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Crimes Hediondos

Crimes Hediondos (Lei 8.072/90)


A necessidade de maior rigor na punição dos autores de crimes de
natureza hedionda e equiparados encontra amparo no art. 5º, XLIII, da
Constituição Federal, o qual dispõe que “a lei considerará crimes
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”.
A Lei dos Crimes Hediondos, que, além de definir os delitos dessa
natureza, trouxe diversas outras providências de cunho penal e
processual penal, bem como referentes à execução da pena dos próprios
crimes hediondos, do tráfico de entorpecentes, do terrorismo e da
tortura. Deve, contudo, ser mencionado que diversas leis posteriores
efetuaram alterações importantes na Lei 8.072/90.
A prática de tortura, o tráfico de drogas e o terrorismo são
mencionados especificamente pela Constituição. Esses são considerados
crimes equiparados a hediondos. Axiologicamente, não há nenhuma
diferença entre eles, mas a Lei nº 8.072/1990, bem como a própria
Constituição, mencionam esses crimes separadamente, de forma que
não fazem parte do conjunto dos crimes hediondos, apesar de terem
muitas vezes o mesmo tratamento.
Somente será hediondo o crime expressamente contido no rol trazido
pela lei. Por via de consequência, e por óbvio, não é possível
estabelecer a hediondez de um crime por exegese (interpretação
extensiva) ou por analogia. Por mais terrível que seja o crime, se ele
não está na lista (numerus clausus) contida na lei, ele não será
considerado hediondo para fins penais. Neste sentido, o rol de crimes
hediondos trazidos na lei é taxativo.
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art.
121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão
corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade
ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo
Crimes Hediondos

emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de
lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§
lo, 2º e 3º);
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º);
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º).
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado
a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a
redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual
de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que
cause perigo comum (art. 155, § 4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de
outubro de 1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto
no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição,
previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime
hediondo ou equiparado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

O Pacote Anticrime (lei 13.964/2019) incluiu várias figuras típicas no


rol dos crimes hediondos.
Veja quais foram os crimes incluídos:
II – roubo:

a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, §


2º, inciso V);

b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A,


inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou
restrito (art. 157, § 2º-B);
Crimes Hediondos

III – extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima,


ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º);

IX – furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato


análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A).

III – o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art.


17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;

IV – o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório


ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro
de 2003;

V – o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática


de crime hediondo ou equiparado.

Assim, são considerados hediondos, consumados ou tentados:


a) homicídio simples, apenas quando praticado em atividade típica de grupo
de extermínio, ainda que por um só agente;

b) homicídio qualificado;

c) lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão


corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
dessa condição;

d) roubo, nas seguintes situações:


- com restrição de liberdade da vítima;
- com emprego de arma de fogo ou pelo emprego de arma de fogo de
uso proibido ou restrito;
- resultado lesão corporal grave ou morte (latrocínio).

e) extorsão, qualificada por:


- restrição da liberdade da vítima
- ocorrência de lesão corporal
- ocorrência de morte

f) extorsão mediante sequestro e suas formas qualificadas;

g) estupro simples e com resultado lesão grave ou morte;

h) estupro de vulnerável, na modalidade simples e com resultado lesão


grave ou morte;

i) epidemia com resultado morte;


Crimes Hediondos

j) falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto


destinado a fins terapêuticos ou medicinais;

k) favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual


de criança ou adolescente ou de vulnerável;

l) furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que


cause perigo comum;

m) genocídio, tentado ou consumado;

n) posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito;

o) comércio ilegal de armas de fogo;

p) tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição;

q) organização criminosa, quando direcionado à prática de crime


hediondo ou equiparado.

