Avaliação da acessibilidade às pessoas com deficiência aos
terminais de transporte público de Manaus.
Caren Michels (1); Cídia Aben-Athar B. Fernandes (2) André Farias Ribas (3)
(1) (2) (3) Centro Universitário do Norte – UNINORTE, Brasil.
Introdução
De acordo com dados divulgados pelo Censo
(2000), no Brasil 14,5% da população é portadora
de algum tipo de deficiência. O Sudeste é a região
do Brasil com menor proporção de pessoas que se
declaram portadoras de deficiência (13,1%) e o
Nordeste é a região onde se encontra a maior
proporção de pessoas com deficiência (16,8%). A
região Norte tem o segundo maior índice, em torno
de 15,7%. Os espaços públicos, como os
terminais de transporte urbano, são locais onde se
concentram uma grande parcela da população, a
qual precisa se locomover para o trabalho todos
os dias. Estes espaços deveriam ser projetados
para atender toda a população, independente de
ter algum tipo de deficiência
Ao se caminhar pelas ruas do Município de
Manaus, verificamos que o direito de ir e vir da
população não é atendido de forma completa,
apenas as pessoas sem nenhum tipo de
deficiência são as que conseguem se locomover.
Nos terminais de transporte público a situação
não é muito diferente. No momento da
elaboração do projeto e da construção do mesmo
não foram adotadas medidas que permitissem a
acessibilidade no mesmo.
O Desenho Universal é o projeto de produtos,
espaços e comunicação para ser utilizado por todas
as pessoas, independente de apresentarem algum
tipo de deficiência. O fato é que cada vez mais se
tem falado em inclusão social. O Desenho
Universal pode auxiliar as pessoas com alguma
deficiência neste sentido. O projetista ao criar
espaços, mobiliário e equipamentos adequando-os
as pessoas com necessidades especiais estará
contribuindo para melhorar a qualidade de vida
destas pessoas, facilitando o acesso a edificações
e espaços públicos urbanos.
Terminais de transporte público
em Manaus/AM
No ano de 2005 houve um projeto de
Reestruturação do Transporte Coletivo do
Município de Manaus, com o objetivo de
promover a otimização do sistema em operação
na cidade, a partir da redução do tempo de
viagem dos usuários e da otimização do uso da
frota, além de permitir uma redução do custo
geral do sistema.
Segundo dados obtidos através do Instituto
Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos -
IMTT, a frota de ônibus da cidade de Manaus é
de 1.406 carros, destes, cerca de 47 carros, o
que corresponde a apenas 3,34%, são
adaptados para pessoas com deficiência.
Perante ‘a lei todas as pessoas têm os mesmos
direitos e deveres, assim como as pessoas
portadoras de necessidades especiais pagam
os seus impostos, a cidade precisa oferecer a
elas condições para que consigam se
locomover e utilizar os espaços públicos.
Métodos empregados Considerações Finais
Para a avaliação da acessibilidade aos Com base nos resultados obtidos nesta
terminais de transporte coletivo da cidade de pesquisa, constata-se que nenhum dos
Manaus (AM), foi elaborado um formulário de cinco terminais de ônibus analisados atende
avaliação baseado na norma técnica em 100% a acessibilidade das pessoas com
regulamentadora: NBR 9050/2004. Assim, deficiência, deixando deste modo, o sistema
foram considerados 12 (doze) aspectos de transporte público da cidade de Manaus
acerca da acessibilidade aos terminais de com um grande déficit nesse setor.
transporte público em Manaus, os quais Percebe-se assim que a inclusão social da
estão listados na tabela abaixo. Estes pessoa com deficiência física nos terminais
aspectos serão classificados em ATENDE, de transporte público ainda é um processo
NÃO ATENDE E NÃO EXISTE. que se encontra em construção,
principalmente no que diz respeito à
Resultados obtidos promoção da acessibilidade. Dessa forma,
faz-se necessário cada vez mais abrir
De acordo com a NBR 9050, os terminais de
caminhos que nos permitam interpretar os
transporte público de Manaus atendem em
espaços de vivência compreendendo os
25% os requisitos avaliados nesta pesquisa.
fatos cotidianos do mundo em suas
Foi verificado que 40% dos itens avaliados
dimensões locais e em escalas maiores. E,
não atendem a norma referida acima e 35%
isso pode ser realizado através de uma
dos itens não foram planejados (projetados)
educação que considere o desenvolvimento
nos terminais, ou seja, não existem para
pleno do sujeito com valores positivos que o
pessoas com deficiência
impulsionem para uma transformação da
TABELA 1: Avaliação da acessibilidade aos realidade em um mundo mais acessível que
terminais. considere verdadeiramente o direito de ir e
vir de qualquer cidadão, independente das
Elementos analisados S N NE necessidades e características que possua.
Passeio Rebaixado 5
5
Sinaleira com Aviso Sonoro
Acesso ao terminal (faixas de
2 3
segurança)
Guichê de Compra de
4 1
Passagens
Porta ou Roleta de
3 1 1
Acesso/Saída
Faixa Livre de Passeio ( faixa
livre de 1,20 m para 5
circulação)
Piso Tátil 5
Espaço para
Embarque/Desembarque de 5
cadeirante
Sanitários 5
Avisos Visuais 5
Balcão de informações 1 4
Telefones Públicos 4 1
FIGURA 2 – Terminal 5. Fonte: André Farias
S*: Sim Atende, N**: Não atende, NE***Não Existe
(2010).
Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
9050: Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência a
edificações, espaço, mobiliário e equipamento urbano. Rio
de Janeiro: ABNT, 2004. 97 p.
Guia de Acessibilidade: Espaço Público e Edificações. 1 ed./
Elaboracao: Nadja G.S. Dutra Montenegro; Zilsa Maria Pinto
Santiago e Valdemice Costa de Sousa. Fortaleza: SEINFRA-
CE, 2009. 1.
IMTT – Instituto Municipal de Trânsito e Transporte Urbano.
Frota de ônibus adaptada a cadeirantes, 2010.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo
Demográfico do Brasil, 2000.
FIGURA 1 – Elemento obstruindo passagem -
Terminal 1. Fonte: André Farias (2010).