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Doenças Puerperais - Metrites

Metrite é uma inflamação uterina decorrente de uma contaminação no útero, causando


alterações no desempenho reprodutivo dos animais, ou seja, mesmo com tratamento não é
possível restabelecer a eficiência reprodutiva anterior à doença. Seja essa por meio de micro-
organismos através de ambiente contaminado, e até mesmo pela retenção de placenta
(facilita a entrada de micro-organismos alterando toda fisiologia do útero).

 Metrite em vacas:

É de grande importância a cautela durante o


manejo reprodutivo, pois até em momentos de
inseminação artificial, no manuseio dos materiais,
o descuido na higiene são fatores que facilitam o
 Diminuição na ingestão de alimentos
processo inflamatório.
 Dificuldade nos eventos reprodutivos
A principal ocorrência é no período pós-parto, mas  Redução na produção de leite
vale ressaltar que não é exclusivo dessa etapa,  Desidratação
podendo até mesmo aparecer de forma mais leve,  Caminha menos, rumina menos
como a endometrite. Alguns sinais clínicos são
observados, como:

 Desenvolvimento:
No pós-parto todo animal apresenta a descarga Já quando há a combinação de uma descarga
vaginal, que vai decorrer nas duas a três semanas líquida/aquosa e um odor fétido é sinal de inflamação, com
seguintes, é um processo que ocorre da involução coloração esbranquiçada, avermelhada e sempre
uterina. A descarga vaginal tem como característica caracterizada pelo fluido aquoso. Cerca de 90% dos casos
marcante a viscosidade, não importando a coloração ocorrem nos primeiros 10-12 dias pós-parto, é raro observar
(podendo ser clara, escura, turva), e o odor do fluido; animais que vão desenvolver metrite depois dos 21 dias,
Sendo viscoso/grosso/mucoso é normal. somente em casos de animais que a metrite não foi curada e
ainda apresentam a descarga aquosa depois desse período.

 Classificação:  Fatores de risco:

Existem duas classificações da metrite, a Alguns fatores de risco estão relacionados com a
puerperal e a clínica. metrite, como:
 A metrite puerperal é a metrite clássica, onde o
animal indica sinais de febre. Como existem animais Hipocalcemia clínica: é forte a associação, pois o animal com
que não apresentam febre, foi criado essa hipocalcemia clínica tem chances maiores de desenvolver
classificação de metrite clínica, e teoricamente é metrite no pós-parto;
uma metrite mais tranquila.
Hipocalcemia subclínica: as observações não são tão
evidentes, em alguns casos foi observado que animais com
metrite iam desenvolvendo a hipocalcemia subclínica, mas é
algo que ainda está sendo avaliado por não ter tanta firmeza
na situação;
 Vale ressaltar que a hipocalcemia é sim um fator de risco, porém é algo que está mais controlado, em torno de 2 a
3%, deixando de ser de grande importância por estar sendo bem manejado.

 Distocia: a vaca fica mais debilitada, o que acaba desenvolvendo o sistema


imunológico, além de que, a própria ajuda no parto acarreta no aumento da
contaminação, o que vai predispor a metrite mais na frente;
 Retenção de placenta: é a associação mais forte, diretamente ligada, mas que
apresenta prevalência mais baixa;
 Partos gemelares: dificulta a atividade do parto, levando em maiores chances
de contaminação;
 Natimortos: com a maturação e expulsão da placenta comprometida, há a
retenção de placenta e maior contaminação pela presença do bezerro
natimorto;
 Cetose: estão correlacionadas pois ocorre no mesmo tempo que a metrite
acontece

 Cuidados:
A ocorrência de metrite é muito maior em vacas de  Diagnóstico:
primeiro parto (primíparas), justamente pelo canal do
parto ser menor, maior probabilidade de ter laceração,  O diagnóstico mais comum é a palpação retal, que
consequentemente a contaminação vira um meio de estimula a expulsão da descarga sendo possível avaliar as
cultura para a bactéria e acaba por desenvolver a doença características da mesma.
(e por ter mais chances de ter distocia e natimortos). Já as
multíparas têm mais retenção de placenta e partos  É utilizado em pesquisas um instrumento que é inserido
gemelares. no fundo da vagina, onde é coletado uma amostra da
descarga e avaliado suas características (mais prático),
A recomendação é que seja feita a escolha adequada porém deve ser mais cuidadoso em animais que tem
de touros que vão ser utilizados com as novilhas, atento a laceração, para não correr o risco de afetar ainda mais.
facilitação da atividade de parto, duração da gestação…
 Outro método menos utilizado é a palpação vaginal,
Peso e altura adequados, sêmen sexado (pois bezerras
usado nos casos em que se teve dificuldade de fazer a
são menores que bezerros).
palpação retal.
 É de extrema importância a higiene na hora de realizar
 Tratamento: estes métodos, trocando as luvas quando passado de um
animal a outro, desinfecção dos instrumentos utilizados,
A recomendação é que sejam feitos tratamentos para não correr o risco de passar infecção de um para o
sistêmicos, sendo o tratamento mais indicado: outro.

 O uso de antibióticos, devendo ser levado em consideração o


período de carência em relação a carne e leite. Necessitando ter
cuidado na escolha dos mesmos, pois dependendo do
medicamento que for usar, o descarte de leite terá que ser feito;
 Terapia de suporte para controlar a hipocalcemia e
desidratação;
 Uso de antitérmicos, caso necessário;

 Outra via é a infusão intrauterina, porém não é muito utilizada


pelo fato de ter um período de carência maior, o que muitas vezes
inviabiliza os fatores econômicos para o produtor.

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