1 - Homicídio
No homicídio, o caráter hediondo é conferido em duas hipóteses:
a) Homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente.
O dispositivo, em verdade, não menciona expressamente que se trata de
homicídio simples, mas essa conclusão é inexorável porque, na segunda
parte do dispositivo, considera-se hedionda toda e qualquer forma de
homicídio qualificado. Assim, a hipótese em análise é de configuração
improvável, uma vez que, em regra, o homicídio praticado em atividade
típica de grupo de extermínio apresenta alguma qualificadora (motivo
torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima etc.) e, em tais casos, a
existência da qualificadora já torna o delito hediondo. O dispositivo,
contudo, atende aos reclamos da sociedade no sentido de uma punição
mais severa sempre que houver conduta dessa natureza.
b) Homicídio qualificado.
O caráter hediondo abrange todas as formas de homicídio qualificado
(art. 121, § 2º, I a VII, do CP).
Em tais dispositivos, o legislador elegeu uma série de circunstâncias
como configuradoras de maior gravidade no homicídio. Os critérios
utilizados no texto legal para considerar o delito qualificado permitiram
que a doutrina realizasse a seguinte classificação: a) qualificadoras
quanto aos motivos do delito; b) quanto aos meios mais gravosos
empregados; c) quanto ao modo de execução; d) decorrentes da
conexão com outro crime.
O Pacote Anticrime acresceu o inciso VIII do §2º do art. 121 do Código
Penal no inciso I do art. 1º da Lei dos Crimes Hediondos. Entretanto, não
Crimes Hediondos

há no Código Penal menção à tal qualificadora, já que esta foi vetada no


decorrer do processo legislativo.

2 – Lesão Corporal gravíssima ou seguida de morte


A lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e
lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º) foram inseridas na
Lei dos Crimes Hediondos pela Lei n. 13.142/2015. Referem-se às
hipóteses em que o agente provoca lesão corporal gravíssima ou seguida
de morte em uma das pessoas elencadas no texto legal. Os arts. 142 e
144 da Constituição Federal mencionados no dispositivo dizem respeito
aos integrantes das Forças Armadas e aos policiais civis ou
militares. Para que o delito tenha natureza hedionda, é necessário que
o agente tenha provocado as lesões gravíssimas ou seguidas de morte
quando a vítima estava no exercício da função ou que o delito tenha sido
praticado em decorrência dela. Além disso, se essas mesmas infrações
foram cometidas contra cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau de uma das autoridades ou agentes acima
mencionados, em razão dessa condição, o delito será igualmente
considerado hediondo.

3 - Roubo
A redação original da Lei 8.072/90 considerava hediondo apenas o
latrocínio, posto que, não obstante ser um crime contra o patrimônio,
atinge também a integridade física da vítima, se tornando, assim, um
delito mais grave, evado, portanto, de hediondez. O Pacote Anticrime
passou a considerar hediondo não só o latrocínio, mas também outras
formas de roubo, encerrando, pela primeira vez, a hediondez de um
delito unicamente patrimonial.
Agora, integram esse rol as seguintes figuras:
a) o roubo circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima
(artigo 157, §2º., inciso V, CP), conhecido como uma das modalidades
do chamado “sequestro – relâmpago”. Hipótese, portanto, de novatio
legis in pejus, sem força retroativa.
b) o roubo circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (artigo 157,
§2º.–A, inciso I, CP) ou pelo emprego de arma de fogo de uso
proibido ou restrito (artigo 157, §2º.–B, CP). Esta última figura foi
acrescida ao Código Penal também pela própria Lei 13.964/19. Igual
hipótese de novatio legis in pejus, sem força retroativa.
c) o roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte
(artigo 157, §3º., I e II, CP). Mantida a qualificação como hediondo do
chamado “latrocínio”, ora designado tecnicamente como roubo
qualificado pelo resultado morte, acrescenta-se também o roubo
qualificado pelo resultado lesão grave, sendo, neste ponto, novatio legis
in pejus, sem retroação. É de se observar que quando a lei se refere a
Crimes Hediondos

“lesões graves”, alude “às lesões graves em sentido amplo (artigo 129,
§§ 1º. e 2º.), abrangendo as lesões graves em sentido estrito e também
as doutrinariamente denominadas “lesões gravíssimas”.
Assim, pode-se concluir que para os casos ocorridos antes do início de
vigência da chamada “Lei Anticrime”, somente será considerado
hediondo o “latrocínio” ou roubo qualificado pela morte. Todas as
inclusões procedidas, configuram novatio legis in pejus, sem força
retroativa.

