobrigado; Eduardo é endossante e coobrigado.
Não há aceite e, por conseguinte, obrigado principal. Como Roberto transferiu o título a José
por tradição não se obrigou. José é endossante e coobrigado. Solange não é obrigada pela
mesma razão de Roberto. Assim, Carol poderá demandar os coobrigados Vera, Eduardo e José,
observados os atos e prazos previstos na LUG, conforme determina o art. 53. Ressalte-se que,
dentre estes atos, ganha relevo a necessidade da interposição do protesto em tempo hábil
com fundamento também no art. 44 da LUG.

2ª - Questão:

O endossatário tem três opções, na forma do art. 14 da LUG: (i) Preencher o espaço em branco
com o nome do terceiro; (ii) Endossar de novo em branco ou em preto; e (iii) Remeter o título
a um terceiro por tradição, sem endossá-lo (art. 14, da LUG).
Nome: José Roberto Linhares de Mattos Junior
Mat: 201911167
Data: 23/01/2020
Turma: CPIII B 1 2020
Tema: 05 (Empresarial)

1ª - Questão:

a) O portador poderá demandar para a cobrança do seu crédito a Beatriz (sacador), Igor
(tomador) por ter endossado, José e Luiz (por terem endossados). Lembrando que a condição
no endosso é tida como não escrita, apesar do endosso ser válido. Não pode demandar de
Flávio pois este não aceitou, logo, não é devedor e nem de Vera, pois esta endossou sem
garantia e José, pois este endossou com cláusula não endossável (art. 15 da LUG).

b) Os requisitos a serem observados para a efetiva cobrança são cláusula cambial: refere-se a
identificação do nome do título por meio da expressão "letra de cambio" inserta no próprio
corpo do texto, não bastando estar fora, mesmo que em destaque e ordem de pagamento:
deve constar do teor literal do título. Trata-se de mandado de pagamento puro e simples, sem
qualquer condição, de quantia determinada.

2ª - Questão:

Não. O endosso mandato não habilita a cobrança judicial. É um endosso apenas para atos
extrajudiciais. Para a cobrança judicial, a menos que seja em juizado, devemos contratar um
advogado. Isso envolve contratação de um profissional e fixação de honorários. São questões
que extrapolam um simples mandato cambiário. Não tem efeito de cláusula judicia, que é um
mandato específico. É, na verdade, um mandato ad negocia.
Nome: José Roberto Linhares de Mattos Junior
Mat: 201911167
Data: 23/01/2020
Turma: CPIII B 1 2020
Tema: 06 (Empresarial)

1ª - Questão:

A Súmula 189 do STF estabelece que o aval em branco, ainda que superposto, é considerado
simultâneo e não sucessivo. Assim, no caso concreto verifica-se que está configurado o aval
simultâneo. O aval se refere a garantia pessoal, que visa reforçar a garantia do pagamento do
título. A obrigação do avalista é autônoma, ou seja, eventual nulidade da obrigação do
avalizado não compromete a do avalista, salvo se por defeito de forma. Diferencia-se o aval
sucessivo do aval simultâneo. O primeiro se refere ao avalista do avalista, ou seja, em cima do
aval anteriormente prestado é dado novo aval. Já o aval simultâneo se refere a assinatura ao
lado do aval anteriormente prestado.

2ª – Questão:

Nesse caso, o banco embargado tem razão, tendo em vista que o aval não pode ser anulado
por falta de vênia conjugal, de modo que o inc. III do art. 1.647 apenas caracteriza a
inoponibilidade do título ao cônjuge que não assentiu. Exigir anuência do cônjuge para a
outorga do aval é afrontar a Lei Uniforme de Genebra e descaracterizar o instituto. Ademais, a
celeridade indispensável para a circulação dos títulos de crédito é incompatível com essa
exigência, pois não se pode esperar que, na celebração de um contrato corriqueiro, lastreado
em cambial ou duplicata, seja necessário, para a obtenção de um aval, ir à busca do cônjuge e
da certidão do seu casamento, determinadora do respectivo regime de bens.
Nome: José Roberto Linhares de Mattos Junior
Mat: 201911167
Data: 24/01/2020
Turma: CPIII B 1 2020
Tema: 07 (Empresarial)

