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Produção de Bovinos de Corte –

Conceitos Práticos e
Aplicação à Campo

Brasília-DF.
Elaboração

Dannylo Oliveira de Sousa

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 5

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 6

Introdução.................................................................................................................................... 8

Unidade I
PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE.................................................... 11

Capítulo 1
Raças e suas características adaptativas........................................................................ 11

Capítulo 2
Raças sintéticas e cruzamentos....................................................................................... 22

Unidade iI
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE............................................................................. 27

Capítulo 1
Energia................................................................................................................................. 28

Capítulo 2
Proteína................................................................................................................................ 32

Capítulo 3
Minerais................................................................................................................................ 36

Unidade iII
MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA........................ 44

Capítulo 1
Caracterização da fase de cria...................................................................................... 45

Capítulo 2
Estratégias para a seca...................................................................................................... 62

Capítulo 3
Estratégias para as águas.................................................................................................. 66

Unidade iV
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM..................................................................... 70

Capítulo 1
Suplementação em pastejo................................................................................................ 72
Capítulo 2
Recria de machos e fêmeas para reposição................................................................... 83

Unidade V
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE............................................................................................. 91

Capítulo 1
Concentrado na dieta...................................................................................................... 92

Capítulo 2
Forragens......................................................................................................................... 101

Capítulo 3
Aditivos............................................................................................................................... 114

Unidade Vi
NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE.......................................................... 124

Capítulo 1
Nutrição da vaca de cria e do touro........................................................................... 126

Capítulo 2
Redução da idade ao primeiro parto............................................................................. 138

Referências................................................................................................................................. 142
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução

O agronegócio tem uma expressiva participação na economia nacional, representando em


torno de um quarto do PIB brasileiro é considerado um dos setores mais importantes da
economia. O setor é responsável pela geração de mais de um terço dos empregos diretos
e indiretos no Brasil (IBGE, 2006). Segundo o departamento de agricultura americano
(USDA), o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, possuindo o maior
rebanho comercial de bovinos de corte (219 milhões de cabeças) do globo, é o segundo
maior produtor de carne, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que mesmo tendo
um rebanho menor (92 milhões de cabeças), produz carcaças mais pesadas.

É indiscutível a potência agropecuária que o Brasil é, mas ainda assim, possui um


potencial produtivo guardado que precisa ser explorado e é por meio da aplicação do
conhecimento e das novas tecnologias que o país poderá ser tornar ainda melhor e mais
eficiente.

A pecuária de corte brasileira é um dos pilares do agronegócio. O Brasil produz


anualmente ao redor de 9,5 milhões de t de carne bovina em área aproximada de
160 milhões de ha de pastagens (CONAB, 2014; IBGE, 2006). Com o crescimento do
consumo interno e da abertura de novos mercados para exportação de carne bovina,
estima-se para 2023 uma demanda de 13,6 milhões de toneladas de carne bovina
produzida no país (MAPA, 2014). Para atender esta demanda, a indústria pecuária
brasileira precisaria aumentar em 43% sua produção atual. Com o aumento da pressão
sobre os recursos naturais, dificilmente haverá crescimento da área de pastagens no
Brasil, não restando alternativa senão aumentar a produtividade de carne por área.

Analisando-se esses números, chega-se à conclusão que a pecuária de corte brasileira


produz em média 59 kg de carne por ha/ano. Como forma de comparação, a produção
média de milho no Brasil é ao redor de 4.900 kg/ha/ano, e a de cana-de-açúcar ao
redor de 74.000 kg/ha/ano. Assim, apesar da enorme importância econômica para o
Brasil, a pecuária é tida como atividade de baixa rentabilidade. Como pode ser atrativa
uma atividade comercial que gera receita bruta média de R$ 470/ha/ano (pecuária de
corte) em comparação a receita bruta de R$ 1.800/ha/ano (milho para grãos) ou R$
4.070/ha/ano (cana-de-açúcar)?

Com base neste cenário e sabendo que a pecuária de corte apresenta potencial técnico
para produtividade próxima a 1.000 kg de carne por ha/ano, o objetivo deste material é

8
discutir pontos importantes para produção intensiva e econômica de gado de corte, para
que possa competir em termos de rentabilidade com outras atividades agropecuárias.

Objetivos
»» Apresentar uma visão geral sobre as raças de bovinos de corte mais
utilizadas e suas principais características.

»» Demonstrar os tipos de cruzamentos existentes no mercado.

»» Conhecer as exigências nutricionais de bovinos de corte.

»» Demonstrar o manejo adequado de bovinos de corte em todas as fases da


criação.

»» Apresentar exemplos de suplementação estratégica para as estações de


seca e chuvas.

»» Conceituar o passo a passo da fase de cria para produção de bezerros.

»» Abordar a suplementação de bovinos de corte em pastagem.

»» Abordar o confinamento de bovinos de corte no Brasil.

»» Apresentar tipos e utilização de concentrados na dieta.

»» Demonstrar o manejo e utilização de forragens na dieta.

»» Apresentar o uso de aditivos na alimentação de bovinos e seus principais


efeitos.

»» Avaliar os efeitos da nutrição aplicada à reprodução de machos e fêmeas.

»» Apresentar a importância da redução da idade ao primeiro parto para a


bovinocultura de corte.

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PRINCIPAIS RAÇAS E
CRUZAMENTOS EM Unidade I
BOVINOCULTURA DE
CORTE

O Brasil está entre os países que mais introduziu e testou raças bovinas. Porém, como era
de se esperar, muitas raças não chegaram a prosperar comercialmente e desapareceram
rapidamente do mercado. Com relação ao aproveitamento das raças de corte, pode-se
afirmar que tanto na região central como sudeste do Brasil predominaram as raças
zebuínas e no sul, dominaram as taurinas. De modo geral, o grosso da exploração
ocorre por meio do emprego de mestiços que se originam de cruzamentos quase sempre
desordenados ou mal planejados e orientados.

Capítulo 1
Raças e suas características
adaptativas

Hereford

Origem

A raça é originária do condado de Hereford, na Inglaterra. Possui pelagem vermelha com


a cara, o bordo superior do pescoço, o peito, o ventre, as extremidades dos membros e a
ponta da cauda branca. Seu melhoramento genético foi voltado para a precocidade e para
a produção de carne de alta qualidade. Mais adaptado ao clima frio, é encontrado nos
Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Argentina, Uruguai e sul do Brasil.

Características

Sua aptidão para produção de carne e sua rápida adaptação a pastos mais grosseiros
são as principais características que fazem a raça Hereford umas das mais utilizadas

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UNIDADE I │ PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE

na bovinocultura de corte mundial. O Hereford não é a raça com maior precocidade,


mas leva vantagem na qualidade da carne, rusticidade e reprodução. O peso vivo adulto
das fêmeas pode chegar aos 800 kg e dos machos entre 900 e 1.100 kg. Sua carcaça
se distingue pela gordura entremeada bem distribuída, dando aos cortes um aspecto
marmorizado. O rendimento de carcaça é alto.

O primeiro animal Hereford chegou ao Brasil em 1906 e hoje está presente em


aproximadamente 65% do rebanho sul-rio-grandense. No Brasil, cria-se desde o Rio
Grande do Sul até a Bahia, sendo uma das raças de corte europeias que melhor suportam
o clima tropical. A cara branca é um caráter dominante e se transmite aos produtos
oriundos de cruzamento, independente de qual seja a raça utilizada. O cruzamento com
o zebu resulta em mestiços com boa conformação e precocidade. As vacas procriam
com regularidade, quando adequadamente nutridas, e sua produção leiteira é suficiente
apenas para alimentar o bezerro.

Aberdeen Angus

Origem

Originados na região de Angus, no condado de Aberdeen na Escócia, daí o nome


Aberdeen Angus. Foi reconhecida oficialmente em 1835. Possui pelagem preta ou
vermelha, mocha, muito utilizada em cruzamentos industriais e na formação de novas
raças destinadas a produção de carne. Com o crescimento da população de animais de
pelagem vermelha, criadores norte americanos criaram a raça Red Angus, em 1954.

Características

A raça Aberdeen Angus é de porte grande, com contornos arredondados, sem excesso
de peito e pele, e com boa cobertura muscular. As fêmeas apresentam cabeça alongada
com orelhas grandes e pescoço fino, com peso adulto variando entre 600 a 700 kg, e os
touros, possuem cabeça e pescoço medianos e musculosos, podendo atingir um peso
vivo de 800 a 900 kg.

Os bezerros nascem pequenos, em comparação com os de outras raças europeias, mas


crescem rapidamente. Os machos nascem, aproximadamente, com 30 kg e as fêmeas
com 28 kg. Sua carne apresenta alto marmoreio (gordura intramuscular) e rendimento
de carcaça elevado, geralmente superior a 55%. Devido à qualidade da carne, a eficiência
na conversão de alimentos, ao elevado rendimento de carcaça e por ser mocho, a raça
Angus é muito apreciada para cruzamentos com raças zebuínas. No Brasil, o cruzamento

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PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE │ UNIDADE I

industrial com o Nelore tem sido largamente utilizado e incentivado pela indústria da
carne, devido aos bons resultados obtidos na qualidade do produto final.

Charolês

Origem

Gado originado na França, seu nome foi uma homenagem a antiga província francesa
de Charolles e é encontrado espalhado por todo o país. Sua extraordinária produção de
carne fez com que esse gado se espalhasse por todo o mundo apesar de ter sido, em sua
origem, um gado de tripla aptidão (carne, trabalho e leite). No Brasil, o Charolês tem
sido fortemente utilizado, principalmente para a formação da raça Canchim, por meio
de cruzamento industrial com gado zebu.

Características

Possui pelagem branca ou creme com mucosa rósea, cabeça e pescoço curtos e musculosos.
O Charolês é recomendado para a produção de mestiços destinados ao corte, oferecendo
alta capacidade produtiva e bom temperamento comportamental. O produto final é de
alta qualidade, com pouca gordura subcutânea e elevado marmoreio. O rendimento de
carcaça varia de 58 a 62%, em regime extensivo ou semiextensivo, mas podendo chegar
a 70% quando confinado. É excelente ganhador de peso em confinamento. Seu peso na
idade adulta pode chegar a 900 kg nas vacas e 1.100 kg nos machos.

Devon

Origem

Originado no Reino Unido, mais precisamente no sudoeste da Inglaterra, este gado


é considerado de tripla aptidão, ou seja, carne, leite e trabalho. Porém, nos demais
países onde foi introduzido, é um animal essencialmente produtor de carne. Além da
Inglaterra, o Devon é criado na América do Norte, Rodésia, Colônia do Cabo, Argentina,
Nova Zelândia, Uruguai e Brasil.

Características

Possui pelagem vermelho escuro com pele amarelada. Apresenta porte médio e com
chifres grossos e retos. A conformação é a de um animal aperfeiçoado para produção

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UNIDADE I │ PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE

de carne, muito apto à engorda, com um rendimento de carcaça bastante elevado, que
pode chegar a 70%. Sua carne é de primeira qualidade, com alto marmoreio e fibra fina.
O peso vivo adulto é de 500kg nas fêmeas e pode chegar a 800 kg nos machos.

Shorthorn

Origem

De origem inglesa, é encontrado também em países como Argentina, EUA, Canadá,


México, França, Alemanha, Austrália e Nova Zelândia e Irlanda. Seu melhoramento
vem sendo feito há mais de 200 anos, resultando num rebanho muito precoce. No
Brasil essa raça não apresentou um bom desempenho, visto que o clima tropical e as
pastagens de baixo valor nutritivo não corresponderam às exigências fisiológicas do
animal.

Características

Sua pelagem é vermelha e branca, mas pode variar para rosilho e malhado com manchas
extensas ou ainda amarelo tostado escuro e pele clara sem pigmentação. O Shorthorn é
um excelente produtor de carne, devido a sua precocidade e engorda rápida, porém, a
qualidade da carne é pouco apreciada, pois a deposição de gordura corporal não é bem
distribuída. É pouco rústico, não se adapta ao clima quente e pastos de baixa qualidade,
contudo, é inigualável em pastagens de leguminosas de alta qualidade. Quando bem
terminados, o rendimento é elevado, podendo atingir 70%. Seu peso adulto varia entre
500 kg a 600 Kg nas vacas e pode chegar a 900 kg nos touros.

Marchigiana

Origem

Raça criada na Itália e trazida para o Brasil na década de 1980. Na região centro-oeste
do Brasil, produtores estão utilizando a raça Marchigiana em cruzamentos industriais
com raças zebuínas.

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PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE │ UNIDADE I

Características

Animal de pelagem branca ou acinzentada com pigmentação negra, semelhante ao


Nelore. Possui cabeça pequena e pescoço musculoso, estrutura ampla, larga e forte, ideal
para a produção de carne. Apresenta alta velocidade de ganho de peso e precocidade.
Cruzamentos da Marchigiana com raças zebuínas mostraram uma produção de carne
excelente chegando ao abate com 18-24 meses de idade. A raça é utilizada em programas
de cruzamento para a produção de novilhos precoces. Os bezerros nascem bem pesados,
com 40 a 50 kg e apresentam crescimento rápido. Devido a boa conversão alimentar,
essa raça é mais utilizada em sistemas de confinamento.

Piemontês

Origem

Criado no norte da Itália, proveniente do cruzamento natural entre o zebu paquistanês


e o Aurocks da região de Piamonte. Fazendeiros italianos notaram o desenvolvimento
de traços da característica conhecida como musculatura dupla e, logo, reconheceram a
vantagem para produção de carne. Está presente no Brasil, em rebanhos puros ou em
cruzamento industrial.

Características

Pelagem cinza, variando de claro a escuro e a pele é preta, como no zebu. O gado
Piemontês atual é o melhor exemplo da característica de dupla musculatura, com
ossos e pele fina. Como resultado, o Piemontês tem o melhor rendimento de carcaça
e melhor porcentagem de cortes de todas as raças. O Piemontês é uma raça moderna.
Sua produção de carne é diferenciada porque agrada os consumidores e atende as
exigências dos produtores. A habilidade materna e uma boa produção de leite são
também características dominantes nas fêmeas mestiças. O peso adulto dos machos
pode chegar aos 900 kg e nas fêmeas até 600 kg. O rendimento de carcaça é alto,
podendo chegar a 72%.

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UNIDADE I │ PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE

Limousin

Origem

A raça Limousin é original da região de Limoges na França. No Brasil, a raça está


presente desde o início do século XX e atualmente é bastante utilizada nos estados de
Goiás, Mato grosso, Minas Gerais e São Paulo em programas de cruzamento industrial,
bem como em centrais de vendas de reprodutores e matrizes.

Características

A raça apresenta pelagem amarelo-claro, com áreas mais claras em torno dos olhos,
focinho e extremidades dos membros. Possui porte grande e forte, pois foi selecionado
para dupla aptidão (carne e trabalho). São eficientes quanto a conversão alimentar,
ganho de peso, rendimento de carcaça e fertilidade. O peso adulto dos machos pode
chegar a 1.200 kg e o das fêmeas variam entre 550 e 750 kg. O peso médio de nascimento
dos bezerros Limousin é de 36 kg. O rendimento de carcaça dos animais de raça pura
pode atingir facilmente 65%.

Chianina

Origem

Tem sua origem na Itália, numa região de grande variedade de solos de planície,
colinas e áreas montanhosas. Era inicialmente utilizado como animal de tração e foi
intensamente utilizada em cruzamentos para o melhoramento genético de outras raças
italianas. É pouco conhecida fora da Itália e sua introdução no Brasil ocorreu devido ao
interesse de criadores em cruzá-la com o Zebu.

Características

É caracterizada pela pelagem branca porcelana, contorno dos olhos e a vassoura da cauda
com pelos negros. O focinho, os chifres e as unhas são pretos. É uma das maiores raças
bovinas do mundo, podendo os machos alcançar até 1,80 m de altura. O peso adulto pode
chegar a 1.300 kg nos machos e 900 kg para as fêmeas. Tourinhos de 12 meses de idade
chegam a pesar entre 400 e 550 kg. Se destaca pelo rápido ganho de peso e crescimento
após a desmama. Sua precocidade possibilita o abate do animal muito jovem, dependendo
da dieta fornecida. Apresenta musculatura robusta com rendimento de carcaça de 60%. A

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PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE │ UNIDADE I

carne é magra, com pouca gordura intramuscular e leve proporção de gordura subcutânea.
No Brasil, o gado Chianino é apreciado para cruzamentos, especialmente com o Nelore,
para a produção de novilhos precoces e pesados.

Belgian Blue

Origem

Originou-se na Bélgica central, formado pelo cruzamento desordenado de gado nativo


e atualmente, representa quase a metade do rebanho Belga. A raça foi importada para o
Brasil em 1994 e está presente em centrais de genética, para trabalhos de cruzamento,
coleta e comercialização de sêmen.

Características

A pelagem é de coloração composta de branco, azul e às vezes negro, com chifres


cinzentos e arqueados. Atualmente, a raça é selecionada, basicamente, para a produção
de carne. Apresenta linhas arredondadas e músculos proeminentes. Por apresentar
dupla musculatura no posterior, a raça ganhou o nome de Super Boi. Para garantir
o nascimento saudável das crias no programa de expansão da raça, todos os partos
de matrizes puras são realizados por meio de cirurgia cesariana. O peso adulto dos
machos pode ultrapassar os 1.200 kg e o das fêmeas 800 kg. Com relação à carcaça, os
animais apresentam uma carne magra, com menor deposição de gordura subcutânea e
intramuscular.

Blonde D’aquitaine

Origem

É originária dos montes Pirineus, no sudeste europeu, de clima variável, terrenos


pedregosos e pastagens muito pobres, lhe conferindo boa rusticidade, capaz de suportar
tanto frio quanto o calor intenso, comuns naquela região. Foi introduzido no Brasil em
1972, por meio da exposição de Esteio, no Rio Grande do Sul, anos mais tarde foram
feitas as primeiras importações de animais puros, o que permitiu a formação do rebanho
puro existente no país.

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UNIDADE I │ PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE

Características

Possui pelagem de cor parda, variando entre vermelho claro e amarelo e pele de
coloração rosada. Animal de porte grande e com excelente taxa de crescimento, é ideal
para produção de carne. O peso adulto das fêmeas pode atingir 800 kg e o dos machos
entre 1.000 e 1.200 kg. O rendimento de carcaça supera os 60%, com carne de alta
qualidade. Bastante utilizado no cruzamento com as raças Caracu e Nelore, resultando
em filhos precoces e com excelente ganho de peso.

Brahman

Origem

Criada nos Estados Unidos, a partir do cruzamento das raças Nelore, Guzerá, Gir,
Valley, Sindi dentre outras. Criadores da região sul do país viu nessa raça a solução do
impasse para a difícil criação de raças especializadas europeias, que não se adaptavam
bem ao clima local. Atualmente, o Brahman é encontrado nas extensas áreas do sul dos
EUA, onde predominam o calor e terras úmidas.

Características

As cores predominantes no Brahman têm tonalidades cinza claro, vermelho e preto. As


principais características dessa raça são rusticidade, precocidade, resistência a doenças
e à endo e exoparasitas, habilidade materna, boa conversão alimentar, docilidade,
rendimento de carcaça e boa qualidade da carne. As raças Santa Gertrudis, Braford e
Brangus originaram-se desses cruzamentos. O Brahman é considerado de tamanho
intermediário, com os touros pesando, geralmente de 720 a 990 quilos e as vacas de
450 a 630 quilos. Os bezerros são pequenos no nascimento, pesando de 30 a 40 quilos.

Caracu

Origem

O gado Caracu tem sua origem muito discutida, mas é sabido que sua origem é
europeia. No Brasil desde o período colonial e com mais de quatro séculos de seleção, o
Caracu reúne qualidades importantes e é utilizado, principalmente, para o cruzamento
industrial.

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PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE │ UNIDADE I

Características

Possui pelagem amarela, variando na tonalidade e com as mucosas ao redor dos


olhos são desprovidas de pigmentos. As principais características dessa raça são alta
adaptabilidade e rusticidade e excelente habilidade materna. Sexualmente, é um
pouco tardio. Com tripla aptidão, deixa muito a desejar quando comparado a raças
especializadas em produção de carne.

Guzerá

Origem

Raça indiana, já esteve a ponto de desaparecer no Brasil, mas graças a alguns criadores
que acreditaram em seu potencial, tomou forças sendo hoje a terceira raça zebuína com
maior número de animais no Brasil.

Características

Tem a pelagem cinzenta prateada, quase preta com várias tonalidades e peso adulto
em torno de 600kg nas fêmeas e 900kg nos machos. Caracteriza-se por ser uma raça
produtora de carne, mas também se mostra bem adaptado como gado de trabalho e
de leite. Apresenta boa rusticidade, resistência a parasitas e podem ser criados em
pastagens de baixo valor nutricional.

Nelore

Origem

Raça criada na Índia, é fruto dos cruzamentos de um grupo de raças, sendo as mais
marcantes a Hariana e a Ongole. Chegou ao Brasil no fim do século XIX e foi então se
expandindo aos poucos, primeiro no Rio de Janeiro e, em seguida, São Paulo e Minas
Gerais. Em 1938, com a criação do Registro Genealógico, começou a serem definidas as
características raciais do Nelore. Estima-se que 80% do rebanho brasileiro de gado de
corte é Nelore ou anelorado.

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UNIDADE I │ PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE

Características

Possuem pele preta ou escura com pelagem branca ou cinza-clara, sendo que os
machos apresentam o pescoço e o cupim normalmente mais escuros. Tem a seu favor
uma boa conformação, cabeça pequena, orelhas curtas, ossatura fina e alcança bom
desenvolvimento muscular. A raça Nelore é essencialmente produtora de carne.
Dentre as variedades trazidas da Índia, é a que vem sofrendo mais seleção. Apresenta
resistência natural à parasitas e ao clima quente. Excelente habilidade materna e a perda
de bezerro é mínima. Os bezerros Nelore são sadios, fortes, espertos. Experimentos
demonstraram que o Nelore pode oferecer carcaças com 16,5 arrobas, aos 26 meses de
idade e rendimento de 50 a 55%, quando alimentado em pastagem.

Simental

Origem

De origem Suíça, adapta-se muito bem a regiões montanhosas. Os primeiros animais


chegaram ao Brasil em 1904, importados pela Secretaria de Estado da Agricultura de
São Paulo, com o objetivo de intensificar o fomento à Pecuária.

Características

Embora seja considerada uma raça mista para leite, carne e trabalho, sua seleção
genética evoluiu para a criação de animais mais precoces, com menor altura e maior
produção de leite e carne. O peso adulto das fêmeas é de 750 kg e dos machos de 1.000
kg. Apresenta crescimento rápido, com boa distribuição muscular, sem tendência a
acumular excesso de gordura subcutânea, ao passo que a gordura intramuscular é bem
desenvolvida, dando boa consistência e coloração às fibras musculares. O rendimento
de carcaça pode chegar a 65%.

Tabapuã

Origem

Raça brasileira fruto de cruzamentos entre o gado mocho nacional e animais de origem
indiana. Na década de 1940, no município de Tabapuã, em São Paulo, que a raça
assumiu as características que perduram até hoje. É predominantemente Nelore, com
algumas características do Guzerá.

20
PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE │ UNIDADE I

Características

Esse gado se assemelha bastante ao Brahman quanto à sua composição racial. Raça
mansa e sem chifres, traz facilidade para o manejo. O melhoramento genético é
estritamente econômico, ou seja, preocupa-se apenas em desenvolver um animal com
maior precocidade, ganho de peso e rendimento de carcaça. Alguns criadores procuram
orientar a seleção visando uma raça de dupla aptidão. Como produtor de carne, o mocho
já tem demonstrado seu potencial nas provas de ganho de peso. Como produtor de
leite, vem respondendo de maneira surpreendente aos estímulos da seleção zootécnica.

21
Capítulo 2
Raças sintéticas e cruzamentos

Raças sintéticas
Em pecuária de corte, a definição raça sintética ou composta representam uma raça
formada por meio de cruzamentos entre raças diferentes.

Braford

Origem

Raça criada nos Estados Unidos, na década de 1960, fruto do cruzamento de vacas
Brahman e touros Hereford – Bradford. O animal Braford é aproximadamente 3/8
Brahman e 5/8 Hereford. Na década de 1980, a Associação de Criadores de Hereford
e a EMBRAPA-Bagé/RS introduziram a raça Braford no Brasil, tornando-se raça
registrada em 1993.

Características

As características marcantes da raça Braford são precocidade, fertilidade, habilidade


materna, temperamento dócil e velocidade de ganho de peso, com resistência a
ectoparasitas e rusticidade para adaptação em clima tropical.

Brangus

Origem

Raça norte-americana, registrada em 1912, mas chegou ao brasil somente na década


de 1970. É o produto do cruzamento entre as raças Aberdeen Angus e a raça zebuína
Brahman. Possui em sua composição racial 5/8 de sangue Angus e 3/8 de sangue
Brahman.

22
PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE │ UNIDADE I

Características

Tem como caraterísticas principais a resistência a ectoparasitas e a rusticidade ao clima


tropical, herdados do Brahman, e a precocidade, associada ao rápido crescimento
muscular, vindos do Angus.

Bravon

Origem

A Associação Brasileira de Criadores de Devon desenvolveu uma raça sintética, que


reúne as características do Devon às qualidades do Nelore e, assim, foi criada o Bravon.
Atualmente, a raça está sendo desenvolvida, com sucesso, no Rio Grande do Sul, Mato
Grosso do Sul, Paraná e Bahia.

Características

O sucesso dessa raça se deve à união da precocidade, fertilidade, habilidade materna e


qualidade de carcaça da raça Devon, com as características mais marcantes do Nelore,
que são a rusticidade, adaptabilidade, longevidade e resistência a endo e ectoparasitas.

Canchim

Origem

Raça sintética brasileira, Canchim, foi desenvolvida na Embrapa e é composta por 5/8
Charolês e 3/8 Zebu. O objetivo com a criação dessa raça era desenvolver um bovino
de corte para os trópicos, tendo a rusticidade e a precocidade como características
combinadas.

Características

Apresenta pelagem baia ou amarela brilhante, em diversas tonalidades, com mucosas


rosadas ou escuras. Precoce, rústico e resistente ao calor, esse animal é um ótimo
produtor de carne; seu rendimento de carcaça chega a 60%. O peso médio dos bezerros
ao nascer é acima de 34 Kg. Em cruzamentos com vacas zebus produz mestiços pesados
e precoces, muito convenientes para os nossos sistemas de criação e de engorda.

23
UNIDADE I │ PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE

Santa Gertrudis

Origem

Foi desenvolvida nos Estados Unidos, mais precisamente no Texas. Região de clima
quente e seco, o Santa Gertrudis possui 5/8 de sangue Shorthorn e 3/8 de sangue
Brahman, resultando assim em um animal com alta adaptação ao calor, mas que exige
boas pastagens para o seu crescimento rápido.

Características

As principais características dessa raça são a fertilidade, a precocidade e o excelente


ganho de peso, se bem alimentados. Novilhas bem criadas podem ser cobertas ou
inseminadas dos 14 aos 18 meses de idade, e os bezerros nascem com um peso médio
de 37 kg e podem desmamados aos sete meses, com 240 kg. O peso dos animais adultos
é 650 kg nas vacas e 900 kg nos touros.

Simbrasil

Origem

Raça brasileira, teve origem em 1945, a partir do cruzamento entre as reças Simental
e Guzerá. No entanto, outras raça zebuínas foram também testadas, como Indubrasil,
Gir, Tabapuã e Nelore, sendo esta ultima a mais utilizada nos últimos anos.

Características

Apresenta dupla aptidão para a produção de carne e leite. Devido à elevada produção
leiteira, para uma raça de corte, as matrizes desmamam bezerros com 250 kg, em regime
de pastejo. As principais características dessa raça são a rusticidade e precocidade, ideal
para criações em sistema extensivo.

Cruzamentos
O cruzamento racial na pecuária consiste no acasalamento, natural ou artificial,
entre indivíduos de raças diferentes, em que o macho é, geralmente, de raça pura,
buscando aumentar a eficiência produtiva final da progênie. O cruzamento entre raças
(heterozigose) busca gerar heterose (ou vigor híbrido), que permite que a produtividade
dos cruzados exceda a produtividade de ambas as raças-base.

24
PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE │ UNIDADE I

A heterose é o fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho do que a


média dos pais e é mais pronunciada quanto mais divergente geneticamente forem as
raças envolvidas no cruzamento. No Brasil, o objetivo com o cruzamento industrial é
combinar as características de adaptabilidade, resistência e fertilidade das vacas zebu,
com o rápido ganho de peso, precocidade sexual e de acabamento das raças taurinas
europeias.

Grupamentos raciais

Zebuínos

Originados na Índia, devido à seleção natural, tornaram-se adaptados ao calor dos


trópicos, a sazonalidade na disponibilidade de alimentos e ao alto número de endo e
ectoparasitas. Resultando, assim, no desenvolvimento de raças rústicas que têm alta
resistência a parasitas, boa adaptação ao calor, umidade e radiação solar. As raças
zebuínas mais comuns no Brasil são Nelore, Guzerá e Tabapuã.

Taurinos

Criados nos países europeus, a principal finalidade do melhoramento genético das raças
taurinas têm sido produzir carne para o consumo humano. Elas foram selecionadas
para velocidade de crescimento, precocidade sexual, fertilidade e qualidade de carne,
resultando em raças de tamanho intermediário. As raças mais usadas no Brasil são
Aberdeen Angus, Red Angus, Hereford e Charolês.

Raças sintéticas ou compostas

Raça sintética, é formada por duas raças com grau de sangue fixado, visando manter
bons níveis de heterose e adaptabilidade. Já as Compostas são formadas por 3 ou mais
raças. As raças Sintéticas mais usadas no Brasil são Canchim e Simbrasil. As raças
Compostas mais comuns no país são a Beefmaster e Montana.

Tipos de cruzamento

Terminal

Cruzamento entre duas raças em que todos os produtos serão destinados ao abate.
Exemplo:

25
UNIDADE I │ PRINCIPAIS RAÇAS E CRUZAMENTOS EM BOVINOCULTURA DE CORTE

Touro Taurino X Matriz Zebuína = F1 (destinada ao abate)

A grande vantagem desse tipo é a simplicidade na execução, porém, a reposição


deverá ser comprada, pois todos os produtos foram comercializados. Contudo, existe
uma extensão desse tipo de cruzamento, conhecido como Terminal com 3 raças ou
Rotacionado-terminal, no qual a F1 fêmea é mantida no sistema e cruzada com uma
terceira raça, em que todos os produtos são então comercializados.

Rotacional

Nesse modelo, as fêmeas F1 serão sempre mantidas no rebanho e então acasaladas com
uma das raças parentais. Em regiões de clima tropical, com o Brasil, é aconselhado que
se use a raça mais adaptada as condições climática, sobre as matrizes F1. As grandes
vantagens desse tipo de cruzamento são que a reposição do plantel já está dentro do
sistema e ainda possibilita o melhoramento genético do rebanho em cada geração.

26
EXIGÊNCIAS
NUTRICIONAIS Unidade iI
EM BOVINOS DE
CORTE

É de amplo conhecimento que a nutrição de bovinos destinados a produção, carne ou


leite, representa uma importante fatia nos custos operacionais, podendo variar de 70
a 90% dos gastos com a atividade. O aspecto nutricional é um dos principais fatores
que direcionam o desempenho animal e, consequentemente, a viabilidade econômica
da fazenda. Assim, a busca e adoção de medidas mais racionais no manejo alimentar
têm o potencial de gerar um grande impacto econômico e de qualidade nos sistemas de
produção de carne.

A bovinocultura brasileira destinada à produção de carne caracteriza-se por sistemas


de produção baseados em pastagens recobertas por forrageiras tropicais e em animais
predominantemente zebuínos, sendo a raça nelore a de maior ocorrência. Estima-se
que mais de 80% do rebanho nacional apresenta alguma composição genética derivada
de raças zebuínas (RIPAMONTE, 2002).

O balanceamento de rações e suplementos para determinados níveis de desempenho a


partir de dietas balanceadas requer o conhecimento das exigências nutricionais de cada
classe animal, para as diferentes funções e para os diferentes níveis de desempenho
(BOIN, 1995).

27
UNIDADE II │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE

Capítulo 1
Energia

Energia é definida como a capacidade de realizar trabalho e existe em diversas formas


diferentes. A única forma de mensurar a energia é durante sua transformação de uma
forma para outra. Em nutrição, a energia contida em alimentos, fezes, urina e tecidos
é medida por meio da completa combustão, por meio de uma bomba calorimétrica. A
unidade de medida de energia mais utilizada na nutrição animal é a caloria, na qual,
uma caloria (cal) é a quantidade de energia necessária para elevar em 1 grau celsius a
temperatura de 1 g de água.

A energia disponível para a manutenção das funções vitais e produção de um animal


é obtida a partir da digestão metabólica alimentos. No entanto, devido às perdas
energéticas que ocorrem durante o processo de digestão alimentar, os animais são
considerados ineficientes, ainda mais os ruminantes, devido principalmente ao elevado
incremento calórico e produção de gases. O conhecimento bioquímico do metabolismo
energético dos ruminantes é essencial para auxiliar na formulação de dieta, com o
objetivo de reduzir as perdas e tornar esses animais mais eficientes.

A energia é representada a partir das seguintes nomenclaturas: energia bruta (EB),


energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL). A energia
bruta representa a energia total do alimento consumido, mas tem utilização limitada na
nutrição animal por não indicar a quantidade de energia realmente disponível para o
animal. A energia digestível é a diferença entre a EB consumida e a excretada nas fezes
(energia fecal, EF), sendo rotineiramente determinada em ensaios de digestibilidade. A
energia metabolizável é calculada descontando-se da ED as perdas energéticas na forma
de urina e gases (energia urinária e gasosa, EU e EG), representando a fração energética
que será utilizada pelo animal ou perdida como calor. A proporção de energia perdida
na forma urinária e na forma de gases é variável, logo, a EM tem sido calculada como
82% da ED. A energia líquida é definida como a quantidade de energia disponível para
os processos de mantença e para os fins produtivos, sendo subdividida, em função de
diferenças na eficiência energética, em energia líquida de mantença (ELm) e energia
líquida de produção (ELp). A ilustração esquemática do fluxo de energia no corpo
animal está apresentada na figura 1.

28
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE II

Figura 1. Fluxo de energia no corpo animal. A energia líquida de produção (ELp) envolve tecidos corporais, leite e

energia para o desenvolvimento fetal.

Fonte: adaptado de NRC (2016).

Peso de corpo vazio e ganho de peso de


corpo vazio
Inicialmente, para a determinação dos requerimentos nutricionais dos animais, é
necessário à conversão do peso vivo em jejum (PVJ) em peso de corpo vazio (PCVZ).
Entende-se por PCVZ o somatório dos componentes do corpo, ou seja, PCVZ é o peso
vivo menos o conteúdo gastrointestinal. As equações abaixo fazem a estimativa do
PCVZ a partir do PVJ.

Confinamento PCVZ = 0,895 × PVJ


Pasto PCVZ = 0,863 × PVJ

Onde: PCVZ = peso de corpo vazio e PVJ = peso vivo em jejum, ambos em kg.

Como pode ser observado, as equações de predição do PCVZ são diferentes para animais
confinados e em pastejo, pois o enchimento gastrointestinal de animais a pasto é maior,
visto que o tempo de digestão de alimentos fibrosos (pasto) é maior do que dietas com
alto teor de concentrado (grãos), como é visto em dietas de confinamento.

29
UNIDADE II │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE

Já o ganho de peso vazio (GPCVZ) pode ser estimado a partir do ganho médio diário
(GMD), de acordo com as equações abaixo:

Confinamento
Nelore GPCVZ = 0,936 × GMD
Cruzados GPCVZ = 0,966 × GMD
Pasto GPCVZ = 0,955 × GMD

Onde: GPCVZ = ganho de peso de corpo vazio e GMD = ganho médio diário, ambos em
kg/dia.

Percebe-se que animais Nelore tem um menor GPCVZ em relação a animais cruzados,
devido à maior eficiência de conversão alimentar de animais cruzados com raças
taurinas.

Exigência de energia para mantença


A energia líquida para mantença (ELm) é equivalente ao calor produzido pelo animal
em jejum, ou seja, sem nenhum suporte alimentar para atendimento de qualquer outra
necessidade energética, fazendo com que a produção de calor no animal, nesse instante,
represente a quantidade de energia dispensada para as atividades estritamente basais,
como respiração, circulação, homeotermia e funcionamento dos órgãos e sistemas
enzimáticos.

A exigência de ELm tem sido calculada utilizando o método do abate comparativo,


que mensura a ELm e ELg diretamente. Os resultados alcançados pelo NRC (2016)
são derivados de animais taurinos, criados em condições ambientais favoráveis e sem
estresse. O valor de ELm pode variar com o peso vivo do animal, raça, sexo, idade, estação
do ano, temperatura, estado fisiológico e nutrição prévia. Os efeitos da atividade física
e do meio ambiente sobre o requerimento energético estão incorporados nesse sistema
e as influências do aumento do consumo, atividade física e efeito climáticos diferentes
dos utilizados para o cálculo de ELm estão incorporados na equação de predição da
ELg. Outros ajustes específicos de cada sistema devem ser feitos pela experiência do
nutricionista.

