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MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

DISCIPLINA: METODOLOGIA DA
PESQUISA CIENTÍFICA
CARGA HORÁRIA: 15h (remota/online)

FACILITADOR: PROF. DR. ALDENOR MOÇAMBITE DA SILVA

15 de maio de 2021
18 de março de 2019
EDIVALDO OLIVEIRA, VOCÊ SE
EMOCIONOU NESTE FIM DE
SEMANA?

E A JOVEM VANESSINHA, SE
EMOCIONOU DURANTE ESSA
SEMANA?
VAMOS AGORA NOS
CONHECER UM POUQUINHO
CONHECENDO A ANÁLISE SWOT
• Análise SWOT ou Análise FOFA é uma técnica de planejamento
estratégico utilizada para auxiliar pessoas ou organizações a
identificar forças, fraquezas, oportunidades, e ameaças relacionadas à
competição em negócios ou planejamento de projetos.
E VAMOS AGORA FAZER A NOSSA ANÁLISE!
FORÇAS OPORTUNIDADES
. Quantos artigos você já leu desde . Quantos artigos você já publicou?
que começou o mestrado? . Quantos eventos científicos da
. Quais vantagens você tem que área da educação participou?
outras pessoas não têm? . Como ajudou a escolher meu
. Qual a experiência mais marcante tema de pesquisa?
em sua vida acadêmica
e/profissional?
FRAQUEZAS AMEAÇAS
. Quais tarefas você evita no seu . Prefiro futebol ou TV à leitura de
dia a dia e por quê? artigos científicos?
. Existe alguma característica . Os seus pontos fracos podem
pessoal que você acha que te aumentar os seus riscos frente às
atrapalha? (por exemplo, vc tem ameaças?
precisa falar em público, mas se . Não quero ser pesquisador.
sente tímido) Prefiro concluir o curso sem o TCC!
. O que você não se sente
confiante em fazer?
E VAMOS AO TEXTO: CIÊNCIA,
DÚVIDA, CETISCISMO.
VOCÊS SÃO INVESTIGADORES NATOS, DA CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO OU SÃO
CÉTICOS QUANTO A ISSO?

PARA INÍCIO DE CONVERSA, QUAIS LIÇÕES EXTRAÍMOS


DESSE TEXTO, QUANTO AO NOSSO POSICIONAMENTO
ENQUANTO PRODUTORES DE CIÊNCIA.
ENTENDENDO O TEXTO
René Descartes, em suas meditações de 1641, apresenta os céticos como
adeptos de um padrão de incerteza total, a ponte de duvidarem da
existência do chão no qual pisam. O que dizer sobre tal afirmação quando
tratamos das ciências?

Devemos duvidar de tudo, o que inclui o próprio


exercício da dúvida. Molière (1622-1673)...o cetiscismo é
uma atitude filosófica fundamental para a busca de
conhecimento científico. Por que?
E POR FIM!
O mérito dos céticos foi desconfiar das pretensões secretas à infalibilidade
e estabelecer que o conhecimento é uma atividade humana que deve ser
exercida com objetos e métodos compartilhados, os quais podem ser
publicamente apresentados.

Os cientistas, segundo os céticos, são, antes de tudo,


investigadores. Ainda que possam celebrar a verdade em
segredo e em culto doméstico, o que importa para os
cientistas-investigadores é o exercício continuado da
investigação.
E vamos ao E-Book
Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do
trabalho acadêmico. (PRODONOV E FREITAS, 2013)

• Metodologia: método científico


• Definição de ciências
• Critérios de cientificidade
• Conhecimento científico e conhecimento popular
• Método científico
METODOLOGIA: Método
Científico
Primeiramente, apresentamos a definição
etimológica do termo: a palavra Metodologia vem
do grego “meta” = ao largo; “odos” = caminho;
“logos” = discurso, estudo

A Metodologia é compreendida como uma


disciplina que consiste em estudar, compreender e
avaliar os vários métodos disponíveis para a
realização de uma pesquisa acadêmica.
A Metodologia, em um nível aplicado,
examina, descreve e avalia métodos e
técnicas de pesquisa que possibilitam
a coleta e o processamento de
informações, visando ao
encaminhamento e à resolução de
problemas e/ou questões de
investigação.
A Metodologia é a aplicação de
procedimentos e técnicas que devem
ser observados para construção do
conhecimento, com o propósito de
comprovar sua validade e utilidade
nos diversos âmbitos da sociedade.
Definições de Ciência
Etimologicamente, o termo ciência provém do
verbo em latim Scire, que significa aprender,
conhecer. Essa definição etimológica, entretanto,
não é suficiente para diferenciar ciência de outras
atividades também envolvidas com o aprendizado
e o conhecimento.

