3

E XPEDIENTE

Prova Material - Revista Científica do Departamento da Polícia Técnica, vinculado à Secretaria de Segurança
Pública do Estado da Bahia.
Av.Centenário, s/nº, Vale dos Barris, Salvador/ Bahia, CEP 40.100-180.
Telefone (71) 324 1692 - Fax (71) 324 1672
Esta revista é um periódico quadrimestral com distribuição gratuita. Os artigos assinados são de inteira
responsabilidade de seus autores. Tiragem desta edição: 1000 exemplares, 32p.

Paulo Ganem Souto Artefinalista

Governador do Estado da Bahia
General Edson Sá Rocha
Secretário da Segurança Pública
Luiz Eduardo Carvalho Dórea
Diretor Geral do Departamento de Polícia Técnica
Antonio dos Santos Vital Neto
Coordenador Executivo
Rita de Cássia Monteiro de Carvalho
Diretora do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues
Iracilda Mª de Oliveira Santos Conceição
Diretora do Instituto de Identificação Pedro Mello
Marcelo Antonio Sampaio Lemos Costa
Diretor do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto
José Felice Cunha Deminco
Diretor do Laboratório Central da Polícia Técnica
Editora Geral
Mariacelia Vieira
Jornalista - RG DRT/MG nº 2266
Editor Gráfico
Luciano Soares Rego
Jornalista RG MTB nº 958
Fábio Souza
Fotografias
Paulo Lázaro/Silvio N.Amorim
Arquivo DPT
Capa
Fábio Souza/Eudaldo Francisco dos Santos Filho
Secretário
Djalma Conceição Silva
Conselho Editorial
Adriana Santana Queiroz Melo (ICAP)
Antonio César Morant Braid (ICAP)
Elson Jeffeson Neves da Silva (LCPT)
Joaci Gama de Sant’Anna (LCPT)
Jose Antonio Vilela Dourado (IIPM)
Hélio Paulo de Matos (IMLNR)
Luis Geraldo Nascimento Luciano de Sena (ICAP))
Maria de Lourdes Sacramento Andrade (DPT/A.T)
Paulo César Teixeira Vieira (ICAP)
Raul Coelho Barreto Filho (IMLNR)
Socorro de Maria de A A Ferreira (IIPM)
Tania Cristina Brites Gesteira (LCPT)

Prova Material - v. 1 - n. 1 - dez. 2003 –Salvador: Departamento de Policia Técnica ,2003.

Quadrimestral
ISSN 1679-818X

1. Criminalística – Bahia – Periódico

CDU 343.9 (813.8) (05)

4
 S UMÁRIO

Editorial ...................................................................................................... 06

Limitações no Uso do HPTLC como Método de Confirmação da

Exposição de cocaína (Artigo Original)
Alexsandro F.de Santana, Elson J.N. da Silva, Fernando J.S.Filho,
Maria Rita C.G. dos Santos, Neide O. L.Borges ....................................... 07

Avaliação Morfológica e Quantitativa de mandíbula humana para

investigação do sexo (Resumo)
Luis Carlos Cavalcante Galvão .................................................................. 12

Criminalística: uma lacuna nas Faculdades de Direito (Ponto de Vista)

Luiz Eduardo Carvalho Dórea ................................................................... 13

Fonética Forense: análise de fala e de aspectos espectrais na

autenticidade de registro de áudio (Artigo Original)
Antônio César Morant Braid ...................................................................... 15

Guerra Civil Molecular: considerações sobre a violência urbana

de Salvador (Comunicação)
Elson Jeffeson Neves da Silva ................................................................. 20

A Importância do PSA na Sexologia Forense (Artigo Original)

Heliana Cortes Moradilho, Katya Pastor Ramos,
Luis Carlos Cavalcante Galvão ................................................................. 22

A propósito de uma carta (Carta)

Rita de Cássia Monteiro de Carvalho ....................................................... 27

Resenha Literária ....................................................................................... 29

Normas ....................................................................................................... 30

5
 E DITORIAL

A Polícia Técnica da Bahia, reconhecida realizado pela polícia científica baiana. Os artigos
nacionalmente pela constante busca por parte dos recebidos foram selecionados, obedecendo a critérios
profissionais que a integram, de uma Prova Material a de sustentabilidade científica, originalidade, atualidade
cada dia com melhor qualidade, está reforçando a sua e utilidade prática. Os institutos que compõem o DPT
posição. A iniciativa de publicar esse conjunto de artigos – de Criminalística, de Medicina Legal, de Identificação
elaborados por integrantes do seu quadro de Peritos e o Laboratório Central – estão aqui representados com
Criminais, de Laboratório, Médicos Legistas e Peritos uma pequena parte da sua produção técnico-científica.
Técnicos, visa a preencher uma lacuna da qual todas O objetivo é difundir as técnicas e experiências
essas categorias se ressentem: a falta de um veículo cientificamente embasadas e fundamentadas,
próprio e apropriado para a difusão e troca de algumas já definitivamente consagradas, outras
informações. Visa ainda tornar acessível às demais ainda em fase de pesquisa, proposição, teoria ou tese,
categorias técnico-científicas da área jurídica e outras mas todas diretamente relacionadas à busca de uma
áreas correlatas, um conhecimento específico do que Prova Material, que, em última instância, muito
seja a Criminalística e como ela pode ser utilizada para mais do que condenar um culpado, possa libertar
uma melhor aplicação da Justiça. um suspeito inocente.
A pretensão não é utópica e se respalda em
princípios morais e éticos.
A pesquisa científica no Brasil se ressente, não
apenas da falta de recursos para ampliar campos de
atuação específicos, mas, e principalmente, da falta de
veículos para divulgar conhecimentos já estabelecidos
com o devido rigor científico. É com esse objetivo – o
de suprir essa lacuna na área da Polícia Técnica - que
surge Prova Material. A responsabilidade pela
definição de diretrizes desta revista científica do DPT-
Bahia e a organização da edição couberam a uma equipe
editorial composta por Jornalistas e Peritos, numa
integração harmônica. A determinação da direção geral,
em abril passado, era a de que fosse elaborado um
projeto que permitisse a materialização desse periódico,
cujo lançamento, agora realizado, foi previamente
definido para a data de 04 de Dezembro, quando é
comemorado o Dia do Perito.
Este primeiro número apresenta artigos
originais, relato de casos, pontos de vista, notas e
comunicações, divulgando oficialmente o trabalho
6
 LIMITAÇÕES NO USO DA HPTLC COMO MÉTODO
DE CONFIRMAÇÃO À EXPOSIÇÃO DE COCAÍNA
ALEXSANDRO F. DE SANTANA
Perito Criminal
ELSON J. N. DA SILVA
Perito Criminal
FERNANDO J. S. FILHO
Perito Criminal
RESUMO
O uso corrente da HPTLC (High Performance Thin
Layer Chromatography) em laboratórios de Toxicologia
Forense, como técnica isolada para a detecção de
cocaína e seus produtos de biotransformação sem o
suporte de uma técnica de confirmação como
cromatografia a gás acoplada à espectrometria de massa
(GC/MS), poderá levar a resultados falso-positivos.
Utilizando as técnicas de extração e purificação
descritas por Chasin, [1], eluição das cromatoplacas
nos sistemas solventes cicloexano-tolueno-dietilamina
(75:15:10) e metanol - clorofórmio (1:1) e nebulização
com reativo de iodoplatinato e reativo de iodoplatinato
acidificado, que se constituem nos procedimentos
analíticos adotados na rotina dos principais laboratórios
de Toxicologia Forense do País, os resultados de
análises de urinas de doze (12) pacientes que fizeram
uso hospitalar de fármacos que tinham como princípio
ativo a meperidina, não apresentaram distinção dos
resultados das análises de urinas de usuários de
cocaína. A meperidina é um analgésico usado quase
que exclusivamente nos hospitais, mas também é usada
na sedação de pacientes submetidos a exame de
endoscopia digestiva, aumentando assim, as chances
de equívocos na análise de urinas de possíveis
envolvidos em acidentes de veículos onde não houvesse
histórico relatando a utilização da medicação.
UNITERMOS
HPTLC, cocaína, falso-positivos
MARIA RITA C. G. DOS SANTOS
Perito Criminal
NEIDE O. L. BORGES
Perito Criminal
Artigo Original
ABSTRACT
The current use for HPTLC (High Perfomance Thin Layer
Chomatografy) in Forensic Toxicology laboratories as an
isolated techinique for cocaine and its biotransformation
products detection will be able to take flase-positives results
without a support confirmation techinique as gas
chomatografy coupled to mass spectrometry (GC/MS). The
estraction and purification techiniques, the plates elution
in eyelohexane - toluene - diethylamine (75:15:10) and
methanol - chloroform (1:1) solvent systems and the
nebulization with iodoplatinato and acidified iodoplatinato
reagents wew the procedure adopted as an analytcal routine
in the main Foprensic Toxicology laboratories in Brazil.
Twelve (12) urines received from hospital patients who
had used drugs withmeperidin as active principle was
analysed. Meperdin is an analgesic drug used almost
exclusively in hospitals, but also be used in patent sedation
submitted to digetive endoscopics. The results from the
meperidin users presented no distinctions of the found in
cocaine users. This it can increase the the mistake
possibilities in urine analysis involving mainly vehicles
accidents if the medication did not have description telling.
KEYWORD
(HTPTLC, cocaine, false-positivo)
INTRODUÇÃO
O crescimento do abuso da cocaína nas diversas regiões
do país, associado aos inconvenientes do envio de
amostras para serem analisadas em outros centros que
7
 já dispõem de metodologia implantada para
realizar exames de confirmação, tem feito com
CONFIRMAÇÃO À EXPOSIÇÃO DE COCAÍNA
LIMITAÇÕES NO USO DA HPTLC COMO MÉTODO DE
que vários laboratórios busquem procedimentos
para a realização dos exames de verificação da
exposição a drogas de abuso. E por tratar-se, na
grande maioria dos casos, de laboratórios que
dispõem de poucos recursos e modesto espaço
físico, a escolha da técnica recai sobre a
cromatografia por camada delgada,
preferencialmente sobre a HPTLC, devido à sua
rapidez, precisão, melhor resolução e praticidade.
Os Laboratórios de Toxicologia Forense
pesquisam, entre outras substâncias, drogas de
abuso e de uso terapêutico, e como não é rara
a falta de envio do histórico sobre a ocorrência
e sobre a vítima junto com as amostras a serem
analisadas, situação que se agrava com o
aumento na demanda de exames, esses
laboratórios são obrigados à aplicação de
procedimentos de rotina de maior abrangência,
porém, de menor especificidade. Desta forma,
as semelhanças obtidas entre os hRf,
colorações e formas das manchas
cromatográficas poderão induzir a um
resultado “falso positivo”. Dentre as
substâncias que apresentam comportamento
semelhante à cocaína na cromatografia por
camada delgada, estão bupivacaína,
meperidina, tetracaína e nupercaína.
TOXICOLOGIA
A meperidina é um alcalóide analgésico narcótico
forte usado quase exclusivamente nos hospitais,
para aliviar as severas dores do parto e após
operações, e é administrado às vezes como uma
premedicação antes da cirurgia. Também usado
na sedação de pacientes submetidos à endoscopia
digestiva. Tem como sinônimos: Petidina, dolosal,
petanol. Apresenta-se em comprimido, xarope e
solução e possui nomes comerciais de Demerol,
Algil, Alodan, Dolantina, Dolosal.
A concentração terapêutica de meperidina em
8
sangue está entre 30 e 100 mg/dl, a concentração
tóxica é de 500 mg/dl, e a concentração letal está
entre 1 e 3 mg/dl. Produz tremor, contração,
confusão, alucinação e convulsão em doses de 3
a 4 g/dia. A relativamente curta meia vida biológica
(3 a 4 horas) da meperidina explica a freqüência
com que esta droga é administrada para conter a
dor. Em aplicações intra – venosas, o pico de
concentração no plasma é alcançado entre 1 e 2
minutos, em aplicações intra – musculares é
alcançado entre 15 e 60 minutos, e em aplicações
orais é alcançado com 120 minutos.
É metabolizada principalmente no fígado, com
uma meia vida de cerca de 3 horas e sua
biotransformação em humanos ocorre numa
velocidade de 10 a 20% por hora sendo que apenas
5% da meperidina administrada é excretada na
forma inalterada, 5% sofre N-desmetilação e passa
a Normeperidina, 20% é hidrolizada a ácido
meperidínico, 7% forma ácido normeperidínico
e cerca de 12% formam conjugados de meperidina
e normeperidina. A distribuição de
aproximadamente 60% da meperidina
administrada é desconhecida[2].
Pacientes que são tratados com Meperidina podem
se tornar dependentes. A síndrome da abstinência
consiste em severa contração muscular e
inquietação[3].
A recuperação da meperidina depende do pH
urinário. Se ácido, 6 a 28% da dose administrada
é recuperada; neutro, 0.2 a 7%; e se básico, 0 a
0.6% apenas[4].
MATERIAL E MÉTODO
MATERIAL
Cromatoplacas de 20 X 20 e 10 X 10 cm,
espessura de 0,25 mm (Merck), clorofórmio,
metanol, ciclohexano, tolueno, dietilamina,
etanol, cloreto de n-butila, cloreto de sódio,
bicarbonato de sódio, sulfato de sódio anidro;
agentes cromogênicos: reativo de iodoplatinato
 e iodoplatinato acidificado; soluções de
referência de cocaína, meperidina, lidocaína,
MARIA RITA C. G. DOS SANTOS / NEIDE O. L. BORGES
ALEXSANDRO F. DE SANTANA / ELSON J. N. DA SILVA / FERNANDO J. S. FILHO /

