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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ÉVERTON REIS

ANÁLISE SÍSMICA DE UM EDIFÍCIO DE


MÚLTIPLOS ANDARES EM AÇO

TRABALHO DE
CONCLUSÃO DE CURSO

Orientador: Zacarias Martin Chamberlain Pravia, Dr.

Passo Fundo
2011
ÉVERTON REIS

ANÁLISE SÍSMICA DE UM EDIFÍCIO DE


MÚLTIPLOS ANDARES EM AÇO

Orientador: Zacarias Martin Chamberlain Pravia, Dr.

Trabalho de Conclusão de Curso de


graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia
e Arquitetura da Universidade de Passo Fundo.

Passo Fundo
2011.
ANÁLISE SÍSMICA DE UM EDIFÍCIO DE
MÚLTIPLOS ANDARES EM AÇO

ÉVERTON REIS

Trabalho de Conclusão de Curso de


graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia
e Arquitetura da Universidade de Passo Fundo.

Data de apresentação: Passo Fundo, 17 de novembro de 2011.

Os membros componentes da Banca Examinadora abaixo aprovam o Trabalho


de Conclusão de Curso

Zacarias Martin Chamberlain Pravia, Doutor.


Orientador
Universidade de Passo Fundo

Professor Gilnei Artur Drehmer, Mestre.


Universidade de Passo Fundo

Ricardo Ficanha Eng. Mecânico.


Universidade de Passo Fundo

Passo Fundo
2011.
IV

RESUMO

No Brasil registram-se poucos abalos sísmicos. Muitos tremores são


repercussões das ondas de terremotos mais graves cujo epicentro se localiza na região
da cordilheira dos Andes. Os locais onde mais acontecem tremores são a Região
Nordeste, seguido do estado do Acre. No entanto, outras regiões do Brasil também são
suscetíveis aos tremores de terra, como é o caso ocorrido na cidade de Passo Fundo em
setembro de 2011, onde devido a uma ocorrência de um forte sismo na Argentina em
uma zona muito profunda, este, foi sentido em cidades gaúchas distantes do epicentro.
Além das forças naturais, certas ações do homem podem produzir terremotos
localizados, como: formação de lagos artificial, explosões, tráfego de veículos, bate-
estacas, etc.
Estão cada vez mais freqüentes as patologias devidas a deformações
excessivas, bem como, o desconforto humano devido a grandes vibrações e oscilações.
A prática tem mostrado, que a análise dinâmica em estruturas não é realizada na fase de
projeto, e estes efeitos, são observados somente após o uso e utilização da estrutura.
Neste trabalho, foi desenvolvida uma análise sísmica em um edifício em aço de
oito pavimentos, demonstrando os efeitos e o comportamento da estrutura, sob ação
sísmica de acordo com a zoneamento sísmico 4 da ABNT NBR 15421.
Através das recomendações da ABNT NBR 15421, realizou-se a análise da
estrutura pelo método estático equivalente demonstrando os esforços e deslocamentos
resultantes ocasionados pelo sismo. Assim, percebemos a necessidade de desenvolver a
engenharia sísmica no Brasil, capacitando os engenheiros estruturais no projeto de
estruturas sismos-resistentes.

Palavras-chave: Estrutura metálica. Análise Sísmica.


V

SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................................. IV

SUMÁRIO ............................................................................................................................................. V

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................................VIII

LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................... IX

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1
1.1 Considerações Iniciais ............................................................................................................................. 1
1.2 Objetivos ................................................................................................................................................. 2
1.2.1 Objetivo geral ..................................................................................................................................... 2
1.2.2 Objetivos específicos .......................................................................................................................... 2

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................................. 3


2.1 Propagação das ondas através do solo ..................................................................................................... 3
2.2 Ações dinâmicas ...................................................................................................................................... 3
2.3 Vibrações induzidas por tráfego de veículos ........................................................................................... 4
2.4 Compactação do solo e cravação de estacas ............................................................................................ 5
2.5 Explosões superficiais ou subterrâneas ................................................................................................... 5
2.6 Abalos Sísmicos (Terremotos) ................................................................................................................ 6
2.6.1 Hipocentro, Epicentro, Magnitude, Escala Richter e Intensidade ...................................................... 6
2.7 Ondas Sísmicas ........................................................................................................................................ 8
2.8 Introdução a Análise dinâmica ................................................................................................................ 9
2.8.1 Sistema de um Grau de Liberdade (SGL) ......................................................................................... 10
2.8.2 Equação do movimento .................................................................................................................... 10
2.8.4 Vibração Forçada.............................................................................................................................. 14
2.8.4.1 Excitação Harmônica ................................................................................................................... 14
VI

2.8.4.2 Excitação Dinâmica Arbitrária .................................................................................................... 18


2.8.5 Resposta Sísmica em Sistemas Lineares .......................................................................................... 19
2.8.5.1 Resposta Dinâmica da Estrutura .................................................................................................. 19
2.8.5.2 Equação do Movimento ............................................................................................................... 20
2.8.5.3 Espectro de Resposta ................................................................................................................... 21
2.8.5.3.1 Espectros de Resposta de Deslocamentos, de Pseudo-Aceleração e de Pseudo-
Velocidade ............................................................................................................................................................. 22
2.8.5.3.2 Espectros de Projeto ............................................................................................................... 22
2.8.6 Sistemas de Múltiplos Graus de Liberdade ...................................................................................... 23
2.8.7 Equação do movimento .................................................................................................................... 23
2.8.8 Resposta dinâmica: Análise modal ................................................................................................... 26
2.8.9 Método Matricial .............................................................................................................................. 27
2.8.9.1 Matriz modal e espectral .............................................................................................................. 29
2.8.9.2 Ortogonalidade dos modos de vibração ....................................................................................... 29
2.8.9.3 Normalização dos modos de vibração ......................................................................................... 30
2.8.9.4 Fator de participação modal......................................................................................................... 30
2.8.10 Norma Brasileira de Projeto de Estruturas Resistentes a Sismos ..................................................... 32
2.8.11 Requisitos gerais de segurança ......................................................................................................... 32
2.8.12 Valores característicos das ações sísmicas ....................................................................................... 32
2.8.12.1 Zoneamento sísmico brasileiro .................................................................................................... 32
2.8.12.2 Definição da classe do terreno ..................................................................................................... 33
2.8.12.3 Definição do espectro de resposta de projeto .............................................................................. 34
2.8.12.4 Definição das categorias de utilização ......................................................................................... 36
2.8.12.5 Requisitos de análise para a categoria sísmica A......................................................................... 36
2.8.12.6 Requisitos de análise para as categorias sísmicas B e C .............................................................. 37
2.8.13 Método das forças horizontais equivalentes ..................................................................................... 37
2.8.13.1 Força horizontal total na base ...................................................................................................... 37
2.8.13.2 Determinação do período............................................................................................................. 38
2.8.13.3 Distribuição vertical das forças sísmicas ..................................................................................... 39
2.8.13.4 Consideração a torção .................................................................................................................. 39
2.8.13.5 Determinação dos deslocamentos relativos e absolutos .............................................................. 39
2.8.13.6 Efeitos de segunda ordem ............................................................................................................ 40
2.8.13.7 Sistemas básicos sismos-resistentes............................................................................................. 40
2.8.14 Análise sísmica pelo método espectral ............................................................................................. 41
2.8.14.1 Combinação das Respostas Modais ............................................................................................. 41
2.8.14.2 Verificação das Forças Obtidas ................................................................................................... 41
2.8.15 Análise sísmica com históricos de acelerações no tempo ................................................................. 41
2.8.15.1 Requisitos para os acelerogramas ................................................................................................ 42
2.8.15.2 Definição dos Efeitos Finais da Análise ...................................................................................... 42
2.8.16 Requisitos sísmicos para as estruturas de prédios............................................................................. 42
VII

2.8.16.1 Configuração Estrutural ............................................................................................................... 43


2.8.16.2 Efeitos do sismo vertical e do sismo horizontal com sobre-resistência ....................................... 43
2.8.16.3 Direção das forças sísmicas ......................................................................................................... 43
2.8.16.4 Requisitos para os diafragmas ..................................................................................................... 44

3 METODOLOGIA................................................................................................................................ 45
3.1 Considerações iniciais ........................................................................................................................... 45
3.2 Apresentação do modelo a ser adotado.................................................................................................. 46
3.3 Procedimento para análise ..................................................................................................................... 46

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................... 49


4.1 Considerações Gerais ............................................................................................................................ 49
4.2 Cargas permanentes por pavimento e total da estrutura ........................................................................ 49
4.3 Cálculo do período fundamental ............................................................................................................ 49
4.4 Forças horizontais na base ..................................................................................................................... 50
4.5 Distribuição vertical da força horizontal total ....................................................................................... 51
4.6 Distribuição das forças sísmicas horizontais ......................................................................................... 51
4.7 Deslocamentos relativos de pavimento.................................................................................................. 51
4.8 Efeito de segunda ordem ....................................................................................................................... 55
4.9 Método dinâmico por espectro de resposta............................................................................................ 55

5 CONCLUSÕES.................................................................................................................................... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 58

APÊNDICE A - Elevações e vistas do edifício ................................................................................... 60


VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Situações típicas de vibrações a que ficam submetidas as edificações urbanas. ........................... 4
Figura 2: Ondas geradas pela ação sísmica .................................................................................................. 9
Figura 3: Tipos de cargas dinâmicas .......................................................................................................... 10
Figura 4: Sistema massa, mola e amortecedor............................................................................................ 11
Figura 5: Vibração livre não amortecida .................................................................................................... 13
Figura 6: Vibração livre amortecida ........................................................................................................... 14
Figura 7: Fator de amplificação dinâmica .................................................................................................. 17
Figura 8: Força com variação arbitrária no tempo ...................................................................................... 18
Figura 9: Exemplo de espectro de resposta ................................................................................................ 21
Figura 10: Modos de um sistema de pórtico de três andares ...................................................................... 24
Figura 11: Mapeamento da aceleração sísmica horizontal característica no Brasil para terrenos da Classe
B (“Rocha”) Fonte: ABNT NBR 15421:2006, p.7 ..................................................................................... 33
Figura 12: Variação do espectro de resposta de projeto (/) em função do período...................... 36
Figura 13: Dimensionamento do edifício – Eixo 1 ..................................................................................... 47
Figura 14: Relação de tensões nos pilares, vigas e contraventos – Eixo 1 ................................................. 48
Figura 15: Dimensionamento do edifício – Eixo 1 ..................................................................................... 53
Figura 16: Momentos fletores nos pilares – Estrutura sem cargas sísmicas ............................................... 54
Figura 17: Momentos fletores nos pilares – Estruturas carregadas com sismo .......................................... 54
Figura 18: Espectro de resposta de projeto em função do período ............................................................. 56
57

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Escala de Mercalli Modificada – Graus de intensidade sísmica ................................................... 8