Segundo Trujillo Ferrari (1974), ciência é todo um


conjunto de atitudes e de atividades racionais,
dirigida ao sistemático conhecimento com objetivo
limitado, capaz de ser submetido à verificação.
Definições de Ciência
Lakatos e Marconi (2007, p. 80) acrescentam que,
além der ser “uma sistematização de
conhecimentos”, ciência é “um conjunto de
proposições logicamente correlacionadas sobre o
comportamento de certos fenômenos que se
deseja estudar.”

Trujillo Ferrari (1974), por sua vez, considera que a


ciência, no mundo de hoje, tem várias tarefas a
cumprir, tais como:
Definições de Ciência
a) aumento e melhoria do conhecimento;

b) descoberta de novos fatos ou fenômenos;

c) aproveitamento espiritual do conhecimento na


supressão de falsos milagres, mistérios e superstições;

d) aproveitamento material do conhecimento visando à


melhoria da condição de vida humana;
e) estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza.
Definições de Ciência
Demo (2000, p. 22), em contrapartida, acredita
que “no campo científico é sempre mais fácil
apontarmos o que as coisas não são, razão pela
qual podemos começar dizendo o que o
conhecimento científico não é.”

Para o autor, apesar de não haver limites rígidos


para tais conceitos, conhecimento científico:
a) Primeiro, não é senso comum
Porque este se caracteriza pela aceitação não problematizada, muitas vezes
crédula, do que afirmamos ou temos por válido.

Disso não segue que o senso comum seja algo


desprezível; muito ao contrário, é com ele, sobretudo,
que organizamos nossa vida diária, mesmo porque
seria impraticável comportarmo-nos apenas como a
ciência recomenda, seja porque a ciência não tem
recomendação para tudo, seja porque não podemos
dominar cientificamente tudo.
Conhecimento empírico é uma expressão cujo significado reporta ao conhecimento
adquirido através da observação. É uma forma de conhecimento resultante do senso
comum, por vezes baseado na experiência, sem necessidade de comprovação científica.

Conhecimento empírico
• Chá de boldo cura problemas no fígado. ...
• Ameixa e mamão ajudam a regular o intestino. ...
• Em time que está ganhando não se mexe. ...
• Há solução para tudo, menos para a morte. ...
• Brasileiro gosta de samba, churrasco e futebol.

Para a ciência, empírico significa guiado pela evidência obtida em pesquisa científica
sistemática.
b) Segundo, não é sabedoria ou bom-senso
Porque estes apreciam componentes como
convivência e intuição, além da prática
historicamente comprovada em sentido moral.

Pessoa que é sábia ou que sabe fazer boas


escolhas. Exemplo de uso da palavra Bom senso:
Ele usa o bom senso quando vai tomar decisões.
c) Terceiro, não é ideologia

Porque esta não tem como alvo central tratar a realidade,


mas justificar posição política. Faz parte do conhecimento
científico, porque todo ser humano, também o cientista,
gesta-se em história concreta, politicamente marcada.

Diferencia-se porque, enquanto o conhecimento científico


busca usar metodologias que – pelo menos na intenção –
salvaguardam a captação da realidade, a ideologia dedica-
se a produzir discurso marcado pela justificação. (DEMO,
2000, p. 24).
d) Não é paradigma, é específico!

“como se determinada corrente pudesse comparecer


como única herdeira do conhecimento científico, muito
embora lhe seja inerente essa tendência.” (DEMO, 2000,
p. 25).

Com maior realismo, conhecimento científico é


representado pela disputa dinâmica e interminável de
paradigmas, que vão e voltam, somem e transformam-se.
Com isso, podemos dizer que não é produto acabado, mas
processo produtivo histórico, que não podemos identificar
com métodos específicos, teorias datadas, escolas e
culturas.
Colocando a mão na massa

Vamos trabalhar com alguns


exemplos de práticas
pedagógicas mediadas pela
tecnologia para ajudar a
compreender como seu uso
acontece no contexto da sala de
aula de uma escola conectada.
Assistindo a um filminho!!
Critérios de cientificidade
Tendo visto o que o conhecimento não é, podemos
arriscar a dizer o que é. Conforme Demo (2000, p. 25), “do
ponto de vista dialético, conhecimento científico encontra
seu distintivo maior na paixão pelo questionamento,
alimentado pela dúvida metódica.”