4 - Extorsão
A redação anterior da Lei 8.072/90 previa como hediondo apenas a
extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º, do Código Penal), por
ser considerado um delito mais grave, eivado, portanto, de hediondez.
A redação atual, passou a considerar hediondo extorsão qualificada pela:
a) restrição da liberdade da vítima, com
- ocorrência de lesão corporal
- ocorrência de morte
Com o Pacote Anticrime passou a ser previsto como hediondo somente o
crime de extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima,
bem como esta em ocorrendo lesão grave ou morte, com expressa e
induvidosa indicação somente do artigo 158, §3º, CP.
Dessa maneira, a única infeliz conclusão a que se pode chegar é que a
extorsão em geral não é considerada como crime hediondo,
mesmo aquela qualificada pela morte ou lesão grave, não sendo
acompanhada de sequestro.
Trata-se de aplicação inequívoca do Princípio da Legalidade. E desta
feita, não há falar em alguma desproporção, ao menos interna à
extorsão, pois aquela considerada como hedionda será a mais gravosa,
ou seja, a em que ocorre também o sequestro.
Observe-se ainda que também a extorsão com sequestro prevista na
parte inicial do artigo 158, §3º, CP é hedionda, mesmo havendo apenas
lesões leves ou ausência de lesões, uma vez que a redação separa com
vírgulas as situações do sequestro, das lesões e da morte.
Ademais, cabe observar que, de forma errônea, a lei menciona
“ocorrência de lesões corporais”, quando, na verdade, as lesões previstas
no §3º do artigo 158, CP são apenas as graves ou gravíssimas.
No caso da extorsão com sequestro, pode haver lesões leves ou mesmo
ausência de lesões e o crime continuará a ser hediondo por previsão
expressa e autônoma na primeira parte do inciso III do artigo 1º., da Lei
8.072/90 com nova redação dada pela Lei 13.964/19.
Crimes Hediondos

5 - Extorsão mediante sequestro


A Lei n. 8.072/90 deu especial atenção a esse delito em decorrência do
grande número de crimes dessa natureza ocorridos durante sua
tramitação.
O crime de extorsão mediante sequestro é considerado hediondo em
sua forma simples (sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou
para outrem, qualquer vantagem como condição ou preço do resgate) e
em todas as suas formas qualificadas (se dura mais de 24 horas; se
a vítima é menor de 18 anos ou maior de 60; se o crime é cometido por
quadrilha; se a vítima sofre lesão grave ou morre).

6 – Estupro
O estupro simples (caput), bem como suas formas qualificadas pela
lesão grave ou morte (§§ 1º e 2º), é considerado crime hediondo. Esse
inciso V recebeu nova redação em decorrência da Lei n. 12.015/2009.
Como o texto atual menciona expressamente a figura do art. 213, caput,
do Código Penal, encerrou-se em definitivo a polêmica em torno de ser
ou não hedionda a figura simples do estupro.

7 - Estupro de Vulnerável
Cuida-se de figura criminosa criada pela Lei n. 12.015/2009, consistente
em ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
14 anos, com deficiente ou enfermo mental que não tenha o necessário
discernimento para a prática do ato, ou com pessoa que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência (pessoa em coma, em
avançado grau de embriaguez, a quem foi ministrado sonífero etc.).
Evidente que, também nas hipóteses qualificadas pela lesão grave ou
morte, o crime é considerado hediondo.
O crime configura-se pela prática do ato sexual com pessoa definida
como vulnerável no texto legal, independentemente do emprego de
violência ou grave ameaça e ainda que a vítima alegue ter concordado
com a relação sexual, uma vez que esse consentimento é considerado
inválido.

8 - Epidemia com resultado morte


Epidemia é o surto de uma doença que atinge grande número de
pessoas em determinado local ou região mediante a propagação de
germes patogênicos. A provocação intencional de epidemia é punida com
reclusão, de dez a quinze anos, mas só terá caráter hediondo quando
resultar em morte. Nessa hipótese, além de hediondo, o crime terá a
pena aplicada em dobro.
O crime culposo de epidemia (art. 267, § 2º) não é considerado
hediondo, ainda que provoque a morte de alguém.
Crimes Hediondos

9 - Falsificação, Corrupção, Adulteração ou Alteração de produto


destinado a fins terapêuticos ou medicinais
A Lei n. 9.677/98, além de alterar a redação, aumentou a pena desse
crime para reclusão, de dez a quinze anos, e multa. Poucos dias depois,
a Lei n. 9.695/98 acrescentou à Lei dos Crimes Hediondos o inciso VII-B,
transformando em crime dessa natureza a falsificação de medicamento.
Apesar de não haver menção expressa, é claro que também serão
consideradas hediondas as formas qualificadas descritas no art. 285 do
Código Penal (lesão grave ou morte), uma vez que são mais graves.
Por sua vez, não se considera hediondo o crime de falsificação culposa
de medicamento (simples ou qualificado).