Desta forma, o NRC (2016) estabeleceu que a exigência de ELm diária para novilhas e
machos castrados seriam de 77 kcal por unidade de peso vivo metabólico (PCVZ0,75) e
para machos inteiros da mesma raça seria 15% maior, ou seja, 89 kcal/kg de PCVZ0,75
por dia. Para animais zebuínos, o NRC (2000) concluiu que um desconto de 10%
sobre a exigência de ELm para novilhas e machos castrados deveria ser aplicado, o
que resultaria em uma exigência de 69 kcal por kg de peso metabólico por dia. O peso

30
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE II

vivo metabólico (PCVZ0,75) nada mais é que o peso dos tecidos corporais ativos, em
que a energia é retida, como proteína e gordura, sendo estimada pela função do PCVZ
elevado a potência igual a 0,75.

Exigência de energia para ganho


O crescimento animal depende de dietas formuladas com quantidade adequada de
energia e outros nutrientes essenciais. Quando os animais consomem mais energia que
o requerido para mantença, ganho de peso, reprodução e lactação pode ocorrer (NRC
2016). Energia líquida para ganho é definida como quantidade de energia depositada
na forma de tecido corporal, que é uma função da proporção de gordura e proteína
depositada no corpo vazio. Sendo que a gordura contém 9,4 kcal de energia por g de
gordura e a matéria orgânica não gordurosa (proteína) contém 5,7 kcal de energia por g
(Garret et al., 1959). A equação do NRC (2016) para cálculo da ELg é a seguinte:

ER = 0,0635 x PCVZeq0,75 x GPCVZ1,097

Onde, PCVZeq = peso de corpo vazio equivalente e GPCVZ = ganho de peso de corpo
vazio desejado.

Essa equação foi construída, considerando-se como base um novilho castrado, com peso
de 478 kg de PV e com teor de gordura corporal de 28%. O NRC (2000) recomenda,
ainda, aplicar o fator de 18% a mais ou menos, para obter as exigências de energia
líquida para ganho de peso de fêmeas e machos inteiros, respectivamente.

31
Capítulo 2
Proteína

Proteínas são macromoléculas formadas por complexas combinações de moléculas


menores chamadas de aminoácidos. As proteínas são compostas por 20 aminoácidos,
sendo que nove são considerados essenciais ao organismo, pois não são sintetizados
pelo animal, desta forma, é necessário seu fornecimento via alimentação. Os nove
aminoácidos essenciais são: lisina, metionina, treonina, triptofano, isoleucina,
leucina, histidina, fenilalanina e valina. No entanto, os ruminantes não necessitam
da suplementação específica de aminoácidos essenciais, visto que os microrganismos
ruminais os sintetizam. Estes microrganismos serão, juntamente com a fração da
proteína não degradada no rúmen, as principais fontes de aminoácidos para a absorção
intestinal e metabolismo do ruminante.

Considerada um nutriente indispensável para a vida animal, as proteínas estão envolvidas


em todos os processos celulares, desempenhando funções vitais no organismo animal
tais como: crescimento e manutenção dos tecidos, catálise enzimática, transporte e
armazenamento, movimento coordenado, sustentação mecânica, proteção imunitária,
geração e transmissão de impulsos nervosos, controle do metabolismo, do crescimento
e da diferenciação celular (VALADARES FILHO et al., 2010).

Os ruminantes apresentam peculiaridades em sua nutrição, sua demanda proteica é


atendida pelos aminoácidos absorvidos no intestino delgado, como em qualquer outro
animal, e em maior proporção pela proteína microbiana sintetizada no rúmen e passada
para o intestino. Os microrganismos ruminais degradam parte da proteína dietética e
utilizam o produto para o seu próprio metabolismo, incluindo a síntese de proteína
microbiana, sendo essa uma importante fonte de proteína de alto valor biológico para o
animal hospedeiro. Proteína vinda da dieta e a proteína microbiana constituem juntas
o aporte proteico que irá suprir as necessidades de animo ácidos do ruminante (NRC,
2016).

Apesar de sua importância, a proteína verdadeira é o nutriente que apresenta o mais


alto custo unitário em dietas de bovinos de corte, sendo que sua inclusão de forma
desequilibrada, além de complicações nutricionais, resulta em elevação nos custos de
produção (CAVALCANTE et al., 2005). Se a falta de proteína pode comprometer o
desenvolvimento e crescimento animal, o excesso na dieta de ruminantes pode resultar
em diminuição da eficiência reprodutiva (ELROD; BUTLER, 1993), aumento no gasto
energético para excretar o excesso de ureia (NRC, 2000) e o aumento na excreção de

32
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE II

ureia, que quando convertida em amônia, passa a representar um composto químico


altamente poluente, gerando complicações ambientais (KLEMESRUD et al., 2000).

O conhecimento das exigências de proteína dos ruminantes é indispensável para a


correta formulação de dietas, evitando a falta ou o excesso de nutrientes.

Exigência de proteína para mantença


O requerimento de proteína para mantença de um bovino é igual às perdas metabólicas
fecais e urinárias e ainda das perdas por descamação. A perda metabólica fecal é
proveniente da incompleta reabsorção dos nutrientes perdidos pela descamação e
pela secreção enzimática do trato gastrintestinal (TGI) e pode ser alterada pelo tipo
e pela quantidade de alimento ingerido, bem como pelo tamanho e atividade do TGI
(VALADARES FILHO et al., 2010).

O termo Proteína Metabolizável (PM) passou a ser utilizado em detrimento ao mais


antigo e conhecido, Proteína Bruta (PB), uma vez que este último não considera o valor
biológico da proteína verdadeira e assume que todos os alimentos possuem mesma
taxa de degradação ruminal, com a PB sendo convertida em PM com eficiência igual em
todas as dietas. As versões mais antigas do NRC (1984, 1985b) estimam o requerimento
de proteína através de métodos fatoriais, em que a exigência proteica é igual às perdas
metabólicas por fezes, urina, e por descamação.

Já nas versões mais atuais do NRC (1996, 2000, 2016), o requerimento de proteína é
baseado no crescimento animal, no qual doses crescentes de proteína foram fornecidas a
grupos de animais e aquele em que não houve ganho ou perda de peso, foi determinado o
requerimento de PM de mantença (PMm), podendo ser alcançado pela equação abaixo:

PMm = 3,8 x PV0,75

Onde, PMm = exigência de proteína metabolizável de mantença (g/d) e PV0,75 = peso


vivo metabólico (kg).

Exigência de proteína para produção


O sistema desenvolvido para estimar a exigência de proteína para bovinos em
crescimento assume que os animais têm similar composição corporal e no mesmo
estado fisiológico. Baseado nisso, a nova versão do NRC (2016) ajusta o peso vivo (PV) e
passa a considerar o peso de corpo vazio (PCVZ) para melhorar a equação de predição.

33
UNIDADE II │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE

O requerimento de proteína para animais em crescimento e terminação é dependente


do conteúdo de matéria seca livre de gordura no ganho de peso. Desta forma, sua
determinação é dependente da composição corporal dos animais, variando com o
peso, taxa de ganho de peso, raça, sexo, efeitos dietéticos e manejo nutricional (FOX;
BLACK, 1984).

Em decorrência dessa variação no conteúdo do ganho, observa-se que os requerimentos


líquidos de proteína para ganho (PLg) são maiores em bovinos inteiros do que em
castrados e em animais de maturidade tardia do que animais mais precoces (GEAY,
1984), uma vez que machos inteiros depositam mais tecido magro no corpo do que
machos castrados (VANDERWERT I., 1985), que por sua vez, depositam mais do que
fêmeas de mesma idade (BERG; BUTTERFIELD, 1976).

Desta forma, o NRC (2016) sugere a equação abaixo para estimar a exigência de PLg:

PLg = PCVZ x {268 – [29,4 x (ER/PCVZ)]}

Onde, PLg = exigência de proteína líquida de ganho (g/d); ER = energia retida (Mcal/d);
PCVZ = peso de corpo vazio (kg).

O Br Corte (VALADARES FILHO et al., 2010) apresentou uma proposta para estimar
a exigência de PLg para animais criados no Brasil, os modelos obtidos para animais
Nelore e Cruzados foram:

Nelore
Machos inteiros PLg = 238,79 x GPCVZ – 15,68 x ER
Machos castrados e fêmeas PLg = 163,73 x GPCVZ – 4,65 x ER

Cruzados

Machos inteiros PLg = 219,43 x GPCVZ – 15,01 x ER


Machos castrados e fêmeas PLg = 188,71 x GPCVZ – 7,67 x ER

Onde, PLg = exigência de proteína líquida de ganho (g/d); ER = energia retida (Mcal/d);
GPCVZ = ganho de peso de corpo vazio (kg).

É possível observar que as equações acima mostram maiores coeficientes do GPCVZ


para animais inteiros em relação aos castrados e fêmeas, indicando que a deposição de
massa magra é maior em animais inteiros, possivelmente pelo efeito da testosterona,
tornando este animal mais tardio em relação aos demais e, por isso, com uma exigência
de PLg maior. É possível observar também uma diferença numérica entre raças, nas
quais os animais cruzados possuem um menor requerimento de PLg, visto que estes são
mais precoces em relação aos Nelores.

34
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE II

Uma vez entendido como se dá a eficiência de utilização da proteína metabolizável para


ganho (k), pode-se converter a exigência líquida de proteína em exigência de proteína
metabolizável, que englobam a proteína não degradada no rúmen digestível e a proteína
microbiana verdadeira digestível, ou seja, a quantidade de aminoácidos disponíveis
para absorção no intestino delgado.

O valor biológico da proteína microbiana é alto, em função da elevada qualidade da


mistura de aminoácidos dessa fonte proteica, fazendo com que a proporção de proteína
microbiana na proteína total que chega ao intestino possa alterar a eficiência de
utilização da proteína metabolizável (NRC, 1996).

Com o objetivo de estimar a k, o NRC (2000) adotou a equação desenvolvida por Ainslie
et al. (1993) para animais de 150 a 300 kg:

k = 83,4 – (0,114 x PCVZeq)

Onde, k = eficiência de utilização da proteína metabolizável para ganho; PCVZ = peso


de corpo vazio equivalente (kg).

No entanto, para animais de peso superior, usa-se o valor constante de 49,2% de


eficiência de utilização da PMg, pois com o aumento do peso e a proximidade do peso
adulto, o requerimento do animal diminui e com isso a k é menor.

35
Capítulo 3
Minerais

Pelo menos 16 minerais são requeridos por bovinos de corte, podendo ser divididos
em duas categorias gerais: macro e microminerais. Os macrominerais são minerais
dietéticos exigidos em gramas pelos animais e incluem: cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio
(Mg), sódio (Na), potássio (K), enxofre (S) e cloro (Cl). Esses minerais são componentes
estruturais de ossos e outros tecidos e atuam como importantes constituintes dos
fluidos corporais. São responsáveis pela manutenção do balanço ácido-base, pressão
osmótica, potencial elétrico de membranas e transmissões nervosas. Microminerais
são requeridos em quantidades menores, em miligrama ou micrograma, e fazem parte
deste grupo: ferro (Fe), zinco (Zn), cobre (Cu), cromo (Cr), molibdênio (Mo), selênio
(S), iodo (I), manganês (Mn) e cobalto (Co). Os microminerais estão presentes nos
tecidos corporais em concentrações muito baixas e atuam como cofatores enzimáticos
ou como componentes hormonais do sistema endócrino.

Alguns minerais são encontrados em abundância nos alimentos destinados à


alimentação animal e outros aparecem em quantidades muito pequenas ou nem estão
presentes, por isso é necessário que a suplementação seja feita adequadamente para
melhorar a saúde e o desempenho animal. Os requerimentos e tolerância máxima de
minerais para bovinos de corte estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Requerimentos e tolerância máxima de minerais (com base no teor de matéria seca da dieta).

Requerimentoa
Mineral Unidade Crescimento e Terminação Gestação Lactação Tolerância máxima
Cálcio % - - - 0,02 x CMSb
Cloro % - - - -
Cromo mg/kg - - - 1000,00
Cobalto mg/kg 0,15 0,15 0,15 25,00
Cobre mg/kg 10,00 10,00 10,00 40,00
Iodo mg/kg 0,50 0,50 0,50 50,00
Ferro mg/kg 50,00 50,00 50,00 500,00
Magnésio % 0,10 0,12 0,20 0,40
Manganês mg/kg 20,00 40,00 40,00 1000,00
Molibdênio mg/kg - - - 5,00
Fósforo % - - - 0,007 x CMS
Potássio % 0,60 0,60 0,70 2,00
Selênio mg/kg 0,10 0,10 0,10 5,00

36
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE II

Sódio % 0,06 - 0,08 0,06 - 0,08 0,10 -


Enxofre % 0,15 0,15 0,15 0,30 - 0,50
Zinco mg/kg 30,00 30,00 30,00 500,00

a
Valores não expressos na tabela podem ser encontrados no texto.
b
Consumo de matéria seca.

Fonte: NRC, 2016 (Adaptado).

Macrominerais

Cálcio (Ca)

É o mineral mais abundante no corpo animal, aproximadamente 98% do cálcio


corporal está presente nos ossos e dentes e os 2% restantes encontra-se distribuídos
em fluidos extracelulares e tecidos moles, envolvidos com funções como coagulação
sanguínea, permeabilidade de membrana, transmissão de impulsos nervosos, secreção
de hormônios e estabilização de enzimas (NRC, 2016).

Os requerimentos de Ca foram calculados a partir da soma das exigências para


mantença, crescimento, gestação e lactação. O requerimento de Ca para mantença é
igual a 15,4 mg de Ca/kg de PV. A exigência de Ca necessária para o ganho de peso é
de 7,1 g de CA/100 g de proteína adquirida. Para a produção de leite, foi observado um
requerimento de 1,23 g Ca/kg de leite produzido, já para a fêmea gestante a exigência é
de 13,7 g de Ca/kg de peso do feto no terço final da gestação. A absorção verdadeira de
Ca dietético ocorre no duodeno e jejuno, e aproximadamente somente 50% de todo o
Ca ingerido na alimentação será absorvido pelo animal. Vitamina D é necessária para
ativar a absorção de Ca e o excesso de gordura na dieta pode comprometer a absorção,
devido à formação de sabão.

O esqueleto estoca uma grande reserva de Ca que pode ser utilizada para manter níveis
sanguíneos normais em momentos críticos. A deficiência de Ca em animais jovens e
em crescimento previne a formação óssea normal, causando raquitismo e retardo do
crescimento e desenvolvimento. Já o excesso de Ca é bem tolerado pelos ruminantes,
mas pode limitar o consumo, prejudicando o desempenho de animais em produção.

Fósforo (P)

Normalmente é estudado em conjunto com o Ca, pois atuam juntos na formação de


ossos e dentes. Mineral de extrema importância, 80% do P corporal está presente nos
ossos e dentes e o restante se encontra distribuído nos tecidos moles, atuando como

37
UNIDADE II │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE

componentes de DNA e RNA, transportador de energia como componente de ATP,


ADP e AMP, manutenção ácido-base e no balanço osmótico. Estudos têm mostrado que
relação Ca:P variando de 1:1 até 7:1 têm obtido resultados semelhantes. As bactérias
ruminais, responsáveis pela maior parte da degradação de alimentos de um ruminante,
também requerem P em seu metabolismo celular para crescerem e se desenvolverem.

O requerimento de P para a mantença é de 16 mg de P/kg de PV. Para o ganho de peso,


a exigência calculada é de 3,9 g de P/100 g de proteína adquirida. Durante a lactação, o
requerimento é de 0,95 g de P/kg de leite produzido e durante a gestação foi estimado
uma exigência de 7,6 g de P/kg de peso ganhado pelo feto no terço final da gestação.

A deficiência de P tem sido descrita como a mais prevalente em animais de pastejo


(MCDOWELL, 2003), devido à carência desse mineral no solo e, consequentemente,
nas pastagens. A falta de P deprime o consumo alimentar e com isso o ganho de peso,
produção de leite e a reprodução são deprimidos. A reserva de P no esqueleto pode ser
utilizada para repor a concentração sanguínea no sangue em animais maduros, mas
devem ser reposta posteriormente por meio da alimentação. A toxidade causada pelo
excesso de P é raro em bovinos, pois além de ser um suplemento caro e não ser incluído
na dieta em altas concentrações, o excesso é rapidamente eliminado pela urina. Em
alguns casos de intoxicação por P, a causa da desordem está associada com a falta de Ca
na dieta. Ao contrário do Ca, o P é encontrado em grande quantidade nos grãos e pouco
nas forragens.

Magnésio (Mg)

Mais de 300 enzimas são ativadas pelo Mg. O Mg está presente em processos complexos
como glicólise, transporte entre membranas, formação do AMP cíclico e transmissão
do código genético. Do total de Mg no corpo animal 69% estão nos ossos, 15% nos
músculos, 15% em outros tecidos moles e 1% em fluido extracelulares. O requerimento
de Mg para mantença é de 3 mg de Mg/kg de PV, para o ganho de peso é de 0,45 g de
Mg/kg de peso ganho e para vacas em lactação a exigência de Mg foi estimada em 0,12
g de Mg/kg de leite produzido e quando prenhes a exigência é de 0,12, 0,21 e 0,33 g de
Mg/dia para o início, meio e fim da lactação.

O Mg é encontrado em maior quantidade nos concentrados que nas forragens. A


absorção de Mg pode ser afetada pela nutrição, como dieta com elevado teor de K pode
diminuir a absorção de Mg, alta concentração de nitrogênio, de ácidos graxos de cadeia
longa e de Ca e P também podem reduzir a absorção de Mg.

38
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE II

Os sinais clínicos da deficiência de Mg são similares ao do tétano, como anorexia,


hiperemia, salivação e calcificação de tecidos moles. Em pastos adubados com N e K estão
associados com o aumento da hipomagnesemia, pois mesmo havendo concentração de
Mg no pasto ele fica indisponível para absorção pelo animal. A intoxicação por excesso
de Mg não é um problema na bovinocultura de corte (NRC, 2016).

Potássio (K)

É o terceiro mineral mais abundante no corpo animal e maior cátion no fluido


intracelular, sendo por isso importante para o balanço ácido-base, pressão osmótica,
contração muscular, transmissão nervosa e reações enzimáticas.

Existem algumas suposições quanto ao requerimento de K, mas não está bem


determinado ainda. O NRC (2016) recomenda 0,6% de K na matéria seca (MS) para
animais em confinamento. Deficiência de K pode resultar em redução do consumo e
ganho de peso. Forragens são excelentes fontes de K, já os grãos são pobres.

Sódio (Na) e Cloro (Cl)

Ambos estão envolvidos na manutenção da pressão osmótica, controlando o balanço de


água e regulando o balanço ácido-base. O Na está presente nas contrações musculares,
transmissão nervosa e transporte de glicose e aminoácidos. O Cl está presente na
formação do suco gástrico e ativação da amilase. O requerimento de Na, para bovinos
de corte, não lactantes está entre 0,06 e 0,08% da MS da dieta e, para vacas em
lactação, é de 0,1% da MS. O cálculo para estimar o requerimento de Cl ainda não está
definido, mas não se conhece casos de deficiência desse mineral em condições práticas.
Normalmente, a suplementação de Na e Cl é feita pelo fornecimento de sal branco
(NaCl) para consumo ad libitum, pois o controle do consumo é realizado pelo próprio
efeito hidroscópico do sal, que limita o consumo pelo aumento do volume ruminal com
a ingestão de água.

A deficiência desse mineral é rara, mas os sinais clínicos envolvem redução do consumo,
do ganho de peso e da produção de leite. O excesso de NaCl não apresenta efeitos tóxicos
em bovinos de corte, mesmo quando ingerido grandes quantidades, no entanto, se o
sal estiver presente na água de beber, poderá causar efeitos deletérios como anorexia,
perda de peso e de consumo e colapso muscular (NRC, 2016).

39
UNIDADE II │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE

Enxofre (S)

É um componente dos aminoácidos metionina, cisteina e cistina e das vitaminas


tiamina e biotina, assim como de outros compostos orgânicos. Além dos animais, os
microrganismos ruminais exigem o S para o seu crescimento e metabolismo celular.
O requerimento de S para bovinos de corte não está bem definido ainda, mas a
recomendação do NRC (2016) é de 0,15% de S na MS. Para animais alimentados com
sorgo, a exigência de S pode ser maior, pois o S é usado para desintoxicar o glicosídeo
cianogênio presente nesta planta.

A carência de S pode causa anorexia, perda de peso, salivação e até morte. A perda
de peso ocorre devido à redução da digestibilidade ruminal, visto que a deficiência
de S prejudica o crescimento dos microrganismos ruminais, que os responsáveis pela
degradação de alimento no rúmen. Para animais que recebem nitrogênio não proteico
(ureia) como fonte de proteína, a suplementação com S é recomendada, visto que
a proteína verdadeira é fonte de S para as bactérias ruminais e na ausência delas a
suplementação deve ser feita. Ruminantes são mais susceptíveis que monogástricos
para intoxicação por S. Os sinais clínicos apresentados pelos animais incluem diarreia,
contração muscular, dispneia, podendo até levar a morte.

Microminerais

Cromo (Cr)

É considerado um mineral essencial para mamíferos e tem influência sobre os


metabolismos de carboidrato, lipídeo e de proteína. Recentemente, a suplementação
com Cr mostrou eficiência em reduzir os efeitos do estresse térmico em vacas de
leite, por meio de um mecanismo anti-inflamatório. Devido à variação das respostas
apresentadas pela suplementação com o Cr, ainda não existe uma recomendação
específica para atender o requerimento animal. Contudo, a concentração máxima
recomendada pelo NRC (1980) é de 1.000 mg de Cr/ kg de MS da dieta.

Cobalto (Co)

É um componente da vitamina B12 (cobalamina). Sua suplementação é importante, pois


as bactérias ruminais utilizam o Co para sintetizarem a vitamina B12. Bovinos jovens e
com rápido ganho de peso são mais sensíveis à deficiência de Co. A recomendação do
NRC (2016) para atender ao requerimento de Co é de 0,15 mg de Co/kg de MS.

40
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE II

Falta de apetite, limitação de crescimento e perda de peso são sinais de deficiência leve
de Co. Em casos mais severos, a perda de peso é acentuada e anemia. A falta de Co
no rúmen impede os microrganismos ruminais de converter succinato em propionato,
comprometendo o suprimento energético do ruminante.

Cobre (Cu)

É um componente essencial de enzimas importantes. O requerimento de Cu pode variar


de acordo com a concentração de molibdênio e enxofre na dieta, no qual o excesso desses
dois últimos minerais pode comprometer a absorção de Cu. Contudo, a recomendação
de Cu para bovinos de corte é de 10 mg de Cu/kg de MS da dieta.

Sinais de carência de Cu incluem anemia, redução do crescimento, despigmentação de


pelos, enfraquecimento dos ossos, diarreia, dentre outros. Já o excesso de Cu pode ser
suportado pelos ruminantes por algum tempo, pois grandes quantidades de Cu podem
ser acumuladas no fígado, mas com a liberação desse mineral na circulação sanguínea
problemas como hemólise, hemoglobinúria, icterícia, necrose e morte podem ocorrer.

Iodo (I)

É um essencial componente dos hormônios T4 e T3 da tireoide, que regulam a taxa


do metabolismo energético do corpo. Cerca de 80% do I dietético é transformado
em iodeto no rúmen e, quando absorvido, é utilizado pela tireoide para sintetizar os
hormônios tireoidianos e o excesso é excretado pela urina. O requerimento de I ainda
não está completamente estabelecido, mas o NRC (2016) recomenda 0,50 mg de I/kg
de MS da dieta.

O primeiro sinal de carência de I é aumento da tireoide. Recém-nascidos podem nascer


com falta de pelos, fracos ou mortos. Em animais adultos, os efeitos da deficiência de I
na dieta são problemas reprodutivos como ciclagem irregular, baixa taxa de concepção,
retenção de placenta, diminuição da libido e da qualidade do sêmen em machos.
Concentrações mais altas que o limite tolerável (50 mg/kg MS) podem intoxicar o
animal, reduzindo consumo e ganho de peso.

Ferro (Fe)

Componente de proteínas envolvidas com o transporte e a utilização de oxigênio,


como hemoglobina e mioglobina. O requerimento de Fe para bovinos de corte é de,
aproximadamente, 50 mg de Fe/kg de MS. A maioria dos alimentos destinados à
alimentação animal apresentam concentrações adequadas de Fe e, por isso, casos de

41
UNIDADE II │ EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE

deficiência de Fe estão associados com infestação parasitária ou doenças que causam a


destruição de hemoglobinas. No entanto, os sinais clínicos de carência de Fe incluem
anemia, letargia, diminuição do apetite e perda de peso. Intoxicação por excesso de
Fe causa diarreia, acidose metabólica, hipotermia e perda de peso. Em casos em que a
água de beber for rica em Fe, deve-se aumentar a concentração de Cu na dieta, pois o
excesso de Fe pode comprometer a absorção de Cu.

Manganês (Mn)

É componente de várias enzimas de grande importância. Mineral de grande importância


para o desenvolvimento fetal e produção de leite, visto que o requerimento de Mn para
fêmeas gestantes ou lactantes é de 40 mg de Mn/kg MS e para machos em crescimento
e terminação é de 40 mg de Mn/kg MS. A deficiência de Mn em animais jovens pode
causar malformação óssea, em fêmeas pode causar baixo desempenho reprodutivo,
baixa taxa de concepção e aborto.

Molibdênio (Mo)

Atua como componente de enzimas. É um mineral pouco estudado e por isso os


requerimentos de Mo ainda não estão estabelecidos. Não existem evidências de
deficiência de Mo em condições práticas, no entanto, o Mo aumenta a eficiência
microbiana no rúmen. A dose máxima tolerável é de 5 mg de Mo/kg de MS.

Selênio (Se)

Está presente na enzima glutationa peroxidase como componente, que por sua vez tem
a importante função de prevenir a oxidação degenerativa de tecidos corporais. Baseado
em estudos de pesquisa, o NRC (2016) estima que o requerimento de Se para bovinos
de corte é de 0,1 mg de Se/kg de MS da dieta. Vitamina E e Se atuam em conjunto e em
dietas com baixo teor de vitamina E, o requerimento de Se será maior para prevenir
certas anormalidades como distrofia muscular. A deficiência de Se em ruminantes
jovens resulta em degeneração e necrose da musculatura esquelética e cardíaca. Outros
sinais da carência de Se incluem rigidez muscular, laminite e falência cardíaca. O excesso
de Se em pastagens e outros alimentos destinados à alimentação de ruminantes pode
provocar intoxicação, por isso, a prevenção deve ser realizada. Corrigir os minerais do
solo, misturar alimentos ricos em Se com alimentos pobres para reduzir a concentração
desse mineral são medidas recomendadas.

42
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE II

Zinco

Apresenta uma função essencial como componente de enzimas. Participa também do


desenvolvimento do sistema imune. O NRC (2016) recomenda que o requerimento de
Zn para bovinos de corte seja de 30 mg de Zn/kg de MS da dieta, essa concentração
satisfaz a exigência em todas as situações da vida do animal. Os bovinos toleram muito
bem o excesso de Zn, visto que o máximo tolerável é muito maior que o requerimento. A
deficiência de Zn pode comprometer o consumo e o ganho de peso, excessiva salivação,
lesões nos pés, pernas, pescoço e cabeça.

43
MANEJO E
SUPLEMENTAÇÃO
ESTRATÉGICA Unidade iII
DE MATRIZES E
BEZERROS NA FASE
DE CRIA
A bovinocultura de corte brasileira tem passado por extensas transformações nas
últimas décadas devido à competição com outras fontes de proteína animal, tais como
as aves e os suínos (tabela 2), bem como à adequação da cadeia produtiva às exigências
do mercado interno e externo e também em função de problemas de ordem sanitária que
envolve nosso rebanho. Com a mudança do cenário extrativista e altamente lucrativo,
característico do setor pecuário, até meados dos anos 1980, para um cenário competitivo
e de rentabilidade baixa, emq ue as leis ambientais têm aumentado a pressão pelo
aumento da produtividade sem aumentar a área de pastagens, tem forçado ao produtor
rural a buscar por tecnologias que trazem intensificação para dentro da fazenda. Com
o aumento do preço da carne e antecipação da idade de abate, a busca pela reposição
(bezerro ou boi magro) cresceu e com isso a fase de cria passou a ser mais valorizada.

Tabela 2. Produção de carne bovina, suína e de frango (milhões de t) produzidas no Brasil em 2000 e 2010 e

evolução da produção (%).

Tipo de Carne 2000 2010 Evolução (%)


Bovina 6,52 9,15 40
Suína 2,01 3,17 58
Frango 5,98 11,42 91
Fonte: USDA.

44
Capítulo 1
Caracterização da fase de cria

A fase de cria na bovinocultura de corte corresponde não só aos bezerros e bezerras


criados na propriedade, mas também às matrizes e os machos reprodutores. Esta fase
pode ser caracterizada pela figura 2, que mostra a estratificação de uma fazenda de
cria, recria e engorda. O objetivo maior de quem se dedica à cria de bovinos deve ser
o de investir recursos financeiros suficientes para aplicar tecnologias que garantam o
desmame de um bezerro pesado e saudável por ano, de cada matriz do rebanho. Para
isso, segundo Oliveira et al. (2006), alguns pontos devem ser respeitados, como:

1. Escolha dos grupos genéticos que farão parte do planejamento do


rebanho.

2. No caso de monta natural, deve-se fazer o manejo adequado,


principalmente do ponto de vista nutricional e bioclimatológico dos
touros.

3. Manejo nutricional das matrizes durante todo o período reprodutivo,


para evitar baixa eficiência do sistema.

4. Manejo das pastagens e o planejamento alimentar das diferentes


categorias envolvidas.

5. Respeitar o período de aleitamento e a forma correta do desmame.

6. Utilização de métodos de suplementação para os bezerros, tais como o


uso do cocho privativo (“creep feeding”) ou a pasto junto da mãe.

7. Controle zootécnico do sistema como um todo para administrar e


controlar as variáveis inerentes ao processo.

45
UNIDADE III │ MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA

Figura 2. Fluxograma da cria, recria e engorda de bovinos de corte.

Fonte: Oliveira (2006).

O sucesso da atividade de cria depende da aplicação correta de práticas de manejo


nutricional e reprodutivo sobre as matrizes. O passo inícial para aumentar a eficiência
do sistema de cria de bovinos de corte é a adoção de um sistema eficaz de estação de
monta e de parição, mas para isso é necessário uma organização administrativa, com o
controle e identificação do rebanho, e metas para a fazenda.

Identificação e índices zootécnicos


A identificação do rebanho facilita o manejo da fazenda como um todo, mas principalmente
o manejo reprodutivo, pois permite que o técnico identifique os problemas e crie
soluções rápidas que podem contribuir para a melhoria dos índices reprodutivos.
Dessa forma, a marcação individual dos animais e o registro das principais ocorrências
e práticas de manejo utilizadas, como data e peso ao nascimento, controle sanitário
do bezerro, evolução do peso e peso ao desmame, contribuem significativamente na
avaliação do desempenho individual e do rebanho. Com a formação de um banco de
dados da fazenda, o técnico e pecuaristas são capazes de criar um padrão que pode
ser comparado com números de outras propriedades, e dessa maneira, são capazes de
detectar problemas, apontar virtudes e fazer progressos.

46
MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

Normalmente, as propriedades bem administradas mantêm registros zootécnicos,


como datas de nascimento, cobertura, desmama, controle de ganho de peso, controle
do escore corporal das matrizes, problemas sanitários, dentre outros.

O índice zootécnico que interfere no sistema de forma geral e o primeiro que deve ser
avaliado na fase de cria é o intervalo de partos (IP). Para matrizes de corte, o ideal
é que o intervalo médio de partos tivesse a duração de doze meses, com a produção
de um bezerro por vaca/ano. Nas condições normais da bovinocultura de corte no
Brasil, esse intervalo é sempre mais longo do que o desejável, comprometendo, assim,
o desempenho geral do rebanho.

Estação de monta
A estação de monta é uma ferramenta zootécnica que tem o objetivo de fornecer
condições especiais de alimentação, manejo e organização de mão de obra qualificada,
para que as matrizes e suas futuras crias tenham o máximo desempenho. O recomendado
é sincronizar o período de maior requerimento nutricional das vacas, que é o período
de lactação, com a época do ano de maior disponibilidade de forragens, ou seja, a
época das chuvas. Com isto pode-se conseguir melhores índices reprodutivos, pois é,
principalmente, na fase de lactação que deve haver fornecimento de nutrientes de forma
suficiente para não comprometer a nutrição da cria e nem os resultados reprodutivos
da próxima estação de monta da matriz. O objetivo a ser alcançado é ter pelo menos
80% de cios ocorrendo nos primeiros 50 dias da estação. Quanto mais rápido ocorrer
o cio e a fertilização, mais rapidamente será a estação de nascimento, o que melhora
os índices reprodutivos da matriz, e ainda, animais nascidos no início se desenvolvem
melhor que os nascidos mais tarde, como pode ser observado na tabela 3.

Tabela 3. Desempenho de vacas e bezerros de acordo com a época de parto.

Época de parto
Características
Mai - Jul Jul - Set Set - Nov
Peso ao parto (kg) 374 375 396
Peso na monta (kg) 327 354 397
Taxa de concepção (%) 61,5 83,9 87
Peso do bezerro ao nascer (kg) 28,8 30,3 32,9
Peso do bezerro aos 5 meses (kg) 135 168 180
Fonte: Beefpoint (adaptado).

Depois de implantado o sistema de estação de monta, o manejo dentro da propriedade


fica facilitado já que se padronizam os períodos correspondentes a cada prática

47
UNIDADE III │ MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA

de manejo, além de permitir melhor administração de rotinas como aplicação de


vermífugos, de vacinas, castração, descorna, entre outros. Com a estação de monta
em funcionamento, as categorias do rebanho seguem um fluxo mais organizado, o
que facilita a divisão de pastagens e o trabalho dos funcionários responsáveis por
cada categoria.

Após a estação de monta, haverá a confirmação ou não da prenhes e neste momento é


decidido se a matriz vazia (não gestante) será mantida na fazenda ou descartada, pois se
mantida, este animal ficará vazio por um ano com custos de manutenção e sem produzir
nada. O descarte de fêmeas de baixa eficiência reprodutiva é uma forma de realizar
o melhoramento do rebanho, visto que somente as vacas com habilidade reprodutiva
irão produzir descendentes. Outra vantagem da estação de monta é a homogeneidade
dos lotes de bezerros, facilitando a utilização ou comercialização futura dos animais.
Outro aspecto relevante é que, com a concentração dos partos em períodos menores,
a observação e os cuidados com os recém-nascidos são sistematizados, o que facilita o
manejo e ajuda a diminuir a mortalidade de neonatos.

Época da estação de monta


A época da estação de monta e consequentemente da estação de parição é determinada
em razão do melhor período para nascimento dos bezerros e para atender a maior
exigência nutricional das matrizes. A escolha da época da estação de monta deve levar
em consideração a disponibilidade de alimento local e as condições do sistema de
produção. Portanto, é uma definição própria, não havendo uma época que possa se
considerada única e padrão. Normalmente, o que determina a época da estação são as
condições edafoclimáticas de cada região para a produção de forragens. Desta forma,
tendo como exemplo um esquema reprodutivo, válido para as regiões Sudeste, Centro-
Oeste e Norte do Brasil, onde o período chuvoso (alta produção de forragens) vai de
setembro a abril/maio, pode ser observado na Figura 3.

Figura 3. Esquema reprodutivo de vacas de corte, recomendado para as regiões Sudeste,

Centro-Oeste e Norte do Brasil.

Gestação

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Monta Desmama Parição
Fonte: Próprio autor (2017).

Na figura, a fase da lactação está demarcada pela sombra cinza (Out – Abr).

48
MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

De acordo com a figura 3, na estação de monta as matrizes estarão com uma boa condição
corporal, devido ao período de chuvas e boas pastagens, permitindo a manifestação do
cio e maior chance de concepção. Da mesma forma, o parto irá acontecer no início do
período chuvoso, coincidindo com a maior disponibilidade de forragem, dando uma
boa condição nutricional para a matriz parir e iniciar a lactação. As crias também serão
favorecidas, pelo maior aporte de leite e pela disponibilidade de pasto, auxiliando sua
transição para o estado de ruminante funcional. Com a desmama ocorrendo no início da
seca, é ideal para a matriz reduzir seu requerimento energético parando o aleitamento,
para manter sua condição corporal nesse período de restrição alimentar.

Não passar a seca em lactação é fator primordial para a economicidade do processo,


pois a alimentação de matrizes comerciais no cocho dificilmente apresenta vantagem
econômica, desmamar bezerros no início da seca exige uma alimentação suplementar
para as crias, no entanto, os bezerros demandam menor quantidade diária de energia
por quilo de peso quando comparado com um animal adulto, viabilizando o retorno
econômico. Existem criadores que não seguem esse esquema, pois alegam que como as
vacas produzem muito leite durante o verão causam diarreia nos bezerros, o que de fato
pode acontecer e então preferem o parto na seca. Porém, é valido salientar que desta
forma a suplementação das matrizes na seca será necessária, o que encarece o processo,
mas caso a suplementação não for realizada ocorrerá o comprometimento reprodutivo
dessa fêmea na próxima estação.

Preparo das matrizes para a estação de monta

As fêmeas destinadas à reprodução devem estar livres de doenças infectocontagiosas


e outros problemas sanitários, assim como em boa condição corporal, para melhor
desempenho reprodutivo e qualidade da progênie. A condição corporal é um parâmetro
de avaliação mais recomendado que o peso corporal para o manejo da vaca de cria, pois
considera o acúmulo de reserva corporal, o qual poderá ser mobilizado pelo animal
durante uma fase de maior requerimento energético, como o início da lactação, em que
o balanço energético da vaca está negativo. A condição corporal ideal para a estação de
monta é de 5 para matrizes nelores ou aneloradas e 6 para as taurinas, numa escala de
1 a 9, de acordo com a quadro 1.