Questionamento como método, não apenas


como desconfiança esporádica, localizada,
intermitente. Os resultados do conhecimento
científico, obtidos pela via do questionamento,
permanecem questionáveis, por simples
coerência de origem.
Critérios de cientificidade
Antes de tudo, de acordo com Demo (2000),
cientista é quem duvida do que vê, se diz, aparece e,
ao mesmo tempo, não acredita poder afirmar algo
com certeza absoluta. É comum a expectativa
incongruente de tudo criticar e pensar que podemos
oferecer algo já não criticável.
No contexto da unidade de contrários, o caminho
que vai é o mesmo que volta; criticar e ser
criticado são, essencialmente, o mesmo
procedimento metodológico. Nesse sentido, o
conhecimento científico não produz certezas, mas
fragilidades mais controladas. (DEMO, 2000, p.
25).
Critérios de cientificidade
Questionar, entretanto, não é apenas resmungar
contra, falar mal, desvalorizar, mas articular discurso
com consistência lógica e capaz de convencer.
Conforme Demo (2000), poderíamos propor que
somente é científico o que for discutível.

Esse procedimento metodológico articula dois


horizontes interconectados: o da formalização
lógica e o da prática. Dito de outra maneira,
conhecimento científico precisa satisfazer a
critérios de qualidade formal e política.
Sistematizando, conforme Demo (2000), podemos arrolar critérios
de cientificidade normalmente citados na literatura científica:

a) objeto de estudo bem-definido e de natureza


empírica:

Delimitação e descrição objetiva e eficiente da


realidade empiricamente observável, isto é,
daquilo que pretendemos estudar, analisar,
interpretar ou verificar por meio de métodos
empíricos;
b) Objetivação : tentativa de conhecer a realidade tal
como é, evitando contaminá-la com ideologia,
valores, opiniões ou preconceito do pesquisador.

[...] refere-se ao esforço – sempre incompleto – de


tratar a realidade assim como ela é; não se trata de
‘objetividade’, porque impossível, mas do
compromisso metodológico de dar conta da realidade
da maneira mais próxima possível, o que tem instigado
o conhecimento a ser ‘experimental’, dentro da lógica
do experimento. (DEMO, 2000, p. 28)
c) Discutibilidade: significa a propriedade da coerência
no questionamento, evitando, conforme Demo (2000, p.
28), “a contradição performativa, ou seja, desfazermos o
discurso ao fazê-lo, como seria o caso de pretender
montar conhecimento crítico imune à crítica”

Trata-se de conjugar crítica e autocrítica, dentro do


princípio metodológico de que a coerência da crítica
está na autocrítica.
d) observação controlada dos fenômenos: preocupação
em controlar a qualidade do dado e o processo utilizado
para sua obtenção

e) Originalidade: refere-se à expectativa de que todo


discurso científico corresponda a alguma inovação,
pelo menos, no sentido reconstrutivo; “não é aceito
discurso apenas reprodutivo, copiado, já que faz parte
da lógica do conhecimento questionador desconstruir
o que existe para o reconstruir em outro nível”
(DEMO, 2000, p. 28);
f) Coerência: argumentação lógica, bem-estruturada,
sem contradições; critério mais propriamente lógico e
formal, significando a ausência de contradição no texto,
fluência entre premissas e conclusões, texto bem-tecido
como peça de pano sem rasgos, dobras, buracos.

[...] as peças encaixam-se bem, sem desafinação, os


capítulos fluem elegantemente, as conclusões jorram sem
dificuldade, quase que como necessárias, inevitáveis,
inequívocas; em sua face positiva, coerência representa
critério importante, tanto pelo exercício de lógica formal,
como pela habilidade demonstrada de uso sistemático de
conceitos e teorias;
g) Sistematicidade: parceira da coerência, significa o
esforço de dar conta do tema amplamente, sem exigir
que se esgote, porque nenhum tema é, propriamente,
esgotável;