Tabela 2: Zoneamento Sísmico e Categorias Sísmicas .............................................................................. 33
Tabela 3: Definição da classe do terreno. Fonte: ABNT NBR 15421:2006, p.8 ........................................ 34
Tabela 4: Definição dos fatores Ca e Cv de amplificação sísmica no solo. ................................................. 35
Tabela 5: Definição das categorias de utilização e dos fatores I de importância de utilização................... 36
Tabela 6: Coeficiente de limitação do período ........................................................................................... 39
Tabela 7: Cargas permanentes da estrutura ................................................................................................ 49
Tabela 8: Distribuição vertical da força horizontal total ............................................................................ 51
Tabela 9: Deslocamentos relativos e totais – direção da estrutura aporticada ............................................ 52
Tabela 10: Deslocamentos relativos e totais – direção da estrutura contraventada .................................... 52
Tabela 11: Efeito de segunda ordem na direção da estrutura aporticada .................................................... 55
Tabela 12: Efeito de segunda ordem na direção da estrutura contraventada .............................................. 55
1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

A análise dinâmica mostra-se cada vez mais presente na engenharia, e vem se


tornando essencial para o adequado dimensionamento e análise do comportamento das
estruturas. Hoje, em geral, na formação do engenheiro civil, o estudo sobre análise
dinâmica, e seus efeitos em estruturas ficam limitados durante o curso de graduação,
fazendo com que o engenheiro busque esse conhecimento em outros meios.
A sociedade vem se preocupando com questões de segurança no que diz
respeito à engenharia de estruturas. A descoberta de novas tecnologias e a exigência por
estruturas mais esbeltas torna-as mais flexíveis, exigindo do engenheiro, conhecimento
sobre o assunto.
As várias fontes de perturbações, as ondas sísmicas produzidas pelo tráfego de
veículos pesados, explosões superficiais e subterrâneas, compactação de solo e cravação
de estacas em terrenos vizinhos e o impacto de tremores nas edificações, causam
vibrações e oscilações em estruturas. As soluções que reduziriam esses danos não fazem
parte das normas de projeto e construção. Isso devido à baixa incidência de sismos no
território brasileiro e a deficiência de bibliografias e estudos técnicos sobre o assunto.
Com a regulamentação da nova Norma Brasileira de Projetos de Estruturas Resistentes
a Sismos pela ABNT, vem despertando cada vez mais o interesse nessa área no meio
técnico brasileiro.
2

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

O principal objetivo desse trabalho é calcular e analisar o comportamento de


um edifício de múltiplos andares em aço sob ação de cargas dinâmicas devido às
situações típicas que originam ondas sísmicas, avaliando a sensibilidade da estrutura e a
importância da consideração dessas ações.

1.2.2 Objetivos específicos


• Identificar os efeitos sísmicos que podem ocorrer em edifícios de múltiplos
andares;
• Analisar os critérios e requisitos aplicáveis para assegurar a estrutura dentro
dos estados limites últimos e de serviço;
• Aplicar os critérios normativos da ABNT NBR 15421:2006 a um edifício de
múltiplos andares em aço;
• Dimensionar a estrutura de um edifício de múltiplos andares, sujeito a ações
dinâmicas;
3

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Propagação das ondas através do solo

As ondas vibratórias podem chegar até as edificações pelas fundações, por


propagação da vibração através do solo. As propriedades do solo têm total influência
nesse processo.
Conforme Hannelius (1979 apud BAHREKAZEMI, 2004), em meios
estratificados, as ondas podem concentrar-se ou somarem-se a outras refletidas,
podendo ser mais intensas em pontos mais afastados da fonte.
Athanasopoulos et al. (2000 apud SILVA, 2006) descreve que a amplitude das
ondas de vibração propagadas em solo é atenuada à medida que a distância em relação à
fonte da vibração aumenta. Esse tipo de atenuação é conhecido como amortecimento
geométrico ou amortecimento externo.

2.2 Ações dinâmicas


Inúmeras são as aplicações da dinâmica em estruturas na engenharia. A
natureza das ações pode ser, entre outras, a ação do vento, explosões, tráfego de
veículos, compactação ou cravação de estacas em terrenos vizinhos, abalos sísmicos,
operação de máquinas e equipamentos, deslocamento de pessoas.
Um edifício de múltiplos andares está sujeito a diversas situações que causam
excitações em sua estrutura, esta pode ser de diversas origens e intensidades. Incluem-se
aquelas que atuam diretamente sobre a estrutura como aquelas transmitidas às
fundações por ondas propagadas através do solo, como pode ser visto na figura 1.
A condição para ocorrência de danos na estrutura se deve a superposição de
freqüências de excitação com as freqüências naturais da estrutura.
4

Figura 1: Situações típicas de vibrações a que ficam submetidas as edificações urbanas.


FONTE: MOREIRA, TÚLIO DO VALLE, 2002.

2.3 Vibrações induzidas por tráfego de veículos

O impacto de veículos pesados, causados por falhas na via, origina ações


dinâmicas verticais, quase instantâneas, essas ações, se propagam através de ondas.
Um veículo é um sistema dinamicamente complexo que interage com o
pavimento e estruturas subterrâneas. A amplitude e freqüência das vibrações induzidas
dependem dos seguintes fatores: massa e velocidade do veículo, comportamento
dinâmico do veículo, características dos pneus, irregularidade do pavimento da via,
rigidez da via, propriedade do subsolo e distância entre via e a estrutura afetada.
5

2.4 Compactação do solo e cravação de estacas

A propagação de ondas causadas pela vibração de rolos compactadores ou


cravação de estacas em terrenos vizinhos vem sendo investigadas no meio técnico
brasileiro, pois tem sido um fator causador de danos em edificações, bem como o
desconforto dos ocupantes. As intensidades dessas vibrações podem causar fissuras em
paredes e lajes de edifícios, recalques de fundação, deformações permanentes, danos em
equipamentos de precisão.
As estacas podem ser cravadas por equipamentos leves ou pesados, e a
propagação de onda proveniente da ação dinâmica que pode afetar a vizinhança,
depende do peso do equipamento de cravação, da velocidade de impacto, da duração do
impacto, da forma da estaca, do solo circundante, da seção transversal da estaca, da
direção obliqua ou excêntrica da pancada.
Kim e Lee (1999), por exemplo, estudaram as características de propagação e
atenuação de vibrações no solo para diversas fontes excitadoras, dentre elas a cravação
de estacas com o uso de martelo vibratório. Deixam claro que ambas as características
dependem da fonte e das propriedades geotécnicas do solo, sugerindo expressões para
atenuação das amplitudes de vibração. As amplitudes são investigadas para vários tipos
de vibração do solo, no tempo e na freqüência. Comprovam que, especificamente, para
o caso de cravação de estacas, a energia de vibração proveniente do pé da estaca
compõe-se por ondas elásticas de interior e, com maior intensidade, por ondas de
superfície

2.5 Explosões superficiais ou subterrâneas

Sismos podem ser induzidos também por explosões subterrâneas ou


superficiais. Uma explosão pode desestabilizar o estado dos esforços tectônicos,
produzindo fraturas nas rochas e diminuindo a resistência ao cisalhamento. E, até que
haja uma acomodação no estado dos esforços, será verificada uma sismicidade induzida.
Investigações feitas no polígono de testes nucleares de Nevada (EUA)
mostraram casos em que detonações nucleares subterrâneas foram imediatamente
6

seguidas por tremores semelhantes aos pós-abalos ou réplicas de grandes sismos


naturais (Bolt, 1976).

2.6 Abalos Sísmicos (Terremotos)

As ações sismológicas caracterizam como as mais destrutivas forças da


natureza, e representam um grande risco de danos materiais e perdas de vidas humanas.
A ocorrência desses fenômenos muitas vezes catastróficos, só pode ser determinada
através de efeitos probabilísticos.
Engenheiros buscam com base em um histórico de acontecimentos de sismos
passados, avaliarem as construções, para que tenha no futuro um risco de colapso dentro
de um fator probabilístico aceitável pela sociedade.
O Brasil localiza-se no interior de uma placa tectônica, muito tempo, se
divulgava que a ocorrência de sismos era inexistente. Isso, se comparado a regiões onde
esse fenômeno ocorre com maior intensidade, isto é, regiões nas bordas ou limites das
placas. Mas na realidade, segundo o Observatório Sismológico da Universidade de
Brasília, em nosso país já ocorreram vários tremores com magnitude acima de 5,0
registrados na escala Richter, indicando que em determinadas regiões do Brasil, a
ocorrência de sismos não pode ser simplesmente ignorada.

2.6.1 Hipocentro, Epicentro, Magnitude, Escala Richter e Intensidade

O ponto onde se origina o sismo é chamado de hipocentro, geralmente fica em


camadas profundas da crosta terrestre. O ponto na superfície da terra diretamente acima
do hipocentro é chamado de epicentro.
Os sismos são medidos, em relação à quantidade de energia liberada na
movimentação da placas tectônicas, essa medida quantitativa é chamada de magnitude,

decimal da amplitude máxima do registro sísmico, em mícron 10


, registrada por
que é possível ser medida pela Escala Richter de Magnitude, calculada como logaritmo

sismógrafo a uma distância de 100 Km do epicentro do sismo. Como, em geral não se


tem sismógrafo naquela distância, é necessário se fazer uma correção, quando então se
tem para a magnitude M:
7

log   log 

Onde: A é a amplitude máxima do registro sísmico e  é um fator de correção que

calibração, geralmente adotado como 0,001 . A energia E liberada, em Joules, por


corresponde a uma leitura dos simógrafo produzida por um sismo padrão ou de

um sismo de magnitude M na escala Richter é avaliada empiricamente como:

log  11,4  1,5

Sismos com magnitude menor do que cinco normalmente não provocam


grandes danos destrutivos. Já os de magnitude superior, são potencialmente destrutivos.
A profundidade do hipocentro é um fator preponderante nos efeitos causados pelos
sismos.
É possível também, classificar um sismo por meio da intensidade sísmica, que
é uma medida qualitativa dos efeitos produzidos pelos terremotos em locais da
superfície terrestre afetada. A classificação é realizada a partir da observação in loco dos
danos causados.
A primeira escala de intensidades foi desenvolvida em 1883 por Rossi e Forel.
Em 1902 Mercalli e em 1904 Cancani apresentaram suas escalas. Entretanto, em 1931,
Newmann e Wood apresentaram a Escala Modificada de Mercalli (MMI) de uso muito
difundido, que apresenta 12 gradações de intensidade, apresentadas na tabela 1.

Grau Designação Efeitos

I Imperceptível Não sentido. Efeitos marginais e de longo período no caso de grandes sismos.

II Muito fraco Sentido pelas pessoas em repouso nos andares elevados de edifícios ou favoravelmente colocadas.