Quadro 1. Escore de condição corporal em gado de corte.

Escore de
condição Características
corporal (ECC)
Debilitada: a vaca está extremamente magra, sem nenhuma gordura detectável sobre os processos vertebrais espinhosos e
1
transversos, sobre os ossos da bacia e costelas. A inserção da cauda e as costelas estão bastante proeminentes.

49
UNIDADE III │ MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA

Pobre: muito magra, mas a inserção da cauda e as costelas estão menos projetadas. Os processos espinhosos continuam, mas já
2
se nota alguma cobertura de tecido sobre a coluna vertebral.
Magra: as costelas ainda estão individualmente perceptíveis, mas não tão agudas ao toque. Existe gordura palpável sobre a espinha
3
e sobre a inserção da cauda e alguma cobertura sobre os ossos da bacia.
Limite: as costelas não são mais tão óbvias. Os processos espinhosos podem ser identificados com um toque. Existe um pouco de
4
gordura sobre as costelas, processos transversos e ossos da bacia.
Moderada: possui boa aparência geral. À palpação a gordura sobre as costelas parece esponjosa e as áreas nos dois lados da
5
inserção da cauda apresentam gordura palpável.
Moderada boa: é preciso aplicar pressão firme sobre a espinha para sentir os processos espinhosos. Há bastante gordura palpável
6
sobre as costelas e ao redor da inserção da cauda.
Boa: aparência gorda e claramente carrega uma grande quantidade de gordura. Sobre as costelas sente-se uma cobertura
7
esponjosa evidente e também ao redor da inserção da cauda. Já se nota gordura ao redor da vulva e na virilha.
Gorda: é quase impossível palpar os processos espinhosos. A vaca possui grandes depósitos de gordura sobre as costelas na
8
inserção de cauda e abaixo da vulva.
Extremamente gorda: a vaca está evidentemente obesa com a aparência de um bloco. A estrutura óssea não está muito aparente
9
e é difícil de senti-la. A mobilidade do animal está comprometida pelo excesso de gordura.
Fonte: adapstado de Dias (1991).

O mais comum em fazendas brasileiras são vacas e novilhas com escore corporal abaixo
do ideal, principalmente as que se enquadram no escore 3 (magra), no pré-parto. Esses
animais necessitam ganhar peso para apresentar boa condição corporal ao parto. Parte
do aumento de peso, que normalmente se observa no terço final da gestação e que pode
atingir de até 50 kg, é resultado do crescimento do feto, das membranas e do acúmulo
de líquidos fetais, bem como do aumento do próprio útero. Portanto, o animal pode ter
apresentado aumento de peso sem ter melhorado a sua condição corporal ou mesmo
pode ter tido perda de ECC, o que não é interessante, considerando que o desejado é
que as vacas, principalmente as de primeira cria, voltem a ciclar o mais rápido possível
após o parto e para isso a nutrição de qualidade é de extrema importância para ajudar
este animal a aumentar seu ECC mesmo durante a gestação.

O tempo para a matriz apresentar um novo cio fértil após o parto é fundamental
para obter um intervalo entre partos dentro da faixa esperada de um ano. A condição
corporal ao parto exerce grande influência sobre este parâmetro. O pesquisador norte-
americano Wiltbank (1994) demonstrou que 91% das vacas que pariram em condição
corporal boa (5-7) apresentaram o primeiro cio em até dois meses após o parto (tabela
4). Contudo, nem sempre, em condições brasileiras a campo, este primeiro cio pode ser
aproveitado e deve-se salientar que nesta situação dificilmente obtêm-se frequências
tão altas de animais ciclando em tão curto intervalo de tempo. Contudo, mesmo em
condições tropicais e animais zebuínos o produtor ou técnico que se basear neste estudo
tem ainda mais 30 dias para que sua matriz, que pariu em condição boa, venha a ciclar
e ser fertilizada, o que o fará atingir o objetivo desejado de um parto por ano.

50
MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

Tabela 5. Manifestação de cio aos 40, 50 e 60 dias após o parto, em relação à condição corporal ao parto.

Manifestação de cio (%) após o parto


Condição corporal ao parto
40 dias 50 dias 60 dias
Magra 19 34 46
Moderada 21 45 61
Boa 31 42 91

Fonte: adaptado de Witbank (1994).

Da mesma forma que a subalimentação pode reduzir os índices reprodutivos, a


superalimentação também pode. Fêmeas com baixo ECC (vaca magra) podem apresentar
falhas em ciclar e conceber, elevado intervalo entre partos e crias fracas ao nascimento,
por outro lado, vacas com alto ECC (vaca gorda) têm custo de manutenção mais elevado,
têm maior chance de ocorrência de parto distócico, dificuldade de locomoção e falhas
em ciclar e conceber.

Sistemas de acasalamento

Existem basicamente três sistemas de acasalamento em pecuária de corte, monta em


campo, monta controlada e a inseminação artificial. Da mesma forma que um bom
touro espalha seus dotes genéticos positivos para sua prole, um touro ruim pode
comprometer toda a evolução genética planejada para a fazenda. Portanto, a escolha
do touro ou sêmen deve ser feita minuciosamente, utilizando animais com potencial
comprovadamente superior, adaptado às condições climáticas da região e com teste
andrológico recente.

O sistema de acasalamento mais empregado na pecuária de corte brasileira é a monta


em campo ou monta natural. Neste, os touros permanecem junto do rebanho de fêmeas
durante toda estação de monta ou durante o ano todo. Este sistema dispensa o trabalho
diário de identificação de animais em cio, bem como a locomoção dos reprodutores para
locais reservados, mas dificulta a identificação de paternidade e posterior comparação
de desempenho reprodutivo e produtivo de diferentes touros. Uma forma, laboriosa, de
contornar essa situação seria formar lotes de vacas, de 25 a 35, em piquetes separados
com seus respectivos touros, facilitando a identificação de paternidade, manejo das
crias, controle alimentar dos animais. Em relação ao número de vacas por touro é
importante também levar em conta as dimensões das pastagens, relevo, qualidade dos
pastos, disponibilidade de água e condição corporal das fêmeas. A clássica relação 1
touro para 25/30 vacas pode ser suficiente, ou não, quem vai determinar essa relação
será o responsável pela observação contínua dos lotes em estação de monta.

51
UNIDADE III │ MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA

A monta controlada é aquele sistema em que o touro é mantido separado das fêmeas
durante a estação de monta. Quando se detecta o cio em alguma fêmea, esta é conduzida
junto ao touro onde permanece até a cobertura. Neste sistema de acasalamento, é possível
a identificação da paternidade, o desgaste dos touros é menor e em consequência disso
a relação touro por vaca pode ser maior. Entretanto, aumenta-se o trabalho em separar
e conduzir os animais para a monta.

A inseminação artificial é aquela em que as vacas são fecundadas via sêmen conservado.
Em propriedades de pecuária extensiva este sistema tem sido pouco aceito, por ser
mais tecnificado, mais trabalhoso e exigir maior infraestrutura na propriedade. A
utilização de rufiões auxilia na identificação do cio, mas não se deve deixar de levar em
conta a identificação visual dos animais em cio. A principal vantagem deste método
é a possibilidade de utilização do sêmen de reprodutores de alto potencial genético.
Com a expansão dos programas de cruzamento industrial, para a produção do novilho
precoce e a busca por melhoria no padrão genético do gado zebuíno, a procura pela
inseminação artificial aumentou consideravelmente. No entanto, os índices de prenhes,
por dose de sêmen ainda são baixos. Esse manejo implica na existência de instalações
apropriadas para apartação e contenção. E ainda existem dificuldades adicionais de
apartar a vaca e bezerro ao pé do restante do lote. A mão de obra deve ser treinada e
reciclada periodicamente. Existe ainda a opção de realizar a inseminação artificial e
fazer o repasse com o touro, aumentando a chance de concepção. Em quaisquer destes
sistemas discutidos, a sanidade e o manejo nutricional do rebanho são primícias básicas
para o seu sucesso.

Gestação, parição e cuidados após o parto


Terminada a estação de monta, aguarda-se de 25 a 45 dias para a realização do
diagnóstico de prenhes, por ultrassom ou toque ginecológico. Confirmada a prenhes,
as vacas gestantes (com bezerro ao pé) são levadas para o pasto, onde permanecerão
até a parição (9 meses de duração), no entanto nesse intervalo (prenhes → parição)
ocorrerá a apartação e desmama de suas crias. Novilhas prenhes (sem bezerro ao pé)
deverão ser manejadas em área distinta das vacas e observadas com maior frequência
para supervisão da primeira gestação. Uma vez confirmada a ausência de prenhes, as
vacas são consideradas vazias e por isso são candidatas ao descarte, de acordo com
os parâmetros de seleção pré-determinados no planejamento econômico da fazenda.
O primeiro critério para seleção de fêmeas de um rebanho comercial é a fertilidade,
mas isso pode ser alterado por causa das condições nutricionais da propriedade, do
clima local e ou de outros fatores não controláveis. Devido aos fatores econômicos de

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MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

administração de uma propriedade pecuária, dificilmente uma fêmea vazia permanecerá


um ano, improdutiva na fazenda.

As fêmeas mais próximas do parto devem ser conduzidas aos chamados pastos de
maternidade, os quais devem ser constituídos, preferencialmente, por áreas de pastagem
mais baixa e densa, bem drenada, com água limpa e se possível com sombra. As vacas
devem entrar na maternidade cerca de 30 a 15 dias antes do parto e sair 15 dias após o
nascimento da cria. Dois pontos importantes devem ser observados neste momento: o
primeiro diz respeito ao cuidado que se deve ter com as matrizes com objetivo de evitar
abortos. Neste sentido, a mão-de-obra deve ser treinada e conscientizada a trabalhar
com os animais com o mínimo de estresse possível. O manejo no qual se agridem os
animais para que os mesmos obedeçam aos comandos dos vaqueiros deve ficar no
passado, o bem estar animal além de correto, melhora o desempenho produtivo. O
segundo ponto a ser observado é a importância da escrituração zootécnica, de modo
que se tenha em mãos a tabela de datas prováveis de partos da vacada, para então,
fazer a condução dos animais para o piquete de maternidade na data correta. Desta
forma, consegue-se organizar os lotes de vacas em função da data provável de parto e
também da ordem de parto. Outra recomendação importante com relação aos pastos
maternidade é a localização, eles devem ser de fácil acesso, preferencialmente, devem
estar localizados próximo do centro de manejo (curral). A vaca no momento do parto
tende a se afastar do rebanho para uma parição tranquila. Em um rebanho de gado de
corte comercial, raramente ocorre intervenção humana no parto e, por isso, é importante
a escolha correta da raça e características do touro a ser utilizado, para evitar raças que
produzem bezerros muito grandes em matrizes pequenas.

As maiores perdas ocorrem após o parto, por isso o manejo correto da matriz e do
bezerro irá garantir a sobrevivência e o desenvolvimento da cria e a reconcepção da
matriz. Quando o bezerro cai no chão, a vaca deve lamber vigorosamente a cria, para
retirar restos placentários do focinho e narinas e ativar a circulação do recém-nascido.
Logo após o parto, é importante garantir que a mãe e a cria passem um tempo sem
interferência externa, para ocorrer o contato visual, olfativo e auditivo. Algum momento
depois, o bezerro procura o úbere da mãe para realizar a primeira mamada, que é o
colostro, dando início ao processo de transmissão de imunidade.

A absorção de colostro pelos enterócitos do bezerro é decrescente à medida que se


passam as horas após o nascimento. O recomendado é que a primeira ingestão de
colostro seja o mais rápido possível, nas primeiras 2 a 6 horas de vida, pois a molécula
gamaglobulina presente nas primeiras secreções da glândula mamária é absorvida
intacta nessas primeiras horas, conferindo assim imunidade ao organismo animal. Com
o avançar do tempo, a mucosa intestinal do neonato começa a perder os receptores da

53
UNIDADE III │ MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA

gamaglobulina, absorvendo cada vez menos e então as imunoglobulinas do colostro


passam a ser digeridas como alimento, tendo ação nutricional e não imunizante. É
preciso se assegurar que o responsável pelo gado na maternidade observe os bezerros
que apresentam sinais de que não consumiram colostro rapidamente, tais como
animais que demoram em se levantar ou bezerros com fraqueza ou debilidade. Nesta
situação, é necessário que o materneiro intervenha, sendo o procedimento mais comum
conduzir a vaca ao curral, colocá-la no tronco de contenção e colocar o bezerro para
mamar. Este tipo do manejo exige grande perícia, pois se for mal executado pode levar
a vaca a rejeitar seu bezerro. Caso ocorra a rejeição, é necessário o oferecimento de
colostros via mamadeira, oriundo de um banco de colostro previamente armazenado.
É importante que o colostro originário do banco seja formado por um pool de colostros
de várias vacas, tenha no máximo um ano de coletado. Várias podem ser as causas do
não consumo inicial do colostro, como advinda de partos distócicos (que esgotam o
bezerro e estressam a vaca), baixa condição corporal da vaca ao parto, vacas com baixa
habilidade materna, entre outros. Na situação em que o problema adveio da matriz,
esta deve ser descartada do rebanho e o bezerro introduzido a uma vaca de leite.

Com o rompimento do cordão umbilical, fica uma membrana residual de


aproximadamente 10 a 20 centímetros, e esse material esta sujeito à infecção e por
isso deve-se fazer a cura do umbigo. A inflamação do umbigo pode evoluir e provocar
hepatite, peritonite ou abscesso no fígado, devido a ligação entre esse órgão e o umbigo.
E ainda, se o umbigo não for desinfetado, pode atrair moscas que depositam ovos,
causando miíases (bicheira). A desinfecção do umbigo deve fazer parte do manejo da cria,
podendo a membrana umbilical ser cortada ou não, ficando com, aproximadamente, 5
centímetro de comprimento. Após o corte, deve-se passar uma solução de iodo a 10%
ou produto similar, para realizar a desinfecção, secagem e cicatrização do orifício. O
Centro Nacional de Pesquisa em Gado de Corte da EMBRAPA recomenda que em
fazendas com estação de nascimento bastante curta, e um grande número de bezerros,
aplica-se 1 ml de vermífugo, à base de Ivermectina, para 50 Kg de peso vivo pela via
subcutânea, para evitar bicheiras por um período maior, facilitando assim o manejo.
É importante se observar que, sempre que for necessário laçar e arrastar um recém-
nascido, isto deve ser feito de modo que se evite que o umbigo do animal se arraste pelo
chão, o que pode causar sérias contaminações.

Esses cuidados iniciais, associados ao peso de desmama do bezerro, irão determinar o


outro quesito de seleção, ou seja, a habilidade da matriz em produzir bons bezerros. Mães
desinteressadas em suas crias, com limitações anatômicas que dificultam a mamada e
com baixa produção de leite, desmamarão bezerros leves, devendo ser eliminadas do
plantel. Em até 15 dias o bezerro deverá está firme e acompanhando a mãe facilmente,
com isso poderão se encaminhados ao pasto de cria, onde permanecerão até a desmama.

54
MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

Suplementação de bezerros (creep feeding)


Creep feeding pode ser definido como a prática de administrar alimento suplementar
(concentrado proteico-energético) a bezerros antes do desmame. O suplemento deve
ser fornecido de forma que os animais adultos não o consumam, por isso é um sistema
de cochos cercado por cerca baixa, em que os animais maiores não conseguem passar.
Com a utilização do creep feeding é possível aumentar os ganhos de peso antes do
desmame e peso ao desmame, além da redução da mortalidade de bezerros nesta fase.
Este maior peso se dá porque nesse período ocorre o máximo crescimento muscular e
ainda o crescimento ósseo. No creep feeding, a alimentação deve ser realizada utilizando
conceito sobre efeitos associativos entre os alimentos concentrados. Considerando
que durante a alimentação, os bezerros ainda não estão com seu rúmen plenamente
desenvolvido, os grãos de cereais, principalmente o milho, devem ser pouco processados,
passando somente por uma moagem grosseira para evitar a acidose ruminal devido à
rápida digestibilidade do grão farelado.

Os fatores que afetam as respostas à suplementação são a quantidade e a qualidade


do pasto, a produção de leite das mães, o potencial genético de crescimento dos
bezerros, raça, o sexo, a idade dos bezerros no desmame, o tempo de administração
e o tipo de suplemento. O creep feeding pode suprir o requerimento não atendido
pela amamentação e pelo pasto em casos de baixa produção de leite das vacas e baixa
qualidade e disponibilidade de pasto, mas onde o leite materno e o pasto atendam ao
requerimento energético do bezerro, o creep feeding entra como fator associativo e o
animal ganha mais peso e numa velocidade maior. Existe ainda o efeito substitutivo
que pode ser usado para aumentar a taxa de lotação do pasto. Quando os bezerros
estão recebendo suplementação tendem a substituir o consumo de forragem pelo do
suplemento. Estima-se que para cada kg de suplemento consumido sobrará de 0,5 a 1,0
kg de MS de forragem no pasto. Desta forma, é possível aumentar o numero de cabeças
no rebanho sem precisar aumentar a área de pasto. Uma vez que o suplemento tenha
maior valor energético que a forragem a substituição da forragem pelo suplemento
resultará num aumento no consumo de energia e, consequentemente, no aumento no
ganho de peso pelo bezerro. Outra vantagem da suplementação de bezerros durante
a amamentação é a adaptação adquirida pelo consumo de alimentos concentrado,
condicionando-os para entrar no confinamento logo após a desmama sem apresentar
problemas de acidose por falta de adaptação à alimentos de alta fermentabilidade. Se
os bezerros têm acesso a suplementos antes da desmama, ele se acostumará a consumir
mais grãos e também será menos dependente do leite da vaca, poupando a mãe.
Bezerros que estão no sistema sofrem menos estresse na desmama e se apresentam
menos susceptíveis a problemas de saúde.

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UNIDADE III │ MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA

No entanto, o consumo excessivo de ração pode comprometer a composição de ganho


no bezerro, pois ocorre o acúmulo de gordura em detrimento do tecido muscular,
comprometendo o desenvolvimento estrutural do animal, reduzindo a eficiência da
suplementação. A baixa eficiência de bezerros de creep feeding em confinamento
depende se o suplemento promoveu crescimento muscular e esquelético ao invés de
gordura. Se os bezerros depositaram muita gordura seu desempenho no confinamento
será menor, pois o ganho será direcionado ao acúmulo de gordura na carcaça. O controle
do consumo pode ser feito pelo aumento de sal branco na dieta, pois a necessidade
de beber água irá impedir a alta ingestão de alimento de uma só vez. Novilhas de
reposição que chegam ao desmame muito gordas podem apresentar desempenho ruim
quando vacas. A gordura substitui tecido glandular no úbere prejudicando a produção
leiteira, afetando sua prole. As novilhas devem ser alimentadas para atingir maturidade
sexual entre 12 e 15 meses e em creep feeding elas devem ser alimentadas apenas para
promover crescimento esquelético e muscular, o que não afetaria seu desenvolvimento
reprodutivo. E ainda, para a criação de fêmeas para a reprodução a suplementação, só
se torna necessária em casos de escassez de pasto ou baixa oferta de leite.

Para auxiliar no processo de decisão, Oliveira (2006) listou uma série de pontos para
indicar quando utilizar e quando não utilizar o creep feeding e ainda as vantagens e
desvantagens dessa tecnologia.

Quando usar o creep feeding

»» Durante períodos de seca, quando os pastos são pobres e a produção de


leite é baixa.

»» Programa de manejo de forragem a fim de diminuir a intensidade de


pastejo.

»» Para aumentar a taxa de lotação por área, aumentando a disponibilidade


de pasto.

»» Como parte de um programa de pré-condicionamento, creep feeding


durante 3 a 4 semanas antes do desmame, auxiliando no processo de
adaptação do bezerro ao consumo de alimentos secos.

»» Quando o preço do bezerro desmamado está alto e dos grãos baixo.

»» Quando bezerros são abatidos logo após o desmame.

»» Mantença de altos índices de fertilidade das matrizes.

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MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

»» Produção de animais superprecoces e precoces.

»» Produção de animais puros de origem (PA).

»» Produção de bezerros em sistemas integrados, nos quais o mercado


varejista realiza a compra direta e existe preço diferenciado pelo produto.

»» Melhoria dos índices reprodutivos de primíparas.

Quando não usar o creep feeding


»» Quando o potencial leiteiro das vacas matrizes é alto.

»» Quando a pastagem se apresenta com alta qualidade e em abundância.

»» Quando o preço do suplemento está alto em relação ao preço do bezerro.

»» Quando os animais não apresentam potencial genético para responder ao


aumento de nutrientes.

»» Quando o nível tecnológico da propriedade não comportar essa tecnologia


(estrutura física, mão de obra).

Vantagens do creep feeding


»» Aumentos de peso a desmama.

»» Menor intensidade de uso da pastagem, com menor possibilidade de


ocorrer superpastejo.

»» Adaptar os animais para o confinamento após o desmame.

»» Desenvolvimento uniforme do lote de bezerros.

»» Diminuir o estresse da desmama.

»» Aumento da taxa de prenhes, principalmente de primíparas.

»» Redução da mortalidade de bezerros.

»» Redução da idade ao abate.

»» Redução da idade a primeira cobertura.

»» Redução do ciclo de produção.

»» Aumento do giro de capital na propriedade.

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UNIDADE III │ MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA

Desvantagens do creep feeding


»» Pode haver subutilização da forragem por concentrado.

»» Podem ocorrer variações com consumo.

»» Pasto ao redor do cocho superpastejado, se não mover o cocho


constantemente.

»» Mascara a determinação de habilidade materna.

»» Aumento do custo de produção.

»» Necessidade de capital para investimento.

»» Mão de obra qualificada para acompanhar o consumo recomendado.

»» Maior exigência de maquinários e insumos.

Existe ainda outra modalidade de suplementação de bezerros, conhecida com creerp


grazing. Técnica pouco utilizada no Brasil, sendo uma estratégia de manejo que
proporciona uma pastagem exclusiva para os bezerros, consiste basicamente em uma
área reservada para bezerros, podendo utilizar o pastejo rotacionado, onde os bezerros
teriam a possibilidade de acessar o pasto antes da vaca ou um pique específico para
eles. São recomendadas espécies forrageiras com alto valor nutritivo, como Tifton 85,
Coast-cross (Cynodon sp.), Massai (Panicum maximum), amendoim forrageiro, alfafa,
entre outros. Esse método possibilita um desmame de bezerros mais pesados. Uma
pastagem utilizada para o creep grazing pode ser uma área do pasto que é vedada, nas
quais os bezerros pastejam as pontas tenras ou as partes mais nutritivas das plantas ao
invés dos colmos ou folhas senescentes, que serão usados pelas vacas no restante do
pastejo. Estas folhas tenras são mais concentradas em proteína e energia. Porém, se a
planta alcança a maturidade, produzindo semente, sua qualidade é diminuída rápida
e drasticamente. As pastagens utilizadas para o creep grazing podem ser mantidas
em estado vegetativo deixando as vacas terem acesso a elas de forma a removerem o
excesso de crescimento, assim os bezerros se utilizarão a rebrota quando o pasto atingir
a altura desejada.

Desmama
Caracterizada pela separação definitiva da cria de sua mãe, tem como objetivo principal
a interrupção da amamentação, de modo a estimular o desenvolvimento ruminal dos
bezerros e eliminar o estresse da lactação das fêmeas (VALLE et al., 1998). Com isso,
após a interrupção da lactação as exigências nutricionais das fêmeas são bastante

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MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

reduzidas. Existem duas opções principais quanto à idade de desmama, dependendo


da estratégia comercial da fazenda pode-se optar pela desmama precoce, em que se
prioriza o desempenho reprodutivo da matriz ou ainda ou pela desmama tradicional,
no qual o bezerro é o foco da produção.

Os resultados observados para os parâmetros reprodutivos das vacas têm demonstrado


que não basta o desmame ser realizado precocemente, mas este deve estar aliado a
uma condição corporal adequada na estação de monta e boas condições nutricionais
para suportar a próxima concepção (LOBATO, 1995), entretanto, têm sido observados
aumentos expressivos nas taxas de prenhes das vacas, quando os bezerros são
desmamados precocemente. Os resultados para os bezerros tem demonstrado que
muitas vezes estes animais sofrem estresse nutricional e acabam tendo o seu desempenho
prejudicado e, para que estes animais possam desenvolver-se adequadamente, dietas
com elevados planos nutricionais devem ser empregadas.

Desmama tradicional

A desmana tradicional ocorre quando os bezerros têm entre 6 e 8 meses de vida,


idade em que já podem ser considerados ruminantes, tendo plena condição de utilizar
forragens sólidas como única fonte de alimento. No caso da desmama tradicional
sem suplementação, o bezerro perde o leite subitamente e é obrigado a suprir todas
as suas necessidades nutricionais ingerindo somente pasto. Na escolha pela desmama
tradicional, deve se levar em conta seu baixo custo, bem como maior facilidade de
manejo e menor estresse dos animais (os bezerros, na idade de 6 a 8 meses já são
ruminantes, ou seja, já fazem uso de forrageiras em sua alimentação, mesmo antes de
serem separados das mães).

Após a separação, os bezerros ficarão presos no curral por dois a três dias, com acesso
à água, ração e capim fresco. Nesta ocasião, serão pesados e marcados com o carimbo
do ano no lado direito da cara e a marca da fazenda na perna esquerda. As fêmeas serão
vacinadas contra a brucelose e marcadas com um “V” mais o último dígito do ano da
vacinação, no lado esquerdo da cara. Juntamente, deverá ser realizado o controle de
ecto e de endoparasitos, seguindo um rígido manejo sanitário, que deve ser definido
pelo calendário sanitário da região. Deve-se evitar ao máximo, nos primeiros dias após
a separação, distúrbios, transporte e comercialização dos animais recém-desmamados,
tomando assim, precauções para manter o estresse a um nível mínimo durante o
processo de desmama, permitindo que os bezerros se recuperem com mais rapidez.

Após a separação, os bezerros serão levados para um pasto de boa qualidade forrageira,
afastados das mães. Para amenizar o estresse da separação, pode-se colocar animais

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UNIDADE III │ MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA

adultos (madrinhas) junto aos recém-desmamados, para acalmá-los. Os recém-


desmamados devem ser checados com frequência, e os doentes removidos imediatamente
do piquete para uma área de isolamento e devidamente tratados. Em propriedades
contendo somente raças zebuínas, os lotes de desmama poderão ser mistos, machos
e fêmeas juntos, podendo permanecer assim até atingirem 12 meses de idade, quando
deverão ser separados. No caso de raças europeias ou de produtos de cruzamentos com
raças taurinas, já na desmama devem ser separados, devido a maior precocidade sexual
desses animais, evitando a prenhes em fêmeas de baixo desenvolvimento, ainda não
capazes de desenvolver uma gestação sem prejudicar seu crescimento.

Desmama precoce

Para realizar a desmama precoce, os bezerros devem estar pesando mais de 90 kg, o
que normalmente ocorre entre 90 e 120 dias de vida. É necessário que os animais já
estejam adaptados ao creep feeding, pois juntamente com o pasto serão seus únicos
alimentos. O consumo de ração, bem como de suplemento mineral, nesta fase, será
muito baixo, mas terá por finalidade preparar o bezerro para o desmame. Deve-se
considerar que este tipo de desmama é utilizado visando uma recuperação corporal
mais rápida das mães, fazendo com que manifestem cio. A desmama precoce é uma
boa opção quando se trata de novilhas de primeira cria, cujo desenvolvimento ainda
é incompleto na ocasião de sua primeira parição, e com as exigências de crescimento,
gestação e posteriormente com a manutenção de sua cria, encontram-se em estado
corporal inadequado para manifestarem cio normalmente durante a estação. Caso as
vacas primíparas não receberem os cuidados necessários, poderão entrar na estação de
reprodução sem condições de manifestarem cio naturalmente.

Com a redução da idade, a desmama de seis para três meses, Gonçalves et al. (1981)
observaram que tanto as percentagens de manifestação do cio como a de prenhes
aumentaram. Contudo, deve-se salientar que a condição corporal das vacas ao parto
é uma fonte de variação que influencia estes resultados. Certamente, matrizes que
pariram com péssimo escore corporal demandam mais tempo para restabelecer a
atividade reprodutiva. Deste modo, a desmama dos bezerros aos três meses de idade
deixa de ser vantajosa.

Barcellos e Lobato (1997) estudaram os efeitos da idade de desmame (100 ou 180 dias
de vida) no desempenho reprodutivo das matrizes. As vacas que tiverem suas crias
desmamadas aos 100 dias de idade tiveram maiores ganhos de peso quando comparadas
com as vacas que desmamaram mais tarde (0,105 vs. 0,042 kg/dia, respectivamente)
durante o acasalamento e maiores taxas de prenhes (81,3 vs. 40,3%, respectivamente)
do que as vacas do tratamento de desmame aos 180 dias. As vacas que desmamaram

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MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

suas crias com 100 dias apresentaram menor intervalo entre partos, devido a maior
taxa de prenhes do que os animais do desmamados com 180 dias de idade. Ainda,
argumentaram que o desmame aos 100 dias de idade apresenta maiores efeitos quando
realizado às vacas com condição nutricional abalada no pós-parto.

61
Capítulo 2
Estratégias para a seca

A bovinocultura de corte brasileira, quase na sua totalidade, é baseada na exploração


de pastagens. Devido às características do clima da região central do Brasil, durante o
período de chuvas, na maioria das vezes, as condições de luminosidade, solo e clima são
ideais para o crescimento rápido de gramíneas tropicais. No entanto, na época seca, a
falta de chuva associado à diminuição da temperatura e encurtamento da luminosidade
resulta em uma severa limitação ao crescimento das forrageiras, ao mesmo tempo em
que ocorre drástica queda no valor nutritivo delas, o que torna incompatível com o
aumento das exigências nutricionais das vacas de cria.

Assim sendo, é fundamental a adoção de estratégias para minimizar os efeitos da seca.


O objetivo principal nessa fase é manter o ECC das vacas em 5 ou 6, pois vacas que
apresentam um ECC inferior a 5 no pré-parto são as possíveis vacas que não irão ciclar
no tempo esperado na próxima estação de monta. Isto é um problema mais comum em
vacas primíparas que, mesmo estando em lactação, ainda estão em crescimento. Nestas,
uma nova concepção torna-se mais difícil em função do baixo ECC e consequente anestro
durante a estação de monta. O desempenho dos animais em pastagem está diretamente
relacionado à quantidade de massa disponível, enquanto a adoção de suplementação
deverá estar baseada na estratégia de negócio do sistema de produção e no retorno
econômico.

Existem algumas estratégias adotadas por pecuaristas para manter a alimentação dos
animais a baixo custo no período de escassez, podendo ser por meio de diferimento de
parte do pasto de verão, cultivo de outras opções forrageiras como a cana-de-açúcar,
que fica madura e pronta para o uso justamente no inverno, confecção de silagem e/ou
feno, dentre outras medidas possíveis. Por outro lado, existem propriedades onde não
se faz planejamento e que acabam sendo forçados a se desfazer do excesso de animais,
ficando somente com a quantidade que a fazenda suporta nesse período, podendo até,
em casos extremos, ocorrer a morte de animais por desnutrição.

Diferimento de pastagem
O diferimento consiste em suspender a utilização de alguns pastos durante parte do
período de maior crescimento das plantas, para que a forragem acumulada (diferida)
possa ser utilizada no momento de escassez. O planejamento para diferir um pasto
inicia-se com o dimensionamento da área necessária, definir a época de vedação e

62
MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

utilização do pasto e a adubação da área para aumentar a produção de massa. Em alguns


sistemas, o produtor pode suplementar os animais em pastejo diferido para aumentar
a taxa de lotação.

O dimensionamento da área a ser diferida depende da produção do pasto, do número


de animais que irão pastejar a área e o tempo de permanência. É possível fazer uma
estimativa da produção de forragem na área por meio da orçamentação forrageira, que
consiste em medir a produção de pasto em uma área conhecida, como por exemplo,
por meio do uso de uma moldura de ferro de dimensão conhecida (1 m2), que será
lançada em pelo menos 10 pontos distintos do pasto. Com o corte e pesagem da massa
de forragem cortada rente ao solo, obtêm-se um valor médio (por exemplo, 0,7 kg) que
multiplicado por 10.000 m2 (área de um hectare) resulta na estimativa da produção
total de massa, que nesta simulação é igual a 7.000 kg de massa/ha. Além disso, retira-
se uma amostra desse material para desidratação, para medição do teor de matéria
seca (MS) que normalmente está entre 60 e 80% em pastos diferidos, que possibilitará
o cálculo da disponibilidade de massa seca de forragem por ha. Por exemplo, 7.000 kg
de massa x 70% (MS do material diferido) corresponde a 4.900 kg de MS/ha na área
diferida. Entretanto, estima-se que aproximadamente 50% da produção de MS total
sejam material morto que o animal não ingere, logo a produção de MS verde por ha é
de 2.450 kg.

Devido à baixa qualidade do material diferido, vamos considerar que uma vaca consuma
cerca de 1,5% do seu peso vivo por dia e somente consiga colher cerca de 50% da massa
disponível, pois parte do material sofre pisoteio ou está coberto de fezes e urina. Então,
para um rebanho com vacas pesando 400 kg, para um período de 150 dias de seca,
a lotação seria de aproximadamente 1,36 vacas/ha. Resumidamente, foi estimado a
massa de pasto em uma área conhecida e extrapolada para 1 ha. Como o consumo de
ruminantes é calculado em MS, transforma-se a massa orgânica total em MS e faz as
deduções de acordo com as perdas por matéria morta, pisoteio e fezes e urina. Desta
forma, com a massa consumível do pasto estimada, basta dividir pelo numero de dias
de permanência no pasto diferido para se chegar a massa disponível por dia e então
com base no consumo dos animais da fazenda, estima-se a taxa de lotação por ha, como
pode ser visto, detalhadamente no quadro 2.

Quadro 2. Orçamentação forrageira para cálculo de taxa de lotação em pasto diferido (simulação hipotética).

Massa na área conhecida (moldura de ferro de 1m²) 0,7 kg


Massa estimada para 1 ha (0,7 x 10.000 m²) 7000 kg/ha
Massa em MS (7.000 x 70% - teor de MS do pasto diferido) 4900 kg de MS/ha
Matéria seca verde (4.900 x 50% de matéria morta) 2450 kg de MS verde/ha

63
UNIDADE III │ MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA

Matéria seca verde disponível (2.450 x 50% de perda por pisoteio e fezes e urina) 1225 kg de MS verde disponível
Matéria seca verde disponível por dia (1.225/150 dias de pastejo) 8,7 kg de MS/dia/ha
Taxa de lotação baseado no consumo de uma vaca de 400 kg de PV (~6 kg de MS/dia) 1,36 vacas/ha
Fonte: Próprio autor.

Se o número de animais remanescentes na propriedade for superior à massa


diferida disponível, a taxa de lotação da fazenda pode ser ajustada pelo uso de rações
concentradas a pasto, na qual haverá a substituição do consumo do pasto pelo do
concentrado, aumentando a capacidade suporte da área, ou ainda, pela venda de
animais, arrendamento de pastagens de terceiros ou a aquisição de volumosos para
suplementação.

Suplementação barata na seca


Na ausência de pasto para a época seca, é necessário encontrar uma fonte barata de
volumoso para alimentar as matrizes. Neste contexto, a cana-de-açúcar surge como
alternativa barata e eficiente de alimentação dos animais durante o período seco. A cana-
de-açúcar apresenta elevada produção de matéria seca por hectare, facilidade de cultivo
e persistência da cultura, boa aceitação pelos animais, elevado teor de carboidratos
solúveis e menor custo de produção.

A principal limitação para o uso da cana-de-açúcar na nutrição de animais de elevado


potencial de produção é a baixa digestibilidade da fibra, aliado ao baixo teor de
proteína bruta. No entanto, o baixo teor de proteína é facilmente corrigido com um
sal proteinado contendo ureia e farelo de soja, mas a baixa digestibilidade da fibra é
realmente um limitante que pode ser minimizado antecipando a época de corte e ainda
e/ou escolhendo um genótipo que apresente uma melhor qualidade da fibra para a
alimentação de ruminantes.

Os resultados de Rodriguez (2012) demonstram que somente com a suplementação


com 3% de ureia na MS é possível a manutenção das fêmeas durante a época da seca
consumindo silagem de cana. A adição de farelo de soja mais 1% de ureia na MS
permitiu ganho de peso superior ao estimado, mostrando-se uma alternativa eficiente
para suplementação dos animais durante o inverno (tabela 5).

64
MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

Tabela 5. Efeito do tipo de suplementação proteica sobre o ganho de peso diário (GMD) de novilhas Nelore

prenhes ou não prenhes.

Suplementação Valor-P
Item EPM1
Ureia F. Soja F. Soja+Ureia Trt2
Tipo3 Trt*Tipo
GMD, kg/d 0,20b 0,63ab 0,91a 0,18 0,05 0,002 0,63
Fonte: Rodriguez (2012). Erro padrão da média. Efeito de fontes de suplementação proteica. Novilhas prenhes e não
1 2 3

prenhes; novilhas prenhes tiveram maior GMD do que não prenhes (0,68 vs. 0,48 kg/d).

Percebe-se assim que a suplementação das fêmeas e garrotes em crescimento durante o


período seco é uma alternativa viável para intensificação do sistema de ciclo completo,
desde que se utilize um volumoso barato, de boa qualidade da fibra e com suplementação
proteica adequada para a categoria desejada. Em regiões onde as condições climáticas
permitem a utilização de pastagens de inverno (gramíneas e/ou leguminosas), como
forma alternativa de alimentação altamente econômica, visto que o rendimento animal
obtido e o preço de implantação deste sistema apresentam boa relação. A distribuição
de forragem durante a seca pode ser possível em algumas regiões do país, desde que
técnicas de irrigação de pastagens sejam empregadas. Cada fazenda apresenta uma
condição diferente e específica, devendo então encontrar a melhor opção para alimentar
os animais na seca, de forma barata e principalmente com qualidade nutricional
satisfatória.

