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Fichamento: BROWN, Peter. “O fim do Mundo Clássico”: cap. I - A Sociedade.

I. A Sociedade

A ascensão do Império Romano se destaca pelo seu caráter de expansão, refletindo a


herança do mundo antigo como um período de conquistas, fundação de grandes civilizações e
promotor de longo alcance cultural. Logo, o avanço territorial, principalmente em regiões
escarpas, ocasionou num dilema: A indulgência. Visto que a economia do Império dependia
de linhas costeiras, e principalmente do mar mediterrâneo, o progresso por terra e as razões
geográficas levaram-no a miséria de seu povo. A água exercia o papel de meio de transporte
substancial, possuindo na época a mesma influência que o ferro efetua na contemporaneidade.
De tal forma, com a ausência dela, Roma dependeu das grandes frotas anuais da África, pois
sofria com a escassez de mantimentos, e enquanto a maioria da população, constituída por
agrícolas que produziam abaixo dos índices de subsistência tornava a fome como condição de
vida, a maioria urbana se alimentava sumariamente.

A sociedade e sua cultura clássica orbitavam ao redor do conceito de uniformidade, a qual


era mantida e defendida por meio de diferentes maneiras, fossem elas morais ou imorais.
Sendo assim, o conservadorismo e o alcance cultural assumiram papeis virulentos durante o
regime colonial da época, tomando a adoção de costumes e conformidade como condições de
inclusão. Aqueles que não estavam dispostos a cumprir com o sugerido, eram menosprezados.
A ideologia preservada era óbvia: A cultural romana como dominante. Todavia, após o
renascimento econômico e social, além das obras e dos conhecimentos políticos registrados
dos gregos até a idade média, eventualmente, o mundo grego absorve o Império Romano.
Nesta altura, há o surgimento do conflito entre conservador e inovador, ou seja, o caos entre
as fronteiras do mundo antigo é estabelecido.

Posteriormente, com a queda do Império Romano, o âmbito do mediterrâneo diminui,


enquanto simultaneamente, dinastias como a Sassânida, são erguidas defrontando o antigo
Império. Em termos de fronteiras do mundo clássico, à medida que o mediterrâneo recua,
novas delimitações surgem, geográficas ou socioculturais. Essas transformações refletem a
evolução do mundo antigo.
Após a queda de sua soberania e a constante ameaça dos povos vizinhos, Roma, se
depara com mais uma consequência de sua queda: uma crise de cunho político e militar. Seus
governantes já não são mais notáveis e respeitados como um dia fora com Marco Aurélio, seu
exército está enfraquecido e suas fronteiras ficam à mercê de possíveis invasões. Diante disso,
em uma tentativa de renascimento da soberania e unidade romana, imerge no senário político
uma revolução militar no século III. Com o novo sistema político instaurado, os antigos
aristocratas senatoriais se viram obrigados a servirem como soldados no novo exército
romano o qual, estava sendo expandido, fortalecido e recebendo grande investimento
monetário para que fosse possível o fortalecimento das fronteiras. As consequências de tal
estratégia foi, por fim, a vitória sobre os bárbaros, a pacificação da fronteira de Danúbio e o
fim da ameaça Pérsia, contudo, com os altos gastos com investimento na esfera militar, Roma
tem o aumento mais do que considerável de seus impostos, juntamente com o aumento da
burocracia. Tal realidade molda inexoravelmente a estrutura da sociedade romana nos
próximos séculos.

A partir disso, o cristianismo começa a se difundir a ponto de que em 312, o imperador


Constantino se converte, fazendo com que os próximos imperadores fossem todos cristãos.
Com isso, cristianismo se dissemina fortemente pela sociedade romana, valendo-se por dois
fatos, primeiro pela adoção da religião pelas classes mais altas, as quais propõem um
movimento de abandono das crenças conservadoras pela nova fé e segundo pela crise
sistêmica e pelo empobrecimento da população. Neste contexto, há uma mudança nos
conceitos de Roma: Os grandes filósofos e estudiosos são substituídos pelas figuras
dos bispos, cardiais, e o imperador agora é visto como um guerreiro e não mais como um
homem de toga.

A “Idade da Restauração” se tornou o título favorito da nova classe governamental


romana, sendo epigrafada em moedas e inscrições. Após a pacificação do Reno, uma nova
aristocracia se espalha pela Gália, conforme surge o renascimento do século IV. Este período,
é constituído pelas modificações religiosas e culturais, as quais se tornaram vigentes numa
nova sociedade, de caráter rico e compreensivo. O traço mais característico dessa época é o
“abismo social” existente dentre pobres e ricos, fomentado pelo aumento da cobrança de
impostos da população romana. Por fim, tais contribuições não supriam as necessidades de
um Império tão vasto, e seu estilo de vida luxuoso. Portanto, como citado no primeiro
parágrafo, a indulgência de Roma era inevitável. Neste período, a divisão entre Ocidente e
Oriente era explícita, tornando a figura do Imperador mais popular na região do Oriente, por
seu caráter urbano em comparação a ruralidade do Oriente, dessa forma, promovendo a
movimentação da economia local, ou seja, investindo no território que fornecia maior retorno
em moedas.

A base dessa sociedade era provincial, visto que o poder local era atribuído aos
importantes proprietários da região, independente da falta de suas qualificações políticas. Era
essa classe quem representava os interesses populares, assumindo papéis entre as classes
inferiores e os cobradores de impostos. Simultaneamente, a distância social existente em
Roma é combatida pela valorização da moralidade, priorizando princípios como a lealdade e
honestidade, sendo assim, homens passam a reconhecer seus iguais por valores semelhantes.
Tais alterações culturais são perceptíveis, e refletida em meios artísticos, desde produções
literárias até pinturas. Em somatória, é correto afirmar que a sociedade do séc. IV apresenta
um movimento ambíguo, conforme o topo da pirâmide social aumenta, em consequência da
riqueza adquirida pela triplicação de impostos, a vida local gera um leve índice de
“globalização” arcaica, espalhando traços da civilização, os quais atingiram até mesmo o
mundo bárbaro.

Por fim, no séc. V, as riquezas do Ocidente são controladas pelas classes oligárquicas,
enquanto o Oriente, por ter sido uma região consideravelmente mais prospera se comparada a
sua contraparte, adquiriu caráter igualitário, possuindo menos aspectos discrepantes em
relação aos efeitos da desigualdade.

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