Sentido dentro de casa. Os objectos pendentes baloiçam. A vibração é semelhante à provocada pela passagem
III Fraco
de veículos ligeiros. É possível estimar a duração mas pode não ser reconhecido como um sismo.
Os objectos suspensos baloiçam. A vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados ou
à sensação de pancada de uma bola pesada nas paredes. Carros estacionados balançam. Janelas, portas e loiças
IV Moderado
tremem. Os vidros e as loiças chocam e tilintam. Na parte superior deste grau as paredes e as estruturas de
madeira rangem.
Sentido fora de casa; pode ser avaliada a direcção do movimento; as pessoas são acordadas; os líquidos
oscilam e alguns extravasam; pequenos objectos em equilíbrio instável deslocam-se ou são derrubados. As
V Forte
portas oscilam, fecham-se ou abrem-se. Os estores e os quadros movem-se. Os pêndulos de relógio param ou
iniciam ou alteram o seu estado de oscilação.
8

Sentido por todos. Muitos assustam-se e correm para a rua. As pessoas sentem falta de segurança. Os pratos,
as loiças, os vidros das janelas, os copos partem-se. Objectos ornamentais e livros caem das prateleiras. Os
VI Bastante forte quadros caem das paredes. As mobílias movem-se ou tombam. Os estuques fracos e alvenarias de qualidade
inferior (tipo D) fendem. Pequenos sinos tocam (igrejas e escolas). As árvores e arbustos são visivelmente
agitadas e ouve-se o respectivo ruído.

É difícil permanecer em pé. É notado pelos condutores de automóveis. Objectos pendurados tremem. As
mobílias partem. Verificam-se danos nas alvenarias de qualidade inferior (tipo D), incluindo fracturas. As
chaminés fracas partem ao nível das coberturas. Queda de reboco, tijolos soltos, pedras, telhas, cornijas,
VII Muito forte parapeitos soltos e ornamentos arquitectónicos. Algumas fracturas nas alvenarias de qualidade intermédia
(tipo C). Ondas nos tanques. Água turva com lodo. Pequenos desmoronamentos e abatimentos ao longo das
margens de areia e de cascalho. Os grandes sinos tocam. Os diques de betão armado para irrigação são
danificados.

Afecta a condução dos automóveis. Danos nas alvenarias de qualidade intermédia (tipo C) com colapso
parcial. Alguns danos na alvenaria de boa qualidade (tipo B) e nenhuns na alvenaria de qualidade superior
(tipo A). Quedas de estuque e de algumas paredes de alvenaria. Torção e queda de chaminés, monumentos,
VIII Ruinoso torres e reservatórios elevados. As estruturas movem-se sobre as fundações, se não estão ligadas
inferiormente. Os painéis soltos no enchimento de paredes são projectados. As estacarias enfraquecidas
partem. Mudanças nos fluxos ou nas temperaturas das fontes e dos poços. Fracturas no chão húmido e nas
vertentes escarpadas.

Pânico geral. Alvenaria de qualidade inferior (tipo D) destruída; alvenaria de qualidade intermédia (tipo C)
grandemente danificada, às vezes com completo colapso; as alvenarias de boa qualidade (tipo B) seriamente
IX Desastroso danificadas. Danos gerais nas fundações. As estruturas, quando não ligadas, deslocam-se das fundações. As
estruturas são fortemente abanadas. Fracturas importantes no solo. Nos terrenos de aluvião dão-se ejecções de
areia e lama; formam-se nascentes e crateras arenosas.

A maioria das alvenarias e das estruturas são destruídas com as suas fundações. Algumas estruturas de
madeira bem construídas e pontes são destruídas. Danos sérios em barragens, diques e aterros. Grandes
X Destruidor desmoronamentos de terrenos. As águas são arremessadas contra as muralhas que marginam os canais, rios e
lagos; lodos são dispostos horizontalmente ao longo de praias e margens pouco inclinadas. Vias-férreas
levemente deformadas.
XI Catastrófico Vias-férreas grandemente deformadas. Canalizações subterrâneas completamente avariadas.

Grandes massas rochosas deslocadas. Conformação topográfica distorcida. Objectos atirados ao ar. Jamais
XII Cataclismo
registado no período histórico
Tabela 1: Escala de Mercalli Modificada – Graus de intensidade sísmica

2.7 Ondas Sísmicas

Podemos identificar as ondas de propagação dos sismos como sendo ondas “P”
(primárias) e ondas “S” (secundárias). As ondas “P”, cujas partículas se movem na
direção de propagação induzem uma alternância entre tensões de tração e de
compressão. Já as ondas “S”, as partículas se movem na direção perpendicular caminho
de propagação, induzindo deformações por cisalhamento.
Quando a energia de vibração da onda se propaga perto da superfície do solo,
ocorre a formação de duas outras ondas: as de RayLeigh e as de Love. As ondas de
RayLeigh são ondas de tração e compressão, similares as ondas “P” e as ondas de Love
são ondas cisalhantes. São mais lentas que as ondas primárias e secundárias e
amortecem rapidamente (CLOUGH; PENZIEN, 1993).
9

Figura 2: Ondas geradas pela ação sísmica


FONTE: CLOUGH; PENZIEN, 1993.

2.8 Introdução a Análise dinâmica

A palavra “dinâmica” pode ser definida como sendo um carregamento que


varia ao longo do tempo, ou seja, qualquer tipo de carregamento cuja magnitude,
direção e/ou posição varia no tempo.
Uma estrutura submetida à ação de cargas dinâmicas conhecidas e variáveis ao
longo do tempo apresenta como resposta, deslocamentos em função do tempo. Essa
análise é conhecida como análise determinística. Por outro lado, uma análise não-
determinística (randômica) demonstra apenas informações estatísticas, referentes a
deslocamentos resultantes de ações definidos estatisticamente, como é o caso de sismos.
Em uma análise de uma estrutura linear, é apropriado apontar os carregamentos
estáticos e dinâmicos, observando a análise estrutural de todos os carregamentos
separadamente, e não superpor seus efeitos.
A análise dinâmica possui dois grandes aspectos que diferem da análise
estática. A primeira trata-se da natureza de variação da carga ao longo do tempo. Essa
variação, tanto o carregamento quanto a resposta da estrutura, não tem uma única
solução, ao contrário da análise estática. Esse aspecto exige dos projetistas,
estabelecerem uma série de soluções à estrutura de acordo com o período de interesse,
logo essas análises são claramente mais complexas e longas do que a análise estática.
10

A segunda fundamental diferença refere-se ao fato de que em uma estrutura


solicitada a cargas estáticas, os esforços internos e deformações dependem somente do
carregamento imposto, podendo ser determinados por equilíbrio de forças estáticas. Se o
carregamento aplicado é dinâmico, os deslocamentos resultantes da estrutura não
dependem somente do carregamento, mas também das forças inerciais que se opões às
acelerações que as produzem.
Conforme a forma de variação no tempo, uma carga pode ser classificada como
harmônica, periódica, transiente ou impulsiva. Conforme figura abaixo:

Figura 3: Tipos de cargas dinâmicas

2.8.1 Sistema de um Grau de Liberdade (SGL)

O comportamento do SGL é indispensável no estudo da dinâmica das


estruturas. Nesse conceito, é deduzida e resolvida a equação do movimento do SGL,
analisando seu comportamento quando em vibração livre e forçada.

2.8.2 Equação do movimento

O equilíbrio dinâmico, segundo o Princípio de d’Alembert, estabelece que


possa ser obtido o equilíbrio dinâmico de um sistema, simplesmente adicionando-se às
forças externas aplicadas uma força fictícia, chamada de força de inércia, proporcional à
aceleração e com sentido contrário ao do movimento, sendo a constante de
proporcionalidade igual à massa do sistema.
11

Um sistema mecânico mostrado na Figura 4 e composto por uma massa m, uma


mola k e um amortecedor c. Onde a massa m representa a inércia do sistema, a mola k
representa as propriedades elásticas, o amortecedor c representa o mecanismo de
dissipação de energia e F(t) e a forca aplicada em relação ao tempo. Neste sistema e
necessária apenas uma coordenada para definir a posição de m, portanto, diz-se então
tratar-se de um sistema com um grau de liberdade.

Figura 4: Sistema massa, mola e amortecedor

Todas as estruturas reais são constituídas por distribuição continua de massa,


portanto, um número infinito de coordenadas e necessário para descrever seu
movimento. Isto leva a elaboração de equações de movimento e análises longas e
complexas. Entretanto, o movimento de uma estrutura e tal que muitas vezes apenas
algumas coordenadas são necessárias para descrever seu movimento. Isso ocorre porque
os deslocamentos das outras coordenadas são tão pequenos que podem ser
desconsiderados. Em certas situações e adequado chegar a um modelo de apenas um
grau de liberdade.
A equação do movimento para um sistema de um grau de liberdade da Figura 4 e
facilmente formulada aplicando a expressão de equilíbrio de todas as forcas aplicadas
no corpo usando o princípio de d’Alembert.
Escrevendo a equação de equilíbrio na direção x, obtêm-se a equação diferencial
do movimento:

     ! "


12

2.8.3 Vibração Livre

2.8.3.1 Vibração Livre Não Amortecida

Supõe que um sistema vibra devido a condições iniciais. Sendo deslocamento


e/ou velocidade no instante inicial t=0, sem nenhuma excitação dinâmica externa.
Anulando-se a forca na equação de equilíbrio tem-se a equação para um sistema

     ! 0


em vibração livre:

Obtêm-se a equação diferencial do movimento de um sistema de vibração livre


não amortecida desconsiderando o amortecimento. A equação diferencial simplifica
para:

   ! 0

A solução desta equação para 0  e 0  é dada por:


  cosω%   &'(ω% 
ω%
Nota-se que o movimento uma vez iniciado permanecera indefinidamente, sendo
movimento harmônico, pois e composto de seno e coseno com a mesma freqüência,
sendo:

!
ω% )

ω% é a freqüência circular expressa em radianos por segundo e é uma


propriedade dinâmica do sistema.
O movimento se repete a intervalos regulares, expresso em segundos chamado


de período natural dado por:

*%
ω%
A freqüência natural e o inverso do período natural, expressa em hertz (Hz) ou
ciclos por segundos, dada por:
13

1
,%
ω%
*% 2π
O valor do deslocamento nos instantes em que a velocidade se anula
corresponde a amplitude do movimento. No caso da vibração não amortecida a
amplitude e constante conforme Figura 5.

Figura 5: Vibração livre não amortecida

2.8.3.2 Vibração Livre Amortecida


Com a presença de amortecimento no sistema, acontece perda de energia, e o
sistema e chamado de vibração livre amortecida.
A freqüência circular amortecida e dada por:

!  1
ω- ) . 0 ω% 21  ξ1
2.

Onde ξ é chamado de fator de amortecimento ou amortecimento relativo dado


por:

ξ
34

Este fator relaciona o amortecimento do sistema (c) com o coeficiente de


amortecimento critico (Cr) dado por:

*-
ω-
14

Impondo as condições iniciais de x0 x e x0 x , pode-se obter a


equação do movimento para a vibração livre amortecida:

x  ξω? x
xt e 89: ; <x cosωD t  senωD tA
ωD

O termo exponencial da equação anterior provoca uma diminuição das


amplitudes ou valores máximos dos deslocamentos, enquanto os termos seno e co-seno
são responsáveis pelas alternâncias, produzindo então um movimento vibratório.
Enquanto o período amortecido permanece constante, a amplitude dos
deslocamentos diminui a cada ciclo, conforme mostrado na Figura 6.

x(t)

x0

TD

Figura 6: Vibração livre amortecida

2.8.4 Vibração Forçada

É a vibração de um sistema decorrente a uma excitação externa dinâmica, como


deslocamento, força ou acelerações, com o fornecimento contínuo de energia.