65
Capítulo 3
Estratégias para as águas

O período das águas é favorável a alta produção de pasto, pois além de temperatura e
luminosidade ideais, tem-se água em abundância. No entanto, existem duas formas
distintas de explorar a produção animal a pasto:, por meio do aumento do desempenho
animal ou pelo aumento da produtividade por área. No primeiro, o foco é o animal,
que terá uma grande disponibilidade de forragem, podendo escolher o que colher e
consumir, sem competição. Já no aumento da produtividade por área, o objetivo é
aumentar a produção forrageira do pasto no sentido de proporcionar maior taxa de
lotação por hectare, onde existe um controle rigoroso de manejo das pastagens e dos
animais que irão colher esse material.

A elevação da taxa de lotação não significa prejuízos no ganho de peso individual do


animal, pelo contrário, significa trabalhar com a carga máxima por área para atingir o
melhor desempenho individual e em conjunto. O aumento na taxa de lotação animal nas
pastagens é o que contribui, mais decisivamente, para os aumentos da produtividade
total da fazenda (CORSI, 1986). O subpastejo caracteriza-se por uma situação em que
a produção de pasto é maior que a taxa de lotação animal, sendo assim, incapaz de
colher a massa forrageira produzida. Neste caso, a alta oferta de pasto possibilita a vaca
pastejar seletivamente, escolhendo somente as partes jovens das plantas, de modo que
a dieta mostra um valor nutricional acima daquele do pasto disponível (RODRIGUES et
al., 1994). Desta forma, o desempenho individual será elevado, entretanto, a produção
por hectare será comprometida em decorrência da subutilização da área como um todo
(GOMIDE, 1994). Contudo, a elevada produção do pasto não depende exclusivamente
da espécie forrageira utilizada e suas interações ambientais, mas também do manejo
empregado, principalmente do nível de fertilização nitrogenada utilizada. O emprego
de fertilizantes, quando necessário, apresenta grandes mudanças nas características da
pastagem, sendo o nitrogênio (N) o nutriente que proporciona efeitos mais consistentes
na elevação da produção de massa.

A razão principal para a baixa produtividade da pecuária de corte nacional é a baixa


produtividade e baixa eficiência de utilização das pastagens. Como forma de ilustrar
este conceito, percebe-se nos dados de venda de fertilizantes que, apesar da grande
área de pastagens brasileira, o consumo de fertilizantes pela pecuária é insignificante,
respondendo por apenas 1,8% do total da venda de fertilizantes no ano de 2012 (figura 4).

66
MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

Figura 4. Comparação entre o total de área plantada e a porcentagem de venda de fertilizantes nas principais

culturas agropecuárias.

Fonte: ANDA (2013).

A intensificação do uso das pastagens, com maior lotação animal no verão, certamente
é uma opção eficiente para aumento da produtividade. A produtividade animal em
pasto é função da disponibilidade e da qualidade de forragem em oferta, bem como das
características do animal. A adubação nitrogenada e potássica vêm sendo estudada a
fim de aumentar a produção e qualidade do dossel forrageiro e, consequentemente,
a lotação animal/ha e a produção total de carne do sistema. No entanto, poucos
estudos visam estabelecer níveis de adubação para máxima resposta biológica dentro
do sistema de pastejo e, igualmente importante, para a máxima resposta econômica
do sistema de produção.

A formação de pastagens nas regiões tropicais e subtropicais é quase sempre relegada


a terras de baixa fertilidade, resultando no desenvolvimento lento das gramíneas. O
incremento na produção de MS, principalmente em forrageiras de alto potêncial de
produção, em decorrência da aplicação de nitrogênio, foi relatado por vários autores
(ANDRADE et al., 2003; MELLO et al., 2008). Porém, há escassez de trabalhos no
Brasil avaliando a resposta à adubação em termos de produção de carne por área, ou
seja, avaliando à resposta da planta forrageira dentro de um sistema de produção.

Trabalhando com pastejo rotativo de capim-marandu, Gimenes et al. (2011) avaliou


o efeito de duas doses de fertilizante nitrogenado: 50 e 200 kg N/ha/ano e observou
aumento na taxa de lotação e produção de carne por área. Euclides et al. (2007)
trabalhando com capim-tanzânia em sistema de lotação contínua relatam aumento linear
na produção total de carne quando adubados com 100 kg de N/ha/ano em comparação
a 50 kg N/ha/ano, o que seria economicamente viável, segundo os autores. Também
em sistema de capim-tanzânia sob lotação contínua, Canto et al. (2009) avaliaram as
doses de 100, 200, 300 e 400 kg N ha-1 ano-1 e encontraram aumento linear na lotação
animal e na produção total de carne durante o verão, com decréscimo na eficiência do
uso do fertilizante conforme aumenta-se a dose aplicada.

67
UNIDADE III │ MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA

Experimentos recentes demonstraram a capacidade de resposta do capim-marandu e


do capim-mombaça a doses de até 800 kg de N/ha/ano na lotação animal e produção
total de carne de um sistema de ciclo completo de cria-recria-engorda (RODRIGUEZ,
2012; FRASSETO et al., 2013 – figura 5). Não houve diferença na lotação animal devido
às espécies forrageiras, ou seja, a lotação no capim-marandu foi similar a obtida com o
capim-mombaça.

Figura 5. Efeito da adubação com doses crescentes de nitrogênio sobre a capacidade de suporte (UA/ha) de

pastos de capim-marandu e capim-mombaça na época das águas (novembro a abril).

Fonte: Rodriguez (2012); Frasseto et al. (2013).

Os dados apresentados na figura 5 demonstram a elevada capacidade de suporte das


pastagens tropicais. Como exemplo, na área onde foi desenvolvida a pesquisa era
composta por de 16 ha de pasto, sendo necessários 200 animais (vacas, novilhas e
garrotes) com peso médio de 350 kg para controle da altura do pasto. Deve ser ressaltado
que a dose total de fertilizante nitrogenado foi aplicada parceladamente após cada ciclo
de pastejo, mesmo na menor dose de 50 kg de N/ha/ano.

Um importante limitante do ganho de peso do animal em pasto é a rápida queda da


qualidade nutricional da planta forrageira com o avanço da maturidade, causada pela
diminuição da digestibilidade da matéria seca. Pequenas mudanças na digestibilidade
se traduzem em grande impacto no desempenho animal. A importância da qualidade
da forragem ingerida sobre a produtividade do sistema poder ser exemplificada pelo
trabalho de Gimenes et al. (2011) que, ao reduzir a altura pré-pastejo do capim-marandu
de 35 para 25 cm, observou aumento de 23% no ganho de peso dos animais e de 31% na
produtividade de carne do sistema.

68
MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA DE MATRIZES E BEZERROS NA FASE DE CRIA │ UNIDADE III

Em sistema de produção, que é adotado a lotação rotacionada e o critério para pastejo


(entrada dos animais) nos piquetes se dá com base na altura do capim, ou seja, quando
a altura pré-pastejo do dossel alcançam 30 cm para o capim-marandu e 90 cm para
capim-mombaça, sendo retirados os animais quando a altura do dossel (pós-pastejo)
atingem 15 e 30 cm, para capim-marandu e capim-mombaça respectivamente (SILVA,
2004; TRINDADE et al., 2007). Confira a tabela de recomendação para a altura do
pasto para entrada e saída dos animais em diferentes espécies forrageiras (tabela 8).

Tabela 8. Recomendação de altura do pasto para a entrada e saída dos animais em diferentes espécies

forrageiras.

Altura do dossel forrageiro (cm)


Espécie Forrageira Entrada Saída
Brachiaria decumbens 20 a 25 5 a 10
Capim-marandu 25 a 30 10 a 15
Capim-mombaça 90 30 a 50
Capim-tanzânia 70 30 a 50
Capim-aruana 30 15
Capim-xaraés 30 15 a 20
Capim-mulato 30 15 a 20
Capim-andropogon 50 27 a 34
Capim-elefante cv. Cameroon 100 40 a 50
Capim-elefante cv. Napier 90 35 a 50
Tifton-85 25 10 a 15
Coastcross 30 10 a 15
Fonte: Embrapa.

O sistema de manejo do pasto empregado, respeitando-se as alturas de entrada e saída,


tem permitido ganho de peso nas novilhas e garrotes em crescimento ao redor de 850
g/d; o que representa possibilidade de produção de 35, 51 e 64 @ de carne/ha durante
os 6 meses de verão, para as doses de 50, 300 ou 600 kg de N/ha/ano, respectivamente.
O aumento na lotação animal durante o verão, aliado ao uso eficiente do pasto, é o
principal fator para intensificação econômica da pecuária de corte.

69
SUPLEMENTAÇÃO
DE BOVINOS Unidade iV
DE CORTE EM
PASTAGEM

A eficiência biológica e econômica, nos sistemas de pecuária de corte, é determinada,


em grande parte, pela sua capacidade de prover forragem de qualidade e em quantidade
adequada para todas as categorias no sistema de produção. As forrageiras cultivadas
anuais de verão podem ser utilizadas desde o final da primavera até o outono e sua
utilização deve sustentar altas taxas de lotação a baixo custo.

De acordo com Poppi e McLennan (2007), o fornecimento de suplementos para bovinos


de corte permite: aumentar a taxa de lotação das pastagens, balancear dietas com base
em forragem reduzindo perdas energéticas metabólicas, como o gás metano (CH4),
relacionado à impactos ambientais e aumentar ganho de peso diário (GPD). Porém, tal
técnica também está relacionada ao aumento no desembolso, e o tipo e quantidade do
suplemento a ser fornecido devem ser ajustados de acordo com as características da
forragem, viabilizando sua utilização.

O ajuste da altura do pasto e dose de suplemento na estação chuvosa pode resultar


em maior peso corporal ao final da recria, o que implicaria na redução do período ou
maior peso de abate na terminação na estação seca. De acordo com Carstens et al.,
(1991), o fornecimento de concentrado pode alterar a composição corporal dos bovinos,
aumentando a participação de carcaça em relação ao peso corporal.

Todavia, as características nutricionais e quantidade de suplemento a ser fornecido vão


depender da quantidade e da qualidade da forragem ofertada, que varia em função da
adubação, do manejo adotado, das características do solo, espécie forrageira, condições
climáticas, entre outros. Em razão disto, nesta época há grandes variações no valor
nutritivo da forragem.

O fornecimento de nitrogênio adicional via suplementos tende a favorecer a síntese


de proteína microbiana, quando a energia não limita seu desenvolvimento, sendo
observada resposta à suplementação proteica (DETMANN et al., 2014). Em pastos
tropicais bem manejados no período das águas, com elevada oferta de lâminas foliares,
a proteína pode não ser o fator limitante. Nestes casos, ganhos adicional podem ser
observados com o fornecimento de suplementos energéticos.

70
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM │ UNIDADE IV

Assim, a suplementação energética na estação chuvosa, em pastos manejados


intensivamente, além de ser ferramenta auxiliar no manejo do pastejo, pode ser uma
tecnologia que permite aumentar o desempenho de animais, aumentando o peso ao
abate, reduzindo o período de terminação, idade de abate ou a idade na primeira cria
no caso de animais destinados à reprodução.

71
Capítulo 1
Suplementação em pastejo

O ponto mais importante para o sucesso da suplementação é o manejo da pastagem,


garantindo disponibilidade de forragem. Após um eficiente manejo do pasto que favoreça
o consumo e disponibilize forragem com maior valor nutritivo, a eficiência de utilização
dos carboidratos fibrosos no rúmen pode ser melhorada com o uso de suplementos. A
suplementação tem como finalidade a exploração do potêncial genético animal, visando
alcançar o máximo de rendimento econômico, diminuindo a oscilação no desempenho
animal conforme a disponibilidade de nutrientes na pastagem (ACEDO et al., 2011).

Pode-se definir a suplementação como o ato de se adicionar os nutrientes deficientes


na forragem disponível, relacionando-os com as exigências específicas dos animais
em pastejo, e melhorar as condições da microbiota ruminal à degradação da forragem
(PAULINO et al., 2002).

A suplementação pode ser usada como meio de maximizar a utilização da forragem


disponível, tendo em mente que o suplemento não deve fornecer nutrientes além das
exigências dos animais. Por meio do fornecimento de todos ou de alguns nutrientes
específicos, que resultarão no consumo de maior quantidade de matéria seca (MS)
e no aumento da eficiência de sua digestão, os investimentos com suplementação
podem proporcionar significativa melhora nos sistemas de produção de bovinos em
pastagens (HODGSON, 1990), ou ainda como ferramenta para aumentar a taxa de
lotação das pastagens.

A fibra em detergente neutro (FDN) é, quantitativamente, a maior fonte de energia para


ruminantes pastejando forrageiras tropicais. Os demais componentes dos alimentos
capazes de produzir energia: extrato etéreo (EE), carboidratos não fibrosos (CNF) e
proteína bruta (PB), possuem coeficientes de digestibilidade verdadeira relativamente
constantes e não sofrem grande influência de fatores dietéticos ou consumo (DETMANN
et al., 2009). Neste contexto, o uso de suplementos pode gerar diferentes efeitos sobre
o consumo de forragem.

De acordo com Poppi e McLennan (2007), existem duas formas principais de utilizar
suplementos: a primeira forma é de baixo custo, em que nutrientes limitantes,
normalmente o nitrogênio não proteico (NNP), são usados para atender os
requerimentos de N no rúmen, com objetivo principal de suprir as necessidades de
manutenção dos animais. Essa forma caracteriza-se por possibilitar ganho de peso
adicional de 200 a 300 g/animal/dia, e que resulta em custo-benefício alto, já que esses

72
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM │ UNIDADE IV

animais, comumente representados por bezerros pós-desmama, estariam em déficit de


ganho, provavelmente com perda de peso.

Porém, para atender os pecuaristas que almejam antecipar a idade de abate faz-se
necessário uma segunda forma de suplementação, que possibilite maior ganho de peso
e, para tanto, podem ser utilizados suplementos proteicos e/ou energéticos. Deve ser
considerado o maior risco nesse tipo de técnica, devendo ser observado com cautela
o custo-benefício, uma vez que os animais receberão quantidades significativas de
alimento suplementar, de alto custo, para garantir aumento no consumo de energia
metabolizável que promoverá maiores ganhos por animal/dia.

Vários fatores que interferem na resposta animal à suplementação com concentrado


ainda não são totalmente compreendidos, tais como: alterações nas exigências de
manutenção do animal em função do maior ou menor tempo de pastejo, assim como
em função das alterações na eficiência de uso dos nutrientes ingeridos, alterações no
consumo e digestibilidade da forragem em relação aos parâmetros ruminais como pH,
concentração de N-NH3 e taxa de passagem; fontes e doses dos suplementos em relação
á quantidade e oferta de forragem (AGOSTINHO NETO, 2010).

A suplementação no período chuvoso deve ser criteriosamente analisada em termos da


meta a ser alcançada dentro de um determinado sistema de produção de carne. Apesar
do alto custo do ganho adicional a ser obtido com a suplementação nas águas, isso
pode resultar em redução considerável no período de engorda do animal, quer seja
em pasto ou em confinamento, com possíveis retornos econômicos (THIAGO; SILVA,
2001). Neste sentido, Santos et al., (2007) avaliaram a viabilidade econômica de 4
experimentos conduzidos por esses autores e concluíram que pode ocorrer aumento de
até 50% no lucro operacional por área com a utilização da suplementação.

Efeito da suplementação sobre o consumo de


forragem, lotação e produtividade animal
Durante o período chuvoso, a forragem disponível apresenta amplo crescimento
e qualidade superior àquela disponível durante o período seco, apresentando
características nutricionais suficientes para atender as exigências de mantença do
animal e imprimir ganhos elevados quando os pastos são bem manejados (REIS et al.,
2009; CASAGRANDE et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2014; VALENTE et al., 2015).

Quando essas pastagens são bem manejadas e adubadas com nitrogênio para permitir
altas taxas de lotação, o teor de proteína bruta da forragem colhida é elevado,
normalmente entre 12 a 22% (Santos et al., 2014), além de ser proteína de alta

73
UNIDADE IV │ SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM

degradabilidade ruminal (POPPI; MCLLENAN, 1995). Nestas situações, ocorrem


baixa assimilação de nitrogênio no rúmen (MOORE et al., 1999), e o desempenho de
bovinos em crescimento ou em terminação é limitado pela ingestão de energia (NRC,
1996; CORREIA, 2006). A adição de carboidratos altamente fermentáveis melhora a
utilização do N (MINSON, 1990), pois estimula a síntese de proteína microbiana e a
reciclagem de N, o que remete a necessidade de suplementação proteico/energética.

O uso de suplementos, principalmente os energéticos, pode resultar em aumento no fluxo


de proteína metabolizável para o duodeno. Os animais respondem à suplementação com
concentrados energéticos com menor ingestão de forragem, porém, com maior ingestão
de MS total, podendo elevar sua digestibilidade (KRYSL et al., 1989; PORDOMINGO et
al., 1991; RUAS et al., 2000; VANZANT et al., 1990), bem como alterar as quantidades
e a relação entre os produtos da fermentação ruminal (HESS et al., 1996; VANZANT et
al., 1990), e consequentemente com maior ingestão de energia (DÓREA, 2013, 2014)
e maior ganho de peso (CORREIA, 2006; COSTA, 2007; AGOSTINHO NETO, 2010).

Com isso, há aumento na ingestão de energia metabolizável pelos animais suplementados,


resultando em economia de aminoácidos glicogênicos, o que aumentaria a eficiência de
deposição proteica em animais em crescimento (POPPI; MCLENNAN, 1995). Segundo
Valente (2015); Oliveira (2014) e Casagrande et al. (2011), existe um ganho adicional de
aproximadamente 300 a 400 g animal/dia, que pode ser atingido com o correto manejo
das pastagens e adição de suplemento ao sistema.

De acordo com Paulino et al. (2005), a magnitude da resposta da suplementação


depende diretamente do seu efeito sobre o consumo de forragem. Ou seja, são variáveis
interdependentes. Em situações de forragem de alta qualidade, a suplementação
energética adequa a fermentação ruminal, aumentando o consumo e consequentemente
o ganho de peso dos animais (BARBERO et al., 2014).

O consumo de suplementos por bovinos pode causar efeito negativo sobre o consumo
de forragem, conhecido como efeito subistitutivo. Silva et al. (2010) observaram
redução no consumo de FDN da forragem, quando foi fornecido 0,6% do peso corporal
(PC) de concentrado proteico/energético aos animais. Silva et al. (2009) ressaltam
haver uma tendência de redução maior do consumo de forragem, quando a ingestão de
suplemento supera os níveis de 0,2-0,3% do PV e acrescentam que esse decréscimo pode
ser ainda maior, quando a oferta de suplemento é de 0,8% do PV, pois, nesse contexto,
o limite biológico de ganho de peso dos animais a pasto está próximo de ser alcançado.
O decréscimo no consumo de pasto ocorre devido ao efeito substitutivo da forragem
pelo concentrado fornecido no cocho e pelo efeito do suplemento no ambiente ruminal,

74
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM │ UNIDADE IV

interferindo nas condições ideais para o desenvolvimento das bactérias fibrolíticas,


responsáveis pela degradação da forragem.

O efeito da suplementação sobre o consumo e digestibilidade dos nutrientes é complexa


e mais estudos precisam ser realizados para que seja possível traçar uma resposta
embasada aos entraves da suplementação de bovinos em pastejo. De acordo com Caton e
Dhuyvetter (1997) a redução do consumo de forragem em animais suplementados pode
ocorrer em virtude da redução do pH, levando à redução da digestibilidade da fração
fibrosa da forragem. Entretanto, no estudo de Santos (2015) a suplementação com
0,3% de milho moído não afetou (P>0,05) o pH ruminal e a digestão da FDN. Cardoso
(2013) trabalhou com bovinos Nelore, pastejando capim-marandu suplementados com
concentrado isoproteico e diferentes fontes de energia (dose de 0,3%PC). Foi registrada
a redução no consumo de forragem, porém a digestibilidade da FDN não foi afetada
com a suplementação. Dórea (2014) também não observou efeito da suplementação
de 0,3% do PC com milho moído no pH ruminal e na digestão da FDN em bovinos
pastejando capim-marandu manejado com 25 cm de entrada e 15 cm de saída.

Dórea e Santos (2015) fizeram uma meta-análise sobre as estratégias de suplementação


para bovinos mantidos em pastagens de baixa (<7% de PB) e alta (>7% de PB) qualidade
e verificaram que o consumo de matéria seca total aumentou linearmente (P<0,05) com
o aumento do nível de suplementação. Para cada 1% do PV de suplemento, ocorreu um
aumento de 0,90% do PV no consumo total. Esse resultado demonstra que o objetivo final
do uso de suplementos concentrados foi alcançado, pois o aumento do consumo total
(forragem + concentrado) resultará em maior ingestão de nutrientes e, consequentemente,
em melhor desempenho animal. A suplementação energética supriu quase três vezes
mais energia (NDT) e 77% da proteína suprida pela suplementação proteica.

Ainda de acordo com estes autores, a suplementação energética reduziu o consumo de


forragem de forma mais acentuada quando comparada com as reduções dos animais
consumindo forragem de baixa qualidade, ou seja, houve maior efeito substitutivo
quando a forragem apresentou teores menores que 7% de PB (LAKE et al., 1974;
PORDOMINGO et al., 1991; HESS et al., 1996). Para cada 1% do PV de consumo de
suplemento houve redução de 0,65% no consumo de forragem. Já o consumo total
foi aumentado em apenas 0,34% do PV, para cada 1% do PV suplementado. Esse fato
demonstra claramente que o efeito de substituição foi mais acentuado para animais
suplementados em pastagens de alto valor nutritivo do que de baixo valor nutritivo.

Uma vez que a suplementação energética não causou prejuízos (redução) no CMS total,
o efeito de substituição deve ser analisado positivamente, pois o excedente de forragem
gerado pela substituição deverá ser aproveitado por meio do aumento de animais na

75
UNIDADE IV │ SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM

área, resultando no aumento da taxa de lotação das pastagens (PERRY et al.; 1971;
SANTOS et al.; 2009). O aumento do desempenho pela maior ingestão de nutrientes
e da taxa de lotação em função do efeito de substituição é benefício da suplementação
concentrada que deve ser aproveitado pelo produtor para aumento da produtividade
(kg de carne por hectare).

No estudo de Casagrande et al. (2009), a suplementação também afetou a taxa de


lotação, que decresceu linearmente com acréscimo na altura de pastejo, independente
da suplementação utilizada. No entanto, a lotação foi sempre superior nos pastos em que
os animais receberam concentrado em relação aos que os animais foram suplementados
com sal mineral. Dessa forma, manteve-se 9,5% a mais de animais na mesma área, o
que equivale a um animal de aproximadamente 200 kg a mais por hectare.

Em revisão de literatura foram avaliados os efeitos da suplementação com concentrado


não apenas no ganho de peso animal, mas também nas taxas de lotação (AGOSTINHO
NETO, 2010; DA CRUZ et al., 2009; COSTA, 2007; CORREIA, 2006; RAMALHO,
2006). Em todos os trabalhos, houve aumento da taxa de lotação e da produção de
carne por área, o que evidencia o potêncial da suplementação com concentrado como
ferramenta para aumentar a produtividade de sistemas de produção em pastagens.

Uso de suplementos e comportamento


ingestivo de animais em pastejo
O conhecimento dos padrões de comportamento de escolha, localização e ingestão do
pasto pelos bovinos são de fundamental importância, quando se pretende estabelecer
práticas de manejo nutricional mais eficiente. Com o objetivo de realizar ajustes mais
minuciosos na dieta para maximizar o desempenho animal acrescido de informações
sobre o comportamento animal são consideradas três atividades básicas que
caracterizam o comportamento ingestivo animal: alimentação ou pastejo, ruminação e
ócio, podendo ser influênciadas pelas características da dieta, por condições ambientais
e pelo manejo, alterando o tempo gasto em cada uma das atividades e sua distribuição
ao longo do dia (MARQUES et al., 2008).

O conhecimento da interação existente entre estrutura do dossel forrageiro e


comportamento ingestivo é fundamental para que se entenda como o manejo do pasto
pode influenciar e/ou determinar o consumo de forragem de animais em condição de
pastejo (BERCHIELLI, 2011), uma vez que grande número de variáveis sofre o efeito da
interação existente entre a planta e animal, de forma que o sistema passa a apresentar
uma série de respostas compensatórias de uma variável em razão do ajuste realizado
em outra (DA SILVA; PEDREIRA, 2010). Segundo Silva et al. (2006), o estudo do

76
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM │ UNIDADE IV

comportamento ingestivo dos ruminantes pode nortear a adequação de práticas de


manejo e embasar diversas discussões relacionadas ao consumo e, consequentemente,
ao desempenho dos animais.

Hodgson (1985) propôs que a massa do bocado seria o produto entre a densidade da
forragem e o volume do bocado no estrado pastejado, sendo este último o produto entre
a sua área e sua profundidade. Entende – se por profundidade do bocado a diferença
entre a altura inicial da planta e a altura residual após o pastejo; e por área do bocado
o quociente entre a área total pastejada e o número de bocados realizados (UNGAR,
1996). Avaliando o comportamento alimentar de bovinos de corte em crescimento
em pastejo de capim Marandu, Sarmento (2003) observou uma redução quadrática
no tempo de pastejo, uma redução linear na taxa de bocados e um aumento linear no
tamanho do bocado com o aumento da altura do dossel forrageiro, indicando como as
características do pasto influênciam o comportamento alimentar de bovinos em pastejo.

A ingestão do suplemento altera o comportamento ingestivo de ruminantes em pastejo


(MARQUES et al., 2005). Segundo Silva et al. (2010), os resultados encontrados na
literatura, referentes às alterações provocadas pela suplementação a pasto sobre o
comportamento ingestivo dos ruminantes, são controversos. O efeito do suplemento
sobre o consumo pode ser aditivo, quando o consumo de suplemento agrega-se ao
consumo atual do animal; e substitutivo, quando o consumo de suplemento diminui o
consumo de forragem, sem melhorar o desempenho animal (BARBOSA et al., 2001).
O efeito aditivo é ideal, quando o preço da suplementação é alta, quando se consegue
suplementos de baixo custo, o efeito substitutivo se torna interessante, uma vez que
permite aumentar a taxa de lotação.

O tempo de pastejo reflete a facilidade de apreensão e remoção da forragem pelos animais,


os quais procuram ser eficientes, uma vez que buscam bocados potênciais enquanto
mastigam a forragem apreendida em bocados anteriores (PRACHE, 1997). Conforme
Santana Júnior et al. (2013), o fornecimento de concentrado pode causar alteração
no tempo destinado ao pastejo, sendo verificado que a diminuição da quantidade de
suplemento concentrado fez com que os animais elevassem seu tempo de pastejo.

O bocado consiste em uma série de movimentos mandibulares, da língua e do pescoço,


que culminam na apreensão da forragem, consistindo a unidade fundamental do
consumo (UNGAR, 1996). Quando parte dos nutrientes exigidos é suprido pelo consumo
de suplemento, pode ocorrer melhora na eficiência de utilização da energia oriunda da
forragem, pela melhor condição para atuação da microbiota ruminal (Silva et al., 2005)
e aumentar a taxa de passagem, favorecendo maiores números de bocados.

77
UNIDADE IV │ SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM

Um dos fatores que pode influênciar o tempo de pastejo e o nível de concentrado na


dieta. Marques et al. (2008), avaliando a inclusão de diferentes níveis de concentrado
(0; 24; 48; 72%) em dietas de bovinos 5/8 Holandês-Zebu sobre o comportamento
ingestivo, verificaram que os níveis não influênciaram os tempos de alimentação,
ruminação e ócio, as eficiências de alimentação e ruminação em função do consumo de
MS e do FDN.

Estudando o comportamento ingestivo diurno de novilhos em pastagem de capim-


braquiária, submetidos à suplementação energética e proteica, Silva et al. (2010a)
verificaram que os tempos de pastejo, ruminação e ócio sofreram efeito quadrático e o
tempo de cocho efeito linear crescente.

Santos et al. (2015) avaliaram os efeitos da suplementação energética ao nível de


0,8% do PV sobre o comportamento ingestivo diurno em novilhos Nelore e ½ sangue
Angus x Nelore pastejando capim-marandu no período do verão e concluíram que a
suplementação com concentrado reduziu o tempo de pastejo (P<0,05) e tempo de
ruminação (P<0,01) em ambos os grupos genéticos, porém, não houve efeito da dieta
sobre o tempo de ócio. Estes resultados corroboram com Reis et al. (1997), os quais
relataram que, em resposta à suplementação energética, há uma progressiva diminuição
no tempo de pastejo.

O tempo de ruminação pode também sofrer variação devido ao estádio vegetativo


e reprodutivo da planta, com aumento do material senescente e inflorescência,
provocando mudanças na composição bromatológica e morfológica. Durante a época
de inverno, os animais passam mais tempo ruminando em relação às épocas de verão
(SHULTZ, 1983), devido à quantidade de fibra e à baixa digestibilidade das forrageiras
nesse período.

Signoretti et al. (2012) avaliaram o efeito da suplementação proteica (34%, 43%,


56% e 66% de PB) e nível de fornecimento 0,30% do PC, na época das águas, sobre
o comportamento ingestivo de novilhas mestiças. As novilhas permaneceram em
pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu, podendo-se verificar maior tempo em
ruminação e menor tempo em ócio nos animais que receberam teores intermediários
de proteína.

Cabral et al. (2011a) analisaram o efeito da suplementação proteica sobre as atividades


comportamentais diurnas de novilhos inteiros da raça Nelore na época das águas, tendo
como resposta a redução em 1,1h no tempo de pastejo, compensando parte do tempo
pelas atividades de ócio e permanência no cocho. Os animais não alteraram o tempo de
ruminação, em função da suplementação e mantiveram a mesma taxa de bocados, em
virtude da homogeneidade das características estruturais e químicas do pasto.

78
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM │ UNIDADE IV

Nos trabalhos revisados por Krysl e Hess (1993) sobre a suplementação alimentar de
bovinos no período das águas, observou-se que a suplementação proteica diminuiu o
tempo de pastejo e aumentou a eficiência de pastejo; da mesma forma a suplementação
energética também diminuiu o tempo de pastejo. Entretanto, o aumento na concentração
energética do suplemento não alterou ou diminuiu a eficiência de pastejo.

Efeito da suplementação sobre a


digestibilidade da fibra
Em sistemas de produção de bovinos em pastejo, uma estratégia de suplementação
adequada consiste em maximizar o consumo e digestibilidade da forragem disponível,
explorando ao máximo o potêncial produtivo animal (ANDRADE; PRADO, 2011).
Contudo, um desafio constante é predizer com exatidão, o impacto que a suplementação
terá no desempenho animal. A composição da dieta faz com que os microrganismos
ruminais alterem o seu padrão de fermentação, seguido pelo ajuste das espécies
microbianas às novas situações. Neste contexto, a suplementação dos animais, por
meio da inclusão de concentrados na dieta, pode afetar a digestibilidade da fibra
(NAGARAJA; TITGEMEYER, 2007).

A suplementação energética dos animais em pastejo, dependendo do nível de


suplementação adotado, implica em efeitos negativos sobre a digestibilidade da
fibra e redução no consumo do volumoso (PAULINO et al., 2006). A redução da
digestibilidade ruminal da fibra em função do aumento de CNF na dieta pode ser
atribuído à queda de pH ruminal, reduzindo a atividade das bactérias fibrolíticas
(NAGARAJA; TITGEMEYER, 2007).

Entretanto, em pastagens tropicais, a variação do pH ruminal devido à suplementação


da dieta parece ser relativamente pequena, reflexo da alta efetividade da fibra que, por
meio da ruminação e tamponamento ruminal pela saliva, asseguram a manutenção
das condições ruminais, não interferindo no adequado crescimento das bactérias que
utilizam carboidratos fibrosos (MERTENS, 1997; COSTA et al., 2015).

Em outras palavras, a disponibilidade de carboidratos solúveis pode comprometer a


digestão da fibra sem afetar o pH ruminal. Dessa forma, outra justificativa para queda
na digestibilidade da fibra em animais em pastejo sendo suplementados seria em
relação ao efeito concentrado ou carboidrato, que consiste na competição por nutrientes
existentes entre microrganismos fibrolíticos e aqueles que degradam os CNF no rúmen
(Arroquy et al., 2005).

79
UNIDADE IV │ SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM

Além disso, alguns fatores podem reduzir a aderência dos microrganismos fibrolíticos ao
substrato, como a presença de inibidores de fixação, como o amido solúvel, resultando
na inibição da digestão da celulose (OWENS; GOETSCH, 1993). Mertens e Loften
(1980) concluíram que a redução na degradação da FDN do feno de Cynodondactylon
foi diretamente proporcional à adição de amido, a qual implicou em maior tempo para
a colonização das partículas do alimento pelos microrganismos ruminais. Costa et al.
(2009), em experimento in vitro, concluíram que a inclusão de amido ou pectina em
forragem de alta qualidade afetaram negativamente a digestibilidade da FDN.

Silva et al. (2007) reportaram redução da digestibilidaderuminal da FDN (77,77 vs.


71,20%) ao suplementar com 4,3% de amido na dieta de bovinos consumindo feno de
Tifton. Por outro lado, Franco et al. (2002) não constataram diferenças no pH ruminal
(6,79 vs. 6,65) e na degradabilidade da FDN (54,46 vs. 54,34 %) de bovinos pastejando
Brachiaria brizantha cv. Marandu (10,3 % de PB; 69,5 % de FDN e 34,5 % de FDA),
suplementados com 1,0 kg/animal/dia de grãos de milho.

Dórea (2010), ao suplementar diferentes níveis de suplementação energética (0; 0,3%;


0,6% e 0,9%PC de milho moído) para novilho Nelore pastejando capim Marandú na
época das águas, constataram que a suplementação melhorou a degradação da fração
fibrosa, aumentando a fração potencialmente degradável da FDN (P<0,05) e reduzindo
a fração indigestível da FDN, sem efeito sobre o lag time (tempo de colonização, P>0,05),
demonstrando que não houve prejuízos na degradação da fibra com diferentes níveis
de suplementação energética. O mesmo autor realizou uma meta-análise com dados
compilados da literatura, com um total de 12 estudos entre os anos de 1990 e 2010,
nos quais foram avaliadas a digestibilidade da FDN no trato digestivo total de bovinos
recebendo suplementação energética, proteica e proteico-energética, e observaram que
em apenas um trabalho houve efeito da suplementação reduzindo a digestibilidade da
fibra, ao passo que nos demais não houve este efeito negativo. Resultados semelhantes
foram obtidos por Rocha (2010), que observou aumento da digestibilidade da FDN
(50,36 vs. 43,16%) ao suplementar novilhos de corte pastejando capim-mombaça com
suplemento energético.

A extensão da digestão microbiana da forragem que é reduzida pela inclusão de


suplementos na dieta varia muito entre forragens de diferentes composições.
Concomitantemente, a atividade dos microrganismos celulolíticos é dependente
da concentração de amônia no rúmen, e assim o fornecimento adicional de N para
animais consumindo forragens tropicais de baixa qualidade favorece o crescimento das
bactérias fibrolíticas, aumenta a taxa de digestão e a síntese de proteína microbiana e,
consequentemente, aumenta o consumo voluntário (DETMANN et al., 2008). Zorzi
(2008), em estudo in vitro, obteve efeitos positivos sobre a digestibilidade da FDN com
a inclusão de NNP.

80
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM │ UNIDADE IV

Vieira (2011) observou que o fornecimento de suplemento proteico-energético (0,3% do


PC/dia) para novilhas Nelore, pastejando capim-marandu, aumentou a digestibilidade da
MS (50,4 vs. 53,8%, P<0,05) e MO (54,51 vs. 57,96%, P<0,05), sem afetar a digestibilidade
da fibra (FDN), que não variou com o incremento do suplemento energético-proteico
no sistema. Silva et al. (2009) também reporta aumento significativo na digestibilidade
da FDN (49,9 e 54,3%) com o fornecimento de suplementos nitrogenados para vacas
leiteiras sob pastejo em capim-elefante (Pennisetum purpureum).

Stokes et al. (1988) observaram que a suplementação com PDR aumentou a


digestibilidade da FDN, ao fornecer farelo de soja (0,12 ou 0,24% do PV) para vacas
de corte alimentadas com feno. Entretanto, Souza et al. (2014) não observaram efeito
sobre o coeficiente de digestibilidade da MS, MO, PB EE e FDN em novilhos Nelore,
pastejando Brachiaria brizantha cv. Marandu recebendo suplemento proteico no
período das águas. Dessa forma, a suplementação energética e/ou proteica pode suprir
as necessidades em energia e proteína dos microrganismos, proporcionando condições
favoráveis ao ambiente ruminal, maximizando o crescimento microbiano e a utilização
dos compostos fibrosos da forragem (COSTA et al., 2015).

Efeito da suplementação na composição do


pasto
Conhecidas as exigências dos animais, o primeiro ponto a ser avaliado para suplementar
bovinos em pastejo é a qualidade da forragem. Características que permitam descrever
a estrutura do pasto são relevantes na avaliação de pastagens porque influênciam o
comportamento ingestivo, a digestibilidade e o desempenho dos animais permitem
avaliar a qualidade da forragem (SCHIO et al., 2011).