10 - Favorecimento da Prostituição ou de outra forma de


exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável
O caput do art. 218-B prevê pena de reclusão, de quatro a dez anos,
para quem submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de
exploração sexual alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do
ato, e, ainda, para quem facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone.
O § 1º, por sua vez, prevê a aplicação cumulativa de pena de multa se o
delito for cometido com intenção de obter vantagem econômica.
Por fim, serão também consideradas hediondas as condutas daqueles
que infringirem o § 2º do art. 218-B, ou seja, daqueles que praticarem
conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 e
maior de 14 anos em situação de prostituição ou exploração sexual (se a
vítima tiver menos de 14 anos ou for doente mental, o crime será o de
estupro de vulnerável), bem como do proprietário, gerente ou
responsável pelo local em que se verifiquem referidas práticas (donos ou
gerentes de estabelecimentos onde ocorra prostituição de menores, por
exemplo).

11 – Furto
Sem correspondência na redação original da Lei dos Crimes Hediondos, o
inciso IX, do art. 1º da Lei 8.072.90, inaugura a previsão de uma das
modalidades do crime de furto no rol dos crimes hediondos, vejam:
Art. 1º, IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A).
Antes desta novidade legislativa, o crime de furto não estava contido, em
nenhuma de suas formas, no rol de hediondez.
Ocorre que a Lei 13.654/28 incluiu o §4º-A no art. 155 do Código Penal,
a primeira modalidade de furto que alia o delito patrimonial à exposição
da vida e da integridade física das pessoas a perigo, o que tornou essa
modalidade de furto um delito considerado mais grave.
Crimes Hediondos

É preciso notar que apenas a figura do furto com emprego de explosivo


(artigo 155, § 4º–A, CP)é erigida a crime hediondo, não o furto que tem
por objeto material explosivo (artigo 155, § 7º, CP).
E aqui se encontra outra anomalia inaceitável promovida pela suposta
“Lei Anticrime”. O furto com emprego de explosivo é considerado crime
hediondo. Já o roubo com emprego de explosivo (artigo 157, § 2º.–A, II,
CP) não é considerado como crime hediondo! Nem é preciso explicar
como a proporcionalidade, razoabilidade e até a racionalidade legal
foram aviltadas por esse tratamento absurdo.

12 – Genocídio
O art. 1º da Lei n. 2.889/56 pune quem, com a intenção de destruir,
no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso:
a) mata membros do grupo;
b) causa lesão grave à integridade física ou mental em membros do
grupo;
c) submete intencionalmente o grupo a condições de existência capazes
de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adota medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetua a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.
O art. 2º pune a associação de mais de três pessoas para a prática dos
crimes mencionados no artigo anterior, e o art. 3º incrimina quem incita,
direta e publicamente, alguém a cometer qualquer dos crimes de que
trata o art. 1º.
O texto da Lei n. 8.072/90 contém um equívoco, pois confere caráter
hediondo aos crimes de genocídio previstos nos arts. 1º, 2º e 3º, da Lei
n. 2.889/56, quando, em verdade, apenas a figura do art. 1º consiste
efetivamente em genocídio. Nos demais dispositivos, encontram-se os
delitos de associação e incitação. Qual, então, seria a solução?
Considerar hediondas todas as figuras, levando em conta que os
números dos artigos foram mencionados na Lei n. 8.072/90, ou apenas o
delito que consiste efetivamente em genocídio? Parece-nos que a última
solução é a correta.