2.8.4.1 Excitação Harmônica

Este tipo de excitação apresenta variação harmônica no decorrer do tempo, com


função de variação em seno ou co-seno.
15

Desprezando-se o amortecimento e considerando ser a força F(t) harmônica


representada pela função seno, tem-se:

mx t  kxt F senωt

Solucionando a equação e impondo as condições iniciais x(0) = x0 e x(0) = x0,


fornecem a equação para a vibração não amortecida com força harmônica, dada por:

x rF F
xt x cosω? t  F  H senω t  senωt
ω? k1  r 1  ?
k1  r 1 

Onde:

r
ω
ω?

Os dois primeiros termos da equação constituem a chamada resposta transiente,


isto porque, quando da existência do amortecimento elas tendem ao desaparecimento. Já
o terceiro termo é chamado de resposta permanente e tem freqüência igual à da força
excitadora, permanecendo mesmo quando da presença do amortecimento.
Considerando-se o amortecimento, tem-se a equação diferencial do movimento:

mx t  cxt  kxt F senωt

Solucionando a equação, obtém-se a equação do movimento sob carga


harmônica, dada por:

F
xt e ξω: ; LA cosωD t  B senωD tO  senωt  
kP1  r 1 1  2ξr1

Onde A e B são determinadas a partir das condições iniciais do movimento e é


chamado de ângulo de fase, dado por:

2ξr
arctan F H
1  r1
16

A relação entre a amplitude F0 da força e a rigidez do sistema é chamada de


deformação estática, correspondente ao deslocamento que produziria o carregamento F0
aplicado estaticamente, definida por:

F
xRS;
k

O fator de amplificação dinâmica é dado dividindo a amplitude da componente


permanente pela deformação estática e é representada por:

1
AD
P1  r 1 1  2ξr1

O deslocamento máximo para a resposta permanente do sistema excitado pela


carga harmônica é fornecido pelo produto do fator de amplificação dinâmica pela

F
deformação estática.

X AD
k

a ser função apenas de r. Sendo a freqüência excitadora igual à freqüência natural, AD e


Se considerarmos o amortecimento nulo, o fator de amplificação dinâmica passa

conseqüentemente a amplitude do movimento tornam-se infinitos. Nesta circunstância


diz-se que o sistema encontra-se em ressonância.
A presença do amortecimento, como acontece nas estruturas reais, impede que
os deslocamentos aumentem infinitamente, mas estes podem atingir valores que
inviabilizem a utilização ou provoquem a ruína da estrutura.
17

Fator de Amplificação Dinâmica

ξ=0
2 ξ = 0,2
ξ = 0,5
ξ = 0,7
1
ξ=1

0
0 1 2 3 4
r = ω/ωn

Figura 7: Fator de amplificação dinâmica

alguns valores de amortecimento. O amortecimento com ξ 0,7 não existe


A Figura 7 mostra a evolução do fator de amplificação dinâmica com r, para

amplificação dinâmica. A medida que valores de r aumentam, os fatores de


amplificação dinâmica tendem a zero, tornando-se praticamente independentes do
amortecimento. Porém, nas proximidades de r=1,0 o fator de AD é bastante sensível ao
amortecimento.
Para estruturas fracamente amortecidas podemos adotar um valor máximo do
fator de amplificação dinâmica expresso por:

1
ADVáW

2.8.4.1.1 Força Transmitida para a Base (Transmissibilidade)

A força transmitida à fundação por um sistema de um grau de liberdade é a soma


da força na mola com a força do amortecedor. Assim tem-se:

fB t kxt  cxt


18

Considerando apenas a resposta permanente, obtém-se:

F
fB t A Lk senωt  Z  2ξmω? ω cosωt  ZO
k D

O valor máximo da força transmitida para a base é dado por:

fB\á] F AD P1  2ξr1

O fator de transmissibilidade T_ é a divisão de fBmáx por F0, e representa a relação


entre a amplitude da força transmitida à base e a amplitude da força aplicada, sendo
expresso também por:

1  2ξr1
T_ )
1  r 1 1  2ξr1

2.8.4.2 Excitação Dinâmica Arbitrária

Este tipo de excitação apresenta solicitações cuja distribuição no tempo se


apresenta de forma absolutamente arbitrária. Exemplos deste tipo de excitação são as
explosões, impactos e principalmente sismos.
O Carregamento no tempo pode ser considerado como uma sucessão de
pequenos impulsos, cada um produzindo sua própria parcela de resposta, conforme
mostrado na Figura 8.

F(t)

I F = F(t )dt

t
t dt
Figura 8: Força com variação arbitrária no tempo
19

Sendo o regime elástico e linear, a resposta final para um sistema sem


amortecimento pode ser obtida pela soma de todas as respostas diferenciais (método da
superposição), obtendo-se a expressão da Integral de Duhamel:

;
1
xt ` Fτ senLω? t  τOdτ
mω?


A resposta para o sistema com amortecido tem-se:

;
1
xt ` Fτe 89:; b senLωD t  τOdτ
mωD


Geralmente faz-se uso de métodos numéricos para a resolução desta integral,


pois muitas vezes a excitação não é definida por uma função, mas por dados

senLωD t  τO senωD t cosωD τ  cosωD t senωD τ, temos, para fins de
experimentais ou medições de campo, como no caso de terremotos. A partir de

implementação numérica:

e 89: ;
xt LAt senωD t  Bt cosωD tO
mωD

Onde:
;

At ` Fτe89: b cosωD τdτ



;

Bt ` Fτe89: b senωD τdτ




2.8.5 Resposta Sísmica em Sistemas Lineares

2.8.5.1 Resposta Dinâmica da Estrutura


20

As cargas gravitacionais que atuam sobre a estrutura são forças estáticas, que são
independentes do tempo, mas as forças sísmicas que atuam sobre a estrutura devido à
vibração variável do solo causam uma resposta variável ao longo do tempo.
A resposta gerada depende da magnitude e duração da excitação, das
propriedades dinâmicas da estrutura e das características do solo no local. A vibração do
solo se amplifica na estrutura dependendo de seu período natural. O efeito da resistência
de amortecimento da estrutura na vibração imposta influi na magnitude e duração do

de 5% (ξ 0,05).
movimento induzido, e geralmente assumi-se para edifícios normais um amortecimento

2.8.5.2 Equação do Movimento

Sejam ut, ut e u t o deslocamento, velocidade e aceleração da massa m


relativos à sua base, dados por:

ut xt  xd t

ut xt  xd t

u t x t  xd t

grau de liberdade sujeito a aceleração do solo xd t é:


A equação diferencial que governa o movimento relativo de um sistema com um

u t  2ξω? ut  ω? 1 ut xd t

A aceleração do solo durante um sismo varia irregularmente, por este motivo, a


solução analítica da equação do movimento deve ser descartada, por isso, é necessário
utilizar métodos numéricos para determinar a resposta na estrutura.
21

2.8.5.3 Espectro de Resposta

A deformação de um sistema ou o deslocamento relativo u(t) da massa é a


resposta de maior interesse para ser relacionado linearmente com os esforços

Para uma aceleração xd t de um solo, a resposta do deslocamento u(t)


(momentos fletores e cortantes em vigas e pilares).

depende somente do período natural e do amortecimento do sistema.


Uma vez que temos a resposta de deslocamento u(t) por meio de análise
dinâmica da estrutura, os esforços podem ser determinados por uma análise estática da
estrutura em cada instante de tempo.
Espectro de resposta consiste em um gráfico que mostre a resposta máxima,
seja em termos de deslocamentos, velocidades, acelerações ou qualquer outra grandeza,
em função do período natural ou da freqüência natural para um sistema de um grau de
liberdade considerando uma determinada excitação.
Resposta máxima

Período ou freqüência

Figura 9: Exemplo de espectro de resposta


22

2.8.5.3.1 Espectros de Resposta de Deslocamentos, de Pseudo-Aceleração e de


Pseudo-Velocidade

A equação para as acelerações absolutas calculando os deslocamentos e


velocidade resulta em:

x t 2ξω? ut  ω? 1 ut

Para um sistema levemente amortecido a parcela ω? 1 ut é uma boa


aproximação da aceleração absoluta, sendo chamada de pseudo-aceleração, podendo-se
neste caso escrever:

x t e ω? 1 ut

A variação dos valores máximos dos deslocamentos relativos (Sd) e acelerações


absolutas (Sa) em função do período ou freqüência natural constituem-se nos espectros
de deslocamento e aceleração respectivamente, sendo sua relação:

Sg ω? 1 Sh

A pseudo-velocidade espectral é uma velocidade fictícia, que para


sistemas levemente amortecidos e períodos naturais pequenos, fornece uma boa
aproximação para a velocidade relativa da massa (Sv), dada por:

Si ω? Sh

2.8.5.3.2 Espectros de Projeto

Para fins de projeto, o espectro de resposta é inadequado. A forma arbitrária de


um espectro de resposta é característica de uma só excitação. O espectro de resposta
23

para outro movimento do solo registrado no mesmo local durante um sismo diferente
também é arbitrária, porém, os pontos máximos e mínimos não necessariamente nos
mesmos períodos. Não é possível prever o espectro de resposta com todos os seus
detalhes para um movimento do solo que possa ocorrer no futuro. Assim, o espectro de
projeto deve ser composto de um conjunto de curvas e retas definidas para cada nível de
amortecimento.
O espectro de projeto deve representar movimentos do solo registrados no local
em sismos passados, caso não exista registros sísmicos neste local, o espectro de projeto
deve ser baseado em registros de outros locais com condições semelhantes e baseia-se
em critérios estatísticos a partir de um conjunto de espectros de respostas. Os fatores
que influenciam esta escolha são: a magnitude do sismo, a distância do local até a falha
sísmica, mecanismo da falha, a geologia da trajetória das ondas sísmicas e o tipo de solo
do local.