O período das águas apresenta condições climáticas favoráveis ao crescimento das


forrageiras tropicais. Associado a isso e ao manejo correto da desfolha, altos níveis de
fertilidade (principalmente nitrogênio) podem possibilitar a produção de forrageiras
com alta degrabilidade proteica que podem gerar altos níveis de compostos nitrogenados
amoniacais no rúmen, o que sugere o fornecimento de suplementos energéticos de alta
e média degrabilidade para aumentar a produção de proteína microbiana (BARBOSA
et al., 2011).

Pode-se considerar que outras forrageiras tropicais apresentam comportamento


semelhante, sendo fundamental identificá-las para o balanceamento da dieta dos animais
em pastejo. De acordo com Johnson et al. (2001) gramíneas tropicais, manejadas
intensivamente com doses elevadas de nitrogênio (200 a 500 kg/N/ha), durante o período
das águas, possuem cerca de 40 a 50% de conteúdo de compostos nitrogenados na forma

81
UNIDADE IV │ SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM

solúvel, contendo mais de 210 g de PB por kg de MOD, nessas condições, ocorre aumento
considerável na degradabilidade ruminal da proteína da forragem (SANTOS et al., 2005).
Por exemplo, no trabalho de Ramalho (2006), teores médios de PB de 17,4% na MS e
digestibilidade da MO de 59,4% resultam em 325 g de PB por kg de MOD, valor que,
segundo Poppi e McLennan (1995) acarreta em baixo aproveitamento da PB da forragem
no processo de degradação ruminal e síntese de PB microbiana.

É importante considerar que no NRC (1996) foi adotado a eficiência de 130 g de


proteína microbiana sintetizada por kg de NDT ingerido. Mesmo quando dados de
pastos tropicais com alto valor energético, ao redor de 65% de NDT e 11% de PB, com
81% de PB degradável no rúmen, há excesso de 35,8 g de PDR para bovino macho em
recria, com 300 kg de peso vivo. Nesta situação, o balanço de proteína metabolizável
também é positivo, todavia o ganho de peso do animal é limitado pela falta de energia.

A fração proteica da forragem também assume grande importância quando se pretende


corrigir as deficiências da mesma, com vistas a aperfeiçoar o desempenho animal. Em
termos nutricionais, de maneira simplista a fração proteica da forragem pode ser dividida
em duas: uma considerada disponível, ou seja, degradável e outra de baixa degradação
ruminal. A fração C, não disponível pode ser estimada por meio da determinação
do conteúdo de nitrogênio retido no resíduo insolúvel em detergente ácido. A fração
disponível compreende a proteína metabolizável da forragem e aquela sintetizada pelos
microrganismos do rúmen (REDFEARN; JENKINS, 2000). A proteína metabolizável da
forragem compreende a fração de N solúvel (A, B1 e B2) e o N retido na fibra detergente
neutro potencialmente degradável, ou seja, a fração B3 (RUSSELL et al., 1992).

Nesse contexto, as principais limitações para o crescimento microbiano ruminal residem


no fato de a forragem disponível ao pastejo permitir baixa assimilação do nitrogênio
disponível em proteína microbiana no rúmen, em função da alta degradabilidade dos
compostos nitrogenados ou menor velocidade de degradação dos carboidratos fibrosos
da forragem (DETMANN et al., 2005). Nessas situações, o fornecimento de fontes
energéticas de rápida disponibilidade no rúmen melhoraria a assimilação microbiana
do nitrogênio e poderia acarretar no aumento do desempenho animal (POPPI;
MCLENNAN, 1995; DETMANN et al., 2005).

Várias questões ainda não foram totalmente compreendidas devido ao fato de não
possuírem entendimento completo dos fatores que interagem, tais como, teor de
proteína no suplemento, exigências de N pelos micro-organismos ruminais, forma física
do suplemento e características de nutrientes a ser utilizado, amido ou fibra altamente
digestível e os efeitos sobre a utilização dos componentes fibrosos da forragem.

82
Capítulo 2
Recria de machos e fêmeas para
reposição

Recria de novilhas para reposição


A recria de novilhas para a reposição do plantel é a classe animal mais marginalizada na
produção pecuária, pois tem um retorno econômico mais tardio e por isso as melhores
pastagens são destinadas aos animais de retorno econômico mais imediato, como vacas
adultas com cria ao pé ou, principalmente, machos de engorda. Entretanto, essa fase da
vida da fêmea é de extrema importância, pois elas são o futuro da fazenda, formando a
base da produção de carne, sendo responsáveis pelos índices reprodutivos e produtivos
do rebanho de cria. Portanto, a seleção e o preparo de novilhas para a reposição são
alguns dos itens mais importantes do manejo reprodutivo (VALLE et al., 1998).

O objetivo para fêmeas de reposição é fazê-las terem um rápido desenvolvimento em


peso para chegarem à puberdade o quanto antes. Deve ser frisado que fêmeas jovens
somente começam a dar retorno econômico à propriedade quando parem pela primeira
vez. Assim, em decorrência do peso adulto, é determinado um peso alvo, referente a
55-60% e 65% do peso adulto para animais Bos taurus e Bos indicus (NRC, 1996),
respectivamente. O peso adulto é determinado quando o animal obtém 25% de gordura
corporal (CSIRO, 1990) ou o peso quando a deposição de proteína atinge o máximo
(FOX; Black, 1984).

Portanto, a nutrição das futuras matrizes deve-se basear nas taxas de ganho de
peso necessário para que as novilhas alcancem o peso adequado antes do início do
acasalamento. Evidente que o peso a desmama é muito importante nesse processo, bem
como a velocidade ótima de desenvolvimento, a qual deve ser encontrada tendo em vista
os preços dos alimentos e do próprio produto, nesse caso, o bezerro. Uma estratégia
interessante é separar os animais mais leves para fornecer alguma suplementação
diferenciada, com mais energia, visando aumentar o ganho de peso diário para alcançar
o restante do lote.

A fazenda de cria, normalmente, segura as novilhas para fazer a reposição das fêmeas
do rebanho e, por isso, é de extrema importância planejar e executar programas de
manejo alimentar e seleção genética que aumentem a eficiência do rebanho ao longo das
gerações, e a redução da idade de entrada na puberdade se apresenta com uma forma
eficiente de aumentar a produtividade. A redução da idade ao primeiro acasalamento
83
UNIDADE IV │ SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM

para menos de dois anos resulta em impactos econômicos mais significativos que a
redução da idade de abate de novilhos dos quatro para os dois anos de idade (PEREIRA
NETO et al., 1999). No entanto, é importante fazer o planejamento nutricional
corretamente, para permitir um crescimento ósseo e muscular antes da deposição
excessiva de gordura no corpo desse animal, para não comprometer o crescimento e
desenvolvimento fisiológico dessa futura matriz.

Por outro lado, a negligência no manejo alimentar pode comprometer a entrada


das novilhas na reprodução, ciclando mais tarde. O que ocorre, principalmente, em
períodos de seca, onde a escassez de pasto (alimento barato) inviabiliza a alimentação
correta, porém, quando objetiva-se atingir uma alta eficiência produtiva, devem-se
escolher técnicas regionais de alimentação, de baixo custo, para a suplementação do
rebanho nos períodos de menor disponibilidade de alimentos, como por exemplo, o uso
de subprodutos na dieta.

Segundo Oliveira (2006), o descaso no manejo das plantas forrageiras associados ao


desleixo no manejo dos animais, nos sistemas extrativistas, torna-se grande barreira
na adoção da qualidade total na pecuária de corte. Então, como alcançar elevados
índices de produtividade se nem as pastagens sabe-se manejar? Como diminuir a idade
a cobertura quando não existe um programa adequado de alimentação e sanidade do
rebanho durante o ano todo? Então, a filosofia de produção de baixíssimos custos deve
ser repensada, pois baixo custo na maioria das vezes pode refletir baixa produtividade
animal. Talvez a saída seja a produção em “grande” escala, ou seja, tentar produzir ao
máximo por cada unidade de investimento tendo como alicerce uma visão empresarial.

Desta forma, para que esses objetivos sejam alcançados é necessário que o produtor
observe os seguintes pontos abaixo, recomendados por Valle (1998).

a. Propiciar condições nutricionais e sanitárias adequadas para a redução


da idade à puberdade.

b. Colocar em monta uma quantidade superior de novilhas necessárias para


a reposição das vacas descartadas. Cerca de 25% a mais.

c. Iniciar e terminar a estação de monta (quando em sistema sem


suplementação adequada no inverno), pelo menos um mês antes da
estação de monta das vacas.

d. Selecionar para a reposição aquelas que conceberem no início da estação


de monta.

84
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM │ UNIDADE IV

e. Efetuar o diagnóstico de gestação de 45 a 60 dias após o final da monta,


para descartar as vazias.

f. Proporcionar condições nutricionais adequadas para que as novilhas


apresentem condições corporais de moderada a boa ao parto. A restrição
alimentar durante o último trimestre de gestação é prejudicial ao
desenvolvimento das novilhas e do feto e reduz o peso do bezerro ao
nascimento e os índices de concepção após o parto.

A recria é um período de ganhos muito eficientes, uma vez que as exigências de


mantença são baixas e a composição do ganho é constituída principalmente de proteína
e água. A recria de novilhas para a reposição do plantel é, nas condições do Brasil
pecuário, realizada com baixíssimos custos, apesar de estar baseada em desempenhos
médios e baixos. Entretanto, a produtividade e o nível de desempenho da recria pode
ser fortemente incrementados com o uso de suplementação a pasto, o uso de aditivos,
melhoria da genética e, principalmente, a melhoria do manejo do pasto.

Recria de machos para reposição


Além de promover melhora no desempenho animal e elevar a taxa de lotação dos pastos,
a suplementação com concentrados para animais mantidos a pasto pode constituir-se
em ferramenta auxiliar para melhorar a qualidade da carcaça obtida, influenciando a
deposição de gordura e músculo. Em outras palavras, a suplementação pode alterar a
composição do ganho de animais mantidos a pasto (POPPI, MCLENNAN, 1995).

Vários fatores podem afetar a composição corporal, como peso do animal, taxa de
ganho, tipo racial, sexo, características da dieta, dentre outros (FOX; BLACK, 1984).
Por meio da suplementação, se torna possível obter melhor acabamento de carcaças
com animais mais jovens, pelo fato de propiciar uma complementação energética e
proteica das pastagens, explorando o potencial de ganho de peso dos animais.

Marcondes et al. (2001) avaliaram a suplementação nas águas de diferentes fontes


proteicas e energéticas para novilhos Guzerá, mantidos a pasto formado por B.
decumbens e observaram o maior ganho de peso diário para os animais recebendo
fonte de PNDR em relação ao grupo recebendo apenas sal mineral (0,787 vs 0,500 kg/
dia, P<0,05). Resultados semelhantes foram relatados por Andrade e Alcalde (1995),
que observaram acréscimo de cerca de 300g no ganho de peso em animais recebendo
suplemento proteico com fonte de proteína menos degradável no rúmen, sugerindo a
utilização estratégica das fontes de proteína, usando-se fontes menos degradáveis no
período das águas e de fontes degradáveis no período das secas.

85
UNIDADE IV │ SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM

O ganho de massa corporal é uma das variáveis mais utilizadas para se avaliar o
crescimento e, consequentemente, o desempenho animal. Neste contexto, o aumento
no ganho de peso (GP) consiste em reflexo do desenvolvimento muscular e pode ser
estimado por meio da observação da área da seção transversal do músculo Longissimus
dorsi, entre as 12ª e 13ª costelas, denominado de área de olho de lombo (AOL). A
espessura de gordura subcutânea (EGS), também avaliada na secção transversal do
músculo Longissimus dorsi, indica o grau de acabamento da carcaça e proporciona
indícios de carne de qualidade. A área de olho-de-lombo é altamente correlacionada ao
total de músculos na carcaça e, quando utilizada em conjunto com outros parâmetros,
auxilia na avaliação do rendimento em cortes desossados da carcaça (Costa et al., 2002).

Ao avaliar o efeito da suplementação proteico energético sobre o desempenho de


novilhos de corte mestiços mantidos em pastagem de capim-marandu no período das
águas, Moretti et al. (2011) observaram que a utilização de suplemento concentrado
promoveu maior AOL e profundidade do músculo Gluteusmedius em relação aos
animais que recebiam apenas sal mineral (62,77 vs. 54,94 cm², P<0,01; 7,15 vs. 6,75 cm,
P = 0,03, respectivamente). Concomitantemente, o grupo suplementado apresentou
maior GP em relação ao grupo controle (0,700 vs. 0,587 kg/dia, P = 0,05), podendo
inferir que o aumento no GP é resultado da maior deposição muscular. Por outro lado, a
suplementação não afetou a EGC (P = 0,58), apesar da crescente deposição de gordura
ao longo do período experimental, aumentando de 2,22 no início para 3,97mm antes do
abate (P<0,01), pelo fato do animal depositar gordura de forma mais intensa nesta fase.

Vaz et al. (2013), em estudo com novilhos da raça Bradford mantidos à pasto, no
período das águas, recebendo ou não suplementação energética-proteica (casca de
soja, 7g/kg), observaram aumento do ECC dos animais quando suplementados, em
que o desenvolvimento muscular e deposição de gordura foram influenciadas pela
suplementação (P<0,05), resultando em aumento da AOL (cm²) e EGC (mm) do
músculo Longissimus dorsi em 12,07 e 42,79%, respectivamente, em relação aos animais
que não receberam suplementação. Simultaneamente, o desenvolvimento muscular
foi consistente com o aumento do GP, em que os animais suplementados no verão
ganharam 60,5% a mais de GP, resultando em maior peso corporal em comparação aos
animais que não receberam suplementação durante o período experimental (352,5 vs.
322,5 kg, P<0,05).

A densidade energética da dieta pode direcionar o uso da energia para síntese de


proteína ou de gordura, modificando a composição do crescimento (ROBELIN; GEAY,
1984). Dessa forma, o fornecimento de alta energia via suplemento, associado à boa
qualidade de pastejo, determina a maior deposição e gordura (VAZ et al.,2013).

86
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM │ UNIDADE IV

Valle (2011) obteve resultados semelhantes ao suplementar novilhos Brangus X Zebu,


pastejando capim-mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça), em que os animais
recebendo a suplementação proteico-energética (0,6% do PV de concentrado) tiveram
maior EGS e AOL quando comparado ao grupo não suplementado (2,14 vs. 0,27
mm, P<0,01; e 43,79 vs. 34,88 cm², P<0,01, respectivamente). A maior AOL está em
concordância com maior ganho de peso (0,536 vs. 0,178 kg/d, P<0,05) e maior peso
de carcaça (160,56 vs. 119,38 kg, P<0,01) observado para os animais que receberam o
suplemento.

Entretanto, Pereira Júnior et al. (2016), ao avaliar o desempenho de bovinos de corte em


pasto recebendo suplementação com diferentes fontes proteicas, observaram aumento
do GP para os animais que receberam suplementação em comparação ao grupo que
recebeu apenas sal mineral (1,06 vs. 0,95 kg/d, P<0,05), porém, sem diferenças entre
estes dois grupos para taxa de acúmulo de gordura no músculo Longissimus dorsi na
região da garupa.

Correia (2006) observou ganhos de peso linear crescente de 595, 673, 810 e 968 g/
dia em animais cruzados recriados em pastagens de capim-marandu com 12,5% PB
suplementados com concentrado energético em 0, 3, 6 e 9 g/kg do peso vivo por dia,
respectivamente. Constatou-se ainda o aumento da taxa de lotação e da produção de
arrobas por hectare.

Costa (2007) realizou uma compilação de dados publicados na literatura sobre


suplementação energética para bovinos mantidos em pastagens no período das águas e
encontrou que os animais suplementados tiveram GPD (ganho de peso diário) de 920 g
por dia, enquanto que os não suplementados tiveram desempenho de 722 g por dia com
doses entre 0,2 a 0,6% do PV.

Nos resultados de uma revisão descritos por Dórea (2011), a taxa de lotação média nas
águas foi de 3,84 UA/ha e o GMD nas águas dos animais suplementados foi de 840
g por dia contra 801 g por dia no tratamento não suplementado. O ganho elevado foi
explicado pelo bom valor nutricional e oferta de forragem adequada.

De acordo com Poppi e McLennan (2007), pode ser verificada variação da composição
dos pastos, influenciando o desempenho de animais nas diferentes épocas do ano, cujo
mesmo tipo de suplemento, farelo proteico, fornecido na mesma quantidade, ou seja,
em igual porcentagem de peso corporal, por exemplo, 5 g/kg PC, proporcionou taxas de
ganho de peso variando de 500 g na seca, 1.200 g nas águas e 800 g na transição águas/
seca, enfatizando a necessidade de estudar estratégias diferentes de suplementação
com base em época do ano e taxa de ganho desejado.

87
UNIDADE IV │ SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM

Nascimento et al. (2010) estudaram diferentes fontes de energia em suplementos


proteicos e energéticos comparados ao fornecimento exclusivo de suplemento mineral
para bovinos mestiços Holandês x Zebu na época do verão (dezembro a março)
em pastagem de Brachiaria decumbens, com 9,5% PB e observaram ganho médio
diário maior (596,5 g/dia) nos animais que consumiram 3 g/kg de PC de suplemento
proteico e energético quando comparados aos que receberam somente suplemento
mineral (448 g/dia).

Estudando diferentes fontes de proteína em suplementos proteicos (2 g/kg PC)


comparados com suplemento mineral fornecido a tourinhos mestiços com 229 kg e 12
meses de idade durante a época das águas em pastagens de Brachiaria brizantha, cv.
Marandu com 9% PB, Porto et al. (2009) observaram ganho médio diário maior (1,1 kg/
dia) nos animais que consumiram suplemento e menor quando consumiram somente
suplemento mineral (887 g/dia), e mesmo não sendo significativamente diferente
foi ressaltado pelos autores que essa diferença em desempenho seria suficiente para
reduzir o tempo de terminação.

Em revisão feita por Santos et al. (2007) três estudos com suplementação, na época das
águas, com diferentes doses e fontes suplementares, apontaram que suplementação na
dose de 6 g/kg do PC tanto proteica, como energética, como proteico/energética (com
forragem disponível apresentando mais de 11% de PB) melhora o ganho de peso, taxa
de lotação e produção de carne por área.

Dessa forma, os animais frequentemente respondem à suplementação na estação das


águas, um período em que a qualidade da pastagem, em termos de digestibilidade e
conteúdo de proteína, é alta, proporcionando ganhos adicionais de peso corporal, sendo
que as estratégias de suplementação alteram de forma contundente a composição do
ganho dos animais (CARVALHO et al., 2003; RESENDE; SIQUEIRA, 2011).

Resultados interessantes com suplementação energética no verão também foram


obtidos por Santos et al., (2016), em um estudo realizado no Laboratório de Pesquisa em
Gado de Corte da FMVZ – USP, em Pirassununga, conduzido por 2 anos consecutivos
(verão 2014-2015 e 2015-2016). Neste estudo, quantificou-se o efeito da suplementação
energética em novilhos Nelore (NEL) e ½ sangue Angus x Nelore (ANG) sobre o ganho
de peso médio diário (kg/cab/dia) e a taxa de lotação (UA/há/dia) na fase de recria
em pastejo rotativo de Brachiaria brizantha cv. Marandu e Panicum maximum cv.
Mombaça. Durante os 180 dias da estação chuvosa (novembro a abril) de cada ano,
foram avaliados dois níveis de suplementação: 0% do PV (grupo controle: sal mineral
– SM) e 0,8% do PV (grupo suplemento energético – SE).

88
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM │ UNIDADE IV

Houve efeito do tratamento (P<0.01) para o GMD de novilhos suplementados com


concentrado. O GMD foi superior nos grupos que receberam suplementação energética
em ambas as raças (Figura 1). Esses ganhos, na média foram de 0,73 kg/cab/dia versus
0,82 kg/cab/dia (P<0.01) para NEL e ANG, respectivamente. Houve um acréscimo de
400g/animal/dia para os grupos que receberam suplementação (0,58 kg/cab/dia do
grupo controle versus 0,98 kg/cab/dia do grupo SE, P<0.01). Os resultados mostraram
uma tendência (P=0.06) para efeito da raça. No entanto, não houve interação entre
espécies forrageiras, raças e tratamento (P>0.05).

Figura 6. Ganho médio diário de garrotes Nelore e Angus (F1 – Angus x Nelore) com suplementação energética

(SE) ou suplementação mineral (SM) em pastejo no verão.

Fonte: Santos et al. (2016).

A suplementação energética no período do verão aumentou o ganho de peso de novilhos


na fase de recria. Independentemente da espécie forrageira, animais F1 (ANG x NEL)
apresentaram desempenho superior, reflexo do impacto da heterose pelo cruzamento
com a raça Angus, cujas características são maior velocidade de ganho de peso, alto
rendimento, animal jovem e precoce.

No mesmo experimento (SANTOS et al., 2016), avaliaram os impactos da suplementação


sobre a taxa de lotação na recria de animais em pastejo no período das águas. Os
resultados estão apresentados na tabela 9.

A suplementação energética permitiu aumento da lotação animal entre os grupos SE


comparado ao SM (P<0,01), independentemente da espécie forrageira (Brachiaria ou
Mombaça). No entanto, não houve interação (P>0,01) entre suplementação, espécies
forrageiras e ano. Essa maior lotação pode estar atribuída ao efeito substitutivo da
forragem pela inclusão do SE, contudo mesmo com o aumento da lotação nesses grupos

89
UNIDADE IV │ SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGEM

o GMD foi maior para SE na maior lotação e independente do grupo genético (Figura
1), o que acarretou também em maiores ganhos por área. Quando comparamos SE com
grupo controle, isto representa um aumento médio de quase 34% na capacidade de
suporte dos pastos.

Tabela 9. Taxa de lotação de garrotes em pastejo rotativo no verão com suplementação energética ou

suplementação mineral.

Tratamentos1
Variável EPM Valor-P
SM SE
Lotação UA/ha 7,25 9,70 0,23 < 0,01
1
SM = suplementação mineral; SE = suplementação energética.
Fonte: Santos et al. (2016).

Essas informações são muito importantes para a produção em gado de corte, pois todo
o planejamento forrageiro e estratégias de compra ou venda de animais das fazendas
dependem da adequação da capacidade de suporte dos pastos e da disponibilidade de
forragem no período do verão. Dessa forma, pela intensificação dos sistemas a pasto,
o melhor aproveitamento da abundante e mais barata oferta de alimento de maior
qualidade nesse período, torna-se fundamental para aumentarmos a produtividade da
pecuária de corte no país visto que precisamos aumentar a produção de carne bovina
para atender as demandas internas e externas.

A suplementação nas águas pode ser altamente viável em sistemas intensivos que
trabalham com altas taxas de lotação, com alta produção por área, mas com menor
ganho por animal. Nesses casos, a suplementação em níveis moderados pode dobrar a
produção de carne por área, em virtude do aumento significativo do GPD dos animais
e da taxa de lotação dos pastos (DÓREA, 2011). Além disso, a suplementação com
concentrado é uma ferramenta para aumentar a ingestão de nutrientes e reduzir gasto
com atividade de pastejo (SANTOS et al., 2014).

Essa prática pode favorecer a preparação dos animais para serem abatidos no final das
águas, assim como encurtar o período de confinamento dos animais na entressafra.
Portanto, a suplementação com concentrado durante o período de pastejo nas águas,
pode levar a redução no tempo de abate, reduzindo os gastos durante o confinamento e
aumentando a produtividade geral do sistema.

90
CONFINAMENTO
DE BOVINOS DE Unidade V
CORTE

Apesar da grande maioria dos animais abatidos no Brasil serem criados, recriados
e terminados a pasto, o processo de profissionalização da pecuária nacional tem
estimulado o interesse pela terminação de animais em confinamento. O número de
animais terminados em confinamento no país vem crescendo a cada ano. O aumento
do interesse de pecuaristas e indústrias da carne pela terminação de animais em
confinamento decorre, principalmente, da necessidade em melhorar a eficiência
produtiva e a qualidade da carne produzida. Esse processo é fundamental para garantir
a competitividade do setor tanto no mercado nacional como no internacional.

O crescimento da atividade de confinamento no Brasil tem sido possível devido


ao crescimento expressivo da produção agrícola nacional, com um aumento na
disponibilidade de grãos de cereais e de coprodutos agroindustriais. A maior oferta
de alimentos concentrados, aliado à melhoria do potencial genético dos animais e
ao surgimento da tecnologia de confinamento, tem contribuído para aumentar a
competitividade brasileira na produção de gado destinado ao corte.

A lucratividade da atividade de confinamento é dependente do fator comercial e do fator


técnico. O fator comercial diz respeito ao preço de compra do boi magro, qualidade do
animal adquirido, preço pago pelos insumos e preço de venda do boi gordo. A principal
parcela do custo total do boi gordo é a compra do boi magro. Já o fator técnico diz respeito
ao desempenho do animal no confinamento, referente ao ganho de peso e conversão
alimentar. O processamento adequado dos alimentos e o balanço adequando das dietas
são fundamentais para que o animal utilize os alimentos com eficiência produtiva. Para
isso, é imprescindível conhecer bem os alimentos com que se trabalha.

91
Capítulo 1
Concentrado na dieta

Na última década houve grande expansão da atividade de engorda de bovinos em


confinamento, sendo que houve grande adoção da utilização de dietas com alto grão
(baixo nível de forragem) por parte dos pecuaristas. Porém, ainda há grande discussão
sobre qual sistema adotar: imitar os americanos que fazem uso das rações de alto
grão ou utilizar dietas com maior participação de volumosos? Nos Estados Unidos,
os nutricionistas utilizam em média somente 8,9% de volumosos na dieta de bovinos
em terminação (GALYEAN; GLEGHORN, 2001). A razão para tal é que o volumoso,
naquele país, é um dos ingredientes mais caros com base no nível energético e,
geralmente, é adicionado à dieta somente como prevenção de distúrbios digestivos
(GALYEAN; DEFOOR, 2003). Porém, isso nem sempre é verdade em nosso país. Como
os concentrados são relativamente mais caros aqui e os volumosos mais baratos, a
adoção de dietas de alto grão pelos pecuaristas precisa ser avaliada com cautela.

Uma análise da literatura nacional dos últimos 10 anos demonstra a existência de 15


estudos publicados na Revista Brasileira de Zootecnia avaliando a resposta ao aumento
da concentração de concentrados na dieta sobre o ganho de peso de animais em
terminação (tabela 10).

Tabela 10. Análise descritiva dos resultados de 15 estudos avaliando a resposta do ganho de peso de bovinos de

corte em confinamento ao aumento da proporção de concentrado na dieta.

Variável n Média Desvio Padrão Mínimo Máximo


Nível de Concentrado, % 38 48% 20% 5% 82%
GMD, kg/d 39 1.0 0.3 0.1 1.5
PV inicial, kg 41 305 81 177 439
PV médio, kg 31 362 83 184 486
CMS, kg/d 35 7.5 2.0 2.8 11.7
CMS, % do PV/d 29 2.0 0.3 1.4 2.5
FDN da dieta, %MS 32 40.9 10.7 24.8 62.9
NDT da dieta, % MS 33 68.3 4.6 60.0 76.5
PB da dieta, % MS 38 13.2 1.8 10.6 17.7
Fonte: Silva et al. (2011).

O nível ideal de grãos na dieta depende de diversos fatores econômicos como:


custos relativos do volumoso ou da forragem, custos fixos (incluindo depreciação
da infraestrutura e juros sobre o dinheiro emprestado), custo do boi magro e preços

92
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

relativos de venda da carne. Uma vez que o aumento da proporção de grãos na dieta
normalmente se traduz em aumento do consumo de energia, espera-se um maior ganho
de peso e redução no tempo total do confinamento.

Realizando uma meta-análise dos experimentos apresentados na Tabela 10, seguindo


o procedimento estatístico descrito por St-Pierre (2001) e Sauvant (2008), chegou-se
a conclusão de que o coeficiente de regressão médio, ajustado para efeitos dos estudos,
entre porcentagem de grãos na dieta e ganho de peso diário é de 4,4 g a mais de
ganho de peso para cada unidade de aumento na proporção de concentrados na dieta
(figura 7). Ou seja, os resultados em conjunto indicam que o aumento na proporção de
concentrados na dieta de 40 para 80% resultaria em aumento do GMD esperado de 1,0
para 1,2 kg/d.

Figura 7. Relação entre nível de concentrado na dieta e ganho médio diário, ajustado para efeito de estudos (33

tratamentos em 13 estudos).

Fonte: Silva et al. (2011).

Segundo levantamento feito junto com 31 nutricionistas brasileiros, os volumosos


mais utilizados durante a fase de terminação são a cana-de-açúcar fresca picada (32%),
seguida pela silagem de milho (26%) e silagem de sorgo (22%) (MILLEN et al., 2009). O
custo de produção da silagem de milho é bastante variável, porém, situa-se ao redor de
R$70 – R$100/t de matéria original, ou aproximadamente R$260 por t de MS. A cana-
de-açúcar fresca picada apresenta custo inferior à silagem de milho. Com relação aos
concentrados, a mesma pesquisa demonstrou que o milho era o principal ingrediente

93
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

energético utilizado (79% dos nutricionistas). O custo atual do grão de milho é R$520/t,
ou R$577/t MS.

Na figura 8, estão apresentados os resultados de uma análise econômica feita com


base em suposições de custo de produção atuais de forma a demonstrar o princípio da
importância da análise econômica para tomada de decisão sobre o nível de concentrado
na dieta. Utilizando-se um volumoso com custo de R$300/t MS, o concentrado deveria
custar abaixo de R$526/t MS para ser vantajosa a adoção de dietas com teor de
concentrado acima de 40%, já com volumoso mais barato, ao custo de R$200/t MS,
o concentrado deveria custar abaixo de R$374/t MS para justificar a inclusão em altos
níveis, caso contrário, o volumoso apresenta o melhor custo benefício.

Figura 8. Relação entre custo do volumoso e preço máximo do concentrado para que seja vantajoso utilizar mais

do que 40% de concentrado na dieta.

*Preço de venda da @ em R$98, CMS=9,2 kg/d, custo fixo de R$1,2/d, preço do boi magro de 12,5@ de R$1.100,00.
Fonte: Silva et al. (2011).

Obviamente que a análise do nível de inclusão de concentrados deve levar em conta a


qualidade do volumoso utilizado, tópico que será discutido neste capítulo.

Suplementação energética
Os grãos de cereais são os principais alimentos energéticos utilizados em rações de
bovinos em confinamento, e o amido representa de 60 a 70% da maioria dos grãos,
portanto, maximizar o uso deste nutriente é fundamental para se obter alta eficiência
alimentar dos animais confinados (OWENS et al., 1997; HUNTINGTON, 1997).
94
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

O milho é o grão mais utilizado como fonte de amido, geralmente o principal componente
energético dos concentrados. Possui aproximadamente 85% de carboidratos totais, que
são representados principalmente por amido (70% da MS) (ROONEY; PFLUGFELDER,
1986). Podendo ser usado como grão inteiro ou processado de inúmeras formas na
alimentação animal. As várias formas de processamento podem alterar-lhe o valor
nutritivo, mudando o local e a intensidade de digestão. Na maioria das vezes, os
confinamentos utilizam o grão de milho na forma de fubá ou quirera (milho moído em
peneira grossa), sendo de modo geral a base energética das dietas.

Apesar de proporcionar alto desempenho nos animais confinados devida à alta e


rápida digestibilidade do amido, em altas quantidades o milho fubá pode proporcionar
padrões inadequados de fermentação ruminal, acarretando em redução da eficiência
do aproveitamento energético do amido. Esta baixa eficiência decorre da acentuada
redução do pH ruminal, resultante da fermentação dos carboidratos solúveis, produção
excessiva de ácidos graxos de cadeia curta e lactato, redução do tempo de mastigação
(com redução na salivação) e ruminação. A consequência destes eventos pode ser o
aparecimento de problemas metabólicos como a acidose (OWENS et al., 1998), com
consequências negativas sobre o desempenho animal.

Tratamentos térmicos de grãos de cereais, como a floculação do milho, melhoram a


utilização desses grãos pelos animais em razão do aumento da digestibilidade do amido
no rúmen, devido a maior permanência desse grão no ambiente ruminal comparado ao
milho fubá, e consequentemente, no trato digestivo total (HUNTINGTON, 1997). Além
disso, proporciona maior produção de propionato e consequente maior produção de
glicose por gliconeogênese, explicando o melhor desempenho de animais alimentados
com milho floculado ou laminado em substituição ao milho moído fino (THEURER et
al., 1999).

De qualquer forma, a eficiência da utilização de fontes energéticas pelos ruminantes


depende da quantidade e do tipo de volumoso a ser oferecido. Diversos trabalhos que
compararam fontes de amido utilizaram, com sucesso, a silagem de milho ou bagaço
de cana como volumoso. Entretanto, a literatura é deficiente em informações sobre
a utilização de fontes de amido em rações que tenham a cana-de-açúcar ensilada ou
in natura como volumoso. A fermentação ruminal da sacarose proveniente da cana é
rápida, e os microorganismos responsáveis por essa degradação não são os mesmos
que degradam amido, podendo haver uma sincronia benéfica no ambiente ruminal
entre essas duas fontes de energia.

Trabalhando com quatro vacas holandesas canuladas no rúmen e no duodeno,


alimentadas com 40% de cana-de-açúcar como volumoso e 60% de concentrado, Simas

95
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

et al. (2008) não encontraram efeito para digestibilidade da MS comparando dietas


com milho fubá e floculado, no entanto, para digestibilidade da MO no trato total, o
milho floculado apresentou valores superiores. Vários autores também relataram
maior digestibilidade da MS e da MO associada à maior digestibilidade ruminal de
fontes de amido floculadas ou de alta umidade, comparada à dos grãos laminados ou
moídos (SANTOS et al., 1999; LYKOS et al., 1997; WILKERSON et al., 1997), o que
pode acarretar no maior desempenho desses animais.

A fim de se evitar problemas metabólicos ocasionados pelo elevado uso do amido em


dietas de alto concentrado, e em virtude do aumento no preço do milho no mercado
internacional ocasionado pela maior demanda do cereal, principalmente para a produção
de etanol nos Estados Unidos, vem se buscando fontes energéticas alternativas para
alimentação de bovinos.

A polpa cítrica, subproduto proveniente das agroindústrias de processamento de citros,


vem se destacando com concentrado energético nas dietas de bovinos em confinamento,
principalmente em substituição ao milho. A polpa cítrica é considerada um concentrado
energético com características de fermentação ruminal peculiares, devido seu alto teor
de carboidratos estruturais como a pectina, proporciona melhor padrão de fermentação
ruminal que o milho (VAN SOEST, 1994; WOODY et al., 1983) relataram que a maior
eficiência da utilização da polpa cítrica pode ser atribuída ao fato de que problemas
digestivos ocorrem quando há inclusão de elevada proporção de amido em dietas com
altas proporções de carboidratos fermentescíveis.

Dessa forma, a inclusão de polpa cítrica, em combinação com fontes de amido, poderia
evitar o aparecimento de problemas ruminais. No entanto, alguns trabalhos mostram
que o milho pode ser substituído em 100% pela polpa cítrica sem queda no consumo,
desempenho e atributos de carcaça, desde que os animais sejam alimentados com baixo
teor de concentrado na dieta (PRADO et al., 2000; HENRIQUE et al.,1998). Já quando
a inclusão do concentrado é maior, aumentando, portanto, a inclusão de polpa em
substituição ao milho, há uma queda no consumo e consequentemente desempenho
dos animais (HENRIQUE et al.,1998).

Henrique et al. (1998) avaliaram a substituição de amido por pectina em dietas com
diferentes níveis de concentrado sobre o desempenho animal e as características da
carcaça de tourinhos Santa Gertrudis. Os animais alimentados com dieta de 80% de
concentrado contendo polpa cítrica tiveram menor CMS, GMD e eficiência alimentar
em relação aos alimentados com milho na mesma proporção de concentrado. Já quando
a proporção de concentrado foi menor, 20% na MS da dieta, essas características não
apresentaram efeito com a substituição de milho fubá para polpa cítrica.

96
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

Em um estudo realizado no Laboratório de Pesquisa em Gado de Corte da USP –


Pirassununga, com 54 bovinos da raça Nelore, em delineamento fatorial 3x2 sendo
três tipos de fonte energética (CHO – carboidrato: milho fubá, milho floculado e polpa
cítrica) e dois níveis de concentrado na dieta (Dieta – 60 e 80% de inclusão), utilizando
a silagem de cana como volumoso, foi testado o efeito da substituição parcial do fubá
de milho por milho floculado, ou polpa cítrica e seus efeitos de acordo com a inclusão
de silagem de cana na dieta.

Para consumo de matéria seca (CMS), foi observado efeito para a dieta com 60% de
concentrado (P=0,005), sendo que o maior consumo foi o tratamento com milho
fubá, diferindo das demais (tabela 2). No entanto, para a dieta 80%, o consumo não
diferiu entre a fonte de carboidrato. Já para a interação Dieta*CHO observou-se efeito
de dieta apenas quando se utilizou milho como fonte de carboidratos, sendo que os
animais consumindo 60% de concentrado na dieta tiveram maior consumo que
os animais alimentados com 80% de concentrado na dieta. Talvez esse fato se deva
a menor possibilidade de distúrbio metabólico dos animais consumindo milho em
dietas com 60% de concentrado. Uma vez que o milho fubá é altamente digestível no
rúmen, dietas com altas quantidades desse ingrediente, como é o caso da dieta com
80% de concentrado, podem culminar em redução acentuada do pH ruminal, fazendo
com que o baixo pH permaneça por algumas horas, caracterizando quadros de acidose
subclínica. Nesses casos o CMS dos animais é diminuído. Além disso, a maior quantia
de concentrado na dieta pode levar a um excesso de produção de propionato no rúmen,
levando a excesso de oxidação deste substrato no fígado, o que possui efeito hipofágico.