13 - Posse ou Porte ilegal de arma de fogo de uso proibido


O art. 16, caput, da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento)
pune os crimes de posse e porte ilegal de arma de fogo. A inclusão no rol
dos crimes hediondos se deu pela sanção da Lei n. 13.497, em 26 de
outubro de 2017.
As armas de uso restrito estão previstas no art. 16 do anexo do Decreto
nº 3.665/2000.
Crimes Hediondos

Alguns exemplos:
• armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam
alguma característica do material bélico usado pelas Forças Armadas
nacionais;
• calibres .357 Magnum, 9 Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44
Magnum, .45 Colt e .45 Auto;
• armas de fogo automáticas de qualquer calibre.
Os parágrafos 1º e 2º do art. 16 também são considerados crimes
hediondos ou apenas o caput?
Prevalece que tanto o caput como os parágrafos do art. 16 da Lei nº
10.826/2003 são hediondos. Isso porque a nova redação do parágrafo
único do art. 1º da Lei nº 8.072/90 fala de forma genérica no “art. 16 da
Lei nº 10.825, de 22 de dezembro de 2003”, não restringindo ao caput.
Ora, os parágrafos compõe o art. 16 não se podendo ser excluído salvo
se houvesse uma demonstração clara do legislador de que ele pretendia
referir-se unicamente ao caput.

14 - Comércio Ilegal de armas de fogo e tráfico internacional de


arma de fogo, acessório ou munição
Os artigos 17 e 18 da Lei 10.826/03 foram incluídos no rol de crimes
hediondos, regularizando essa anomalia do nosso ordenamento jurídico
– penal.
- o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da
Lei nº 10.826/2003;
- o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou
munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826/2003;
Observe-se que antes apenas o art. 16 era crime hediondo, de forma
desproporcional, pois o crime do artigo 16 do Estatuto era absorvido
como crime – meio para os delitos dos artigos 17 e 18 do mesmo
diploma. Com a elevação do artigo 16 a crime hediondo essa natural
consunção tornou-se inviável, pois seria inconcebível que um crime
hediondo fosse absorvido por um crime não hediondo. Agora, também
essa anomalia é solvida pela Lei 13.964/19. Sendo tanto o artigo 16
como os artigos 17 e 18 do Estatuto do Desarmamento previstos como
crimes hediondos, novamente é possível a aplicação da consunção em
havendo a prática do artigo 16 como crime – meio ou crime instrumental
para o comércio interno ilegal ou o tráfico internacional de armas de
fogo.

15 - Organização Criminosa
Passa também a prever como crime hediondo, a Lei 13.964/19, o crime
de organização criminosa, quando direcionada esta à prática de
crimes hediondos ou equiparados. Observe-se que então não é
Crimes Hediondos

hediondo simplesmente o crime previsto no artigo 2º. e sua combinação


com o artigo 1º, § 1º, da Lei 12.850/13. Necessário que seja ele
direcionado à prática de crimes hediondos ou equiparados (exemplos:
extorsão mediante sequestro, tráfico de drogas etc.).
Um dos chamados crimes equiparados a hediondos é o Terrorismo,
tratado na Lei 13.260/16. E no seu caso específico há que considerar
uma situação diferenciada, eis que existe previsão especial de um crime
de organização terrorista no artigo 3º, da Lei Antiterror.
A Lei 13.260/16 cria uma subespécie de organização criminosa: a
“organização terrorista”. Já há a previsão da “organização criminosa” na
Lei 12.850/13, mais especificamente em seu artigo 1º, §1º, e artigo 2º.
Ademais, no artigo 1º, §2º, II, da Lei 12.850/13, é afirmado que seus
dispositivos se aplicam às organizações terroristas, “entendidas como
aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente
definidos”.

ANISTIA, GRAÇA, INDULTO E FIANÇA


Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II – fiança.
A própria Constituição Federal, em seu art. 5º, XLIII, determina que
todos esses crimes são insuscetíveis de anistia, graça e fiança.
O art. 323, II, do Código de Processo Penal também veda
expressamente a fiança para esses delitos.
A Lei n. 8.072/90, por sua vez, aumentou as vedações, incluindo a
proibição ao indulto. O Supremo Tribunal Federal entendeu não haver
inconstitucionalidade quanto a esse aspecto, porque a palavra “graça” foi
mencionada no texto constitucional em sentido amplo (abrangendo a
graça em sentido estrito e o indulto). Posteriormente, o art. 1º, § 6º, da
Lei n. 9.455/97 (Lei de Tortura) voltou a vedar apenas a graça e a anistia
ao crime de tortura. Entende-se, porém, que o indulto continua proibido,
pois, conforme mencionado, o Supremo Tribunal Federal entende que a
palavra “graça” contida na Carta Magna abrange o indulto.
O art. 44, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas) também proíbe
expressamente o indulto, a graça e a anistia aos crimes de tráfico e seus
equiparados. Caso se trate, todavia, de tráfico privilegiado (art. 33, § 4º,
da Lei de Drogas), tais benefícios não estão vedados, na medida em que
o Plenário do Supremo Tribunal Federal considerou que tal modalidade
do delito não é equiparada aos crimes hediondos.
Crimes Hediondos