2.8.6 Sistemas de Múltiplos Graus de Liberdade

2.8.7 Equação do movimento

A partir do estudo de um pórtico com três andares, conforme Figura 8, sujeitos


às forças aplicadas ao nível dos andares são introduzidas as equações de equilíbrio
dinâmico. Supondo que as massas estão concentradas nos níveis dos andares, as vigas e
os pilares são indeformáveis axialmente e as vigas apresentem inércia à flexão infinita,
têm-se um total de três graus de liberdade. A resposta dinâmica do sistema está
representada pelo deslocamento lateral das massas com o número de grau de liberdade
ou N modos de vibração. A vibração resultante do sistema é dada pela superposição das
vibrações de cada massa. Cada modo de vibração possui seu próprio período e pode ser
representado por um sistema simples do mesmo período.
A Figura 8 mostra três modos de um sistema de pórtico de três andares. O modo
de vibração com período maior (freqüência baixa) é chamado de modo fundamental de
vibração. Os modos com períodos baixos (freqüências altas) são chamados de modos
harmônicos.
24

Pórtico Sistema Modo 1 Modo 2 Modo 3


Equivalente

Figura 10: Modos de um sistema de pórtico de três andares

Cada massa do piso representa um grau de liberdade com uma equação


de equilíbrio dinâmico para cada uma:

fI  fD  fK f;


fI1  fD1  fK1 f1;
fIl  fDl  fKl fl;

Onde fIj, fDj, fK e fj representam respectivamente as forças de inércia, de


amortecimento, elástica e externa.
As forças de inércia no sistema são simplesmente:

fI m · d
fI1 m1 · d1
fIl ml · dl

Em forma matricial:

fI m 0 0 d
nfI1 o p 0 m1 0 q · rd1 s
fIl 0 0 ml d l
25

Ou na sua forma compacta:

tFI u L O · vwx

Onde tFI u é o vetor das forças de inércia, L O é a matriz de massa e vwx é


o vetor de aceleração.
As forças elásticas dependem dos deslocamentos e usando os coeficientes
de rigidez podem ser expressas por:

fy k · d  k1 · d1  kl · dl


fy1 k 1 · d  k 11 · d1  k 1l · dl
fyl k l · d  k l1 · d1  k ll · dl

Em forma matricial:

fK k k1 kl d


nfK1 o pk 1 k 11 k 1l q · nd1 o
fKl k l k l1 k ll dl

Ou em forma compacta:

tFK u LzO · twu

Onde tFK u é o vetor das forças elásticas, LzO é a matriz de rigidez e twu é
o vetor de deslocamento.
Por analogia, as forças de amortecimento podem ser expressas por:

tFD u L{O · vwx

Onde tFD u é o vetor das forças de amortecimento, L{O é a matriz de


amortecimento e vwx é o vetor de velocidade. Usa-se o coeficiente de amortecimento
| para expressar o amortecimento do sistema.
A equação de equilíbrio dinâmico escrever-se como:
26

tFI u  tFD u  tFK u vF; x

E equivale a:

L O · vwx  L{O · vwx  LzO · twu vF; x

2.8.8 Resposta dinâmica: Análise modal

Para determinar a resposta dinâmica de uma estrutura com vários graus


de liberdade se pode utilizar o procedimento de análise modal. Obtêm-se a resposta
máxima de cada modo de vibração, modelando cada um deles com um sistema de um
grau de liberdade. Sabendo-se que os valores máximos não podem ocorrer
simultaneamente, estes valores são combinados estatisticamente para obter-se a resposta
total.
O critério da raiz-quadrada-da-soma-dos-quadrados, mais conhecido
como SRSS dá bons resultados desde que as freqüências dos vários modos estejam
suficientemente afastadas.

}~ e € ‚1ƒ„…
†
‡ˆ

Onde }~ representa o valor máximo do efeito considerado e ‚ƒ„… é a


†

contribuição do i-ésimo modo para o mesmo efeito.


O critério da combinação-quadrática-completa, conhecido como CQC,
garante melhores resultados quando os modos têm freqüências próximas, pois
considera-se na combinação o efeito da correlação entre as respostas dos vários modos,
enquanto que o método SRSS assume que as respostas são independentes.

‚ ‚

}~ e €  ‰Š‡ ‚ƒ„… ‚ƒ„…


† ‹
Šˆ ‡ˆ
27

Onde ‰Š‡ é chamado de coeficiente de correlação entre os modos i e j,


sendo:

8P|Š |‡ |Š  ŽŠ‡ ŽŠ‡ l/1


‰Š‡
1  ŽŠ‡ 1 1  4|Š |‡4†‹ 1  ŽŠ‡ 1   4|Š 1  |‡ 1 ŽŠ‡ 1

Onde |Š e |‡ são os fatores de amortecimento e ŽŠ‡


‘†
‘‹
a relação entre

freqüências circulares naturais.


A análise modal pode ser analisada por métodos matriciais, numéricos e
iterativos. O presente estudo enfoca apenas o método matricial.

2.8.9 Método Matricial

Como a resposta dinâmica de uma estrutura depende da freqüência ou


período de vibração e dos deslocamentos (forma modal), o primeiro passo em uma
análise de um sistema de vários graus de liberdade é encontrar as freqüências e os
modos de vibração livre. Neste caso, não existem forças externas e o amortecimento é
considerado zero.
Cada grau de liberdade dinâmico resulta em uma equação de equilíbrio
dinâmico. A vibração resultante do sistema consiste em n destas equações, e pode ser
expressa em forma matricial para vibração livre não amortecida:

L O · vwx  LzO · twu 0

Assume-se que a vibração livre do sistema segundo um de seus modos de


vibração possa ser representada pela equação:

twu v’‡ x · “‡ 


28

Onde v’‡ x é vetor constante da deformada ou amplitude relativa do


movimento e não varia com o tempo. A variação do deslocamento com o tempo é
representada pela função harmônica na forma:

“‡  ‡ · cos ”%   •‡ · &'(”% 

Onde ‡ e •‡ são constantes de integração que podem ser calculadas a


partir de condições iniciais. Combinando as equações tem-se:

twu v’‡ x · –‡ · cos ”%   •‡ · &'(”% —

Substituindo twu na primeira equação:

v’‡ x · LzO  ”%1 · v’‡ x · L O · “‡  0

nulo, o que implica na determinação de valores para ”% e ’‡ que satisfaçam à condição:


Uma forma dessa igualdade ser atendida é o termo entre parênteses ser

LzO  ”%1 · L O · v’‡ x 0

A solução de v’‡ x 0 não apresenta interesse, portanto como


possibilidade de solução não-trivial:

|LzO  ”%1 · L O| 0

em relação à ”%1 . As raízes deste polinômio são chamadas de autovalores. Substituindo-


O desenvolvimento desta determinante conduz a um polinômio de grau N

se estes valores na equação LzO  ”%1 · L O · v’‡ x 0 se obtém os autovalores para


cada modo de vibração. A partir dos autovalores se obtém os períodos naturais
correspondentes e podem-se obter as acelerações espectrais a partir de uma curva de
resposta apropriada.
29

2.8.9.1 Matriz modal e espectral

uma forma matricial. O modo de vibração natural ou autovetor ’% correspondente à


Os N autovalores e os N modos de vibração podem ser congregados em

freqüência natural ”% contém elementos ’‡% , onde cada coluna representa um


autovetor. Esta matriz é chamada de matriz modal e é definida por:

’, › ’,‚
LΦO š œ  œ ž
’‚, › ’‚,‚

Os N autovalores ”%1 podem ser colocados em uma matriz diagonal


chamada de matriz espectral, como:

  › 0 ”%
1
› 0
LλO š œ  ‡ œ ž š œ ”%‡
1
œ ž
0 ›  ‚ 0 › ”%‚
1

De forma compacta a equação que relaciona todos os autovalores e


autovetores utilizando a matriz modal e espectral pode ser escrita como:

LMOLΦOLλO LKOLΦO

2.8.9.2 Ortogonalidade dos modos de vibração

os modos naturais de vibração com suas correspondentes freqüências naturais ”%† e


Para demonstrar a ortogonalidade dos modos de vibração, considerem-se

”%‹ , sendo ”%† £ ”%‹ .

v’‡ x · L O · t’Š u 0
¤

v’‡ x · LzO · t’Š u 0


¤
30

As equações acima indicam que os modos de vibração v’‡ x e t’Š u são


ortogonais entre si, com relação às matrizes de massa e rigidez. Os produtos expressos

sido normalizados em relação à matriz de massa, onde LIO é uma matriz identidade, tem-
pelas referidas equações não são nulos. Somente para i=j. Caso os autovalores tenham

se:

LΦO¤ LMOLΦO LIO

LΦO¤ LKOLΦO LλO

2.8.9.3 Normalização dos modos de vibração

Se o vetor v’‡ x é um modo de vibração natural, qualquer vetor


proporcional é na teoria o mesmo modo de vibração natural porque satisfazem a

LzO  ”%1 · L O · v’‡ x 0. Atribui-se um determinado valor a uma das componentes


equação

do vetor, escolhida para referência, determinando-se os valores relativos das demais


componentes, num processo chamado de normalização. Vários critérios são possíveis de
serem adotados para a normalização dos autovetores. Um deles é definido da seguinte
forma:

§§§§§§x

v’‡ x
¦

§§§§§§x¤ L Ov’
2v’ §§§§§§x
¦ ¦

§§§§§§x representa o autovetor antes da normalização e, o índice T significa


Diz-se então que o autovetor está normalizado em relação à matriz de
massa, onde v’ ¦

transposição.

2.8.9.4 Fator de participação modal


31

As equações de movimento para cada grau de liberdade não dependem


dos modos de vibração e tem forma similar a equação do movimento de um sistema de
um grau de liberdade. O fator de participação para sistemas de vários graus de liberdade
está definido em forma matricial por:

LΦO¤ LMOt1u
L¨O
LΦO¤ LMOLΦO

Onde L¨O é o vetor de coeficientes de participação para todos os modos


considerados e t1u é o vetor unitário.
A matriz dos deslocamentos máximos é definida por:

L©O LΦOLPOLDO
L©O LΦOLPOLVOLλO 
L©O LΦOLPOLOLλ1 O 

LDO= matriz diagonal de deslocamento espectral.


Onde:

LVO= matriz diagonal de velocidade espectral.


LO= matriz diagonal de aceleração espectral.

A matriz das forças laterais em cada nó do sistema é dada pela equação


de Newton:

L"O LKOLUO

O vetor das forças cortantes na base é dado por:

L®O LFOt1u
32

2.8.10 Norma Brasileira de Projeto de Estruturas Resistentes a Sismos

No Brasil, até muito recentemente, não se dispunha de normalização específica


para projeto anti-sísmico das estruturas. Um conjunto de Normas, relativas à resistência
sísmica das estruturas de edifícios, estão em desenvolvimento pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A ABNT NBR 15421 – Norma Brasileira de Projeto de Estruturas Resistentes a
Sismos fixa requisitos exigíveis para verificação da segurança das estruturas usuais da
construção civil relativamente às ações sísmicas e os critérios de quantificação destas
ações e das resistências a serem consideradas no projeto das estruturas de edificações.