tetracaína, nupercaína, propoxifeno, codeína,

cafeína, benzocaína, bupivacaína e procaína
em etanol; Centrífuga e banho maria.

MÉTODO
Em tubos de centrífuga de capacidade para 50ml Figura 2 (HIPt)

foram colocados 5ml de urina e ajustado o pH Sistema eluente A:

entre 7,0 e 7,4 com NH4OH 10%. Adicionados Clorofórmio: metanol (1 : 1)
3,0g de cloreto de sódio e 25ml da mistura Reveladores:
clorofórmio: etanol (80:20, v/v). Após vigorosa Iodoplatinato (IPt) e
agitação manual por 1 minuto e centrifugação a Iodoplatinato acidificado (HIPt)
2.000 rpm por 10 minutos, a fase orgânica foi Benzocaína;
filtrada sobre sulfato de sódio anidro e o extrato Bupivacaína;
evaporado em banho-maria a 60 ºC. Aos resíduos Cafeína;
foram adicionados 3 ml de ácido sulfúrico 0,5 N Cocaína;
e 3 ml de cloreto de n-butila. Após agitação manual Codeína;
por 2 minutos, foram centrifugados a 2000 rpm Lidocaína;
por 5 minutos. O cloreto de n-butila foi descartado Meperidina;
e a fase aquosa, saturada com bicarbonato e Nupercaína;
extraída com duas porções de 3 ml cada de cloreto Procaína;
de n-butila com agitação manual por 1 minuto e Propoxifeno;
centrifugação a 2000 rpm por 2 minutos. As fases Tetracaína.
orgânicas transferidas para béqueres e evaporadas
à temperatura ambiente. Os resíduos retomados
com 100 ml de clorofórmio: etanol (80:20, v/v) e
transferidos quantitativamente para cromatoplacas
10 X 10 cm, desenvolvidas nos sistemas
clorofórmio: metanol (1 : 1) e cicloexano:
tolueno: dietilamina (75: 15 : 10) e nebulizadas
com reativo de iodoplatinato e iodoplatinato Figura 3 (IPt)
acidificado (vide anexo).

Figura 4 (HIPt)

Figura 1 (IPt)

9
 Sistema eluente B: Extrato de urina de usuário de |Meperidina
Cicloexano : tolueno : dietilamina (75 : 15 : 10) Sol. de referência de Meperidina
CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIOLÊNCIA URBANA DE SALVADOR
GUERRA CIVIL MOLECULAR:

Reveladores:
Iodoplatinato (IPt) e
Iodoplatinato acidificado (HIPt)
Benzocaína;
Bupivacaína;
Cafeína;
Figura 7 (IPt)
Cocaína;
Codeína;
Lidocaína;
Meperidina;
Nupercaína;
Procaína;
Propoxifeno;
Tetracaína.
Figura 8 (HIPt)

Sistema eluente B:
Cicloexano: tolueno: dietilamina (75 : 15 : 10)

Reveladores:
Iodoplatinato (IPt) e
Iodoplatinato acidificado (HIPt)
Figura 5 (IPt)
Sol. de referência de Bupivacaína;
Extrato de urina de usuário de Cocaína
Sol. de referência de Cocaína com BEG;
Extrato de urina de usuário de Meperidina
Sol. de referência de Meperidina

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Foram usadas placas 20 X 20 cm para aplicação
Figura 6 (HIPt)
de soluções de referência de cocaína, meperidina,
Sistema eluente A: lidocaína, tetracaína, nupercaína, propoxifeno,
Clorofórmio: metanol (1 : 1) codeína, cafeína, benzocaína, bupivacaína e
procaína. Observou-se que no sistema A
Reveladores: apresentam manchas com hRf próximos ao da
Iodoplatinato (IPt) cocaína, a meperidina, a nupercaína e a tetracaína.
e Iodoplatinato acidificado (HIPt) Revelando com Iodoplatinato, apenas a
Sol. de referência de Bupivacaína; meperidina e a nupercaína apresentaram coloração
Extrato de urina de usuário de Cocaína semelhante à da cocaína (FIG. 1). Porém, usando
Sol. de referência de Cocaína com BEG o Iodoplatinato acidificado, também a tetracaína
10
 mostra coloração semelhante à da cocaína (FIG. Pharmacology and Therapeutics. 5th ed. Ames,
2). No sistema B, apresentam manchas com hRf Iowa: Iowa State University Press, 1982. 285.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIOLÊNCIA URBANA DE SALVADOR
GUERRA CIVIL MOLECULAR:

próximos ao da cocaína apenas a meperidina e a Ellenhorn, M.J. and D.G. Barceloux. Medical
bupivacaína. Revelando com Iodoplatinato, Toxicology - Diagnosis and Treatment of Human
ambas apresentaram coloração semelhante à da Poisoning. New York, NY: Elsevier Science
cocaína (FIG. 3). Mas, apenas a meperidina Publishing Co., Inc. 1988. 723.
apresentou coloração semelhante à da cocaína The Royal Society of Chemistry. Foreign
com o Iodoplatinato acidificado (FIG. 4). Compound Metabolism in Mammals. Volume
Aplicando-se os procedimentos de extração e 6: A Review of the Literature Published during
purificação de cocaína em urina, descritos por 1978 and 1979. London: The Royal Society of
Chasin [1], que se constituem nos procedimentos Chemistry, 1981. 203.
analíticos adotados normalmente na rotina dos
principais laboratórios de Toxicologia Forense do ANEXO: (Extração)
país, em urinas de pacientes que fizeram uso da
meperidina na UTI do Hospital Geral do Estada
da Bahia, os resultados obtidos (FIGs. 5, 6, 7 e 8)
demonstraram que eles são eficientes também para
a meperidina e que as manchas produzidas em
HPTLC, pelos extratos de urinas de usuários tanto
de cocaína quanto de meperidina, não apresentam
diferenças suficientes para que este método seja
adotado isoladamente como única forma de
verificação à exposição de cocaína. Torna-se
necessária, portanto, a confirmação dos resultados
obtidos na triagem por TLC usando-se técnicas
mundialmente aceitas, como a Cromatografia à
gás acoplada a espectrômetro de massas.