Em relação à liberdade provisória, é preciso mencionar que a Lei n.


11.343/2006 (Lei de Drogas), em seu art. 44, caput, proíbe sua
concessão ao crime de tráfico. Ocorre que, embora se trate de lei
especial, a jurisprudência se inclina no sentido de ser possível sua
concessão também a esse delito, na medida em que a Lei n.
11.464/2007, que alterou o art. 2º da Lei n. 8.072/90, passou a admiti-
la até mesmo para crimes hediondos, terrorismo e tortura.
Atualmente, as pessoas presas em flagrante pela prática de crime
hediondo podem, teoricamente, obter a liberdade provisória, bem como
ter o flagrante relaxado por excesso de prazo ou por outras causas
(nulidade do auto de prisão, ausência de situação de flagrância etc.).
Convém lembrar, entretanto, que a Lei n. 11.464/2007 apenas retirou a
proibição da liberdade provisória, mas é evidente que, na prática, os
juízes só irão deferir o benefício em situações excepcionais, na medida
em que os delitos em estudo são de extrema gravidade.
REGIME INICIAL FECHADO
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em
regime fechado.
Na legislação penal comum, somente é fixado regime inicial fechado
quando o réu é condenado, por crime apenado com reclusão, a pena
superior a oito anos, ou se for reincidente. Para os crimes
hediondos, o tráfico de entorpecentes, o terrorismo e a tortura, o
dispositivo em análise, todavia, estabelece que o regime inicial a ser
fixado pelo juiz na sentença deve ser sempre o fechado,
independentemente do montante da pena aplicada e de ser o réu
primário ou reincidente. Acontece que o Plenário do Supremo Tribunal
Federal, em 27 de junho de 2012, declarou, por oito votos contra três, a
inconstitucionalidade desse art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90 por
entender que a obrigatoriedade de regime inicial fechado para penas não
superiores a 8 anos fere o princípio constitucional da individualização da
pena (art. 5º, XLVI, da Constituição Federal). Assim, mesmo para
crimes hediondos, tráfico de drogas, terrorismo e tortura, o
regime inicial só poderá ser o fechado (quando a pena fixada na
sentença não for maior do que 8 anos), se o acusado for reincidente
ou se as circunstâncias do caso concreto indicarem uma
gravidade diferenciada daquele crime específico, o que deverá constar
expressamente da fundamentação da sentença.
Desse modo, se o réu primário for condenado a pena não superior a 8
anos, não bastará que o juiz diga que aquele crime é previsto em lei
como hediondo para aplicar o regime inicial fechado. Deverá explicar por
que aquele crime hediondo ou equiparado reveste-se de especial
gravidade. Exs.: porque a quantidade da droga é muito elevada no crime
de tráfico; porque o acusado manteve diversas conjunções carnais com a
vítima no crime de estupro etc.
Crimes Hediondos

Em novembro de 2017, confirmando tal entendimento, o Supremo


Tribunal Federal aprovou a tese 972, em sede de repercussão geral: “É
inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei n.
8.072/90, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da
condenação, ater-se aos parâmetros previstos no art. 33 do Código
Penal”.
REGRAS PARA PROGRESSÃO DE REGIME
§ 2º (Revogado pela Lei nº 13.964, de 2019)
O art. 2º, §2º da Lei 8.072/90 previa que o condenado por crime
hediondo estaria sujeito a requisitos objetivos mais rigorosos que os
condenados por crimes “comuns”. Por isso, que fosse concedida
progressão de regime, o condenado por crime hediondo deveria ter
cumprido: 2/5 da pena, se for primário; e 3/5 (três quintos), se for
reincidente.
Ocorre que o referido parágrafo foi expressamente revogado pela Lei
13.964/19, deixando, assim, para a Lei de Execuções Penais todo o
regramento da progressão de regime, incluindo a progressão dos Crimes
Hediondos.
Agora toda a progressão de regime está estabelecida no art. 112 da LEP.
Esse artigo também foi alterado pelo Pacote Anticrime.
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o
preso tiver cumprido ao menos: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido
sem violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver
sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido
com violência à pessoa ou grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de
crime hediondo ou equiparado, se for primário; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado
morte, se for primário, vedado o livramento condicional; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização
criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Crimes Hediondos