Para conversão alimentar (CA), houve tendência de efeito para a fonte de carboidrato
utilizada, sendo que o milho floculado apresentou melhores valores (Tabela 11). Isso
pode ser explicado, uma vez que o processo de floculação do grão pode aumentar a
digestibilidade ruminal e consequentemente total do amido, em relação a outras
formas de processamento do grão (HUNTINGTON, 1997; THEURER et al., 1999),
proporcionando melhor CA para os animais alimentados com milho floculado em
substituição ao fubá.

Para GMD, houve efeito da interação Dieta CHO sendo que houve efeito de dieta
somente para a fonte milho, indicando que o uso de 80% de concentrado a base de milho
moído teve menor GMD do que com 60% de concentrado, o que provavelmente reflete
o menor consumo para os animais desse grupo. De acordo com Mertens et al. (1994),
o consumo de matéria seca é responsável por 60 a 90% das variações de desempenho
animal e, consequentemente, o peso dentre outras características de carcaça.

Decompondo ainda a interação significativa CHO*Dieta para GMD, percebe-se que


houve efeito de fontes de CHO somente quanto o teor de concentrado na dieta foi de
60% (P<0,05). O GMD da dieta com polpa cítrica foi inferior ao GMD da dieta com

97
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

milho moído, sendo que o milho floculado teve valor intermediário (tabela 11). Não
houve diferença entre as fontes de CHO para dietas com 80% de concentrado na MS
(P=0,46).

Tabela 11. Médias e erros padrões das medias consumo de matéria seca (CMS), conversão alimentar (CA) e

ganho médio diário (GMD) de acordo com as dietas experimentais.

Dieta 60%1 Dieta 80%1 Valor-P


Itens EPM3
M2 F2 P2 M F P CHO Dieta CHO*Dieta

CMS 12,2a 10,6b 10,4b 9,7a 10a 10,3a 0,4 0,203 0,0056 0,027

CA 8,48 7,98 8,82 8,42 7,58 8,27 0,17 0,093 0,269 0,779

GMD 1,47Aa 1,31ab 1,18b 1,19B 1,25 1,32 0,04 0,622 0,272 0,033
1
Dietas com 60 ou 80% de concentrado na MS. 2M=milho moído; F=milho floculado; P=polpa cítrica. 3Erro padrão da média. a,bMédias seguidas de
letras minúsculas diferem quanto ao efeito de fonte de CHO dentro de dieta (60 ou 80% de concentrado). A,BMédias seguidas de letras maiúsculas
diferem quanto ao efeito de dieta dentro da mesma fonte de CHO (milho moído, floculado ou polpa cítrica).
Fonte: Consolo (2012, dados não publicados).

Suplementação proteica
Nutricionalmente, quando pensamos em suplementação proteica para os ruminantes,
o enfoque deve estar dirigido a aumentar a eficiência na produção de proteína
microbiana (Pmic). A Pmic pode responder ao redor de 45 a 55% dos requerimentos
de PM no intestino delgado de vacas leiteiras de alta produção, 55 a 65% em bovinos
de corte confinados com rações ricas em energia e mais de 65% em bovinos mantidos
exclusivamente em pastagens. Portanto, todo e qualquer programa nutricional só terá
sucesso se a produção de Pmic for otimizada. Trabalhos conduzidos in situ tem sugerido
requerimentos de N-amoniacal de 220 mg/L de fluído ruminal para maximizar a
fermentação de fontes de carboidratos de alta degradabilidade (LENG, 1990).

As matérias-primas ricas em compostos nitrogenados usadas na formulação de rações


para ruminantes podem ser classificadas como fontes de nitrogênio não proteico
(NNP) e como fontes de nitrogênio proteico. A principal fonte disponível no mercado
de NNP é a ureia e as fontes de nitrogênio proteico podem ser classificadas como ricas,
intermediárias ou pobres em proteína degradável no rúmen (PDR) ou em proteína não
degradável no rúmen (PNDR). De modo geral, grãos de soja, farelo de amendoim, farelo
de girassol, farelo de canola e farelo de glúten-21 (refinasil ou promil) são exemplos
de fontes ricas em PDR. Farelo de algodão é uma fonte intermediária e farinha de
peixe, ossos, carne, penas, sangue e glúten de milho-60 (protenose ou glutenose) são
consideradas fontes ricas em PNDR.

98
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

Fontes de PDR vêm sendo bastante utilizadas na suplementação de ruminantes em


associação com os volumosos da dieta. Silveira et al. (2009), utilizaram oito novilhos
canulados no rúmen e duodeno, distribuídos em dois quadrados latinos 4 x 4 e
alimentados com cana-de-açúcar e cana-de-açúcar suplementada com ureia, farelo
de soja ou farelo de glúten de milho-60 para avaliar o efeito da deficiência de PDR
na degradabilidade da MS, eficiência de síntese microbiana e os parâmetros ruminais.
Os autores reportaram que as fontes de nitrogênio degradáveis não influenciaram
a degradabilidade in situ da matéria seca da cana-de-açúcar e a síntese de proteína
microbiana. As concentrações de acetato e propionato e as relações acetato: propionato,
butirato e ácidos graxos voláteis totais não diferiram (P>0,05) entre as fontes proteicas
estudadas. O pH e a concentração de N-NH3 observados com todas as dietas foram
adequados para o crescimento dos microrganismos ruminais. O valor médio de pH
ruminal foi de 6,87 nos animais alimentados com cana-de-açúcar exclusiva; 6,58
naqueles alimentados com cana-de-açúcar + ureia; 6,58 naqueles alimentados com
cana-de-açúcar + glúten de milho-60, e 6,55 naqueles alimentados com cana-de-açúcar
+ farelo de soja. As concentrações médias de N-NH3 ruminal foram de 18,1; 66,9; 27,9
e 39,2 mg N-NH3/100 mL de líquido ruminal, respectivamente, nos animais mantidos
com dietas cana-de-açúcar, cana-de-açúcar + ureia, cana-de-açúcar + glúten de milho
e cana-de-açúcar + farelo de soja.

Cardoso et al. (2004) forneceram a novilhos simental com um peso médio de 400
kg uma dieta de cana-de-açúcar + 100 g de ureia, adicionado de 4kg de concentrado
(16% PB) por dia, obtendo consumo total de 1,6% do PV, ganhos de peso diários de 1,11
Kg e conversão alimentar de 6,42 Kg de MS/Kg de ganho. Os autores esclarecem que
este elevado ganho de peso pode ser atribuído à elevada quantidade de concentrado
oferecido (4 kg) e também ao alto potêncial genético da raça simental.

Usando cana-de-açúcar variedade CB 47-355 com ureia na proporção de 1% na base


da matéria seca, Rodrigues e Barbosa (1999) utilizaram dois suplementos: 1) 1,0 kg de
farelo de soja com 50,2% de PB e 2) 1,0 kg de concentrado contendo milho (50%), farelo
de soja (47,5%) e calcário calcítico (2,5%), com 28,7% de proteína bruta, e avaliaram
o desempenho de dezoito novilhas com peso médio inicial de 288 kg e idade variando
entre 15 e 22 meses. Os teores proteicos dos concentrados não influíram no consumo
de matéria seca nem da fibra em detergente neutro da cana-de-açúcar em porcentagem
do peso vivo das novilhas e não houve diferença significativa entre os ganhos médios
diários de peso. Os ganhos foram 0,39 kg/animal/dia, quando suplementados com
farelo de soja e 0,36 kg/animal/dia, quando suplementados com concentrado.

Suplementando com ureia, farelo de soja e farelo de soja + ureia a cana-de-açúcar


ensilada com o aditivo microbiano L. buchneri, Rodriguez (2012) avaliou o desempenho

99
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

de 103 novilhas Nelore (52 vazias e 51 prenhes – tabela 12). Os suplementos foram
balanceados segundo os requerimentos descrito no NRC (2000) de gado de corte,
visando GMD de 0,25 kg/d para suplementação somente com ureia (11% PB na dieta);
GMD de 0,45 kg/d para suplementação somente com farelo de soja (dieta deficiente
em PDR, 9,6%PB), e GMD de 0,45 kg/d para suplementação com farelo de soja+ureia
(11,3% PB na dieta).

Tabela 12. Efeito do tipo de suplementação proteica sobre o ganho de peso de novilhas Nelore prenhes ou não

prenhes.

Suplementação Valor-P
Item
Ureia F. Soja F. Soja+Ureia EPM 1 Trt2 Tipo3 Trt*Tipo
GMD, kg/d 0,20b 0,63ab 0,91a 0,18 0,05 0,002 0,63
1
Erro padrão da média. 2Efeito de fontes de suplementação proteica. 3Novilhas prenhes e não prenhes; novilhas prenhes tiveram maior GMD do que não
prenhes (0,68 vs. 0,48 kg/d).
Fonte: Rodriguez (2012).

Os resultados de Rodriguez (2012) demonstram que somente com a suplementação


com 3% de ureia na MS, é possível a manutenção dos animais durante a época da seca
consumindo silagem de cana. A adição de 1,3 kg/d de farelo de soja mais 1% de ureia
na MS permitiu ganho de peso superior ao estimado, se mostrando uma alternativa
eficiente para suplementação dos animais durante o inverno.

100
Capítulo 2
Forragens

Forragens são componentes importantes da dieta de ruminantes. Os sistemas de


produção variam de sistemas extensivos, nos quais os ruminantes colhem a forragem
por si mesmo, a sistemas intensivos, nos quais as forragens são oferecidas juntamente
com altos níveis de concentrados para maximizar a produção por animal. Forragens
são componentes necessários da dieta de ruminantes porque fornecem fibra efetiva
necessária para aperfeiçoar a função ruminal. Vários autores (por exemplo, Illius, 1998)
sugerem que o consumo é a variável única mais importante determinando o desempenho
animal, e o consumo voluntários está normalmente correlacionado com a quantidade
de nutrientes que pode ser extraída de um alimento, isto é, sua digestibilidade. Uma
vez que a qualidade de forragens é bastante variável, ela deve ser determinada antes
da formulação da dieta. As forragens têm sido tradicionalmente analisadas para
concentração de proteína bruta e de fibra, devido aos seus efeitos diretos na formulação
da dieta. Mais recentemente, a digestibilidade da fibra (DIVFDN) foi identificada
como um importante parâmetro de qualidade que apresenta alta variabilidade e está
fortemente correlacionado com o desempenho dos ruminantes.

Qualidade de forragem
Qualidade de forragem pode ser definida por três componentes: digestibilidade, potencial
de consumo e eficiência energética (RAYMOND, 1969). Estes três componentes não
podem ser definidos na ausência do animal e, portanto, não podem ser estritamente
definidos como parâmetros da planta (CASLER, 1997).

A parede celular (fibra) corresponde de 50 a 80% do total de matéria seca de forragens,


e representa a maior fonte de energia a animais ruminantes. O sistema digestivo dos
ruminantes e populações microbianas associadas são adaptados para obter nutrientes e
energia da parede celular de forragens, mas, infelizmente menos de 50% desta fração é
digerida e utilizada pelo animal (BUXTON; REDFEARN, 1997). Mais importante ainda,
as taxas mais lentas de passagem e de digestão da parede celular de forragens resultam
em maior tempo de retenção ruminal, maior enchimento e, consequentemente, menor
consumo de MS (ALLEN, 1996). Sendo assim, a digestibilidade da fibra é o fator mais
limitante da produção de ruminantes em regiões tropicais (WATTIAUX et al., 1991).

As forrageiras tropicais possuem elevada produção de massa em condições de alta


temperatura, devido ao processo fotossintético do tipo C4 (LONG, 1999). Essa adaptação

101
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

anatômica às altas temperaturas garante às forrageiras tropicais maior eficiência do


uso da água e do nitrogênio, maior tolerância à seca, maiores taxas de fotossíntese e,
consequentemente, maior velocidade de crescimento do que forrageiras temperadas
de ciclo fotossintético C3 (WEDIN, 2004). As mesmas diferenças anatômicas que
garantem maior produção de massa às forrageiras tropicais, também afetam a qualidade
nutricional. Em comparação com forrageiras temperadas e leguminosas, as gramíneas
de ciclo C4 possuem taxa de degradação e fermentação ruminal relativamente lenta
(VAN SOEST, 1994).

Forrageiras tropicais possuem, proporcionalmente, mais tecidos com degradação lenta,


como xilema, epiderme e células da bainha vascular, e menos tecidos com degradação
rápida, como mesófilo e floema (AKIN; BURDICK, 1975). Ainda, devido à concentração
da enzima Rubisco nas células da bainha vascular, bem como devido à maior eficiência
do aparato fotossintético, as folhas de gramíneas C4 possuem menor concentração de
proteína do que folhas de gramíneas C3 (MULLAHEY et al., 1992).

A maturidade é o principal fator reduzindo o valor nutricional de forrageiras, porém,


também existe um fator genético bastante significativo. Vários estudos demonstraram
a grande amplitude genética existente na digestibilidade in vitro da fibra em detergente
neutro (FDN). Em gramíneas perenes, Casler e Jung (2006) relataram uma variabilidade
genética da digestibilidade da FDN por 24h de 52,5 a 70,7% da FDN. Em forrageiras
tropicais, Stabile et al. (2010) também reportaram grande variabilidade genética para
digestibilidade da FDN do colmo (tabela 13).

Tabela 13. Amplitude da digestibilidade in vitro (30h) do colmo de 11 genótipos de P. maximum colhidos em três

estágios de maturidade.

Dias de crescimento1
Itens 30d 60d 90d
DIVFDN, %FDN
Média 45,0 44,9 31,9
Mínimo 38,1 34,9 25,8
Máximo 50,0 51,3 39,6
EPM 3
2,6 2,7 3,2
Efeito genótipo4 * * *
1
Dias de crescimento após corte de nivelamento. 2Digestibilidade in vitro (30h) da FDN. 3EPM: Erro padrão da média. 4Probabilidade de efeito significativo
de genótipo. * P < 0,05.
Fonte: adaptado de Stabile et al. (2010).

Esta grande variação genética é esperada, uma vez que programas de melhoramento
não focam a digestibilidade da FDN, mantendo grande variabilidade genética dentro

102
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

da população. isso atmbém foi reportando em híbridos de milho (tabela 14) e cana-de-
açúcar (tabela 15).

Tabela 14. Amplitude da digestibilidade in vitro (30h) do 4º internódio do colmo de 15 híbridos top crosses de

milho colhidos em três idades.

Dias de crescimento
Itens 90d 120d 150d
DIVFDN, %FDN
Média 30,5 27,7 23,7
Mínimo 20,1 21,8 16,4
Máximo 39,3 32,3 29,3
EPM 1
6,9 2,6 3,3
Efeito genótipo 2
ns * *
1
Digestibilidade in vitro (30h) da FDN. EPM: Erro padrão da média. Probabilidade de efeito significativo de genótipo. Estes são classificados como: ns:
2 2

não significativo; * P<0,05.


Fonte: adaptado de Salazar et al. (2010).

Tabela 15. Amplitude da digestibilidade in vitro (30h) da planta inteira de nove genótipos de cana-de-açúcar

colhidos em duas épocas do ano.

Itens DIVFDN1, % FDN


Média 19,0
Mínimo 14,5
Máximo 23,8
EPM 2
2,4
Efeito genótipo 2
ns
1
Digestibilidade in vitro (30h) da FDN. EPM: Erro padrão da média. Probabilidade de efeito significativo de genótipo. Estes são classificados como: ns:
2 2

não significativo.
Fonte: adaptado de Carvalho et al. (2010).

Resultados semelhantes de grande variação na digestibilidade da FDN são reportados


para híbridos de milho do hemisfério norte (tabela 16). Percebe-se que a variação
existente na digestibilidade da FDN é ainda maior do que a variação existente no teor
de FDN das silagens.

Tabela 16. Amplitude da digestibilidade in vitro, proteína bruta e FDN de silagens de milho analisadas no ano de

2009 no laboratório Dairy One.

Itens DIVFDN1 PB, %MS FDN, %MS


N 6.028 18.010 18.028
Média 41,6 8,1 42,7
Mínimo 35,1 7,1 37,0
Máximo 48,1 9,1 48,3
Digestibilidade in vitro da FDN (24h).
1

Fonte: Dairyone (www.dairyone.com).

103
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

De acordo com a análise estatística da digestibilidade da FDN de forragens (OBA; ALLEN,


1999), o aumento de uma unidade na digestibilidade in vitro da FDN de forragens estava
associado com aumento de 0,17 kg em CMS, 0,25 kg de aumento na Produção de elite e
0,05 kg de aumento no ganho de peso diário. Assim, aumentando-se a digestibilidade
da FDN de volumosos em 10 unidades percentuais espera-se aumento de 500g/d no
GMD. De forma semelhante, Casler e Vogel (1999) relataram que aumento de 1% na
digestibilidade in vitro de forrageiras perenes de clima temperado levou a aumento de
3,2% no ganho médio diário e maior produção animal por hectare.

Qualidade em silagem de milho


Em revisão mais recente, Oba e Allen (2011) reportaram o resultado de trabalhos
de pesquisa publicados no Journal of Dairy Science nos últimos 12 anos sobre o
impacto do aumento da digestibilidade in vitro da FDN de silagens de milho sobre
o desempenho de vacas em lactação. Das 19 comparações publicadas, 11 reportaram
aumento significativo na produção de leite recorrente da utilização de silagem de milho
com maior digestibilidade in vitro da FDN, e nas demais comparações não houve efeito
significativo da digestibilidade da FDN sobre a produção de leite.

A maioria dos estudos avaliando diferenças na DIVFDN comparou silagem de milho feita
com milho de nervura marrom (brown-midrib) contra silagem de milho convencional.
Alguns estudos adotaram estratégias diferentes. Ivan et al. (2005) comparou silagens
de milho com alto ou baixo teor de parede celular, e relatou que o híbrido com maior
teor de FDN também tinha maior DIVFDN, o que resultou em maior consumo e maior
produção de leite.

De acordo com a literatura consultada até o memomento, ainda não foi realizado no
Brasil nenhum estudo avaliando o desempenho de animais recebendo silagens de milho
com diferentes teores de DIVFDN. Os estudos brasileiros focam mais na substituição
de um tipo de volumoso por outro, como por exemplo, comparando o desempenho de
animais recebendo ou silagem de milho ou cana-de-açúcar.

A digestibilidade da parede celular a tempos tem sido negativamente associada com


a concentração de lignina (JUNG; DEETZ, 1993). Entretanto esta correlação é clara
quando se examina forrageiras com diferentes estágios de maturidade e se torna menos
evidente quando se compara forragens colhidas no mesmo estágio de maturidade, como
ocorre com silagem de milho (CONE; ENGELS, 1993; WOLF et al., 1993; JUNG et al.,
1994). Para explicar esta variação observada entre teor de lignina e digestibilidade da
fibra, a composição da lignina, ou a ligação cruzada entre lignina e polissacarídeos da
parede celular, surgiram como mecanismos adicionais que limitam a digestibilidade da
fibra (Jung e Deetz, 1993).

104
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

Resultados obtidos com sistemas modelos in vitro e linhagens mutantes de Arabidopsis


sugerem fortemente que alterações na composição da lignina não respondem pela
maior digestibilidade da fibra de mutantes bm (nervura marrom) (GRABBER et al.,
1997; JUNG et al., 1999). Assim, uma possibilidade interessante para se aumentar a
digestibilidade de forrageiras sem reduzir o teor de lignina seria alterar a ligação cruzada
da mesma com polissacarídeos da parede celular. A produção de mutantes de milho e
de sorgo com menor ligação cruzada entre celulose e lignina, mediada por ferulatos,
tem mostrado ser um meio efetivo em aumentar a digestibilidade da fibra de tecidos
maduros (JUNG; PHILLIPS, 2010), e resultaram em maior consumo de MS e maior
produção de leite quando fornecidas a vacas de leite (JUNG et al., 2011 – tabela 17).

Tabela 17. Consumo de alimento e Produção de leite de vacas Holandesas alimentadas com silagem de milho

feitas com linhagem W23 e linhagens W23sfe (M04-4 e M04-21).

Ligações covalentes Digestibilidade da


Consumo MS Leite
Linhagem com ferulato FDN
% FDN % FDN kgMS/d Kg/d
W32(controle) 0,96 57,7 21,8 38,9
MO4-4 (sfe) 0,86 56,3 23,4 39,3
MO4-21 (sfe) 0,81 65,2 23,3 41,6

Contraste

W23 vs. W23 sfe *** NS ** ***


W23 vs. MO4-21 *** ** * ***

*P < 0.05; **P < 0.01; ***P < 0.001; NS: P > 0.10.
Fonte: adaptado de Jung et al. (2011).

Em gado de corte, existem pouquíssimos experimentos na literatura internacional


avaliando o fornecimento de silagens de milho de nervura marrom sobre o desempenho
dos animais. Em um destes poucos estudos, Tjardes et al. (2000) forneceram dieta de
crescimento com 86,3% de silagem de milho na MS durante 112 dias e relataram que
os animais que receberam a silagem feita com milho de nervura marrom tiveram maior
CMS porém semelhante GMD aos animais recebendo a silagem isogênica controle, o
que resultou em piora da conversão alimentar.

Qualidade em cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar se destaca como volumoso de baixo custo, elevada produção de
energia por unidade de área cultivada, fácil cultivo e pela manutenção do valor nutritivo
por longo tempo após a maturação. Além disso, apresenta grande quantidade de
carboidratos solúveis que são rapidamente fermentados no rúmen. Apesar destes pontos

105
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

positivos, diversos estudos indicam a digestibilidade da fibra como grande limitador


do desempenho de bovinos (PEREIRA et al., 2001). Os programas de melhoramento
genético da cana-de-açúcar estão focados no teor e produção total de sacarose, com
pequenas tentativas de avaliação de parâmetros de qualidade para a nutrição animal,
apesar de a cana-de-açúcar ser amplamente utilizado como volumoso em dietas de
ruminantes (FREITAS et al., 2006). Comparando-se com a silagem de milho, a cana-
de-açúcar apresenta, geralmente, além da digestibilidade da fibra inferior, menor teores
de proteína bruta e de nutrientes digestíveis totais (LANA, 2000).

Sendo assim, espera-se que a substituição de silagem de milho, ou silagem de sorgo,


por cana-de-açúcar como fonte volumosa, ocorra elevação do teor de FDN indigestível,
redução da taxa de digestão da fração fibrosa potencialmente digestível, elevando o
tempo de retenção ruminal de partículas não digeridas que reduzirá a taxa de passagem
pelo trato gastrointestinal e, consequentemente, ocasionará depressão do consumo de
matéria seca (ALLEN, 2000).

A importância da qualidade de fibra do volumoso ficou demonstrado nos resultados do


estudo de Pinto et al. (2010) comparando silagem de sorgo com cana-de-açúcar picada.
O ganho médio diário foi maior nos animais alimentados com silagem de sorgo. O peso
final e as ingestões de MS, PB, FDN e NDT foram maiores nos animais alimentados
com silagem de sorgo. A substituição de silagem de sorgo por cana-de-açúcar reduz
o desempenho dos animais, mesmo quando fornecido maior nível de concentrado na
dieta (PINTO et al., 2010).

Resultados semelhantes, de menor consumo de MS para dietas à base de cana-de-


açúcar, são encontrados em outros estudos com cana-de-açúcar e silagem de milho
(MAGALHÃES et al., 2004; MENDONÇA et al., 2004; COSTA et al., 2005) e está
relacionado à baixa digestibilidade da FDN da cana-de-açúcar (OLIVEIRA et al., 2001;
MENDONÇA et al., 2004; COSTA et al., 2005; MAGALHÃES et al., 2006), e não
somente ao teor da FDN na dieta, uma vez que nesses trabalhos com silagem de milho e
com cana-de-açúcar, os teores de FDN eram maiores nas dietas com silagem de milho,
que também resultavam em maior consumo.

As deficiências da cana-de-açúcar podem ser parcialmente corrigidas com maior


utilização de concentrado na dieta. Ao se comparar o desempenho animal de bovinos
em confinamento, alimentados com cana-de-açúcar em diferentes relações volumoso:
concentrado, Costa et al. (2005a) constataram elevação no consumo de nutrientes na
medida em que se eleva o teor de concentrado na dieta. Tal fato deve-se a elevação do
consumo de matéria seca e da maior concentração extrato estéreo, proteína bruta e
carboidratos não fibrosos nas dietas com maior teor de concentrado.

106
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

Conforme Moraes et al. (2008), o aumento do nível de concentrado influênciou de


forma linear crescente as digestibilidades da MS e MO (P<0,05), provavelmente em
virtude do aumento na ingestão de CNF, uma vez que sua digestibilidade é maior que da
FDN. A ingestão de NDT aumentou linearmente de acordo com o nível de concentrado
das dietas, pois a adição de concentrado às rações contribui positivamente para a
digestibilidade dos nutrientes. Observou-se ainda efeito linear decrescente (P<0,05) do
nível de concentrado na digestibilidade da PB em provavelmente em razão da melhor
utilização ruminal da uréia.

Oliveira et al. (2009) também compararam o efeito, sobre o desempenho animal, de


diferentes níveis de concentrado (40% e 60%) na dieta de tourinhos em confinamento
recebendo cana-de-açúcar. Os animais que receberam dieta contendo maior teor de
concentrado apresentaram maior ganho de peso diário e melhor eficiência alimentar.
Todavia, não foi observado efeito do nível de concentrado sobre o rendimento de
carcaça (tabela 18).

Tabela 18. Ganho de peso diário, eficiência alimentar, taxa de eficiência proteica, ganho de área de olho-de-

lombo e ganho de gordura de cobertura de tourinhos Nelore e Canchim alimentados com cana-de-açúcar e

dois níveis de concentrado.

Nível de concentrado
Itens Valor de P CV1
60 40
Ganho de peso diário, kg/d 1,44 0,98 0,001 15,4
Eficiência alimentar, kg GMD/kg MS 0,18 0,13 0,001 10,3
Taxa de eficiência proteica, kg GMD/kgPB 1,43 0,99 0,001 10,7
Ganho de área de olho-de-lombo, cm2 19,72 13,24 0,007 36,5
Ganho de gordura de cobertura, mm 2,5 1,7 0,031 43,6
1
Coeficiente de variação, %
Fonte: adaptado de Oliveira et al. (2009).

A cana-de-açúcar mantém o teor energético relativamente constante ao longo de


todo o período seco, porém, este teor constante de energia se dá pela redução da
digestibilidade da FDN e aumento do teor de açúcares da cana (KUNG JR.; STANLEY,
1982; CARVALHO et al., 2010). Assim, a ensilagem da cana no momento adequado
pode permitir a utilização de um volumoso com maior digestibilidade da fibra, ainda
que com menor valor energético total, do que o fornecimento anual da cana picada.
Ainda, a ensilagem da cana de açúcar permite a colheita de grandes áreas em curto
espaço de tempo e na época em que a cultura forrageira apresenta seu melhor valor
nutritivo, além de coincidir com o período mais propício aos trabalhadores no campo,
a época do inverno.

107
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

A ensilagem altera o valor nutritivo da cana-de-açúcar. Pascoal et al. (2006) verificaram


que houve aumento nas frações da parede celular quando a cana fora ensilada, o teor
de FDN foi de 42,9 para 63,4%, o FDA passou de 26 para 39,9% e a hemicelulose que
era de 16,9% foi para 23,4%. De forma semelhante, Pedroso et al. (2005) relataram que
o teor de FDN passou de 49,6 para 72,9% da MS, o FDA de 32,5 para 45,8% da MS,
a lignina de 4,5 para 6,7. Ambos os pesquisadores relacionaram esses resultados às
perdas dos componentes solúveis presentes no conteúdo celular da planta.

A depleção de carboidratos solúveis da cana durante o processo de ensilagem leva a


alteração significativa na digestibilidade in vitro da MS (DVIVMS). No trabalho de
Pedroso et al. (2005), houve queda de 17,5% na DIVMS, passando de 62,9 para 45,4%
MS, o mesmo sendo observado por Cavali et al. (2006). Os resultados de desempenho
animal são contraditórios, porém, o potêncial de ganho de peso, ou de produção de leite,
de animais recebendo dietas a base de cana-de-açúcar, fresca ou ensilada, será sempre
menor do que de dietas a base de silagem de milho ou silagem de sorgo, principalmente
devido à menor digestibilidade da fibra.

Queiroz et al. (2008) não observaram diferença na produção de leite de vacas tratadas
com dietas a base de diferentes volumosos, sendo eles: silagem de milho, silagem de cana
de açúcar, cana de açúcar in natura e silagem de milho associada a cana fresca, onde a
produção media do rebanho era de 25 kg de leite/dia. No entanto, as dietas do trabalho
de Queiroz et al. (2008) foram formuladas para conterem 60% de concentrado nas dietas
a base de cana fresca ou cana ensilada, e 50% de concentrado nas dietas a base de silagem
de milho, o que pode explicar a ausência de diferença na produção de leite.

Quando se comparou silagem de sorgo contra silagem de cana para bezerros em


crescimento, Valvasori et al. (1998) relatou que o tratamento com silagem de sorgo
granífero foi superior ao com cana-de-açúcar (P<0,01) em termos de ganhos diários
de peso (0,6 kg contra 0,4 kg), conversão alimentar em quilogramas de matéria seca
ingeridas por quilo de ganho de peso (7,8 kg contra 12,8 kg) e em quilogramas de
proteína bruta ingeridas por quilo de ganho de peso (1,4 kg contra 2,2 kg).

Atualmente, pesquisas científicas e trabalhos práticos têm mostrado que a cana-de-


açúcar pode e deve ser utilizada para animais de alta produção, seja ela fornecida in
natura ou ensilada. Os conceitos foram se modificando, e a pecuária passou a entender
que este alimento é fonte de energia, ao invés de ser criticado pelo baixo teor de proteína.
Diversas fazendas têm alcançado ganho de peso da ordem de 1,2 a 1,4 kg em bovinos

108
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

de corte confinados. É importante ressaltar que a cana de açúcar é uma ótima opção
forrageira, capaz de competir com os alimentos volumosos nobres.

Desempenho de bovinos de corte alimentados


com dietas contendo cana-de-açúcar
A utilização de cana-de-açúcar em bovinos de corte em terminação pode propiciar
excelente desempenho animal quando associada a concentrado, visando corrigir
suas deficiências nutricionais. Quando fornecida como volumoso único, e associada a
concentrados que possuem em sua composição básica milho, soja, ureia e minerais,
Hernandez (1998) observou ganho médio diário de peso de 1,67 kg/dia em dietas
contendo cana-de-açúcar a 48% da matéria seca. Já Fernandes et al. (2006) obtiveram
ganho médio diário de 1,42 kg/dia em bovinos alimentados com ração contendo 40%
de cana-de-açúcar como único volumoso.

Henrique et al. (2007) também encontraram resultados extremamente interessantes


em seu estudo, quando compararam o desempenho de bovinos alimentados com dieta
à base de cana-de-açúcar como volumoso, oferecida em dois níveis de inclusão de
concentrado: 40 ou 60% da MS. Os animais que receberam em sua dieta maior inclusão
de concentrado apresentaram maior ganho de peso (1,44 kg/dia) que os animais
alimentados com maior teor de volumoso em sua dieta (0,98 kg/dia).

Em trabalho recente, Mesquita et al. (2012) também compararam o desempenho e as


características de carcaça de bovinos de corte da raça Nelore alimentados com dois
níveis de concentrado (60 ou 80%) e dois genótipos de cana-de-açúcar com distintas
digestibilidades da FDN (tabela 19).

Mesquita et al. (2012) demonstraram que a alimentação dos animais com cana de
maior digestibilidade proporcionou maior ingestão de MS como porcentagem do peso
vivo (2,24 vs. 2,12 ± 0,09%, P = 0,04), maior peso vivo final (462 vs. 447 ± 20kg, P =
0,04), maior espessura de gordura subcutânea do músculo Longissimus dorsi (4,6 vs.
3,1 ± 0,4 mm, P<0,01) e do músculo Bíceps femorais (6,9 vs. 4,9 ± 0,6 mm, P<0,01).
A interação entre a qualidade da cana utilizada e o nível de concentrado somente foi
significativa em relação ao ganho médio diário de peso, com efeito de Cana apenas ao
nível de 80% de concentrado na dieta (1,80 vs. 1,52 ± 0,09 kg/d, P<0,01).

109
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

Tabela 19. Consumo de matéria seca em porcentagem de peso vivo (CMS), ganho médio diário de peso vivo
(GMD), peso vivo final (PVf), espessura de gordura subcutânea do músculo Longissimus dorsi (EGS), espessura de
gordura subcutânea do músculo Biceps femoris (EGP), área de olho de lombo do músculo Longissimus dorsi (AOL)
e profundidade do músculo Gluteus medius(ProfGlu) de tourinhos Nelore terminados em confinamento.

Nível de concentrado na dieta


60% 80% Valor de P
Variáveis
Variedade de cana
IAC2480 SP1049 IAC2480 SP1049 EPM Conc Cana Cana*Conc

CMS (%PV) 2,17 2,13 2,3 2,12 0,09 0,20 0,04 0,16

GMD (kg) 1,57 1,59 1,80 1,52 0,09 0,24 0,06 0,03

PVf(kg) 460 452 464 442 21 0,66 0,04 0,31

EGS (mm) 4,9 3,2 4,2 3,0 0,4 0,22 <0,01 0,38

EGP (mm) 7,8 5,0 5,9 4,9 0,6 0,05 <0,01 0,07

AOL (cm2) 70,3 67,7 67,3 66,1 1,9 0,24 0,32 0,71

ProfGlu (mm) 93,9 93,6 92,1 91,3 2,8 0,45 0,83 0,92

Fonte: Mesquita et al. (2012). EPM = erro padrão da média.

Ensilagem da cana-de-açúcar
O uso da cana-de-açúcar na alimentação de bovinos é uma das opções mais
interessantes para minimizar os custos de rações e do produto animal, maximizando
a receita líquida da atividade (NUSSIO et al., 2002), sendo uma prática tradicional,
por parte dos pecuaristas, o fornecimento da cana fresca, diretamente ao gado. No
entanto, a ensilagem da cana traz algumas vantagens operacionais, principalmente em
propriedades com grandes rebanhos, como a concentração de todas as operações (corte,
picagem, transporte) em poucos dias, com melhor eficiência de colheita e manejo dos
canaviais.

Devido ao alto teor de carboidratos solúveis, a cana-de-açúcar é altamente susceptível à


ação de leveduras, o que pode comprometer a qualidade do material conservado, devido
à fermentação tipicamente alcoólica. No ambiente anaeróbio do silo, as leveduras
são capazes de gerar perdas significativas de matéria seca em razão da fermentação
alcoólica. Segundo Nussio et al. (2005), o acúmulo de etanol pode não somente
representar perdas do material ensilado, mas também perdas decorrentes da recusa
dos animais. Esta fermentação indesejada pode causar reduções de 44 a 68% no teor de
açúcares, consequentemente, aumento nos componentes da parede celular e redução
de 28% na digestibilidade da cana ensilada (ALLI et al., 1983). Porém, este entrave
pode ser facilmente evitado com práticas de manejo adequadas.

110
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

Diversos aditivos têm sido avaliados com o objetivo de controlar a fermentação


alcoólica em silagens de cana-de-açúcar. A ureia quando aditivada no material ensilado
se transforma em amônia (NH3), que tem efeito de inibição sobre leveduras e mofos,
podendo reduzir a produção de etanol, perdas de matéria seca e de carboidratos solúveis
da cana ensilada (ALLI et al., 1983). Junqueira (2006), ao avaliar animais alimentados
com silagens de cana-de-açúcar tratadas com aditivos químicos e bacterianos, verificou
que o tratamento com ureia (1%) foi o que proporcionou melhores resultados no
desempenho dos animais.

Os inoculantes biológicos estão divididos em dois grupos distintos: as bactérias


homoláticas (produtoras de ácido lático) e as bactérias heterofermentativas (produtoras
de ácido acético e ácido lático). As primeiras são frequentemente utilizadas em silagens
de milho e capins, atuando na rápida redução do pH pela produção de ácido lático,
promovendo assim a estabilidade anaeróbica da silagem. No entanto, inoculantes
contendo bactérias homoláticas têm se mostrado prejudiciais ao processo de ensilagem
da cana-de-açúcar, estimulando a produção de etanol ao invés de controlá-la.

Inoculantes microbianos contendo bactérias heterofermentativas da espécie


Lactobacilos buchneri promoveram redução na população de leveduras e aumento na
estabilidade aeróbica de silagens, devido à produção de ácido acético (RANJIT; KUNG
JR., 2000). Pedroso et al., (2002) detectaram redução de 50% na produção de etanol e
de 56% na perda total de matéria seca, quando comparou silagem de cana aditivada com
L. buchneri em relação a silagem não aditivada. Schmidt (2008) observou aumento no
ganho de peso (1,03 vs 0,82 kg/dia) e melhor conversão alimentar (8,7 vs 9,7 kg de MS/
kg de PV) em tourinhos Nelore e Canchim, quando os animais foram alimentados com
rações que continham aproximadamente 55% de silagem inoculada com L. buchneri,
em relação aos animais alimentados com silagem sem aditivos.