COMPATIBILIDADE DE hRf E COLORAÇÕES

SISTEM A A SISTEM A B
hRf REVELADORES REVELADORES
hRf COM PATÍVEL
COM PATÍVEL
Ipt HIPt COM COCAÍNA Ipt HIPt
COM COCAÍNA
M EPERIDINA X X X X X X
NUPECAÍNA X X
BUPIVACAÍNA X
TETRACAÍNA X

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Chasin, A . A .M. , Lima, Irene Videira.
Detecção de cocaína, cocaetileno e
benzoilecgonina em urina por técnicas
cromatográficas (HPTLC, GC-FID e GC-MS)
Rev. Bras. Toxicol. v.11, n.2, p.45-49, 1998.
Booth, N.H., L.E. McDonald (eds.). Veterinary
11
 AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E QUANTITATIVA DA
MANDÍBULA HUMANA PARA INVESTIGAÇÃO DO SEXO
LUIS CARLOS CAVALCANTE GALVÃO
Resumo
RESUMO
Normalmente, os serviços de antropologia forense
dos Institutos Médico-Legais recebem esqueletos
humanos para exame. No entanto, não raro, chegam
para exame segmentos do esqueleto ou apenas ossos
isolados, aumentando a dificuldade na busca de
dados biotipológicos como: espécie, sexo, fenótipo
cor da pele, idade e estatura. O presente trabalho foi
realizado pensando-se na situação em que apenas a
mandíbula chega para exame, com objetivo de
diagnosticar-se o sexo. Foram estudadas 170
mandíbulas, sendo 70 femininas e 100 masculinas.As
mandíbulas foram inumadas por 3 (três) anos. As
peças examinadas eram pessoas indigentes ou que
pertenceram a indivíduos cujas famílias não
reclamaram os ossos no período estabelecido pela
instituição (cemitério de Quinta dos Lázaros da
Secretaria de Saúde do Estado da Bahia), e cujo destino
final seria o forno crematório ou inumação em vala
comum (ossuário). Todas as mandíbulas pertenceram
a indivíduos que, à data de óbito, tinham mais de 20
anos de idade. Propositadamente, não se levou em
consideração variáveis como fenótipo cor da pele, idade
adulta e estatura dos indivíduos a quem as mandíbulas
pertenceram. Os resultados permitiram estabelecer uma
fórmula por regressão logística com índice de acerto
de 84% na investigação do sexo em avaliações futuras.
Foram também estabelecidas metodologias para a
investigação do sexo através da mandíbula humana
por análise de função discriminante e pela média e
intervalo de confiança. As metodologias podem ser
utilizadas em mandíbulas com ou sem unidades
dentárias. A partir dos resultados foi criado um
software para rápida execução das fórmulas e
imediata resposta diagnóstica do sexo.
12
ABSTRACT
Normally the forensic services of anthropology of
the Legal Medic Institutes receive human skeletons
for examination. However, not rare, segments of the
skeleton arrive for examination or only isolated
bones, increasing the difficulty in the search of
biotypologys data as: species, sex, phenotipy color
of the skin, age and stature.
The present work was realized under the thought of a
situation in which just the jaw gets to be examined,
with the objective of sex diagnosis.
170 jaws had been studied, being 70 feminine ones and
100 male.As jaws had been embedded per 3 (three)
years. The examined parts belonged to beggars (poor
people) or to individuals which their families had not
complained the bones in the period established for
the institution (cemitery of Quinta dos Lázaros of
State of Bahia´s Health Office), and whose final
destination would be the crematory oven or burial in
common ditch (assuary).
All the jaws belonged to individuals, which had over
20 years old, on the day of their death.
Variables like: phenotype skin color, adult age and the
individuals stature to those who the jaws belonged to,
were intesionaly not taken in consideration.
The results had allowed to establish a formula for
logistic regression with acurancy of 84% in the inquiry
of the sex in future evaluations.
Also methodologies for the inquiry of the sex through the
human jaw had been analyzed establishing the discriminates
function and for the average and reliable interval.
The methodologies can be used in jaws with or without
dental units.
From the results was created a software for fast execution
of formulas and immediate reply it diagnosiss of the sex.
 CRIMINALÍSTICA: UMA LACUNA NAS
ESCOLAS DE DIREITO

LUIZ EDUARDO DOREA

Perito Criminal
Diretor do Departamento
de Polícia Técnica

Ponto de Vista

Um dos vários axiomas de Edmond Locar sugere
que o “ideal seria que os profissionais do Direito,
depois de terem passado pelas Faculdades onde se
aprende a falar, passassem também por aquelas onde
se aprende a observar”. Ora, observar é a arte
indispensável ao Perito Criminalístico. Mas é fato
comprovado que “só vemos o que observamos e só
observamos o que já conhecemos”. Modernamente,
cabe ao Perito Criminalístico a responsabilidade do
“visum et repertum, interpretandum”, o que amplia
a importância do exame da cena do crime (aquela
última função, que aparece grafada em itálico, foi
acrescentada pelo Prof. Lamartine Bizarro Mendes
e aprovada em congresso da categoria, passando a
fazer parte do lema da profissão).
Ou seja, o Perito não é mais apenas aquele especialista
que examina (visum) e descobre (repertum) indícios,
nos locais de crime onde realiza os seus exames. Na
Criminalística da atualidade, a ele também cabe
interpretar aqueles indícios (o interpretandum acrescido
ao lema original), estabelecendo entre eles os vínculos
que reúnem na cena do crime: a vítima, o autor, o
instrumento empregado. Dessa forma, confirma-se na
prática o conceito mais moderno da Criminalística, no
qual ela é definida como sendo “a aplicação das
Ciências Naturais no reconhecimento, comparação e
individualização dos indícios” (Handbook of Physical
Evidence - Metro-Dade PD, Flórida - EUA, 1996).
De algum tempo para cá, a prova material, que
decorre diretamente do trabalho dos Peritos, vem
ganhando destaque nos noticiários de casos criminais
de repercussão nacional, não apenas nos sinistros de
grande porte (incêndios, desabamentos, explosões
etc.) e nos crimes contra a pessoa, mas, e,
principalmente, naqueles casos chamados de crimes
de colarinho branco. A partir daí, valoriza-se cada
dia mais o “estudo dos indícios materiais físicos,
químicos e biológicos relativos ao crime e ao
criminoso, possibilitando a constatação do delito e
identificação dos autores e a prova da autoria, bem
como a autenticação e a legalização dos indícios para
que adquiram valor como prova em Juízo”.
O fato por trás disso tudo é que, em última instância,
o Perito Criminal trabalha como parte daquele
segmento da estrutura social, que é a Polícia
Judiciária, para uma melhor e mais correta aplicação
da Justiça, o que só será possível com Inquéritos
Policiais mais bem elaborados e inteiramente
calcados na Prova Material. Como, de resto, estes
inquéritos servirão a Delegados de Polícia, Juízes e
Promotores, Defensores Públicos, Advogados
Criminais e profissionais especializados no Direto
Penal, tanto para a formação de culpa, quanto para
se evitar que um inocente venha a ser injustamente
condenado, não é mais aceitável que as Faculdades
de Direito continuem a colocar no mercado
profissionais que desconhecem a Criminalística.
Compete, portanto, às Universidades que mantém
Cursos de Direito, atualizar os seus currículos,
proporcionando aos estudantes novos horizontes no
campo do Direito Penal e Processual Penal. Da
mesma forma que é dever dos organismos policiais
13
 instruir os seus prepostos, nos cursos de
formação, e, posteriormente, de reciclagem,
CRIMINALÍSTICA: UMA LACUNA NAS ESCOLAS DE DIREITO
ministrados pelas Academias de Polícia, para
que preservem melhor o local do crime. Da
correta aplicação desse procedimento
dependerá, muitas vezes, a solução de um
crime ou a sua inscrição no já extenso rol
dos casos insolúveis.
No momento em que o Ministério Público se
aproxima cada vez mais dos Institutos de
Criminalística, em busca do respaldo da Prova
Material para ações penais mais eficazes, e, na
Polícia Militar, com o nome de Polícia
Científica, a Criminalística já integra os cursos
de formação de Oficiais, as Faculdades de
Direito não podem mais deixar de preencher
essa lacuna no currículo que prepara
profissionais para a carreira do Direito.
Atualmente, no que pese receberem noções de
Medicina Forense, os futuros bacharéis, na sua
quase totalidade, concluem os seus cursos sem
a mínima informação Criminalística. Nem
mesmo aqueles que, desde o início dos seus
cursos, direcionam seu interesse para a área
do Direito Penal, têm aquela disciplina a seu
dispor nos currículos das faculdades, ainda que
na condição de optativa. Ninguém se interessa
pelo que não conhece é conceito básico no
campo da aquisição de novos conhecimentos.
Na Bahia, professores como Jorge Vianna e
Fernando Elias Cruz, da Universidade de
Santa Cruz (Ilhéus), e o Dr. RauI Barreto
(UCSal), que ensinam Medicina Legal,
levam regularmente os seus alunos de
Direito para conhecer o funcionamento do
Instituto de Criminalística. O professor Luis
Henrique, vice-diretor da Fundação
Visconde de Cayru, ao programar o seu curso
de Direto, incluiu no currícuIo a disciplina
Criminalística, colocando aquela futura
escola à frente das demais.
Não pode ser esquecido, também, o trabalho
14
do professor e advogado Fernando Santana,
que sempre destaca a importância da
Criminalística para seus alunos da disciplina
Direito Penal, na UFBa, bem como a
iniciativa do Dr. Jurandir Moisés (UCSal),
promovendo palestras para que seus alunos
conheçam os conceitos básicos da
Criminalística. Esta que, no conceito de
Eraldo Rabelo, é uma “disciplina técnico-
científica por natureza e jurídico-penal por
destinação, a qual concorre para a elucidação
e a prova das infrações penais e da identidade
dos autores respectivos, através da pesquisa,
do adequado exame e da interpretação
correta dos vestígios materiais dessas
infrações” (Curso de Cirminalística, Sagra-
Luzzatto, 1996).
Exemplos como os da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, onde as disciplinas
Criminalística e Medicina Legal I e II são
oferecidas no Curso de Direito, fato que se
repete na Universidade de Caxias do Sul,
também naquele estado, devem ser imitados.
Por fim, caberia destacar que entidades como
a OAB, Associações dos Juízes de Direito e
Ministério Público, poderiam, de imediato,
dar início a um movimento nacional para
preencher esta inegável lacuna no currículo
das demais Faculdades de Direito do país.
 FONÉTICA FORENSE:
ANÁLISE DA FALA E DE ASPECTOS
ESPECTRAIS NA AUTENTICIDADE DE
REGISTROS DE ÁUDIO
ANTÔNIO CÉSAR MORANT BRAND
Perito Criminalístico
Eng.° Eletricista/Bacharel em Direito
Artigo Original
RESUMO
O exame de verificação de autenticidade de registros
de áudio deve realizar-se por meio da análise perceptual
do conteúdo fonético da gravação associada à análise
acústica do sinal de áudio registrado, em busca de
evidências de edições físicas ou de origem eletrônica
no material. As edições não se restringem a interrupções
ou descontinuidades nos registros, como por montagem,
retirada, inserção ou misturas de materiais de áudio.
Com recursos de tecnologia digital, também podem
ocorrer inúmeras alterações no modo original de uma
fala gravada, como a transformação de uma locução
originalmente afirmativa em interrogativa, ou a
mudança de uma fala sem sinais de afetação motriz ou
psicológica, para um modo com características de
intoxicação por álcool. Essas alterações são capazes
de modificar de maneira fundamental uma informação,
transformando o sentido de uma mensagem, permitindo
a interpretação da locução modificada de modo diverso
da intenção original.
ABSTRACT
The authenticity verification exam of audio records
must be done by means of perceptual analysis of the
phonetics content of a recording, associated with
acoustic analysis of the audio signal recorded, in order
to discover any indications of physically or
electronically originated edits in audio material. Edits
are not restricted to interruptions or discontinuities in
records, such as those caused by assembling, deleting,
inserting or mixing of audio materials. Using digital
technology resources, many modifications may also be
implemented in the original mode of recorded speeches.
For example, the transformation of a phrase originally
affirmative into interrogative, or the change of a speech
without trace of psychological or physiological
affectation into speech that is the result of alcoholic
intoxication. These alterations are able to modify, in
essence, information, transforming the sense of a
message, allowing the interpretation of a modified
phrase in a way that is different from originally intended.
EXAME DE VERIFICAÇÃO DE
AUTENTICIDADE DE REGISTROS DE ÁUDIO
Durante a realização de uma gravação original de áudio,
não é incomum o acionamento das teclas pause ou stop
do aparelho, interrompendo o fluxo gravação. O
resultado final, portanto, são registros originais de áudio
com a presença de descontinuidades causadas pelas
interrupções em tempo real na gravação.
Para que se possa considerar um registro de áudio
autêntico, não deve existir, entre as eventuais
interrupções originais, edição física ou de origem
eletrônica realizada em momento ulterior à gravação
original. Nessa perspectiva, a simples constatação de
descontinuidades em material de áudio não o remete à
categoria de inautêntico, devendo ser investigado se as
eventuais interrupções são originais e se nos registros
entre essas interrupções existem retiradas, inserções,
misturas ou qualquer outro tipo de edição que altere a
informação original contida no material.
O exame de verificação de autenticidade útil nos autos
15
 de um inquérito policial ou num processo
judicial é aquele que informa se as interrupções
NA AUTENTICIDADE DE REGISTROS DE ÁUDIO
FONÉTICA FORENSE: ANÁLISE DA FALA E DE ASPECTOS ESPECTRAIS
constatadas são originais e se os trechos entre
essas interrupções apresentam edições.
ANÁLISE DA FALA NO EXAME DE
VERIFICAÇÃO DE AUTENTICIDADE
A análise do material fonético no exame de
verificação de autenticidade deve desenvolver-
se por meio perceptual, observando-se,
inicialmente, a coerência entre o número de
palavras nas sentenças e a métrica e os tempos
de articulação das locuções.
A análise métrica de uma sentença permite que se
observe a relação coerente de acentuação entre
palavras e grupos de palavras dentro de um
discurso, de acordo com uma concepção de
estruturas fortes e fracas num contexto entoacional
e de sintaxe lingüística. A posição ocupada por
uma locução numa sentença lhe atribui um acento
relativo e qualquer discrepância neste sentido pode
indicar evidências de inserções ou retiradas de
material no discurso.
Um outro evento importante para a análise
perceptual é o ajuste temporal na fala. Um som
da fala realizado isoladamente, em geral,
demanda um tempo maior para sua produção
do que quando este mesmo som está integrado
num contexto fonético. Também, quanto mais
elementos sonoros estiverem integrados num
momento de fala, menor será o tempo de
produção desses elementos, mesmo que o
falante tente executar o momento numa taxa
de velocidade constante. Portanto, uma frase
com um grande número de palavras faz com
que cada uma delas, individualmente, seja
articulada de modo mais rápido do que seria
se estivesse num contexto de menor
quantidade de palavras. Assim, inserções
resultantes de locuções retiradas de uma
sentença e transferidas para outra podem ser
verificadas, caso haja grande diferença no
16
número de palavras dos momentos de fala
das duas sentenças, pela quebra de
velocidade durante o discurso.
A prosódia é um elemento supra-segmental da
fala que corresponde a variações de entonação
e de acentuação, com a função de aumentar a
percepção e a compreensão do ouvinte e dar
efeitos de sentido a uma seqüência de
segmentos. O falante pode realizar uma
sentença segundo vários sentidos lingüísticos,
como também aplicar proeminência a certas
palavras ou realizar pausas que também
modificam o efeito do grupo de segmentos.
Existem outros modos de manifestação
prosódica, como através da alteração da
freqüência fundamental nos segmentos da
sentença, pelo prolongamento de sílabas e pela
separação dos segmentos da fala em grupos.
Todos os modos de contraste na fala citados
acima apresentam variações perceptuais que
são reguladas pelo efeito simultâneo da
variação de parâmetros acústicos, como a
freqüência fundamental vocal, a intensidade
de energia e a medida de tempo de sílabas,
palavras e sentenças. A percepção da
freqüência fundamental reflete-se no pitch; a
intensidade de energia, no loudness; e a medida
de tempo, na duração. A combinação destes
elementos também constitui o ritmo de um
determinado enunciado.
A prosódia aplicada a uma sentença define
o ritmo da fala; assim, as combinações de
níveis de pitch, intensidade de energia e
duração, associadas ainda a outros elementos
de voz e de fala, determinam o modo como
um locutor se expressa num discurso
específico. Portanto, montagens e outras
edições entre locuções com contornos
prosódicos distintos implicam em divergências
de ritmo durante a sentença editada.
Há sistemas de processamento de sinais de fala,
com recursos de tecnologia digital, que podem
 alterar o modo original de uma fala gravada. Pode- SINAL DE FALA ORIGINAL
se transformar uma locução originalmente
ANTÔNIO CÉSAR MORANT BRAND