c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; (Incluído


pela Lei nº 13.964, de 2019)
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de
crime hediondo ou equiparado; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Obs.: No caso dos 70% (reincidente em crime hediondo com resultado


morte) é vedado o livramento condicional.
Acerca da “saída temporária”, o Pacote Anticrime alterou o art. 122, §
2º, da LEP para proibir nos casos de crime hediondo com resultado
morte.
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se refere o caput deste artigo o
condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE


§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente
se o réu poderá apelar em liberdade.
Referido dispositivo permite que o juiz decida livremente se o
condenado, que está solto, poderá ou não apelar em liberdade, desde
Crimes Hediondos

que justifique sua decisão. Assim, mesmo que ele seja reincidente, por
exemplo, poderá o juiz deixar de decretar sua prisão por ocasião da
condenação recorrível, caso entenda que não existe necessidade
imediata de encarceramento.
É evidente que, se o réu esteve preso durante a instrução, por
estarem presentes os requisitos da prisão preventiva, o juiz, ao
condená-lo, deverá verificar se continuam ou não presentes tais
requisitos. Caso persistam os motivos, deverá manter o condenado no
cárcere.
Obs.: A regra do art. 2º, § 3º, da Lei n. 8.072/90 se aplica apenas aos
crimes hediondos, à tortura e ao terrorismo, pois, em relação ao tráfico
de drogas, o art. 59 da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas) prevê que o
réu poderá apelar em liberdade, se for primário e de bons antecedentes.
Teoricamente, de acordo com tal dispositivo, se o juiz condenar um
traficante reincidente que estava solto, deve determinar que se recolha
à prisão para apelar. Ocorre que havia regra idêntica no art. 594 do
Código de Processo Penal, determinando a prisão em tais casos, se a
condenação fosse por qualquer espécie de crime inafiançável,
dispositivo que acabou sendo revogado pela Lei n. 11.719/2008, que
passou a prever a necessidade de prisão por ocasião da sentença
recorrível, apenas se surgirem razões específicas para tanto no caso
concreto (art. 387, parágrafo único, do CPP). Assim, embora a Lei de
Drogas seja especial, na prática, passou-se a adotar o mesmo
entendimento, no sentido de ser o réu preso apenas se o juiz entender
que é necessária a decretação da prisão preventiva por ocasião da
sentença (para garantia da ordem pública ou para assegurar a aplicação
da lei penal).
Em suma, quer se trate de crime hediondo, tortura, terrorismo ou tráfico
de drogas, na prática, não existe mais a necessidade de se determinar
compulsoriamente a prisão em caso de condenação em 1º grau, quando
o réu respondeu solto à acusação. Por sua vez, se estava preso durante
a instrução, só deverá ser solto se, excepcionalmente, cessaram os
motivos que justificaram a manutenção no cárcere durante o transcorrer
da ação.

PRISÃO TEMPORÁRIA
§ 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de
dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30
(trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade.
A prisão temporária, decretada quando imprescindível para as
investigações do inquérito policial, terá prazo de trinta dias
prorrogável por mais trinta — em caso de extrema e comprovada
necessidade — quando se tratar de crime hediondo, tráfico de
Crimes Hediondos

entorpecentes, terrorismo ou tortura. Para crimes comuns, o prazo da


prisão temporária é de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco.

ESTABELECIMENTOS PENAIS
Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima,
destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta
periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a
ordem ou incolumidade pública.
Os condenados por crimes hediondos e assemelhados deverão cumprir
pena em estabelecimentos penais de segurança máxima. De acordo com
o disposto no art. 3º da Lei, a União manterá estabelecimentos penais,
de segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a
condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios
estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.

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