[...] é exigido que se trate o assunto, sem mais, buscando


‘matar o tema’; incluímos nisso, sempre, que o texto seja
enxuto, direto, claro, feito para entender-se na primeira
leitura, evitando-se estilos herméticos, enrolados,
empolados; admitimos que a profundidade do
conhecimento combina melhor com a sobriedade;
h) Consistência: base sólida, “refere-se à capacidade do
texto de resistir à contra-argumentação ou, pelo menos,
merecer o respeito de opiniões contrárias; em certa
medida, fazer ciência é saber argumentar, não só como
técnica de domínio lógico, mas sobretudo como arte
reconstrutiva.”
Saber argumentar começa com a capacidade de estudar o
conhecimento disponível, as teorias, os autores, os
conceitos, os dados, as práticas, os métodos, ou seja, de
pesquisar, para, em seguida, colocar tudo em termos de
elaboração própria; saber argumentar coincide com saber
fundamentar, alegar razões, apresentar os porquês;
i) Linguagem precisa: sentido exato das palavras,
restringindo ao máximo o uso de adjetivos;

j) Autoridade por mérito: significa o reconhecimento de


quem conquistou posição respeitada em determinado
espaço científico e é por isso considerado “argumento”;
segundo Demo (2000, p. 43), “corre todos os riscos de
vassalagem primária, mas, no contexto social do
conhecimento, é impossível livrarmo-nos dele”;
k) Relevância social: os trabalhos acadêmicos, em
qualquer nível, poderiam ser mais pertinentes, se
também fossem relevantes em termos sociais, ou seja,
estudassem temas de interesse comum, se se
dedicassem a confrontar-se com problemas sociais
preocupantes, “buscassem elevar a oportunidade
emancipatória das maiorias.”
É frequente a queixa de que, na universidade, estudamos
teorias irrelevantes, cuja sofisticação, por vezes, é diretamente
proporcional à sua inutilidade na vida. No entanto, “sem nos
rendermos ao utilitarismo acadêmico – porque seria querer
sanar erro com erro oposto -, é fundamental encontrar relação
prática nas teorias, bem como escrutínio crítico das práticas”
(DEMO, 2000, p. 43);
l) Ética: procura responder à pergunta: a quem serve a
ciência? Em seu contexto extremamente colonizador, o
conhecimento científico tem sido, sobretudo, arma de
guerra e lucro e, assim, como construiu fantástica
potencialidade tecnológica, pode tornar inviáveis as
condições ambientais do planeta (DEMO, 2000).

A visão ética dedica-se sobremaneira a direcionar tamanha


potencialidade para o bem-comum da sociedade, no sentido
mais preciso de, primeiro, evitar que os meios se tornem fim;
segundo, que se discutam não só os meios, mas também os fins
e, terceiro, assegurar que os fins não justifiquem os meios.
Conforme Demo (2000, p. 43), “a fantástica
potencialidade emancipatória do conhecimento até hoje
tem servido a minorias, sem falar que é usada muitas
vezes para imbecilizar, torturar, manipular”;

m) Intersubjetividade: opinião dominante da comunidade


científica de determinada época e lugar.
Referência ao consenso dominante entre os cientistas,
pesquisadores e professores, que acabam avaliando e
decidindo o que é ou não válido; muitas vezes, podemos
entendê-la como grupo fechado, mas é possível também
vê-la como concorrência aberta entre correntes que,
assim, ao lado de coibir inovações, acabam também as
promovendo. (DEMO, 2000, p. 43)

É considerada um critério externo à ciência, pois a opinião é


algo atribuído de fora, por mais que provenha de um
cientista ou especialista na área. Devemos destacar, no
entanto, que a intersubjetividade é tão importante para a
ciência como os critérios internos, ditos de qualidade formal.
Desse critério decorrem outros, como a comunicação, a comparação
crítica, o reconhecimento dos pares, o encadeamento de pesquisas em
um mesmo tema etc., os quais possibilitam à ciência cumprir sua
função de aperfeiçoamento, a partir do crescente acervo de
conhecimentos da relação do homem com a natureza

Tais critérios podem ser sistematizados certamente de outras formas, mas


sempre têm em comum o propósito de formalização. De acordo com Demo
(2000, p. 29), “dentro de nossa tradição científica, cabe em ciência apenas o
que admite suficiente formalização, quer dizer, pode ser analisado em suas
partes recorrentes. Pode ser vista como polêmica tal expectativa, mas é a
dominante, e, de modo geral a única aceita.”
Os movimentos em torno da pesquisa qualitativa buscam confrontar-se
com os excessos da formalização, mostrando-nos que a qualidade é
menos questão de extensão do que de intensidade. Deixá-la de fora
seria deturpação da realidade. Que a ciência tenha dificuldade de a
tratar é problema da ciência, não da realidade.” (DEMO, 2000, p. 29).
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