2.8.11 Requisitos gerais de segurança

Todas as estruturas devem ser projetadas e construídas para resistir aos efeitos
das ações sísmicas. No projeto das estruturas devem ser considerados os estados limites
últimos. Devem também ser verificados os estados limites de serviço caracterizados por
deslocamentos excessivos. As cargas sísmicas definidas na Norma consideram a
capacidade de dissipação de energia no regime inelástico das estruturas.
Conforme o item 5.1.3.3 da ABNT NBR 8681:2003, as ações sísmicas devem
ser consideradas ações excepcionais, sendo que os coeficientes de ponderação a

¯° = 1,2 (Ações permanentes na combinação última excepcional para edificações


considerar são:

¯± = 1,0 (Ações variáveis na combinação última excepcional);


onde as cargas acidentais não superam 5 kN/m²);

¯²³ = 1,0 (Ações excepcionais na combinação última excepcional);

2.8.12 Valores característicos das ações sísmicas

2.8.12.1 Zoneamento sísmico brasileiro


A Norma estabelece, conforme Tabela 2 a seguir, cinco zonas sísmicas e três
categorias sísmicas para as estruturas, estando estas correlacionadas com os valores das
acelerações horizontais características ag normalizada para terrenos da classe B
(“Rocha”) e definidas na Figura 11.
33

Zona Sísmica Categoria Sísmica Valores de ag


0 ag = 0,025g
A
1 0,025g ≤ ag ≤ 0,05g
2 B 0,05g ≤ ag ≤ 0,10g
3 0,10g ≤ ag ≤ 0,15g
C
4 ag = 0,15g
Tabela 2: Zoneamento Sísmico e Categorias Sísmicas
Fonte: ABNT NBR 15421:2006, p.6

Figura 11: Mapeamento da aceleração sísmica horizontal característica no Brasil para


terrenos da Classe B (“Rocha”) Fonte: ABNT NBR 15421:2006, p.7

2.8.12.2 Definição da classe do terreno

As características dos terrenos na superfície influenciam nos efeitos provocados


por um sismo. As características de rigidez e amortecimento das camadas superficiais
34

do terreno afetam as ondas sísmicas oriundas no interior da Terra. O terreno de


fundação deve ser categorizado em uma das classes definidas na Tabela 3, associadas
aos valores numéricos dos parâmetros geotécnicos médios avaliados nos 30m superiores
do terreno.

Propriedades médias para os 30m


Classe Designação superiores do terreno
do da Classe Vs , Velocidade média de N , número médio
terreno do terreno propagação de ondas de de golpes no
cisalhamento ensaio SPT

A Rocha sã Vs ≥ 1500 m/s (não aplicável)

B Rocha 1500 m/s ≥ Vs ≥ 760 m/s (não aplicável)


Rocha
alterada ou
C 760 m/s ≥ Vs ≥ 370 m/s N ≥ 50
solo muito
rígido
D Solo rígido 370 m/s ≥ Vs ≥ 180 m/s 50 ≥ N ≥ 15

Solo mole Vs ≤ 180 m/s N ≤ 15


E Qualquer perfil incluindo camada com mais de
-
3 cm de argila mole
Solo exigindo avaliação específica, como:
1. solos vulneráveis à ação sísmica, como solos
liquefazíveis, argilas muito sensíveis e solos colap-
síveis fracamente cimentados;
F -
2. turfa ou argilas muito orgânicas;
3. argilas muito plásticas;
4. estratos muito espessos (≥ 35 cm) de argila
mole ou média.
Tabela 3: Definição da classe do terreno. Fonte: ABNT NBR 15421:2006, p.8

2.8.12.3 Definição do espectro de resposta de projeto

O espectro de resposta de projeto, Sa(T), segundo a Norma, para acelerações


horizontais, correspondem à resposta elástica de um sistema de um grau de liberdade
35

com uma fração de amortecimento crítico de 5%. É definida a partir da aceleração


sísmica característica ag e da classe do terreno. O espectro é construído a partir das
acelerações espectrais ags0 e ags1, definidas a partir de períodos de 0,0s e 1,0s
respectivamente, de acordo com as Equações:

´°µ {~ · ´°
´°µ {¶ · ´°

Onde {~ e {¶ são os fatores de amplificação sísmica do solo, para


períodos de 0,0s e 1,0s respectivamente, conforme Tabela 4, em função da aceleração
característica de projeto ag e da classe do terreno. T é o período natural, em segundos,
associado a cada um dos modos de vibração da estrutura. O espectro de resposta de
projeto é considerado aplicado à base da estrutura.

Ca Cv
Classe do terreno
ag ≤ 0,10g ag = 0,15g ag ≤ 0,10g ag = 0,15g
A 0,8 0,8 0,8 0,8
B 1,0 1,0 1,0 1,0
C 1,2 1,2 1,7 1,7
D 1,6 1,5 2,4 2,2
E 2,5 2,1 3,5 3,4
Tabela 4: Definição dos fatores Ca e Cv de amplificação sísmica no solo.
Fonte: ABNT NBR 15421:2006, p.9

O espectro de resposta de projeto, Sa(T), é apresentado graficamente pela Figura


12 e definido numericamente em três faixas de períodos, em segundos, pelas
expressões:

·~ * ´°µ 18,75. *. {~ ⁄{¶  1,0 (para 0 ¹ * ¹ {¶ ⁄{~ . 0,08)


·~ * 2,5´°µ (para {¶ ⁄{~ . 0,08 ¹ * ¹ {¶ ⁄{~ . 0,4)
·~ * ´°µ ⁄* (para * º {¶ ⁄{~ . 0,4)
36

Figura 12: Variação do espectro de resposta de projeto ( / ) em função do período
Fonte: ABNT NBR 15421:2006, p.10

2.8.12.4 Definição das categorias de utilização

Para cada estrutura deve ser definida uma categoria de utilização e um fator de
importância de utilização, conforme mostrado resumidamente na Tabela 5.

Categorias
Natureza da ocupação Fator I
de utilização
Todas as estruturas não classificadas como de cate-
I 1,00
goria II ou III.
Estruturas de importância substancial para a preser-
II 1,25
vação da vida humana no caso de ruptura.

III Estruturas definidas como essenciais 1,50

Tabela 5: Definição das categorias de utilização e dos fatores I de importância de utilização

2.8.12.5 Requisitos de análise para a categoria sísmica A


37

Para estruturas localizadas na zona sísmica 0, nenhum requisito de resistência


sísmica é exigido, englobando boa parte do território nacional, conforme Figura 9.
As estruturas localizadas na zona sísmica 1 deverão resistir a cargas horizontais
aplicadas simultaneamente a todos os pisos, em cada uma de duas direções ortogonais,
com valor numérico igual a:

" 0,01»

Onde " é a força sísmica de projeto correspondente ao piso x, e » é o peso


total correspondente ao piso x, incluindo o peso operacional de todos os equipamentos
fixados na estrutura e dos reservatórios de água. Nas áreas de armazenamento e
estacionamento, este peso incluirá 25% da carga acidental.

2.8.12.6 Requisitos de análise para as categorias sísmicas B e C

As estruturas de categoria sísmica B e C podem ser analisadas pelo método das


forças horizontais equivalentes (seção 2.6.4), ou por processos mais rigorosos como o
método espectral (seção 2.6.5) e o método com históricos de acelerações no tempo
(seção 2.6.6).

2.8.13 Método das forças horizontais equivalentes

2.8.13.1 Força horizontal total na base

Na aplicação do método das forças horizontais equivalentes, avalia-se a força


horizontal total da base da estrutura determinada de acordo com a expressão:

¼ {µ . »

Onde » é o peso total da estrutura, considerando todas as cargas permanentes,


incluindo o peso operacional de equipamentos fixados na estrutura e dos reservatórios

carga acidental. {µ é o coeficiente de resposta sísmica que é definido como:


de água. Nas áreas de armazenamento e estacionamento, este peso incluirá 25% da
38

2,5. ´°µ ⁄½



¾ ⁄¿ 

Onde I é o fator de importância de utilização definido na Tabela 5 e R é o


coeficiente de modificação de resposta definido na Tabela 6. O coeficiente de resposta
sísmica não precisa ser maior que:

´°µ ⁄½

*¾ ⁄¿ 

valor mínimo para {µ é 0,01.


O período natural da estrutura T deve ser determinado conforme item 2.6.4.2. O

2.8.13.2 Determinação do período

O período natural da estrutura T pode ser obtido por um processo analítico de


extração modal, que leve em conta as características mecânicas e de massa da estrutura.

limitação do período {ÀÁ , definido na Tabela 6 em função da zona sísmica à qual a


O período avaliado desta forma não poderá ser maior que o produto do coeficiente de

estrutura em questão pertence, pelo período natural aproximado da estrutura *~ , obtido


através da expressão abaixo:

*~ {Â . Ã% 

Nesta expressão, Ã% é a altura, em metros, da estrutura acima da base e os


coeficientes {Â (coeficientes de período da estrutura) e  são definidos no item 9.2 da
Norma.

Coeficiente de limitação do
Zona Sísmica
período (Cup)
Zona 2 1,7
39

Zona 3 1,6
Zona 4 1,5
Tabela 6: Coeficiente de limitação do período
Fonte ABNT NBR 15421:2006, p.20

o período natural aproximado da estrutura *~ .


Como alternativa à determinação analítica de T, é permitido utilizar diretamente

2.8.13.3 Distribuição vertical das forças sísmicas

elevações da estrutura, de forma que cada elevação x, seja aplicada uma força " ,
A força horizontal total na base H é distribuída verticalmente entre as várias

definida pela expressão:

" {¶ . ¼

Sendo que {¶ é o coeficiente de distribuição vertical onde seu valor é calculado
conforme item 9.3 da Norma.

2.8.13.4 Consideração a torção

O projeto deve incluir um momento de torção inerente (Mt) nos pisos, causado
pela excentricidade dos centros de massa relativamente aos centros de rigidez, acrescido
de um momento torsional acidental (Mta), determinado considerando-se um
deslocamento do centro de massa em cada direção igual a 5% da dimensão da estrutura
paralela ao eixo perpendicular à direção de aplicação das forças horizontais. Quando
houver aplicação simultânea de forças horizontais nas duas direções, basta considerar o
momento acidental obtido na direção mais crítica.

2.8.13.5 Determinação dos deslocamentos relativos e absolutos

Os deslocamentos absolutos das elevações δ] e os relativos Δ] dos pavimentos


devem ser determinados com base na aplicação das forças sísmicas de projeto ao
modelo matemático da estrutura. Nesta avaliação, as propriedades de rigidez dos
40

elementos de concreto devem levar em conta a redução de rigidez pela fissuração. Para

avaliação dos deslocamentos relativos Δ] de pavimento.


as estruturas em que haja efeitos de torção importantes, estes devem ser considerados na

Os deslocamentos absolutos δ] em uma elevação x, avaliados em seu centro de


massa, devem ser determinados através da seguinte expressão:

{Æ . Dz
δ]
¿

Onde {Æ é o coeficiente de amplificação de deslocamentos, conforme tabela 6 da


Norma, Dz é o deslocamento determinado em uma análise estática, utilizando as forças
sísmicas conforme item 2.6.4.3, e ¿ é o fator de importância de utilização dado na tabela
5.

2.8.13.6 Efeitos de segunda ordem

Dispensa-se a consideração dos efeitos de segunda ordem devidos à ação sísmica

estabilidade È, determinado pela expressão a seguir, for inferior a 0,10:


nos esforços estruturais e deslocamentos, em um pavimento x, se o coeficiente de

¨ . Δ
θ
¼ õ {Æ

Onde ¨ é a força vertical em serviço atuando no pavimento x, Δ são os


deslocamentos relativos de pavimentos conforme item 2.6.4.5, ¼ é a força cortante
sísmica atuante no pavimento x, õ é a distância entre as duas elevações
correspondentes ao pavimento em questão e {Æ é o coeficiente de amplificação de
deslocamentos.