afirmativa em interrogativa, ou mudar uma fala

sem sinais de afetação motriz ou psicológica, para
um modo com características de intoxicação por
álcool. Alterações desse tipo podem modificar de
maneira fundamental uma informação,
permitindo a interpretação da locução modificada SINAL COM PITCH ALTERADO
de modo diverso da intenção original.
O nível de pitch alterado na fala pode indicar
afetação psicológica do falante, por elevação
ou rebaixamento do pitch. Portanto, é
possível a modificação da freqüência
fundamental de uma voz gravada para se dar
a impressão de condição de fala diversa do que Figura 1: modificação de pitch, tornando a
fala em modo interrogativo.
foi originalmente registrado, indicando outra
situação emocional.
A embriaguez provoca redução do controle ressonâncias prevalecem sobre a sensação
motriz da fala, tornando-a, sobretudo, mais auditiva do ouvinte, caso os formantes sejam
lenta. É possível a mudança de uma fala sem alterados de forma significativa, podem resultar
sinais de afetação motriz ou psicológica para em segmento de fala diverso do que foi
um modo com características de intoxicação originalmente produzido, ou seja, pode-se
por álcool, por meio do prolongamento do
SINAL DE FALA ORIGINAL
tempo de fala sem alteração do pitch ou energia
contida numa elocução, como pode ser obtido
aplicando efeito do tipo warp no sinal.
O contorno entoacional de uma elocução
indica uma intenção expressa numa fala. É
possível a transformação de uma locução
originalmente afirmativa em interrogativa,
alterando-se o pitch da fala, modificando-se
por completo o conteúdo informativo
SINAL COM FORMANTE ALTERADO
original, como pode ser observado na curva
de contorno de pitch abaixo.
As alterações ilustradas a seguir foram
obtidas por meio do sistema CSL –
Computerized Speech Lab., desenvolvido
pela Kay Elemetrics Corp.
O som de um segmento de fala é formado por
uma configuração espectral complexa,
composto por formantes e outros componentes Figura 2: alteração de formantes mudando
segmentos de fala
de freqüência de menor energia. Como as
17
 mudar uma palavra somente procedendo a
mudanças em formantes de uma locução sem
NA AUTENTICIDADE DE REGISTROS DE ÁUDIO
FONÉTICA FORENSE: ANÁLISE DA FALA E DE ASPECTOS ESPECTRAIS
que seja necessário inserir ou retirar material
no registro. A figura a seguir mostra, primeiro,
um sinal original e, depois, o mesmo sinal com
alteração nos formantes.
ANÁLISE DE ASPECTOS
ESPECTRAIS NA VERIFICAÇÃO
DE AUTENTICIDADE
A análise acústica do material é realizada no
sinal de áudio, examinando-se vários dos seus
parâmetros acústicos, como componentes de
freqüência, amplitude e tempo.
O ruído de fundo corresponde a uma associação
de sinais gerados pelo ambiente, pelo equipamento
de gravação, pela mídia onde estão registrados os
sinais e por quaisquer outros eventos que possam
interferir na informação. Embora o ruído de fundo
tenha natureza aleatória, o seu comportamento
espectral de curva de resposta em freqüência deve
apresentar um aspecto com pouca variação para
amostras próximas, a não ser por ocorrência de
ruídos incidentais compatíveis com as
circunstâncias do ambiente e plenamente
ALTERAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE RUÍDO DE FUNDO
Figura 3: mudança brusca do comportamento de ruído de fundo.
concebíveis para o examinador. Portanto,
discrepâncias na resposta em freqüência entre duas
amostras próximas podem indicar grandes
retiradas de material ou inserções de locuções
retiradas de trechos afastados, como na figura a
seguir, mostrando uma interrupção típica no sinal.
Na figura acima, antes e depois da interrupção, os
formantes podiam ser observados claramente e
18
apresentavam-se normais, com transições
suaves e os demais aspectos da distribuição
espectral, regulares. Entretanto, no instante
indicado no espectrograma, ocorreu corte no
sinal, com barra de clique típico de interrupção
de continuidade do sinal.
O nível de intensidade sonora durante uma
mesma fala gravada deve apresentar pouca
variação, considerando-se pequenos
afastamentos e aproximações do microfone de
captura. Entretanto, em condições normais, o
nível de ruído em geral deve permanecer
praticamente constante, assim, a tentativa de
equilibrar os níveis de fala para a produção de
uma inserção altera sobremaneira, e num
segmento delimitado, o ruído de fundo no
trecho inserido, aplicando uma
descontinuidade incompatível com a
circunstância normal.
Todo equipamento de gravação possui uma
curva de resposta em freqüência que estabelece
limites mínimos e máximos entre os quais os
sinais gravados praticamente não sofrem
atenuação nas suas componentes de freqüência.
Fora desses limites, os sinais são atenuados,
tendendo, assim, a ocuparem uma
faixa definida, mais ou menos dentro
desses limites. Caso sinais de mesma
natureza e nas mesmas
circunstâncias estejam ocupando
faixas distintas num único material,
estando, portanto, alguns desses
sinais com bandas mais amplas ou
mais estreitas, pode ser indício de
terem sido gravados em equipamentos com
curvas de resposta em freqüência distintas e
juntados por edição.
Há equipamentos que possuem sistema de
gravação ativado automaticamente por sensor
de intensidade sonora, normalmente
denominado de voice activated system (VAS);
assim, quando ativado, o aparelho permanece
 em modo stand by até que o som de captura
atinja um nível sonoro suficiente para que atue
ANTÔNIO CÉSAR MORANT BRAND
o sistema de gravação, só interrompendo se a
intensidade sonora permanecer num nível
abaixo do limite mínimo por alguns segundos.
A atuação do VAS ocorre durante a gravação
original e depende apenas da intensidade do
som ambiente no momento da captura. Assim,
a perda da informação durante o lapso de tempo
entre a desativação e a seguinte ativação do
sistema ocorre no momento da gravação em
tempo real e não é, portanto, uma edição
realizada deliberadamente em ocasião ulterior
à gravação em tempo real.
Há interrupções na continuidade do sinal, que
não representava edições, mas a falha no
sistema de gravação dos registros magnéticos,
correspondendo a uma região de silêncio,
retornando em seguida a gravação de modo
plenamente compatível com a entonação e
situações prosódicas em geral, assim como as
temporais e de intensidade, com concordância
nos traços espectrais no trecho interrompido.
FALHA NO SISTEMA DE GRAVAÇÃO
Figura 4: região de falha na gravação
A figura acima contém o espectrograma do
segmento do sinal em que ocorre uma breve
interrupção na continuidade do sinal, sem
que haja significativa perda de informação.
Assim, não há corte no sinal, mas apenas
descontinuidade momentânea, sendo logo em
seguida, retomada a gravação. As linhas
amarelas na figura indicam a correspondência
entre os formantes interrompidos.
CONCLUSÃO
A análise da fala associada ao exame dos aspectos
espectrais do sinal de áudio na verificação de
autenticidade de registros de áudio representa um
meio eficiente de investigar edições físicas ou
eletrônicas no material.
Deve-se observar que as edições não se restringem
a interrupções ou descontinuidades nos registros,
como por montagem, retirada, inserção ou
misturas de materiais de áudio. Com recursos de
tecnologia digital, também podem ocorrer
inúmeras alterações no modo original de uma fala
gravada, que são capazes de modificar de maneira
fundamental uma informação, transformando o
sentido de uma mensagem, permitindo a
interpretação da locução modificada de modo
diverso da intenção original.
O exame de verificação de autenticidade útil
nos autos de um inquérito policial ou num
processo judicial é aquele que informa se
interrupções eventualmente constatadas são
originais e se os trechos entre essas interrupções
apresentam, ou não, edições.
19
 GUERRA CIVIL MOLECULAR:
CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIOLÊNCIA
URBANA DE SALVADOR