1ª - Questão:

No caso concreto, verifica-se que o endossatário é obrigado a protestar o título não pago ou
irá perder o direito de regresso contra o endossante, conforme dispõe o art. 13, §4º da Lei
5474/68. Assim, ele não excedeu os poderes concedidos pelo mandato, não devendo
responder por qualquer dano. Como consequência, a ação deve ser movida contra o
sacador/endossante que era quem tinha o dever de protestar o título. No caso do endosso
translativo, a resposta seria diversa, já que, nesse caso, aplica-se a Súmula 475 do STJ. Dessa
forma, o endossatário irá responder pelos danos decorrentes de protesto indevido em caso de
vício formal, cabendo ação contra endossantes e avalistas. O endosso-mandato consiste no
endosso por procuração. Sobre o tema, as Súmulas 476 do STJ e 99 do TJRJ dispõem que o
endossatário somente responderá pelos danos se extrapolar os poderes do mandato (excesso
de poder, dolo ou culpa).

2ª - Questão:

No caso concreto, pleiteia-se o cancelamento do protesto em virtude da prescrição do título.


Sobre o tema, a Súmula 600 do STF estabelece que a prescrição ou perda da eficácia executiva
do título não impede sua remessa a protesto, enquanto for possível a cobrança por outros
meios. Assim, a prescrição do título não enseja o cancelamento automático de anterior
protesto regularmente lavrado e registrado. Da leitura do art. 26 da Lei 9492/97, vêse que o
cancelamento do protesto advém, normalmente, do pagamento do título. Por qualquer outra
razão, somente poderá o devedor obter o cancelamento mediante decisão judicial favorável,
caso o juiz, examinando as razões apresentadas, considere relevantes as circunstâncias do caso
concreto. Nada na lei permite inferir que o cancelamento do protesto possa ser exigido por
fato objetivo outro que não o pagamento. A prescrição do título, objetivamente considerada,
não tem como consequência automática o cancelamento do protesto. Conclui-se, pois, que
não há de ser aceita a alegação de cancelamento do protesto do título, devendo permanecer.
Nome: José Roberto Linhares de Mattos Junior
Mat: 201911167
Data: 24/01/2020
Turma: CPIII B 1 2020
Tema: 08 (Empresarial)

1ª – Questão:

a) Sim, o art. 47 da LUG dispõe que a ação poderá ser proposta em face dos sacadores,
aceitante, endossantes ou avalistas, já que esses são todos solidariamente
responsáveis para com o portador. Entretanto, se não tiver havido o aceite, deverá ser
observado o prazo estabelecido no art. 53 da LUG.
b) Não, nesse caso, tanto os avalistas quanto os endossantes têm a responsabilidade
extinta com a prescrição da ação cambial. Assim, somente será possível o ajuizamento
de ação de locupletamento em face de A, ou seja, em face do sacador da letra de
câmbio (deve ser demandada contra quem se locupletou), com base no art. 48 do
Decreto 2044/1908.

2ª – Questão:

Não será admissível a exceção sobre matéria que depender de dilação probatória, a qual é
incompatível com o procedimento da execução, em que pese na exceção de pré-executividade
podem ser levantadas matérias que o juiz poderia conhecer de ofício, como os pressupostos
processuais da execução e as condições da ação. A jurisprudência vem ampliando a
abrangência da exceção de pré-executividade para quaisquer matérias que sejam
demonstradas de plano, isto é, que independam de dilação probatória, mesmo que não
fossem apreciáveis de ofício. Nessa linha de entendimento, qualquer matéria que não dependa
de dilação probatória pode ser oposta por meio de exceção de pré-executividade. É possível,
portanto, a alegação de prescrição em exceção de pre-executividade (trata de cognição
imediata e ordem pública).

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