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O cuidado nutricional em diabetes mellitus (DM) e uma das partes mais desafiadoras do

tratamento e das estratégias de mudança do estilo de vida. 1-4 A relevância da terapia


nutricional no tratamento do DM tem sido enfatizada desde a sua descoberta, bem como
o seu papel desafiador na prevenção, no gerenciamento da doença e na prevenção do
desenvolvimento das complicações decorrentes. 1,5
O controle metabólico e apontado como a pedra angular do manejo do diabetes, pois
alcançar um bom controle reduz o risco de complicações microvasculares e pode,
também, minimizar as chances de doenças cardiovasculares.6,7 De modo semelhante,
melhorar os níveis pressóricos e de lipídios pode ser eficaz na redução de eventos
cardiovasculares. 8,9 Ainda, a ingestão de carboidrato influencia diretamente os níveis
de glicose pós-prandial, sendo ele o macro nutriente de maior preocupação no manejo
glicemico.10 Por fim, as escolhas alimentares promovem efeito direto sobre o equilíbrio
energético e, por conseguinte, sobre o peso corporal e sobre os níveis pressóricos e de
lipídios plasmáticos.
Evidencias cientificas demonstram que a intervenção nutricional tem impacto
significativo na redução da hemoglobina glicada (HbA1c) no diabetes mellitus tipo 1
(DM1) e no diabetes mellitus tipo 2 (DM2), após 3 a 6 meses de seguimento com
profissional especialista, independentemente do tempo de diagnóstico da doença. 11,12
Além disso, quando associado a outros componentes do cuidado em DM, o
acompanhamento nutricional pode favorecer ainda mais os parâmetros clínicos e
metabólicos decorrentes de uma melhor aderência ao plano alimentar prescrito. 5,12-14

Ao contrário do DM1, que não pode ser evitado, o DM2 pode ser retardado ou evitado
por meio de modificações do estilo de vida, que incluem alimentação saudável e
atividade física. O alerta mundial para a prevenção do DM2 e reforçado pelo substancial
aumento da sua prevalência nas ultimas décadas. Apesar de a suscetibilidade genética
parecer desempenhar um papel importante na ocorrência de DM2, a atual epidemia
provavelmente reflete mudanças prejudiciais do estilo de vida, como aumento da
ingestão energética e redução da pratica de atividades físicas, o que, em associação com
sobrepeso e obesidade, parece exercer papel preponderante no surgimento da doenca.1-
4
O DM2 e uma das principais doenças crônicas que podem ser evitadas por meio
mudanças no estilo de vida e intervenção não farmacológica. Estudos epidemiológicos e
intervencionistas sugerem que a perda de peso e a principal forma de reduzir o risco de
diabetes. O alerta mundial para a prevenção do DM2 e reforçado, como mencionado,
pelo substancial aumento da sua prevalência nas ultimas décadas.
A evidencia mais relevante para a prevenção do DM2 pertence ao Diabetes Prevention
Program (DPP).22 Os principais objetivos da intervenção intensiva, comportamental e
de estilo de vida do DPP resumem-se em alcançar e manter no mínimo 7% de perda de
peso e 150 minutos de atividade física por semana, semelhantemente a intensidade de
uma caminhada rápida. No programa, cada quilograma perdido esteve associado a uma
redução de 16% do risco de DM2. 23 Estabeleceu-se a meta de redução de peso de 7%
por ser um valor factível e possível de manter. Os participantes foram encorajados a
atingir essa meta durante os primeiros 6 meses da intervenção, com perda de peso
estimada em 0,5 a 1,0 kg por semana.23
Considerando que hábitos alimentares saudáveis devem ser incentivados, existem
evidencias de que alguns alimentos tem impacto positivo na prevenção do DM2. Alguns
estudos sugerem que os cereais integrais podem ajudar a prevenir o
DM2. A maior ingestão de nozes, frutas vermelhas, iogurte, café e chá está associada a
risco reduzido de diabetes. Por sua vez, o alto consumo de carnes vermelhas e bebidas
açucaradas relaciona-se a um risco aumentado de desenvolvimento de DM2. 1

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