ELSON JEFFESON NEVES DA SILVA

Perto Criminalístico

Comunicado (avançado)

RESUMO nas suas diversas categorias (homicídio doloso,

O texto apresenta a primeira etapa do Projeto de
Pesquisa “Guerra civil molecular: Considerações
sobre a violência urbana de Salvador”. A pesquisa
tem como objetivo relacionar a violência urbana com
aspectos sócio-político-econômicos no município de
Salvador, no intuito de propor formas de intervenção
do poder público em áreas com altos índices de
criminalidade.
PALAVRAS CHAVES
Violência urbana, Crime.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIOLÊNCIA
URBANA DE SALVADOR
O crime e a violência na vida cotidiana das grandes
metrópoles impõem um grande desafio àqueles que
pensam e planejam a segurança pública, pois não é
possível planejá-la sem compreender os processos
sociais geradores desse fenômeno que assola, nos
tempos modernos, as grandes cidades brasileiras.
A violência urbana, ao longo das últimas décadas,
tornou-se um dos grandes problemas enfrentados
pelo poder público, que se amalgamam a outras
adversidades causadoras de distúrbios sociais como
a má distribuição de renda, desemprego crônico, má
distribuição de equipamentos de infra-estrutura e
espaço de socialização.
O objeto do trabalho é a análise da violência urbana
gerada no município de Salvador no período de 2000
a 2003. Os dados estatísticos de ocorrência policial
20
homicídio culposo, latrocínio, etc.) serão
organizados pelas regiões administrativas,
comparando-as com a renda média mensal dos chefes
do domicílio e os índices sócio-econômicos das
regiões. A análise dos dados estatísticos tem como
objetivo fornecer uma visão realista desse fenômeno
social, ultrapassando a análise descritiva da violência
e penetrando em suas raízes históricas e sócio-
econômicas que atuaram como estimuladoras do
crescimento do crime neste município, além de mapear
regiões onde a violência urbana é mais crônica.
O processo de degradação econômica ocorrido nas
últimas décadas nos países de economia periférica
causou impacto devastador, no que se refere à
violência urbana. As grandes metrópoles dos países
de terceiro mundo, a exemplo de Salvador, nas
últimas décadas tiveram crescimento populacional
imenso, passando de 392.890 habitantes em 1950
para 2.443.107 habitantes em 20021 . Neste mesmo
período, o mercado de trabalho não acompanhou o
crescimento populacional. Este excedente
populacional que chega à cidade neste período
expande o tecido metropolitano, consolidando
ocupações ilegais e fazendo crescer bolsões de
miséria, que deterioram o espaço urbano no aspecto
sócio-ambiental. Esses grupos sociais que não
puderam se inserir em uma sociedade competitiva
foram excluídos socialmente, criando guetos e
estratégias de sobrevivência que, muitas vezes, os
levam à economia subterrânea que se sustenta com
o crime, entendendo crime como “fato proibido por lei, Bahia. Salvador-Bahia. 2000.
sob ameaça de uma pena, instituída em benefício da SAMPAIO, Antônio Lima Heliodoro. Formas Urbana.
coletividade e segurança social do estado” Cidade Real & Cidade Ideal. Contribuição ao estudo
(SILVA,1986:p.586). urbanístico de Salvador. Editora Quarteto/PPG/Au,
Neste campo, outro elemento a ser destacado é que a Faculdade de Arquitetura da UFBa. Salvador-Bahia 1999.
concentração de populações com baixo nível de vida SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Editora
no mesmo espaço, com altas taxas de desemprego, Forense 9a Edição Rio de Janeiro.1986.
como ocorre na cidade de Salvador, por exemplo, nos
1
bairros do Nordeste de Amaralina, Liberdade e bairros Fonte IBGE
do Subúrbio Ferroviário, torna-se perigosa à segurança
pública, pois cria condições favoráveis ao crescimento
da violência urbana.
O trabalho se propõe a analisar a violência urbana como
um fenômeno social gerado principalmente pela
exclusão social, apontando uma forma de intervenção
do poder público nas áreas mais afetadas por esta mazela
social, através do aparelho repressivo do Estado,
juntamente com instrumentos gerados por políticas
públicas na área social, no intuito de estancar o ingresso
de indivíduos na economia subterrânea.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRESSER PEREIRA, L. C.; Desenvolvimento e crise
no Brasil 1930-1983, 16ª ed. Brasiliense, 1985, São Paulo.
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. A era da
informação: economia sociedade e cultura. Vol. 2. Paz
e Terra. São Paulo. 1999.
__________________. Fim do milênio. A era da
informação: economia, sociedade e cultura. Volume 3
Paz e Terra. São Paulo - SP. 1999.
_________________. A questão urbana. Paz e terra São
Paulo-SP. 2000
COUTINHO, L. (1996): A Fragilidade do Brasil em
Face da Globalização. In Baumann, R. (Org. 1996):
O Brasil e a Economia Global. Ed. Campus Ltda.,
Rio de Janeiro, RJ.
ENZENSBERGER,Hans Magnus. Guerra Civil
Companhia das Letras. São Paulo-SP.1995
GORDILHO-SOUZA, Angela. Limites do habitar.
Segregação e exclusão na configuração urbana
contemporânea de Salvador e perspectiva no final
do sáculo XX. Editora da universidade Federal da
21
 A IMPORTÂNCIA DO PSA (hK3) NA SEXOLOGIA FORENSE
The PSA (hK3) Importance to Forensic sexology

HELIANA CÔRTES MORADILLO

Perita Criminalística do Laboratório Central de Polícia Técnica da Bahia
Especialista em Habilitação Biotécnica

KATYA PASTOR RAMOS

Perita Criminalística do Laboratório Central de Polícia Técnica da Bahia
Especialista em Análises Clínicas

LUÍS CARLOS CAVALCANTE GALVÃO

Professor Titular do Departamento de Saúde da Universidade Estadual
de Feira de Santana/BA, Disciplinas de Medicina Legal e Odontologia Legal

