Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
1
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC Minas. E-mail:
luizsouza92@gmail.com.
O objetivo do presente paper é fazer uma breve discussão acerca das articulações
entre História Oral, Educação e Docência, passando pela fundamentação da
metodologia, que preconiza a relação dialética do individual com o coletivo.
2 HISTÓRIA ORAL
De acordo com Thompson (2002, p. 9), a História Oral é uma metodologia definida
pela “interpretação da história e das mutáveis sociedades e culturas através da
escuta das pessoas e do registro de suas lembranças e experiências”. O autor
afirma que o método é uma forma fundamental de interação humana essencialmente
interdisciplinar que demanda uma sensibilidade às questões abstratas. Isso se dá
pois é necessário perceber as dimensões subjetivas e sócio-culturais no que está
sendo expresso pela oralidade. Thompson (2002) afirma também que as melhores
pesquisas de história de vida abordam tanto aspectos de vidas individuais quanto
aspectos macrossociais, articulando evidências de pesquisa qualitativa e
quantitativa.
Fonseca (2003) também discute sobre a memória coletiva, produzida por grupos
sociais e comunidades, e sua relação com a memória pessoal:
Cada memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva, e
este ponto de vista muda conforme o lugar que ali ocupo, e que este lugar
mesmo muda segundo as relações que mantenho com outros meios... A
sucessão de lembranças, mesmo daquelas que são mais pessoais,
explica-se sempre pelas mudanças que se produzem em nossas relações
com os diversos meios coletivos, isto é, em definitivo, pelas transformações
desses meios, cada um tomado à parte e em seu conjunto. (HALBWACHS,
1990, apud FONSECA, 2003, p. 34)
3 METODOLOGIA
Em outras palavras, o que está expresso nos relatos vai muito além da factualidade
objetiva e até as distorções fornecem ricos dados para análise da situação subjetiva
e cultural que está sendo relembrada. Nesse sentido, a história oral possui uma
dupla força por fornecer fortes elementos objetivos e subjetivos.
A leitura das entrevistas como narrativas é um dos desafios da HO que vale a pena
destacar. Quando o narrador está acostumado a falar em público, por exemplo,
existem diferenças na linguagem e no estilo de história de vida (THOMPSON, 2002).
Observa-se também distinções marcantes nas narrativas entre homens e mulheres:
“os homens apoderando-se do ativo ‘eu’, colocando-se no centro do palco, enquanto
as mulheres muito mais frequentemente enfatizam o grupo, usando o pronome ‘nós’
ou os pronomes neutros” (THOMPSON, 2002, p. 24).
Nesse sentido, mais importante que a pergunta será a forma de perguntar. Segundo
Thompson (1992), as perguntas devem ser realizadas de maneira simples, direta e
não-diretiva, evitando duplo sentido ou dando margem para interpretações
complexas. É importante ir além de generalizações estereotipadas ou evasivas para
chegar em lembranças detalhadas. Freitas (2006) adverte para a dificuldade que é
conduzir uma entrevista nessas premissas, não obstante, quanto melhor aplicadas,
melhores são os resultados.
4 EDUCAÇÃO E DOCÊNCIA
Teixeira e Praxedes (2006, p. 167) afirmam que “A História Oral se faz Educação e a
Educação se faz História Oral”, revelando íntimas ressonâncias como um trabalho e
como movimento de subjetivação e reconstituição de identidades. As autoras
evidenciam também o ato político constituído por ambas:
Como processos e práticas capazes de subverter o esquecimento, fazer
emergir as lembranças e de contribuir para a construção de sociedades e
subjetividades democráticas. Por que em sua origem e finalidade maiores,
ambas dizem respeito e se comprometem com os destinos humanos (p.
167).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A História Oral é uma metodologia, fonte, técnica e movimento que possui fortes
articulações com a Educação. Seja para aprofundar a compreensão acerca do
campo educacional ou para provocar processos formativos, a relação entre ambas
merece ser amplamente discutida.
FONSECA, Selva Guimarães. Ser professor no Brasil: história oral de vida. 2. ed.
Campinas: Papirus, 2003.