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Edema de úbere: causas, diagnóstico e

solução.
O edema de úbere é o acúmulo de fluido linfático no espaço
intersticial da glândula mamária, uma desordem metabólica muito
comum nas vacas no periparto (pré-parto). A alta vascularização da
glândula mamária, principalmente durante o fim do período seco, faz com
que o tecido secretor seja mais propenso a desenvolver edema localizado
devido ao aumento do fluxo sanguíneo e linfático. As causas não são
muito bem definidas, mas sugere-se que possa ocorrer devido ao alto
trabalho do fígado no periparto (pré-parto), quando o consumo é baixo
e ocorre um aumento mobilização de reservas corporais. Além disso, a Edema de Úbere
doença tem se mostrado clinicamente mais grave e comum em
primíparas (animais de primeira cria) do que em vacas mais velhas.

Outros fatores parecem estar associados com a


incidência do edema, como as doenças clínicas, muito
comuns no periparto. As causas primárias ainda não foram
bem elucidadas na literatura, porém sabe-se que existe um
fator hereditário envolvido e o problema é observado com
incidência maior em novilhas de primeira cria. O problema
também é relacionado à gestação, devido à pressão do feto
aos vasos sanguíneos do úbere, também a dietas muito
energéticas, oferta exagerada de proteína para vacas
susceptíveis e dietas ricas em sódio e potássio, que também
pode aumentar a predisposição na manifestação do edema
de úbere. As vacas com edema são mais favoráveis a
desenvolver mastite clínica no pós-parto imediato, assim
como metrite e cistos ovarianos. Também, a seleção para a
produção de leite ao longo dos anos contribuiu para o
aumento da incidência do edema, já que existe uma
correlação positiva entre a produção de leite e a ocorrência
do edema de úbere.

Com base na avaliação visual e pontuação de uma


escala de 0 a 3 (Figura 1) foi possível categorizar os animais,
sendo 0 animais com nenhum edema apresentado e 3, a
presença de grave edema de úbere. Essa avaliação é uma
forma de categorizar os animais em três graus de
apresentação do edema, o que facilita na aplicação do
tratamento correto e monitoramento.
Sessenta e seis por cento das vacas tiveram edema de úbere pelo menos uma vez, e entre as vacas
com edema uma semana antes do parto, 79% tiveram edema na terceira semana de parida. Esta pesquisa
observou associação positiva do número de lactações com a incidência de edema, sendo mais frequente
nas vacas de primeira cria. Também foi possível observar por estudos, associação positiva do edema de
úbere com a cetose e com o aumento das concentrações de ácidos graxos não esterificados. Essas
situações acontecem nos quadros de intensa mobilização de reservas corporais durante o período de
transição, principalmente porque o consumo é baixo frente à alta demanda de nutrientes para a
produção de leite. Com relação à produção de leite, o edema pode se mostrar bastante prejudicial, pois
foi confirmada a associação positiva com o maior risco de mastite clínica no início da lactação.

E a solução?
A prevenção é fundamental para evitar alta incidência de Edema de Úbere, entre as medidas
preventivas mais recomendadas são relacionadas ao manejo, redução na quantidade de grãos fornecidos
no pré-parto das novilhas e vacas de alta produção, exercitar os bovinos com caminhadas antes e depois
do parto, em horários de baixas temperaturas, e praticar ordenhas frequentes e controladas no pós-parto.
Lembrando que essas boas práticas podem evitar não só o edema de úbere relacionado à alta
produtividade, mas também às infecções causadoras de mastite.

É importante que o diagnostico seja feito corretamente para que possamos atuar rapidamente e
não comprometer a saúde e o bem-estar do animal. O protocolo de tratamento utilizado é a associação
injetável de anti-inflamatórios, diuréticos e de boas práticas como duchas, massagens, algumas vezes
provocando choque térmico local com calor e frio e a melhora em todo manejo. Estudos mostram que o
uso de Anti-inflamatórios não esteroides (Flunixin meglumine, Meloxicam, Diclofenaco...) no momento do
parto e 24 horas após foi possível observar redução evidente no edema de úbere nos animais tratados a
partir do primeiro dia de tratamento.

Frederico Modri Neto


Méd. Veterinário
CRMV/RS 10.060

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