Artigo Original

RESUMO níveis de PSA em manchas de urina de indivíduos com

Os autores estudaram o PSA (Prostate-specific
Antigen) através do método de enzimaimunoensaio
(ELISA) numa amostra composta de secreções
vaginais coletadas em 184 supostas vítimas de crimes
sexuais, já examinadas pelos Peritos do Laboratório
Central de Polícia Técnica da Bahia. O mesmo
procedimento foi realizado em 97 secreções anais
coletadas em supostas vítimas de atentado violento
ao pudor, sendo 22 do sexo masculino e 75 do sexo
feminino. As secreções foram coletadas usando
swabs secos imersos em aproximadamente 1,0 mL
de soro fisiológico, mantidas em geladeira à
temperatura de 4°C a 8°C e analisadas em períodos
variáveis desde a coleta até a execução do exame.
Os resultados demonstraram que das 281 amostras,
14,6% foram positivas para espermatozóides e
34,9% positivas para PSA. A diferença é atribuída à
azoospermia patológica ou cirúrgica (vasectomia) e
ainda a possíveis falhas na identificação
microscópica dos espermatozóides, por erro de
observação, autólise e/ou contaminação bacteriana.
Determinaram o teor de PSA em manchas de sêmen
de um indivíduo vasectomizado nas diluições que
variaram de 1/10.000 até 1/800.000, como também os
22
tempos variáveis entre a última relação sexual e a coleta
da urina. Os resultados permitiram encontrar PSA em
mancha de sêmen, mesmo a uma diluição de 1/400.000
e todas as amostras de manchas de urina diluídas a 1/
1.000 deram resultados positivos para PSA
independente do tempo decorrido da última ejaculação,
mínimo de 3 e máximo de 2.016 horas. Concluíram os
autores que a presença de PSA nas secreções vaginal
e/ou anal é um indicativo de certeza da presença de
sêmen, o que caracteriza, sem sombra de dúvidas, a
conjunção carnal e/ou ato libidinoso. Assim,
recomendam o uso deste procedimento como rotina
nos laboratórios forenses. O equipamento utilizado em
todas as determinações foi o STAT FAX (leitora de ELISA)
e kits de PSA da Katal.
ABSTRACT
The Authors have studied the PSA (Prostate-specific
Antigen) through the immunity assay method (ELISA)
in a vaginal secretion sample collected from 184
supposed victims of sexual abuse already examined
by the Bahia’s Technical Police Central Laboratory
Experts. The same proceeding has been carried out with
97 anal secretion samples collected from 22 male and
75 female supposed victims of violent sex abuse. The
secretions have been collected through the use of dry
swabs immersed into approximately 1,0 mL of
physiologic serum, kept at temperatures from 4°C to
8ºC and analyzed at different intervals from collection
to assessment.The results have demonstrated that within
the 281 samples, 14,6 % have been positives
for spermatozoid and 34,9% positive for PSA. The
difference is attributed pathologic or surgical
azoospermia (vasectomies) or to possible fails in
spermatozoid microscopic identification, interference
during observation, autolysis and/or bacterial
contamination. The PSA content in the semen stain of
an individual who had been vasectomized was assessed
as varying from 1/10.000 until 1/800.000. The same
took place with PSA levels in urine stain from
individuals at different intervals betwen their last sexual
relation and the urine collect. The results pointed to the
presence of PSA in semen stain at a 1/400.000 dilution
level. All urine dilute samples into 1/1000 have been
positive results for PSA no matter the amount of time
between ejaculation and collection, minimum of 3 and
maximum of 2.016 hours. The authors have concluded
that the PSA presence in the vaginal and/or anal
secretions is a secure indication of semen, which
strongly characterizes carnal conjunction and/or
libidinous acts. Therefore, they recommend this
procedure for forensic laboratories.The equipment used
for all assessements has been the STAT FAX (ELISA
reader) and Katal’s PSA kits.
KEY WORDS:
Forensic Medicine. Forensic Sexology. PSA
INTRODUÇÃO
Os crimes contra a liberdade sexual: sedução, estupro,
atentado violento ao pudor e posse sexual mediante
fraude são talvez aqueles de mais difícil caracterização
na medicina legal. Nos exames de constatação de
conjunção carnal quando a mulher já tem vida sexual
ativa, hímem complacente, ou trata-se de grande
multípara, a caracterização será feita pela presença de
espermatozóides na secreção vaginal coletada no fundo
do saco de Douglas. Nestas condições, não é mais
possível verificar-se ruturas himenais recentes.
A conjunção carnal é caracterizada pela rutura
himenal e pela presença de espermatozóides no fundo
de saco vaginal.
Nos exames de verificação de ato libidinoso se faz a
coleta de secreção oral, anal e/ou de manchas na pele
ou em vestes que se mostraram fluorescentes com a
lâmpada de Wood (ultravioleta filtrada).
As secreções são examinadas microscopicamente a
fresco e posteriormente fixadas e coradas para a
identificação de espermatozóides. No entanto, temos
que considerar que há um grande número de indivíduos
azoospérmicos por patologias diversas ou por terem
sido submetidos à vasectomia.
Por algum tempo, usou-se a dosagem de fosfatase ácida
para a caracterização da presença de sêmen nas
secreções examinadas, contudo sua especificidade e
sensibilidade foram questionadas.
O PSA é produzido nos homens exclusivamente pelas
células epiteliais colunares da próstata e pelas glândulas
periuretrais. Passa para a corrente sanguínea através dos
vasos capilares e linfáticos. Quando há vazamento da
enzima no estroma, provocado por trauma ou doença, a
taxa do PSA sanguíneo torna-se elevada. As glândulas
periuretrais são fontes importantes de PSA urinário.
Existem citações onde consta que concentrações
mínimas são encontradas também nas células tumorais
mamárias e no endométrio humano.
A maior parte do conhecimento sobre a bioquímica do
PSA parte de estudos sobre a proteína isolada do fluido
seminal, no qual as concentrações são milhões de vezes
superiores às encontradas no soro. A concentração do
PSA no fluido seminal varia de 0,5 a 4,0 mg/mL, enquanto
que a concentração sérica em indivíduos normais raramente
excede a 4,0 ng/mL.
O PSA (hK3) pertence à família das calicreínas
humanas e representa, até o momento, o melhor
marcador tumoral humano.
O papel biológico primário do PSA é efetuar a clivagem
das principais proteínas formadoras de gel, a
23
 semenogelina I e II e a fibronectina, encontradas
no fluido seminal, para a formação de peptídeos
A IMPORTÂNCIA DO PSA (hK3) NA SEXOLOGIA FORENSE
menores, que aumentam a motilidade dos
espermatozóides.
Os espermatozóides são produzidos nos
testículos – gônoda masculina. Através de
tubos microscópicos são conduzidos ao
epidídimo, onde ficam armazenados nos
intervalos entre as ejaculações. O ducto
deferente leva os espermatozóides até a
vesícula seminal, produtora do fluido que ativa
e protege os espermatozóides. O ducto
ejaculatório leva o sêmen até a porção mais
interna da uretra prostática. O PSA produzido
pelas células epiteliais da próstata entra na
composição do fluido seminal, sendo aí
enzimaticamente ativo e diretamente envolvido
na liquefação do coágulo seminal.
Tratando-se de substância específica do
homem e presente no sêmen, tornou-se
importante seu estudo na secreção vaginal e anal,
pois havendo ejaculação, mesmo nos
azoospérmicos patológicos ou vasectomizados,
certamente haverá PSA, o que caracterizará, sem
dúvida, a conjunção carnal ou o ato libidinoso.
Esta metodologia certamente será um reforço
importante no arsenal de procedimentos para
estes diagnósticos, contribuindo assim para
diminuição da impunidade por falta de provas.
OBJETIVO
Atualmente, com o constante crescimento da
violência sexual na sociedade, é imprescindível
adotar recursos científicos sensíveis e
específicos à perícia. Torna-se imperativo para
a identificação do indivíduo agressor (fonte de
amostra biológica) a análise do DNA, dispendiosa,
mas necessária enquanto responsabilidade do
Estado na apuração do fato.
Levando-se em consideração que a maioria dos
suspeitos não é identificada e a inexistência de
um banco de dados, os autores buscaram
24
valorizar a prova de certeza da presença de
sêmen em secreções e manchas, através do teste
quantitativo de PSA por enzimaimunoensaio.
MATERIAL E MÉTODO
Durante o período de janeiro de 2001 a
novembro de 2001, foram determinados os
níveis de PSA em 281 secreções vaginais e
anais encaminhadas à Coordenação de
Biologia do L.C.P.T. /BA. Neste estudo, as
secreções foram coletadas pelos Peritos
Médico-Legais do I.M.L. Nina Rodrigues nas
supostas vítimas de crime sexual, usando
swabs secos imersos em aproximadamente 1,0
mL de soro fisiológico. Tais amostras foram
mantidas em geladeira, à temperatura de 4°C
a 8°C e analisadas em períodos variáveis desde
a coleta até a execução do exame, mínimo de
9 e máximo de 180 dias.
Foi analisado o teor de PSA em manchas de
sêmen de um indivíduo vasectomizado nas
diluições que variaram de 1/10.000 até 1/
800.000, como também os níveis de PSA em
manchas de urina de indivíduos com tempos
variáveis entre a última relação sexual e a coleta
da urina, mínimo de 3 e máximo de 2.016
horas, diluídas a 1/1.000.
A metodologia empregada para a pesquisa do
PSA foi por enzimaimunoensaio, que tem
como princípio o uso de micropartículas em
fase sólida (MEIA) sensibilizadas com
anticorpo-antígeno.
A sensibilidade foi estipulada para ser igual
ou maior que 1,0 ng/mL para PSA nas
secreções, devido aos interferentes possíveis
presentes nas amostras, tais como hemólise e
bilirrubina. O limite de detecção foi de 50,0
ng/mL, pois valores maiores superam a
capacidade fotométrica da leitora.
Nas amostras diluídas do sêmen e das urinas
usou-se a mesma metodologia, contudo a
sensibilidade foi estipulada para ser maior que
 0,1 ng/mL, considerando a ausência dos Portanto, das 184 secreções vaginais
interferentes citados. examinadas, 35 (19,0%) apresentaram
KATYA PASTOR RAMOS
LUÍS CARLOS CAVALCANTE GALVÃO
HELIANA CÔRTES MORADILLO

O equipamento utilizado em todas as resultados positivos para espermatozóides e

determinações foi o STAT FAX (leitora de 69 (37,5%) apresentaram resultados
ELISA) e Kits de PSA da Katal. positivos para PSA. Das 97 secreções anais
examinadas, 6 (6,2%) apresentaram
RESULTADOS resultados positivos para espermatozóides e
Através da análise metodológica por 29 (29,9%) apresentaram resultados
enzimaimunoensaio na determinação do PSA, positivos para PSA (Tabela 3).
verificou-se que do total de 184 secreções TABELA 3 - Resultados gerais por tipo de secreção
vaginais, 115 (62,5%) apresentaram resultados SECREÇÃO VAGINAL
(184 AM OSTRA)
SECREÇÃO ANAL
(97 AM OSTRAS)
RESULTADOS
negativos para espermatozóides e PSA. Em 35 QUANTIDADE % QUANTIDADE %

Posit v o para
secreções (19,0%) foram encontrados espermat ózoides
35 19 , 0 6 6,2

Posit iv o para PSA 69 37, 5 29 29, 9

resultados positivos para espermatozóides e
PSA. Contudo, em 34 secreções (18,5%), Os resultados gerais, considerando-se o total de
apesar dos resultados negativos para 281 secreções (vaginal e anal), 41 secreções
espermatozóides, foram obtidos resultados (14,6%) apresentaram-se positivas para
positivos para o PSA (Tabela 1). espermatozóides e 98 (34,9%) apresentaram
resultados positivos para PSA. Em 183
TABELA 1 - Estudo comparativo:
pesquisa de espermatozóides e determinação do PSA
secreções (65,1%) os resultados foram
SECREÇÃO VAGINAL