2.8.13.7 Sistemas básicos sismos-resistentes

Os sistemas estruturais sismos-resistentes considerados são os listados na tabela

modificação de resposta ¾, os coeficientes de sobre-resistência Ω e os coeficientes de


6 da ABNT NBR15421. Também estão definidos nesta tabela os coeficientes de
41

deslocamentos CÆ , a serem utilizados para a determinação das forças de projeto nos


elementos estruturais e dos deslocamentos da estrutura.

2.8.14 Análise sísmica pelo método espectral

Um dos métodos dinâmicos que podem ser aplicados segundo a Norma é a


análise por espectro de resposta. O item 2.6.3.3 define os espectros de resposta de
acordo com a Norma ABNT NBR 15421. A Norma exige que o número de modos
usado para o cálculo da resposta seja suficiente para capturar ao menos 90% da massa
total em cada uma das direções ortogonais consideradas na análise.

2.8.14.1 Combinação das Respostas Modais

As respostas elásticas finais poderão ser combinadas pelas regras definidas no


item 2.5.2. O critério da combinação quadrática completa (CQC) deve ter a preferência,
por fornecer as respostas mais precisas.
Com relação às respostas elásticas devidas aos sismos aplicados em diferentes
direções ortogonais, as respostas finais deverão ser combinadas através da regra da raiz
quadrada da soma dos quadrados (SRSS) das respostas obtidas em cada uma das
direções.

2.8.14.2 Verificação das Forças Obtidas

A força horizontal total na base da estrutura H deve ser determinada em cada


uma das duas direções horizontais, pelo método das forças horizontais equivalentes, de
acordo com o item 2.6.4.1. Caso a força horizontal total na base Ht, determinada pelo
processo espectral de acordo com o item 2.6.5.1, em uma direção, seja inferior a 0,85H,
todas as forças elásticas obtidas nesta direção devem ser multiplicadas por 0,85H/Ht.
Esta correção não se aplica aos deslocamentos absolutos e relativos.

2.8.15 Análise sísmica com históricos de acelerações no tempo

Outro método dinâmico que pode ser aplicado segundo a Norma é a análise com
histórico de acelerações no tempo e deverá consistir da análise dinâmica de um modelo
42

estrutural, submetido a históricos de acelerações no tempo (acelerogramas) aplicados à


sua base.

2.8.15.1 Requisitos para os acelerogramas

As análises consistem na aplicação simultânea de um conjunto de


acelerogramas, independentes entre si, nas direções ortogonais relevantes para cada
problema. Os acelerogramas podem ser registros de eventos reais, compatíveis com as
características sismológicas do local de estrutura, ou podem ser acelerogramas gerados
artificialmente. Os acelerogramas a serem aplicados devem ser afetados de um fator de
escala, de forma que os espectros de resposta na direção considerada, para o
amortecimento de 5%, tenham valores médios não inferiores aos do espectro de projeto
para uma faixa entre 0,2T e 1,5T, sendo T o período fundamental da estrutura nesta
direção.

2.8.15.2 Definição dos Efeitos Finais da Análise

momentos e reações de apoio devem ser multiplicadas pelo fator ¿/¾.


Para cada acelerograma analisado, as respostas obtidas em termos de forças,

das forças horizontais equivalentes usando o valor Cµ 0,01. Caso a força horizontal
A força horizontal total na base da estrutura H deve ser determinada pelo método

máxima na base Ht, obtida com um determinado acelerograma, seja inferior a H, todas
as forças elásticas obtidas nesta direção devem ser multiplicadas por H/Ht.
Os efeitos finais obtidos na análise correspondem à envoltória dos efeitos
máximos obtidos com cada um dos conjuntos de acelerogramas considerados.

2.8.16 Requisitos sísmicos para as estruturas de prédios

Todo prédio deve possuir um sistema estrutural capaz de fornecer adequada


rigidez, resistência e capacidade de dissipação de energia, relativamente às ações
sísmicas, no sentido vertical e em duas direções ortogonais horizontais, inclusive com
um mecanismo de resistência a esforços de torção. As ações sísmicas horizontais podem
atuar em qualquer direção de uma estrutura.
43

Um sistema contínuo de transferência de cargas deve ser projetado, com


adequada rigidez e resistência, para garantir a transferência das forças sísmicas, desde
os seus pontos de aplicação até as fundações da estrutura. Sistemas com
descontinuidades bruscas de rigidez ou de resistência em planta ou em elevação não são
recomendados. Uma distribuição uniforme e contínua de resistência e de rigidez nas
estruturas é desejável.
Assimetrias significativas de massa e de rigidez são indesejáveis. São
recomendados sistemas estruturais apresentando redundância, através de várias linhas
de elementos sismos-resistentes verticais, conectados entre si por diafragmas
horizontais de elevada capacidade de dissipação de energia.

2.8.16.1 Configuração Estrutural

As estruturas de categorias sísmicas B e C devem ser classificadas como


regulares ou irregulares de acordo com os critérios definidos nos itens 8.3.1 a 8.3.4 da
Norma que são deformabilidade dos diafragmas, irregularidades no plano,
irregularidades na vertical e elementos suportando pórticos e pilares-parede
descontínuos.

2.8.16.2 Efeitos do sismo vertical e do sismo horizontal com sobre-resistência

Os efeitos do sismo na direção vertical devem ser considerados em seu sentido


mais desfavorável e determinados de acordo com a expressão abaixo:

¶ 0,5´°µ /½. Ì

Onde ¶ e Ì são, respectivamente, os efeitos do sismo vertical e das cargas


gravitacionais.

2.8.16.3 Direção das forças sísmicas

Na análise de cada elemento pertencente ao sistema sismo-resistente, a direção


de aplicação das forças sísmicas na estrutura deve ser a que produz o efeito mais crítico
44

no elemento em questão. Permite-se aplicar as forças separadamente em cada uma das


direções horizontais ortogonais, sem considerar a superposição dos efeitos em duas
direções.

2.8.16.4 Requisitos para os diafragmas

Os diafragmas horizontais em cada elevação da estrutura devem formar um


sistema resistente auto-equilibrado, capaz de transferir as forças sísmicas horizontais de
seus pontos de aplicação na elevação até os pontos em que elas são transmitidas aos
elementos verticais do sistema sismo-resistente. As forças a serem aplicadas em cada
elevação nos diafragmas horizontais são as forças obtidas na análise estrutural. No
método das forças horizontais equivalentes, as forças horizontais totais em cada
elevação são as forças Fx, definidas no item 2.6.4.3. Para a análise dos diafragmas, estas
forças em cada elevação x não podem ser inferiores a:

∑%Šˆ "Š
"Á % Î
∑Šˆ Ί 

Onde "Á é a força mínima a ser aplicada ao diafragma na elevação x, "Š é a


força horizontal aplicada ao diafragma na elevação i, Ί ou Î são parcelas do peso
efetivo total que corresponde às elevações i ou x, e ( é o número total de elevações do
prédio.
45

3 METODOLOGIA

3.1 Considerações iniciais

Na primeira etapa do trabalho realizou-se a pesquisa de referências envolvendo


todos os conceitos e a teoria necessária para a elaboração do trabalho, bem como os
tópicos normativos das normas regulamentadoras.
A segunda fase foi definida a edificação a ser analisada, suas dimensões e
cargas atuantes, bem como a localização da edificação, que será de enorme importância
para a análise sísmica. A análise foi realizada no software STRAP - Structural Analysis
Program - Versão 2008.
O comportamento estrutural do edifício, analisado através de métodos
dinâmicos e estáticos equivalentes, seguindo a norma brasileira, foram apresentados
com base na pesquisa nas referências sobre o assunto.
O desenvolvimento do trabalho contou com a utilização das normas: ABNT
NBR 15421:2006 – “Projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento”, ABNT
NBR 8800:2008 – “Projeto de estruturas de aço e de estruturas mista de aço e concreto
de edifícios – Procedimento”, ABNT NBR 6123:1988 – “Forcas devidas ao vento em
edificações”, ABNT NBR 6120:1980 – “Cargas para o calculo de estruturas de
edificações” e ABNT NBR 8681:2003 – “Ações e segurança nas estruturas -
Procedimento”.
46

3.2 Apresentação do modelo a ser adotado

A estrutura analisada consiste em um edifício de múltiplos andares com oito


pavimentos, tendo suas colunas compostas por perfis metálicos laminados e as vigas
principais e secundárias compostas pelo sistema misto de aço e concreto. A estabilidade
da estrutura é composta pelo sistema de pórticos no sentido de maior inércia das colunas
e contenções laterais de aço rígidos no sentido de menor inércia. A estrutura está
localizada na cidade de Cruzeiro, no Acre. A altura entre pavimentos é de 3,9 metros.
Considera-se que o solo de fundação seja uma areia com SPT médio de N = 30 nos 30m
superiores do terreno. As sobrecargas permanentes do edifício são de 5 KN, incluindo
laje, revestimentos e alvenarias de vedação. A sobrecarga de utilização do edifício é de
3 KN para todos os pavimentos. No Apêndice A, estão as vistas, elevações e cotas do
modelo adotado no trabalho.

3.3 Procedimento para análise

Para analisarmos dinamicamente a estrutura, precisamos conhecer suas


propriedades mecânicas e de massa. Por isso, a estrutura foi dimensionada pela análise
estática, considerando cargas de vento, cargas permanentes e sobrecargas, de acordo
com as normas brasileiras, essa análise não faz parte do escopo desse trabalho. A
estrutura foi verificada e atende a todos estados limites últimos (ELU) e estados limites
de serviço (ELS). Os perfis adotados e o percentual de solicitação estão mostrados nas
Figuras 13, 14, 15 e 16. Neste exemplo de aplicação utilizaremos como ferramenta
auxiliar de análise o software STRAP.
47

Figura 13: Dimensionamento do edifício – Eixo 1


48

Figura 14: Relação de tensões nos pilares, vigas e contraventos – Eixo 1


49

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Considerações Gerais

Neste capítulo analisa-se o comportamento da estrutura submetida à excitação


sísmica conforme Método das Forças Horizontais Equivalentes da NBR 15421:2006. O
objetivo da análise é observar as deformações geradas na estrutura e o acréscimo das
forças geradas na base.

4.2 Cargas permanentes por pavimento e total da estrutura

A Tabela 6 traz um resumo das cargas permanentes por pavimento e total da


estrutura.