A perda de compostos nutritivos após a abertura dos silos é um fator determinante


do valor nutritivo das silagens. Os pesquisadores Ranjit e Kung Jr. (2000) estudaram
a deterioração da silagem de milho durante a fase aeróbica e observaram perdas de
5,3% da MS e de 60% dos carboidratos solúveis (3,4 vs. 1,4% da MS) até o terceiro
dia de exposição ao ar. No mesmo período, o pH aumentou de 3,9 para 5,0 e os teores
de ácido acético e lático foram reduzidos de 7,55 para 1,35%, e de 1,88 para 0,08% da
MS, respectivamente. No entanto, alguns aditivos apresentam efeito significativo no
aumento da estabilidade aeróbica das silagens, como pode ser visto na figura 9.

111
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

Figura 9. Estabilidade aeróbica de silagens de cana-de-açúcar tratadas com ureia, benzoato de sódio e

inoculantes contendo L. plantarum (BAL) e L. buchneri (Buch).

Letras diferentes indicam diferença significativa (P≤0,05).


a,b,c

Fonte: adaptado de Pedroso (2003).

Em comparação com a fibra do milho, a cana-de-açúcar apresenta aproximadamente


metade da digestibilidade da fibra em detergente neutro, o que leva ao menor consumo
e desempenho animal (CORRÊA et al., 2003). Apesar da manutenção do valor
energético da cana durante o período seco, este teor constante de energia se dá pela
redução da digestibilidade da FDN e aumento do teor de açúcares da cana (KUNG JR.;
STANLEY, 1982; CARVALHO et al., 2010). Assim, a ensilagem da cana pode permitir
a utilização de um volumoso com maior digestibilidade da fibra, ainda que com menor
valor energético total, do que o fornecimento anual da cana picada, devido ao controle
da época de colheita da forrageira para confecção da silagem.

É evidente que a ensilagem altera a qualidade nutricional de volumosos. Em relação


à cana-de-açúcar, o processo de ensilagem aumenta o valor da FDN, aumenta o teor
de lignina e reduz o teor de açúcares solúveis (KUNG JR.; STANLEY, 1982). Ainda,
a ensilagem aumenta a concentração de ácidos orgânicos e a concentração de etanol
(KUNG JR.; STANLEY, 1982; PEDROSO et al., 2007). A soma destas alterações, em
geral, resulta na redução do consumo e do desempenho de animais consumindo a
silagem de cana em relação à cana fresca picada (MENDES et al., 2008; PEDROSO et
al., 2008).

Com bases nos estudos apresentados, temos dois fatores importantes que regulam o
consumo e o desempenho de animais consumindo dietas à base de silagem de cana-de-
açúcar: o acúmulo de ácidos da fermentação, etanol, e a digestibilidade da fibra.

Sendo assim, uma pesquisa desenvolvida no Laboratório de Pesquisa em Gado de Corte


(LPGC), da USP de Pirassununga, avaliou o efeito da ensilagem de duas variedades
distintas de cana-de-açúcar, sendo uma de baixa digestibilidade e a outra de alta
digestibilidade da fibra, sobre o consumo de tourinhos em crescimento em comparação

112
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

com animais recebendo cana fresca picada. As silagens foram aditivadas com L.
buchneri, com o intuito de evitar a fermentação alcoólica (SOUSA et al., 2012).

A pesquisa confirmou a hipótese de que a melhora na qualidade da fibra pode interferir


positivamente no consumo de dietas a base de silagem de cana-de-açúcar ou fornecida
fresca, visto que a alimentação com a cana de alta digestibilidade da FDN aumentou o
consumo de MS em relação ao genótipo de baixa digestibilidade da FDN (5,7 vs. 5,1 ±
0,5 kg/d, P<0,01), respectivamente.

A escolha do genótipo de maior digestibilidade da fibra foi de grande importância


nutricional para o material ensilado, pois conforme apresentado na tabela 20, o efeito
da alta digestibilidade da FDN sobre o CMS foi significativo somente quando se utilizou
a cana ensilada (P<0,01), não sendo observado efeito sobre o consumo de matéria
seca quando a cana foi fornecida in natura (P=0,53). Os resultados indicam uma boa
qualidade da silagem, quanto à fermentação alcoólica, visto que o modo de conservação
não afetou o CMS (P>0,05).

Tabela 20. Consumo de matéria seca (kg/d) de duas variedades de cana (alta e baixa DFDN) com diferentes

processamentos (in natura e ensilada).

CONS/CANA IAC2480 SP1029 EPM


in natura 5,5 5,3 NS
0,5
Silagem 6,0 4,8** 0,5

EPM = erro padrão da média; ** P<(0,01); NS = não significativo


Fonte: Sousa et al. (2012).

A alimentação com cana-de-açúcar ensilada não mascarou o efeito da fibra de


alta digestibilidade da FDN sobre o consumo de matéria seca (tabela 21). Estes
resultados sugerem que trabalhar com volumosos de melhor qualidade de fibra pode
ser economicamente viável e nutricionalmente interessante, principalmente em
forrageiras destinadas a conservação, visto que o processo fermentativo consome parte
dos nutrientes digestíveis totais da planta ensilada.

As forragens constituem a fonte mais barata de nutrientes em sistemas de produção


tropicais, e sua qualidade afeta grandemente o desempenho de animais e a lucratividade
do sistema. A decisão sobre o nível de inclusão de concentrado na dieta deve ser feita
tendo como base a análise financeira do sistema de produção. A digestibilidade da
fibra está fortemente correlacionada com o consumo e desempenho, não só de animais
recebendo dietas com alto teor de volumosos, mas também em sistemas intensivos com
grande uso de alimentos concentrados. Dada a grande variação da digestibilidade da
fibra das forrageiras tropicais, é importante a classificação de forragens quanto aos seus
efeitos de enchimento de FDN no rúmen.

113
Capítulo 3
Aditivos

Ionóforos
Os antibióticos ionóforos são os aditivos mais pesquisados em dietas de ruminantes,
mas somente a monensina, lasalocida, salinomicina e laidlomicina propionato são
aprovados para uso em dietas de ruminantes no Brasil. A ação dos ionóforos no rúmen
ocorre pelas mudanças na população microbiana, selecionando as bactérias gram-
negativas produtoras de ácido succínico ou que fermentam ácido láctico e inibindo
as gram-positivas produtoras de ácidos acético, butírico, láctico e H2. Em função da
característica de ação dos ionóforos sobre a população microbiana, os benefícios de sua
ação biológica podem ser classificados em 3 áreas:

1. aumento da eficiência do metabolismo da energia das bactérias ruminais


e/ou do animal, alterando a proporção dos ácidos graxos voláteis
produzidos no rúmen e diminuindo a produção de metano;

2. melhoria do metabolismo do N pelas bactérias ruminais e/ou do animal,


diminuindo a absorção de amônia e aumentando a quantidade de proteína
de origem alimentar que chega ao intestino delgado;

3. diminuição das desordens resultantes da fermentação anormal no rúmen,


como acidose, timpanismo e coccidiose.

As bactérias ruminais gram-negativas são mais resistentes aos ionóforos que as gram-
positivas, uma vez que a maioria dos ionóforos não passam através da membrana celular,
tornando as células da bactérias gram-negativas impermeáveis a esses compostos. Por
outro lado, as bactérias gram-positivas possuem apenas uma membrana porosa que não
impede a ação da monensina. O mecanismo de ação dos ionóforos sobre as bactérias
está relacionado com um processo chamado bomba iônica, que regula o balanço químico
entre o meio interno e externo da célula. Os ionóforos ao se ligarem à membrana
celular das bactérias e protozoários e, provavelmente a dos fungos ruminais, facilitam
o movimento dos cátions através da membrana celular. Essas reações culminam em
uma reduzida concentração intracelular de K+ e maior concentração intracelular de
Na+. Como consequência, a bomba iônica não opera eficientemente, provocando um
desequilíbrio e devido a uma maior concentração de cátions dentro da célula, ocorre

114
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

aumento da pressão osmótica, a água penetra em excesso e com isso a célula “incha”
tendendo a romper-se.

A redução ou modulação do consumo de alimento tem sido observada, principalmente


com monensina (GOODRICH et al., 1984; SCHELLING, 1984; OLIVEIRA et al., 2005),
enquanto outros ionóforos podem aumentar o consumo ou não altera-lo (SPIRES et
al., 1990). O consistente efeito negativo da monensina no consumo de alimento levou o
NRC (1996) a recomendar que o consumo de matéria seca estimado seja diminuído em
4% quando se procede a suplementação com 27,5 a 33 ppm de monensina.

Em animais alimentados com dieta volumosa, o decréscimo no consumo pode ser


parcialmente explicado pela diminuição na taxa de turnover de sólidos e líquidos no
rúmen e, consequente, aumento do enchimento ruminal (Allen e Harrison, 1979),
enquanto a reduzida motilidade ruminal induzida pela monensina pode ser a causa da
diminuição do turnover ruminal (DESWYSEN et al., 1987). Baile et al. (1979) sugerem
que, em dietas ricas em concentrado, a diminuição no consumo de alimento foi atribuída
ao sabor desagradável da monensina. Experimentos de Raun et al. (1974a, b; 1976)
e Brown et al. (1974) demonstraram uma resposta quadrática à dose de monensina
administrada. O consumo de alimento foi reduzido em 5% com a inclusão de 11 ppm de
monensina na dieta, 13% com 33 ppm e 24% com 88 ppm. Os autores recomendaram
uma dose ótima de 11 ppm, considerando o ganho de peso diário e 33 ppm para máxima
eficiência alimentar. Em média, recomenda-se para bovinos, 33 ppm ou 200 mg/dia
de monensina como dose ótima para a obtenção da melhor resposta no desempenho
(POTTER et al., 1976; Wilkinson et al., 1980; GOODRICH et al. 1984), na eficiência
alimentar (POTTER et al., 1976), no padrão de fermentação ruminal (POTTER et al.,
1976; RAUN et al., 1976), menor produção de metano (O’KELLY; SPIERS, 1992) e
menor incidência de timpanismo (MAY, 1990).

A melhora na eficiência alimentar ocorre devido ao aumento na proporção de propionato


em relação ao acetato, depressão na produção de metano e na degradação da proteína da
dieta. De acordo com Nagaraja et al. (1997), a monensina aumenta a eficiência energética
animal em torno de 5%, em virtude da maior produção de propionato, menor formação
de metano e aumento na energia retida, assumindo que o propionato é essencial para
o metabolismo energético dos ruminantes. Sua maior disponibilidade contribuirá para
diminuir o incremento calórico (BLAXTER; WAINMAN, 1964), poupar aminoácidos
normalmente destinados a gliconeogênese (REILLY; FORD, 1974) e promover, assim,
síntese de proteína corporal (POTTER et al., 1968).

115
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

Probióticos
Devido a natural ineficiência energética do processo de fermentação ruminal, com
perdas significativas na forma de calor e gases da fermentação, a manipulação do
ecossistema ruminal é uma ferramenta atraente para os nutricionistas. Levando-se
ainda em consideração as questões atuais relacionadas com a emissão de gás metano
pelos animais ruminantes, e a crescente preocupação com o uso de antibióticos na
alimentação animal, entende-se o grande interesse, tanto dos acadêmicos, quanto
das indústrias de nutrição, para o uso de probióticos como moduladores do ambiente
ruminal. Atualmente, a grande maioria das empresas de nutrição animal oferecem
suplementos minerais ou proteicos contendo probióticos em sua formulação.

Probióticos são definidos como microrganismos vivos que quando administrados em


quantidade adequada conferem benefícios à saúde do hospedeiro (FAO-WHO, 2001).
Diversos probióticos tem sido utilizado com sucesso, sendo que os efeitos relatados
incluem a melhora do desempenho animal, maior digestibilidade da fibra no rúmen,
aumento da produção de ácido propiônico, mitigação da emissão de metano, controle
da acidose ruminal e maior digestibilidade do amido ruminal. Além destes efeitos
sobre a eficiência da fermentação ruminal, os probióticos são ainda utilizados com o
propósito de melhorar a saúde do trato intestinal, reduzindo a população de patógenos.
Os principais tipos de microrganismos utilizados como probióticos na alimentação de
ruminantes são:

1. Microrganismos ruminais.

2. Bactérias produtoras de ácido lático.

3. Outras bactérias como Bacillus spp e Bifidobacterium spp.

4. Culturas de leveduras.

A elucidação do modo de ação dos probióticos não é tarefa facial para os pesquisadores,
devido à complexidade inerente do sistema. Alguns possíveis mecanismos de modulação
da fermentação ruminal incluem a produção de bacteriocinas, a redução da tensão
de oxigênio residual, fornecimento de fatores de crescimento limitantes ao rúmen,
consumo de ácido lático e produção de enzimas exógenas, entre outros.

Efeitos sobre a digestibilidade da fibra

O uso de probióticos contendo leveduras vivas da espécie Saccharomyces cerevisiae tem


aumentado progressivamente em dietas de ruminantes, com o objetivo de aumentar o

116
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

desempenho animal (DESNOYERS et al., 2009). Os mecanismos de ação das leveduras


ainda não estão totalmente estabelecidos, no entanto, as hipóteses sobre os benefícios
para os ruminantes incluem:

1. estimula o crescimento de bactérias fibrolíticas, aumentando assim a


digestibilidade ruminal de fibras (CALLAWAY; MARTIN, 1997; ALLEN;
YING, 2012);

2. favorece o crescimento de bactérias utilizadoras de lactato, reduzindo o


acúmulo de ácido láctico em dietas de alto grão e prevenindo a acidose
ruminal (NISBET; MARTIN, 1991; CALLAWAY; MARTIN, 1997);

3. aumento do fluxo de proteína microbiana para o duodeno, devido à


alteração do ambiente ruminal que favorece o crescimento bacteriano
total (YOON; STERN, 1996; HRISTOV et al., 2010).

No entanto, o efeito do uso de levedura depende da cepa e da dose da levedura utilizada,


composição da dieta e condição fisiológica do animal suplementado.

A presença de leveduras vivas no rúmen influenciou o crescimento e atividade de


microrganismos degradadores de fibra, como fungos e bactérias fibrolíticas. A cepa
CNCM I-1077 da espécie Saccharomyces cerevisiae se mostrou capaz de estimular a
germinação do fungo Neocallimastix frontalis MCH3 (CHAUCHEYRAS et al., 1995),
que por sua vez possui ação celulolítica e contribui para aumentar a taxa de digestão
de fibras no rúmen. Ainda, os autores sugeriram que as leveduras foram capazes de
potencializar a colonização de fungos na parede celular de plantas. A explicação
encontrada para este efeito foi que as leveduras liberam fatores de crescimento, como
a tiamina e a vitamina A, que são elementos essenciais para o desenvolvimento dos
fungos presentes no rúmen (FONTY; CHAUCHEYRAS-DURAND, 2006).

O ambiente ruminal deveria ser um ambiente restritamente anaeróbico, porém, devido


ao consumo de alimento e ingestão de água, grande quantidade de oxigênio está presente
dentro do rúmen (CHAUCHEYRAS-DURAND et al., 2008). Desta forma, em aerobiose,
as leveduras realizam a oxidação da glicose pela via da respiração aeróbica, que exige
o consumo de oxigênio, retirando assim oxigênio do meio e reduzindo o potêncial de
redução do fluido ruminal, o que favorece o desenvolvimento dos microrganismos
ruminais que são altamente sensíveis à presença de oxigênio (NEWBOLD et al., 1996).

Os efeitos das leveduras sobre o crescimento e a atividade de bactérias fibrolíticas têm sido
estudados e os resultados das pesquisas têm comprovado a hipótese de que o ambiente
ruminal é modulado, favorecendo o desenvolvimento de microrganismos degradadores

117
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

de fibra. A suplementação de ruminantes com S. cerevisiae como probiótico estimulou


o crescimento populacional das espécies Fibrobacter succinogenes, Ruminococcus
albus, Ruminococcus flavefaciens, e Butyrivibrio fibrisolvens (GIRARD; DAWSON,
1995). Mosoni et al. (2007) demonstraram por meio da análise por PCR em tempo real
que as populações de R. albus e R. flavefaciens aumentaram 2 e 4 vezes de tamanho,
respectivamente, após a presença de levedura viva no rúmen. Fonty e Chaucheyras-
Durand (2006) observaram um crescimento significativo das três espécies de bactérias
celulolíticas avaliadas (F. succinogenes, R. albus, e R. flavefaciens) no rúmen de animais
suplementados com levedura.

Com o objetivo de avaliar o efeito de levedura viva sobre a digestibilidade de fibra e


população ruminal de bactérias celulolíticas em bovinos de corte em pastejo rotacionado,
recebendo suplementação mineral sem monensina, Sousa et al. (2015) desenvolveram
no Laboratório de Pesquisa em Gado de Corte - VNP/FMVZ/USP um experimento com
oito animais canulados no rúmen, recebendo ou não 8 x 109 CFU de levedura (cepa
Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077) por dia, diretamente no rúmen (via cânula),
durante um ano de avaliação, para passar por todas as estações.

Os efeitos da suplementação com levedura sobre a digestibilidade da FDN foram


avaliados por 24h de incubação in situ de cinco diferentes volumosos. Na média dos
cinco volumosos incubados, a suplementação com levedura aumentou a digestibilidade
da fibra em 6,8% ao longo do ano (40,7 vs. 38,1%, P < 0,01, tabela 22). O efeito da
levedura sobre a digestibilidade da fibra não foi influenciado pela estação do ano (P =
0,45, Tabela 21), ou pelo tipo de volumoso (P = 0,39).

Tabela 21. Efeito da suplementação com levedura viva sobre a digestibilidade da FDN de diferentes volumosos

após 24h de incubação ruminal.

Valor de P
Itens Controle Levedura EPM
Levedura Estação Lev*Est
Média dos volumosos 38,1 40,7 0,4 <0,01 <0,01 0,45
Feno de tifton 85 30,2 32,1 0,7 0,07 <0,01 0,30
Capim marandu 60,9 63,4 0,8 0,04 <0,01 0,95
Capim mombaça 47,7 49,2 0,8 0,04 <0,01 0,95
Silagem de cana-de-açúcar 13,1 14,9 0,5 0,03 <0,01 0,18
Silagem de milho 37,4 40,1 1,0 0,07 <0,01 0,32
Fonte: Sousa et al. (2015).

Quanto à avaliação da microbiota ruminal, as bactérias degradadoras de fibra foram


representadas pelas espécies: F. succinogenes, R. flavefasciens, B. fibrisolvens, e R.
albus. A partir destas quatro espécies de bactérias a R. flavefaciens foi a mais prevalente

118
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

no rúmen, com uma população 15,2 vezes maior do que B. fibrisolvens (Figura 10),
demonstrando assim a importância dessa espécie para a degradação de fibra no rúmen
desses animais.

Figura 10. População relativa no rúmen das quatro bactérias degradadoras de fibras avaliadas. Os valores são

expressos em relação à população B. fibrisolvens.

Fonte: Sousa et al. (2015).

A suplementação com levedura viva aumentou a população relativa de R. flavefaciens


(P<0,01, Tabela 22). O aumento na população de R. flavefaciens pode explicar a maior
digestibilidade da fibra observada neste estudo, para os animais que receberam a
suplementação com S. cerevisiae.

Tabela 22. População relativa de bactérias ruminais de novilhos em pastejo durante as quatro estações do ano,

suplementados ou não com levedura viva.

Valor de P
Espécie Controle Levedura1 EPM
Levedura Estação Lev*Est
R. flavefaciens 1,00 1,78 0,04 <0,01 0,52 0,10
F. succinogenes 1,00 0,65 0,01 0,02 <0,01 0,08
R. albus 1,00 0,86 0,01 0,47 0,26 0,57
B. fibrisolvens 1,00 0,89 0,01 0,12 0,97 0,18

Valores expressos em relação ao controle.


1

Fonte: Sousa et al. (2015).

Efeitos sobre a digestibilidade do amido

Os carboidratos não fibrosos (CNF) compreendem uma fração facilmente e quase


completamente digerida pela maioria dos animais que engloba ácidos orgânicos,

119
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

mono e oligosacarídeos, frutanas, amido, pectina e outros carboidratos exceto a


hemicelulose e celulose encontradas na fração da Fibra em Detergente Neutro (FDN)
(VAN SOEST, 1993). O amido é o principal CNF fornecido aos ruminantes, devido
as suas características como fonte de reserva e disponibilidade energética superior à
dos carboidratos estruturais (ZEOULA; NETO, 2001), sendo o principal componente
energético dos grãos de cereais utilizados na alimentação de ruminantes, representando
70 a 80% da composição dos grãos de cereais (ZEOULA et al., 1999).

Com o avanço do melhoramento genético e de pesquisas na área de nutrição, tornou-se


fundamental o aumento do nível energético da dieta com o incremento da proporção de
grãos na dieta e digestibilidade do amido, para alcançar o potêncial de ganho de animais
de alto desempenho. A recomendação atual consiste em maximizar a fermentação do
amido no rúmen, pois, dessa forma, seria obtido maior crescimento microbiano e,
consequentemente, maior degradação da dieta e maior aporte de proteína microbiana
no intestino delgado (MEDEIROS; MARINO, 2015).

Neste contexto, vários fatores afetam a digestibilidade do amido, como por exemplo o
processamento dos grãos, além das diferentes fontes de amido (milho, sorgo, cevada,
dentre outros), teor de amilose e amilopectina, tipo de endosperma (farináceo ou
vítreo), utilização de aditivos e o próprio teor de amido da dieta podem influenciar na
digestibilidade do mesmo. Levando em consideração a diversidade de grãos disponíveis
para alimentação de ruminantes, apresentando variação em tamanho, textura, formato,
maturidade, umidade e digestibilidade, justifica-se o processamento desses ingredientes
pelo fato de proporcionar melhoras significativas na forma e, consequentemente, no
valor nutritivo destes grãos para bovinos de corte (ANTUNES; RODRIGUES, 2006).

Segundo Huntington (1997), a digestão ruminal do amido é um dos fatores mais


importantes na determinação do desempenho de ruminantes alimentados com dietas
de alto concentrado. O aumento da digestibilidade do amido provoca um impacto no
metabolismo energético e proteico, promovendo maior produção de ácidos graxos de
cadeia curta (acetato, propionato e butirato), com redução na proporção de acetato
propionato, e aumento do fluxo de proteína microbiana, reduzindo assim as perdas de
amido e N fecal pelo fato de aumentar a digestibilidade do amido à nível ruminal.

Dessa forma, a formulação de dietas deve levar em conta não somente a quantidade
de grãos, mas também todos os fatores que podem influênciar a digestibilidade e,
consequentemente, o desempenho animal. Nesse sentido, uma alternativa interessante
para aumentar a digestibilidade do amido seria o fornecimento de probióticos, com o
intuito de manipular a fermentação ruminal, promovendo assim maior disponibilidade
de energia no rúmen, favorecendo a maior produção de proteína microbiana.

Ao avaliar os efeitos da utilização de probiótico (Saccharomyces cerevisae) e/ou


ionóforo (monensina sódica) na dieta de bovinos da raça Holandesa recebendo uma

120
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

dieta com 70% de concentrado, Fereli et al. (2010) observaram aumento no valor
médio da digestibilidade total dos carboidratos não fibrosos a medida que o probiótico
foi adicionado à dieta, em função da maior quantidade de carboidratos prontamente
disponível no rúmen e a melhor digestão dos mesmos com dietas contendo probiótico.
Vale ressaltar que as digestões intestinal e total foram maiores para as dietas que
continham o probiótico em relação à que continha apenas o ionóforo não associado,
porém, a digestibilidade ruminal apresentou melhor resultado numérico para a dieta
composta de 100% da dose de probiótico associada com ionóforo.

Zeoula et al. (2008) observaram aumento do coeficiente de digestibilidade total do


amido, da FDN e FDA em resposta à suplementação com probiótico (Saccharomyces
cerevisiae + selênio + cromo) em rações com 50:50% de volumoso: concentrado para
bovinos da raça holandesa. Contudo, Gattass et al. (2008) não observaram efeito da
inclusão de Saccharomyces cerevisae sobre o consumo e digestibilidade aparente dos
carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não estruturais (CNE), em novilhos 1/2 Red
Angus 1/2 Nelore recebendo dieta com 50% de volumoso à base de silagem de sorgo.
Yang et al. (2004) não encontraram diferenças na digestibilidade da MS, MO, amido,
FDN ou FDA com a suplementação de Propionibacterium, Enterococcus. faecium, ou
Enterococcus. faecium combinados com Saccharomyces cerevisiae.

Zeoula et al. (2014), ao avaliarem os efeitos da inclusão de ionóforo (monensina sódica)


e de probiótico (Saccharomyces cerevisae + selênio + cromo) em dietas com 80%
de volumoso sobre a digestibilidade aparente dos nutrientes para bovinos e búfalos,
não observaram diferença entre as dietas para a digestibilidade aparente do amido,
sendo o valor médio da digestibilidade do amido de 82,6% (P>0,05). Da mesma forma,
Raeth-Knight et al. (2007) também não encontraram efeito sobre a digestibilidade
aparente do amido em função do fornecimento de probiótico, contendo culturas vivas
de Lactobacillus acidophilus e Propionibacteria freudenreichii, em vacas Holandesas
no meio da lactação.

Observa-se que os resultados quanto a alterações na digestibilidade do amido em função


do fornecimento de probióticos são inconsistentes, que podem estar relacionados com
o tipo de dieta que é fornecida aos animais (FIEMS et al., 1993).

Controle da acidose ruminal

O uso de probióticos como moduladores da fermentação ruminal baseia- se, dentre


outros fatores, na prevenção da acidose ruminal (KREHBIEL et al., 2003) promovendo
adaptação e mudanças na microbiota ruminal. A acidose é caracterizada pelo pH
abaixo de 5,2 e alta concentração de lactato (OWENS et al., 1998), sendo considerada
a mais importante desordem nutricional dos ruminantes, comprometendo a saúde e o
desempenho produtivo (KLEEN et al., 2003; MARTIN et al., 2006). Casos de acidose

121
UNIDADE V │ CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE

clínica ou subclínica são reportados quando os animais são alimentados com altas
quantidades de carboidratos não fibrosos na dieta, principalmente durante a transição
entre baixo para alto teor de carboidratos (LETTAT et al., 2012).

Fato comum nos confinamentos brasileiros é a não adaptação dos animais à nova
dieta, rica em carboidratos fermentáveis no rúmen. Os animais, em regime de pastejo,
cuja dieta se baseia em forragens, quando iniciam a dieta de confinamento, sofrem
diversas alterações ruminais, principalmente em função do tipo de microrganismos e
produtos da fermentação. Com o aumento na quantidade de carboidratos rapidamente
fermentáveis na dieta, ocorre uma grande produção de ácidos graxos de cadeia curta
(AGCC) e acúmulo de lactato, ocasionando a queda do pH ruminal (OWENS et al.,
1998). As bactérias responsáveis pela degradação da fibra, tais como Fibrobacter
succinogenes e Ruminococcus albus, têm sua atividade diminuída em pH ruminal
abaixo de 6,0 e completa cessação de digestão de fibra com pH entre 4,5 e 5,0 (VAN
SOEST, 1994; PINLOCHE et al., 2013). Por outro lado, as bactérias amilolíticas, em
especial Streptococcus bovis, Ruminobacter amylophilus e Lactobacillus spp. atuam
em uma faixa de pH mais baixo, ao redor de 5,8 (KOTARSKI et al., 1992; FURLAN
et al., 2006). O rápido desenvolvimento das bactérias amilolíticas acarreta o acúmulo
de lactato, pela maior produção e menor utilização desse ácido (LETTAT et al.; 2012),
diminuição do pH ruminal, acompanhado da menor degradação da fibra e sintomas de
acidose ruminal (KHAFIPOUR et al., 2009).

A adaptação gradual às dietas de confinamento, aliada com o uso de probióticos,


pode reduzir os problemas de acidose ruminal e queda no desempenho produtivo
nesse período de transição, maximizando a produção animal (LETTAT et al., 2012).
Os microrganismos utilizados como probióticos para essa finalidade podem ser
caracterizados como bactérias produtores de lactato ou consumidores de lactato, ou
mesmo leveduras, que podem ser utilizados simultaneamente (KREHBIEL et al., 2003;
PINLOCHE et al., 2013; QADIS et al., 2014; UYENO et al. 2015). As bactérias produtoras
de lactato, principalmente as do gênero Lactobacillus, quando adicionadas à dieta de
ruminantes, estimulam a adaptação gradual dos microrganismos ruminais na presença
desse ácido. Os microrganismos consumidores de lactato, especialmente as bactérias da
espécie Megasphaera elsdenii, agem evitando o acúmulo do ácido, ou seja, utilizando-o
como fonte energética, e consequentemente evitam a queda do pH e aparecimento da
acidose ruminal (MEISSNER et al., 2010). Por sua vez, a suplementação com leveduras
promove maior desenvolvimento das bactérias celulolíticas e auxiliam na manutenção
do pH ruminal, aumentando a digestibilidade da fibra (PINLOCHE et al., 2013).

Dentre as bactérias mais utilizadas como probióticos na alimentação de bovinos,


destaca-se a Megasphaera elsdenii devido à alta afinidade dessa bactéria para o
consumo de lactato (MEISSNER et al., 2010). Além disso, a M. elsdenii compete por
substrato com bactérias produtoras de lactato, especialmente Streptococcus spp.,

122
CONFINAMENTO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE V

comprometendo a produção de ácido láctico desse microrganismo. Outro grande grupo


de microrganismos utilizados como probióticos para bovinos são as Propionibacterias.
Dentre os benefícios da utilização desses microrganismos, ressalta-se a maior
produção de propionato, que requer maior fixação do H ruminal e, consequentemente,
diminuem-se as perdas de H pela produção de metano (VYAS et al., 2014). Além disso,
as Propionibacteria, assim como a M. elsdenii, utilizam o lactato como substrato,
evitando o acúmulo do mesmo. Outro fator importante que se deve considerar com a
suplementação de Propionibacteria, é que o propionato é o precursor mais importante
de glicose para os ruminantes e, consequentemente, tem o maior impacto no balanço
energético dos ruminantes (NAGARAJA et al., 1997).

Nocek et al. (2003) e Meissner et al. (2010) reportam que a suplementação com
probióticos a base de microrganismos que produzem e que consomem lactato é uma
estratégia eficiente para evitar o aparecimento da acidose ruminal. Em um estudo com
sinergismo entre probióticos, Lellat et al. (2012) reportam que de Lactobacillus spp.
e Propionibacteria são efetivos na estabilização do pH ruminal, prevenindo sintomas
de acidose em ruminantes, pelo aumento na atividade das bactérias celulolíticas e
limitação do desenvolvimento das bactérias produtoras de lactato. Além disso, os
autores reportam que o uso desses microrganismos combinados parece ser mais efetivo
no controle da acidose ruminal devido ao possível sinergismo entre essas cepas. Outros
ainda enfatizam que o efeito desses microrganismos, aliado as leveduras, promove
maior estabilidade do pH ruminal e, consequentemente, maior degradação da fibra e
melhor desempenho animal (NOCEK et al., 2003; CHIQUETTE et al., 2009).

Da mesma forma que para os produtos bacterianos, os efeitos positivos das leveduras
se tornam mais pronunciados em animais submetidos a dietas com alto teor de
carboidratos solúveis. Pinloche et al. (2013) reportam que é possível a modulação
da fermentação ruminal, pela mudança da microbiota utilizando leveduras como
probióticos para bovinos. Outros autores recomendam o uso de leveduras juntamente
com cepas bacterianas para promover os melhores benefícios no controle do pH
ruminal de bovinos alimentados com dieta de alto teor de carboidratos fermentáveis
(BROSSARD et al., 2006; THRUNE et al., 2009).

Em resumo, o uso de probióticos a base de bactérias e leveduras são de extrema


importância para bovinos em dietas com alto teor de carboidratos fermentáveis no
rúmen, especialmente no período de transição pasto/confinamento, a fim de modular
a fermentação ruminal, evitando quedas bruscas de pH, mantendo a atividade das
bactérias fibrolíticas, e evitando a acidose ruminal.

123
NUTRIÇÃO
APLICADA À
REPRODUÇÃO Unidade Vi
DE BOVINOS DE
CORTE

Um bom índice reprodutivo, em qualquer criação animal, necessita de um bom manejo


nutricional. Com a evolução da seleção genética em busca de animais mais produtivos,
a nutrição também passou por mudanças, com o intuito de suprir as exigências básicas
e fornecer os nutrientes corretos e em quantidade ideal para o bom desempenho do
animal quanto a produção de carne, leite e reprodução.

Mesmo com índices produtivos abaixo da média, o Brasil vem melhorando sua taxa
de desfrute, por meio da aplicação de novas tecnologias em todas as fases da produção
animal e principalmente na nutrição direcionada para cada classe animal e reprodução
em larga escala. A taxa de desfrute mede o aumento da produção (em peso ou em
número de cabeças) de um rebanho em um determinado espaço tempo em relação ao
rebanho inicial. A tabela 23 mostra a evolução da taxa de desfrute do Brasil, comparada
com outros países e a média mundial.

Tabela 23. Taxa de desfrute por ano e variação no período.

Taxa de desfrute, %
2000 2002 2004 2006 2008 Variação no período
Brasil 18,3 17,6 17,6 20 22,7 23,7
Argentina 25,5 22,6 28,5 26,4 26,7 4,4
Estados Unidos 38,3 38,5 35,4 35 35,7 -6,72
União Européia 33,5 34,3 33,2 32,4 31,9 -4,71
China 34,6 39,5 44,4 47,5 52,7 52,6
Média Mundial 22,1 21,9 22,2 22,5 22,9 3,9
Fonte: FAO (2010).

O tempo que os animais levam até atingir a puberdade também influência no custo do
sistema de criação, pois a fêmea tem um custo de manutenção na fazenda e o retorno
econômico virá somente após o parto. Animais mal nutridos têm sua puberdade
retardada, pois a prioridade por nutrientes e energia é dos tecidos indispensáveis para

124
NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE VI

a vida do animal, como exemplo o sistema nervoso central. Desta forma, uma dieta
deficiente irá prejudicar os órgão e tecidos de menor prioridade.

O impacto do estado nutricional de vacas de corte afeta a reprodução de um rebanho,


sendo, portanto, essêncial o fornecimento de uma dieta que contenha todos os nutrientes
(água, proteína, carboidratos, lipídios, minerais e vitaminas) de forma balanceada, para
atender às demandas de produção e reprodução dos animais.

125
Capítulo 1
Nutrição da vaca de cria e do touro

Este capítulo foi escrito baseado em Rocha et al. (2011).

Manejo nutricional para melhorar a


reprodução
Devido à baixa herdabilidade dos parâmetros de eficiência reprodutiva, os fatores
ambientais imprimem um maior impacto sobre o desempenho reprodutivo do que
a seleção genética. Portanto, a eficiência reprodutiva de um rebanho é altamente
influênciada pelo manejo e pelo ambiente. Dentre os fatores de ambiente que afetam a
reprodução de bovinos, a nutrição é, talvez, o de maior impacto (SANTOS, 1998).

Os fatores nutricionais de maior relevância na reprodução estão principalmente


relacionados com um consumo adequado de energia, gordura, proteínas, vitaminas
e minerais. A partição de nutrientes dentro do organismo ruminal segue uma ordem
preferêncial:

1) metabolismo basal 2) trabalho 3) crescimento 4) reserva de energia


básica 5) gestação 6) lactação 7) reserva de energia adicional 8) ciclo
estral e início de gestação 9) reserva de energia em excesso.

No entanto, a prioridade relativa das funções citadas pode mudar, dependendo de


qual função e sua intensidade está presente numa determinada fase da vida do animal.
Como por exemplo, no pós-parto, o consumo de MS não é suficiente para atender as
exigências, e a vaca acaba por mobilizar reservas de tecidos corporais para manter a
produção de leite, que nessa fase é prioridade em relação às funções reprodutivas. Uma
perda excessiva de peso decorrente da subnutrição pode levar ao anestro em vacas de
corte (RICE, 1991), principalmente naqueles animais que pariram com baixo escore
de condição corporal (ECC) ou naqueles que ainda estão em crescimento (NRC, 1996),
como as vacas de primeira cria.

O escore de condição corporal (ECC) do animal no pré e no pós-parto pode ser uma
ferramenta para monitorar o balanço de nutrientes e como esse balanço afeta a
reprodução. Vacas mal alimentadas e que apresentam ECC menor que 4 (escala de 1
a 9) antes do parto têm uma maior probabilidade de terem problemas reprodutivos, a
não ser que haja uma boa alimentação nesse período para atender suas exigências de
mantença e de ganho. A duração do período de anestro pós-parto em vacas de corte
126
NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE VI

em sistema de cria é de extrema importância econômica. Para esses animais, o retorno


precoce à atividade ovariana pós-parto irá determinar quando eles estarão aptos para
iniciar a estação de monta e quanto tempo permanecerão ativos no período de monta.
Bezerros nascidos de vacas com longo período de anestro pós-parto na estação de monta
anterior tendem a ser mais jovens e pesar menos no período de desmama (FERRELL,
1991). Para se obter melhor eficiência reprodutiva, o manejo nutricional das vacas deve
ter como meta um ECC entre 5 e 7 na época do parto.

Energia

O consumo insuficiente de energia está relacionado ao baixo desempenho reprodutivo,


resultando em um período prolongado de anestro após o parto, baixa produção de
progesterona pelo corpo lúteo e baixa taxa de concepção. Nos machos, está associado ao
atraso na idade da puberdade, redução da libido e queda na produção de espermatozóides.
O consumo de energia é o fator que mais afeta o balanço energético (BE) de vacas após
o parto. O BE é igual a energia consumida menos a energia exigida para manutenção e
produção de leite e gestação, quando a energia utilizada para manutenção e produção
for maior que o consumo, este animal estará em balanço energético negativo (BEN),
sendo a mobilização de tecidos corporais necessária para manter a produção de leite.