COLETAEM MULHER VIVA COLETAEM MULHER MORTA

TOTAL: 184 negativos para espermatozóides e PSA.
AM OSTRAS
RESULTADOS
QUANTIDADE % QUANTIDADE %
%
VIVAS
%
M ORTAS
As urinas fornecidas por indivíduos que
Negat iv o para
espermat ózoides e PSA
105 62, 9 10 58,8 57, 1 5,4 mantiveram relação sexual anterior ao ato
Posit iv o para
espermat ozóides e PSA
35 21,0 0 0 ,0 19,0 0,0 miccional com tempo variável entre 3 e
Posit iv o para
espermat ozóides e
Negat iv o para PSA
27 16,1 7 41,2 14,7 3,8 2.016 horas, foram transformadas em
manchas que diluídas a 1/1.000,
Do total de 97 secreções anais examinadas, 68 apresentaram resultados positivos para PSA.
(70,1%) apresentaram resultados negativos A mancha de sêmen do indivíduo
para espermatozóides e PSA. Foram vasectimozado, com a ausência de
encontrados resultados positivos para espermatozóide comprovada microscopicamente,
espermatozóides e PSA em 6 secreções anais apresentou resultado positivo até uma
(6,2%). No entanto, verificou-se que 23 diluição de 1/400.000.
(23,7%) das secreções apresentaram resultados
negativos para espermatozóides, porém DISCUSSÃO
positivos para PSA (Tabela 2). Os resultados mostraram-se altamente
TABELA 2 - Estudo comparativo:
pesquisa de espermatozóides e determinação do PSA
significantes em relação à
SECREÇÃO ANAL investigação da presença de
COLETAEM MULHER VIVA COLETAEM MULHER MORTA COLETAEM HOMEM VIVO COLETAEM HOMEM MORTO
RESULTADOS
QUANTIDADE % QUANTIDADE % QUANTIDADE % QUANTIDADE %
PSA em secreções vaginal
Negat iv o para
espermat ózoides e PSA
48 49, 5 4 4,1 15 15,5 1 1,0 e anal, demonstrando ser
Posit iv o para
espermat ozóides e PSA
4 4,1 1 1,0 1 1,0 0 0,0
elemento de certeza para
Posit iv o para
espermat ozóides e
Negat iv o para PSA
12 12,4 6 6,2 5 5 ,2 0 0, 0
caracterização da conjunção
TOTAL 64 66, 0 11 11,3 21 21,6 1 1,0
carnal e/ou do ato libidinoso.
25
 A diferença encontrada na amostra entre a
positividade para espermatozóides (14,6%) e para
A IMPORTÂNCIA DO PSA (hK3) NA SEXOLOGIA FORENSE
o PSA (34,9%) deve-se a contaminação
bacteriana, detritos, autólise, azoospermia, erro
humano de observação e fator cronológico
entre o ato delituoso e a coleta do material.
Considerando o possível erro da análise
microscópica nas secreções anais, devido a
grande quantidade de detritos, observou-se que
a diferença entre a positividade do PSA e a do
espermatozóide nas secreções vaginais foi de
18,5% e nas anais, de 23,7%.
A técnica utilizada de enzimaimunoensaio através
da leitora de ELISA STAT FAX apresenta algumas
vantagens sobre o teste rápido de membrana
conhecido por “sabonetinho”: maior sensibilidade
e melhor relação custo-benefício. O método
utilizado mostrou-se altamente eficaz nas análises
de manchas de sêmen de indivíduos
azoospérmicos até uma diluição de 1/400.000.
Os resultados verificados em manchas devem ser
vistos com certa reserva, dada a possibilidade de
ser mancha de urina masculina e não de sêmen.
CONCLUSÕES
Diante dos resultados observados, é lícito
concluir que:
a)O PSA inegavelmente, em condições
normais, apresenta especificidade e
sensibilidade para o gênero masculino;
b)A determinação do PSA é uma forma segura
e confiável para a caracterização da conjunção
carnal e/ou do ato libidinoso nos casos em que
há hímem complacente, vida sexual ativa, e
azoospermia patológica ou cirúrgica;
c)O método de enzimaimunoensaio (ELISA)
embora requeira um pouco mais de tempo (45
min) para a sua execução e conclusão, é o método
mais indicado, por apresentar resultados confiáveis
e melhor relação custo-benefício;
A metodologia utilizada em manchas de sêmen
apresentou resultados satisfatórios em
26
concentrações mínimas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHAL, G.F. PSA e suas formas moleculares
no diagnóstico das neoplasias prostáticas. In:
BARATA, H.S. Urologia: princípios e prática. Porto
Alegre: Artmed, 1999. P. 296-298.
CASTRO BOBADILLA, D. A. Investigación de
delitos suxuales: detección de semen en la piel.
Honduras: Facultad de Medicina, 1998.
GLEAVE, M. E.; GOLDEMBERG, S. L.;
BRUCHOVSKY, N. PSA como preditor de
prognóstico para câncer de próstata. Uronews, maio
2000. Disponível em: http://www.uronews.org.br/
70_uro_psacomopredi.htm. Acesso em: 11 jul. 2003.
JOHNSON E. D.; KOTOWSKI, T. M.
Detectation of prostate specific antigen by ELISA.
J. For. Sci., v. 38, n. 2, p. 250-258, mar. 1993.
LONDOÑO MARTINEZ, C. A. Um novo e importante
membro da família das calicreínas. São Paulo, 1999.
Disponível em: http://www.unifesp.br/dcir/utologia/
uronline/ed0999/calicre.htm. Acesso em: 13 jul. 2003.
NOPPINGER, K. et al. An evaluation of na
enzymatic choline determination for the
identification of semen in casework samples. J.
For Sci., v. 32, n. 4, p. 1069-1074, jul. 1987.
TEIXEIRA, W. R. G. A Importância do Swab na
perícia de estupro. R. IMESC, n. 1, dez. 1998.
Disponível em: http://www.imesc.sp.gov.br/
rev1h.htm. Acesso em: 12 jul. 2003.
 A PROPÓSITO DE UMA CARTA
RITA DE C. MONTEIRO DE CARVALHO
Diretora do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues
Perita Médico-Legal
Cartas
Prezados leitores:
Não poderia deixar de fazer alguns esclarecimentos,
antes dos senhores procederem a leitura da carta que
se segue. Pelo fato de tratar-se de um texto escrito
por outra pessoa, antes de qualquer coisa, garanto-
lhes ter solicitado ao autor a devida permissão para a sua
divulgação, permissão essa concedida, devo confessar, com
alguma relutância e com uso de muita argumentação e
ameaças veladas, mas enfim, concedida.
A história começou com a aposentadoria do Prof.
Dr. Luis Carlos Galvão, em meados de abril de 2003.
Ao saber da publicação da sua aposentadoria, o
Mestre Galvão, em conversa com o Dr.Paulo
Moreira, disponibilizou o armário que vinha
utilizando no IMLNR, durante todos os anos de
serviços prestados à casa, no que foi recebido com
júbilo pelo colega, que logo apossou-se da chave do
dito armário e foi marcado um dia para a
transferência oficial da peça para o novo proprietário,
com pompa e circunstância, bem ao gosto do Mestre.
Passado algum tempo, encontrei o novo e feliz
proprietário, que me comunicou o fato e avisou-me
que eu seria convidada para a tal cerimônia de posse,
que estava apenas na dependência da confecção de
uma placa alusiva ao fato. Aguardei o convite.
Nesse meio tempo, tendo sido nomeada para a Diretoria
do IMLNR, fiquei alguns dias sem contato mais direto
com o Dr. Paulo Moreira, voltando a vê-lo apenas no
dia em que ele, discretamente, como lhe é peculiar,
entrou na sala da Diretoria, com um papel na mão,
estendeu-me esse papel e tão discretamente como
entrou, saiu sem emitir uma palavra.
Ao ler o conteúdo do tal papel misterioso, fiquei
surpresa. Apesar dos muitos anos de amizade, não
conhecia aquela faceta do meu querido colega. O
homem é um escritor. Quanta sutileza e humor havia
naquela carta. Uma forma inteligente e deliciosa de
homenagear um Mestre contemporâneo da Medicina
Legal da Bahia.
Quantas vezes eu tive vontade de escrever uma
homenagem ao meu guru Médico-legal e não
encontrei a medida certa. E eis que vem Paulinho
Moreira tranqüilamente, falando com uma
propriedade enorme, desta figura humana que tem
passado a vida dedicando-se à Medicina Legal, e tem
sido o fio condutor da nossa geração. Polêmico,
entusiasmado, batalhador, o nosso Professor Galvão
é no mínimo, um exemplo a ser seguido, por não ter
medo de fazer discípulos e ser ofuscado por eles. É
sem dúvida, seguro do seu valor, mas, como todo
grande homem, humilde e determinado em
disseminar o conhecimento. Certamente faz parte
daquela pequena parte da humanidade, que descobriu
que é ilusória a sensação de que conhecimento retido
significa poder sobre o outro.
Feitos os esclarecimentos prometidos, deixarei a
vocês a oportunidade de confirmar o que lhes relatei
a respeito da tal carta e aproveito para fazer dessa
oportunidade, a minha homenagem àquele a quem
muito admiro e por quem tenho uma dívida de gratidão,
pelo muito que me tem ensinado e estimulado, nessa
seara tão difícil e gratificante da Medicina Legal, onde
continuo, uma “aprendiz de Legista”.
“Rita.
Fique tranqüila, não vou usar o tal armário.
Nenhum de nós em seu pleno juízo e razão o faria.
27
 Seria profanar um sacrário, aviltar um templo,
cometer indignidade sem conta e sem tamanho.
O armário que serviu a Luis Carlos Galvão, o Hagar,
o mais completo legista da nossa, de passado e de
muitas futuras gerações.
O entusiasmado menino, que do alto de sua titulação
e do seu vastíssimo currículo, se despe de vaidades
e se junta a nós.
Não vou é declinar da homenagem, do carinho, da
lembrança de Luis Carlos, que em mais uma sua
demonstração de caridade, de grandeza e de
sabedoria, corre a acudir a mim, o mais medíocre
dentre os seus pares, para em derradeiro esforço
tentar extrair do pobre coitado alguma fibra, algum
alento, algum brilho.
Vou, sim é manter o armário comigo. Exibindo a
novos colegas, aos estudantes, aos incrédulos:
-“ Quando fiz o concurso, passei em primeiro lugar...
Já dei muito plantão com Luis Carlos Galvão, na
quarta-feira... Fui perito revisor (?!!) em muitos dos
laudos dele... Quando ele se aposentou, deixou pra
mim o armário que ele usava, quer ver?...”
A propósito, vou consultar a Celso, nosso irmão e
nosso colega, também ele outro referencial de
dignidade, de retidão e de afeto, mas também nosso
representante e líder nas coisas das leis e da política
partidária. Vou consultá-lo, saber dele se não poderia
fazer passar um dispositivo qualquer que proibisse
essa aposentadoria, essa ruptura, esse abrupto
afastamento do convívio diuturno de figuras da