Peso efetivo por andar Wx (kN) Altura hx (m)


Carga Permanente) - 1° andar 4065 3,68
Carga Permanente - 2° andar 3670 7,58
Carga Permanente - 3° andar 3670 11,48
Carga Permanente - 4° andar 3670 15,38
Carga Permanente - 5° andar 3670 19,28
Carga Permanente - 6° andar 3670 23,18
Carga Permanente - 7° andar 3670 27,08
Carga Permanente - 8° andar 615 30,98
TOTAL 26700
Tabela 7: Cargas permanentes da estrutura

4.3 Cálculo do período fundamental

O período natural da estrutura T foi obtido por um processo analítico de extração


modal, que levou em conta as características mecânicas e de massa da estrutura, sendo o
seu valor igual a 0,96. Como alternativa é permitido utilizar o período natural
50

aproximado da estrutura Ta, conforme item 2.6.4.2 deste trabalho, porém encontram-se
valores mais conservadores.

4.4 Forças horizontais na base

A cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre, situa-se na zona sísmica 4, conforme


Figura 9, e de acordo com a Tabela 1 corresponde à categoria sísmica C e valor de
ag=0,15g.
A força horizontal total na base da estrutura é dada por:

¼ {µ . »

Neste caso, » = 26.700 kN (peso total da estrutura) e {µ é o coeficiente


de resposta sísmica, determinado abaixo.
O fator de importância de utilização I=1,0, correspondente a uma
ocupação não crítica relativamente ao sismo e o coeficiente de resposta R=3,25,
correspondente a pórticos de aço contraventados com treliças com detalhamento usual.
De acordo com as características do solo da Tabela 2, o terreno é
enquadrado como Classe D, solo rígido. Da Tabela 3 se obtém os parâmetros Ca = 1,5 e
Cv = 2,2. As grandezas de ags0 e ags1, acelerações espectrais para os períodos de 0,0s e
1,0s, respectivamente, e são dadas pelas equações:

´°µ {~ · ´° 1,5 · 0,15 0,225½


´°µ {¶ · ´° 2,2 · 0,15 0,33½

O coeficiente de resposta sísmica Cs é calculado como:

2,5. ´°µ ⁄½ 2,5. 0,225


{µ 0,173
¾ ⁄¿  3,25⁄1,0

Então a força horizontal na base da estrutura é:

¼ {µ . » 0,173 Ð 26700 4.619,1 !Ó


51

4.5 Distribuição vertical da força horizontal total

A força horizontal na base é distribuída verticalmente entre as várias elevações

" , definida conforme equação, e os cálculos resumidos na Tabela 7:


da estrutura, de modo que, em cada elevação, seja aplicada uma força

" {¶ . ¼

Sendo que {¶ é o coeficiente de distribuição vertical onde seu valor é calculado
conforme item 9.3 da ABNT NBR 15421.

Pavimento Wx*Hxk Cvx Fx (kN)


1 20183,51 0,025 114,644
2 44317,09 0,054 251,726
3 73839,47 0,091 419,416
4 105804,38 0,130 600,980
5 139707,33 0,172 793,552
6 175234,28 0,215 995,349
7 212168,38 0,261 1205,139
8 41952,34 0,052 238,294
Força Total na Base = 4619,1
Tabela 8: Distribuição vertical da força horizontal total

4.6 Distribuição das forças sísmicas horizontais

As forças sísmicas horizontais ÔÕ , correspondentes a cada elevação Õ, foram


aplicadas ao modelo, de forma que os pavimentos que formam os diafragmas
horizontais compõem um sistema resistente auto-equilibrado, capazes de transferirem as
forças sísmicas horizontais de seus pontos de aplicação até os pontos em que elas são
transmitidas aos elementos verticais do sistema sismo-resistente.

4.7 Deslocamentos relativos de pavimento


52

Para os deslocamentos relativos de pavimento, adota-se o modelo em que as


colunas não apresentam deformação axial, as massas são consideradas concentradas no
nível dos andares. A Tabela 9 resume o cálculo dos deslocamentos de relativos de andar
e deslocamentos totais para as duas direções em que foram aplicadas as forças,
primeiramente no sentido da estrutura formada por pórticos, em seguida no sentido da
estrutura contida lateralmente.

Deslocamento Deslocamentos
Andar Δx(m)
total (m) relativos Limite (m)

1 0,013 0,007 0,074


2 0,016 0,020 0,078
3 0,036 0,036 0,078
4 0,018 0,054 0,078
5 0,020 0,074 0,078
6 0,019 0,093 0,078
7 0,017 0,11 0,078
8 0,062 0,172 0,078
Tabela 9: Deslocamentos relativos e totais – direção da estrutura aporticada

Deslocamento Deslocamentos
Andar Δx(m)
total (m) relativos Limite (m)

1 0,11 0,11 0,074


2 0,31 0,42 0,078
3 0,50 0,92 0,078
4 0,65 1,57 0,078
5 0,74 2,31 0,078
6 0,81 3,12 0,078
7 0,84 3,96 0,078
8 0,86 4,82 0,078
Tabela 10: Deslocamentos relativos e totais – direção da estrutura contraventada
53

De acordo com a categoria de utilização I, os deslocamentos relativos de


pavimento estão limitados a 0,020 hsx. Observa-se que todos os deslocamentos relativos
de pavimento são superiores a este limite.
Abaixo, na figura 15, encontra-se a verificação dos perfis com a consideração de
ações sísmicas. Percebe-se que todos os perfis sofreram acréscimo elevado de tensões.

Figura 15: Dimensionamento do edifício – Eixo 1

Nas figuras 16 e 17, comparamos os acréscimos dos momentos fletores nos


pilares e nas fundações. Na primeira figura, encontra-se o diagrama de momentos
devido a envoltória de combinações das cargas permanentes, sobrecargas e ventos. Na
54

segunda figura, está o diagrama de momentos fletores devido ao carregamento sísmico.


Os valores estão em KN.m

Figura 16: Momentos fletores nos pilares – Estrutura sem cargas sísmicas

Figura 17: Momentos fletores nos pilares – Estruturas carregadas com sismo
55

4.8 Efeito de segunda ordem

O efeito de segunda ordem não necessita ser considerado quando o coeficiente


de estabilidade θ, determinado de acordo com 2.6.4.6, for inferior a 0,10. A Tabela 9
resume os cálculos. Observando-se a última coluna, verifica-se que é necessário
considerar o efeito de segunda ordem.

Andar Px(KN) Δx(m) Hx(kN) Hsx(m) θ (rad)


1 4065 0,11 114,64 3,68 0,19
2 3670 0,31 251,73 3,9 0,21
3 3670 0,5 419,42 3,9 0,20
4 3670 0,65 600,98 3,9 0,19
5 3670 0,74 793,55 3,9 0,16
6 3670 0,81 995,35 3,9 0,14
7 3670 0,84 1205,14 3,9 0,12
8 615 0,86 238,29 3,9 0,10
Tabela 11: Efeito de segunda ordem na direção da estrutura aporticada

Andar Px(KN) Δx(m) Hx(kN) Hsx(m) θ (rad)


1 4065 0,013 114,64 3,68 0,023
2 3670 0,016 251,73 3,9 0,011
3 3670 0,036 419,42 3,9 0,015
4 3670 0,018 600,98 3,9 0,005
5 3670 0,02 793,55 3,9 0,004
6 3670 0,019 995,35 3,9 0,003
7 3670 0,017 1205,14 3,9 0,002
8 615 0,062 238,29 3,9 0,007
Tabela 12: Efeito de segunda ordem na direção da estrutura contraventada

4.9 Método dinâmico por espectro de resposta

Este trabalho não tem como objetivo analisar o comportamento da estrutura por
métodos dinâmicos, porém com base nos conhecimentos adquiridos, podemos
introduzir alguns dados para eventuais trabalhos futuros.
De acordo com a localização, o solo e as características da edificação podemos
definir o espectro de resposta de projeto a ser considerado conforme item 2.6.3.3, e
mostrado na Figura 18.
56

Espectro de Resposta de Projeto


0,45
0,40
(para 0 <= T <= Cv/Ca.0,08)
Aceleração Espectral Sa (g)

0,35 (para Cv/Ca.0,08 <= T <= Cv/Ca.0,4)


0,30 (para T >= Cv/Ca.0,4)
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00
Período T (s)

Figura 18: Espectro de resposta de projeto em função do período

As respostas modais obtidas em termos de forças, momentos e reações de apoio


devem ser multiplicadas pelo fator I/R (1 / 3,25) sendo igual a 0,31. As respostas
obtidas em termos de deslocamentos absolutos e relativos deverão ser multiplicadas
pelo fator Cd/R (3,25 / 3,25) sendo igual a 1.
As respostas elásticas finais devem ser combinadas pelo critério da combinação
quadrática completa (CQC), pois foi identificada a proximidade entre as freqüências dos
modos de vibração.
As respostas elásticas devidas aos sismos aplicados nas diferentes direções
ortogonais podem ser combinadas pelo critério da raiz quadrada da soma dos quadrados
das respostas obtidas (SRSS) em cada uma das direções.
57

5 CONCLUSÕES

Neste trabalho foi apresentada uma revisão bibliográfica sobre análise dinâmica com
ênfase nas ações sísmicas, e sua aplicação a um edifício em aço.
Através dos estudos realizados, percebeu-se a necessidade da consideração dessas
ações em edificações, conforme referências da norma ABNT NBR 15421. Da mesma forma é
preciso desenvolver a engenharia sísmica no Brasil, capacitando os engenheiros estruturais no
projeto de estruturas sismos-resistentes.
Neste contexto as universidades têm um papel extremamente importante, no
desenvolvimento de trabalhos de pesquisa e de extensão visando à avaliação mais profunda do
risco sísmico em nosso país e a definição de soluções técnicas que sejam compatíveis com
nossa realidade econômica.
58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 15421: Projeto de


estruturas resistentes a sismos - Procedimento. Rio de Janeiro, 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 8800: Projeto de


estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios - Procedimento.
Rio de Janeiro, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 6123: Forças devido ao


vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 6120: Cargas para o


cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 8681: Ações e segurança


nas estruturas. Rio de Janeiro, 2003.

CLOUGH R. W. e PENZIEN, J. Dynamics os Structures, Third Edition, McGraw-Hill,


1993.

LIMA, S. S. e SANTOS, S. H. C. Análise dinâmica das estruturas. Rio de Janeiro: Editora


Ciência Moderna, 2008.
59

MOREIRA, T. do V. Análise da Sensibilidade Dinâmica de Edifícios com Estruturas


Esbeltas. 260 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Rio de
Janeiro, 2002.

BAHREKAZEMI, M. Train-Induced Ground Vibration and Its Prediction. Department of


Civil and Architectural Engineering, Royal Institute of Technology, Stockholm, 2004.

SILVA, F. T. Vibrações em Encostas Produzidas por Tráfego de Veículos. Dissertação de


Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Departamento de Engenharia
Civil, UFPE, 2006.

KIM, D.S., Lee, J.S., Propagation and Attenuation Characteristics of Varios Ground
Vibrations, Soil Dynamics and Earthquake Engineering, Vol.19, pp 115-126, 2000
60

APÊNDICE A – Elevações e Vistas do Edifício

Figura 19: Vista isométrica da estrutura do edifício

Figura 2: Elevação do edifício – Direção aporticada


61

Figura 3: Elevação do edifício – Direção contraventada


62

Figura 4: Planta baixa do pavimento tipo

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