Segundo Ponsart et al. (2000), o tipo de alimento utilizado para fazer a suplementação
das fêmeas não apresenta diferença quanto ao crescimento do folículo, ovulação ou
taxa de prenhes, em que os autores compararam milho moído com silagem de milho.
Já Cunha et al. (2003) utilizando vacas nelore a pasto submetidas aos seguintes
tratamentos:

1. fêmeas mantidas a pasto;

2. fêmeas mantidas a pasto, porém, com restrição do tempo de amamentação


dos bezerros;

3. fêmeas mantidas a pasto, com restrição do tempo de amamentação dos


bezerros e suplementação energética.

Utilizando os teores séricos de progesterona como forma de avaliação da taxa de


prenhes, observaram que no tratamento em que houve suplementação energética, os
animais apresentaram níveis mais elevados de progesterona, indicando a eficácia do
tratamento.

Britt (1994) argumentou que os efeitos do BEN na reprodução estão associados


não apenas com o período da primeira ovulação após o parto, mas também com a

127
UNIDADE VI │ NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

viabilidade do oócito do folículo ovulatório e do CL resultante da ovulação daquele


folículo. Nesse sentido, Britt (1994) agrupou vacas com alta e baixa condição corporal
entre uma a cinco semanas após o parto. Os dois grupos não diferiram na secreção
do pico de progesterona plasmática, durante os primeiros dois ciclos, mas o grupo de
baixa condição corporal produziu menos progesterona durante o terceiro, quarto e
quinto ciclos estrais. Dessa forma, pode-se supor que a produção de progesterona pelo
corpo lúteo esteja relacionada com o ECC da vaca durante o desenvolvimento inicial do
folículo.

A restrição alimentar prolongada deprime a liberação do GnRH, que por sua vez reduz a
secreção do LH pela hipófise (DENNISTON et al., 2003), comprometendo a ovulação e
manutenção da gestação. A supressão deste hormônio é maior em bovinos submetidos
à longa restrição alimentar e, em vacas acíclicas, devido à maior sensibilidade do
eixo hipotalâmico à retroalimentação negativa do estradiol. Imakawa et al. (1987)
trabalhando com novilhas ovariectomizadas submetidas a consumo restrito de alimento
observaram redução na concentração plasmática e na frequência de pulso do LH. Em
animais de boa condição corporal, as concentrações séricas de LH são mais elevadas
que naqueles que apresentam perda de escore corporal (GIL, 2003).

Embora os casos de subnutrição são mais comuns, os casos de supernutrição são mais
prejudiciais à reprodução. Pois o consumo excessivo de energia altera a duração da
vida reprodutiva, tanto de machos como de fêmeas. O excesso de energia acumula no
fígado e nos órgãos reprodutivos na forma de gordura. E, ainda, o tecido adiposo em
alta quantidade nos ovários pode levar a esterilidade por uma ação mecânica, causando
atrofia e dificultando ou impedindo a captação do óvulo pelas fímbrilas do oviduto.
Nas fêmeas, essas alterações resultam em baixa taxa de concepção e distocia, além do
aumento nos casos de retenção de placenta. Já nos machos, o consumo de energia e o
peso em excesso trazem problemas de cascos e pernas, além de diminuir a libido. No
entando, o que se busca no pós-parto é um BE levemente positivo, sem excesso ou falta
de energia.

Vacas com BE positivo apresentam maior número de folículos grandes nos ovários,
portanto, maior potencial para produzir estradiol, hormônio que estimula o centro
pré ovulatório de LH e que está associado com ovulação e luteinização. Enquanto isso,
vacas com BE negativo têm maior quantidade de folículos pequenos que acabam por
sofrerem regressão (PIRES et al., 2010).

Os chamados hormônios metabólicos, como o hormônio do crescimento (GH), a insulina,


o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-I e II) e a leptina têm importante
papel no controle da função ovariana dos mamíferos, agindo como mediadores ou

128
NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE VI

sinalizadores dos efeitos da ingestão de alimento e do balanço energético sobre a


fertilidade (GIL, 2003)

A insulina atua na reprodução por regular a síntese de neurotransmissores de GnRH e,


consequentemente, controla a secreção das gonadotrofinas, principalmente a liberação
de LH pela hipófise, juntamente aos fatores de crescimento semelhante à insulina
do tipo I e II (IGFI e IGF-II), cujos receptores estão presentes nas células foliculares
(granulosa e teca) (KAWAUCHI; SOWER, 2006).

O hormônio metabólico GH atua sinergicamente com a insulina, influenciando a ação


mitogênica e esteroidogênica do IGF-I sobre as células da teca interna e da granulosa.
A alta ingestão proteica eleva a concentração sanguínea de GH e insulina, aumentando
as concentrações plasmáticas de IGF-I, por meio do GH, e intrafolicular, pela ação
da insulina (FORTUNE, 2003). Dessa forma, as baixas concentrações plasmáticas
de insulina, em animais submetidos à restrição alimentar crônica podem reduzir a
produção de andrógenos e estrógenos e, assim, comprometer a habilidade dos folículos
em produzirem receptores para LH (DISKIN et al., 2003).

A leptina, hormônio proteico secretado pelos adipócitos, está envolvida na regulação


da ingestão de alimentos, no balanço energético e no eixo neuroendócrino de bovinos e
outras espécies animais (BARB; KRAELING, 2004). A restrição alimentar crônica em
vacas resulta na redução acentuada na secreção de leptina, que é concomitante à redução
de LH. Desta forma, a condição metabólica parece ser o fator primário determinante
da capacidade de resposta do eixo hipotalâmico-hipofisário à leptina em ruminantes
(BARB; KRAELING, 2004).

O uso de aditivos na suplementação de vacas no início da lactação pode melhorar o


desempenho reprodutivo. Gallardo et al. (2005) testaram o efeito da adição de monensina
na reprodução de vacas a pasto e observaram que a percentagem de prenhes durante a
primeira inseminação aumentou, devido ao aumento do BE proporcionado pelo maior
direcionamento de energia vindo da digestão ruminal modulada pelo aditivo ionóforo.

Lipídeos

Em virtude da alta exigência nutricional das novilhas e vacas durante o terço final da
gestação e o início da lactação, a suplementação com gordura pode ser um método
bastante eficaz para ajudar a suprir a demanda energética nessa fase da cria, pois o
valor energético dos lipídeos é superior ao dos carboidratos, mas o nível de inclusão na
dieta deve ser controlado para não comprometer o consumo.

129
UNIDADE VI │ NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

Além da contribuição energética, a utilização de gordura em dietas de vacas pode


melhorar o desempenho reprodutivo, pois os ácidos graxos podem modificar algumas
vias específicas e influenciar o metabolismo de alguns hormônios que modulam
os processos metabólicos nos ovários e no útero, além de exercer efeitos diretos na
transcrição de genes que codificam proteínas essenciais à reprodução.

O aumento do consumo de gordura aumenta a concentração plasmática de colesterol,


o qual é percursor da progesterona. Os resultados obtidos por Staples et al. (1998)
confirmam o fato de que a suplementação com gordura aumenta a secreção de
progesterona (tabela 24).

Tabela 24. Efeito da suplementação com gordura na concentração de progesterona no plasma (ng/mL).

Dieta
Controle Gordura
Dias de ciclo estral

1 a 12 4,2b 5,2a
9 a 15 6,6b 7,7a

Semanas de lactação

5 a 12 4,5b 6,0a
2 a 12 4,2b 4,8a
Fonte: adaptado Staples et al. (1998).

Os mecanismos pelos quais a suplementação melhora o desempenho reprodutivo


parecem envolver, principalmente, aumentos na capacidade funcional do ovário,
na concentração de progesterona circulante e na vida útil do corpo lúteo (CL);
(ARMSTRONG et al., 2001; BELLOWS et al., 2001; BOKEN et al., 2005). Fontes de
ácidos graxos como gorduras, sementes de oleaginosas ou óleos derivados destas, têm
sido utilizadas com diferentes resultados tanto na reprodução quanto na produção de
vacas de leite e de corte (SATURNINO; AMARAL, 2005).

Os ácidos graxos, linoléico 18:2 (ω-6) e linolênico 18:3 (ω-3) têm grande importância
na reprodução como precursores de eicosanóides como as prostaglandinas (PG).
Outros ácidos graxos de importância na reprodução são o ácido araquidônico (20:4,
ω-6), o ácido eicosapentaenoíco (20:5, ω-3) e o ácido docosahexaenóico (22:6, ω-3).
O ácido linolênico pode servir como precursor de ácido eicosapentaenoíco e ácido
docosahexaenóico dentro do organismo, assim como o ácido linoléico é precursor do
ácido araquidônico (PIRES; RIBEIRO, 2006). Existem duas vias principais pelas quais
ocorre a síntese de PG: a via iniciada a partir do ácido linoléico, produzindo PG das
séries 1 e 2, e a via iniciada pelo ácido linolênico produzindo PG da série 3. A PG da

130
NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE VI

série 2 (PGF2α) é a que mais tem influência sobre a reprodução. Dependendo do perfil
de ácidos graxos da dieta, a produção dessa PG pode ser modificada provocando efeitos
sobre a eficiência reprodutiva (Pires e Ribeiro, 2006).

Lucy et al. (1991) argumentaram que os efeitos da gordura sobre a dinâmica folicular de
vacas no pós-parto são devido à maior síntese de PGF2α quando maiores quantidades
de ácido linoléico atingiam o intestino delgado. Lammoglia et al. (1997), suplementando
vacas de corte no início do pós-parto, observaram um aumento na secreção de PGF2α,
medida pela concentração de seu metabólito 13,14-dihidro-15-ceto-PGF2α (PGFM)
no plasma. Grant et al. (2003) e Hess et al. (2005) observaram um aumento nas
concentrações plasmáticas ou séricas de PGFM em vacas com suplementação lipídica
no pós-parto.

A PGF2α secretada pelo útero é considerada um importante modulador na iniciação


do ciclo estral logo após o parto. É possível obter melhora no desempenho reprodutivo
de vacas após o parto devido à ação da PGF2α, pois as vacas voltam a ciclar mais cedo.
Por outro lado, após a fecundação, em torno de 50% dos embriões morrem durante o
início da gestação. Se um embrião estiver instalado no útero, a secreção de PGF2α não
ocorrerá na vaca prenhe, mecanismo esse conhecido como reconhecimento maternal
da prenhes. Com o reconhecimento do embrião pelo útero, a PGF2α não é secretada, e
o corpo lúteo continua a produzir progesterona, mantendo vivo o embrião.

O reconhecimento materno da gestação é dado pela comunicação do embrião com o útero


por meio da secreção da proteína interferon - τ (bIFN-τ), a qual inibe a secreção uterina
de PGF2α. Uma falha nessa comunicação pode ser fatal ao embrião. Práticas nutritivas
que diminuam a secreção de PGF2α após a implantação do embrião favoreceriam a
longevidade do CL e, consequentemente, melhorariam a eficiência do rebanho (PIRES;
RIBEIRO, 2006). O ácido linoléico e os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa,
eicosapentaenoíco e docosahexaenóico, agem como inibidores competitivos durante
o metabolismo do ácido araquidônico pela enzima prostaglandina endoperóxido
sintetase no processo de síntese das prostaglandinas (WILLIAMS, 2001; THATCHER
et al., 2004). Acredita-se que o mecanismo de inibição ocorre pela competição do
ácido linoléico com o ácido araquidônico, quando este se liga à enzima cicloxigenase,
desviando a via para produção de PG da série 1 (SANTOS, 1998). O mecanismo de
inibição da produção de PGF2α pelos ácidos eicosapentaenoíco e docosahexaenóico
também se da pela competição pelos sítios de ligação da enzima prostaglandina
endoperóxido sintetase. Porém, nesse caso, o desvio é para produção de PG da série 3,
menos agressiva ao CL (PIRES; RIBEIRO, 2006).

131
UNIDADE VI │ NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

Robinson et al. (2002) observaram uma melhora nos parâmetros reprodutivos com a
suplementação tanto de 18:2 quanto de 18:3. Contudo Petit et al. (2001) mostraram que
vacas suplementadas com fontes de 18:3 obtiveram melhores respostas nos parâmetros
reprodutivos quando comparadas com vacas suplementadas com fontes de 18:2.
Coelho et al. (1997) alimentaram 15 vacas de leite primíparas, com média de 83 dias
em lactação, com farinha de peixe (fonte de 20:5, ω-3 e 22:6, ω-3). A concentração de
PGFM no plasma foi significativamente reduzida (P<0,01) pelo fornecimento de farinha
de peixe. Nesse sentido, o autor sugere que o uso de fontes de gordura que suprem
maiores quantidades de ácidos graxos ω-3 ao intestino delgado diminui a secreção de
PGF2α e aumenta vida do CL.

Dietas hiperlipídicas estimulam a biossíntese androgênica, que tem função crucial no


desenvolvimento pré-ovulatório (EZZO; HEGAZY, 1999). Funston (2004) mencionou
que o aumento do tamanho de folículos pré-ovulatórios pode ser devido ao aumento
das concentrações plasmáticas de LH, que estimula as últimas fases de crescimento
folicular. O impacto dos folículos maiores sobre a fertilidade ainda não está claro.
No entanto, Beam e Butler (1997) observaram que folículos que ovularam durante a
primeira onda de crescimento folicular pós-parto tinham diâmetro maior. Portanto, é
possível que o aumento no número e no tamanho das estruturas foliculares por meio do
fornecimento de gordura na dieta possa acelerar o intervalo entre o parto e a primeira
ovulação pós-parto, o que pode beneficiar a fertilidade. Tais resultados têm sido
observados para vacas de corte no pós-parto (DE FRIES et al., 1998; LAMMOGLIA et
al., 1997; LAMMOGLIA et al., 1996).

Aumentos na fertilidade do rebanho têm sido associados com concentrações mais


altas de progesterona durante a fase luteínica (GRUMMER; CARROLL, 1991). As
lipoproteínas de alta densidade (HDL) constituem cerca de 80% da massa total
de lipoproteínas no soro bovino, e foi demonstrado que tanto as HDL como as LDL
(lipoproteínas de baixa densidade) regulam de forma diferenciada alguns aspectos do
crescimento e do metabolismo das células da teca, da granulosa e luteais em bovinos.
Em células de bovinos, a capacidade das HDL’s de estimular a produção de progesterona
e androstenodiona é mais potente, e aparentemente as LDL’s atenuam a produção de
progesterona estimulada pelas HDL’s (WILLIAMS, 2001). O colesterol circulante é o
principal substrato para a síntese luteal de progesterona nos mamíferos; e a síntese “de
novo”, a partir do acetato no interior do tecido luteal, é insuficiente para manter a função
luteal normal. Por isso, acredita-se que o aumento da concentração de colesterol, por
meio da alimentação, possa interferir na função luteal (WILLIAMS; STANKO, 1999).

Hawkins et al. (1995) sugeriram que os aumentos nas concentrações plasmáticas de


progesterona em vacas alimentadas com gordura não são devido ao aumento da sua

132
NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE VI

síntese, mas sim devido a uma menor taxa de sua metabolização. Esta explicação poderia
ser aplicada aos resultados encontrados por Lammoglia et al. (1997), que, trabalhando
com vacas Brahman, encontraram maiores níveis de progesterona no plasma, sem
efeitos sobre o número ou o tamanho dos corpos lúteos. A concentração de progesterona
antes e depois da inseminação tem sido associada com o aumento da fertilidade em
vacas de leite e de corte. Segundo O’Callanghan e Bolanda (1999), alterações existentes
na concentração de progesterona no período inicial do desenvolvimento embrionário
podem resultar na morte e/ou degeneração do embrião. Portanto, a adição de gordura
às dietas de vacas, levando a um aumento plasmático de progesterona, pode ser benéfica
para a fertilização e para a sobrevivência do embrião (SANTOS, 1998).

Proteína

Em consequência do aumento da produção de leite das vacas e, consequentemente,


aumento nas exigências de energia e proteína, dietas mais densas em nutrientes se faz
necessário. Porém o excesso de proteína na dieta, além de aumentar os custos da ração,
poderá prejudicar o desempenho reprodutivo dos animais. No Brasil, dificilmente se
observa dietas para gado de corte com elevado teor de proteína, justamente devido ao
elevado custo da matéria-prima. Contudo, o recomendado é suprir o requerimento de
proteína, de acordo a fase fisiológica do animal, sem excessos na suplementação. O
excesso de proteína na dieta é mais facilmente encontrado em rações para gado de leite,
pois se assume que mais proteína na dieta irá aumentar a produção leiteira, mas isso
não só não é verdade como é prejudicial para o animal e para o meio ambiente.

Dietas que fornecem quantidades abaixo da recomendação de proteína degradável no


rúmen (PDR) limitam o crescimento microbiano e comprometem a digestão da fração
fibrosa dos carboidratos, disponibilizando menos nutrientes para o animal. Em dietas
de vacas de corte em pastejo, a ingestão de baixos níveis de proteína bruta (PB) é algo
muito mais comum do que a ingestão de uma dieta com excesso proteico. (SANTOS,
1998). Níveis de PB na dieta abaixo dos recomendados durante os períodos pré e pós-
parto afetam negativamente o desempenho reprodutivo de vacas de corte. Portanto,
é de fundamental importância que seja assegurada a ingestão de níveis adequados de
PB no final da gestação e no início da lactação. Sasser et al., (1988) relataram que uma
inadequada ingestão de proteína durante os períodos de pré e pós-parto resultaram em
uma taxa de gestação de 32%, em vacas com baixa ingestão proteica, comparada com
74%, em vacas com alta ingestão de proteína e que receberam dietas isocalóricas.

O fornecimento de dietas com proteína verdadeira ou PDR acima do recomendável


não afeta o desempenho reprodutivo de animais de baixa e média produção (SANTOS,
1998; WESTWOOD et al., 1998). Rebanhos de leite e de corte pastejando forragens

133
UNIDADE VI │ NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

tropicais e suplementados com ureia ou com proteína verdadeira devem observar uma
melhora no desempenho reprodutivo. McCormick et al. (1999) estudaram o efeito da
proteína não degradável no rúmen sobre o desempenho reprodutivo de vacas a pasto e
observaram que os animais que tiveram uma alta ingestão proteica, apresentaram, em
média, período de infertilidade em torno de 15 dias a mais quando comparados com o
grupo controle.

Os efeitos negativos da proteína dietética sobre a reprodução de fêmeas de corte


parecem estar mais ligados à falta do que ao excesso, mas devido a inconsistência dos
resultados é recomendado que se evite o fornecimento de baixo teor de proteína, mas
sabendo que o excesso também pode trazer prejuízos para a reprodução, mesmo que
em menor proporção.

Vitaminas e minerais

Os teores, tanto de vitaminas quanto de minerais, geralmente, são questionados quando


o desempenho reprodutivo de um rebanho está comprometido. De fato, o desempenho
reprodutivo de rebanhos de gado de corte pode ser influenciado pelo desbalanço
vitamínico e mineral. Mesmo que de forma indireta, todos os minerais e vitaminas têm
alguma relação com as funções reprodutivas em bovinos. Embora as deficiências de
minerais e vitaminas possam predispor animais a problemas reprodutivos, são poucas
as informações disponíveis a respeito das necessidades de nutrientes para um ótimo
desempenho reprodutivo. Os dados disponíveis são relativamente antigos e as pesquisas
nessa área além de demandar muito tempo, são onerosas e de difícil interpretação
devido às inúmeras interações entre os nutrientes.

A suplementação adequada com Ca e P melhora a eficiência reprodutiva e reduz


a incidência de distúrbios metabólicos. Segundo Rodríguez et al. (2004), o cálcio
desempenha funções reguladoras essenciais. Atua na ativação e estabilização de
enzimas que compõem o metabolismo hormonal, liberação de catecolaminas pela
glândula adrenal, influencia a bomba de sódio e potássio, tem papel importante
na função nervosa, ativa a enzima ATPase e faz parte do processo de liberação dos
hormônios. A redução de ingestão de alimento é a maior consequência da deficiência
de fósforo em ruminantes (MCDOWELL; CARVALHO, 2004). Problemas reprodutivos
como: estros irregulares, redução na atividade ovariana, redução no índice de prenhes
também são relatados (BARBOSA et al., 2003). Meirelles et al. (1998) observaram um
maior número de vacas ciclando aos 30, 60 e 90 dias do início da estação de monta
quando receberam 12% de fósforo.

134
NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE VI

Hignett (1959) mostrou que vacas alimentadas com dietas contendo níveis adequados
de Ca e P requerem por volta de 30 ppm de manganês para atingir um desempenho
reprodutivo ótimo. Quando os animais foram alimentados com Ca em excesso, foram
necessários 65 ppm de Mn para assegurar a fertilidade adequada. Wilson (1966)
observou um aumento na fertilidade quando as vacas foram suplementadas com
70ppm de Mn na dieta. Este autor afirmou que dietas com menos de 50 ppm de Mn não
otimizam a fertilidade. Entretanto, vacas de corte alimentadas com dietas controladas
contendo 25 ppm de manganês apresentaram desempenho reprodutivo adequado
(ROJAS et al., 1965). Animais deficientes em manganês têm desempenho reprodutivo
inferior. Os problemas reprodutivos associados com deficiência de manganês incluem
anormalidades no ciclo estral, cio silencioso, baixas taxas de concepção, aumento no
número de abortos e maturidade sexual retardada (NRC, 1996; HURLEY; DOANE,
1989).

O β-caroteno é precursor da vitamina A e está presente em altas concentrações no corpo


lúteo. O β-caroteno tem sido positivamente associado com fertilidade. Seus benefícios na
reprodução envolvem o aumento da intensidade do cio e taxa de concepção, diminuição
do número de serviços por concepção, mortalidade embrionária, período de serviço
e incidência de ovários císticos (HURLEY; DOANE, 1989). Da mesma forma, alguns
experimentos não demonstraram efeito da suplementação de β-caroteno. A deficiência
de vitamina A pode levar a baixas taxas de concepção, aumento na incidência de
retenção de placenta e parto prematuro.

A vitamina E e o selênio têm funções antioxidantes, desempenhando um importante


papel na prevenção da peroxidação de membranas. O selênio se concentra nos
ovários e protege a membrana lipídica dos ovócitos, impedindo a formação de cistos
foliculares. Também age diretamente no metabolismo da progesterona. No útero sua
função antioxidante é fundamental para manter o ambiente mais sadio possível, tanto
para o transporte espermático na época do estro, quanto para implantar o embrião
(NRC, 2001). O efeito de selênio parenteral e vitamina E oral sobre a incidência de
metrite, cistos foliculares e retenção de placenta em vacas no pós-parto foi avaliado por
Harrisson et al. (1982). As vacas foram divididas em quatro grupos. O primeiro recebeu
selênio intramuscular e vitamina E oral, o segundo apenas vitamina E oral, o terceiro
aplicou-se selênio e o quarto grupo foi o controle. A incidência de retenção de placenta
nas vacas dos grupos 2, 3 e 4 foi de 17,5%, enquanto nos animais que receberam selênio
e vitamina E foi 0%. Vacas tratadas apresentaram 19% de cistos foliculares contra
50% de vacas do grupo controle. Ainda assim, alguns trabalhos apresentam resultados
inconclusivos para o efeito da suplementação de selênio e vitamina E.

135
UNIDADE VI │ NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

Fêmeas bovinas alimentadas com dietas pobres em iodo apresentam sinais menos
expressivos de cio, infertilidade, aumento na taxa de mortalidade embrionária precoce,
abortos, nascimento de bezerros fracos ou até mesmo natimortos, aumento na incidência
de retenção de placentas, redução na taxa de concepção, inércia uterina e atraso no
desenvolvimento fetal (MILLER et al., 1993). Como a maioria dos minerais atuam como
co-fator em processos mais complexos do metabolismo corporal, a carência de qualquer
um deles pode comprometer o funcionamento normal do organismo, reduzindo assim
os indicies reprodutivo de fêmeas e machos.

Nutrição do touro
Como já foi visto anteriormente, efeitos da relação entre nutrição e reprodução é mais
comumente estudado em fêmeas que em machos, porém nestes últimos a nutrição
também desempenha papel decisivo na eficiência reprodutiva. O manejo do touro é
de extrema importância para a bovinocultura de corte brasileira, pois somente 6% do
rebanho nacional faz uso da inseminação artificial e o restante utiliza a monta natural
como forma de acasalamento. Desta forma, conhecer todos os parâmetros que possam
ser avaliados na classificação e na predição do potencial reprodutivo é fundamental
para que se possa potencializar o uso de um reprodutor. As principais características
priorizadas são a libido, a capacidade de serviço, o perímetro escrotal.

Durante o período de serviço do touro, o desgaste físico é muito intenso, pois além
do elevado número de vacas/touro, normalmente praticado em fazendas brasileiras, o
animal anda bastante devido as extensas áreas de pastagens, e para evitar a perda de
peso durante a estação de monta, é recomendado que este animal seja suplementado
antes de entrar em serviço e durante o período de cobertura. Durante o período de
acasalamento e após o término dos trabalhos, esses animais devem ser examinados,
para certificação de eventuais problemas físicos.

A falta de nutrientes como proteína, energia, vitaminas e minerais podem afetar o


funcionamento dos órgãos do aparelho reprodutor, porém esses órgãos não possuem
necessidades nutricionais específicas superiores as do resto do organismo e por
isso que os processos fisiológicos da reprodução somente serão afetados quando,
concomitantemente, todo o organismo animal o for prejudicado pela carência
nutricional. Por exemplo, para produzir uma quantidade normal de esperma, o
requerimento energético do touro é apenas entre 5%-10% acima dos níveis de mantença,
exigência essa menor do que as de um animal em crescimento.

A energia é tida como a principal variável da dieta que afeta a fertilidade dos touros. O baixo
consumo de energia, principalmente por longos períodos, durante a fase de crescimento
136
NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE VI

do macho pode levar a problemas de fertilidade permanentes, comprometendo a vida


reprodutiva, pois esses efeitos negativos não são compensados por uma alimentação
adequada na fase adulta. Da mesma forma, o excesso de energia também pode ser
prejudicial. Animais obesos podem apresentar além de redução da libido e capacidade
de serviço, problemas de fertilidade. O consumo de dietas hipercalóricas pode levar
ao acúmulo de gordura no tecido escrotal, o que impossibilita a perda de calor nos
testículos e provoca desequilíbrio na síntese de testosterona e na produção de sêmen.
Pesquisas realizadas com dietas de baixo, médio e alto nível energético na dieta de
touros mostraram que os animais superalimentados apresentaram menor produção
espermática e problemas nas articulações, dificultando a monta.

A proteína da dieta também pode influenciar o perfil espermático dos touros. Dietas
muito pobres em proteína podem afetar o desenvolvimento dos animais ainda em
crescimento e prejudicar futuramente a produção espermática, principalmente se
os níveis de restrição proteica forem muito intensos. Em animais adultos a restrição
de proteína poderá também ocasionar problemas de fertilidade, principalmente se
chegar ao limite de afetar a multiplicação das bactérias ruminais e o papel destas na
digestão de forragens. Já o excesso de proteína também é danoso à reprodução, pois
pode comprometer o equilíbrio ácido básico do organismo. E ainda, dietas com altas
concentração de proteína pode causar alteração na viabilidade dos espermatozoides e
outros problemas que podem afetar a fertilidade.

Os touros possuem grande importância na pecuária de corte nacional, pois são responsáveis
por 80% do melhoramento e direcionamento genético dos rebanhos. Os animais de raças
taurinas realizam um importante papel na pecuária nacional, por meio do cruzamento
industrial, pois ajudam na evolução produtiva dos rebanhos. O Brasil ainda é carente em
touros melhoradores, pois é pela utilização sistemática destes animais que será possível
melhorar de forma mais rápida a genética do plantel nacional de bovinos de corte. Desta
forma, além da aquisição de touros de elevada qualidade genética é preciso manter esse
animal saudável e em condições de cumprir seu papel de reprodutor, por isso uma dieta
com nutrientes adequados, sem carência e sem excessos, é de extrema importância para
o desenvolvimento e sucesso da produção de gado de corte.

137
Capítulo 2
Redução da idade ao primeiro parto

A produtividade de uma novilha é determinada pela idade em que ocorre a primeira


cobertura e concepção, indicando a competência da fêmea em sua primeira estação
de monta. A idade em que as novilhas alcançam, a puberdade varia, dependendo de
numerosos fatores que incluem peso corporal, nutrição e manejo.

O início da vida reprodutiva das fêmeas de corte apresenta grande influência na


rentabilidade da atividade pecuária, uma vez que o atraso na obtenção da puberdade
reflete diretamente na idade ao primeiro parto (IPP). Rebanhos com elevado índice
de precocidade sexual e fertilidade possuem maior disponibilidade de animais para
venda e permitem maior pressão de seleção e, consequentemente, progressos genéticos
mais rápidos e maior lucratividade. Em países com pecuária mais produtiva, o manejo
seletivo objetiva a inseminação artificial e/ou cobertura das novilhas aos 15 meses,
para que o parto ocorra com 24 meses, obtendo produtividade máxima (WOLFE et
al., 1990; PATTERSON et al., 1992). Em experimento com novilhas Nelore, Teixeira
(1997) verificou que a antecipação do primeiro parto aumentou em 45% a receita bruta
da atividade.

O conhecimento do peso vivo e composição corporal à puberdade é fundamental para


definição do programa de criação de novilhas, uma vez que determinam o ganho de
peso necessário durante a fase pré-pubere. Wiltbank et al. (1985) demonstrou que a
suplementação de novilhas próximo ao fim do desmame até a estação de monta, tendo
como objetivos atingir PV maior antes da primeira cobertura, resultou em taxas de
estro mais altas nos primeiros 20 dias de cobertura, maiores taxas de prenhes ao final
da estação de monta e bezerros desmamados mais pesados.

Apesar da importância do conhecimento do peso vivo e composição corporal à


puberdade e da extensa utilização da raça Nelore no Brasil são poucos os trabalhos que
reportaram efeitos da dieta sobre essas características (SILVA et al., 2009). Na média
dos trabalhos, as novilhas da raça Nelore atingiram a puberdade com 312 Kg de PV e 22
meses de idade, enquanto as novilhas cruzadas atingiram a puberdade com 289 Kg e 14
meses de idade (Silva et al., 2009).

Em metanálise desenvolvida por Silva et al. (2009), observou que os dados indicaram
que houve tendência de aumento no PV à puberdade das novilhas, Nelore ou cruzadas
com Nelore, com maior ganho de peso na fase pré-puberdade (P = 0,07). Novilhas
com baixo ganho de peso (média de 481 g/d) atingiram a puberdade com 296 Kg de

138
NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE VI

PV, enquanto as novilhas com maior ganho de peso (média de 688 g/d) atingiram a
puberdade com 311 Kg de PV. Mostrando que Funston e Deutscher (2004) estavam
certos ao afirmar que a redução do PV de novilhas pré-puberes poderiam trazer
oportunidades para redução de custos sem comprometer a reprodução.

Apesar da vasta utilização da raça Nelore no Brasil e da inegável importância


econômica da idade ao primeiro parto, pouco se sabe sobre a regulação da puberdade
e da interação nutrição X puberdade em novilhas zebuínas. Sabe-se que anteriormente
à puberdade, os pulsos de hormônio luteinizante (LH) são pouco frequentes, devido
à inibição do estradiol à secreção de (GnRH) pelo hipotálamo. Com a maturação do
hipotálamo e o aumento na síntese e liberação do estradiol pelos folículos ovarianos
ocorre dessensibilização aos esteróides gonadais, resultando em aumento da secreção
das gonadotrofinas hormônio folículo estimulante (FSH e LH), permitindo a entrada
em puberdade (KINDER et al., 1995; HONARAMOOZ et al., 1999; MELVIN, 1999).

Várias teorias foram desenvolvidas na tentativa de explicar como o status nutricional


influencia o desencadeamento da puberdade. Em 1974, Frisch e McArthur propuseram,
então, a hipótese de que uma quantidade mínima de gordura corporal seria necessária
para a ocorrência normal da menarca nas adolescentes e da menstruação normal
nas mulheres. A teoria da “porcentagem mínima de gordura”, no entanto, ainda é
controversa. Estudos realizados com ratos (BRONSON, 1987) e novilhas (BROOKS et
al., 1985) demonstraram que a puberdade não está relacionada com uma porcentagem
constante de gordura corporal.

O balanço energético foi considerado como importante para a reprodução, mas gordura
não tem um papel direto sobre a ovulação. Desta forma, é improvável que a gordura,
por si só, seja o elo entre status nutricional e secreção de LH. O mais provável é que
numerosos mecanismos estejam envolvidos e que alterações metabólicas decorrentes
de alterações nutricionais, com consequente alteração na gordura corporal, regulem a
liberação pulsátil de LH. A relação entre nutrição e secreção de LH pode ocorrer por
meio de sinais sanguíneos específicos, como metabólitos e hormônios metabólicos
(STEINER et al., 1983), dos quais a insulina, o hormônio de crescimento (GH), o fator
de crescimento semelhante à insulina (IGF-I) e a leptina são exemplos.

Diversas linhas de pesquisa apontam a leptina como provável limitante da maturidade


sexual em novilhas mal alimentadas. A concentração de leptina sérica é um reflexo direto
da quantidade de tecido adiposo (reserva energética) e do consumo alimentar, sendo
que a subnutrição determina o bloqueio do eixo reprodutivo. Diversos experimentos
realizados com ovinos e bovinos demonstram que a leptina estimula a secreção de LH
apenas em situações de estresse nutricional (AMSTALDEN et al., 2002, 2003).

139
UNIDADE VI │ NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

Uma hipótese para explicar a variação na precocidade sexual de novilhas de idade e peso
semelhante seria a expressão diferencial de leptina pelo tecido adiposo. Vaiciunas et al.
(2008) demonstraram que em novilhas criadas a pasto, com idade média de 26 meses
e peso vivo de 315 kg, as novilhas que entraram em puberdade mais cedo (ciclando)
tinham maior expressão da leptina pelos tecidos adiposos subcutâneo e omental do que
novilhas que não entraram em puberdade (não ciclando).

Estes resultados levaram Carvalho et al. (2013) a testarem o efeito da aplicação exógena
da leptina sobre a obtenção da puberdade em novilhas Nelore. Apesar de a leptina
exógena ter acelerado o crescimento folicular das novilhas, não houve o efeito esperado
de redução da idade à puberdade. Com a aplicação da leptina exógena houve redução
na produção de leptina endógena pelo tecido adiposo, o que poderia explicar a redução
observada na concentração sérica de leptina após 30 dias de tratamento e a falha da
leptina exógena em acelerar a puberdade (CARVALHO et al., 2013).

Além da maior expressão da leptina, Vaicunas et al. (2008) reportaram menor expressão
de genes hipotalâmicos que codificam receptores ao neuropeptídeo-Y (NPY). O NPY,
um dos neuropeptídeos mais abundantes no hipotálamo, é um dos mais potentes
fatores estimulantes de apetite, além de atuar no controle da secreção de GnRH e na
termogênese (WILLIAMS et al., 2000). A sinalização do NPY no hipotálamo regula os
efeitos da leptina na atividade reprodutiva em roedores e primatas (AUBERT et al.,
1998; SAINSBURY et al., 2002).

Em outro experimento comparando novilhas alimentadas com dietas de alta ou


baixa energia foi observado que a alta energia adiantou a puberdade, aumentou a
leptina circulante e reduziu a expressão dos receptores ao NPY (Diniz-Magalhães,
2011). Os resultados destes dois experimentos sugerem que tanto a nutrição (dietas
mais energéticas), quanto a genética (animais mais precoces), estariam adiantando a
puberdade por meio da redução da sensibilidade do hipotálamo aos efeitos inibitórios
do NPY.

Outra forma de adiantar a obtenção da puberdade em novilhas é a manipulação


hormonal, utilizando protocolos que mimetizem a ação fisiológica. Administração de
progesterona (P4) ou progestágenos durante o período de pré-puberdade pode induzir
a puberdade em novilhas (LAMB et al., 2006; TAUCK et al., 2007). Estudos indicam
a possibilidade da exposição à progestágenos exógenos também agirem através da
sinalização Leptina-NPY no hipotálamo (DINIZ-MAGALHÃES, 2013).

140
NUTRIÇÃO APLICADA À REPRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE │ UNIDADE VI

Assim, detectam-se três fatores principais que são capazes de induzir a puberdade em
novilhas pré-púberes:

1. o fator genético;

2. o maior consumo de energia,

3. a exposição à progestágenos exógenos.

A elucidação dos mecanismos moleculares pelos quais estes diferentes fatores alteram o
início da puberdade é de fundamental importância para o entendimento da puberdade
e para desenvolvimento de estratégias de nutrição, de seleção genética ou de novos
fármacos que auxiliarão na redução da idade ao primeiro parto de novilhas zebuínas.

Existe ainda outras hipóteses de fatores que podem influenciar na manifestação


antecipada do cio em vacas e novilhas. A exposição ao touro mostrou efeito sobre a
indução à puberdade em alguns estudos, mas se tornou incosistente, pois em outros
experimentos não houve influência alguma. Mesmo sabendo que bovinos não apresentam
sazonalidade na reprodução, como em outras espécies, existem evidências da influência
da estação do ano sobre os paramêtros reprodutivos nas fêmeas bovinas. De acordo
com hansen et al. (1983), a maior duração do fotoperíodo foi carrelacionado com o
aumento do crescimento ovariano e antecipação da puberdade durante aprimavera e o
verão (período de maior luminosidade), mesmo para os animais mais leves. A variação
das condições climáticas variam de acordo com a localização geográfica e, ainda, de
um ano para outro. Desta forma, a detecção do efeito do clima sobre a manifestação da
puberdade em fêmeas bovinas é complexo e depende de inumeras condições variáveis.

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