dimensão de um Luis Carlos. Seriam poucos os deste
quilate, é verdade, ou seriam muitos os pré-requisitos
para tal condição, mas essas pessoas não se
aposentariam jamais. Seriam obrigadas, por
imperativo de lei, sob regime de trabalho
especialíssimo e regiamente pagos, a permanecer em
atividade, disseminando experiência, sabedoria,
28
chaves e segredos a nós, os comuns.
Não se preocupe, insisto, não vou usar o armário.
Mas, na sexta-feira, de passagem pelo quarto, quis
olhar o tal gabinete, minha herança, ver onde ficava,
se dos pequenos ou dos maiores, se tinha chave...
Sem prestar muita atenção no que estava fazendo,
puxei a maçaneta, tentando abrir sua porta.
Rita, não tenho testemunhas, não havia ninguém
comigo naquela hora. Mas você me conhece desde
há muitos anos, desde antes de virmos para cá. Sou
dado a algumas brincadeiras que não têm graça
alguma, mas não sou dado a mentiras, você o sabe.
Quando tentei abrir a porta, tenho absoluta certeza
disso, ouvi o tal armário, em voz rouca, alta e grave
(como bem cabe ser a voz de um bom armário...)
cantarolar para mim inspirados versos de uma música
de Chico Buarque de Hollanda que você deve
conhecer:
-“Ele era mil.
Tu és nenhum.
Na guerra és vil.
Na cama és mocho.
Tira as mãos de mim.
Põe as mãos em mim...
E vê se a febre dele guardada em mim,
te contagia um pouco...”.
Me apavorei, é natural. Saí, mais pálido ainda do
que normalmente sou, meio tonto, suando. Mal
cumprimentei a Eunice, que vinha passando pelo
corredor. Fui embora.
Não toco nunca mais naquele armário...
Paulo Moreira
Junho de 2003”
 R ESENHA LITERÁRIA
NOVIDADES NAS LIVRARIAS E BIBLIOTECA
ANIBAL MUNIZ SILVANY FILHO - IMLNR.
BALÍSTICA FORENSE – Aspectos técnicos e
jurídicos – Autor: Domingos Tocchetto – 3ª Edição,
Editora Millenium. Nesta terceira edição, revista e
amplamente reformulada, o consagrado autor
acrescenta detalhadas informações sobre as
inovações incorporadas pelos fabricantes para
atender às exigências do mercado consumidor, tais
como o uso na indústria bélica de polímeros e titânio
e a substituição dos componentes da mistura
iniciadora da espoleta por outros que não empregam
o chumbo, bário e antimônio.
COMPUTAÇÃO FORENSE – Autor: Marcelo
Sampaio Lemos Costa, Editora Millenium A obra
discorre sobre fatos ocorridos nos últimos dez anos e
muito noticiados, que envolveram computadores em
fraude, desvios de dinheiro, terrorismo, roubo, furto,
extorsão, danos intencionais, espionagem e sabotagem,
alertando sobre a existência de um problema social na
aplicação da tecnologia de computadores ““.
CRIMINALÍSTICA – Autores: Luiz Eduardo
Carvalho Dorea, Victor Paulo Stumvoll e Victor
Quintela – 2ª Edição, Editora Millenium. Expõe, com
objetividade e clareza, a evolução histórica da atividade
pericial, seu enquadramento na legislação vigente,
especialmente quanto à parte processual penal, e
preconiza que as ações desenvolvidas por suas diversas
áreas de atuação devem se adequar aos dispositivos
legais, sendo conduzidas dentro de princípios éticos.
DINÃMICA DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO/
Análises e Reconstruções – Autor: Osvaldo Negrini
Neto, Editora Millenium. Nesta segunda edição, revista,
atualizada e ampliada, o autor relaciona conceitos e
definições em consonância com a terminologia
utilizada nos meios periciais e forenses. Explica a
dinâmica dos acidentes com base em fundamentos das
leis da física e à luz dos princípios mecânicos.
FONÉTICA FORENSE – Autor: Antonio César
Morant Braid – 2ª Edição, Editora Millenium. Aborda
a necessidade de utilização da Fonética na área forense
para a solução de crimes em relação aos quais existam
vozes registradas em algum tipo de mídia.
SERIAL KILLER/LOUCO OU CRUEL? – Autora:
Ilana Casoy, Editora Madras. A primeira coletânea
sobre serial killer organizada por uma escritora
brasileira. Ilana Casoy mergulhou em arquivos de
Polícia e da Justiça, do FBI e Scotland Yard; em recortes
e artigos de revistas e jornais, além de livros e relatos
variados para compor um inquietante roteiro de como,
por que razão e com que métodos matam os serial
killers.
VIOLÊNCIA SEXUAL FAMILIAR/Uma proposta
de Assistência Multidisciplinar Integrada – Autores:
Lídia Ramos Araújo, Paulo Sérgio Peixoto de
Araújo e José Carlos da Anunciação Regis. Está à
disposição dos interessados na Biblioteca Aníbal Muniz
Silvany Filho, do Instituto Médico Legal Nina
Rodrigues. Em 43 páginas, o trabalho atualiza o registro
de crimes sexuais entre membros de uma mesma
família, a partir de uma pesquisa médico-legal realizada
no IML da Bahia, pela perita médica Lídia Ramos de
Araújo, apresentada no VI Congresso Brasileiro de
Medicina Legal – Recife/1980, sob o título: Delitos
Incestuosos.
29
 N ORMAS PARA PUBLICAÇÃO
Destinada a divulgar trabalhos científicos e
pesquisas produzidas pelos profissionais que atuam no
Departamento de Polícia Técnica da Bahia (IMLNR, ICAP,
IIPM, LCPT), nas mais diversas áreas de conhecimento,
conforme resolução do diretor Geral, Eduardo Dórea.Os
trabalhos devem seguir as seguintes normas:
1º - A Revista Prova Material será aberta, preferencialmente,
a profissionais da Policia Científica, e destinada à publicação
de matérias, que, pelo seu conteúdo, possam contribuir para
a formação e o desenvolvimento científico, além da
atualização do conhecimento nas diferentes áreas do saber.
2º - A revista científica do DPT terá periodicidade
quadrimestral com tiragem inicial de mil exemplares e
distribuição interna, em congressos, simpósios e eventos
onde o Departamento de Polícia Técnica da Bahia estiver
representado.
3º -A responsabilidade de recebimento, seleção e edição do
material será do Editor (a) e do Secretário.O Conselho
Editorial, formado por profissionais lotados no DPT, ICAP,
IML, IIPM e LCPT, analisará o material recebido e emitirá
pareceres.O calendário de publicação da revista Científica,
bem como as datas de fechamento de cada edição, serão
definidas pelo editor (a) da revista, em consonância com o
conselho editorial e as disponibilidades orçamentárias.
4º - O Departamento de Polícia Técnica publicará em sua
revista científica os seguintes trabalhos:
I – Artigos originais, que envolvam abordagens teóricas ou
práticas referentes à pesquisa e trabalhos que atinjam
resultados conclusivos e significativos, não devendo
ultrapassar 200 linhas de 70 toques cada;
II – Comunicações, envolvendo textos mais curtos, nos quais
são apresentados resultados preliminares de pesquisa em
curso, ou recém concluídas, devendo ter no máximo 40 linhas
de 70 toques cada.
III – Notas, entendidas como complementos de trabalho já
publicados, dissertações ou comentários de autoria própria
ou de outro, devendo ter, no máximo, 40 linhas de 70 toques;
IV – Artigos de revisão ou atualização, que correspondam a
textos preparados por especialistas, a partir de uma análise
crítica da literatura sobre determinado assunto de interesse
da comunidade de peritos, não devendo ultrapassar 100
linhas de 70 toques cada;
5º - A entrega dos originais para a revista obedecerá aos
seguintes requisitos:
I – O artigo original e o de revisão ou atualização deverão
ser acompanhados, obrigatoriamente, de resumo em
30
português, que não exceda 70 linhas e resumo em inglês
fiel ao resumo em português. O autor deve fornecer o(s)
nome(s) do(s) autor(es) e da instituição em que o elaborou.
No rodapé, serão mencionados auxílios ou dados relativos
à produção do artigo e seus autores.
II – Os trabalhos relativos à pesquisa experimental devem
ter todas as informações necessárias que permitam ao leitor
avaliar conclusões do autor.
III - Os artigos originais deverão conter obrigatoriamente
titulo, nomes(s) do(s)autor(es), introdução, material e
métodos, resultado, discussão e conclusão (os três últimos
itens podem ser agrupados em um só) e bibliografia citada.
IV – Todos os trabalhos devem ser elaborados
preferencialmente em português e encaminhados em três
vias, com texto corrigido e revisado, além de gravado em
disquete.
V – As ilustrações e tabelas com respectivas legendas devem
ser confeccionadas eletronicamente, indicando o programa
utilizado para sua produção.
VI – A bibliografia e as citações bibliográficas, quando
exigidas, deverão ser elaboradas de acordo com as normas
de documentação da ABNT – 6023.
VII – Os limites estabelecidos para os diversos trabalhos
podem ser excedidos, em casos excepcionais, a critério do
Conselho Editorial.
VIII – O papel utilizado é o A4 (210x297), impresso de um
só lado, espaço 1,5 cm de entrelinhas, margem 2cm de cada
um dos lados. O corpo do texto deverá estar em caixa alta e
baixa, tamanho/fonte 12. O título e subtítulo deverão estar
em caixa alta tamanho/fonte 14, tipo Times New Roman.
IX – O suporte utilizado será o disquete 3¹/² , composto no
editor de textos word for windows, em fonte Times New
Roman, tamanho 12.
6º - O Conselho Editorial poderá propor ao(a) editor(a)
adequação dos procedimentos de apresentação dos trabalhos
às especificidades da área.
7º- Ao autor serão oferecidos dois exemplares da edição em
que o seu trabalho for publicado
8º - O original será entregue mediante comprovante de
recebimento aos representantes do Conselho Editorial.
9º - Casos não previstos nesta norma serão analisados pelo
Conselho Editorial.
Art. 10º - Os originais devem ser encaminhados ao Conselho
Editorial, na Coordenadoria de Comunicação, Cerimonial
e Marketing, 2º andar do DPT, e contatos mantidos também
pelo telefone 0 71 324 1692, Fax símile 071 324 1622/
1672. E-mail: prova material@ptecnica.ba.gov.br.
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